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sábado, 21 de outubro de 2017

Nesta data, em 1889, morria o Visconde de Maua, Irineu Evangelista de Souza


NESTA DATA

Morre o Visconde de Mauá

No dia 21 de outubro de 1889, morre Irineu Evangelista de Sousa, o Visconde de Mauá

Morre Visconde de Mauá
Desde muito cedo, Irineu mostrava talento para negócios (Foto: Wikimedia)
Grande impulsionador da indústria brasileira, o empresário brasileiro Irineu Evangelista de Sousa, Visconde de Mauá, foi o maior empreendedor que o Brasil já teve. Morreu em Petrópolis, Rio de Janeiro, no dia 21 de outubro de 1889.
Irineu nasceu em 28 de dezembro de 1813 no Rio Grande do Sul. Aos cinco anos perdeu o pai. Quando tinha nove, sua mãe se casou de novo e uma condição do novo marido era não ter os filhos de casamento anterior morando com eles. A solução foi rapidamente achar um marido para a filha de 12 e mandar o menino de nove para o Rio de Janeiro, levado por um tio que conseguiria um emprego para ele.
Irineu passou a trabalhar e morar na casa de um comerciante onde rapidamente aprendeu tudo, tornando-se pessoa de confiança do patrão. Em 1829 Irineu foi trabalhar com o importador e exportador inglês Richard Carruthers, que lhe ensinou inglês, contabilidade e a arte de comerciar.
Irineu adquiriu o hábito das leituras sérias, lendo no original o clássico “A riqueza das nações”, de Adam Smith. No final de 1835, quando o jovem tinha acabado de completar 22 anos, o chefe reuniu todos os funcionários e comunicou que ia se aposentar e voltar para a Inglaterra e que Irineu seria o novo acionista controlador. Aos 27 anos, viajou até a Inglaterra visitando fábricas, fundições de ferro e conheceu a ferrovia, a coqueluche do meio empresarial e político do momento. Essa visão do país mais moderno do mundo abriu os olhos de Mauá para aquilo que ele gostaria que o Brasil fosse: uma nação adiantada. Desde então seu sonho quase obsessivo foi criar no Brasil indústria e infra-estrutura modernas.
Em 1845, Irineu tomou sozinho a frente do ousado empreendimento de construir os estaleiros da Companhia Ponta da Areia, com que iniciou a indústria naval brasileira. Em plena ascensão como homem de negócios, forneceu os recursos financeiros necessários à defesa de Montevidéu, quando o governo imperial decidiu intervir nas questões do Prata, em 1850. Da Ponta da Areia saíram os navios para as lutas contra Oribe, Rosas e Lopes.
Tendo obtido junto ao governo imperial brasileiro a concessão do fornecimento de tubos de ferro para a canalização do rio Maracanã, na cidade do Rio de Janeiro (1845), liquidou os interesses da Casa Carruthers e, no ano seguinte, adquiriu uma pequena fundição situada na Ponta da Areia, em Niterói, na então Província do Rio de Janeiro. Imprimindo-lhe nova dinâmica empresarial, transformou-a em um estaleiro de construções navais.
No ano seguinte, o Estabelecimento de Fundição e Companhia Estaleiro da Ponta da Areia já multiplicara por quatro o seu patrimônio inicial, tornando-se o maior empreendimento industrial do país, empregando mais de mil operários e produzindo navios, caldeiras para máquinas a vapor, engenhos de açúcar, guindastes, prensas, além de artilharia, postes para iluminação e canos de ferro para águas e gás. Deste complexo saíram mais de setenta e dois navios em onze anos, entre os quais as embarcações brasileiras utilizadas nas intervenções platinas e as embarcações para o tráfego no rio Amazonas.
No final da década de 1850, o visconde funda o Banco Mauá, MacGregor & Cia., com filiais em várias capitais brasileiras e em Londres, Nova York, Buenos Aires e Montevidéu.O estaleiro foi destruído por um incêndio em 1857, mas é reconstruído. Acaba-se de vez em 1863 quando a lei isenta de direitos a entrada de navios construídos fora do país. Isso leva a empresa à falência, mas não afeta os outros negócios do empresário. A partir de então, dividiu-se entre as atividades de industrial e banqueiro. Devem-se a Mauá a iluminação a gás da cidade do Rio de Janeiro (1851), a primeira estrada de ferro, da Raiz da Serra à cidade de Petrópolis RJ (1854), o assentamento do primeiro cabo submarino telegráfico entre o Brasil e a Europa (1874) e muitas outras iniciativas.
Em 1856, Mauá recebeu a concessão para construir a ferrovia Santos-Jundiaí. Seria um empreendimento grandioso que escoaria a crescente produção de café de São Paulo para o porto de Santos. Até então o café descia a Serra do Mar em lombo de burro. A nova empresa tinha sócios ingleses e lançou ações na bolsa de Londres, com a honra de o Barão Rothschild, o maior banqueiro do mundo, ser o primeiro subscritor de ações. A obra andaria devagar, por falta de dinheiro e aos poucos o banco de Mauá se tornou seu maior financiador. Mauá acabou vendendo suas ações, mas continuou a emprestar fundos para terminar a obra. Em 1867, a ferrovia, que outrora Mauá chamara de a menina de meus olhos, foi inaugurada e imediatamente começou a operar lucrativamente. Mas o visconde não conseguiu receber seus créditos e isso provavelmente foi a maior causa de sua ruína.
Em 1875, viu-se obrigado a pedir moratória, a que se seguiu longa demanda judicial, derradeiro capítulo da biografia de grande empreendedor. Doente, minado pelo diabetes, só descansou depois de pagar todas as dívidas. Ao longo da vida recebeu os títulos de barão (1854) e visconde com grandeza (1874) de Mauá.
O Visconde de Mauá morreu em Petrópolis, Rio de Janeiro, no dia 21 de outubro de 1889.