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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A luta contra a ditadura militar nos EUA; em seminarios da Columbia e da Brown

Blog de RoldÃo arruda
OESP, 18.outubro.2013 12:20:18

Solidários, eles denunciaram crimes da ditadura nos EUA

A vergonhosa participação do governo dos Estados Unidos no processo que levou ao golpe militar de 1964 e à ditadura que se seguiu é conhecida. Documentos oficiais, já revelados por historiadores e jornalistas, mostram que Washington fomentou o golpe e depois reconheceu e apoiou incansavelmente o governo militar. Ainda é pouca conhecida, porém, a participação de americanos nos movimentos de oposição à ditadura.
Na semana passada eles receberam merecidas homenagens da Comissão da Anistia, em duas cerimônias realizadas naquele País. Os atos contaram com o apoio das universidades Brown e Columbia.
 Em relato distribuído pelas redes sociais sobre os eventos, o presidente da comissão, Paulo Abrão, lembrou que a resistência nos Estados Unidos era formada por jornalistas, intelectuais, estudantes, religiosos, artistas e congressistas. Pessoas que muitas vezes nunca tinham pisado no Brasil, mas eram inspiradas “pela solidariedade cristã” e crença na “defesa dos direitos humanos”.
Abrão também disse que foi “graças a incansáveis protestos nas universidades, igrejas e em parte da imprensa” que denúncias sobre torturas e mortes de opositores da ditadura ganharam repercussão no exterior. “Os ativistas norte americanos ou brasileiros que viviam nos Estados Unidos, motivados pela situação política no Brasil e no restante da America Latina, ajudaram a reduzir o isolamento doa presos e perseguidos políticos. Ajudaram a salvar vidas”, afirmou.
Na Universidade Brown, a homenagem foi precedida por um seminário sobre Anistia, Justiça de Transição e Heranças da Ditadura Brasileira. O cartaz foi feito para anunciar o evento.
A seguir uma lista de algumas pessoas oficialmente homenageadas, com informações fornecidas pela Comissão da Anistia:
Paul Silberstein. Foi o editor do Boletim Informativo Brasileiro, um periódico que relatava violações de direitos humanos no Brasil. Produzido por brasileiros que viviam nos Estados Unidos, o boletim circulou de 1871 a 1976 entre acadêmicos, membros do Congresso e outras pessoas que se interessavam pela situação no País.
Marcos Arruda. Após ter sido preso e torturado por sua militância política, mudou para os Estados Unidos, onde fundou o Comitê Contra a Repressão no Brasil. Um artigo sobre sua prisão e tortura publicado no Washington Post, em 1970, levou o jornal a publicar um editoria contra a ditadura e o apoio que recebia do governo americano.
Harry Strharsky e sua companheira Loretta Strharsky. Após conhecerem a história de Marcos Arruda, participaram da organização de um protesto contra visita do general Médici à Casa Branca, durante o governo de Richard Nixon. Também participaram do Comitê Contra a Repressão no Brasil (CARIB) e apoiaram a Comissão Bertrand Russell sobre a Tortura e Repressão no Brasil, Chile e América Latina.
William Wipfler. Em 1970, à frente do Departamento do Conselho Nacional de Igrejas da América Latina, levou uma série de documentos sobre violações de direitos humanos no Brasil à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA. Ao publicar o artigo intitulado Progresso a que Preço? , na revista Cristandade e Crise, mobilizou vários religiosos na luta contra a ditadura.
Jovelino Ramos. Ministro presbiteriano, foi acusado de subversão política por defender questões de justiça social no Brasil. Incurso na Lei de Segurança Nacional, mudou para os Estados Unidos em 1968. Tornou-se militante de movimentos que denunciavam torturas e mortes na ditadura, especialmente na comunidade religiosa americana.
Margaret Craham. Professora Emérita de História Latino-americana no Hunter College, da Universidade da Cidade de New York. Nas décadas de 1960 e 1970 apoiou campanhas para denunciar a tortura. Acompanhou o deputado Márcio Moreira Alves, quem havia sido cassado, em uma série de palestras que ele fez por universidades americanas.
Ralph Della Cava. Professor Emérito de História da América Latina do Queens College, da Universidade da Cidade de New York. Ajudou a fundar a organização Amigos Americanos do Brasil, que denunciava torturas. Foi um dos primeiros a revelar o apoio do embaixador Lincoln Gordon ao golpe e ao regime que se seguiu. Co-organizador do dossiê Terror no Brasil.