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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Fim da responsabilidade fiscal? Estados gastam mais do que arrecadam...

Gastos de metade dos estados foram maiores que receitas em 2013

Folha de S. Paulo, 17/02/2014
O maior rombo orçamentário foi registrado no estado do Rio de Janeiro
Um levantamento feito pelo jornal “Folha de S.Paulo” revelou que metade dos estados brasileiros e o Distrito Federal não tiveram receitas suficientes em 2013 para cobrir os gastos com pessoal, custeio administrativo e investimentos.
Desde que a Lei de Responsabilidade Fiscal foi aprovada, no ano 2000, a quantidade de contas no vermelho vem crescendo de forma inédita. A lei tem como principal objetivo justamente disciplinar as finanças estaduais.
Ainda de acordo com o levantamento da Folha, apenas dois governadores terminaram o primeiro ano do atual mandato com déficit fiscal. Em 2012 esse número aumentou para 8, e em 2013 para 14.
Trata-se de uma consequência de uma estratégia adotada nos últimos dois anos pelo governo Dilma para aumentar os investimentos em infraestrutura.
Os estados foram autorizados pela União a ampliar seu endividamento para financiar obras em transporte, saneamento, urbanismo e habitação. Além disso, o BNDES aumentou o crédito para os governos regionais.
Os investimentos cresceram, mas a piora das contas ajudou a inviabilizar as metas oficiais de superávit primário.
O maior rombo orçamentário foi registrado no estado do Rio de Janeiro, cujo governo também precisa arcar com gastos direcionados para a Copa do Mundo deste ano e as Olimpíadas de 2016.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A nova guerra franco-britanica: socialismo contra economia liberal - Le Monde

La riposte de l'ambassade de France à un article de « french-bashing » fait des remous à Londres

Le Monde.fr, 

La réponse de l'ambassade de France à Londres à un article de presse dénonçant« la tragédie » de « l'échec de l'expérience socialiste » française a suscité des remous dans les rangs conservateurs britanniques.

Le texte, publié le 7 janvier dans le quotidien économique gratuit City AM, s'apparente à une description catastrophiste de la santé économique de la France et à une critique de la politique menée à Paris. L'auteur, Allister Heath, y dénonce notamment « un Etat prédominant, des niveaux d'imposition affreusement élevés (...) et une haine généralisée du commerce, du capitalisme, du succès et de l'effort ».
Interprété comme un nouvel exemple de « french-bashing » (dénigrement de la France), l'article a fait réagir l'ambassade de France, qui a publié trois jours plus tard une réponse, en anglais et en dix points détaillés, pour démentir ou corriger les affirmations de son auteur. Ce qui n'a pas empêché le journaliste de rester « dubitatif » sur ce sujet.
L'ambassade dénonce un contenu « idéologique, mélange de préjugés et d'erreurs », en précisant que la dépense publique en France, dont City AM critique l'inefficacité et le niveau élevé, sert à financer notamment un service public de santé de qualité reconnu. Elle établit une comparaison avec le système britannique, le NHS, jugé « défaillant ».
« LE VIN ET LE FROMAGE », MAIS PAS LE NHS
La critique n'a pas été du goût du ministre de la santé britannique, Jeremy Hunt, qui a riposté mardi dans un article du Daily TelegraphCelui-ci dénonce le « langage très peu diplomatique » de l'ambassadeur français, et défend le NHS, dont les dysfonctionnements font régulièrement les gros titres de la presse, mais qui reste une institution chère aux Britanniques.
« On est peut-être confrontés à une rude concurrence des Français pour le vin et le fromage, mais ce n'est pas sans raisons que le NHS nous rend fiers d'êtreBritanniques, plus que tout autre institution », dit-il. « Le NHS ne devrait pas êtreattaqué pour être ouvert et transparent sur ses difficultés, et surtout pas par un pays qui ne publie pas autant de données sur la sécurité des patients », estime-t-il aussi.
Le même article cite aussi un député conservateur, Dominique Raab, qui voit dans la réaction de l'ambassadeur français la preuve par excellence du « sentiment d'insécurité gaulois », et assène que « ce n'est pas pour rien que Londres est désormais la sixième ville française : c'est parce qu'un nombre grandissant de travailleurs français reconnaissent que l'expérience socialiste à échoué ».
« ÉMEUTES » ET « ETAT DÉMESURÉ »
La riposte diplomatique a aussi piqué au vif le député conservateur Jacob Rees-Mogg, qui a dénoncé mercredi dans le Times une « hyper-sensibilité inappropriée »de l'ambassade. Le Huffington Post britannique a rapporté de son côté de nombreuses réactions outre-Manche, critiquant ici l'ambassadeur et sa réaction « excentrique et indigne », attaquant là le président François Hollande, sous l'angle de ces dernières frasques amoureuses. Ainsi, le conservateur Brooks Newmark, membre du conseil du Trésor, ironise sur un chef de l'Etat qui « semble gérer lesfinances de son pays aussi bien que ses affaires personnelles ».
Du côté des arguments socio-économiques, un autre député conservateur membre du conseil du Trésor, Mark Garnier, juge que les « émeutes, les activités syndicales criminelles, une économie stagnante, des résultats douteux et tout l'agenda socialiste ne dépeignent pas vraiment un pays qui serait à l'aube d'un cycle économique vertueux ». Tandis qu'un conseiller ministériel, David Rutley, estime que Paris ferait mieux de mettre en œuvre en priorité la réforme européenne et la libre entreprise.
Même l'économiste en chef de l'Institut des directeurs, une organisation de chefs d'entreprises, a donné son avis : « Quelles que soient les opinions suffisantes de l'ambassade de France, beaucoup de chefs d'entreprises français se sentent beaucoup plus préoccupés par le poids d'un Etat démesuré, une régulation excessive et les entraves à la compétitivité de la part d'un membre de la zone Euro. »
Le 3 janvier, le magazine américain Newsweek avait publié un article controversé sur La chute de la France, déclenchant une cascade de réactions dans l'Hexagone, en raison notamment de nombreuses erreurs factuelles, pointées dans un article du Monde.fr. Le ministre de l'économie Pierre Moscovici avait critiqué un « pamphlet »qui suscite « une certaine hilarité ». L'hebdomadaire américain avait récidivé quelques jours plus tard avec l'article Comment la nation du coq est devenue la nation de l'autruche, également truffé d'imprécisions :
Lire aussi : Huit raisons de ne pas désespérer de la France

E para terminar:



En 2013, ce sont 4 880 entreprises ayant un chiffre d'affaires de plus de 1 million d'euros qui ont fait défaut, soit 63 % de plus qu'à la fin 2007, avant la crise financière de l'automne 2008.

sábado, 28 de setembro de 2013

Incompetencia do governo na gestao e nos investimentos - MansuetoAlmeida

Debate no Estado de São Paulo

Para quem não teve a chance de acompanhar, o debate no Jornal o Estado de São Paulo na última quarta-feira foi muito bom. O único problema foi que, na última hora, a Ministra do Planejamento e o Secretário Executivo do Meio Ambiente não puderam comparecer e não foi possível “escutar o governo”.
De qualquer forma foi um debate muito interessante e o jornal o Estado de São Paulo fez um bom resumo do debate em um caderno especial que circulou na sua edição de sexta-feira. Uma parte dessa publicação está disponível na internet –clique aqui para ler.
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As apresentações foram muito boas e todos nós mostramos pontos convergentes. Todos concordamos que no Brasil há um excesso de burocracia, número elevado de impostos e muitas regras tributárias que prejudicam as empresas – aumentam o custo administrativo.
Na minha palestra, eu destaquei alguns pontos na relação gasto público e gestão. Primeiro, mostrei que 84% do crescimento da despesa não financeira do Governo Central de 1999 a 2012 com porcentagem do PIB pode ser explicada pelo crescimento das contas de transferência de renda para famílias: seguro desemprego, abono salarial, bolsa família, LOAS e INSS.
Segundo, mostrei que de 2008 a 2012, a despesa do governo federal que mais cresce é o gasto com educação. Como porcentagem do PIB, o gasto do Governo Federal com educação passou de 0,8%  para 1,4% do PIB – crescimento de 75%- nesses últimos cinco anos.
Terceiro, mostrei isso para destacar que apesar da preocupação saudável com a melhora de gestão, precisamos mudar regras para controlar o crescimento do gasto público. O forte crescimento dos programas de transferência de renda não será alterado por uma melhoria de gestão. E no caso de educação, o foco maior no debate hoje tem sido no aumento do gasto e não na qualidade e gestão.
Por fim, no caso de investimento público, mostrei que há dois problemas. O primeiro é a falta de “espaço fiscal” para aumentar fortemente o investimento público. Mas um segundo problema é que mesmo para os projetos tidos como prioritários, com recursos orçamentários disponíveis, o governo não consegue executar essas obras no preço e prazo definidos. Há claramente um problema de gestão que não é exclusivo do governo atual. O Estado brasileiro tem knowhowpara executar programas sociais de transferência de renda, mas o Estado brasileiro perdeu a sua capacidade de investimento e precisamos recuperar. Isso não é culpa exclusiva do governo atual.
Parte do que falei pode ser lido na matéria do Estado de São Paulo (clique aqui).  A propósito, quando citei o Chile e o México foi para mostrar que apesar do gasto público total nesses países ser de apenas 25% do PIB, o nosso é 40% do PIB, os programas sociais desses dois países são modelos para o Brasil (já escutei e li o Ricardo Paes de Barros falar várias vezes isso). Assim, para os próximos anos, o nosso desafio é como manter a rende de bem estar social e criar algum espaço fiscal para redução de carga tributária e aumento do investimento público.
Um último ponto. No evento do Estadão falei que o processo de concessões tem sido marcado por indefinições das regras e um aprendizado custoso. Antes que alguém me critique, aprendi isso com o próprio ministro da fazenda. Quando questionado pela Revista Veja recentemente do porque dos atrasos nas concessões, o ministro da fazenda foi claro: os estudos que o governo se baseou eram antigos e a taxa interna de retorno dos projetos baixa (ver abaixo). É difícil entender porque então não se fez novos estudos antes de se comprometer com um cronograma de concessões que não poderá ser cumprido?
Declaração do Ministro da Fazenda à Revista Veja na edição de 04 de agosto de 2013:
Mantega VEJA

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sábado, 20 de julho de 2013

Deterioracao continua das contas publicas - Mansueto Almeida

Contas Públicas no Primeiro Semestre – qual foi o resultado?

Não estava planejando escrever sobre isso, mas quando escutei uma entrevista do Secretário de Política Econômica, Márcio Holland, à jornalista Juliana Rosa da Globo News (clique aqui), falando que as contas públicas estão controladas e que os números do SIAFI até junho comprovariam isso, eu não me contive. O secretário falou o seguinte:
A política fiscal conseguiu resolver esse problema ….. Não está fazendo expansão dos gastos no Brasil. …. o Tesouro só vai divulgar o resultado no final do mês, mas olhando pelo SIAFI dá pra ver em termos reais que os gastos que subiram foram em educação e saúde, que é extremamente importante. Os gastos de custeio da máquina não subiram. Os gastos de juros da divida sobre PIB caíram no semestre, os gastos com pessoal e encargos caíram no semestre.
O que está aumentando é justamente investimentos em saúde, educação e programas sociais, que é exatamente o que a sociedade deseja. O conjunto da obra é interessante, porque os gastos totais do governo não estão se alterando. O que está alterando é a composição. São mais gastos em investimentos em saúde e educação, transferenciais de renda, programas de inclusão produtiva, pronatec, de qualificação do trabalhador, do que gastos com pessoal.”
Se ninguém refuta essas declarações, isso pode sugerir que o titular da SPE está coreto quando na verdade não está. Tem um ponto que ele está correto, quando fala que o crescimento do gasto público é puxado pelo crescimento dos gastos com educação, saúde e política social. Mas esse é o padrão do crescimento do gasto público federal do pós-constituição e por isso que é tão difícil controlar o crescimento do gasto. Ele está equivocado quando fala que o gasto total não aumenta. O gasto público como % do PIB cresce no Brasil e o investimento não vem aumentando como % do PIB.
Para controlar o gasto público do governo federal é preciso controlar o crescimento das transferências (talvez modificando o mix de programas mais caros para os mais baratos e mais eficazes na redução da desigualdade), e melhorar a eficiência do gasto com educação e saúde. Mesmo assim será difícil porque o governo está criando programas novos de custo elevado.
Vamos aos números. Olhando apenas para o SIAFI, qual foi o crescimento do gasto com pessoal (ativo e inativo da união), gasto de custeio (inclusive INSS, programas sociais, etc.) e investimento público (GND-4) até junho deste ano? A tabela1 abaixo mostra que o ritmo de crescimento este ano não diminuiu.
Tabela 1 – Gasto Não Financeiro do Governo Federal – JAN-JUN 2011-2013 – R$ bilhões correntes
GF1
Fonte: SIAFI. OBS: GND-3 exclui elemento 81: repartição de receitas
 De janeiro a junho de 2012, o crescimento da despesa primária do governo federal (pessoal, custeio e investimento) havia sido de R$ 39,7 bilhões ante o mesmo período de 2011. Este ano, o crescimento foi de R$ 42 bilhões. Em valores nominais não houve queda e a taxa de crescimento nominal foi de 11,3%, no 1osemestre do ano passado, e de 10,7% este ano. Se trabalhamos com valores reais houve uma desaceleração do crescimento do gasto graças à maior inflação. Mas como o PIB real vem crescendo pouco, o gasto público federal não financeiro continua crescendo acima do PIB.
Investimento público: No caso do investimento, ao contrário do que afirma o secretario, a execução não melhorou. Aqui estou olhando para investimento no conceito mais restrito (GND-4) que não inclui capitalização de estatais ou empréstimos (GND-5). Como se pode ver na planilha anexa que traz o investimento público do governo federal (clique aqui), critério SIAFI, para o primeiro semestre de 2011 a 2013, houve uma queda na execução do investimento do ministério da educação de R$ 637 milhões e de R$ 243 milhões do ministério da saúde (a queda em valores reais foi ainda maior). O que sustentou o crescimento do investimento este ano foram dois ministérios: (1) o da integração nacional (+R$ 1,1 bilhão) e (2) da defesa (+R$ 854,8 milhões).
Vale a pena destacar mais dois pontos. Primeiro, o crescimento nominal do investimento público federal no primeiro semestre deste ano foi de apenas R$ 1,5 bilhão, muito próximo do crescimento do investimento do ano passado de R$ 1,1 bilhão. Ou seja, pelo SAIFI, o crescimento do  investimento foi de apenas R$ 1,5 bilhões ou 3,5% do crescimento do gasto público primário no semestre que foi de R$ 42 bilhões.
Segundo, observem na planilha anexa o investimento do ministério dos transportes. O investimento desse ministério no 1o semestre deste ano foi de R$ 3,8 bilhões, R$ 200 milhões acima do ano passado e R$ 2 bilhões a menos que o realizado no 1o semestre de 2011: R$ 5,8 bilhões. Ou seja, estamos no terceiro ano do governo e ainda hoje não se resolveu o problema do baixo investimento do ministério dos transportes depois da faxina  em meados de 2011.
Gastos de custeio (inclusive previdência e gastos sociais). Agora cheguei na parte mais importante,  que merece cuidado na análise. Primeiro, o custeio no ano passado (1o semestre) havia crescido R$ 35,3 bilhões e este ano cresceu “apenas” R$ 32,8 bilhões. No entanto, esse “aparente” desaceleração do custeio é mera ficção. No ano passado, pelos dados do SIAFI, a maior parte do programa Minha Casa Minha Vida se dava por uma despesa de custeio – transferências ao Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) – uma conta da função 28 (encargos especiais). Neste ano, o financiamento dos subsídios do Minha Casa Minha Vida passou a ocorrer via empréstimos– uma inversão financeira. Assim, a suposta economia não ocorreu, apenas saiu de uma conta  do custeio (GND-3) e foi para outra: inversões financeiras (GND-5).
Segundo, como estou cansado de destacar, o que puxa o crescimento do custeio são gastos ligados a basicamente 5 funções de um total de 28 funções. As funções assistência social (LOAS e Bolsa Família), Previdência Social (INSS), Saúde, Educação e Trabalho (seguro desemprego e abono salarial) explicam praticamente quase todo o crescimento do custeio. Essas cinco funções cresceram no primeiro semestre deste ano R$ 36 bilhões, para um total do crescimento do custeio de R$ 32,8 bilhões (a conta de custeio que mais diminui e compensa parte do aumento dessas funções sociais é o gasto com o Minha Casa Minha Vida que, como expliquei acima, apenas troca de conta. (clique aqui para ver a conta de custeio por função).
Terceiro, há ainda outro ponto em relação à execução dos restos a pagar especificamente de custeio. Como se pode observar na tabela abaixo que mostra os restos a pagar (empenho de orçamentos de anos anteriores) processados e não processados, nota-se que: (i) houve uma diminuição no pagamento dos restos a  pagar não processados. O saldo que resta para ser pago desse tipo de restos a pagar até o final do ano (R$ 31 bilhões) é 63% superior ao saldo que o governo tinha para pagar no segundo semestre de 2012 (R$ 19 bilhões). Ou seja, o crescimento do custeio só não foi maior porque o governo está atrasando o pagamento de restos a pagar não processados.
Tabela 2 – Restos a Pagar de Custeio: Inscrição, cancelamento, pagamento e saldo de restos a pagar (RP) a ser pago – R$ bilhões
GF2
Fonte: SIAFI. OBS: GND-3 exclui elemento 81: repartição de receitas
Praticamente metade do que falta a pagar do saldo de restos a pagar não processados está na conta de “encargos especiais” com destaque para: (i) subsídios devidos ao BNDES para equalização de taxas de juros no âmbito PSI (R$ 6,3 bilhões); (ii) subvenção econômica para projetos de interesse social em áreas urbanas (R$ 4,1 bilhões); complemento da atualização monetária do FGTS (R$ 2,6 bilhões).
Qual a conclusão de tudo isso que foi dito acima? De forma muito simples e direta, a composição do gasto do governo não melhorou, o investimento continua patinando e não dá para pensar em controlar o crescimento do gasto público sem que se olhe para as contas de (i) transferências (inclusive INSS), (ii) gastos com educação e (iii) gastos com saúde. O dado preocupante é o crescimento excessivo no saldo de restos apagar ligado a contas de custeio e o montante que ainda falta a ser pago: R$ 31 bilhões – 63% superior ao saldo de junho de 2012.
Ao contrário do que afirmou o Secretário de Política Econômica, o gasto público continua crescendo tão forte quanto antes e o governo não tem ideia e nem vontade de controlar o ritmo de expansão do gasto,  principalmente, depois da queda da aprovação do governo federal. O mais provável, depois da frustração da receita de junho, é que o governo jogue a toalha e reconheça que não vai conseguir entregar a meta de 2,3% do PIB (ou aumente mais ainda os truques contábeis, pois os “feiticeiros” são os mesmos).
A situação fiscal piorou muito e a tendência não é melhorar, mas sim de piorar ainda mais. Não há mais espaço para desonerações como anunciado pelo próprio ministro, o investimento ainda não aumentou e os gastos de custeio (ligado as funções sociais) continuam hoje como ontem puxando a despesa. É muito provável que o superávit primário neste e no próximo ano fique entre 1% e 1,5% do PIB e o ajuste fique para depois das eleições. E vamos continuar aumentando a dívida para turbinar os bancos públicos e não teremos a economia com juros que o governo esperava (ou ainda espera).
É claro que nada disso seria um problema se a economia brasileira estivesse crescendo a 4,5% ao ano. Mas com a economia crescendo a 2% ao ano, o cenário ficou nebuloso. E acho difícil ter um novo choque externo positivo que nos leve crescer a 4% sem antes fazermos o dever de casa.

Uma resposta

  1. Mansueto, o pessoal da Fazenda poderia ler seu blog, e fazer um link no site deles direto pra cá, desta forma pelo menos melhoria a transparência.
    Gostaria de sugerir que você desse uma olhada na rúbrica finaceira das contas públicas e relatasse as suas considerações. O governo tem enchido o peito pra dizer que reduziu despesas com os juros (olha onde a inflação foi parar por conta disso), mas e o BNDES (rolando dívida do Eike e derramando dinheiro em projetos sem transparência como se fosse banco privado), sem falar em Eletrobrás, Petrobrás e feitiços correlatos envolvendo dividendos.


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terça-feira, 14 de agosto de 2012

Despesas de governo e crescimento economico: um debate

A propósito deste post neste blog: 

Arthur Laffer vs governos keynesianos: uma opiniao sensata



um correspondente, ou melhor, um leitor, enviou este comentário, que comento logo abaixo: 


zzh deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Arthur Laffer vs governos keynesianos: uma opiniao...": 

Agora me explique algumas coisas: aonde é que os dados mostrados por ele comprovam alguma coisa? Eles só mostram que os países em questão não estão crescendo agora. Por quê é que ele não cruzou com dados dos anos 60? Ou dos EUA em tempos de new deal? Porque esses dados danificariam o caso dele. É o caso clássico de enquadrar os dados à ideologia, não é assim que se faz ciência.

"The evidence here is extremely damaging to the case made by Mr. Obama and others that there is economic value to spending more money on infrastructure, education, unemployment insurance, food stamps, windmills and bailouts."

O autor quer dizer que não é vantajoso investir em infraestrutura? Ou em educação? Ele por acaso está esquecendo que o modelo americano de desenvolvimento é baseado principalmente em gastos do DoD? Que foi esse tipo de investimento que trouxe coisas como a Internet? O radar? O Teflon? Claro que um modelo totalmente estatal, a la URSS é inviável, e o modelo totalmente Keynesiano de EBES não é mais interessante, mas a teoria puramente monetarista dele é muito mais absurda do que qualquer outra coisa. Como fica a geração endógena de moeda? E a geração de moeda escritural por parte dos bancos? 


Agrego meus comentários (PRA): 
Pois bem, todos os economistas, ou até donas de casa sabem, ou deveriam saber, que governos, em geral, são despoupadores líquidos, ou seja, atraem a poupança privada para gastos inúteis com o próprio governo. Existem DEZENAS de dados empíricos -- ou seja, não é teoria, ou opinião não fundamentada -- que correlaciona a carga fiscal dos governos da OCDE, desde os anos 1960, com as taxas de crescimento. Existe praticamente uma linearidade negativa: quanto maior a carga fiscal, menor o crescimento, e vice-versa.
Se não acredita, procure os trabalhos de James Gwartney a esse respeito.
O Brasil se encaixa perfeitamente nessa história: carga fiscal do tamanho da OCDE, crescimento igual ao da OCDE, ou seja, medíocre.
NÃO EXISTE modelo americano de desenvolvimento: existe apenas a experiência americana de crescimento, de instabilidade e crises.
JAMAIS o crescimento americano foi baseado em gastos da Defesa, que são na maior parte dos casos perdulários, inúteis e exagerados, atuando em detrimento da economia americana, justamente.
Os EUA crescem, e inovam, A DESPEITO do Pentágono, não graças a ele.
Você quer tirar dois ou três exemplos isolados de breakthroughs tecnológicos para fazer disso um MODELO de desenvolvimento?
Não seja maluco: leia mais sobre a história do desenvolvimento tecnológico americano e você verá que ele tem mais a ver com o desempenho geral daquela economia do que com o Pentágono, um gastador contumaz, irresponsável, perdulário, inútil para o que realmente conta.
Leia também sobre a história do New Deal, em lugar de ficar repetindo lugares comuns, absolutamente equivocados com relação à realidade histórica. Recomendo Modern Times, do Paul Johnson (tem edição brasileira), ou Harold James, sobre os anos 1930.
Governos também são irresponsáveis na emissão de moeda, como aliás está sendo demonstrado agora mesmo.
Quem vai pagar a festa keynesiana?
Você?
Paulo Roberto de Almeida