O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

LILS: a familia mais capitalista do Brasil, e a mais bem sucedida (ate agora) - Sebastiao Nery

FAMILIA EMPRESARIAL
SEBASTIÃO NERY
SÃO PAULO – terça-feira 24 de novembro de 2015     

Agamenon Magalhães, governador, ministro,  patriarca de Pernambuco, era um político sábio:
- "O homem público no poder não compra, não vende, não  troca”.

Outro sábio, Ortega y Gasset, filósofo espanhol, em 1921, perplexo diante do desfibramento da política e da sociedade espanhola, escreveu “Espanha Invertebrada”, sobre os rumos e o futuro da Nação:
- “Uma sociedade míope agrava a enfermidade pública, prestigiando políticos sem virtudes que impõem as suas vontades e interesses em detrimento dos verdadeiros valores nacionais”.  

         Roberto D’Ávila com seu talento e competência profissional, entrevistando Lula na Globo News, tentou tirar leite das pedras, extrair alguma luz de uma cabeça de bagre. A entrevista com Lula foi um descalabro. Uma aula torta de como mentir, mentir sempre. Roberto
podia ter encerrado a conversa relendo a página 4 da “Folha de S. Paulo” de 27 de outubro último onde está a lista das 15 empresas da família Lula.
O Brasil teve durante 300 anos uma família imperial. Agora sabe-se que tem uma “família empresarial”, que fez o milagre de chegar a São Paulo carregando uma trouxa e meio século depois ser proprietária destas 15 empresas:

1 – BR4 Participações Ltda /Capital R$4milhões.
2 – FFK Participações Ltda / Capital R$ 150.000,00.
3 – G4 Entretenimento e Tecnologia Digital / Capital R$ 150.000,00.
4 – LFT Marketing Esp. Ltda / Capital R$ 100.000,00.
5 – LKT Marketing Eireli / Capital R$ 100.000,00.
6 – Flex BRT Tecnologia S.A. / Capital R$ 20.000,00.
7 – Flex BRT Ltda / Capital R$ 20.000,00.
8 – LLCS Participações Ltda / Capital R$ 1.000,00.
9 – LLF Participação Eireli / Capital R$ 80.000,00.
10 – Gamecop S.A. / Capital R$ 10.000,00.
11 – LLCS Participações Eireli / Capital R$ 1.000,00.
12 – Touchdowm Prom. de Eventos Esportivos Ltda / Capital R$ 1.000,00.
13 – Gasbom Cursino Ltda / Capital R$ 2.000,00.
14 – Gisam Comércio de Roupas Ltda / Capital R$ 5.000,00.
15 – L.I.L.S. Palestras Eventos e Publicidade / Capital R$ 100.000,00.

É com essa L.I.L.S. que Lula assina os recibos das fajutas conferências.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Eu falei em "fronda empresarial"? Esqueca: os empresarios sao todos muito ruins...

Desde o início, quando este empresário, sino-brasileiro, declarou apoiar o PT, mesmo sendo de uma grande companhia multinacional, acheio que ele não estava refletindo bem. Depois, quando comecei a ler entrevistas dele, e alguns artigos na FSP, sempre defendendo os companheiros, conclui que ele era idiota mesmo, um desses idiotas úteis que são usados pelos companheiros para mostrar que também podem ter simpáticos burgueses que concordam com eles.
Lendo hoje a entrevista que vai transcrita abaixo concluo que ele é mesmo idiota, apenas vendo algumas de suas referências ao modelo "keynesiano-socialista" (sic), à China, e outras questões.
Com empresários como esse, agora decepcionados, mas incapazes de propor alguma coisa inteligente, e com os outros, promíscuos, comprados ou coniventes com os mafiosos do poder, não se pode planejar nenhuma conspiração em prol de uma fronda empresarial, não é mesmo?
Vamos mesmo ter de completar todos os sete círculos do inferno dantesco-lulopetista, e sofrer pelo futuro previsível...
Paulo Roberto de Almeida

Modelo defendido por Lula e Dilma está errado
Entrevista / Lawrence Pih
Joana Cunha de São Paulo
Folha de S. Paulo, 5/10/2015

Empresário, que apoiou o PT na década de 80, diz que não acreditava que partido tivesse viés socialista tão forte
 
Um dos primeiros empresários a apoiar o PT, nos anos 1980, Lawrence Pih, 72, diz que, na época, não imaginou que o "modus operandi" de se fazer política fosse universal.
Hoje, ele avalia que, embora Lula tenha maior talento político e seja mais pragmático do que Dilma, ambos representam um mesmo modelo, que está errado.
Pih, que acaba de vender o Moinho Pacífico (um dos maiores importadores de trigo e processadores do cereal do país), diz que, no momento, não vislumbra solução definitiva para a crise econômica do Brasil e que é preciso cortar gastos e melhorar a eficiência da máquina estatal.

Folha - O caminho que está sendo adotado para solucionar a crise é o correto?

Lawrence Pih - Atualmente, não há um caminho. O que está havendo é uma tentativa de equacionar um problema enorme com medidas paliativas. Não se vislumbra solução definitiva –nem a possibilidade de uma.

O sr. concorda com o ajuste como está colocado? Mudaria?

O que o Joaquim Levy [ministro da Fazenda] está fazendo não é suficiente. Reconheço que politicamente já é difícil, mas eu faria algo mais drástico. O ônus que o setor público impõe à Previdência é muito alto. Há tantos lugares em que é possível cortar gastos. Como é possível a nossa carga tributária bruta ser quase igual à de países desenvolvidos da Europa?

O que mais o governo Dilma deveria fazer?

Cortar gasto. Apertar o cinto, tornar a máquina eficiente. Já que gastamos mais do que poderíamos, agora é a hora de consertar nosso balanço como país.
O investimento no Brasil é baixo. Se você não investir e tiver um universo de consumidores aumentando, vai preencher a distância entre produção e demanda pela importação, ou seja, gerando empregos fora do país.
O governo pode impor qualquer custo sobre as empresas. Aí, o empresário vai fazer o cálculo de custo, margem, risco do país e preço de venda. Ele pensa: tem demanda? Não. Segurança jurídica, previsibilidade, estabilidade cambial? Não. Tem juros estratosféricos? Tem. Custo trabalhista? Enorme. Conclusão: não vou investir.

Como se chegou a tal crise?

Dois fatores possibilitaram o crescimento do Brasil desde que o PT assumiu o governo. Houve a explosão dos preços de commodities e o país conseguiu equacionar a dívida externa. Depois disso, o mundo estava crescendo em média 5% ou 6% ao ano. Tudo isso possibilitou investimento externo no Brasil.
Também teve muito mérito do governo FHC, que estabilizou a moeda. O Brasil entrou no vácuo do crescimento mundial e possibilitou o aumento do crédito. Com desemprego caindo e economia crescendo, a população se sentiu confortável em assumir mais dívida.
O Estado começou a gastar mais do que podia e sua participação no PIB cresceu muito, com gastos maiores do que o crescimento do PIB.
E o que é essa participação? Imposto. A carga tributária, que nos últimos anos do governo FHC estava em torno de 28% ou 29% do PIB, hoje está em 36% ou 37%. No cenário atual, é insustentável. Não estou analisando qualidade de gastos e importância da questão social. É importante ajudar os mais carentes. Entretanto, tem que lembrar se o auxílio é sustentável.

É tudo culpa da gestão Dilma ou tem raízes no passado?

Não é questão de culpa. A população escolheu Lula em 2002 porque o governo de FHC não era popular naquele momento. Houve uma mudança de modelo, do Fernando Henrique, um pouco mais ortodoxo, para o modelo mais heterodoxo do PT. Esse modelo novo seguiu um pouco a linha do antigo para depois começar a implantar aquilo que lhe é caro ideologicamente e ter um tipo de socialismo keynesiano.
Os petistas têm admiração pela China. De fato, a China tirou centenas de milhões de pessoas da pobreza, é a segunda maior economia do mundo. Só que o modelo de lá é totalmente diferente. Na China não tem greve, não é democracia. É um partido só. O povo chinês está disposto a trabalhar 14 horas por dia. Aqui, achamos que oito horas é muito. O Brasil quer adotar algumas coisas do modelo chinês e outras do americano. Não funciona.

O que mudou de 2002 para cá?

Surfamos uma onda de crescimento mundial, tiramos milhões da pobreza, gastamos mais do que podíamos para perpetuar o modelo socialista keynesiano.
Dilma chegou à Presidência simplesmente pela escolha de Lula. Imagino que Palocci e Dirceu eram candidatos antes do mensalão. Lula achou que o gestor eficiente, como era a imagem que se projetava da Dilma, seria adequado. Mas a história dela é um pouco diferente da do Lula. Ele é um sindicalista, negocia com o setor patronal e entende um pouco do outro lado do balcão. Lula tem um talento político raro.

E se ele voltasse depois dela?

Voltar ou não voltar não é o caso. Eu acho que o modelo está errado. O Lula é esse modelo. É um pouco mais pragmático, mas é esse modelo.

Ele andou falando em baixar a taxa de juros.

Você não baixa juro por decreto. A Dilma fez isso. E deu no que deu. Economia tem lógica própria. Não se sujeita à vontade de um político ou outro. O mercado é soberano. Ele determina o sucesso ou o fracasso de uma economia.

Foram essas intervenções na economia que nos levaram à situação em que estamos?

Exatamente. Você não pode rasgar, decretar a inexistência das leis da economia. Você até pode baixar os juros. O Tombini baixou para 7,25% a pedido da Dilma. Agora está em 14,25% e vai subir mais.

A saída de Dilma é o caminho?

Impeachment é traumático. Pensam que se remove presidente do dia para a noite, mas não é tão simples. Não sou especialista, mas dizem que pode haver afastamento devido a pedaladas ou financiamento irregular de campanha. Essas coisas ocorreram no passado, mas nunca foi apurado. Os dois pontos são suficientemente graves? Essa primeira pergunta é técnica.
A segunda é política: ela tem condições de continuar governando sem levar o país ao caos? Quando o câmbio quase dobra em um ano, está instalado um grau de confusão grande. Com ela na Presidência até 2018, como ficará o país? Se as coisas começam a se deteriorar no ritmo em que isso acontece desde janeiro, estamos em maus lençóis. Não é só uma questão técnica. É também política, sob o aspecto da governabilidade.

O sr. foi um dos primeiros empresários a apoiar o PT nos anos 1980. O que pensa hoje?

Naquele momento, eu era visceralmente contra a ditadura. Via na elite brasileira um atraso, sentia que ela precisava de uma chacoalhada. E acreditei que o PT seria um caminho. Eu acreditava que eles tinham uma ideologia, consistência. Eram o único partido que tinha plataforma.
Eu achei que um novo modelo tinha de ser instituído. Não percebi que esse novo modelo tinha um viés tão fortemente socialista. Acreditei quando o Lula disse que tem 300 picaretas no Congresso. Não imaginei que o "modus operandi" fosse universal.

Com Aécio Neves estaríamos em melhor situação?

É provável, porque o mercado o aceitaria melhor. E o Aécio perdeu por muito pouco. Se o PT não tivesse feito o marketing que a gente chama de "propaganda enganosa", o Aécio teria vencido.

Quem deve ser o próximo candidato do PT?

Fora o Lula, não há neste momento outro candidato, a meu ver. O andamento das questões que poderiam ou não envolver o ex-presidente Lula vai determinar se eles têm ainda fôlego para ressuscitar.
Mas fico lembrando do Fernando Collor, que foi afastado e voltou como senador. E o Paulo Maluf? Está aí. O eleitor tem memória curta.

O sr. acaba de se desfazer de um investimento histórico no país. Quer investir de novo?

Meu destino é no Brasil. Já enfrentei muitas crises aqui.
O país é muito maior que essa crise e que o governo. Governo é transitório. Quando as coisas vão de mal a pior, mudam o governo e a orientação política. Neste momento, precisamos fazer reformas estruturais: trabalhista, tributária, previdenciária, encolher o Estado, tornar o setor público mais eficiente.
Ou fazemos conscientemente ou o mercado determinará que o façamos. A Grécia é um bom exemplo. Não adianta essa ideologia socialista populista porque o modelo socialista populista, mais tempo menos tempo, começa a degringolar para um autoritarismo.
O modelo perfeito disso é a Venezuela, que, como o Brasil, tem recursos naturais enormes.

Pretende mesmo investir aqui? É teimosia ou resiliência?

Sempre há oportunidade. Tenho três setores em foco: educação, saúde e infraestrutura. A população está envelhecendo e não vai parar de crescer. Vai demandar saúde, educação, moradia. Precisa de infraestrutura. O Brasil não vai desaparecer.

O sr. pensa em atrair investidores estrangeiros?

É possível. Teremos caixa robusto. Eu te garanto: os investidores estrangeiros vão olhar risco e retorno. Os ativos no Brasil estão depreciados e vão se depreciar mais ainda.
É atrativo para o investidor entrar no Brasil com o dólar a R$ 4,22. O risco já é bem menor agora. Não que o risco de a situação piorar não exista. Existe. Mas boa parte já está precificada no câmbio.

domingo, 18 de agosto de 2013

Promiscuidade Tesouro-BNDES leva o Brasil 30 anos atras - EditorialEstadao

BNDES-Tesouro, uma aliança ruim

Editorial O Estado de S.Paulo, 17/08/2013

Com previsão de desembolsos na faixa de R$ 185 bilhões a R$ 190 bilhões, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderá precisar de mais ajuda do Tesouro no último trimestre do ano, segundo o presidente da instituição, Luciano Coutinho. O Tesouro já emprestou R$ 280 bilhões ao banco entre 2009 e 2012 e contribuiu neste ano com R$ 15 bilhões para aumentar seu capital. O novo auxílio, segundo fontes de Brasília, poderá ficar entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões. O governo tem aumentado sua dívida bruta para conceder esses empréstimos, sempre subsidiados, e o resultado dessa cooperação tem sido, para dizer o mínimo, preocupante.
Ao converter o Tesouro em fonte de caixa para o crédito oficial, o governo recria, com pequena variação, a famigerada conta movimento, extinta no fim dos anos 80 depois de muitos estragos nas áreas fiscal e monetária. A relação promíscua entre o Tesouro e os bancos federais é apenas parte, mas muito importante, da crescente desordem na gestão das contas públicas.
Uma prova dessa desordem é o recurso cada vez mais óbvio do governo à contabilidade criativa para ajeitar seu balanço. A acomodação promíscua é recíproca. Do cofre do governo sai dinheiro para reforçar o caixa dos bancos. Esses bancos, em contrapartida, fornecem dividendos crescentes, e, até antecipados, para maquiar o resultado final das contas.
Autoridades econômicas falam de política anticíclica para justificar a transformação do Tesouro em fonte de financiamento repassado a empresas pelo BNDES. Essa tem sido a conversa desde 2009, quando foi instituído como instrumento provisório o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), prorrogado várias vezes e ainda em vigor. Mas seria preciso, no mínimo, repensar totalmente essa política, tão custosa, tão perigosa para as contas públicas e abaixo de medíocre em seus resultados. A economia brasileira encolheu 0,3% em 2009, cresceu 7,5% em 2010, 2,7% em 2011, 0,9% em 2012 e para este ano as projeções estão abaixo de 3%. A maior taxa de investimento, nesse período, foi pouco superior a 19% do Produto Interno Bruto (PIB) e as perspectivas para este ano e para o próximo continuam desanimadoras.
Segundo o novo relatório do BNDES, apresentado na quarta-feira passada por seu presidente, os desembolsos no primeiro semestre, de R$ 88,34 bilhões, foram 65% maiores que os de janeiro a junho do ano passado. Em 12 meses o aumento foi de 39%. Esses números parecem apontar uma elevação importante dos investimentos. Mas os dados ficam bem menos entusiasmantes quando examinados com um pouco mais de atenção.
A maior fatia desses financiamentos, de 33%, foi destinada à indústria; a segunda maior, de 31%, à infraestrutura; e a terceira, de 20%, ao conjunto comércio-serviços. Mas o uso foi muito menos diversificado do que tem dado a entender o governo. A maior fatia do dinheiro destinado a esses três grandes itens foi aplicada na fabricação e no comércio de caminhões e ônibus - R$ 15,31 bilhões num total de R$ 74,5 bilhões, ou 20,5%.
Boa parte dessa demanda é explicável pelo crescimento da produção agrícola: safra recorde exige investimento em meios de transporte. Não por acaso os desembolsos para a agropecuária, R$ 6,83 bilhões, foram 142% maiores que os de um ano antes. A maior parte desses créditos, no valor de R$ 3,73 bilhões, foi para a compra de tratores e colheitadeiras.
A demanda de outros bens de capital cresceu bem menos. Pesquisas têm mostrado muita insegurança entre empresários urbanos, principalmente da indústria. A confiança nas perspectivas da economia é muito baixa e isso inibe o envolvimento em projetos de expansão e de modernização da capacidade produtiva. É fácil de encontrar as causas dessa desconfiança na política econômica improvisada e conduzida com muita teimosia.
Além disso, o BNDES continua dando mais atenção às grandes empresas. Com apenas 2% das operações, estas absorveram 57% dos desembolsos. Nos últimos 12 meses, levaram 63%.