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segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Quem é Yang Wanming, tuiteiro, fotógrafo e midiático embaixador da China no Brasil - Gabriel de Arruda Castro (Gazeta do Povo)

 Uma matéria maldosa, com muita falsidade, por esse jornal de extrema-direita, que é a Gazeta do Povo. Fui entrevistado pelo reporter, rebati todos os argumentos em torno do filho 03 do presidente, que FOI UM DESASTRE para a política externa e para a diplomacia do Brasil, mas nada disso apareceu; o reporter acha que foi o embaixador que criou os atritos com o governo, quando foi o BANANINHA 03 que criou os maiores problemas para a nossa interface bilateral com a China. Considero a matéria DESONESTA.

Paulo Roberto de Almeida 

Quem é Yang Wanming, tuiteiro, fotógrafo e midiático embaixador da China no Brasil

Por Gabriel de Arruda Castro, especial para a Gazeta do Povo

12/12/2021 19:33

https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/quem-e-yang-wanming-tuiteiro-fotografo-e-midiatico-embaixador-da-china-no-brasil/?utm_source=whatsapp&utm_medium=midia-social&utm_campaign=gazeta-do-povo

 

As tropas do Exército Brasileiro se preparavam para o levante que derrubaria o presidente João Goulart quando, em Pequim, veio ao mundo Yang Wanming. O futuro embaixador da China no Brasil nasceu em 30 de março de 1964. Naquela época, a China ainda era governada por Mao-Tsé Tung, líder da sangrenta revolução que levou os comunistas ao poder 15 anos antes. O país não mantinha relações diplomáticas com a Europa Ocidental ou os Estados Unidos. Tampouco era parte da Organização das Nações Unidas (ONU).

 

Quando Wanming tinha seis meses de vida, Mao Tsé-Tung fez um célebre discurso celebrando o “Grande Salto Adiante”, uma espécie de cavalo-de-pau abrupto na economia chinesa. A ideia era empurrar o país rumo ao progresso industrial, deixando para trás a antiga China rural. No pronunciamento, o ditador afirmou que seu país havia vencido o feudalismo, o imperialismo e o capitalismo, e citou outro líder comunista: “No início deste século, o Dr. Sun Yat-sen, o grande revolucionário chinês e nosso precursor, disse que a China daria um grande passo adiante. Sua previsão certamente se tornará realidade nas próximas décadas. Esta é uma tendência inevitável que nenhuma força reacionária pode parar”, afirmou.

 

Na verdade, o “Grande Salto”, que incluiu o remanejamento de milhões de pessoas do campo para as cidades, teve início seis anos antes. O custo foi de 20 milhões de mortes (algumas fontes reportam ainda mais). Mas, de certa forma, a profecia se realizou: o regime chinês, hoje sob o comando de Xi Jinping, tem o segundo maior PIB do mundo e, após o colapso da União Soviética, passou a ser o maior rival dos Estados Unidos no cenário global. Yang Wanming é um de seus porta-vozes.

 

Quando o pequeno Wanming passou a frequentar a escola, o currículo já havia sido completamente remodelado pela Revolução Cultural (1966-1969), que erradicou, violentamente, os últimos resquícios de pensamento “ocidental”. Anos depois, o futuro embaixador ingressou em uma universidade estatal, em uma época na qual o acesso ao ensino superior ainda era um privilégio para pessoas com conexões políticas.

 

A jornada antes do Brasil

Wanming teve seu primeiro cargo na diplomacia chinesa em 1990, um ano depois da queda do Muro de Berlim. E, de certa forma, o muro ainda não caiu para os chineses. Em uma longa resolução aprovada em 16 de novembro deste ano, o Partido Comunista Chinês (o único partido permitido no país) não abriu mão da ortodoxia marxista: “Nossa fé no marxismo, no grande ideal do comunismo e no ideal comum do socialismo com características chinesas são nossa fonte de força e a âncora da nossa alma política como comunistas chineses”, afirma o texto.

 

O primeiro posto relevante ocupado por Wanming foi o de adido no Departamento de América Latina do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China. Depois de uma passagem pelo México, ele tomou uma rota pouco usual: entre 2003 e 2004, foi vice-prefeito de Kaili, cidade de aproximadamente 600 mil habitantes na província de Guizhou. Diferentemente do que ocorre no Brasil, a cidade tem mais de um vice-prefeito: atualmente, são seis. Os registros sobre sua incursão na política são inexistentes fora da internet chinesa, controlada pelo Partido Comunista. Nem mesmo o site oficial da cidade traz qualquer menção ao nome dele.

 

Em 2008, Wanming obteve seu doutorado em Direito pela Academia Chinesa de Ciências Sociais, em Pequim. A instituição foi fundada pelo líder comunista Deng Xiaoping. O foco do estudo foram as relações entre a China e a América Latina entre 1990 e 2006. O Brasil, ao lado do México, figura como um dos países analisados com mais atenção na tese de doutorado. Wanming foi orientado pelo professor Xu Shicheng, que, além de ter se formado pela Universidade de Pequim, também passou pela Universidade Nacional de Havana, em Cuba. Onze anos antes, Wanming completara um mestrado em Economia pela Universidade de Jilin, também na China. O tópico era "As bases legais do sistema empresarial moderno".

 

Entre 2007 e 2012, Wanming foi o diretor do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China para a América Latina. Então, recebeu seu primeiro convite para comandar uma embaixada. E sua estreia no cargo seria no Chile. Lá, ele ficou dois anos, e se empenhou pela expansão dos Institutos Confúcio, utilizados para expandir a influência cultural chinesa mundo afora. O número de alunos chilenos quadruplicou entre 2009 e 2012. Wanming também negociou um complemento ao tratado de livre comércio estabelecido entre os dois países ainda em 2006. A China buscava estreitar os laços com o Chile que, dentre outros atrativos, possui uma reserva mineral importante e, dos países sul-americanos, tem uma vantagem logística: sua ampla costa no Oceano Pacífico, que facilita o transporte marítimo com a China. Não por acaso, os chilenos foram o primeiro país da região a ter um tratado de livre comércio com os chineses.

 

Wanming assumiu o comando da embaixada na Argentina em 2014. Durante seu período no cargo, atuou para aumentar as oportunidades de negócio para empresas chinesas (quase sempre, sob a influência direta ou indireta do governo) no país. O consenso é de que, nos dois países, Wanming fortaleceu as trocas econômicas bilaterais e não entrou em controvérsias nas redes sociais. Mas houve momentos de tensão. Ele costurou um acordo de cooperação na área de ciência e tecnologia que, dentre outras coisas, abriu caminho para que os chineses construíssem uma grande base de lançamento de satélites na Patagônia. Problema: a presença de argentinos era vedada no espaço da construção. A situação, que só foi percebida pelo governo argentino quando não havia como voltar atrás, causou incômodo. Graças ao contrato minuciosamente redigido pelo lado chinês, os argentinos não podiam rever o acordo sem que também colocassem em risco outras parcerias com os chineses e, assim, a própria estabilidade da economia local.

 

Mesmo assim, no fim ele chegou a ganhar do governo argentino a Ordem do Libertador Geral San Martin, recebida das mãos do então chanceler Jorge Faurie. É a condecoração mais alta concedida pelo governo da Argentina a estrangeiros. O liberal Mauricio Macri, um adversário da esquerda argentina, era o presidente da ocasião.

 

O Twitter como arma diplomática

Wanming tem um português bom o suficiente para uma comunicação eficaz, mas tem traços óbvios de espanhol e um sotaque chinês forte. Quando conversa, inclui vários “nes” nos fins de frase - que, por acaso, tem um significado semelhante ao do “né” da língua portuguesa. Nas vezes em que deu entrevistas à imprensa, ele deu respostas-padrão, sem fugir do tom diplomático. Quem convive com ele afirma que o embaixador segue a cartilha dos altos oficiais do regime chinês: lealdade total à linha definida pelo Partido Comunista.

 

É no Twitter que o embaixador se expressa mais claramente. Mas isso não quer dizer que suas opiniões sejam frutos de suas espontaneidade. Como regra, um diplomata nunca fala por si mesmo. Um diplomata chinês, menos ainda. A postura agressiva de Wanming na internet é parte da estratégia chinesa. Ele não está sozinho.

 

Nos últimos anos, a diplomacia chinesa tem adotado uma postura mais incisiva. É a era “Wolf Warrior” (Lobo Guerreiro). O epíteto é baseado em um filme que retrata uma China forte e agressiva diante de inimigos ocidentais. “A diplomacia mudou desde a era Deng Xiaoping (que governou entre 1978 e 1992), quando se proclamava uma ascensão pacífica da China. Xi Jinping (atual líder) tem mais a postura de um imperador — ele busca a afirmação da soberania absoluta da China nas suas relações externas e é mais cioso dos interesses nacionais da China no seu entorno imediato”, afirma o embaixador Paulo Roberto de Almeida, que também é professor de Relações Internacionais.

 

A mudança de postura é mensurável. De acordo com o pesquisador Peter Martin, autor de um livro recém-lançado sobre a evolução da diplomacia chinesa, entre 2012 e 2017, o país quase dobrou seus gastos com relações exteriores. Além disso, em 2019, a China ultrapassou os Estados Unidos e se tornou a nação com mais representações ao redor do globo: 276 embaixadas e consulados.

 

Paulo Roberto de Almeida enfatiza, entretanto, que o Brasil não é visto como uma ameaça direta pelos chineses e que, no que diz respeito à relação com o Brasil, a estratégia do gigante asiático continua a mesma. “São relações econômico-comerciais, um pouco financeiras e de investimento, além da cooperação no terreno da construção e lançamento de satélites no campo científico e meteorológico, que já tem 30 anos”, afirma ele.

 

Neste aspecto, Wanming é um diplomata convencional, interessado em expandir negócios e em aumentar a área de influência de seus país. Por outro lado, ele não tem hesitado em subir o tom quando enxerga algum tipo de ameaça à reputação de seu país.

 

Os líderes comunistas têm notado que, apesar do seu poder econômico e militar, a China ainda carece de relevância cultural no debate do Ocidente. Uma das formas de amenizar o problema e de expandir o “soft power” chinês é a criação de unidades do Instituto Confúcio mundo afora, inclusive no Brasil. Sob o pretexto de ensinar a língua e a cultura chinesas em instituições de ensino, essas instituições servem como catalisadoras da influência chinesa no país.

 

Outra ferramenta, essa mais recente, é o uso do Twitter (que, ironicamente, é banido na China) por diplomatas do país. Principal porta-voz das Relações Exteriores da China desde agosto de 2019, Lijian Zhao subiu na carreira depois de chamar a atenção pelo seu uso frequente (e por vezes agressivo) do Twitter quando era embaixador no Paquistão.

 

E, depois de promovido, ele continuou na ofensiva. Em novembro de 2019, Zhao causou furor ao afirmar erroneamente que, em algumas áreas de Washington, os brancos não podem entrar. "Você é uma desgraça racista. E incrivelmente ignorante também. Em tempos normais, você seria declarado persona non grata", respondeu a embaixadora americana Susan Rice - também na rede social.

 

Um ano depois, Zhao provocou um incidente ainda mais grave quando tuitou uma imagem alterada digitalmente para atacar o governo da Austrália. A fotografia mostrava um soldado australiano, com um sorriso maligno no rosto, degolando uma criança afegã. Ao fundo, a bandeira da Austrália. As reações (não só do governo australiano) também foram intensas. Mas, do ponto de vista da comunicação com o público, a tática chinesa funcionou: a mensagem já havia sido difundida.

 

Entre março e outubro de 2020, o número de seguidores das contas mantidas pela diplomacia chinesa quase dobrou. Qualquer dúvida sobre o objetivo dessa expansão pode ser eliminada com uma constatação simples: esses diplomatas não escrevem em chinês. Eles não estão prestando contas aos cidadãos de seu país. Em vez disso, os embaixadores escrevem em inglês ou na língua local do país em que servem.

 

No ano passado, contas ligadas ao governo chinês atacaram os Estados Unidos utilizando os protestos contra o racismo como pretexto. Ao repercutir a aparente injustiça da sociedade americana, os chineses buscam enfraquecer a legitimidade dos Estados Unidos para contestar problemas muito mais sérios dos chineses, como a perseguição à minoria étnica uigur.

 

Em um estudo sobre a estratégia digital da diplomacia chinesa, o Brookings Institution, think tank centenário com sede em Washington, notou no ano passado que, repentinamente, mais de 170 autoridades diplomáticas da China passaram a utilizar o Twitter, numa tentativa de aumentar a influência chinesa. “Os diplomatas da China têm demonstrado uma compreensão de que o engajamento no Twitter é motivado pela provocação, não pela diplomacia”, afirmam os autores do levantamento.

 

A estratégia não é secreta. Em 2019, o próprio Zhao celebrou: “É uma tendência inevitável que os embaixadores chineses estejam no Twitter. Eles vão contar a vocês a China real, e fazer a voz da China ser ouvida”. A pandemia de Covid-19, originada na China, provocou uma reação ainda intensa da diplomacia chinesa para reverter os danos à imagem do país. Uma das estratégias foi atacar com informações inverídicas. O cônsul chinês em Calcutá, na Índia, tuitou uma informação falsa de que o Covid-19 teve origem nos Estados Unidos e chegou à China por meio de lagostas importadas do estado americano do Maine. O próprio Zhao havia feito algo semelhante ao acusar os Estados Unidos de terem originado a pandemia.

 

A expansão da presença da diplomacia chinesa no Twitter foi rápida e constante. Em agosto de 2019, a embaixada na França ganhou seu perfil. Em setembro de 2019, o embaixador da Áustria e a embaixada na Jordânia. Em outubro, Irã, Cuba e Hungria. Em novembro, Holanda, Reino Unido. Em dezembro, Egito e Alemanha. Em janeiro de 2020, Iraque. Em fevereiro, Líbano, Rússia e Irlanda. Em março, Gana. Em abril, República do Congo. Em julho, Grécia.

 

Curiosamente, Yang Wanming é uma exceção: ele se cadastrou na plataforma muito tempo antes, em 2015. Na época, ele era embaixador na Argentina e usava a página para postar imagens inócuas ou comunicados protocolares. Só no ano passado, já no Brasil, é que ele começou a tratar de política de uma forma mais constante.

 

A vinda ao Brasil

Em março de 2019, Wanming foi ao Palácio do Planalto para apresentar suas credenciais ao presidente Jair Bolsonaro, como determina o protocolo diplomático. Na ocasião, Bolsonaro (havia apenas dois meses no cargo) parecia estar otimista sobre a relação com a China.  “Vai melhorar com toda a certeza. Nós queremos nos aproximar com o mundo todo, ampliar nossos negócios e abrir nossas fronteiras”, disse o presidente.

 

Assim que assumiu o cargo, Wanming também articulou uma viagem de deputados do PSL à China, onde eles visitaram autoridades locais e tiveram contato com novas tecnologias. A ideia era construir pontes com o partido que, naquele momento, era o mais poderoso da República — com a segunda maior bancada na Câmara e a Presidência da República. No grupo estavam parlamentares bolsonaristas incondicionais, como Carla Zambelli (SP) e Daniel Silveira (RJ).

 

Meses depois, Wanming também esteve com o próprio Jair Bolsonaro na visita que o presidente fez à China em outubro de 2019, em uma comitiva que incluía os deputados Marcos Feliciano e Helio Negão. Parecia que as relações do embaixador com o novo governo iriam engrenar.

 

Em seus primeiros meses na capital federal, aliás, Wanming também se encontrou com Eduardo Bolsonaro, então presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa. Antes disso, havia sido recebido por Filipe G. Martins, na época assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais — e um crítico do regime chinês. A lista de autoridades do Executivo que já se reuniram com o embaixador, a propósito, é longa: inclui os ministros Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), Fernando Queiroga (Saúde), Paulo Guedes (Economia), Augusto Heleno (GSI), Ernesto Araújo (então no comando do Itamaraty) e o falecido Gustavo Bebbiano (Secretaria-Geral da Presidência).

 

Na maior parte dos casos, o tema dos encontros era a possibilidade de parcerias comerciais ou no campo da tecnologia. Hoje, entretanto, a figura do Executivo mais próxima do embaixador talvez seja a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que já se encontrou diversas vezes com o diplomata chinês. Faz sentido: aproximadamente um terço das exportações do agronegócio brasileiro têm a China como destino.

 

Wanming também tem um bom relacionamento com alguns governadores, como Ratinho Junior (PR), Helder Barbalho (PA), Ibaneis Rocha (DF) e João Doria (SP). Com Doria, a aproximação foi mais intensa em 2020, quando o Instituto Butantan passou a fabricar a vacina Coronavac em parceria com a companhia chinesa Sinovac.

 

Quem esteve com Wanming em uma dessas conversas não notou nenhum traço anormal de agressividade. Era mais provável que o interlocutor sentisse tédio do que raiva. Acima de tudo, o embaixador parecia mais interessado em abrir as portas para investimentos chineses no Brasil do que em opinar sobre política ou ideologia. Mas o tempo provaria que o relacionamento não era tão sólido assim. Durante a pandemia, a relação dele com o governo federal se desgastou.

 

A primeira briga de repercussão que Wanming arranjou no Twitter envolveu o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da República. Foi em março do ano passado. Uma publicação Eduardo comparava a pandemia ao acidente de Chernobyl, e afirmava que os chineses estavam agindo como os soviéticos após o acidente nuclear: "Mais uma vez a ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas".

 

O comentário acendeu uma luz vermelha na representação chinesa em Brasília, que viu a publicação como um ataque à honra dos chineses. O português truncado de Wanming deu um certo tom cômico à resposta: “As suas palavras são um insulto maléfico contra a China e o povo chinês”, disse ele, pedindo uma retratação do parlamentar. Em seu perfil, a embaixada afirmou que o filho do presidente contraiu um "vírus mental".

 

Dali em diante, a postura mais incisiva do diplomata ficaria clara. Em 18 de julho deste ano, ele fez uma provocação que soou particularmente ofensiva aos cristãos: “Quem é Deus?  O Povo é Deus, é o povo que faz a história e determina a história”, escreveu ele.

 

Wanming também alfinetou o governo Bolsonaro ao replicar uma publicação do governo brasileiro que se referia a insumos chineses para a vacina meramente como "insumos do exterior". Ele sublinhou este trecho e acrescentou o seguinte comentário: ““Confúcio disse, feito para amigos, fiel à sua palavra”.

 

O embaixador também classificou Donald Trump — então um aliado importante do governo Bolsonaro — como "o grande humorista desavergonhado do mundo neste século". O ataque foi feito após o presidente americano se proclamar "o pai da vacina".

 

O embaixador também comemorou a prisão de Roberto Jefferson, aliado (agora, possível ex-aliado) de Jair Bolsonaro: “Lindo dia para todos!!!”, postou. Em pelo menos uma vez, ele mesmo recuou. Acabou desfazendo um retuíte que definia a família Bolsonaro como “o grande veneno desse país".

 

Outra postagem recente de Wanming foi vista como uma provocação por parte dos internautas: quando a seleção argentina venceu a Copa América contra o Brasil, em território brasileiro, o diplomata usou seu perfil no Twitter para comemorar o triunfo do time de Messi. A publicação irritou internautas brasileiros. Mas a verdade é que, fã de futebol, Wanming tem um apreço especial pela equipe alviceleste desde que morou na Argentina. A celebração até pode ser considerada legítima — embora, é claro, não deixe de ser provocativa.

 

Outro episódio prejudicou ainda mais a imagem do embaixador chinês. Em maio do ano passado, já depois que as relações com o governo esfriaram, Wanming enviou uma carta à Câmara pedindo que os deputados não parabenizassem Taiwan pela eleição de sua nova líder, já que o território faria parte da China como “um só país”. "Seria muito agradecido se a Câmara dos Deputados, no contexto do seu compromisso com o Princípio de Uma Só China, pudesse tomar as medidas necessárias e preventivas com vistas a conscientizar os deputados da sensibilidade de Taiwan, evitar gestos ou atitudes que possam ser prejudiciais ao Princípio de Uma Só China, como participar da posse referida, mandar mensagens de felicitação às autoridades de Taiwan, ou manter contatos oficiais com estas", pediu a embaixada, de forma nada delicada. O gesto foi recebido como um pedido descabido e uma descortesia.

 

A imagem de Wanming provavelmente não se beneficiou do fato de ele ter participado recentemente de um evento virtual promovido pelo PCdoB, o Partido Comunista do Brasil, para comemorar os 100 anos do Partido Comunista Chinês. "Aproveito para agradecer as mensagens e felicitações do PCdoB, do PT e outros partidos e organizações políticas do Brasil", disse ele, em mais uma mensagem entediante e burocrática. “Ao longo de 100 anos, o Partido Comunista da China tem conduzido o povo chinês à independência, à emancipação e ao progresso”, assegurou ele em sua participação.

 

No Instagram, o perfil de Wanming tem apenas duas publicações — ambas produzidas pela equipe da embaixada. Os comentários são, em sua grande maioria, de brasileiros inconformados com a postura do embaixador.

 

Casa em situação ilegal

Wanming despacha do prédio da embaixada em Brasília, em um prédio fortificado e cercado por muros altos com traços superficialmente orientais. Ele mora a seis quilômetros dali, em uma casa na beira do lago na QI (sigla para “Quadra Interna”) 12 do bairro Lago Sul, com ampla área verde, campo de futebol, piscinas (no plural) e um píer para pequenas embarcações. É a residência oficial do embaixador da China. O acesso se dá por uma rua pacata, sem saída e preenchida por mansões.

 

Problema: a residência do embaixador ocupa ilegalmente uma faixa de 30 metros à beira do lago que, por lei, deveria ser livre. Na residência oficial do embaixador, a área foi cercada por muros e abriga construções, como um espaço para orações. A área ocupada irregularmente é de cerca de 2.000 metros quadrados.

 

Há dez anos, uma sentença judicial determinou que as áreas ocupadas irregularmente fossem removidas. Com atraso, e gradativamente, o governo local vem aplicando a norma. Mas a residência do embaixador, considerada um território diplomático chinês, ficou de fora.

 

No começo de novembro, após contato da Gazeta do Povo, o Ministério Público do Distrito Federal informou que a decisão judicial continua em vigor, mas que o cumprimento da decisão no caso da embaixada depende do Ministério Público Federal. A Procuradoria da República no Distrito Federal, por sua vez, informou que o procurador responsável está com as informações em mãos para tomar uma decisão sobre o caso. O órgão não deu mais detalhes. A reportagem também procurou o governo do Distrito Federal para tratar do assunto, mas não obteve resposta. A embaixada tampouco respondeu os pedidos da reportagem.

 

Casado com Lu Yanliu e pai de um filho, Wanming passa a maior parte do tempo em casa, ao lado da esposa, quando não está em compromissos oficiais. Antes da pandemia, Lu era presença frequente em eventos sociais do círculo diplomático de Brasília. Ela também participava de projetos beneficentes, como a construção de espaços infantis em hospitais do Distrito Federal — financiados com recursos do governo chinês. Em alguns desses eventos, ela cruzou com a primeira-dama Michelle Bolsonaro. A interação foi cordial, mas superficial.

 

Quando pode, o embaixador da China no Brasil pratica um de seus hobbies favoritos: a fotografia. O próprio jardim de sua casa, decorado com duas esculturas representando veados, por vezes serve de estúdio ao ar livre. O local é frequentado por capivaras, garças e tartarugas — parte do pequeno ecossistema que sobrevive graças ao Lago Paranoá. É um hobby caro. Dentre as câmeras de Yang Wanming, está uma Canon 5D Mark III, com uma lente de 16-35 mm. Pacotes semelhantes não saem por menos de 25 mil reais. Quando o tempo permite, o recluso diplomata também sai pelas áreas abertas do Lago Sul, bairro nobre de Brasília onde vive, para caminhar e registrar cenas cotidianas - de preferência, da natureza.

 

Quem cruza com ele pelas ruas de Brasília custa a acreditar que aquele senhor de 57 anos, aparentemente inofensivo, não pensa duas vezes antes de provocar os poderes da República no Twitter. Sempre a serviço da cruel ditadura comunista chinesa.

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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

A diplomacia brasileira se jogando literalmente no abismo na relação com a China

Esta é uma das MAIORES VERGONHAS pela qual já passou a diplomacia brasileira, sob as patas de fundamentalistas tresloucados, atuando como mandantes arrogantes de um chanceler acidental que obedece caninamente as piores diretivas que eles são capazes de determinar, ao completo arrepio dos interesses nacionais do Brasil. O mundo todo toma conhecimento de quão baixo pode descer um serviço diplomático outrora respeitado e elogiado, hoje objeto de comiseração e ridículo.

Imagino a cena do embaixador brasileiro em Bejing cumprindo as instruções oficiais recebidas por telegrama secreto de Brasília, diretamente do gabinete do infeliz e subserviente chanceler: os diplomatas da divisão que cuida do Brasil na chancelaria chinesa recebem polidamente a demanda de retirada do seu embaixador em Brasília, agradecem e depois... NADA! Nem se dignam a uma resposta, sequer um comentário a respeito. 

Um dia conheceremos a resposta do embaixador, que deve começar pela tradicional e ritualística fórmula: “Cumpri instruções. No dia [xx/xx], atendendo à minha demanda, fui recebido pelo Desk Brasil da chancelaria chinesa, terceiro secretário [Fulano], a quem comuniquei o pedido de Vossência, tal como é o desejo do Senhor Presidente da República. O secretário [Fulano] agradeceu minha visita e informou que elevaria a demanda ao conhecimento dos seus superiores. Aguardo resposta, que prontamente transmitirei à SERE.” Assinado.

PS: a manchete da matéria está errada: deveria ser “... exchange Beijing ambassador to Brazil”.

Paulo Roberto de Almeida 

China ignores requests to exchange Bolsonaro ambassadors in Brazil – 02/14/2021 – Worldwide

Convinced by Chancellor Ernesto Araújo, President Jair Bolsonaro last year asked the Chinese regime to change ambassador to Brazil, Yang Wanming.

The measure was taken in April and repeated in November, after clashes via social networks between the diplomat and MP Eduardo Bolsonaro. Beijing ignored the Brazilian request on both occasions.

Ernesto took care of President Bolsonaro’s son and severed his relationship with Yang.

The trigger behind the request was the Twitter clash between Eduardo and the Chinese diplomat. In March 2020, the MP published a text comparing the Covid-19 pandemic to the Chernobyl nuclear accident (1986) and claiming that the Chinese regime was responsible for the spread of the disease.

“Replace the nuclear power plant with the coronavirus and the Soviet dictatorship with the Chinese. Once again a dictatorship preferred to hide something serious rather than to expose it with wear and tear, but that would save countless lives”, wrote the then deputy.

Yang called Eduardo’s speech a “malicious insult” and the official embassy profile published a post accusing the MP of having contracted a “mental virus”.

The clash prompted the Brazilian government to take a drastic decision, which raised apprehension among Itamaraty diplomats.

At the end of March, Ernesto sent Paulo Estivallet de Mesquita, the Brazilian ambassador to Beijing, a diplomatic telegram asking him to hand over an official document to the Chinese government requesting Yang’s replacement – which happened in early April, according to reports. people who participated in the discussions. heard by Folha on condition of anonymity.

The request was ignored.

Wanted, the Ministry of Foreign Affairs did not comment on the subject.

In November, at the height of attacks on Huawei, Chinese telecommunications giant Eduardo accused China of promoting industrial espionage using 5G equipment.

Yang reacted and the Foreign Ministry again requested the exchange.

Formal requests for Yang’s replacement were secret, but a letter Ernesto sent to the Chinese embassy in Brasilia set the tone for the Bolsonaro government’s discontent with the Chinese diplomat.

“It is not appropriate for the diplomatic agents of the People’s Republic of China in Brazil to deal with the affairs of the Brazil-China relationship through social media. Diplomatic channels are open and should be used,” the ministry said. Foreign Affairs in the letter, sent in November.

Officially, there has been no response to Yang’s exchange requests. However, Beijing has sent information to Brazilian authorities that its ambassador to Brazil is a respected figure in the Chinese civil service.

A member of the Bolsonaro government maintains that Yang’s statements have been approved by authorities in Beijing, who have asked his diplomats abroad to respond accordingly to protests deemed offensive to the regime.

Ernesto’s relationship with Yang is severed. The doors of the Itamaraty division in charge of Asia and the Pacific are also closed to him, according to relatives of the ambassador.

Interlocutors heard by Folha stressed that the Brazilian government’s request for replacement of the Chinese ambassador is totally outside diplomatic practice.

Governments have the prerogative to expel foreign diplomats from the country, but this move is seen as extreme and with the potential to damage bilateral relations.

If Bolsonaro had opted for this measure, the inevitable response would be the expulsion of the Brazilian ambassador from Beijing, exacerbating the diplomatic crisis with Brazil’s largest trading partner.

Still according to these interlocutors, Ernesto opted for a more “light” and “marketing” effect, taking into account in particular the interests of the Bolsonaro family.

A diplomat experienced in Brazil-China relations said the Bolsonaro government should know that Beijing will not stand for election. If it concedes to Brazil, China could see similar demands from other countries where Chinese ambassadors have been controversial.

In Sweden, for example, the Chinese ambassador made statements that worried local authorities.

Ernesto’s embarrassment – ignored by Beijing – was most evident when President Bolsonaro was forced to seek China for the release of inputs to manufacture the coronavirus vaccine.

The Planalto Palace has, until the last moment, attempted to guarantee the import of ready-to-use Oxford / AstraZeneca immunizers manufactured in a laboratory in India.

However, faced with the failure of negotiations with India, he ended up suffering a political setback against Governor João Doria (PSDB-SP), who negotiated directly with a Chinese laboratory to buy Coronavac.

Doria had the first vaccination photo in the country.

To make matters worse for the federal government, which had already been criticized for the delay in starting vaccination, the Butantan Institute and Fiocruz (Oswaldo Cruz Foundation) were with late shipments of inputs for the manufacture of immunizers.

The inputs – both the Oxford / AstraZeneca vaccine and the Coronavac vaccine – are produced by China.

Bolsonaro then appealed to China and even called for a phone conversation with the country’s leader Xi Jinping.

Faced with the difficulties, Bolsonaro asked Ernesto live to recompose relations with the Asian giant. The Chancellor replied that the Brazilian ambassador in Beijing was speaking directly to the Chinese government.

But behind the scenes, the Chancellor maintained the “closed door” policy for Yang.

Furthermore, Ernesto has not given up on the anti-China rhetoric that has marked his administration and recently ordered his subordinates to put together critical statements made by foreign officials against the Chinese regime.

In one of the requests Folha had access to, Ernesto asks members of the diplomatic corps to send him statements from Australian and Japanese authorities against Beijing.

To get around the Itamarat’s lack of dialogue with the Chinese embassy, ​​the president took the suggestions of ministers who have formed a sort of “triple alliance” to try to save Brazil’s relations with its main trading partner. Ministers Eduardo Pazuello (Health), Tereza Cristina (Agriculture) and Fábio Faria (Communications) are part of the efforts.

Vice President General Hamilton Mourão, who chairs the China-Brazil High Level Consultation and Cooperation Commission (Cosban), was not invited. He is living in the worst moment of his relationship with Bolsonaro, who has ceased to delegate to government deputy duties.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

O Brasil, a China, os EUA e o 5G - Yang Wanming (embaixador da China em Brasília)

01:01:30 | 13/01/2021 | Economia | Folha de S.Paulo | Mundo | BR

EUA estão coagindo Brasil a sacrificar seus interesses ao vetar Huawei da rede 5G

    Yang Wanming

    Para embaixador chinês, Washington quer preservar monopólio e criar barreiras a emergentes ao pressionar para banir empresa

    Yang Wanming, 56

    Embaixador da China no Brasil desde 2018, já foi também embaixador na Argentina (2014-2018) e no Chile (2012-2014). Nascido em Pequim, tem mestrado em economia e doutorado em direito


    ENTREVISTA

    Patrícia Campos Mello

    O governo americano está coagindo países como o Brasil a sacrificarem seus próprios interesses ao vetarem a Huawei da rede 5G com o objetivo de "preservar o monopólio e a hegemonia dos EUA no campo da ciência e tecnologia", afirma o embaixador da China no país, Yang Wanming.

    Em entrevista por email à Folha, o diplomata criticou a campanha de Washington contra empresas chinesas e negou que as companhias de seu país compartilhem os dados com o governo de Pequim.

    "Certos políticos norte-americanos forjam mentiras sobre uma suposta espionagem cibernética chinesa para confundir e coagir outras nações a sacrificarem seus próprios interesses e criarem barreiras ao avanço de países em desenvolvimento na alta tecnologia", diz Yang.

    Segundo o embaixador, a China defende a proteção da segurança de dados de todas as nações, "diferentemente de certos países que gritam 'pega ladrão' enquanto agem como ladrões".

    Yang já se envolveu em mais de um bate-boca com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) pelas redes sociais. Tanto o congressista quanto seu pai, o presidente Jair Bolsonaro(sem partido), são críticos do regime chinês e apoiadores do americano Donald Trump, que deu início a uma guerra comercial contra Pequim.

    Apesar disso, o diplomata chinês adotou uma posição conciliadora durante a entrevista. Indagado sobre possíveis retaliações econômicas contra o Brasil no caso de veto à Huawei, Yang disse apenas acreditar que Brasília vai respeitar as regras de mercado e que não vai tomar ações discriminatórias.

    O embaixador, porém, não respondeu a algumas das questões enviadas pela reportagem, incluindo perguntas sobre as críticas que o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, já fez ao governo chinês.

    Em relação às denúncias internacionais sobre repressão à minoria muçulmana uigur em Xinjiang (região no noroeste da China), o diplomata afirmou que são "mentiras fabricadas" por políticos americanos.

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    Por que seria do interesse do Brasil não barrar a Huawei de sua infraestrutura 5G? De que forma isso seria benéfico para os consumidores e para as operadoras de telefonia brasileiros? 

    A tecnologia 5G é uma importante alavanca para a inovação tecnológica e atualização industrial, além de ser essencial para aumentar a competitividade nacional. É crucial, para qualquer país, a escolha de equipamentos de 5G avançados, seguros e de ótimo custo-benefício. A Huawei, que é o maior fornecedor mundial de equipamentos de telecomunicação e líder no 5G, oferece produtos competitivos. As soluções 5G da Huawei estão, pelo menos, um a dois anos à frente das de seus concorrentes.

    No que diz respeito à confiabilidade, a Huawei construiu mais de 1.500 redes de telecomunicações no Brasil e em outros 170 países e territórios, atendendo a mais de um terço da população global, e não teve, sequer, um único incidente de segurança cibernética. Aliás, nenhum país consegue apresentar prova que indique a existência de uma suposta "backdoor" [espécie de saída nos equipamentos que, supostamente, permitiria acesso completo aos dados trafegados pela rede] em produtos da empresa.

    Com 22 anos de atuação no Brasil, a Huawei criou mais de 16 mil postos de trabalho, mantém boa cooperação com nada menos de 500 empresas brasileiras e fornece equipamentos a quase metade das redes de telecomunicação e 40% da rede de base do país, atendendo a 95% da população brasileira. Seus produtos e serviços são altamente reconhecidos pelo mercado.

    Segundo os cálculos da Feninfra (Federação Nacional de Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática), banir a Huawei demandaria um custo adicional de R$ 100 bilhões, atrasaria a implementação do 5G por três anos e causaria perda de 2,2 milhões de empregos.

    Como a China pode garantir que não haverá compartilhamento de dados entre a Huawei e o governo chinês, se a legislação da China prevê isso? 

    A Huawei é apenas um fabricante de equipamentos e não trabalha com serviços de informação. É como a relação entre a estrada e o carro. A Huawei construiria apenas as estradas e não teria como saber que carros circulariam nessas estradas e quem transportariam.

    Evidentemente, é legítimo que os países se preocupem com a segurança cibernética. No entanto, os critérios sobre a confiabilidade dos equipamentos do 5G devem se basear em fatos, testes e regulamentações. O governo chinês segue à risca os princípios sobre a proteção da segurança de dados. Nunca exigiu e jamais exigirá que as empresas da China forneçam dados obtidos fora das fronteiras, violando a legislação de outros países.

    Além disso, defendemos uma melhor governança global do ciberespaço, com regras abertas e transparentes para uma proteção efetiva da segurança de dados de todas as nações, diferentemente de certos países que gritam "pega ladrão" enquanto agem como ladrões, além de se ocuparem em fabricar difamações. A China propôs a Iniciativa Global sobre Segurança de Dados, que se opõe ao uso da tecnologia de informação para roubar dados essenciais e prejudicar a privacidade individual. A Iniciativa também é contra o abuso dessa tecnologia na vigilância em massa de outros países e veta qualquer dispositivo de backdoors em produtos e serviços.

    A Huawei também se colocou à disposição dos países parceiros para assinar acordos contra backdoors, além de estabelecer centros de avaliação de segurança cibernética em qualquer lugar. Creio que a Huawei, com abertura e transparência, está pronta para dialogar com todos os setores do Brasil e encontrar maneiras de atender às preocupações brasileiras através de testes ou acordos.

    Certos políticos norte-americanos forjam mentiras sobre uma suposta espionagem cibernética chinesa para confundir e coagir outras nações a sacrificarem seus próprios interesses e criarem barreiras ao avanço de países em desenvolvimento na alta tecnologia. O seu objetivo é preservar o monopólio e a hegemonia dos Estados Unidos no campo da ciência e tecnologia.

    A comunidade internacional está ciente dessas intenções escusas. Portanto, são poucos os governos que vetaram publicamente a tecnologia chinesa do 5G [Austrália, Nova Zelândia, Japão, Taiwan e os EUA vetaram a Huawei e irão retirar equipamentos da companhia de sua infraestrutura; o Reino Unido baniu a empresa de algumas partes da infraestrutura]. Mesmo que quando aconteceu, tais decisões foram tomadas, em grande medida, por coação dos Estados Unidos e encontraram forte resistência nos seus próprios países.

    O governo brasileiro, por meio do ministro Ernesto Araújo, anunciou apoio à iniciativa Clean Network do Departamento de Estado dos EUA. A iniciativa, segundo o secretário de Estado Mike Pompeo, visa a "proteger os ativos das nações incluindo a privacidade dos cidadãos e a informação mais sensível de invasões agressivas de atores malignos, como o Partido Comunista Chinês". Uma vez que o Brasil apoia a iniciativa, quais são os efeitos? 

    [O diplomata não respondeu.]


    Os Estados Unidos ofereceram financiamento às operadoras brasileiras para comprarem equipamento 5G da Ericsson e Nokia. A China oferece algum tipo de financiamento para instalação de equipamentos Huawei?

    China e Brasil mantêm, no setor de financiamento, uma cooperação de grande escala, vasta abrangência e ampla diversificação. Além das opções comerciais, existe, entre os dois países, um grande número de mecanismos de investimento e financiamento nos âmbitos bilateral, regional e multilateral. Podemos citar, como exemplos, a linha de crédito que a China destina à América Latina com US$ 35 bilhões, o Fundo de Cooperação Brasil-China para a Expansão da Capacidade Produtiva com US$ 20 bilhões, além dos instrumentos disponibilizados pelo Novo Banco de Desenvolvimento e pelo Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura. O lado brasileiro pode escolher a melhor alternativa de financiamento conforme suas necessidades.

    Gostaria de salientar que o governo chinês nunca colocou nem jamais colocará requisitos exclusivos contra empresas de um outro país como condições para conseguir apoio financeiro. Exigimos também que os Estados Unidos deixem de abusar das medidas discriminatórias e que respeitem de fato os princípios da economia de mercado e da concorrência leal, assim como as regras que regem o comércio e os investimentos internacionais.

    A Austrália baniu a Huawei do 5G e está pedindo uma investigação internacional sobre a origem do coronavírus. Neste ano, a China restringiu ou impôs tarifa sobre importações de carvão, cevada, quatro plantas de processamento de carne, abriu investigação antidumping sobre o vinho australiano e desaconselhou turismo e estudos no país. Não foi atingida a exportação de minério de ferro âa China depende da Austrália para esse fornecimento. Que ensinamento podemos tirar disso? 

    [O diplomata não respondeu.]


    Em uma perspectiva histórica, em comparação com os governos brasileiros anteriores, como é a relação da China com a administração do presidente Bolsonaro? 

    Ao longo dos 46 anos de relações diplomáticas, o relacionamento bilateral vem amadurecendo e se consolidando. Nos últimos dois anos, a relação sino-brasileira manteve um crescimento estável. Em 2019, a troca de visitas dos dois presidentes colocou a Parceria Estratégica Global entre os dois países em um novo patamar. Ao longo de 2020, os dois chefes de Estado mantiveram o diálogo por telefone e por correspondências e alcançaram importantes consensos sobre a parceria no enfrentamento da Covid-19 e o aprofundamento da cooperação bilateral no pós-pandemia.

    A China valoriza muito a amizade com o Brasil e está firme e permanentemente disposta a aprofundar as relações bilaterais. A China respeita plenamente a soberania nacional e a integridade territorial do Brasil e nunca interferiu nem interferirá nos seus assuntos internos. Os dois lados sempre se respeitaram e compreenderam um ao outro em questões de interesse vital.

    Olhando para a era pós-pandemia, China e Brasil, os maiores países em desenvolvimento dos hemisférios oriental e ocidental, compartilharão cada vez mais interesses e demandas no processo de ajustamento da ordem internacional. Junto com o governo e toda a sociedade civil do Brasil, a China está disposta a levar adiante as relações bilaterais e fortalecer a comunicação em agendas como o multilateralismo e o livre comércio. Vamos trabalhar em conjunto para melhor defender a igualdade e a justiça, a ordem internacional baseada em regras, assim como os interesses comuns dos mercados emergentes e das nações em desenvolvimento.

    Até 2018, o investimento externo chinês foi o que mais cresceu no Brasil. A dificuldade política com o governo brasileiro pode atrapalhar a lógica das decisões empresariais chinesas e eventualmente levar a redução no investimento? E restrições à Huawei podem levar a mudanças na lógica de investimentos no Brasil? 

    China e Brasil são parceiros estratégicos globais. É explícita e consistente a disposição chinesa de aprofundar a confiança política com o Brasil e expandir a cooperação bilateral em todos os campos. A China é um dos principais investidores do Brasil, com um volume de aportes em rápida ascensão. Essa realidade é definida pela natureza complementar da parceria bilateral e pelas respectivas demandas de desenvolvimento. Em termos cumulativos, a China tem no Brasil um investimento de quase US$ 80 bilhões em uma ampla gama de setores como agricultura, energia e mineração, infraestrutura, telecomunicações e manufatura, criando mais de 40 mil empregos diretos.

    Apesar dos impactos da pandemia, os investimentos chineses no Brasil conheceram novos avanços em 2020. Em novembro passado, um consórcio formado por empresas chinesas assinou o acordo com o governo do estado da Bahia sobre o projeto da ponte marítima Salvador-Itaparica. A obra terá um investimento de R$ 8,9 bilhões e será a maior ponte marítima da América Latina. Isso demonstra que a cooperação sino-brasileira em investimentos traz benefício para ambos os lados e tem um grande potencial, servindo como um propulsor da retomada econômica do Brasil. A China não vai fazer ingerências em nenhum país na sua escolha de parceiros do 5G. Acreditamos que o Brasil criará, com base nos fatos, regras de mercado e ambiente de negócios abertos, imparciais e não discriminatórios para todos.

    O chanceler Ernesto Araújo frequentemente se refere ao coronavírus como "comunavírus". Como o senhor vê esse posicionamento? 

    [O diplomata não respondeu.]


    O FMI prevê que a China deve encerrar o ano de 2020 com crescimento de 1,9%, enquanto a maioria dos países do mundo terá encolhimento do PIB. Qual é a explicação para essa recuperação econômica? 

    Essa recuperação se deve, principalmente, a dois fatores. Por um lado, como o primeiro país a ser atingido pela Covid-19, a China adotou as medidas de contenção mais abrangentes, rigorosas e minuciosas, sempre valorizando o povo e sua vida. Conseguimos controlar efetivamente a propagação da doença no menor tempo possível, graças a testagem massiva e ao rastreamento do elo de transmissão. Tudo isso criou condições necessárias para a retomada de trabalho e produção, assim como a volta à normalidade da sociedade.

    Por outro lado, diante das mudanças nas condições internas e externas, a China reforçou a regulação da macroeconomia e adotou políticas fiscais e monetárias que visam mitigar as dificuldades e estimular o dinamismo do mercado. Por exemplo, emitir títulos especiais do tesouro nacional para o enfrentamento da pandemia para ampliar o consumo e o investimento. Reduzir os custos operacionais das empresas, especialmente as de pequeno e médio porte, através da desoneração de encargos sociais e do fortalecimento de suportes financeiros. Aumentar o investimento para apoiar projetos essenciais para a qualidade de vida, tais como aplicações do 5G, redes de informação e veículos movidos a novas energias.

    De acordo com as estatísticas, no terceiro trimestre, a economia chinesa cresceu 4,9% sobre o mesmo período do ano passado, e crescerá ainda mais no quarto trimestre, tornando a China o único país, entre as principais economias do globo, a registrar crescimento em 2020. O 14º Plano Quinquenal da China entrará em vigor em 2021. Esse plano terá como ponto principal a expansão da demanda interna, o fortalecimento da ciência e inovação e a ampliação da abertura ao exterior, construindo, assim, um novo paradigma de desenvolvimento em que a circulação doméstica será o esteio e as circulações doméstica e internacional se reforçarão mutuamente. Nos últimos 13 anos, a China respondeu, em média, por mais de 30% do crescimento da economia mundial. Seguindo esse novo conceito de crescimento, a China permanecerá como motor da economia global e criará oportunidades para o Brasil e os demais países.

    Em 2020, a China absorveu 33,4 % das exportações brasileiras, diante de 29,2% em 2019, e foi responsável por 66% do nosso superávit comercial. O Brasil depende excessivamente da China, e deveria diversificar seus clientes? 

    A pandemia atingiu duramente o comércio internacional e entre os dez principais parceiros comerciais do Brasil, a China é o único que registra crescimento no seu comércio com o país, mantendo, dessa forma, a posição de maior parceiro comercial e maior importador do Brasil por 12 anos consecutivos. Não foi fácil conseguirmos esse resultado, que não só trouxe receitas fiscais para o governo, como empregos para a sociedade e lucros para as empresas. Pode haver alguém que interprete isso como uma excessiva concentração das exportações brasileiras. Mas vejo nele a resiliência e o vigor da parceria comercial entre os dois países. A estrutura do comércio sino-brasileiro é ditada pelas vantagens comparativas dos dois países e pela oferta e procura do mercado.

    Hoje, a China é o maior parceiro comercial de mais de 130 países e territórios. Isto é em parte devido à forte procura interna da China. Temos uma população de 1,4 bilhão de pessoas, entre elas uma classe média de 400 milhões. Trata-se do maior mercado consumidor do mundo. O verdadeiro desafio que temos pela frente no comércio bilateral não é que esse comércio cresça demais em volume, mas que continue sem explorar seu pleno potencial. Vale lembrar que o comércio sino-brasileiro representa apenas 2,6% do total das importações e exportações da China. Gostaríamos de ver mais produtos de qualidade e de alto valor agregado do Brasil no mercado chinês, promovendo, assim, a diversificação da pauta de exportação brasileira.

    Existe uma corrente de pensamento de que o Brasil não precisa temer retaliações da China se banir a Huawei do 5G, porque a China depende da soja brasileira para sua segurança alimentar e não tem alternativas. A China tem uma dependência excessiva da soja brasileira? A China está discutindo com a Argentina aumento de produção e exportação de soja? Está desenvolvendo parcerias para aumentar a produção de grãos na África, em países com savana? 

    No agronegócio bilateral sino-brasileiro, que é mutuamente benéfico, há uma interdependência entre produtores e consumidores de ambos os países. As exportações brasileiras de itens agropecuários para a China aumentaram mais de 34% no ano passado e foram a principal fonte do superávit do comércio exterior do Brasil. Isso indica que a parceria nesse setor é altamente complementar e ainda tem um grande potencial a explorar.

    No longo prazo, a demanda por produtos agrícolas de qualidade e por alimentos processados crescerá continuamente no mercado chinês. Para assegurar um abastecimento seguro e estável de alimentos, a China tem se esforçado para aumentar a produtividade agrícola e fortalecer a capacidade de autossuficiência, ao mesmo tempo que procura diversificar a origem das importações. Com os esforços conjuntos, a parte chinesa espera promover a diversificação da pauta do comércio bilateral e construir uma parceria de agronegócio de longo prazo que traga segurança e confiabilidade. Além disso, vamos criar uma atmosfera favorável para a cooperação bilateral em vários campos e dar apoios institucionais mais propícios ao ambiente de negócios.

    O que muda na ordem global após a pandemia de Covid-19e a eleição de Joe Biden nos EUA? 

    O impacto da pandemia na conjuntura internacional é profundo, sistêmico e de longo prazo. Atualmente, a economia mundial encontra-se em grave retração e, nesse contexto, surgiu uma contracorrente que defende o unilateralismo, o protecionismo e a desglobalização. Diante desses riscos e desafios jamais vistos, o que precisamos agora é fortalecer a união em vez de criar divisões, focar no consenso em vez de fomentar confrontos, e levar adiante a cooperação em vez de provocar o conflito. Só uma comunidade de futuro compartilhado poderá promover e proteger realmente os interesses de todos nos quesitos de segurança, saúde e desenvolvimento.

    Evidentemente, o atual sistema de governança global ainda tem deficiências, mas o problema não será sanado com o simples abandono da governança e o retorno à era da "lei da selva". Em vez disso, devemos nos engajar em reformas necessárias e consultas abrangentes a fim de reforçar a autoridade e a eficiência dos organismos multilaterais. Precisamos reduzir a divisão Norte-Sul e defender os legítimos direitos e interesses dos países em desenvolvimento e das economias emergentes.

    Maiores economias do mundo e membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, China e Estados Unidos têm diferentes percursos históricos, culturas, sistemas sociais e vias de desenvolvimento, mas partilham amplos interesses comuns e um vasto espaço de cooperação. A evolução estável desse relacionamento traz benefícios aos povos dos dois países e do mundo inteiro. A política externa da China para com os Estados Unidos tem sido sempre clara e coerente. Com o espírito de não-conflito, não-confrontação, respeito mútuo e cooperação ganha-ganha, a China está disposta a trabalhar com os Estados Unidos para focar na cooperação, gerenciar as divergências e desenvolver as relações de forma sadia e estável. Com isso, podemos conduzir, de forma mais proativa, os esforços para modelar a ordem mundial no pós-pandemia e para aperfeiçoar a governança global.

    O presidente eleito Joe Biden, em seu programa de governo, prevê que um de seus primeiros passos será realizar uma "cúpula global para a democracia" em seu primeiro ano de governo para confrontar países não democráticos. Em outras palavras, uma aliança anti-China. Como o senhor vê isso? 

    [O diplomata não respondeu.]


    O presidente Jair Bolsonaro afirmou no ano passado que a vacina chinesa não transmite segurança "pela sua origem", que a Coronavac não tem "credibilidade". A vacina Sinovac-Butantan é confiável? 

    O governo chinês orienta os laboratórios a seguir rigorosamente padrões científicos e exigências regulatórias para desenvolver pesquisas e estudos, com o objetivo de comprovar a segurança e a eficácia das vacinas. As parcerias internacionais nesse campo também devem ser realizadas em conformidade com as normas internacionais e a legislação vigente. Vários imunizantes chineses foram testados em ensaios clínicos de fase 3 em diversos países e obtiveram resultados tão promissores que já conseguiram a aprovação do registro para o uso por autoridades sanitárias de alguns países. A China aderiu à plataforma Covax e vai honrar o compromisso de tornar as vacinas chinesas um bem público global, uma vez colocadas em uso clínico. Será a contribuição chinesa para garantir a disponibilidade e o preço acessível do imunizante nos países em desenvolvimento.

    Segundo a ONU e outros órgãos, há uma política sistemática de perseguição à minoria muçulmana uigur em Xinjiang, com "desaparecimentos", prisões e campos de reeducação. O Alto Comissariado da ONU afirmou que não conseguiu ter "acesso total" à província para poder avaliar a situação. Por que não houve esse acesso? 

    Você deve estar se referindo às mentiras relacionadas a Xinjiang fabricadas por certos políticos dos EUA usando a plataforma da ONU. Gostaria de esclarecer que nunca houve qualquer tipo das chamadas "perseguições sistemáticas" ou "campos de reeducação" em Xinjiang. Essas afirmações sem fundamento são desculpas para que certos países ocidentais ataquem a China sob o pretexto da religião e dos direitos humanos, com o objetivo de desestabilizar Xinjiang e desacreditar a imagem da China.

    Tal como o Brasil, a China é um país multiétnico e multirreligioso. A Constituição chinesa garante os direitos legítimos de todos os grupos étnicos e veta qualquer forma de discriminação étnica. Xinjiang é a maior região autônoma da China em extensão territorial e em percentagem de população de minorias étnicas. O governo central dá grande valor à estabilidade e ao progresso dessa região. Em resposta aos recorrentes casos de violência e atentados terroristas em Xinjiang nos últimos anos, foram adotadas várias iniciativas de combate ao terrorismo e desradicalização, como a abertura de centros de educação e formação profissional, com o objetivo de capacitar pessoas atingidas pelo extremismo a se reintegrarem na sociedade. Durante os quase quatro anos da implementação dessas medidas, não se registraram mais incidentes graves de violência na região. Isso não só trouxe uma melhora significativa da segurança regional, como também contribuiu de maneira notável para o combate internacional ao terrorismo.

    Desde o final de 2018, mais de 1.000 pessoas de 90 nacionalidades, entre elas diplomatas, funcionários de organizações internacionais, jornalistas e figuras religiosas visitaram Xinjiang. Portanto, as questões relacionadas a Xinjiang não são do cerne étnico, religioso ou de direitos humanos, mas dizem respeito a ações contra a violência, o terrorismo e o separatismo. Certos políticos nos Estados Unidos ignoram os fatos, atacam a política do governo chinês para com Xinjiang e distorcem a situação dos direitos humanos na região. Fazem isso para desacreditar os esforços da China no combate ao terrorismo, numa tentativa de minar o direito do povo local de viver em paz. Repudiamos essa atitude. No entanto, gostaria de deixar o convite a você e aos amigos brasileiros da imprensa para ir a Xinjiang e descobrir a verdade com seus próprios olhos.


    Wang Yi, ministro das relações exteriores da China, disse em maio sobre a postura mais assertiva dos diplomatas chineses: "Nós nunca começamos uma briga ou fazemos bullying, mas nós temos princípios e coragem. Nós vamos reagir a qualquer insulto deliberado para defender de forma resoluta nossa honra e dignidade nacional". No Brasil, existe um aumento de críticas ao governo chinês e de declarações sinofóbicas. O senhor pretende continuar respondendo de forma assertiva? 

    [O diplomata não respondeu.]


    O senhor foi recebido em audiências por ministros brasileiros nos últimos 30 dias? Por quais? 
    [O diplomata não respondeu.]