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terça-feira, 19 de novembro de 2019

Depois da "teologia da libertação" a "teologia da prosperidade" - Bruno Reikdal Lima (GGN)

É possível uma Teologia da Libertação evangélica?, por Bruno Reikdal Lima

É possível uma Teologia da Libertação evangélica?, por Bruno Reikdal Lima

Há um desafio posto para movimentos de esquerda na América Latina, sejam eles progressistas ou revolucionários: o que fazer com os evangélicos? Uma religião popular, de massas, espalhada em todo o continente, seja em grandes templos nos centros urbanos, em garagens feitas lugar de culto no fundão das periferias ou mesmo em casebres nos rincões, capaz de mobilizar multidões, garantir coesão social e apoio a projetos políticos de lideranças. Uma potência social transformadora alinhada, hoje, majoritariamente com programas reacionários, conservadores e por vezes fascistas. E mesmo que normalmente não se tenha o hábito de discutir religião em nossos círculos de debates e organizações partidárias ao se planejar um projeto político, reformas ou mesmo ambições revolucionárias, não se tem um programa popular sem o povo; e este é cada vez mais evangélico.
Entre as décadas de 1960 e 1980, um fenômeno religioso sui generis e propriamente latino-americano animou populações do Terceiro Mundo: a Teologia da Libertação. Como Michael Löwy mostra em seu Cristianismo delibertação, lançado em edição revisada pela Expressão Popular Junto, não tem como pensar e compreender os movimentos sociais e revolucionários da América Latina apoiados e aglutinadores de grandes massas, sem levar em conta esse movimento católico de padres e freiras que assumiram uma prática religiosa e uma teoria crítica muito peculiar, conciliando a missão evangelizadora da igreja em abertura à sociedade moderna com a Teoria Marxista da Dependência. A capilaridade da igreja católica por meio da rede de comunidades e fiéis que foi constituída desde os primeiros anos da colonização ibérica em 1492, garantia uma circulação gigantesca de materiais e conteúdos compartilhados entre lideranças e membros, discussões que cruzavam fronteiras, além de por vezes garantias de proteção e apoio por meio de solidariedade do clero nacional e internacional.
Foi um fenômeno, com grandes impactos e também com limites. Mas que por sua atuação mobilizou e tornou possível ligas campesinas, movimentos de lutas por direitos sociais e partidos políticos (no Brasil, o MST e o próprio PT são exemplo disso). Contudo, o continente ainda católico em um espaço de 30 anos se tornou 1/3 evangélico – e com perspectivas de ter sua população majoritariamente convertida a essa “nova” religião nos próximos anos. Outro fenômeno. Que por uma série de razões históricas que podemos destacar em outro momento, apesar de suas raízes periféricas e em disputas sociais, está em completo descompasso com o que fora a experiência da Teologia da Libertação e seus desdobramentos. Na verdade, um movimento que se desenvolve exatamente no oposto: em rejeição ao que apareça como moderno, no sentido de se portar como conservador, e a tudo o que pareça ser “marxista”.
Bem, a pergunta para a qual gostaria que nos voltássemos é: existe alguma viabilidade de termos uma Teologia da Libertação evangélica? Para tal, gostaria de fazer um rápido comparativo histórico e, por fim, indicar alguns desafios e algumas perspectivas sobre essa questão.
A Teologia da Libertação tem sua primeira raiz nas missões católicas europeias dos períodos entre as Grandes Guerras e no pós-Guerra. Jovens padres europeus são desafiados na primeira metade do século XX a modernizar a igreja, conciliando os avanços nas ciências modernas (sejam elas físicas, biológicas ou sociais) com a tradição. Era a abertura para o “mundo moderno”. A igreja católica europeia assumia frente ao processo histórico acelerado que vivia e às pressões sociais de fiéis e das relações políticas e econômicas com os Estados europeus, que a modernidade era inevitável, que traria melhorias na qualidade de vida das pessoas, mas que no processo de modernização, existiriam muitos flagelados, que ainda levariam um tempo para serem incluídos no “novo mundo”. Seu papel como Igreja, portanto, era de acolher os pobres e cuidar dos excluídos durante a modernização, em passo com ela, cumprindo sua missão.
Padres missionários passam a ser formados, então, para cuidar dos temporariamente pobres e excluídos que, no curso da história, seriam inseridos na marcha do progresso. Parte dessa leva de clérigos tem como destino o continente latino-americano. Entretanto, ao chegarem aos rincões dessa terra, encontram uma situação limite: os processos de modernização reproduzem grandes massas de pobres e excluídos, em uma miserabilidade não imaginável nos centros de onde vieram. Percebem com o passar dos anos que a para cuidarem dos pobres e dos excluídos de modo efetivo, não bastaria acolhe-los temporariamente, mas interromper o motor da exclusão: a própria modernização. Essa interpretação fica clara apenas ao final de 1960, quando alguns padres vindos das missões da Ação Católica e alguns discípulos, formados em solo ameríndio, tomam contato com a Teoria da Dependência e conseguem explicitar teoricamente por meio dos instrumentos teóricos dessa teoria científica moderna o que haviam descoberto nas missões: a pobreza e a exclusão não são uma etapa da modernização, mas seu fundamento. Assim em 1968 se tem a Conferência de Medellín, e em 1972 a publicação da primeira sistematização, Teología de la liberación, de Gustavo Gutiérrez.
Desse modo, de um processo de contradição entre a abertura da Igreja nos países centrais e a realidade enfrentada na periferia, a Teologia da Libertação é um efeito não-intencional e “negativo” da modernização da Igreja. Ademais, também se trata de um grupo de padres com escolarização e preparação missiológica formal, que saem de uma condição social privilegiada para situações e contextos de extrema pobreza, que se valem de uma instituição centralizada e forte, com redes já constituídas e longa tradição. Completamente diferente do processo histórico da religião evangélica no continente: que cresce particularmente, em uma primeira onda, com comunidades pentecostais que são periféricas, pequenas, sem poder centralizado e organização rígida. São, na verdade, um movimento carismático, muito mais dependente de uma liderança com seu nome e dons, do que de uma coordenação institucionalizada das ações das comunidades. Cada uma com seu líder e seus projetos, mesmo que partilhem de usos, costumes e ritos.
As igrejas evangélicas chamadas “tradicionais” também crescem, mas precisaram se transformar diante desse novo fenômeno místico. De todo modo, apesar de serem mais organizadas institucionalmente, também giram, em geral, em torno de lideranças fortes, por vezes famílias tradicionais nas comunidades, que formam pequenos grupos tomadores de decisões. Comumente, suas origens não são tão periféricas quanto as pentecostais, mas inicialmente, sempre, nos centros urbanos. Por outro lado, assim como com as igrejas pentecostais, os evangélicos tradicionais passam a vivenciar divisões e rachas internos, entre lideranças ou grupos de lideranças, fazendo nascer igrejas que procuram ser “independentes” de convenções e outros tipos de coordenações institucionais, todavia, sempre em torno de uma nova liderança. Ou seja: não há centralidade de Igreja, como se vivencia com a católica. São grupos que se unem em torno de temas, rituais comuns ou mesmo interesses, mas dispersos e relativamente autônomos uns dos outros.
As igrejas evangélicas estão espalhadas e contam com uma capilaridade imensa. Mas fragmentada. Talvez aqui encontremos um primeiro desafio: como coordenar uma ação contra-hegemônica em um grupo que é, desde sua origem, internamente rachado e já aguardando a próxima divisão? A Teologia da Libertação contava com uma instituição fortalecida, com mecanismos explícitos, hierarquia bem definida e proximidade entre os atores, que regularmente acabavam tendo que se reunir de alguma maneira. As igrejas evangélicas não tem nem padrão comum na formação de suas lideranças – aliás, por vezes, sem qualquer formação. Temos mais um ponto: a disparidade de acesso a educação formal, recursos formativos ou mesmo algum padrão de preparação de lideranças entre pastores e pastoras (nas comunidades em que existam mulheres com esse cargo). Sem centralidade institucional, sem organização na formação das lideranças – que operam, em geral, por sua capacidade de exercer carisma, ou seja, uma relação ainda mais orgânica.
Isto posto, comparando essas trajetórias, dos muitos apontamentos possíveis, gostaria de destacar dois desafios e duas perspectivas:
O primeiro desafio é como coordenar e aglutinar pessoas que dentro das comunidades evangélicas pretendam se posicionar ou já estejam posicionadas em outra chave que não a reacionária e conservadora atual. A primeira saída pensada poderia ser a de abrir uma nova instituição, para que essas pessoas se reúnam. Contudo, seria a repetição de mais um padrão comum da formação de comunidades evangélicas, em mais uma subdivisão que não necessariamente ganha visibilidade ou tenha a capacidade de aglutinar distintos indivíduos de tradições e comunidades distintas de lugares sociais e territoriais completamente diferentes. Uma nova igreja acrescentaria apenas mais uma pequena comunidade evangélica no meio de outras;
O segundo desafio é pensar como superar a relação carismática de dependência de uma liderança. Não que não se deva ter lideranças. Pelo contrário, não existiu nenhum processo histórico transformador ou revolucionário que não tenha se firmado na figura de uma ou duas grandes lideranças. A questão é que a individualização do processo repete mais um padrão da formação institucional fragmentária. Líderes que se pretendam lançar novas comunidades as fazem não sob uma coordenação institucional e minimamente sistematizada de um coletivo, mas no dom de trabalhar, no caso hipotético, questões progressistas que atendam um novo nicho de fieis. Como sistematizar um conteúdo comum com lideranças fragmentadas?
Com isso quero destacar que existiam estruturas mínimas para que a Teologia da Libertação produzisse efeitos e conteúdos que não se reduziam a uma ou outra liderança, uma ou outra comunidade, mas a um coletivo e organização institucional que não apagou as individualidades, e sim as posicionou a partir de uma perspectiva e projeto comum: a própria Teologia da Libertação.
Todavia, há uma brecha para uma produção teológica vanguardista no meio evangélico. Ao passo que a falta de centralidade impede maior atuação coordenada sob um projeto político comum, ela revela uma maior fragilidade do controle dessas instituições com respeito à flutuação de seus membros: eles optam por “mudar de igreja”. Isso indica, na verdade, que o sujeito tem maior autonomia para procurar uma comunidade que atenda melhor suas necessidades ou demandas em determinado tempo. Em torno de parte dessas necessidades que os rachas internos se instauram e aglutinam novos grupos religiosos, atendendo demandas que a anterior não cumpria. Há, na verdade, circulação de membros, que alternam as comunidades que frequentam de tempos em tempos. No hiato entre o que a comunidade oferece e o papel que ela não tem cumprido, existe uma possibilidade de denúncia interna, de crítica, que pode dispor de uma necessidade que exija mudanças religiosas.
A segunda brecha é a origem popular e periférica das comunidades evangélicas, em especial as pentecostais. Diferentemente da Igreja católica que na Teologia da Libertação teve de enfrentar sua opulência e os privilégios do clero para se aproximar da realidade do povo latino-americano, as igrejas evangélicas nascem na realidade popular e se mantém, nas periferias e rincões do país, organizada e coordenadas por pessoas da classe trabalhadora, muitas vezes empobrecidas, batalhadoras comuns. É uma organização propriamente popular, que se encontra regularmente, produtora de laços sociais e muitas vezes o único “serviço” público próximo às casas das pessoas socialmente excluídas – capaz de garantir algum apoio financeiro, mantimentos e encaminhamentos para algum auxílio social, mesmo que voluntário e amador.
De todo modo, pensar a história de uma experiência social exitosa permite que procuremos elementos que nos auxiliem em nossas ações, tomadas de decisão e organizações sociais. A Teologia da Libertação, no caso, disputou um território conservador, constituidor do próprio status quo de seu tempo, e foi capaz de produzir um fenômeno social com efeitos duradouros. As igrejas evangélicas também são territórios de disputa, e se temos o intuito de desenvolver um projeto popular, temos que estar com o povo e partir dele. E ele é cada vez mais evangélico.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Decreto bolivariano dos sovietes petistas endossado por evangelicos ingenuos (draft de julho de 2014)

Nota em 24/02/2015: A matéria abaixo é de julho de 2014, pouco depois que se desatou a polêmica em torno desse infame decreto, que aliás ainda não foi rechaçado como deveria.
Ainda vai ser, estou certo.
Paulo Roberto de Almeida

Decreto bolivariano dos sovietes petistas endossado por evangelicos ingenuos
Duas hipóteses: ou eles são aliados objetivos dos petistas, em seus propósitos ditatoriais -- e portanto estão agindo de má-fé, mentindo para seus filiados -- ou eles são sumamente ingênuos, achando que, se a política brasileira vai ser determinada a partir das bases, e não da representação parlamentar, ou seja, democracia "direta" e não representativa, os movimentos sociais evangélicos poderão prevalecer sobre os sovietes gramscianos dos petistas totalitários.
Num e noutro caso, é extremamente grave, e o Brasil pode estar no limiar de consolidar um fascismo corporativo, dominado por um partido totalitário, e seus movimentos amestrados, que vão nos levar próximos de cenários orwellianos, administrados não pelo Big Brother, mas pela Máfia, stricto et lato sensi. Os mafiosos vão continuar a expropriar capitalistas, comprar as massas com suas esmolas demagógicas (e mantendo esse curral eleitoral) e intimidando todos os opositores, com métodos de Al Capone.
Em qualquer hipótese, o Brasil parece ter embarcado num cenário extremamente negativo para a democracia e as liberdades, um cenário sombrio, que já é medíocre no plano econômico, e que vai revelar-se lamentável na frente política e social.
Os democratas e amantes das liberdades devem preocupar-se com esse tipo de desenvolvimento...
Paulo Roberto de Almeida

Postado Por: Marcos Paulo Goes

Numa campanha de pressão sobre os deputados e senadores, cada um deles recebeu, nesta primeira semana de julho de 2014, um e-mail contendo manifesto assinado por diversos pastores e líderes evangélicos conhecidos. O manifesto, que tem a intenção de representar a vontade da maioria dos evangélicos do Brasil, dá apoio total ao Decreto 8.243/2014, assinado pela presidente Dilma Rousseff e que foi classificado pelo colunista da revista Veja, Reinaldo Azevedo como um golpe que extingue a democracia no Brasil.

Apesar da grave ameaça, o decreto de Dilma está sendo apoiado pelo manifesto evangélico que foi assinado por Ariovaldo Ramos e representantes de várias entidades evangélicas, inclusive Visão Mundial, CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), Igreja Presbiteriana do Brasil, Editora Ultimato, RENAS, Aliança Bíblica Universitária do Brasil, Rede FALE, Rede Social de Negras e Negros Cristãos e outros. Os nomes completos dos assinantes encontram-se no final deste artigo.

Pelo que indicou o site do jornalista esquerdista Luís Nassif, membros desse grupo estiveram com o ministro Gilberto Carvalho em 24 de junho, para dar apoio ao decreto ditatorial de Dilma. O texto deles acabou virando o manifesto que foi enviado a todo o Congresso Nacional em nome dos evangélicos.

De acordo com denúncia do Dep. Arolde de Oliveira, o decreto ditatorial é um projeto sob o comando de Gilberto Carvalho, que conta até mesmo com a assessoria direta de um teólogo presbiteriano da linha da Teologia da Missão Integral. O teólogo, Alexandre Brasil, é responsável por aproximar as igrejas evangélicas dos objetivos estratégicos do PT.

Numa nota pública que mencionou que o decreto foi assinado na surdina pela presidente Dilma, o Dep. Aroldedisse:

“Isso ameaça a democracia. É o começo de uma ditadura. Essa medida foi feita de maneira similar na Rússia, conhecido como os Conselhos Soviets, em Cuba, na China e também na Venezuela… Cria os conselhos populares usurpando dos representantes legítimos do povo o direito de legislar. É complicado e perigoso. É o grande projeto do PT para amordaçar a Nação, comandado pelo segundo homem mais forte do partido, depois do Lula, que é o Gilberto Carvalho, comunista de carteirinha.”

Ariovaldo Ramos assina o manifesto como representante do EPJ (Evangélicos Pela Justiça), que de forma prática substitui o MEP (Movimento Evangélico Progressista), fundado pelo bispo marxista Robinson Cavalcanti.

Não é de estranhar que Ariovaldo encabece um manifesto reivindicando uma ditadura socialista. Ele já chegou a declarar que por causa do ditador socialista Hugo Chávez, “o mundo ficou melhor.” Ele agora quer para o Brasil a mesma “melhora” que Chávez deu na Venezuela?

Muitos dos que assinaram com ele, inclusive a revista Ultimato, também haviam se juntado num manifesto semelhante um ano atrás contra a presença do Dep. Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, por causa das posturas dele contra o aborto e a agenda gay. A linha desses líderes evangélicos, que seguem a Teologia da Missão Integral, é fazer oposição a evangélicos com posturas conservadoras e dar ao PT e outros partidos esquerdistas apoio evangélico para suas metas ditatoriais.

Aliás, o CONIC, que também endossa o atual decreto ditatorial de Dilma, chegou ao cúmulo de fazer ummanifesto a favor do infame PLC 122 no ano passado.

Todo esse esforço de Ariovaldo Ramos & Cia. apoiando ou fazendo vista grossa a ditaduras socialistas ou campanhas para implantá-las é movido pela Teologia da Missão Integral, que supostamente tem mais preocupação com os pobres do que o próprio Evangelho de Jesus Cristo.

Abaixo, transcrevo, conforme me foi enviado hoje oficialmente pela Frente Parlamentar Evangélica, o manifesto mandado a todos os parlamentares do Congresso Nacional.

De: Particição Social Manifesto [mailto:manifesto.pnps@gmail.com
Enviada em: terça-feira, 1 de julho de 2014 16:27

Assunto: EVANGÉLICOS DIVULGAM CARTA DE APOIO Á POLÍTICA NACIONAL DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Prezados deputados e deputadas,

Durante o evento Arena de Participação Social, de 21 a 23 de maio, a Presidência da República lançou a Política Nacional de Participação Social (PNPS), através do Decreto 8.243/2014. Causou estranheza a muitos de nós que temos participado de espaços formais de participação há décadas as tantas manifestações contrárias à PNPS que foram verbalizadas por alguns senadores desta casa. Pastores e lideranças evangélicas comprometidas com as diferentes formas de participação social viemos nos manifestar publicamente sobre tal decreto.

Sem Participação Não Há Democracia!

A capacidade do homem para praticar a justiça torna a democracia possível; mas a inclinação do homem para a injustiça torna a democracia necessária. Reinhold Niebuhr
Nós, membros de diferentes igrejas e organizações cristãs que temos participado de diversos espaços de participação social nas últimas décadas, nos posicionamos em favor do Decreto 8.243/2014 que regulamenta a Política Nacional de Participação Social (PNPS). Consideramos esta regulamentação um importante passo no sentido de institucionalizar a participação social como procedimento de governo. Acreditamos que a democracia brasileira é aperfeiçoada com a garantia da utilização dos mecanismos de participação da sociedade civil na construção de políticas públicas em toda a administração pública federal, conforme define o decreto, proporcionando assim a permanente interação e diálogo entre o poder público e a cidadania tanto na definição das prioridades e critérios na elaboração das políticas como na sua prestação de contas.
É preciso lembrar que a democratização do processo de construção das políticas públicas no Brasil não é nova, e que se constituiu através das demandas da própria sociedade brasileira nas suas lutas democráticas. A Constituição de 1988 veio, por sua vez, consagrar instrumentos de democracia participativa que garante aos cidadãos e cidadãs brasileiros a possibilidade de participação direta.
Nos últimos anos vimos o uso mais regular e sistematizado de diferentes mecanismos de participação social como as conferências e conselhos, além de audiências e mais recentemente as plataformas online, o que corrobora que a sociedade brasileira se apropria cada vez mais dos processos de formulação de políticas públicas no período pós-redemocratização.
Em consonância com esta participação nos mecanismos institucionais, a sociedade brasileira vem demonstrando também recentemente, como nas Jornadas de Junho, que deseja mudanças reais e profundas que levem nosso país a superar problemas estruturais como a desigualdade, a falta de ética na política e transparência na gestão pública, o acesso a serviços sociais básicos etc.
Por isso, surpreende-nos que alguns setores da sociedade brasileira, incluindo lideranças evangélicas, não percebam que a Política Nacional de Participação Social (PNPS) amplia a capacidade da sociedade de incidir para garantir políticas públicas que sejam efetivas.
Afirmamos que a democracia se faz e se constrói no dia a dia com a participação da sociedade civil. Como cristãos e cristãs de diferentes igrejas e organizações que têm contribuído para o fortalecimento de nossa democracia através de diferentes formas de participação social, nos comprometemos e declaramos que não vamos abrir mão dessa prerrogativa assim como continuaremos lutando para que o Estado brasileiro seja cada vez mais democratizado para que atenda aos ideais de dignidade humana, justiça, liberdade e solidariedade, valores evangélicos que decidimos encarnar.
Assinam:
Pr. Ariovaldo Ramos dos Santos, EPJ- Evangélicos Pela Justiça, CONSEA - Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional.
Pr. Welinton Pereira da Silva, secretário nacional do Fórum Nacional dos Direitos da Criança e Adolescente, Visão Mundial.
Pra. Romi Márcia Bencke, CONIC, Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa.
Pr. Christian Gillis, Igreja Batista - Belo Horizonte.
Pra. Lusmarina Campos Garcia, Conselho de Igrejas Cristãs do Estado do Rio de Janeir - CONIC-Rio.
Rev. Helio Sales Rios, IPB e SINPRO-ABC, CONTEE.
Klênia César Fassoni, Editora Ultimato, Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente.
Daniela Frozi, RENAS, Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional.
Márcia Brandão Rodrigues Aguilar, Aliança Bíblica Universitária do Brasil, Conselho Nacional de Juventude (2009-2011).
Flávio Conrado, Visão Mundial, Diálogos Sociais sobre Rio+20 e Agenda Pós-2015.
Caio Marçal, Rede FALE e Igreja Batista da Redenção (MG), Conselho Nacional de Juventude (2008).
Hiranildes Valentina Lobo, PIB em Santo Hilário, Conferencia Municipal de Mulheres.
Tábata Mori, Igreja Presbiteriana, Conferência de PP de Juventude.
Maria do Carmo Barros de Carvalho, Comunidade Evangélica Vale da Benção em São Roque, CMAS e 3 conferências do mesmo.
Aldo Cardoso, EPJ - Evangélicos pela Justiça, CONSOCIAL.
Ana Maria F. S. de G. Santos, Federação Brasileira de Direitos Humanos, 13º Congresso da ONU sobre Prevenção do Crime e Justiça Criminal.
Gerhard Fuchs, RENAS - Rede Evangélica Nacional de Ação Social, CEDECA-PR.
Emerson Meira da Silva, SINPRO-ABC, CONAE – 2014.
David Fehrmann, Tree of Life, REPAS.
Sueli Catarina de Carvalho, Visão Mundial, Fórum Estadual de Direitos da Criança e do Adolescente do Rio de Janeiro.
Mauri de Carvalho Braga, ISJB/CESAM MG.
Pr. Clemir Fernandes, RENAS.
Rafael Simões Vaillant, Igreja Batista em Guarapari, Conferência Municipal de Educação.
Pr. Reinaldo Vieira Lima Junior, Primeira Igreja Batista em São Paulo, Conferência do Estado de São Paulo sobre Políticas Públicas de Juventude.
Alexandre de Oliveira Demidoff, AGU.
Hernani Francisco da Silva, Afrokut - Rede Social de Negras e Negros Cristãos, Direitos Humanos.
Renan Porto, Rede FALE, 4ª Conferência Municipal de Juventude de Uberaba-MG.
Anivaldo Padilha, Koinonia.
José Carlos Oliveira Costa, Sinpro-ABC.
Luciney Coutinho Luz, Igreja Batista da Graça, Assistência Social.
Ana Elizabete Barreira Machado, Aliança Bíblica Universitária do Brasil, Conselho Nacional de Juventude – CONJUVE.
Luiz Claudio Oliveira dos Santos, PIB Ponto Chic, Conferência de juventudes.
André Luiz da Silva, Cívico, Conferência de Transparência e Controle Social.
Bruno de Souza Ferreira, Igreja Presbiteriana do Brasil.