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sábado, 23 de janeiro de 2021

As FFAA ainda não se libertaram de sua inclinação autoritária - Roberto Amaral

 Não concordo com vários argumentos do articulista, nem com o tom geral do artigo, mas cabe-me defender explicitamente a LIBERDADE DE IMPRENSA contra novos arreganhos autoritários dos militares. Eles ainda não aprenderam a conviver com a democracia plena, que inclui o direito de crítica, e AINDA DEVEM, ao povo, mas sobretudo à História, DESCULPAS PELOS CRIMES que cometeram contra os Direitos Humanos e à Democracia em diversos episódios passados. Enquanto não o fizerem, serão sempre devedores da nação.

Paulo Roberto de Almeida

Os militares, seus crimes e a tentação autoritária

Roberto Amaral

O  general comandante do exército não gostou do artigo _“Na pandemia, exército volta a matar brasileiros”_, de Luiz Fernando Viana, (Época. 17.1.2021) e mandou o general chefe do centro de comunicação social do exército responder à revista. O subordinado cumpre à risca o mandato do chefe, e, no melhor (embora canhestro) estilo do velho e expurgado florianismo, ou lembrando os tempos do grotesco marechal Hermes da Fonseca, mais que  defender a corporação, supostamente injuriada,   desanca o jornalista acusado de blasfêmia e tenta intimidar a revista, ou seja, investe contra a  liberdade de imprensa: _“(...) o Exército Brasileiro exige imediata e explícita retratação dessa publicação, de modo a que a Revista Época afaste qualquer desconfiança de cumplicidade com a conduta repugnante do autor e de haver-se transformado em mero panfleto tendencioso e inconsequente”_.  O segundo general, por força do hábito, certamente,  se expressa como se estivesse dando ordem a um subordinado. Ora, senhor, não existe "imediata retratação" na democracia: o general comandante  que busque na Justiça uma possível reparação, nos termos da lei, como qualquer cidadão pode buscar. Agora, conjecturemos. E se a revista não for  acometida de medo e pusilanimidade, que farão os dois generais? Se tal é a pena que pesa como espada de Dâmocles sobre o periódico, que estará  reservado ao articulista? Fosse nos idos do Estado Novo,  ditadura imposta ao país pelas tropas do ministro da guerra, general Eurico Gaspar Dutra, os militares fechariam a revista e o coronel Filinto Muller prenderia o jornalista nas enxovias do DOPS no Rio de Janeiro. Nos idos da ditadura de 1964, os  fardados cassariam os direitos políticos do articulista e o confinariam em Fernando de Noronha, como fizeram com Hélio Fernandes. Mas que fazer agora, quando o regime ainda é o democrático e constitucional? Ameaçam a livre expressão de pensamento, princípio das democracias ocidentais incorporado à nossa ordem constitucional como direito fundamental desde o primeiro texto republicano. Renunciam ao direito de resposta, que implica a contestação do articulado, e ingressam no campo fácil das ameaças e da intimidação, artifício aliás muito cômodo, embora cediço, para quem pode usar a espada como último argumento.

Em síntese: além de arrogantes, os dois generais atentam contra a Constituição o que constitui crime, pelo qual devem ser representados pelo Ministério Público.

Mas o texto dos generais, ademais de não responder ao artigo indigitado, repito,  encerra uma série de imprecisões, ou inverdades, que,  de tanto serem repetidas, tomam foros de verdade. Comento algumas delas. Não é certo, por exemplo, que devemos nossa unidade territorial aos militares. A expansão é obra de mamelucos, negros escravizados, índios, e da ação genocida de bandeirantes saídos de São Paulo, mas saídos também da Bahia, de Pernambuco, do Maranhão, do Pará e do Amazonas. Segue-se o povoamento do sertão, obra do povo, a que se reporta Capistrano de Abreu.  A integridade territorial, por outro lado, foi obra de nordestinos, na colônia, e de gaúchos na colônia e no império em guerras que consumiram milhares de vidas.  No Império foi obra da Regência, confirmada e consolidada na república pela diplomacia do Barão do Rio Branco. 

     É verdade que nossos soldados foram para os campos da Itália, já ao final da guerra (1944), combater as tropas do Eixo, mas é igualmente verdade que fomos à guerra contra a insistente resistência dos generais Eurico Gaspar Dutra, Ministro do Exército, e do todo poderoso general Góes Monteiro, chefe do estado maior da força, como está fartamente documentado. Aliás, na reunião do ministério (27 de janeiro de 1942) que decidiu pela beligerância, a proposta foi apresentada pelo civil Getúlio Vargas, contra o parecer do ministro da Guerra.  

     De outra parte, há certas e incômodas verdades que os generais não comentam, como a “guerra do Desterro”(1894) e o “ajuste de contas” do sanguinário coronel Moreira César, como não têm uma só  palavra sobre o covarde massacre dos beatos de Antônio Conselheiro, para proteger os interesses dos latifundiários da Bahia. Ainda na República, em 1937, lembro o bombardeio do Caldeirão, no Ceará, contra os camponeses do beato Lourenço, evento esquecido à direta e à esquerda. Não sei se a marinha registra com orgulho a Revolta da Chibata, de 1916. 

     Estamos falando em fatos recentes, republicanos. Mas não foi diverso o papel do exército no império, sufocando, à custa de muito sangue, as tentativas de independência e republicanismo que caracterizaram, por exemplo a Confederação do Equador (1824), esmagada, como a Revolução Praieira (1849), com a mesma fúria que antes se abatera sobre a Revolução pernambucana de 1817 e que terminou com o fuzilamento do Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo, que passou à história como Frei Caneca e hoje é pranteado como santo e herói.

     O articulista da Época a ele não se refere, mas a historiografia séria desqualifica qualquer entusiasmo cívico diante de nosso papel na guerra do Paraguai.

      Os militares sustentaram, até a exaustão, em nome dos grandes proprietários, dois impérios, cujas bases radicavam no escravismo e na estagnação, uma das raízes do atraso de hoje. Preferiram, sempre, um país tacanho, de analfabetos e mal alimentados, de deserdados da terra, a tocar nos privilégios da classe dominante, sejam os velhos latifundiários do Império, sejam os grandes fazendeiros da primeira república, seja o empresariado rentista, improdutivo, de nossos dias.

    O progresso é visto como ameaça, pois pode desestabilizar o statu quo do mando secular.

E os militares brasileiros, a quem a nação deve outros serviços, jamais se notabilizaram na defesa da democracia. Na República a golpearam insistentemente desde as ditaduras dos marechais Deodoro da Fonseca (1889-1891) e Floriano Peixoto (1891-1894) até hoje. Vide o golpe de 1937, arquitetado por Góes Monteiro e operado por Eurico Dutra; o golpe de 1954 operado pelas três forças e que teve no general Juarez Távora um de seus comandantes, a tentativa de golpe contra as eleições de 1955 (que teve entre seus líderes o general Canrobert Pereira da Costa e o brigadeiro Eduardo Gomes); a intentona de 1961, encabeçada pelos três ministros militares e o chefe do estado maior do exército, general Cordeiro de Farias; o golpe de 1964, que nos legou 20 anos de ditadura, com seu rol de cassações de direitos políticos, prisões, torturas e assassinatos, muitos levados a cabo em dependências militares, como o assassinato de Mário Alves Alves de Souza Vieira, no quartel da polícia do exército no Rio de Janeiro, e de Stuart Angel, na base aérea do Galeão.

     Sempre na defesa da ordem (pleiteada por todos os privilegiados), dos interesses da grande propriedade da terra, da burguesia e do capital internacional, contra a emergência dos interesses populares, travando o processo histórico. 

     O fato é este: até hoje não se fizeram as reformas necessárias para transformar a nação em país soberano, como a reforma agrária pedida desde o primeiro império por José Bonifácio. Aliás, por defender “reformas de base” um presidente da República foi deposto e implantada, pelos militares, uma ditadura, pesadelo que ainda nos assombra.

      As democracias não falecem por doença congênita. Jovens ou maduras elas são assassinadas, e só há uma arma capaz de atingi-las mortalmente: a espada, seja empunhada por uma sedição,  seja por um golpe de Estado. No Brasil e no mundo o golpe de Estado é a forma que as forças dominantes dispõem para chegar ao poder evitando os percalços de eleições. Ele ou é dado diretamente pelas forças armadas, ou é levado a cabo com seu assentimento cúmplice. Mas em qualquer hipótese nenhum golpe de Estado se sustenta sem o poder militar. No Brasil ele foi agente de todos os golpes de Estado levados a cabo com sucesso. E foi ele que abriu caminho para a aventura do  capitão insidioso, e hoje lhe dá proteção. Os militares, portanto, na medida em que sustentam e participam do comando do governo, até mesmo (e com escandalosa inépcia) na administração da saúde (onde pontifica a estultice de um general da ativa), estão solidários com todos os seus erros e crimes, inclusive os de lesa-pátria, como a política externa que nos transforma em aliados subalternos do império do Norte e seus interesses. 

     Dessa obviedade histórica não podem fugir. Resta-nos supor que as forças armadas ainda conservem – porque nem todos os generais estão ocupando sinecuras no governo –  capacidade de reflexão e, antes que seja irremediavelmente tarde, revejam o papel que estão cumprindo, contra a história que pretendem representar, contra os interesses do país e de seu povo, contra a vida e a esperança.

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Roberto Amaral é escritor e ex-ministro de Ciência e Tecnologia


sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

O capitão aprendiz de feiticeiro na construção da ditadura - José Eduardo Faria

 Política 

Onde estavam os “espíritos poderosos”?

José Eduardo Faria

José Eduardo Faria é Professor Titular do Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). É professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-Direito) e um dos ganhadores do Prêmio Jabuti (Direito) em 2012, além de Prêmios Esso de Jornalismo (1974 e 1976).

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Coronéis pedem saída de Pazuello da Saúde e criticam Bolsonaro - Marcelo Godoy (OESP)

 Demorou para que os militares dessem conta que o capitão que desgoverna o país está destruindo a reputação deles, pois se trata de um psicopata perverso. As FFAA vão sair muito mal desse desgoverno.

Paulo Roberto de Almeida


Coronéis pedem saída de Pazuello da Saúde e criticam Bolsonaro

Críticos à presença de militares na Esplanada, os oficiais apontam as falhas do ministro; general não teria seguido, nem ao menos, os princípios do manual de logística

Marcelo Godoy

O Estado de S.Paulo, 21 de dezembro de 2020 | 10h00

Caro leitor,

Há militares que apoiaram Jair Bolsonaro, pois acreditavam que qualquer coisa seria melhor do que o PT. Dizem que lutavam contra a corrupção. Outros se mantiveram distantes do capitão. Após dois anos, eles veem o governo se aliando ao Centrão ou buscando, por todos os meios, livrar o filho do presidente de seu encontro com a Justiça. Há um mês, o general Francisco Mamede Brito escreveu: "O apreço entre as instituições de Estado deve se basear no ideal republicano. Subserviência, fisiologismo e corporativismo não fazem parte desse ideiário". Não são apenas oficiais generais, como Santos Cruz, Brito e Sérgio Ferolla que apontam o dedo para o governo. Há também coronéis. Dois deles se destacam: Marcelo Pimentel Jorge de Souza e Péricles da Cunha.

O primeiro é um artilheiro que sempre se recusou a apoiar Bolsonaro por julgá-lo - a exemplo de tantos generais do passado - um mau militar. Suas críticas vão além do presidente. Ele aponta para o grupo de militares que esteve por trás da campanha do capitão. O coronel tem o hábito de fustigar os militares bolsonaristas lembrando-lhes os documentos que alguns parecem esquecer: o Estatuto dos Militares e a Constituição. Pode ser que o acusem de ser esquerdista, como a tantos outros que ousaram criticar Bolsonaro - de banqueiros ao (pasmem!), general Rocha Paiva. Mas essa é uma tarefa difícil quando o discurso do militar lembra o de Ruy Barbosa, ao pedir, em 1893, que fosse construída "a mais alta muralha" entre o Exército e a política.

Ele se diferencia dos generais que se hoje se opõem ao capitão por ter posto cera nos ouvidos e nunca ter cedido ao canto bolsonarista que encantara tantos colegas que hoje ocupam cargos civis na Esplanada. Insiste na necessidade da preservação da neutralidade, da isenção e do apartidarismo como valores fundamentais da instituição militar e dos militares, que se veem ameaçados pela adesão atabalhoada de colegas ao governo de um presidente que acha bonito dar ao seu povo o exemplo de não se vacinar contra uma doença que já matou 186 mil compatriotas. Estivesse ainda em um quartel, o capitão seria enquadrado em razão da fanfarronice.

"Em tese, ele (Bolsonaro) poderia ser alvo de impeachment", disse o coronel à coluna, após avaliar o comportamento presidencial diante da pandemia. Recentemente, Marcelo Pìmentel escreveu um texto no qual avaliou a atuação do ministro da Saúde, o general Pazuello. Em O Logístico que não segue o Manual, o coronel  afirma: "O Manual de Logística do Exército Brasileiro é a 'bíblia' do oficial de logística, de cadete a general. Seja de intendência, de material bélico, artilharia, infantaria ou qualquer outra arma, o oficial que planeja apoio logístico - sempre uma atividade-meio e sempre fundamental - deve tê-lo bem estudado!"

O coronel prossegue afirmando que a "única razão alegada pelo governo para que o general forças especiais (Pazuello), da ativa, oriundo do Serviço de Intendência, seja ministro da Saúde durante a pandemia, em vez de médicos ou políticos, é sua 'enorme capacidade logística'". O manual EB70-MC-10-238 deveria estar, segundo ele,  na cabeceira do gênio da logística que comanda a Saúde do País para as operações de prevenção, tratamento e imunização da covid-19. "Diz o manual em seu capítulo 5: O planejamento logístico na Força Terrestre deve atender às seguintes características:

Ser exequível, adequando-se às limitações de tempo e espaço, quanto à ação e de quantidade e qualidade, quanto aos meios (próprios ou contratados) e ou passíveis de mobilização; antecipar-se às necessidades de apoio ao longo da operação, de modo a garantir sua validade para o futuro. Essa antecipação será tanto maior quanto mais complexo for o problema militar a resolver com a operação; ser flexível, de modo a permitir a introdução de ajustes na sua execução, possibilitando soluções alternativas quando se evidencia uma impossibilidade do atendimento do apoio requerido; integrar-se aos planejamentos dos níveis estratégico e operacional, de maneira a possibilitar interação entre os vetores envolvidos, melhor aproveitamento das capacidades logísticas e direcionamento do esforço para atingir o Estado Final Desejado; e ser simples, de modo que os planos e ordens logísticas sejam de fácil entendimento pelos elementos envolvidos na sua execução, diminuindo o risco de confusão quanto aos resultados desejados."

Depois de citar esse logo trecho do manual, o coronel faz seis perguntas: "Você acha que esses princípios - exequibilidade, flexibilidade, antecipação, integração e simplicidade - estão sendo seguidos pelo 'papa' da logística, quando se aposta em uma única vacina com transferência de tecnologia para fabricação nacional (Oxford), em vez de se investir em convênios com outras empresas ou países para criar alternativas? Se milhões de testes próximos às datas de vencimento são esquecidos nos depósitos controlados pelo ministério? Se há falta de integração, de diálogo e bom relacionamento com governadores (é o nível político em que um ministro deve atuar), e do levantamento de necessidades à concentração e união de esforços? Se faltam informações substanciais, há divulgação de dados confusos, um vai-e-vem de decisões, 'ordens e contra-ordens' sobre quase tudo que diz respeito às ações governamentais, do fornecimento de insumos, passando pela divulgação de dados sobre mortos e casos ao plano de imunização? Se há atraso no levantamento de necessidades de seringas e dos processos de aquisição e fabricação desse e de outros insumos para execução da imunização? Se há investimento em tratamentos cientificamente questionáveis, como a hidroxicloroquina e vermífugos?"

E conclui: "Você acha que o 'logístico' está seguindo o manual de logística? Eu acho que não! Logo, pede pra sair...Pazuello!" Diante das críticas contra o negacionismo de Pazuello e Bolsonaro, o coronel escreveu: "Boa parte da sociedade está percebendo. Nenhum de nós, que vestimos fardas, se incomoda? Nenhum de nós, vendo esse tipo de exposição, se põe a refletir, além do argumento fácil a 'culpa é da imprensa'?" À coluna, o coronel afirmou achar o impeachment "o que de pior poderia acontecer para o Brasil". "Estou seguro de  que (Rodrigo) Maia sabe disso, e a oposição que tem juízo também. Bolsonaro não é Trump, mas pode e deve ser derrotado nas urnas. Ele e o partido militar, que não é o Partido Republicano."

Outro coronel crítico a Bolsonaro é Péricles Cunha. Em 1988, por escrever um artigo sobre o governo de José Sarney, Péricles pegou 15 dias de prisão. Participou nos anos 1990 da miríade de grupos de militares da reserva, como mostrou em sua dissertação de mestrado, na Universidade Federal Fluminense, o cientista político Eduardo Heleno de Jesus Santos (Extrema-direita, volver!). Em 1991, Péricles foi defendido pelo general Octavio Pereira da Costa, no artigo Entre Péricles e Sócrates, publicado no Jornal do Brasil: "Primeiro, não resisto em formular esta melancólica interrogação, com base na eleição do nosso Meneguelli militar (Jair Bolsonaro): Será que os militares, cansados de tentar salvar a Pátria, estariam procurando salvar-se a si mesmos?"

Após elogiar Péricles, o general seguiu com Bolsonaro: "Não cometeria a injustiça de glosar que já não se fazem capitães como antigamente, porque tenho certeza de que existem, por aí, em todos os quartéis, centenas de capitães, profissionalmente cada vez mais competentes, silenciosos, dignos e responsáveis". Péricles, que é crítico a Lula e a Bolsonaro e defende uma terceira via, parece vacinado contra os que usam o Exécrito e os camaradas como biombo para seus erros. Ele escreveu: "Se o despreparo do general intendente no Ministério da Saúde equivalesse ao do Exército, a Bolívia poderia conseguir sua saída para o mar. Pelo Atlântico."

E isso antes de Bolsonaro dizer, no fim de semana: “A pandemia, realmente, está chegando ao fim. Temos uma pequena ascensão agora, que chamo de pequeno repique, que pode acontecer, mas a pressa da vacina não se justifica.” Essa postura do presidente e de seu ministro causam desconforto no tenente-brigadeiro Sérgio Xavier Ferolla, ex-presidente do Superior Tribunal Militar de Justiça, ex-diretor do Centro Tecnológico da Aeronáutica e da Escola Superior de Guerra. Homem vinculado à ciência, ele escreveu que o governo Bolsonaro "infelizmente, por deturpação ideológica e incompetência, reprime a correta manifestação de cientistas".

Ferolla conheceu o brigadeiro Casimiro Montenegro Filho, o homem que fundou o Instituto Tecnológico da Aeronáutica e o CTA. Ao ser questionado sobre como acredita que Montenegro veria a atuação de Pazuello na  Saúde, Ferolla respondeu: "Com desgosto profundo". Eis um sentimento que parece dominar as manifestações desses oficiais: desgosto. Sente-no ao verem as Forças Armadas arrastadas para o abismo de quem acha que a ânsia de muitos por se vacinar não se justifica. De quem cria fantasias para insinuar que seus adversários políticos são desonestos, como forma de justificar a incompetência para proteger a vida dos compatriotas. O descrédito que o bolsonarismo fomenta sobre as vacinas, combinado com o arrivismo que despreza a vida alheia, arrisca levar dezenas de milhares de brasileiro ao túmulo antes do fim da pandemia. E não será apenas "de desgosto".


sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Mini-reflexão sobre o papel (ainda confuso) dos militares na política brasileira - Paulo Roberto de Almeida

 Mini-reflexão sobre o papel (ainda confuso) dos militares na política brasileira

Paulo Roberto de Almeida


A decisão dos militares de apoiar o capitão, em sua aventura muito acima do “Peter principle”, foi tomada lá atrás, pelo efeito combinado das manifestações de 2013, das eleições de 2014, da crise econômica de 2015, do impeachment de 2016, das operações da Lava Jato em 2017, das hesitações no STF em 2018 e depois sobre as prisões de corruptos de gravata, e de conversas mantidas nos altos comandos em todos esses anos. 

O cálculo deles era outro: controlar o pior militar que já tiveram em suas fileiras e que hesitaram em punir da forma devida, por vergonha e espírito corporativo.

Mas, não se lembraram da famosa Lei de Murphy, neste caso com efeitos exacerbados.

Na verdade, os militares se revelaram aprendizes de feiticeiro, mas ainda não decidiram fazer o que já deveriam ter feito desde o primeiro dia, ou seja, a total desvinculação.

Preferiram as prebendas corporativas e as vantagens individuais: ganharam (e muitos: 6 mil?, ainda ganham), mas com isso diminuiram o respeito que a sociedade lhes estava atribuindo, depois dos crimes cometidos durante a ditadura, que ainda não reconheceram explicitamente.

Vai chegar: tudo no Brasil caminha muito lentamente. 

Demoramos 50 anos para abolir o tráfico e 80 para a eliminação, apenas formalmente, da mancha infame da escravidão, ainda não eliminada totalmente das consciências. 

Mais grave: ainda não conseguimos montar e manter um sistema público de educação de massa de boa qualidade.

Querem atraso maior do que este?

Paulo Roberto de Almeida


quarta-feira, 11 de novembro de 2020

General Villas Bôas vira muro das lamentações de militares contra Bolsonaro - Vicente Nunes (Correio Braziliense)

 Os militares, individualmente, e a corporação, como FFAA, estão começando a perceber que entraram numa fria, ou numa roubada, ao apoiarem um medíocre tresloucado, um degenerado perverso, quase um psicopata. Agora não adianta reclamar, pois deveriam ter percebido antes. Mas foram seduzidos, tanto corporativamente, com vantagens para as FFAA, quanto individualmente, com prebendas e generosos e altos ganhos para os oportunistas. Vão pagar um preço, em credibilidade e respeito da sociedade, mas os indivíduos não estão ligando para isso, apenas focados em seus ganhos. A corporação vai perder.

Paulo Roberto de Almeida

FOTO: ED ALVES/CB/DA.PRESS

General Villas Bôas vira muro das lamentações de militares contra Bolsonaro

Publicado em Economia

Os militares que deram suporte à eleição do presidente Jair Bolsonaro — vários deles foram expelidos do Palácio do Planalto — elegeram o general Villas Bôas como muro das lamentações contra o chefe do Executivo.

 

Referência para a caserna, Villas Bôas é visto como um dos poucos que ainda conseguem colocar um freio em Bolsonaro, que está cada vez mais tresloucado diante da possibilidade real de o Ministério Público pegar o filho 01, o senador Flávio Bolsonaro, por causa das rachadinhas, e de se construírem candidaturas que possam lhe apear do poder.

 

Para os queixosos, o presidente da República está metendo os pés pelas mãos ao destruir o pouco da credibilidade que resta ao governo, transformar os militares em motivo de chacota, deixar a economia flertar com uma perigosa volta da inflação e atentar contra a saúde pública ao desqualificar a vacinação contra a covid-19.

 

Por enquanto, a determinação é de que apenas os militares que deixaram o governo, mas têm trânsito livre com Villas Bôas, critiquem o presidente da República. São os casos dos generais Santos Cruz e Rêgo Barros. Mas o coro vai engrossar caso Bolsonaro mantenha o comportamento descontrolado.

 

Dentro dessa estratégia, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, foi aconselhado a não partir para o confronto público com Bolsonaro. Mas quem conhece o vice sabe o quanto isso está custando para ele. O general e o presidente mal se falam há mais de uma semana.

 

Vicente Nunes

Repórter há 33 anos. Não dispensa a boa informação. Está no Correio Braziliense desde 2000. Tem passagens pelo Jornal do Comércio, O Globo, Jornal do Brasil, Estado de S. Paulo e Gazeta Mercantil. Tem três prêmios Esso de Jornalismo Econômico (2009/ 2014/ 2015).

Brasília, 13h07min


quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Militares e Política no Brasil (1964-2020) - Curso online Prof. Ricardo Lobato, a partir de 3/11/2020

O Prof. Msc. Ricardo Lobato ministrará, a partir do próximo dia 3 de novembro, o curso de extensão

Militares e Política no Brasil (1964-2020).


O curso será ON-LINE, com 9 encontros AO VIVO (18h/a), às terças e quintas, das 20h30 às 22h30.

Informações adicionais, como o conteúdo programático completo, podem ser consultadas no site da ABCD.

Link para inscrição: 

terça-feira, 6 de outubro de 2020

General Heleno "dipromata": Bolsonaro e os militares - Marcelo Godoy (OESP)

BOLSONARO E OS MILITARES

Heleno chefia contra-ataque bolsonarista no meio ambiente e na diplomacia

Depois de defender ações contra o Congresso, o ministro do GSI agora concentra seus ataques aos críticos da política ambiental do governo

Marcelo Godoy, O Estado de S.Paulo, 05 de outubro de 2020 | 09h05

 

Caro leitor,

Após dois anos de governo, Jair Bolsonaro criou uma base no Congresso. Parece ter compreendido como lidar com o Supremo Tribunal Federal, depois de integrantes do bolsonarismo terem defendido um putsch, que seus expoentes designavam como "intervenção militar", para fechar o tribunal e o Parlamento, silenciar a oposição e defender as boquinhas no governo. Se o presidente pôs cera nos ouvidos para não ouvir o canto dos blogueiros inconformados, só o tempo dirá. Só o tempo dirá se trocou o uso da força pela força da cooptação de adversários.

Bolsonaro pode obter sua détente, mas não significa que tenha abandonado sua guerra fria. Como diz Spinoza em seu Tratado Político, "a paz não consiste na ausência da guerra, mas na união das almas, isto é, na concórdia". Esta o bolsonarismo parece ser incapaz de construir. A começar dentro do próprio governo, como mostram Paulo GuedesRogério MarinhoSérgio MoroLuiz MandettaSantos Cruz etc. O problema é anterior à paz armada com as outras instituições da República. Ele surge não apenas quando há desorganização e ausência de etiqueta no Planalto, mas também quando não se compreende a liberdade.

Bolsonaro já esbravejou em reuniões contra a falta de unidade de princípios e atropelos de ministros. Em governos organizados, somente o presidente da República manifesta-se sobre os mais variados temas. Mas alguns dos generais do Planalto parecem desconhecer a subordinação ao presidente ou acham suas estrelas mais reluzentes do que as do capitão. Isso já foi percebido por oficiais ouvidos pela coluna. Não se trata aqui apenas daquele que não pode ser demitido, por ser o vice-presidente da República.

Para esses militares, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, como assessor do presidente não deveria expressar opiniões sobre temas que não são de sua responsabilidade no governo, como o Meio Ambiente. Ou será que Ricardo Salles – goste-se ou não dele – não é o responsável pela área, ainda que sob a vigilância de outro general, Hamilton Mourão, e seu Conselho da Amazônia? Ora, qualquer general chamaria de desleal a ação de um hipotético comandante militar da Amazônia que resolvesse dar palpites públicos sobre o Comando Militar do Sul.

Por que então Heleno se comporta de forma diferente no governo? Por que deixou os padrões militares para trás para adotar os da política? Ou será que Heleno ocupará o papel de ideólogo de seu grupo, antes reservado a Olavo de Carvalho? Foi para o canal do YouTube de Eduardo Bolsonaro, o filho do presidente que acredita que sua propaganda substitui o jornalismo independente, que o ministro do GSI resolveu dizer que o governo ainda não teve tempo para executar a sua política para a Amazônia. E as pessoas de bom senso podem imaginar o que isso significa, quando o general afirma que a floresta tropical suporta "maus tratos".

"Nós sabemos exatamente o que temos de fazer na Amazônia brasileira e no Pantanal, só que não houve tempo ainda de colocar em prática, de colocar gente para fazer isso", diz Heleno. Mas o governo não mudou normas e regulamentos na área, impediu a queima de máquinas de garimpeiros, passou quase dois anos afastando fiscais e punindo quem tentava coibir a desordem e foi acusado de leniência com madeireiros ilegais, garimpeiros, grileiros, enfim, com desmatadores e incendiários de toda ordem para pôr a culpa do que acontece na floresta e no pantanal em ONGs, índios e caboclos? Quem planta ideologia colhe incêndios.   

Mas não é isso o que pensa Heleno. Ele prefere pôr a culpa nos governos da Nova República, os tais 40 anos de intervalo entre o reino dos militares e a redenção bolsonarista. O sorridente Heleno se transforma no Bandarra do bolsonarismo, levando aos seus compatriotas a miragem de um Quinto Império. Em vez de d. Sebastião, oferece ao povo a figura de Jair Bolsonaro. Diz o ministro: "Nós temos 80% da cobertura florestal da Amazônia preservada. A Europa tinha 7%, hoje tem 0,1%. Mas agora ganharam a condição de nos criticar diariamente, nós somos os 'grandes vilões' do meio ambiente no mundo." 

Às ameaças dos anos 1970, o Movimento Comunista Internacional e as ONGs a serviço de poderes estrangeiros, Heleno acrescenta potências europeias que cobiçam nossas riquezas. O Bandarra do governo, que já foi o tradutor-mór de Bolsonaro, adverte que a Amazônia é "o destino manifesto do Brasil" e afirma que "integrar a região é a prioridade nacional". A professora Adriana Barreto de Souza, da Universidade Federal Rural do Rio, mostra em A Defesa Militar da Amazônia, entre história e memória, como a defesa da região se articula com a batalha de Guararapes nas representações militares. E como a doutrina da resistência ao agressor externo vincula a luta contra o invasor holandês ao presente da floresta.

É o passado que não passa na floresta. Heleno ainda afirma: "Agora, gente fora do Brasil que não tem moral para nos criticar, que acabou com suas florestas, criticar com a veemência que critica, querer nos colocar como vilões do meio ambiente, não dá para aceitar". E conclui, reclamando da imprensa, pois “notícias ruins trazem prejuízo”. Ou seja: culpa o carteiro pelo aviso de cobrança. Por fim, diz que pretende convidar embaixadores estrangeiros para sobrevoar a Amazôniae, assim, pararem de "falar bobagens". Eis o que o Brasil precisaria saber...

Há duas semanas, Heleno defendeu sanções contra a Alemanha e da Suécia em caso de boicote a produtos brasileiros. Depois, disse que não queria citar países, pois poderia ser injusto e até causar um problema diplomático. Ainda bem que se tratava apenas de entrevista para uma rádio e, certamente, nenhum representante desses países escuta o que o ministro diz a jornalistas. Por fim, se Salles pode ser tratorado, por que Ernesto Araújo iria reclamar sobre os pitacos de Heleno na diplomacia brasileira?  Por achar que os defensores do meio ambiente eram gente mal-intencionada, o governo teve de fazer as Operações Verde Brasil 1 e 2.

Para ser justo, Heleno não é o único oficial general a pensar assim. Um importante brigadeiro consultado pela coluna sobre as declarações do ministro e suas consequências para a diplomacia e a economia brasileiras, disse:  "Acho muito mimimi por parte de países, ONG’s , intelectuais e artistas estrangeiros sobre um assunto interno do Brasil. Isso é antigo e extremamente suspeito. A soberania brasileira tem que ser respeitada. Nenhum desses organismos tem que se intrometer nisso. Como brasileiro de bem, é o que penso!"  Do jeito que o governo vai, alguém ainda vai sugerir a prisão de índios e caboclos para, enfim, pacificar a floresta.

Marcelo Godoy

Repórter especial

Jornalista formado em 1991, está no Estadão desde 1998. As relações entre o poder Civil e o poder Militar estão na ordem do dia desse repórter, desde que escreveu o livro A Casa da Vovó, prêmios Jabuti (2015) e Sérgio Buarque de Holanda, da Biblioteca Nacional (2015).

  

BOLSONARO E OS MILITARES

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