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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Debate Keynes vs Hayek: nacional (ABL)

Não se trata do famoso combate do século, em formato de dois videos com personagens cantando um longo "rap econômico" -- que eu já postei aqui pelo menos duas vezes -- mas de um debate no Brasil, ainda assim esclarecedor.
Retirado do blog de José Roberto Afonso (link):


Debate Keynes x Hayek (Barbosa/IBMEC-RJ)

E-mailImprimirPDF
Debate Keynes x Hayek, indicado por Luiz F. de Paula, organizado por Virginia Barbosa com apoio do IBMEC-RJ, com objetivo de realizar uma discussão sobre o atual cenário econômico financeiro à luz de dois ilustres economistas: John Maynard Keynes e Frederich Hayek. Com participação de Luiz Fernando de Paula, Jennifer Hermann, Rodrigo Constantino, Roberto Castello Branco e Guilherme Fiuza. O evento foi realizado na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro." Video 1) http://bit.ly/uzJREC 2)http://bit.ly/rDygRL 3) http://bit.ly/tR11ne

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Pronto, vou ajudar os gregos: vou protestar a favor...

Confesso que começo a cansar de todos esses protestos de indignados, de tantos ocupantes de Wall Street, esses milhares de alternativos, de antiglobalizadores, franceses, gregos, troianos e tutti quanti fazem manifestações ruidosas nas ruas e nas praças, atrapalhando o trânsito, gastando à toa o gás lacrimogenio da polícia, entortando escudos e bastões dos ditos cujos, fazendo buracos nas calçadas com todos esses paralepípedos arrancados, enfim (enfins, diria uma professorinha da UnB), estou começando a cansar com toda essa bagunça monumental, essas passeatas ruidosas, apenas e tão somente para protestar contra tudo isso que está aí (e não é pouca coisa, não é mesmo?).
Por isso mesmo vou me colocar a favor de todo esse pessoalzinho miúdo -- e alguns nem tão miúdos assim, já que bem alimentados e barrigudinhos, como aquele filósofo esloveno confuso e idiota -- e vou sugerir alguns novos slogans, para que eles possam desfilar pacificamente, sem precisar brigar com a polícia, sem sequer precisar atirar um único pedregulho, sem se cansar -- afinal de contas, os gregos são os baianos da Europa -- e sobretudo sem precisar ser do contra (como eu mesmo sou, invariavelmente).
Meus slogans são de manifestações A FAVOR, sempre propondo coisas sensatas e razoáveis.
Vamos lá:


CHEGA de embromação: queremos o direito de não ir ao trabalho uma vez por semana.
STOP agora, a repressão material capitalista: pela elevação espiritual socialista.
QUEREMOS receber sem trabalhar: temos os mesmos direitos dos políticos.
PRECISAMOS de mais políticas setoriais, em todos os setores, mesmo redundantes.
ADORAMOS a política agrícola comum (vulgo "loucura agrícola europeia").
PEDIMOS mais gastança estatal, mais estímulo ao crescimento.
AMAMOS os Estados, sobretudo os soberanos, os mais ativos e onipresentes.
CONTRA a privatização das necessidades; pela socialização das capacidades.
NÃO MAIS manifestações sem distribuição de sorvete e água gelada.
BASTA DE GREVES, queremos ficar dormindo em casa.
MANIFESTANTES E POLICIAIS: unidos, jamais serão vencidos!
MENOS PASSEATAS, mais amor.
POR ASSEMBLEIAS com ar condicionado.
QUEREMOS DESEMPREGO, com seguro em dobro...
CHINESES: comprem nossas ilhas, nossos vignobles, nossos chateaux, fiquem com tudo.
AMERICANOS: despejem vossos dólares, eles são bem vindos.
BRASILEIROS: mandem-nos seus corruptos, eles são os melhores do mundo...


Pronto, acho que já está bem assim: gregos, helênicos, macedônicos, troianos, 300 de Esparta e outros Ulisses perdidos em tantas manifestações simultâneas, agradecem.
Por nada...
Paulo Roberto de Almeida 

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Batendo em cachorro morto: colapso do "neoliberalismo" segundo Carta Maior

Na verdade, deveria se chamar Carta Menor, pois se trata de um reduto do pensamento único cuja única função é atacar um fantasma inexistente (desculpem a redundância, mas com esse pessoal é preciso explicar tudo direitinho); o tal de "neoliberalismo".
Alguém já viu o neoliberalismo por aí, leve, livre, solto?
Confesso que nunca vi. Só vejo governos ativistas, manipulando taxas de juros, câmbio, extorquindo recursos dos cidadãos e entregando para os banqueiros e industrias (e um pouco de seguro desemprego também, que é preciso acomodar os pobres).
Como falar em neoliberalismo nessas condições.
Todas e cada uma das análises e prescrições desse pessoal não tem nada a ver com a realidade.
Não se trata, portanto, de um conjunto de ideias inteligentes, no sentido normalmente conferido a ideias dignas de discussão e de serem postadas neste blog.
Por que o faço, então?
Apenas porque professores com dois neurônios, e sérias deficiências de compreensão de fenômenos econômicos costumam recomendar esse tipo de leitura a suas plateias de aluninhos passivos, explicando a eles que todos os males do mundo foram causados por esse monstro metafísico chamado neoliberalismo.
Todas e cada uma dessas "ideias" poderiam ser rebatidas, o que não vou fazer agora por absoluta falta de tempo. Mas registro aqui, para comentário posterior, sobretudo quando essas maravilhas forem publicadas por essa nova maravilha que se chama Ipea da nova era...
Paulo Roberto de Almeida


Seminário Carta Maior
Neoliberalismo: um colapso inconcluso















- O Seminário será transmitido, ao vivo, para os sites da Carta Maior e da PUC/SP, com possibilidade de ser ainda transmitido pela TV PUC. A íntegra dos debates será objeto de uma publicação do IPEA.

sábado, 13 de agosto de 2011

Crise do capitalismo: certo exagero da analise - John Micklethwait (The Economist)

Interessantes colocações, mas o entrevistado exagera ao dizer que a crise de 2008 definiu o capitalismo e até o século 21. As pessoas sempre tendem a magnificar o que vivem. Essa crise vai passar, e o século 21 vai ver coisas piores, e melhores, claro.
No plano conceitual, a crise falhou, até agora, em esclarecer as duas grandes tendências de nossa época, o keynesianismo estatizante e o liberalismo clássico. Todo mundo parece keynesiano até aqui, mas as sociedades vão pagar um alto preço por essa mania de querer almoço grátis.
Vamos precisar de um pouco mais de desastres keynesianos para que as futuras gerações aprendam que não existe almoço grátis...
Paulo Roberto de Almeida

John Micklethwait: "A crise vai definir o destino do século"
Rodrigo Turrer
Epoca, 13/08/2011

Nem o 11 de setembro, nem a guerra ao terror, nem a ascensão dos movimentos conservadores. Para o jornalista, historiador e editor-chefe da revista britânica The Economist, John Micklethwait, é a sucessão de crises econômicas que vai definir o século XXI. “A crise de crédito endureceu o debate sobre o futuro do capitalismo”, afirma Micklethwait. “A grande discussão agora é se queremos um Estado maior ou um Estado melhor.” Nesta entrevista a ÉPOCA, ele critica a forma como os Estados Unidos estão tratando seus problemas econômicos e diz que a falta de entendimento entre democratas e republicanos só tende a aumentar, principalmente com o fortalecimento do Tea Party. “São como duas placas tectônicas ideológicas: se movem em direções opostas e causam abalos.”

ENTREVISTA - JOHN MICKLETHWAIT
QUEM É
Historiador e editor-chefe da revista britânica The Economist
O QUE FEZ
Ex-diretor da sucursal de Nova York, assumiu a The Economist em 2006. A revista tem circulação de 1,4 milhão de exemplares
O QUE PUBLICOU
Cinco livros, entre eles The right nation (A nação direita) , sobre o conservadorismo americano, e God is back (Deus está de volta) , sobre grupos religiosos no mundo

ÉPOCA – Qual é o efeito da crise econômica dos últimos anos para o mundo?
John Micklethwait – A recente crise de crédito (de 2008) é o fato mais decisivo de nossos tempos. Ela vai definir o destino do século. Foi mais importante para o futuro do que o 11 de setembro, a guerra ao terror, o crescimento da direita ou qualquer outro evento social e político. Desencadeou uma série de crises que se retroalimentam: uma crise financeira, uma crise econômica, uma crise política e uma crise ideológica. É uma decorrência de outro grande evento dos últimos 25 anos: a globalização. A abertura permanente de mercados levou os países emergentes a dar um grande salto adiante.

ÉPOCA – Qual é exatamente a relação com a globalização?
Micklethwait – A crise de crédito demonstrou a fragilidade das economias dos países desenvolvidos. Teria sido diferente se não houvesse uma invasão das reservas dos emergentes nos mercados. Reservas geradas por duas décadas em que os países emergentes cresceram, não apenas no PIB. Esses países respondem por metade do consumo mundial de energia; aumentaram sua participação nas exportações de 20% para 43% e têm 75% dos celulares.

ÉPOCA – O que esses dados nos mostram?
Micklethwait – Há uma variedade de vozes nesses países que gritam por consumo. O mundo emergente continua mais pobre que os desenvolvidos, mas há uma mudança dramática na forma como encaramos o que o capitalismo pode fazer pelas pessoas. Nesta década, bilhões passaram da pobreza para a classe média. Gente que gasta, compra, paga educação para seus filhos. Tenho uma fé inabalável no poder da entrada desses bilhões de pessoas dos países emergentes na economia mundial. É uma das transformações mais notáveis do mundo, para a qual os desenvolvidos precisam atentar. Um fenômeno que pode alimentar uma discussão essencial.

ÉPOCA – Qual discussão?
Micklethwait – Sobre o tipo de governo que as pessoas querem. Países que estão se tornando ricos, como China e Índia, se perguntam qual tipo de Estado precisam ser para atender às demandas de seus cidadãos. Na Europa, perguntam de onde cortar para reduzir o Estado. A crise de crédito endureceu o debate vital sobre o futuro do capitalismo. Há muitas vozes aí, dos integrantes do Tea Party americano, que não admitem aumento de impostos, aos trabalhadores europeus, contrários a reformas. A grande discussão agora é se queremos um Estado maior ou um Estado melhor.

ÉPOCA – Esta crise pode acelerar um declínio americano?
Micklethwait – Não acredito. Os Estados Unidos são e continuarão a ser a única superpotência. Mas não são a única potência. Eles descobriram na última década que precisam negociar com outros países – e precisarão cada vez mais. O problema nos Estados Unidos hoje é a falta de lideranças. Eles carecem de políticos carismáticos e capazes de conduzir o país, nos dois lados de sua política.

ÉPOCA – O que podemos esperar dos Estados Unidos nos próximos anos?
Micklethwait – Vai demorar para eles saírem desta crise. O que poderia tirá-los do atoleiro seria uma revisão do Orçamento. Seria fantástico se eles entendessem que não podem sair da dívida contraindo mais dívidas. Só aumentar o teto e vender títulos não vai resolver. Os americanos precisam colocar dinheiro na economia para forçar uma retomada, mas consertar suas finanças com corte de gastos seria o primeiro passo.

Os Estados Unidos continuarão a ser a única superpotência, mas descobriram que precisam negociar com outros países”

ÉPOCA – O recente racha no Congresso no caso do aumento do teto da dívida confirma o que o senhor escreveu sobre o aumento do conservadorismo americano?
Micklethwait – Confirma. No livro (The right nation) , mostramos como o conservadorismo moldou os Estados Unidos e como os movimentos conservadores se organizaram nos últimos 50 anos. Os impostos nos Estados Unidos são baixíssimos se comparados a outros países. Ainda assim, falar em aumento de taxas é uma heresia. O Tea Party é uma variação dessa tradição de direita, uma versão furiosa e exagerada, mas que faz parte da natureza americana. Chegaram longe por causa da organização da direita americana nos últimos 50 anos.

ÉPOCA – Houve outros momentos em que a direita estridente conquistou espaço e logo saiu de cena. Esse também pode ser o destino do Tea Party?
Micklethwait – A situação é diferente. Há uma mistura de ideologias diversas no Tea Party. O que elas têm em comum é uma fúria básica, visceral, contra o Estado, contra a ação do Estado sobre elas. É uma volta ao conservadorismo de Ronald Reagan (presidente americano de 1981 a 1989) , com elementos de (Barry) Goldwater (conhecido como “Senhor Conservador”, cinco vezes eleito senador pelo Arizona) . O Tea Party carrega um grupo esquecido por quem vive fora dos Estados Unidos: as pessoas sem filiação partidária que são conservadores sociais. São eleitores descontentes com a perda dos chamados “valores da família”, contrários ao aborto e ao casamento gay.

ÉPOCA – Essa direita pode tornar o embate entre as duas Américas ainda pior?
Micklethwait – Não acredito. Se você olhar para qualquer pesquisa nos últimos 30 anos, verá que um em cada três americanos se diz conservador, e um em cada cinco se diz liberal. Você tem esse contingente no meio, um grande centro que costuma se inclinar para um lado ou para o outro. A influência muda. Nas eleições presidenciais, o lado mais à esquerda se manifestou, e Barack Obama ganhou. Nas eleições legislativas, foi o lado à direita que fortaleceu o Tea Party.

ÉPOCA – Mas nunca houve um embate que travasse a política americana como o de agora, não?
Micklethwait – De fato, não. Mas existem duas Américas há muito tempo. É a teoria que defendo em meu livro: a América conservadora, em sua atual forma, emergiu nos anos 1960 e vem crescendo desde então. Não acredito que ela vá embora. A divisão entre os dois partidos é cada vez maior, como nunca se viu antes, e só deverá piorar nos próximos anos. São como duas placas tectônicas ideológicas: se movem em direções opostas, aumentam a distância entre si e causam abalos sísmicos na política nacional. Mas o Tea Party não é culpado por tudo de ruim na política americana.

ÉPOCA – Quem são os outros culpados?
Micklethwait – A equação é simples: os democratas querem aumentar impostos, e os republicanos querem cortar gastos. Desta vez, os republicanos foram intransigentes. Só que os democratas também não quiseram cortar gastos sociais exorbitantes, como o Medicare e a Previdência. Barack Obama nomeou duas comissões para avaliar o deficit e ignorou as conclusões de ambas. Os republicanos se comportaram mal, os integrantes do Tea Party pior ainda, mas os democratas não merecem elogios por sua atuação.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Declinistas e socialistas em delirio: aguardam ansiosos a queda do imperio...

A memória é curta, ou a vontade tem pressa: os tradicionais inimigos do capitalismo ficam com água na boca, salivando como aqueles animais predadores quando vêm sua presa indefesa parada, ali na frente, esperando o bote final.
Muitos deles se preparam para assistir, de camarote, se ouso dizer, ao declínio e derrocada do império (só existe um, por enquanto, aguardando a entrada em cena de um outro), e já prevêm um mundo mais próximo de seus ideias, que seria, claro, um planeta menos neoliebral, mais dirigista, mais estatizado, enfim, menos capitalista.

Um conhecido site dos antiglobalizadores já preparou um dossiê especial sobre:

Império em Declínio - a crise sistêmica do neoliberalismo

que junta escritos dos mais conhecidos antiglobalizadores, declinistas, catastrofistas e anticapitalistas (alguns até marxistas, outros simplesmente estatizantes), todos eles prevendo a aurora do mundo novo, um menos dominado pelo império em declínio e mais marcado pela preeminência das políticas públicas, da regulação estatal, dos controles dos mercados, das limitações aos fluxos de capital, de limites ao laissez-feire econômico e à liberalização comercial.
enfim, um mundo menos livre e mais controlado, mais dirigista, mais planejado.
Qualquer que seja o formato desse "novo mundo possível" (ou impossível, em minha opinião), o que realmente conta, para os promotores desse cenário ideal é que o capital tenha menos prevalência, nas políticas públicas, do que o trabalho, ou do que as pessoas, dizem eles. Entre o lucro egoísta do capitalismo e os direitos humanos, eles ficam com estes, e acham que assim o mundo será melhor, mais justo, menos desigual, e que com o capital controlado, o desenvolvimento se fará de modo mais equânime, mais humano, enfim.

Não preciso nem dizer quem são os promotores desse novo mundo impossível, pois eles vão pipocar nas telas de todos os estudantes universitários de nossas faculdades tão anticapitalistas como são normalmente (agora até um pouco mais).
Muitos desses argumentos capciosos eu rebati em um livro que deve estar chegando proximamente às livrarias:
Paulo Roberto de Almeida:
Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização
(Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2011, xx+272 p.; Inclui bibliografia; ISBN: 978-85-375-0875-6).

Sinto decepcionar os muito ansiosos, mas o capitalismo vai continuar incomodando esses espíritos inquietos durante certo tempo mais, talvez mais uns cem ou cento e cinquenta anos. Sorry antiglobalizadores...
Paulo Roberto de Almeida