Augusto de Franco, Roberto Freire, Eduardo Jorge, Gilberto Natalini
Participação especial: Rubens Ricupero
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
Augusto de Franco, Roberto Freire, Eduardo Jorge, Gilberto Natalini
Participação especial: Rubens Ricupero
Roberto Freire postou em sua ferramenta social esta carta, que considero primorosa, simplesmente por sua honestidade intelectual, uma qualidade que deveria ser a regra entre universitários:
PRA
“ Uma carta incrível escrita por um professor escocês não judeu aos seus alunos que votaram pelo boicote a Israel.
É uma resposta do Dr. Denis MacEoin à moção apresentada pela Associação de Estudantes de Edimburgo -EUSA para boicotar todas as coisas israelenses, na qual eles afirmam que Israel está sob um regime de apartheid.
Roberto Freire
Aqui está sua carta :
"Posso dizer algumas palavras aos membros da EUSA?
Sou formado em Edimburgo (mestrado em 1975) e estudei história persa, árabe e islâmica em Buccleuch Place com William Montgomery Watt e Laurence Elwell Sutton, dois dos maiores especialistas britânicos em Oriente Médio na época. Mais tarde, fiz doutorado em Cambridge e lecionei Estudos Árabes e Islâmicos na Universidade de Newcastle. Naturalmente, sou autor de vários livros e centenas de artigos nesta área. Digo tudo isto para mostrar que estou bem informado sobre os assuntos do Médio Oriente e que, por essa razão, estou chocado e desanimado com a moção e votação da EUSA. Estou chocado por uma razão simples: não existe e nunca existiu um sistema de apartheid em Israel. Esta não é a minha opinião, é um facto que pode ser testado em comparação com a realidade por qualquer estudante de Edimburgo, caso decida visitar Israel para ver por si mesmo. Deixem-me explicar isto, pois tenho a impressão de que os membros da EUSA que votaram a favor desta moção são absolutamente ignorantes em assuntos relativos a Israel, e que são, com toda a probabilidade, vítimas de propaganda extremamente tendenciosa proveniente do grupo anti-Israel. salão. Ser anti-Israel não é em si questionável. Mas não estou falando de críticas comuns a Israel. Estou falando de um ódio que não se permite limites nas mentiras e mitos que espalha. Assim, Israel é repetidamente referido como um estado “nazista”. Em que sentido é isso é verdade, mesmo como uma metáfora? Onde estão os campos de concentração israelenses? Os einzatsgruppen? A SS? As Leis de Nuremberg? A solução final? Nenhuma destas coisas nem qualquer coisa remotamente parecida com elas existe em Israel, precisamente porque os judeus, mais do que qualquer pessoa na terra, entendem o que o nazismo representava. Alega-se que houve um Holocausto israelita em Gaza (ou noutro local). Onde? Quando? Nenhum historiador honesto trataria essa afirmação com outra coisa que não o desprezo que ela merece. Mas chamar os judeus de nazistas e dizer que eles cometeram um Holocausto é uma forma tão básica de subverter os fatos históricos quanto qualquer coisa que eu possa imaginar. Da mesma forma, o apartheid. Para que o apartheid existisse, teria de haver uma situação que se assemelhasse muito à forma como as coisas eram na África do Sul sob o regime do apartheid. Infelizmente para aqueles que acreditam nisso, um fim de semana em qualquer parte de Israel seria suficiente para mostrar o quão ridícula é a afirmação. O fato de um grupo de estudantes universitários ter realmente caído nessa e ter votado é um comentário triste sobre o estado da educação moderna. O foco mais óbvio para o apartheid seria a população árabe de 20% do país. Segundo a lei israelita, os árabes israelitas têm exactamente os mesmos direitos que os judeus ou qualquer outra pessoa; Os muçulmanos têm os mesmos direitos que os judeus ou cristãos; Os bahá'ís, severamente perseguidos no Irão, florescem em Israel, onde têm o seu centro mundial; Os muçulmanos Ahmadi, severamente perseguidos no Paquistão e noutros lugares, são mantidos em segurança por Israel; os locais sagrados de todas as religiões são protegidos por uma lei israelense específica. Os árabes constituem 20% da população universitária (um eco exacto da sua percentagem na população em geral). No Irão, os Bahai (a maior minoria religiosa) estão proibidos de estudar em qualquer universidade ou de gerir as suas próprias universidades: porquê seus membros não estão boicotando o Irã? Os árabes em Israel podem ir aonde quiserem, ao contrário dos negros na África do Sul do apartheid. Utilizam transportes públicos, comem em restaurantes, vão a piscinas, usam bibliotecas, vão ao cinema ao lado de judeus - algo que nenhum negro foi capaz de fazer na África do Sul. Os hospitais israelitas não tratam apenas de judeus e árabes, mas também de palestinianos de Gaza ou da Cisjordânia. Nas mesmas enfermarias, nas mesmas salas de operações. Em Israel, as mulheres têm os mesmos direitos que os homens: não existe apartheid de género. Homens e mulheres gays não enfrentam restrições, e os gays palestinos muitas vezes fogem para Israel, sabendo que podem ser mortos em casa. Parece-me bizarro que grupos LGBT apelem a um boicote a Israel e não digam nada sobre países como o Irão, onde homens gays são enforcados ou apedrejados até à morte. Isso ilustra uma mentalidade que é inacreditável. Estudantes inteligentes pensando que é melhor calar sobre regimes que matam gays, mas é bom condenar o único país do Oriente Médio que resgata e protege os gays. Isso deveria ser uma piada de mau gosto? A universidade deveria ser sobre aprender a usar o cérebro, a pensar racionalmente, a examinar evidências, a chegar a conclusões baseadas em evidências sólidas, a comparar fontes, a pesar um ponto de vista contra um ou mais outros. Se o melhor que Edimburgo pode produzir agora são estudantes que não têm ideia de como fazer nenhuma dessas coisas, então o futuro será sombrio. Não me oponho a críticas bem documentadas a Israel. Oponho-me quando pessoas supostamente inteligentes destacam o Estado Judeu acima de Estados que são horríveis no tratamento que dispensam às suas populações. Estamos a atravessar a maior convulsão no Médio Oriente desde os séculos VII e VIII, e é claro que árabes e iranianos estão a rebelar-se contra regimes aterrorizantes que contra-atacam matando os seus próprios cidadãos. Os cidadãos israelitas, tanto judeus como árabes, não se rebelam (embora sejam livres para protestar). Contudo, os estudantes de Edimburgo não organizam manifestações e não apelam a boicotes contra a Líbia, o Bahrein, a Arábia Saudita, o Iémen e o Irão. Preferem fazer acusações falsas contra um dos países mais livres do mundo, o único país do Médio Oriente que acolheu refugiados do Darfur, o único país do Médio Oriente que dá refúgio a homens e mulheres homossexuais, o único país do Médio Oriente Leste que protege os Bahá'ís... Preciso continuar? O desequilíbrio é perceptível e não dá crédito a quem votou a favor deste boicote. Peço que você mostre algum bom senso. Obtenha informações da embaixada de Israel. Peça alguns palestrantes. Ouça mais de um lado. Não se decida antes de ter dado uma audiência justa a ambas as partes. Você tem um dever para com seus alunos e isso é protegê-los de argumentos unilaterais. Eles não estão na universidade para serem propagandeados. E certamente não estão lá para serem induzidos ao anti-semitismo, punindo um país entre todos os países do mundo, que é o único Estado judeu. Se tivesse existido um único Estado judeu na década de 1930 (o que, infelizmente, não existiu), não acha que Adolf Hitler teria decidido boicotá-lo? A vossa geração tem o dever de garantir que o racismo perene do anti-semitismo nunca crie raízes entre vós. Hoje, porém, há sinais claros de que o fez e está a diminuir mais. Você tem a chance de evitar um mal muito grande, simplesmente usando a razão e o senso de justiça. Por favor, diga-me que isso faz sentido. Eu lhe dei algumas das evidências. Cabe a você saber mais.
Com os melhores cumprimentos,
Denis MacEoin”
Os autores do artigo "Livres da polarização", publicado no Estadão em 11/05/2024, estão convidando outras pessoas para conversar sobre o tema.
@augustodefranco, @EduardoJorge, @freire_roberto e @gnatalini convidam para um debate.
Reservem a data para conversarmos: 20 de Junho / 24. Às 20 h. Tema: “Livre da Polarização”!!!
https://x.com/augustodefranco/status/1791926915596517730
Se puder divulguem.
Livres da polarização
Quem falará pelos 40% de brasileiros que não são petistas nem bolsonaristas, nem apoiam essas forças políticas populistas?
Roberto Freire, Eduardo Jorge, Gilberto Natalini e Augusto de Franco
O Estado de São Paulo, 11/05/2024
Há no Brasil de hoje dezenas de milhões de eleitores que não se sentem representados pelas forças que dominam a arena política. São esses – em boa parte – os que apoiam a democracia como um valor universal e que são contra toda sorte de preconceitos e discriminações. São os que acreditam na eficiência do Estado, mas defendem uma economia livre, querem aliar desenvolvimento e sustentabilidade, desejam empreender, mas precisam de apoio ou, quando menos, que não sejam atrapalhados, os que sabem que segurança é inteligência e a violência, irmã da desigualdade.
São os que não acham que um pouquinho de inflação faz bem, nem querem leis dos anos 1940 regulando o trabalho, como ficou patente com a decisão dos líderes governistas de abandonar o projeto com o qual o governo pretendia transformar em trabalhadores CLT os motoristas e entregadores de aplicativo. São os que não veem legitimidade em invasões e depredações de patrimônio público ou privado, sejam eles patrocinados pelo MST ou por partidários de golpes de Estado. São os que defendem, de forma intransigente, as liberdades de expressão, organização e manifestação de acordo com as regras do Estado Democrático de Direito.
Eles não estão nos extremos ou polos que viraram instrumento de análise da divisão a que o lulismo e o bolsonarismo submeteram a sociedade, ambos em busca do poder pelo poder. Eles não defendem, nem justificam, grupos terroristas como o Hamas, o Hezbollah, os Houthis e demais milícias do Oriente Médio que servem aos propósitos da teocracia iraniana e estão sendo usados pelas grandes autocracias do planeta contra os regimes democráticos – tampouco apoiam Nicolás Maduro, Vladimir Putin ou outros ditadores, de esquerda, de direita ou fundamentalistas religiosos.
Quem falará pelos cerca de 40% de brasileiros que não são petistas nem bolsonaristas, nem apoiam essas forças políticas populistas? Os partidos políticos falharam em interpretar os sentimentos, captar as aspirações e endereçar soluções para os problemas desse imenso contingente populacional. Os que não minguaram viraram satélites dos dois campos que alimentam a clivagem social e política brasileira. Não por outra razão, pesquisa recente do Datafolha mostra que aumentou a desconfiança da população dos partidos políticos. Os números, aliás, são alarmantes: só 43% confiam “um pouco”.
A construção de alternativas à polarização, portanto, terá de partir dos insatisfeitos com esse estado de coisas. E, nesse campo, há grande diversidade. De intelectuais a políticos, passando por jovens idealistas, professores, profissionais liberais, trabalhadores de chão de fábrica e de empresas de tecnologia, entregadores e motoristas de aplicativos, empresários, agricultores, artistas, sindicalistas, cientistas, enfim, pessoas comuns que querem viver, estudar, trabalhar, empreender, se divertir, amar e se congraçar com seus semelhantes sabendo que somente a democracia pode configurar ambientes pacíficos onde seus direitos políticos e suas liberdades civis sejam respeitados e valorizados.
Uma oposição democrática aos populismos, no governo ou fora dele, já existe no Brasil. Ela ainda é pequena e está dispersa, mas não crescerá por mágica nas eleições deste ano ou nas próximas. Isso só vai acontecer se as forças políticas democráticas começarem a se articular para influenciar de pronto a agenda nacional, resgatando o espaço público dos populismos de esquerda e direita que o sequestraram. Isso exige conversação livre e franca entre pessoas que não imaginam ter o monopólio da verdade e que estão abertas a ouvir e entender os pontos de vista do outro e, se necessário, a mudar seus próprios pontos de vista, seja em busca de convergência, seja porque alguém teve uma ideia melhor. Isso exige empenho contínuo, um exercício permanente de olhar para a frente, de pensar o País para além das disputas de poder.
Há muita gente disposta a isso, dentro e fora dos partidos, centristas, à esquerda ou à direita, nos mais diversos Estados. Gente cansada do destrutivo e paralisante “nós contra eles”. Gente que espera há anos por políticas que deram certo em outros lugares do mundo, independentemente da ideologia de seus idealizadores, mas que aqui são sabotadas pela polarização. Seja na educação, com a reforma do ensino médio, ou no saneamento básico, com o marco legal, para ficar em dois exemplos recentes de tentativa de retrocesso.
Que todos esses comecem a se conectar, virtual ou presencialmente, não importa se em grande ou pequeno número. O resultado desse esforço não será uma frente de pessoas que pensam igual, mas uma ecologia de diferenças coligadas. Não se articularão apenas para lançar candidatos, embora daí nascerão opções aos extremos, mas para congregar quem deseja trabalhar pela despolarização. Em nome dos milhões de brasileiros que almejam viver em um país melhor e estão fartos de quem lucra com a divisão da sociedade brasileira.
Roberto Freire é político e advogado, Eduardo Jorge e Gilberto Natalini são políticos e médicos, Augusto de Franco é político e escritor.
Livres da polarização
Quem falará pelos 40% de brasileiros que não são petistas nem bolsonaristas, nem apoiam essas forças políticas populistas?
Roberto Freire, Eduardo Jorge, Gilberto Natalini e Augusto de Franco
O Estado de São Paulo, 11/05/2024
Há no Brasil de hoje dezenas de milhões de eleitores que não se sentem representados pelas forças que dominam a arena política. São esses – em boa parte – os que apoiam a democracia como um valor universal e que são contra toda sorte de preconceitos e discriminações. São os que acreditam na eficiência do Estado, mas defendem uma economia livre, querem aliar desenvolvimento e sustentabilidade, desejam empreender, mas precisam de apoio ou, quando menos, que não sejam atrapalhados, os que sabem que segurança é inteligência e a violência, irmã da desigualdade.
São os que não acham que um pouquinho de inflação faz bem, nem querem leis dos anos 1940 regulando o trabalho, como ficou patente com a decisão dos líderes governistas de abandonar o projeto com o qual o governo pretendia transformar em trabalhadores CLT os motoristas e entregadores de aplicativo. São os que não veem legitimidade em invasões e depredações de patrimônio público ou privado, sejam eles patrocinados pelo MST ou por partidários de golpes de Estado. São os que defendem, de forma intransigente, as liberdades de expressão, organização e manifestação de acordo com as regras do Estado Democrático de Direito.
Eles não estão nos extremos ou polos que viraram instrumento de análise da divisão a que o lulismo e o bolsonarismo submeteram a sociedade, ambos em busca do poder pelo poder. Eles não defendem, nem justificam, grupos terroristas como o Hamas, o Hezbollah, os Houthis e demais milícias do Oriente Médio que servem aos propósitos da teocracia iraniana e estão sendo usados pelas grandes autocracias do planeta contra os regimes democráticos – tampouco apoiam Nicolás Maduro, Vladimir Putin ou outros ditadores, de esquerda, de direita ou fundamentalistas religiosos.
Quem falará pelos cerca de 40% de brasileiros que não são petistas nem bolsonaristas, nem apoiam essas forças políticas populistas? Os partidos políticos falharam em interpretar os sentimentos, captar as aspirações e endereçar soluções para os problemas desse imenso contingente populacional. Os que não minguaram viraram satélites dos dois campos que alimentam a clivagem social e política brasileira. Não por outra razão, pesquisa recente do Datafolha mostra que aumentou a desconfiança da população dos partidos políticos. Os números, aliás, são alarmantes: só 43% confiam “um pouco”.
A construção de alternativas à polarização, portanto, terá de partir dos insatisfeitos com esse estado de coisas. E, nesse campo, há grande diversidade. De intelectuais a políticos, passando por jovens idealistas, professores, profissionais liberais, trabalhadores de chão de fábrica e de empresas de tecnologia, entregadores e motoristas de aplicativos, empresários, agricultores, artistas, sindicalistas, cientistas, enfim, pessoas comuns que querem viver, estudar, trabalhar, empreender, se divertir, amar e se congraçar com seus semelhantes sabendo que somente a democracia pode configurar ambientes pacíficos onde seus direitos políticos e suas liberdades civis sejam respeitados e valorizados.
Uma oposição democrática aos populismos, no governo ou fora dele, já existe no Brasil. Ela ainda é pequena e está dispersa, mas não crescerá por mágica nas eleições deste ano ou nas próximas. Isso só vai acontecer se as forças políticas democráticas começarem a se articular para influenciar de pronto a agenda nacional, resgatando o espaço público dos populismos de esquerda e direita que o sequestraram. Isso exige conversação livre e franca entre pessoas que não imaginam ter o monopólio da verdade e que estão abertas a ouvir e entender os pontos de vista do outro e, se necessário, a mudar seus próprios pontos de vista, seja em busca de convergência, seja porque alguém teve uma ideia melhor. Isso exige empenho contínuo, um exercício permanente de olhar para a frente, de pensar o País para além das disputas de poder.
Há muita gente disposta a isso, dentro e fora dos partidos, centristas, à esquerda ou à direita, nos mais diversos Estados. Gente cansada do destrutivo e paralisante “nós contra eles”. Gente que espera há anos por políticas que deram certo em outros lugares do mundo, independentemente da ideologia de seus idealizadores, mas que aqui são sabotadas pela polarização. Seja na educação, com a reforma do ensino médio, ou no saneamento básico, com o marco legal, para ficar em dois exemplos recentes de tentativa de retrocesso.
Que todos esses comecem a se conectar, virtual ou presencialmente, não importa se em grande ou pequeno número. O resultado desse esforço não será uma frente de pessoas que pensam igual, mas uma ecologia de diferenças coligadas. Não se articularão apenas para lançar candidatos, embora daí nascerão opções aos extremos, mas para congregar quem deseja trabalhar pela despolarização. Em nome dos milhões de brasileiros que almejam viver em um país melhor e estão fartos de quem lucra com a divisão da sociedade brasileira.
Roberto Freire é político e advogado, Eduardo Jorge e Gilberto Natalini são políticos e médicos, Augusto de Franco é político e escritor.
Transcrevo de Roberto Freire:
“ Qual mistério esta contido nesta malfadada carta de Lula a Putin que a torna tão perigosa e a faz merecedora de um sigilo determinado pelo Presidente da República Federativa do Brasil ?
A carta sigilosa de Lula para Putin estremece a República.
Tal fato só foi possível acontecer por termos um governo que pratica uma política externa fruto de vontades de um presidente, assessores e um partido que a formulam como instrumento de uma concepção ideológica do passado século XX.
A política externa independente e de defesa da paz mundial que desde a redemocratização vinha sendo conduzida em todos os governos com maestria pelo Itamaraty, foi abandonada .
No momento o Brasil de Lula, promove um verdadeiro cavalo de pau e busca claramente, a formação de um eixo de países de regimes, em sua maioria autocráticos e ditatoriais, alguns fundamentalistas religiosos, todos antidemocráticos e anti- ocidentais.”
Matéria da GloboNews Em Pauta, 27/04/2024:
"É meio escandaloso isso e demonstra que o Palácio do Planalto não tinha uma explicação, um argumento minimamente razoável (...) A gente fica pensando: nossa, para eles estarem com tanto medo de divulgar, imagina as barbaridades que o Lula deve ter escrito para o Putin", comenta @ECantanhede sobre o sigilo posto pelo governo federal em carta enviada por Lula ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, sob a alegação de se tratar de uma correspondência pessoal.”
➡ Assista ao #EmPauta, com @cosmemarcelo, na #GloboNews: glo.bo/2Mxn1fC
"É meio escandaloso isso e demonstra que o Palácio do Planalto não tinha uma explicação, um argumento minimamente razoável (...) A gente fica pensando: nossa, para eles estarem com tanto medo de divulgar, imagina as barbaridades que o Lula deve ter escrito para o Putin", comenta @ECantanhede sobre o sigilo posto pelo governo federal em carta enviada por Lula ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, sob a alegação de se tratar de uma correspondência pessoal.
➡ Assista ao #EmPauta, com @cosmemarcelo, na #GloboNews: glo.bo/2Mxn1fC
Comentário meu (PRA):
O sigilo imposto a uma comunicação relevante para as relações exteriores do Brasil — não puramente bilaterais, mas com impacto em toda a postura internacional da diplomacia brasileira, sobretudo no plano multilateral e relações com paises do Norte e do Sul globais —, classificada ambiguamente como “uma carta pessoal do cidadão Lula ao cidadão Putin”, representa um sério desafio ao bom desempenho da diplomaciaprofissional do Itamaraty, e apresenta um problema para a condutdas relações diplomáticas bilaterais, regionais e triangulares do Brasil com uma potência responsável pela mais grave ameaça de conflito global desde a Segunda Guerra Mundial, uma violadora confirmada da Carta da ONU e de vários protocolos humanitários (por isso acusado pelo TPI) e sobre as leis da guerra.
Lula está colocando em sério risco a credibilidade da diplomacia brasileira e a confiabilidade internacional da sua política externa. Trata-se de um problema relevante, obscurecido por uma decisão personalista.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 27/04/202024
Transcrevendo a oartir de uma pistagem do ex-deputado Roberto Freire:
Ai esta o artigo que merece ser lido (RF)
“A ESQUERDA QUE APOIA CENSURA
Artigo da jornalista Lygia Maria
Mestre em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.
“Se você nunca pensou em dinamitar um porta-aviões, mandar pelos ares paióis de munição ou metralhar o palácio do governo, cuidado! Você pode vir a ser preso a qualquer instante". Assim começa o artigo da revista Pif Paf, publicada por Millôr Fernandes em 1964, sobre a prisão do cartunista Claudius pelas forças de segurança da ditadura militar.
Mas, então, qual seria o motivo da detenção? Aí o texto escancara o aspecto surrealista dos regimes autoritários: "Nem você nem eles sabem por que você foi preso".
Por isso uma das bases do Estado democrático de Direito é a transparência das decisões judiciais, que garante o direito ao contraditório exigido pelo devido processo legal.
O cidadão precisa saber por que é investigado ou punido. A razão é evidente: evitar abusos de autoridade. É vital proteger o indivíduo do poder de polícia estatal.
Esse princípio, contudo, têm sido infringido por decisões do STF, muitas delas monocráticas, em casos envolvendo liberdade de expressão —notadamente aqueles sob comando do ministro Alexandre de Moraes.
Não se sabe quantas contas das redes sociais foram bloqueadas nem a justificativa para tal censura. Sim, censura: remover conteúdo criminoso já publicado é diferente de proibir alguém de publicar. E numa democracia digna do nome, ninguém pode ser proibido de escrever ou falar.
À falta de transparência nas decisões soma-se a precariedade na caracterização dos crimes. Punir palavras que promovam "ataque à democracia", por exemplo, é de uma vaguidão descomunal.
Não é preciso gostar de Elon Musk para perceber que há algo de muito errado na forma como STF, TSE e Moraes têm lidado com a liberdade de expressão nos últimos anos.
Também não é preciso ser bolsonarista para criticar as cortes. A esquerda democrática, como a da Pif Paf, sempre apontou abusos do Poder Judiciário e defendeu a liberdade de expressão, mas parece que agora resolveu vilipendiar sua história por motivação partidária rasteira.“
Um chamamento à alternativa democrática antipopulista, de Roberto Freire
“AVISO AOS NAVEGANTES
Existem homens e mulheres brasileiros, de esquerda como eu, liberais, de centro esquerda, centro e centro direita, democratas todos , que continuam lutando pela construção de uma ALTERNATIVA, tal como foi tentado nas eleições de 2022, aos dois polos que hoje dominam a política no pais.
O AVISO AOS NAVEGANTES é para dizer que o voto pela continuidade democrática em Lula e contra Bolsonaro, foi tático ( há arrependidos, mas lá foi o correto ) já cumpriu o seu papel. Cabe reafirmarmos e o AVISO é chamamento também, para dizer que a ALTERNATIVA DEMOCRÁTICA é uma oposição aos populismos - Lulista e Bolsonarista - que esta viva na política da nação brasileira e sua perspectiva é o futuro”
20/01/2024
Uma nota de Paulo Roberto de Almeida
Não se constroi uma alternativa democrática aos populismos que continuam dividindo o Brasil e os brasileiros e inviabilizando um processo vigoroso de crescimento e de desenvolvimento social apenas com base num chamamento lançado aleatoriamente ao publico em geral.
Alternativa a governos existentes, atuando com base em determinadas políticas, deve ser feita com base no oferecimento de politicas alternativas às que estão sendo implementadas, a partir de um grupo unido numa plataforma integrada e formada por propositores dessas outras politicas, o que significa ter um governo alternativo, chamado — na experiência britânica de alternância entre Tories e Labourites — de Shadow Cabinet.
Seja lá o nome que se quiser dar, e pode ser Alternativa Democrática, é preciso sair do domínio das invectivas para o terreno das propostas concretas de melhores politicas. Ou seja: é preciso começar reunindo os alternativos e passar a discutir politicas diferentes às que estão na mesa, a partir dos melhores estudos e propostas de especialistas, sobretudo em politicas econômicas (macro e setoriais), políticas sociais, ambiental, educacional, de ciência e tecnologia, política externa, militar, etc.
Paulo Roberto de Almeida
Brasilia, 21/01/2024
Política externa e corrupção made in Brazil: duas tentativas de deformação da história por Lula e pelo PT
Paulo Roberto de Almeida
São dois os paises estrangeiros envolvidos nessa história da corrupção do PT em torno da refinaria superfaturada em bilhões: a Venezuela de Chávez, que forçou uma decisão pela Abreu e Lima em PE (quando a Petrobras tinha várias outras opções), e que depois nunca colocou um centavo no projeto (que estava concebido para o petroleo pesado da Venezuela); os EUA, que teriam conspirado contra a Petrobras, via Departamento da Justiça, em direção de procuradores e juízes da Operação Lava Jato, só para prejudicar a Petrobras.
Esta ultima é a visão de Lula e a de suas afirmações desprovidas de quaisquer provas sobre o gigantesco caso de corrupção da Petrobras iniciada em seu governo e continuada sob Dilma.
Talvez os EUA respondam a Lula. Talvez não o façam. Não importa. O fato é que a Petrobras aceitou pagar milhões de dólares a investidores americanos, tal como condenada na Justiça dos EUA por fatos aferidos de corrupção.
Pessoas bem informadas sabem que o presidente mantém uma visão distorcida dos EUA, ao mesmo tempo em que pretende manter sua versão mentirosa sobre a corrupção desmesurada do PT na história do Brasil.
Isso explica muito da sua leniência com a ditadura chavista na Venezuela: são negócios estatais, não a ideologia, que estão por trás da corrupção.
Quanto aos EUA, é uma tentativa de desviar o foco da imensa corrupção petista contra o povo brasileiro, ao mesmo tempo em que contempla a postura “antiestadunidense” da militância do PT e de parte da população brasileira.
Cabe esclarecer a natureza da deformação.
Paulo Roberto de Almeida
São Paulo, 19/01/2024