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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sábado, 11 de janeiro de 2014

Ariel Sharon: militares podem ser construtores da paz - Rua Judaica

EM MEMORIA DE ARIEL SHARON Z’L
Editado do artigo de Linda Gradstein no The Line Media
Rua Judaica, 11/01/2014

Qual será o legado de Sharon?
Depois de sobreviver por oito anos em coma, o ex-primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, um líder político e herói militar, acaba de falecer após sua única batalha perdida: a última.
O ex-primeiro-ministro sofreu um derrame em 4 de janeiro de 2006, e nunca recuperou a consciência, embora exames, de um ano atrás, mostraram uma atividade cerebral em resposta a certos estímulos.
Sharon, conhecido por seu encorajamento para "tomar as colinas" nas áreas que Israel conquistou na Guerra dos Seis Dias, em 1967, foi o responsável pela construção de milhares de casas na área que os palestinos dizem que deve tornar-se parte do Estado palestino.

Ao mesmo tempo, Sharon foi o primeiro-ministro que promoveu a retirada de Israel da Faixa de Gaza, em 2005, apesar da oposição veemente da direita política de Israel. Ele liderou a campanha para desmantelar 7 comunidades em Gaza, assim como 4 na Cisjordânia, e retirar todos os soldados israelenses de Gaza.
No rescaldo da retirada unilateral israelense, o movimento terrorista islâmico Hamas tomou Gaza e disparou milhares de foguetes contra o sul de Israel. Muitos israelenses que se opõem atualmente a uma retirada de grande parte da Cisjordânia, citam como embasamento a infeliz experiência da saída de Gaza, como prova de que Israel não pode retirar-se de lá.

Embora seja impossível saber o que Sharon faria se fosse primeiro-ministro atualmente, muitos israelenses e palestinos sugerem imaginar qual seria sua atitude.
Alguns palestinos, por exemplo, dizem que Sharon acreditava que Israel deveria manter a Cisjordânia para sempre.
"Eu não acho que ele iria sair, um dia, da Cisjordânia", disse Ghassan Khatib, professor da Universidade Bir Zeit e ex-porta-voz do governo palestino. "Ele foi claro em dizer que ele estava saindo de Gaza a fim de consolidar o controle israelense, e a presença de assentamentos na Cisjordânia."
Khatib não acredita que Sharon, se ele não tivesse tido o acidente vascular cerebral, teria continuado em direção a um acordo de paz com os palestinos. "Suas ideias e comportamentos políticos nunca foram compatíveis com as exigências do processo de paz, segundo o projeto palestino”.
Mas outros analistas da região dizem acreditar que Sharon era um pragmático, e não um ideólogo, e que ele sofreu uma transformação em seus últimos anos na política.
Logo após a retirada de Gaza, Sharon fundou o partido centrista Kadima, que ganhou as eleições de 2006. Hoje, o Kadima tem apenas dois assentos no Parlamento israelense, o Knesset.
"Eu vi com meus próprios olhos que ele estava pronto para um acordo (com os palestinos)", disse Efraim Inbar, diretor do Centro Begin-Sadat de Estudos Estratégicos (BESA) na Universidade Bar Ilan. "Logo depois que ele foi eleito, em 2001, ele enviou seu filho Omri para fazer um acordo com o (ex-líder palestino Yasser) Arafat, mas Arafat não estava pronto. Estou certo de que Sharon queria fazer um acordo.”
"No entanto, ao mesmo tempo, em setembro de 2000, Sharon tinha feito uma visita controversa, ao Monte do Templo em Jerusalém, o que muitos palestinos dizem ter desencadeado a Segunda Intifada, que trouxe os homens-bomba aos ônibus, em todo Israel. Outros, em Israel, afirmam que Arafat já tinha planejado a Intifada, e estava apenas procurando uma desculpa para iniciá-la.
  
Sharon também foi conhecido por suas façanhas militares - como cruzar o Canal de Suez, em 1973 , e também por seu papel controverso como ministro da Defesa durante a Guerra do Líbano, em 1982 . Uma comissão israelense de inquérito recomendou que ele deixasse o cargo por não ter feito mais para deter o massacre de palestinos por tropas falangistas cristãs, então sob controle israelense, nos campos de refugiados em Sabra e Shatila, no Líbano.
Antes de se tornar primeiro-ministro, Sharon foi Ministro da Infra-estrutura Nacional no primeiro governo de Benjamin Netanyahu, em 1996. Seu porta-voz, da época, e nos 5 anos seguintes, Ra’anan Gissin, disse que Sharon ajudou a desenvolver o relacionamento de Israel com a China e a Rússia, bem como desenvolver a indústria de gás natural de Israel, que está prestes a começar a trazer bilhões de dólares para a economia israelense.
"Eu acho que ele vai entrar para a história como a pessoa que moldou a natureza de Israel, e da sociedade israelense, para os próximos anos", disse Gissin. "Ele estava sempre à procura de uma abordagem não convencional. Quando ele decidia fazer algo, ele tomava a decisão e a responsabilidade por isto. Ele estava sempre olhando para o futuro.”

sábado, 6 de abril de 2013

Emigracao de judeus: um dos sinais de decadencia nacional...

A decadência de Espanha e Portugal começou no dia em que seus dirigentes decidiram expulsar (ou cristianizar à força) os judeus. Nunca mais se recuperaram.
Os judeus ibéricos foram para os Países Baixos, Inglaterra, França, e lá prosperaram e deram grandes contribuições a essas nações.
Portugal e Espanha afundaram no retrocesso, na contra-Reforma, no obscurantismo. Bem feito.
Agora parece que a Venezuela segue o mesmo caminho, para não falar da Argentina...
Paulo Roberto de Almeida

Venezuela: quase dois terços da comunidade judaica sairam do País
Osias Wurman
Rua Judaica, 4 de abril de 2013

Durante a última década, milhares de judeus venezuelanos foram para a Flórida, impulsionados para outros países pela alta taxa de criminalidade e o crescente antissemitismo em grande resultado das constantes e duras críticas de Chávez contra Israel e a proximidade e aliança com o iraniano Mahmoud Ahmadinejad.
Na década de 1990 cerca de 25.000 judeus viviam na Venezuela – e atualmente este número está reduzido para apenas 9.000, de acordo com a CAIV, o grupo que representa os judeus venezuelanos.
"Não é possível dizer se daqui a 10 anos somente ficarão metade, mas neste momento a tendência é diminuir, o que é muito preocupante para nós como comunidade", disse Efraim Lapscher, vice-presidente da CAIV.
Porém muitos judeus estão determinados a ficar na Venezuela, pois lá têm negócios, tem um sentimento de pertencer à cultura do país e uma impressionante variedade de instituições judaicas meticulosamente construídas ao longo de décadas. No entanto, a crescente incerteza após a morte de Chávez no mês passado, poderá ocasionar para que mais deixem o país para se juntarem aos seus amigos e famílias que vivem no exterior, muitos deles na Flórida.
Apenas três horas de avião separam Caracas de Miami, que tem um clima semelhante, o espanhol é uma língua amplamente falada e é o lar de uma grande comunidade judaica, o que tornou o local o favorito entre os judeus venezuelanos à procura de um novo começo.
Flórida pode ser o destino preferencial dos judeus venezuelanos, muitos dos quais viviam em Caracas, mas não é de modo algum o único. Pequenas comunidades de judeus venezuelanos exilados foram formadas no Panamá, Colômbia, Costa Rica e Guatemala - países de língua espanhola, com pequenas, mas robustas populações judaicas.
E claro muitos foram para Israel. De acordo com a Agência Judaica 1.290 venezuelanos foram morar no Estado judeu desde 1999, número que não inclui os judeus venezuelanos que já eram cidadãos israelenses antes de se mudarem. Um funcionário da Agência disse que o número de judeus desta última categoria é "considerável".
E alguns judeus venezuelanos conseguiram obter sucessos significativos em seus países de adoção.
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Reportagem completa:
Era Pós-Chávez, e os Judeus da Venezuela

SunnyIsles Beach, na Flórida (JTA) - Sentado em uma cafeteria Starbucks nesta pequena cidade ao norte de Miami Beach, Paul Hariton relembra a noite dramática em 2002, quando ele e sua esposa decidiram a deixar a Venezuela na qual nasceram.

O líder esquerdista Hugo Chávez, tinha recém voltado ao poder após um golpe fracassado contra ele, e os Haritons temiam as consequências políticas.

"Pensamos que ele não voltaria", disse Hariton, de 56 anos. "Foi quando voltávamos de uma grande manifestação da oposição no centro da cidade, onde várias pessoas levaram tiros, incluindo um membro da comunidade. Uma menina foi baleada na cabeça, e felizmente sobreviveu".

E no dia seguinte os Haritons estavam na Flórida, e onze anos depois, eles ainda lá estão."Para os meus filhos foi muito bom", afirmou Hariton. "Meu filho mais velho está na faculdade de Medicina, minha filha acabou de se formar e está trabalhando num banco. E o meu filho mais novo de 17 anos está se preparando para entrar na universidade".

Durante a última década, milhares de judeus venezuelanos seguiram o mesmo caminho, impulsionados para outros países pela alta taxa de criminalidade e o crescente antissemitismo em grande resultado das constantes e duras críticas de Chávez contra Israel e a proximidade e aliança com o iraniano Mahmoud Ahmadinejad.

Na década de 1990 cerca de 25.000 judeus viviam na Venezuela – e atualmente este número está reduzido para apenas 9.000, de acordo com a CAIV, o grupo que representa os judeus venezuelanos. "Não é possível dizer se daqui a 10 anos somente ficarão metade, mas neste momento a tendência é diminuir, o que é muito preocupante para nós como comunidade", disse Efraim Lapscher, vice-presidente da CAIV.
Porém muitos judeus estão determinados a ficar na Venezuela, pois lá têm negócios, tem um sentimento de pertencer à cultura do país e uma impressionante variedade de instituições judaicas meticulosamente construídas ao longo de décadas. No entanto, a crescente incerteza após a morte de Chávez no mês passado, poderá ocasionar para que mais deixem o país para se juntarem aos seus amigos e famílias que vivem no exterior, muitos deles na Flórida.
Apenas três horas de avião separam Caracas de Miami, que tem um clima semelhante, o espanhol é uma língua amplamente falada e é o lar de uma grande comunidade judaica, o que tornou o local o favorito entre os judeus venezuelanos à procura de um novo começo.

Muitos dos recém-chegados se associaram ao Centro Comunitário Judaico Michael-Ann Russel, em North Miami Beach, que é bastante parecido com a Hebraica, existente em Caracas. Embora não tendo os cenários que rodeiam a Hebraica –principalmente por causa da sua localização no exuberante sopé da montanha Ávila - as quadras de tênis, piscina, os prédios bem conservados e o descontraído estilo de vida são bastante semelhantes.
"E lá existem muito mais coisas e não apenas para o esporte", disse Ariel Bentata, judeu que veio da Venezuela e é presidente do CCJ. "Agora se tornou um local de encontro, de reunião, e isso é uma grande mudança, pois foi algo que os judeus venezuelanos trouxeram da Hebraica".
Na verdade, os Caraquenhos encontram muitos rostos familiares por aqui. O Rabino Pynchas Brener foi o rabino chefe da principal sinagoga ashkenazide Caracas por 44 anos até quando se aposentou há dois anos quando já tinha quase 80 anos.

"Eu poderia ter ficado por mais três anos", disse Brener. "Mas eu não quis, basicamente por causa da tremenda insegurança pessoal [em Caracas], e eu já tenho oito dos meus nove netos vivendo aqui. É por isso que eu vim".
Flórida pode ser o destino preferencial dos judeus venezuelanos, muitos dos quais viviam em Caracas, mas não é de modo algum o único. Pequenas comunidades de judeus venezuelanos exilados foram formadas no Panamá, Colômbia, Costa Rica e Guatemala - países de língua espanhola, com pequenas, mas robustas populações judaicas.
E claro muitos foram para Israel. De acordo com a Agência Judaica 1.290 venezuelanos foram morar no Estado judeu desde 1999, número que não inclui os judeus venezuelanos que já eram cidadãos israelenses antes de se mudarem. Um funcionário da Agência disse que o número de judeus desta última categoria é "considerável".
E alguns judeus venezuelanos conseguiram obter sucessos significativos em seus países de adoção.

O cineasta venezuelano Jonathan Jakubowicz está trabalhando em um filme estrelado por Rober De Niro e Gael Garcia Bernal. Michel Kreiselfaz parte da equipe de efeitos especiais que ganhou um Oscar pelo "A Vida de Pi". Moisés Naim, ex-ministro de desenvolvimento da Venezuela, é agora um associado sênior do ‘Carnegie Endowment for International Peace’ em Washington e colunista respeitado do jornal espanhol El Pais.
"Na maior parte vieram as pessoas mais idealistas ou com parentes aqui", disse Maor Melul, de 37 anos, um engenheiro de computação que se mudou em janeiro para Israel vindo de Caracas. "As pessoas que têm bastante dinheiro vão para Miami. E, geralmente, os que foram para o Panamá e Costa Rica estão esperando para voltar para a Venezuela se as coisas lá melhorarem".
Melul se apaixonou por Tel Aviv quando lá permaneceu em uma estadia anterior. A maioria dos seus amigos em Israel é do Brasil, mas se as pessoas o confundem com um brasileiro, ele é rápido em corrigi-los.

"No meu quarto tenho uma boneca de barro indígena com as cores da bandeira da Venezuela e as estrelas", disse ele. "Na minha mesa de jantar eu tenho uma bandeira venezuelana. E, claro, há o time de futebol venezuelano. Eu usava a camiseta do time quando fiz aliá. Gosto de mostrar as suas cores, que são as venezuelanas".
Na maior parte do tempo, Melul não mais se sente separado do lugar que ele havia chamado de lar por décadas. A maioria da sua família e amigos morreu ou emigrou. Apenas ocasionalmente ele sente uma nostalgia, como quando ele olha para álbuns com fotos antigas."Eu olho para fotos de coqueiros e o mar, e penso como eu gostaria de lá estar agora", disse ele. "Mas já não dá mais".
Hariton acredita a maioria dos judeus venezuelanos não voltarão, mesmo se as coisas lá melhorarem. Eles já estão adaptados aos seus novos lares, disse ele, e só de vez em quando se lembram do seu país de nascimento. "Tenho saudades do que eu tinha, mas que agora não estão mais lá", disse Hariton. "A comunidade e o país que tínhamos não estão mais lá".