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domingo, 10 de março de 2024

Alfonso Reyes: mexicano, intérprete do Brasil (tese) - Angela Lopes Norte (UFF)

 Alfonso Reyes: mexicano, intérprete do Brasil

Angela Lopes Norte

Tese, UFF, Repositório Institucional

Resumo: 

 

This thesis discusses the literary and diplomatic production of Alfonso Reyes, a Mexican ambassador who lived in Brazil in the 1930s. His work is rich in texts that reflect his vision of the country, the Brazilian people, its history and cultural peculiarities. The analysis of the works produced in the period shows that the diplomat and the writer combined to produce accounts of the Brazilian reality that were transfigured into literature. Three axes guide this study: the Latin American intellectual and his utopian vision of America; the diplomatic documents analyzing the interim government and the early years of the constitutional government of Getúlio Vargas; and the essays, poetry and letters about the Brazilian beauties and peculiarities. To this end, the diplomat Alfonso Reyes is depicted as the epitome of the intellectual of Hispanic modernism by means of definitions of pan-Americanism, monroism, identity, Latinity, nation and intellectuality, as well as the conception of the essay as Latin American intellectual strategy in the search for identity. Alfonso Reyes s three contributions synthesis, homonoia and American intelligence to the utopian destination of America, his proposal to form an American community, supported by intellectuals of America, and the vision of Brazil as a peace-loving country are also discussed. Reyes s diplomatic ability is demonstrated in his notes to the Mexican government and in the decisive actions to increase Mexico-Brazil relations in the face of the revolution that maintained Vargas in power. His bias as a historian and universalistic and avant-garde writer is revealed in literary texts about utopian America, about Brazil and the Brazilians. It is also argued that, excluding some quotes from diplomats, few Brazilians are devoted to analyzing his work, which is practically unknown in Brazil, as well as the literary and official texts that marked his presence for nearly a decade in the city of Rio de Janeiro during the first half of the twentieth century. This study aims at proving that the twenty-first century requires the reading of his works and the inclusion of his name in discussions in the field of comparative literary and cultural studies in Latin America. It also aims at increasing the reading and the dissemination of the works of a diplomat-writer who labeled Brazil as a model of excellence among Latin American nations and made his speech be a means of negotiating his ideological project.

 

 Registros relacionados: 





sexta-feira, 13 de junho de 2014

Conferência Internacional de História Econômica - Niteroi, 8-10 Setembro 2014

VII Encontro de Pós Graduação em História Econômica & 5ª Conferência Internacional de História Econômica 
O VII Encontro de Pós Graduação em História Econômica & 5ª Conferência Internacional de História Econômica têm por objetivo dar continuidade aos Encontros de Pós-Graduação promovidos pela Associação Brasileira de História Econômica – ABPHE desde 2002. 
Os eventos serão realizados na Universidade Federal Fluminense, entre os dias 08 e 10 de Setembro de 2014, na Faculdade de Economia e no Instituto de Ciências Humanas e Filosofia (departamento de Graduação e Pós Graduação em História). Este evento faz parte dos encontros destinados para a apresentação das pesquisas dos alunos de Graduação e Pós-Graduação, contando também com Conferências Internacionais e Mesas Redondas de professores e pesquisadores reconhecidos nas áreas. 
A divulgação dos artigos aprovados para o Encontro será realizada pelo site do evento (http://www.congressoabphe.uff.br/) no dia 20 de Junho de 2014. No site ainda é possível conferir informações sobre valores das inscrições e a localização da Universidade. Para outras informações ou dúvidas escreva para o email abaixo: congresso.abphe.uff@gmail.com 


Programação 08 de Setembro 
09 de Setembro 
10 de Setembro 
09h - 10:45h 
Recepção 
Mesa Redonda II 
Mesa Redonda V 
11:15h - 13h 
Reunião do Conselho 
Sessões Ordinárias II 
Sessões Ordinárias IV 
13h - 14:30h 
Almoço 
Almoço 
Almoço 
14:30h - 16:15h 
Sessões Ordinária I 
Mesa Redonda III 
Conferência II 
16:45h - 18:30h 
Mesa Redonda I 
Sessões Ordinárias III 
Sessões Ordinárias V 
19:30h 
Conferência I 
Mesa Redonda IV 
Plenária Final 

Conferência I: 
40 years of Time on the Cross por Stanley Engerman 

Conferência II: 
Dos siglos de historia de la deuda externa da América Latina (1822-2010): en búsqueda de un dialogo entre historiadores y economistas por Carlos Marichal 

Mesas Redondas 
50 anos depois: A economia brasileira durante a ditadura 
Pedro Henrique Pereira Campos – UFFRJ 
Fernando Mattos – UFF 
Bernardo Kocher – UFF 
Fernando Eduardo Pires de Souza – UFRJ 
Sebastião Carlos V. Cruz – Unicamp 

Periódicos Científicos e Ciências Sociais 
Alexandre Macchione Saes – USP 
Claudia Heller – Unesp 
Luciano Raposo Figueiredo – UFF 
Roberta Cardoso Cerqueira – Fiocruz 

A escravidão brasileira no século XIX 
Rafael Bivar Marquese - USP 
Luiz Paulo Nogueiról - UNB 
Marcus Carvalho – UFPE 
Ricardo Henrique Salles – UNIRIO 

Georeferenciamento e História Econômica 
Maria Batista F. Bicalho – UFF 
Angelo Carrara – UFJF 
Carlos Eduardo Valencia Villa – UFF 
Tiago Gil – UNB 

História e Historiografia do Rural 
Josué Modesto do Passos Subrinho – UFSE 
José Jobson Andrade Arruda - USP 
Márcia Motta – UFF 
Paulo Pinheiro Machado – UFSC 

Revista História Econômica & História de Empresas 
A diretoria da Associação e a comissão editorial da revista convidam os sócios e demais interessados a submeter textos para História Econômica & História de Empresas (HE&HE, ISSN 1519-3314). A revista é uma publicação semestral da ABPHE, que agora possui um site próprio e cujo acesso pode ser realizado pelo endereço www.abphe.org.br. 
Atualmente a revista está indexada na EconLit, no Journal of Economic Literature (versões eletrônica on-line e CD ROM, na Econpapers, no IDEAS, no LATINDEX e no Portal de Periódicos da CAPES. Estamos dando continuidade aos esforços para indexá-la também nas bases SciELO e Redalyc o mais breve possível, com o objetivo de ampliar ainda mais sua visibilidade e qualificação. 
Como parte deste esforço, a partir de 2014 os artigos devem ser submetidos através do Open Journal System (OJS), um sistema eletrônico de editoração de revistas cuja utilização é indispensável para a inclusão da História Econômica & História de Empresas nos principais indexadores. Autores e pareceristas devem cadastrar-se através do link http://www.revistaabphe.uff.br
Aguardamos sua contribuição! 


sábado, 7 de dezembro de 2013

Irineu Evangelista de Souza, o Barao de Maua: enfim homenageado - mesa redonda na UFF

Abaixo, o cartaz com a programação da Mesa redonda "VISCONDE DE MAUÁ: INOVAÇÃO NO BRASIL DO SEGUNDO REINADO", organizada pela entidade que coordena os cursos de Administração na Universidade Federal Fluminense e que anuncia que existem mais informações neste link: http://abrasuff.blogspot.com.br/ (de fato não, há; o curso de administração ainda não conseguiu administrar o seu próprio site).

Em todo caso, se trata de uma seção em homenagem a um dos grandes empresários, o maior, do Império, o homem que teria colocado o Brasil no caminho da modernidade, se por acaso suas ideias tivessem penetrado mais fundo na consciência dos líderes políticos agraristas e escravocratas que conduziram o Império à sua modorra de estagnação durante quase um século inteiro.
Eu costumo dizer que é mais interessante examinar a trajetória de um país pelos seus fracassos do que pelo seus supostos sucessos. O sucesso tem muitos país, o fracasso não costuma ter nenhuma mãe. Ninguém quer ser responsável pelo fracasso de um país, embora muitos sejam responsáveis, em primeiro lugar, como sempre ocorre, elites incompetentes, desde o Império até hoje, quando temos uma nova elite no poder, na verdade uma nova classe, no sentido da Nomenklatura, que está conseguindo fazer o país recuar.
Podemos facilmente identificar os grandes derrotados da história do Brasil, e Mauá é certamente um deles. Mas a história começa com José Bonifácio, derrotado em seu projeto de libertar imediatamente o Brasil do tráfico e da escravidão em médio prazo, estimulando a imigração europeia e a industrialização do país, com uma consciência muito avançada do que hoje em dia se chama "desenvolvimento sustentável", ou seja, preservação dos recursos naturais e do meio ambiente.
O outro grande derrotado foi justamente Irineu Evangelista de Souza, que queria um Brasil aberto ao comércio internacional, às inovações industriais, a um mercado de capitais ativo, e dominado por interesses privados, enfim, um país capitalista, e liberal em economia, mesmo se ele mesmo se beneficiou de inúmeras concessões públicas e de monopólios oficiais. Mas, criador do segundo Banco do Brasil, ele foi derrotado pelos políticos do Segundo Império nos seus propósitos de ampliar o crédito e abrir o Brasil aos investimentos estrangeiros. Não conseguiu, e a monarquia continuou escravocrata, agrarista, atrasada em tudo.
Outro derrotado foram os primeiros tribunos republicanos, inclusive Rui Barbosa, em seus propósitos de educar a população e fazer do direito uma das bases da política nacional; foi derrotado também pelos agraristas reacionários, e pelos políticos corruptos.
Monteiro Lobato tentou modernizar o país, mas também foi um derrotado, assim como o foram os reformistas da educação brasileira nos anos 1920 e 30, que só conseguiram construir parcialmente uma educação de qualidade para o povo brasileiro, ainda assim limitada às camadas médias urbanas.
Não coloco os nacionalistas dos anos 1950 e 60 entre os derrotados, pois eles foram amplamente vitoriosos, inclusive pela ação dos militares, que foram obtusamente nacionalistas e equivocadamente estatizantes, aliás como são hoje os representantes da elite no poder, sempre atrasados mentalmente.
Espero que alguns aspectos dessas tentativas derrotadas sejam evocadas no colóquio abaixo, para esclarecimento dos presentes, e conscientização dos atuais defensores de um "modelo"  brasileiro de desenvolvimento.
Na verdade, não existem modelos, apenas trabalho, em torno de alguns princípios fundamentais, infelizmente sempre derrogados por nossas elites. Listo aqui os elementos de um país bem sucedido: 
1) Macroeconomia aberta, estável, com fundamentos sólidos nas boas políticas macroeconômicas e setoriais; 2) Micreconomia competitiva, sem oligopólios, carteis e proteção indevida; 3) Boa governança, instituições sólidas, transparentes, responsáveis, baixa ou nenhuma corrupção, sem privilégios para quaisquer categorias, mas assegurando um bom ambiente de negócios privados; 4) Alta qualidade dos recursos humanos, o que significa boas escolas, abertas a todos; 5) Abertura ao comércio e aos investimentos internacionais, o que infelizmente não é o caso ainda em nosso país.
Com essas considerações em mente, formulo meus votos para um bom colóquio na UFF.
Paulo Roberto de Almeida












































Mauá
Kenneth Maxwell
Folha de S.Paulo, 7/12/2013

Este mês marca o bicentenário do nascimento de Irineu Evangelista de Sousa, em 28 de dezembro de 1813, em Arroio Grande, na fronteira sul do território que se tornaria o Rio Grande do Sul. Ele morreu em 1889, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, como visconde de Mauá, pouco antes da queda do Império brasileiro.
Mauá foi industrial, banqueiro e empresário. Homem de origens modestas, perdeu o pai, morto por ladrões de gado, aos cinco anos de idade. O tio, capitão de navio, o levou ao Rio de Janeiro quando ele tinha nove anos de idade. Aos 15, Irineu começou a trabalhar para Richard Carruthers, um comerciante escocês radicado no Rio de Janeiro que se tornou seu mentor e seu amigo pelo resto da vida. Carruthers ensinou inglês e contabilidade a Mauá, e o iniciou na ordem maçônica. Depois que Carruthers retornou à Escócia, em 1829, Irineu assumiu o comando de seus negócios.
Ele se opunha ao comércio negreiro e à escravatura. Foi um pioneiro da metalurgia, da iluminação a gás, dos estaleiros, dos motores a vapor, dos navios a vapor para o rio Amazonas e das ferrovias.
No auge de sua carreira, em 1860, controlava 17 em- presas no Brasil, Uruguai, Argentina, Reino Unido, França e Estados Unidos. Em 1867, o valor de suas propriedades foi estimado em 155 milhões de libras. A renda do império brasileiro naquela época era de 97 milhões de libras.
O imperador dom Pedro 2º compareceu à inauguração do trecho inicial de sua ferrovia até Petrópolis, em 1854, no dia em que Mauá recebeu o título de barão de Mauá. O emblema heráldico do novo nobre exibia um motor a vapor no topo de seu brasão, com um navio a vapor abaixo. O lema que ele adotou foi "Labor Improbus Omnia Vincit": o trabalho árduo tudo vence.
O Barão de Mauá conseguia levantar capital em Londres em seu nome pessoal. Em 1860, obteve o apoio do barão Lionel de Rothschild, que adquiriu mil ações de sua "São Paulo Railway Company". Mas Carruthers aconselhou cautela. Em tempos de prosperidade, "os bancos são só sorrisos e empréstimos fáceis, mas não conte com o dinheiro deles nos momentos difíceis".

Mauá lutou contra a falência, na velhice. Mas pagou suas dívidas. Em 1889, seu corpo foi transportado de Petrópolis ao Rio pela ferrovia que ele construiu sobre a Serra do Mar. Sua vida é uma lição sobre o que um homem vindo de baixo pode realizar no Brasil. E sobre os riscos que ele corre.
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Addendum em 09/12/2013, a partir de comentário recebido neste post, já inserido, mas aqui tornado explícito, sob a forma de uma indicação de artigo publicado na Revista de Administração e Inovação (RAI):

PROCESSO DE INOVAÇÃO E O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL: O CASO MAUÁ
DOI: 10.5585/rai.v6i1.313
Moacir Bispo Santos, Camila Papa Lopes, José Alberto Carvalho dos Santos Claro

Resumo

Este artigo apresenta um exemplo de empreendedorismo que alia conhecimento e inovação, ao relacionar a vida de Irineu Evangelista de Sousa (Barão de Mauá) com o tema do empreendedorismo, passando pelas leituras de McClelland, Schumpeter, Vries, Thimmmons, Say, Dornellas, Empretec pelo Sebrae, que tratam do comportamento empreendedor, e Caldeira, que aborda especificamente a história de Mauá, utilizando-se para tal a análise comparativa entre esses autores para mostrar a contribuição do Barão de Mauá para o desenvolvimento do Brasil, por meio dos negócios por ele estabelecidos no século XIX, identificando a capacidade administrativa e o pioneirismo no processo de industrialização brasileira. Questiona-se se o processo de inovação no Brasil deve sua história ao empreendedorismo a partir de pioneiros que alavancaram nossa economia e administração. Adotou-se o exemplo de Irineu Evangelista de Sousa, o empreendedor da inovação a partir de um estudo qualitativo descritivo, de forma a contextualizar a realidade do empreendedorismo no Brasil e de que forma foi consolidada sua estrutura. A pesquisa entre o que a literatura estabelece de comportamento empreendedor e a postura do Barão de Mauá mostra quais características são consideradas no empreendedor para definir a competência para o sucesso nos negócios, como um exemplo de que a inovação é perpetuada pelas características empreendedoras.