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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Venezuela: falta papel, portanto...

Não, não é papel higiênico, embora ele possa estar faltando também. É que falta tudo na Venezuela, e desse ponto de vista podemos afirmar que ela já chegou ao socialismo.
O socialismo é o regime da penúria permanente, embora os verdadeiros crentes não creem nisso, eles sempre acham que se trata de uma sabotagem dos capitalistas (como se a estes agradasse, também, ficar sem papel higiênico).
Mas, está faltando papel de imprensa e isso é muito grave, pois os jornais simplesmente não podem existir sem papel.
Talvez seja essa mesma a intenção. Só ter o jornal, um jornal, o do Estado, o do partido.
Como em Cuba, aliás, onde também falta de tudo, inclusive papel higiênico.
E o pessoal usa o jornal do partido para...
Incômodo, mas na vida sempre tem um começo, depois se acostuma.
Os venezuelanos também vão se acostumar...
Paulo Roberto de Almeida

Venezuela desabastecimiento

Los periodicos de Venezuela amenazados por falta de papel

venezuela prensa
Infolatam AP
Caracas, 28 enero 2014

Las claves
  • Buena parte de los diarios latinoamericanos importan su papel de empresas productoras canadienses. Para hacer estas operaciones se necesita comprar dólares, cuya restricción fue establecida por el gobierno venezolano desde hace 11 años.
Periodistas y estudiantes de periodismo protestaron el martes en una avenida principal de la ciudad para exigir al gobierno que ponga a la venta dólares y así los periódicos puedan comprar papel, luego de que nueve diarios regionales clausuraran sus operaciones y en momentos en que esta crisis empieza a afectar a algunos de los grandes medios nacionales.
“Hay una situación de emergencia que debe ser resuelta en lo inmediato”, dijo el secretario general del Sindicato Nacional de Trabajadores de la Prensa, Marco Ruíz, al confirmar que algunos de los principales diarios del país, como El Nacional, enfrentan un riesgo de cierre en las próximas semanas.
Miguel Henrique Otero, presidente editor del diario El Nacional, uno de los más grandes del país con una amplia circulación nacional, dijo recientemente que sólo dispone de reservas de papel hasta febrero.
Los diarios regionales El Impulso y el Correo del Caroní solo tienen papel para esta semana, según dijeron sus directivos.
En tanto que los periódicos “El Sol de Maturín”, “La Antorcha”, “Caribe”, “La Hora”, “Versión Final” cesaron sus operaciones en agosto de 2013; “Los Llanos” y “Diario de Sucre” en septiembre 2013 y “El Guayanés”, y “El Expreso” en enero de este año, según la organización no gubernamental Espacio Público, que se dedica a la defensa de los derechos de los periodistas y la libertad de expresión.
Los directivos del sindicato de prensa se reunieron el martes con un representante del Centro Nacional de Comercio Exterior para exponer la difícil situación que atraviesan diarios locales y el riesgo que enfrentan varios miles de trabajadores de perder sus puestos de trabajo ante un posible cierre de los diarios.
Ruiz indicó que si las autoridades no dan una respuesta esta semana los periodistas intensificarán sus protestas callejeras en los próximos días en instituciones gubernamentales.
Buena parte de los diarios latinoamericanos importan su papel de empresas productoras canadienses. Para hacer estas operaciones se necesita comprar dólares, cuya restricción fue establecida por el gobierno venezolano desde hace 11 años.
Los requisitos oficiales para vender divisas obligan a las empresas a obtener un permiso de importación de insumos, bienes y/o servicios, que en su mayoría no se producen en el país.
Durante la protesta los manifestantes bloquearon una avenida del suroeste de la capital frente a la entrada del organismo estatal.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

A Journey Inside the Whale: economia politica companheira no auge da Guerra Fria

Já instalado em Hartford (CT, USA), retomei meu passatempo favorito nos fins de semana frios -- quando não dá para viajar -- no coração do império: passar o maior tempo possível em livrarias, lendo livros e fazendo notas, já que se eu fosse comprar todos os livros interessantes que existem nas livrarias, meu salário diminuiria à metade e minha residência iria rapidamente ficar tão cheia de livros que seria impossível administrar a biblioteca, como já foi o caso recentemente.
Antigamente, duas eram as opções principais: Border's e Barnes and Nobles. Agora, com o desenvolvimento dos livros eletrônicos, a Border's já deixou de existir, e a Barnes também passa por dificuldades. Parece que vão fechar 20 lojas por ano nos próximos anos, o que é uma pena. Apesar de que livros digitais sejam uma grande invenção do espírito humano desde Gutenberg, nada substitui o prazer de percorrer estantes de bibliotecas ou de livrarias, pegar cada livro, olhar dentro, ver se interessa, e depois sentar no café da livraria, com 4 ou 5 livros ao mesmo tempo para deleitar-se durante 2 ou 3 horas de leituras e café (whatever, geralmente Starbucks).
Foi o que fizemos, Carmen Lícia e eu neste domingo de frio e flocos de neve, na Barnes de West Hartford. Dois livros de criança para o neto, muitas revistas de interesse de CL, e três ou quatro livros que recolhi das estantes para conhecer melhor, ou para continuar uma leitura interrompida de semanas atrás.
Foi o caso do livro que menciono a seguir, do qual já havia lido a introdução e o primeiro capítulo, como sample da Amazon ou da própria Barnes (no sistema Nook), e cujo conteúdo já conheço bem, por ter lido pedaços do livro e muitas resenhas (que aliás postei aqui).

Anne Applebaum
Iron Curtain: The Crushing of Eastern Europe, 1944-1956
(New York: Doubleday, 2012, 568 p; ISBN: 978-0-385-51569-6)

Desta vez li o capítulo que mais me interessava, sobre a economia dos países dominados pela União Soviética, desde a guerra até meados dos anos 1950 (mas a situação não mudou muito até o final do comunismo, várias décadas depois). Eu já havia lido da autora sua monumental história do Gulag, cuja resenha postei aqui, e nele havia um bom resumo da importância econômica do setor concentracionário da economia soviética, justamente.
Para os interessados na história do comunismo, especialmente soviético, mas um pouco de todas as partes do mundo, recomendo o livro de Archie Brown, o melhor especialista (inglês) no nefando sistema, e cuja resenha eu também já postei aqui. Li o livro retirado da biblioteca do Itamaraty e penso agora comprá-lo, pois se trata da melhor história desse trágico parênteses na história da humanidade.

O livro de Applebaum é interessante pelo que já sabíamos de como o sistema não funcionava, não podia funcionar, e ainda assim foi mantido sob pressão política, e com extrema "persuasão" pelos companheiros soviéticos durante várias décadas.
Os companheiros que estão implementando uma economia estatizada no Brasil deveriam ler esse tipo de livro de história, os diversos que existem sobre a história do comunismo, pois eles contam, com base em fontes documentais, em depoimentos pessoais, em análises de especialistas, como e porque o sistema simplesmente é ineficiente, traz custo sociais enormes, e resulta em perdas incomensuráveis, pois atrasam os países por décadas, reduzindo expectativas de vida, prosperidade, ou a liberdade das pessoas.
Em todos os países analisados por Anne Applebaum, a história é a mesma: depois das destruições da guerra, os mercados começaram a ser reconstituídos naturalmente, mas os soviéticos obrigaram todos os países a passar a uma economia de comando, expropriaram industriais, grandes proprietários, simples comerciantes e em todos os lugares implementaram "o Plano", que supostamente deveria assegurar o abastacimento a preços fixos. Conseguiram apenas e tão somente criar penúria, miséria, desabastecimento, mercado negro, mentiras e mais mentiras...
O quadro é desolador, como eu mesmo pude constatar, nos anos 1970 e 1980 viajando por todos os socialismos reais e surreais: vitrines vazias, estantes com duas latinhas de algo não identificado, filas em todos os lugares, por longas horas, para qualquer coisa, até para o que não sabíamos que pudesse existir. Em todos os lugares mercado negro, cambistas, traficantes, ladrões (oficiais, em sua maior parte), ou seja, uma impossibilidade prática, o que já havia sido alertado desde 1919 por Ludwig Von Mises, em seu Cálculo Econômico na Comunidade Socialista (texto disponível nos site do Mises Institute, nos EUA e no Brasil).
Teria muitos dados a acrescentar sobre a impossibilidade prática do sistema econômico socialista, tanto como observação própria, como a partir do livro da Applebaum, mas me contento em reproduzir aqui o frontspício desse capítulo econômico, o décimo, páginas 223-246:

"A definição de socialismo: uma luta incessante contra dificuldades que não existiriam em quaisquer outros sistemas"
Piada húngara dos anos 1950 (p. 223).

Existem muitas outras piadas, mas hoje só cubanos podem contá-las...
Coitados.
Paulo Roberto de Almeida