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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quinta-feira, 4 de junho de 2020

A Política Externa e a Diplomacia Brasileira em tempos de Pandemia Global - Palestra online Paulo Roberto de Almeida

https://www.youtube.com/watch?v=g-Jr7xxIphQ&feature=youtu.be

Aula com o Professor Dr. Paulo Roberto de Almeida organizada pelo curso de RI da UniEvangélica

3 de jun. de 2020

Aula ministrada pelo professor Dr. Paulo Roberto de Almeida, através da plataforma do ZOOM, no dia 03 de junho de 2020, sobre "A Política Externa e a Diplomacia Brasileira em tempos de Pandemia Global". Participaram da aula os alunos do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário de Anápolis - UniEvangélica, bem como convidados externos. O professor disponibilizou um texto para leitura prévia antes da aula, que está no link abaixo:


Ou aqui: 

3673. “A política externa e a diplomacia brasileira em tempos de pandemia global”, Brasília, 18-20 maio 2020, 28 p. Ensaio opinativo sobre a temática do título, para servir como texto de apoio a palestra online para alunos dos cursos de Direito e de Relações Internacionais da IES de Anápolis, em 3/06, via Zoom. Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/43208735/A_politica_externa_e_a_diplomacia_brasileira_em_tempos_de_pandemia_global_2020_) e anunciado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/a-politica-externa-e-diplomacia.html).

sexta-feira, 24 de abril de 2020

A agenda internacional e a diplomacia brasileira - Paulo Roberto de Almeida

Perguntas sobre a agenda internacional e sobre a diplomacia brasileira

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: respostas a questões apresentadas; finalidade: complemento de informação]


Tendo feito palestra e respondido a algumas questões apresentadas no decorrer da palestra efetuada em 23 de abril de 2020, para alunos do curso de graduação em Relações Internacionais da Universidade Salvador (BA), a convite do coordenador do NERI, prof. Felippe Silva Ramos, fiquei de responder às questões complementares apresentadas pela audiência (online, via Instagram), que não puderam ser abordadas no limitado tempo devotado ao evento. Os interessados em ler as notas que formulei previamente à palestra – “Pandemia global e pandemia nacional: um futuro pior que o passado” – podem acessar o arquivo correspondente disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42836086/Pandemia_global_e_pandemia_nacional_um_futuro_pior_que_o_passado_2020_).
Passo diretamente às questões que me foram submetidas pelos organizadores. 

1. Qual o papel dos entes subnacionais nesta crise diplomática e PE? 
PRA: Cada país possui suas estruturas de governança adaptadas ao seu regime político, à sua estrutura constitucional, aos arranjos específicos de seu sistema político e também em função de sua evolução histórica. O Brasil saiu de uma monarquia unitária, fortemente centralizada – daí algumas revoltas regionais, no Nordeste, no Norte e no Sul –, durante mais de sessenta anos, para uma república teoricamente descentralizada, em todo caso funcionando sob um regime dito federativo. De fato, os Estados Unidos do Brasil, tal como constituídos sob a Carta de 1891, eram teoricamente uma federação, e sua constituição seguiu, mas apenas superficialmente, o modelo americano. Mas é evidente que a base real do país não refletia a “liberdade” concedida aos estados, dada a forte presença do Estado federal, inclusive com intervenções nos Estados. Depois da Revolução de 1930, se assiste a uma nova concentração do poder central, não sem nítido desconforto de alguns estados, a exemplo da chamada “revolução constitucionalista” de São Paulo, em 1932. Durante toda a “era Vargas”, o país funcionou sob regime fortemente centralizado, com nova abertura sob a Constituição de 1946. O regime militar (1964-1985) novamente centralizou estruturas e poderes, sobretudo no plano fiscal e das políticas setoriais, com esquemas tributários que perduraram na fase seguinte, a da redemocratização, mas com alguns arranjos específicos estabelecidos a partir da nova Constituição, a de 1988. Novamente, os entes subnacionais, nos dois níveis inferiores da União, adquirem certa autonomia, mas a concentração fiscal ainda permanece forte, muito embora a dinâmica política tenha levada a nova desagregação das políticas nacionais na esfera tributária (daí a guerra fiscal entre estados e municípios, nem sempre enquadrada nos princípios gerais de administração fiscal). 
Essa indefinição entre competências respectivas dos três níveis da federação se manifesta igualmente na área da política externa, a mais forte razão, na medida em que se trata de área – como a defesa nacional e a justiça – que requer unidade de concepção e de ação, assim como homogeneidade de representação. Ainda assim, estados e munícipios caminharam paulatinamente para uma maior latitude de ação, alguns até assinando acordos de cooperação com entidades congêneres ou países estrangeiros, e grande parte deles até instituindo secretarias ou assessorias permanentes de relações internacionais. Na condução normal dos assuntos “externos” de cada uma dessas unidades da federação, já se nota certa descoordenação entre elas, com as unidades subnacionais tentando impulsionar iniciativas e acordos de cooperação externa, com as limitações constitucionais, legais ou práticas impostas pela União, que teme perder seu monopólio ou controle sobre essas interfaces externas.
No contexto da atual pandemia, cabe registrar um aumento da descoordenação e de potenciais conflitos e contradições entre essas unidades, o que parece normal, uma vez que cada um dos dirigentes procura resolver os desafios com todos os meios colocados (ou não) à sua disposição, algumas vezes até em oposição a normas rígidas estabelecidas no plano nacional (como licenças de importação, normas e padrões de bens e serviços, questões de natureza tributária e um sem número de outros dispositivos nem sempre claros, num relacionamento nem sempre cooperativo entre elas). Essa situação reflete, na verdade, o estado de confusão que ainda reina no plano internacional, uma vez que a OMS é incapaz de estabelecer – inclusive por falta de meios, de capacidade e talvez de autoridade legítima – padrões comuns aos países (e eles são muito diferentes entre si, e no confronto com a pandemia) ou esquemas cooperativos entre eles. Essa falta de coordenação é lamentável, pois expressa justamente a ausência de uma autoridade reconhecida de governança, e abre espaço para os comportamentos predatórios do passado, como as políticas de “beggar-thy-neighbor” dos anos 1930, ou seja, empurre a crise para o seu vizinho. 
O fato é que vai ser muito difícil estabelecer um amplo espírito cooperativo seja internamente em países de estrutura federativa, seja externamente entre os países, numa conjuntura de escassez de meios e de incertezas quanto à dimensão dos desafios enfrentados. 

2. Ricupero durante sua fala na Academia versa sobre a falta de esperança do brasileiro após as frustrações/derrotas durante a história. Tendo em vista o declínio da diplomacia brasileira e o rol de reflexos internacionais que se segue, como haveria de se conservar a esperança de continuidade da credibilidade do MRE como instituição?
PRA: O Brasil não é um país “declinista”, ou seja, propenso a depressões ou estados de “alma” negativos, com os progressos exasperantemente lentos nos terrenos do crescimento econômico e do desenvolvimento social. Mas o fato é que depois de tantas crises, decepções, recessões e frustrações com a ausência de progressos reais, com o aumento percebido da corrupção, com a acumulação de problemas, entre eles a marginalidade social, o desrespeito pela autoridade e a delinquência “normal” (em aparente ascensão), o ânimo do brasileiro está mais próximo daquele personagem de desenho animado (“Oh Deus, oh céus, eu sabia que não iria dar certo”) do que do Candide de Voltaire, ou do Dr. Pangloss (Tout est bien qui finit bien). A área econômica é campeã nas frustrações cidadãs, pois nenhum outro país no mundo conheceu uma sucessão de oito moedas em três gerações, ou seis moedas em menos de dez anos. Com certo esforço, conseguimos superar nosso emissionismo selvagem, base das hiperinflações do passado, mas o crescimento tem sido decepcionante, desde os anos 80 do século passado. Uma brutal recessão, a maior de nossa história econômica, em 2015-16, afastou uma vez mais as perspectivas de uma taxa de crescimento vigorosa e sustentada no futuro previsível, e a atual pandemia promete arrastar qualquer equilíbrio das contas públicas para vários anos além de 2030. 
Em nenhuma outra esfera, porém, as decepções são tão amplas, gerais e irrestritas quanto na política externa, com a possível exceção da educação, aliás dois ministérios que apresentam chefias e políticas disfuncionais, regressivas e abertamente esquizofrênicas, em total descompasso com o que observadores racionais esperariam contemplar desde o início do que parece ser o pior governo desde o primeiro governador geral do Brasil, Tomé de Souza, desembarcado de Portugal em 1548. Não vejo, contudo, qualquer problema para o MRE enquanto instituição, pois a Casa de Rio Branco apresenta um corpo profissional de alta qualidade, preparado para conceber, implementar e apoiar uma política externa e sua correspondente diplomacia dignas de sua tradição de padrões de excelência poucas vezes vistos na burocracia governamental. O problema está inteiramente nos “controladores” da política externa e da diplomacia, seres totalmente ineptos e despreparados, aos quais responde como um boneco de ventríloquo o chanceler acidental, incapaz de formular um programa de política externo digno desse nome, inseguro quanto à sua capacidade de ação, dispersivo nas suas prioridades e, aparentemente, desequilibrado no plano pessoal. 
Se não fosse o risco de também parecer pessimista, ou até depressivo, eu até ousaria proclamar que, com os dirigentes que temos atualmente, não há nenhum risco de que possa melhorar no futuro previsível. Resta esperar que a atual crise de governança, com nítidos sinais de incompetência administrativa e até com obsessões absolutamente idiossincráticas, possa ser superada – ou encerrada – para que se possa novamente planejar um futuro um pouco menos medíocre. Mas se ouso, por outro lado, parafrasear uma estrofe de um poema conhecido do grande e irônico Mario de Andrade, de quase cem anos atrás – “O poeta come amendoim”–, poderia repetir, com ele: “Progredir, progredimos um tiquinho, que o progresso também é uma fatalidade”. 

3. Como atual governo interfere nos pilares da política externa brasileira identificados pelo Embaixador Ricupero: pragmatismo; cooperação regional; aposta no multilateralismo. 
PRA: O atual governo, deliberadamente ou por estupidez coletiva, desmantelou todas as bases conceituais e operacionais da política externa tradicional, a do passado, e até a política externa partidária registrada durante os governos recentes do lulopetismo, e não colocou nada de funcional em seu lugar, a não ser suas obsessões absolutamente disfuncionais sob cada uma dessas rubrica: falta de pragmatismo, substituído por um voluntarismo irracional ou inadequado do ponto de vista das demandas reais da sociedade brasileira; abandono completo da cooperação regional, sob pretexto de “desalinhamento” com governos de outras orientações políticas; abandono do multilateralismo e uma política ativa de rejeição do “globalismo” – o que queira dizer esse conceito abstrato – e de retorno a um nacionalismo anacrônico e exclusivista (com rejeição, por exemplo, do Pacto Global das Migrações, um instrumento inócuo do ponto de vista da soberania brasileira, e até positivo para um país bem mais “exportador” de seus cidadãos do que “importador” de imigrantes). 
Desde já pode-se dizer que os retrocessos conhecidos nessa área são os mais vergonhosos em quase 200 anos de política externa nacional, e de uma diplomacia tida por excelente, sob diversos critérios. O atraso nessa área segue, com um grau maior de distorções políticas e de perversidades funcionais, a tremenda deterioração já constatada em quase todas as esferas da administração pública. Não há nenhuma perspectiva de que essa perda de qualidade na substância da política externa e de que a erosão institucional registrada no plano do funcionamento do Ministério das Relações Exteriores possa ser corrigida any time soon, ou seja, no futuro previsível.

4. Em sua opinião, o quão a atual política externa brasileira impacta na "miséria da diplomacia", comparativamente a anterior do lulopetismo? 
PRA: Não há comparação possível, pois forma e conteúdo são sensivelmente diferentes entre as duas épocas, por mais que se possa indicar incongruências na chamada diplomacia lulopetista. Eu mesmo dediquei um livro inteiro – Nunca Antes na Diplomacia (2014) – e mais meio livro – Contra a Corrente (2019) – à análise crítica daquela diplomacia, mas reconheço que o verdadeiro “nunca antes” se processa sob nossos olhos, no inacreditável espetáculo da incompetência com a estupidez mais evidente, a partir do próprio chefe de governo, do seu guru preferencial, de seu filho supostamente vocacionado para os assuntos externos – todos eles altamente ineptos para quaisquer assuntos internacionais – situação que se prolonga de modo patético na inoperância do chanceler acidental, um diplomata de carreira, em corrigir os disparates de todos esses incompetentes. 
Se ouso exemplificar o que existe de diferença entre o lulopetismo diplomático e a atual diplomacia olavo-bolsonarista, eu usaria a imagem de uma dessas “pizzas” que servem de gráfico para distribuições de proporções em apresentações econômicas. Sob o lulopetismo, as deformações ideológicas ocupavam uma “fatia”, no máximo duas”, da política externa do governo, e estavam concentradas naquelas áreas de obsessão companheira: a coordenação de países do “Sul”, para se contrapor à hegemonia das potências do Norte, a aliança com regimes supostamente de esquerda (alguns deles execráveis ditaduras), a simpatia com os governos “bolivarianos”, e uma obsessão megalomaníaca do presidente, pretendendo ser o líder de coalizões de países em desenvolvimento para “mudar a relações de força no mundo” e estabelecer uma “nova geografia do comércio internacional” – palavras de Lula e de seu chanceler –, ou seja, a tal de diplomacia “ativa e altiva” em prol da projeção mundial do Brasil. Mas todo o resto – multilateralismo, regionalismo, integração, desenvolvimentismo, terceiro-mundismo, antiamericanismo moderado – tudo isso era perfeitamente comum e contínuo com a “ideologia” do Itamaraty e as linhas defendidas em sua diplomacia. 
Atualmente, mesmo se não existe NENHUMA definição explícita e clara do que seja a sua “diplomacia” – que nunca foi apresentada de maneira sistemática –, o que se tem, sobre TODA a “pizza” diplomática do olavo-bolsonarismo, é um horrível molho insosso, intragável e altamente vergonhoso para as tradições e padrões de qualidade do Itamaraty. Não se tem notícia, em toda a nossa história, de um adesismo tão sabujo e tão ridículo do Brasil a uma potência estrangeira, aliás ao seu chefe de Estado, o que é pior ainda, pois este poderá ser derrotada nas eleições de novembro, nos Estados Unidos. Tampouco se tem registro de desvios tão flagrantemente ilegais do Direito Internacional e de resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, como registrados em votações da ONU e em casos específicos da atualidade diplomática (como por exemplo o assassinato de um líder militar iraniano no Iraque, ou o apoio explícito a um “plano de paz” do presidente Trump para a Palestina, que não foi aceito sequer por seus aliados da OTAN). 
A “miséria da diplomacia” é ainda mais evidente naquilo que eu designei, no seguimento desse título de um dos meus livros mais recente, de “destruição da inteligência no Itamaraty”, o que é evidente na intimidação do seu pessoal profissional e no constrangimento evidente dos negociadores externos em defender, em diferentes foros, posturas francamente em descompasso, e até em oposição, com posturas anteriores, responsáveis da diplomacia seguida até o final de 2018. Essa “miséria” diplomática deve continuar, enquanto ideólogos ineptos continuarem determinando as ações e intenções da política externa prática, em face da completa passividade, indiferença ou conivência do atual chanceler acidental. 

5. Paulo que conselhos você daria para alguém que quer seguir a carreira diplomática hoje? 
PRA: Sim, a que sempre dei a todos os candidatos: leia de tudo, o tempo todo, se informe todos os canais abertos de leitura, reflexão e informação, buscando adquirir um domínio amplo de todas as matérias setoriais e conhecimentos gerais que são requeridos nos concursos de ingresso, cujos padrões são anormalmente elevados, selecionando, portanto, os melhores dentre os melhores (com alguma coisa de sorte no meio dessa preparação exigente). 
O outro conselho é não se deixar impressionar com os horrores do momento atual, a EA, a Era dos Absurdos, pois em algum momento os aloprados se vão, se retiram ou são afastados pela alternância democrática normal. A situação lamentável vivida atualmente pela diplomacia brasileira retomará sua trajetória normal. 

6. Gostaria de perguntar sobre esse tipo novo de diplomacia, que foi chamado nas mídias por diplomacia das máscaras. 
PRA: Sinceramente, estou mal informado sobre tal designação, e não saberia me expressar em torno desse conceito, seja na realidade, seja figurativamente. Se e quando eu tiver uma explicitação sobre seu significado poderei oferecer minha modesta opinião pessoal. 

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 24 de abril de 2020

sábado, 1 de junho de 2019

De volta de palestras-debates em Curitiba sobre a PExtBr: perguntas a responder

Gostaria de registrar que conclui duas palestras debates em Curitiba, nos dias 29 e 30 de maio, respectivamente na FEST e na UTP (Faculdade de Direito), de conformidade com o cartaz abaixo, preparado sob o patrocínio de meu amigo, o professor Wagner Rocha D'Angelis: 


Minha apresentação, cujo primeiro slide está aqui reproduzido, 


encontra-se disponível nos links das plataformas Research Gate e Academia,edu: 

3469. “Política externa brasileira: passado, presente e futuro”, Brasília, 23 maio 2019, 29 slides, para palestras, apresentação e lançamento do livro Contra a Corrente: ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil, 2014-2018 (Curitiba: Appris, 2018), em Curitiba, a convite de Wagner Rocha D’Angelis. Power Point disponibilizado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/39341633/PExt_Br_Passado_Presente_Futuro_FESP) e colocado em formato pdf na plataforma Research Gate (29/05/2019; link: https://www.researchgate.net/publication/333456985_Politica_externa_brasileira_passado_presente_e_futuro).

Aproveito para dizer que as perguntas foram muitas, e não consegui responder a todas satisfatoriamente, mas gostaria de agradecer a todos os participantes dos dois eventos, professores e alunos, que as formularam.
Guardei todas as perguntas formuladas por escrito, e vou tentar responder a todas elas nos próximos, mesmo em meio a trabalhos urgentes que aguardam sua finalização imediata.
Assim que terminar vou transmitir as minhas respostas e comentários, mesmo para aqueles que não indicaram e-mail, por intermédio do Prof. Wagner D'Angelis.
Cordialmente, 
Paulo Roberto de Almeida

domingo, 24 de março de 2019

De uma diplomacia a outra: conceitos e práticas - palestra PRA na UERJ, 3/04

Tenho de redigir minhas poucas notas sobre a “outra” diplomacia, pois até aqui temos poucos conceitos (todos errados) e muitas práticas (idem). 
Sobre a anterior, teria muito a dizer: a maior parte já foi analisada em meu livro de 2014, Nunca Antes na Diplomacia: a política externa brasileira em tempos não convencionais, agora complementado por este novo: Contra a Corrente: ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil, 2014-2018 (Appris, 2019), saindo do forno estes dias.
Acho que vou ter de revisar o título do livro anterior: essa coisa de "Nunca Antes" acaba de ser desmentida pelos atuais “gênios” da não-diplomacia bolsonarista, uma estrovenga extraordinária, extrovertida a partir da também estrovenga extraordinária da diplomacia trumpista. 

Nem originais os caras conseguem ser...
Paulo Roberto de Almeida

Paulo Roberto de Almeida 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Uma critica a palestra minha na FADUSP, em 2009

Dez anos atrás, um aluno, Rafael Mendes Bernardes, que assistiu a uma palestra minha na Faculdade de Direito do Largo de S. Francisco, em 2009, fez uma análise crítica do que eu disse sobre o lulopetismo diplomático, quando ele estava em em plena vigência e vigor. Acho que eu fui o único que nunca poupei essa demagogia diplomática, essa política externa de fancaria que foi o lulopetismo diplomático.
Agradeço ao Rafael Mendes Bernardes a gentileza e o trabalho de ter feito um excelente resumo de minha palestra (nem sei se tenho algo escrito), sobretudo pela visão crítica de minhas palavras. Gostaria de saber o que ele teria a dizer agora a esse respeito.
Está neste link:
https://neiarcadas.wordpress.com/2009/11/10/analise-da-palestra-do-diplomata-paulo-roberto-de-almeida-e-da-atual-politica-externa-por-rafael-mendes-bernardes/
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 25 de janeiro de 2019


Análise da Palestra do Diplomata Paulo Roberto de Almeida e da Atual Política Externa, por Rafael Mendes Bernardes

Na última sexta-feira (06/11/2009) tivemos o prazer de contar com a presença na Sala da Congregação da Faculdade de Direito da USP, do diplomata e professor Paulo Roberto de Almeida, que a convite do Prof. Dr. Wagner Menezes proferiu uma palestra intitulada “PENSAMENTO E AÇÃO DA ATUAL DIPLOMACIA BRASILEIRA: QUESTÕES PARA UM DEBATE ACADÊMICO” sobre a política externa brasileira (“PEB”) dirigida pelo presidente Lula.
PERCEPÇÕES INICIAIS
O evento teve início com o Prof. Titular Paulo Borba Casella cobrindo veementemente o palestrante de elogios, afirmando ser  ele, nos dias de hoje, um dos únicos diplomatas críticos existentes no Itamaraty, e com o próprio diplomata dizendo que  faria uma “análise puramente sociológica” da atual PEB.
Diante das tendências levemente anti-petistas de muitos professores da Nossa Academia e da afirmação de que seria feita uma análise puramente sociológica (quando afirmam isso, fico sempre cauteloso) de algo que é essencialmente político, confesso que fiquei temeroso pela palestra, pensando que ela poderia vir a se tornar um comício anti-Lula e anti-Celso Amorim. Conforme minhas expectativas, Paulo Roberto de Almeida se mostrou exageradamente crítico quanto à política externa lulista, mas o brilhantismo pessoal do palestrante e a abrangência dos temas tratados na exposição do diplomata tornaram quase que irrelevante certa ausência de imparcialidade, me levando a refletir sobre diversos assuntos.
Em pouco menos de uma hora e meia de exposição, passamos por todos os temas de maior relevo da atual PEB (desde logo afirmo que não conseguirei abordar tudo nesse artigo), e isso me surpreendeu positivamente, pois hoje em dia é raro o dom da concisão e clareza (imagino que nos meios diplomáticos seja mais raro ainda). Não obstante ter sido uma passagem um tanto quanto superficial – estilo bullet points – sobre esses assuntos (talvez devido ao escasso tempo), o evento foi bastante interessante, permitindo aos espectadores que tivessem uma noção ampla do que foi a PEB guiada pelo grande timoneiro tupiniquim, Luís Inácio “Lula” da Silva.
ELABORAÇÃO DA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA
No início da palestra, Paulo Roberto de Almeida expôs quais são os fatores que concorrem para a elaboração da atual política externa e qual a ordem de importância de cada fator.
O diplomata afirma que o vetor número 1 que concorre para a elaboração da PEB são as posições históricas do Partido dos Trabalhadores, sendo, portanto, um vetor fortemente ideologizado. Em seguida, afirma o diplomata que outro vetor que possui bastante influência são as preferências políticas pessoais dos dirigentes da chancelaria, citando, nesse momento, o ex-Secretário-Geral do Itamaraty e atual Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, afirmando ser ele um “ideólogo”. Por último, e na visão do diplomata, possuindo um papel mínimo nos rumos da política externa, estariam as posturas e tradições diplomáticas do corpo profissional formado no Itamaraty.
Não entrando no mérito da hierarquia estabelecida pelo diplomata, principalmente no que tange à afirmação de que o Itamaraty foi colocado em último plano, com uma “menor importância” na condução da PEB, o fato é que na política externa petista nós encontramos um aspecto inovador, que é a diminuição do papel histórico do Itamaraty na condução dos negócios do Estado brasileiro no exterior, o que, não é, em essência, maléfico ao Brasil, a despeito do que muitos analistas afirmam – análise mais elaborada sobre esse assunto, ver item A abaixo “INFLUÊNCIA DE MOVIMENTOS SOCIAIS SOBRE O ITAMARATY”.
CRÍTICAS À ATUAL PEB
A exposição expôs uma visão crítica quanto a praticamente todos os aspectos da política externa lulista e devido a isso, concentrarei uma parte considerável do presente artigo nessas críticas e ao que, nas palavras do Prof. Titular Paulo Borba Casella, significa ser uma coragem rara a um diplomata ter uma visão crítica e “não se calar”.
A)     INFLUÊNCIA DE MOVIMENTOS SOCIAIS SOBRE O ITAMARATY
Em diversos momentos da palestra senti um leve preconceito e ironia por parte do diplomata quanto a movimentos sociais (MST, Fórum Social Mundial, entre outros), fazendo críticas um pouco exageradas à PEB, como quando deu ironicamente a entender que o Itamaraty, na gestão do Chanceler Celso Amorim e do Secretário-Geral Samuel Pinheiro Guimarães, é mais aberto à Via Campesina do que ao empresariado nacional.
Para ilustrar uma possível mudança de foco do Itamaraty, foi citado que, na época do Chanceler Luís Felipe Lampreia (governo FHC), ocorriam almoços mensais de alto nível entre o empresariado nacional e funcionários do Itamaraty, o que possivelmente não mais ocorreria, sendo muito mais freqüente a interlocução do Itamaraty com MST, Fórum Social Mundial, Via Campesina, entre outros.
Acredito que sejam extremamente importantes críticas ao governo (principalmente ao governo de Lula, o qual se caracteriza por ser altamente personalista) sobre política externa, pois arejam e proporcionam um debate sobre questões que normalmente não ganham grande relevo, confirmando o “ditado popular” nos meios políticos de que foreign affairs não dá votos no Brasil.
Entretanto, quanto à crítica sobre influência de movimentos sociais no Itamaraty, tenho que discordar do diplomata, já que uma das faces não tão admiráveis do Itamaraty é o seu caráter fechado e às vezes arrogante na direção da política externa brasileira. Não concordo com a visão de que a existência de “interlocutores informais” influenciando o Itamaraty (denominação dada pelo próprio Paulo Roberto de Almeida); como “empresários, líderes da opinião pública, representantes de ONGs”; seja essencialmente ruim no que diz respeito aos rumos da política externa nacional.
Nos últimos tempos nós temos visto uma crescente e benéfica interação da sociedade civil (através de ONGs, movimentos sociais e outros sujeitos civis) no que tange a assuntos nacionais importantes (temos no meio ambiente e no Greenpeace um exemplo paradigmático dessa atuação). Entretanto, a política externa está atrasada nesse quesito, a interação permitida pelo Itamaraty sempre foi pequena, se limitando à interação com os empresários nacionais.
Sem dúvida alguma, é extremamente importante e natural; diria até imprescindível; que os “capitalistas nacionais” interajam com os diplomatas, de modo a promover os interesses econômicos tanto dos empresários quanto da própria nação. Entretanto, seria bastante útil se outros sujeitos da sociedade civil também tivessem certo poder de influência sobre a direção de nossa política externa, de modo a democratizá-la.
Isso, lido por um diplomata, pode ser interpretado como ingenuidade e romantismo inconseqüente, dado a complexidade das questões nas quais o Itamaraty se vê envolvido diariamente, mesmo assim, acredito que um envolvimento e um interesse maior da sociedade civil nesses assuntos seriam benéficos ao próprio Itamaraty, já que alimentaria retoricamente o debate, trazendo boas conseqüências, já que de um debate sempre podem surgir posições mais interessantes do que uma tomada de decisão unilateral. Perdoem-me, mas como graduando em Direito (sabemos quão enfadonha pode vir a ser uma conversa com algum adêvogado, juiz ou; a pior hipótese; com um aluno de Direito), não resisto, e irei usar um exemplo jurídico. No STF, quando o egrégio tribunal se vê diante de uma questão altamente controversa e de impacto nacional, podem os excelentíssimos Ministros convocar uma Audiência Pública na qual os mais diversos agrupamentos da sociedade poderão participar e compartilhar sua experiência, e a partir da dialética, da troca de informações e opiniões, do debate, da democracia, os Ministros poderão tomar decisões mais conscientes quanto aos anseios da população e aos impactos sobre ela.
B)      “INSTINTOS BÁSICOS” DA ESQUERDA GRAMSCIANA
Um dos pontos inicias da palestra foi a presença de certos instintos básicos da esquerda gramsciana permeando a atual política externa, o que é coerente com a já referida hierarquia apontada pelo diplomata, que coloca as idéias petistas como o principal apoio da política externa atual. Ele indica quais são esses instintos: a) anti-capitalismo; b) rejeição de wallstreet; c) anti-imperialismo; d) anti-americanismo; e) estatismo exacerbado.
Eles se revelariam na política externa na forma de um “terceiro-mundismo instintivo”, através de uma “união dos pobres oprimidos”; um “soberanismo retórico”; “nacionalismo superficial”; “desenvolvimentismo ingênuo do passado”; “limitação da cooperação bilateral basicamente a países do sul”.
Especificamente sobre o último ponto, Paulo Roberto de Almeida se mostrou bastante cético quanto à eficácia da diplomacia SUL-SUL, citando como exemplo a completa ausência de convergência dos países integrantes do BRIC.
Nesse ponto da palestra, tive a sensação de estar escutando aquele discurso pré-montado de algum senador do DEM ou PSDB discursando na Comissão de Relações Exteriores do Senado, não obstante eu concorde que após Lula assumir o governo, a política externa brasileira aparentemente se identifique com ideais esquerdistas.
O problema de tal análise do diplomata, na minha humilde visão, é dar importância demasiada à influência dos ideais esquerdistas do PT (I-D-E-A-I-S, pois sabemos que na prática o PT está bem longe do que se poderia chamar de esquerda) na direção da política externa. A atual PEB é descaradamente pautada por um pragmatismo exacerbado, a influência do petismo fica apenas na retórica, pois na prática, o que normalmente temos visto é tal pragmatismo.
Discordo também do diplomata quando ele afirma que existe um forte anti-americanismo na atual diplomacia brasileira. A crítica que normalmente se faz é que o Brasil não concentrou os devidos esforços em conversações comerciais com a maior economia do mundo, preterindo os EUA a outras economias menores como a Européia e a China. De fato, o comércio internacional brasileiro que sempre teve como grande parceiro o EUA, começou a ver essa parceria diminuir, mas isso não significa prejuízo para o Brasil, pois sabemos (e atualmente o México é PhD nesse quesito) que ter apenas um grande parceiro comercial torna a economia de um país extremamente vulnerável.
C)      AGENDA AMBIENTAL
Outro ponto interessante abordado na palestra foi sobre a questão da agenda ambiental , sendo esse, inclusive, um dos aspectos do Itamaraty mais criticados nos últimos dias.
Quem tem acompanhado a questão da COP-15 sabe que o pessoal do Itamaraty sobe pelas paredes quando alguém diz algo que rime com ‘metas’ – e digo isso sobre rimas pois acredito que ninguém no governo é imprudente o bastante para falar essa palavra para algum diplomata, temendo uma reação histérica.
Tal comportamento poderia ser explicado como uma forma de jogo diplomático, ou seja, agindo assim, os diplomatas brasileiros conseguiriam barganhar mais, garantindo um acordo melhor para o Brasil. O problema é que negociações sobre o Clima não são um acordo internacional qualquer e me parece que o pessoal de Brasília não conseguiu perceber isso ainda. O que está sendo discutido é o futuro do planeta, e um futuro não tão distante assim.
Sobre isso, Paulo Roberto de Almeida afirma que essa posição do Brasil, por meio da tese das “responsabilidades comuns, mas diferenciadas” beneficiaria basicamente países como a China e a Índia. Faz todo sentido tal afirmação, já que a maior parte das emissões de gás carbono do Brasil poderia ser evitada de uma forma extremamente mais fácil do que a maioria dos países do globo: redução do desmatamento. Ou seja, a despeito de uma maior facilidade do Brasil assumir metas quanto à redução de gás carbono, até o momento o Itamaraty tem recusado tal compromisso.
Além do argumento de barganha diplomática no âmbito das negociações da COP-15, outro fato a impedir a assunção de metas é, conforme lembrou Marina Silva em artigo recente na Folha de S. Paulo (09/11/2009), o medo da diplomacia brasileira de criar constrangimentos a nossos parceiros em desenvolvimento, principalmente Índia e China, que adotam, até com mais veemência do que o Brasil, o discurso das “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, gerando assim uma incoerência de posições dos países em desenvolvimento.
Esperamos que nas reuniões governamentais marcadas para essa semana em Brasília, o Itamaraty e o Presidente Lula consigam ser convencidos da importância da COP-15 e de assumir responsabilidades antecipadas como forma de impulsionar essa convenção que ao que tudo indica até o momento, está fadada ao fracasso.
OUTROS ASPECTOS DA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA
Acho que me empolguei um pouco e escrevi muito, opinei demais, deixando de lado o objetivo do artigo que é relatar a presença do diplomata Paulo Roberto de Almeida na nossa Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, portanto, nessa parte final do artigo vou tentar abordar as outras questões que nos foi exposta, evitando fazer comentários e análises sobre tais aspectos.
O professor e diplomata nos listou os principais objetivos perseguidos pela atual política externa: a) Reforço e expansão do Mercosul, ressaltando ele que o Brasil não auferiu resultados expressivos nessa empreitada; b) Busca de um assento permanente no Conselho de Segurança; c) Busca de acordos comerciais de modo a auxiliar no crescimento econômico nacional; d) Estímulo à integração regional; e) Aprimoramento da diplomacia Sul-Sul; f) Protagonismo Mundial; g) Reforma das instituições econômicas internacionais; h) Rodada Doha
Afirmou ele que os procedimentos adotados pela diplomacia para atingir tais objetivos foram principalmente:
a) Uma diplomacia hiperativa, ou seja, criação desenfreada de embaixadas (o que dá orgasmos em qualquer aspirante a terceiro-secretário do Itamaraty – palavras minhas);
b) Presença de interlocutores informais como ativistas partidários, empresários, líderes de opinião pública; representantes de ONGs;
c) Atuação de personagens não identificados próximos a Lula que teriam afinidades ideológicas com alguns líderes mundiais e que realizariam uma espécie de diplomacia paralela junto a tais líderes (cita nesse exemplo o José Dirceu);
d) Hiperativismo da presença presidencial (qualificou isso de “problemático”).
Também foi abordado na palestra a busca da diplomacia brasileira por uma maior presença na agenda mundial. Nesse âmbito, foi citado que o Brasil assumiu novas obrigações financeiras como forma de aumentar essa presença (questão do Haiti) e cumprimento das obrigações financeiras do Brasil perante órgãos internacionais, o que antes causava impossibilidade de votar em certos organismos.
Sobre um ativismo Sul-Sul e a liderança regional do Brasil, o diplomata citou as Cúpulas ocorridas com países da África e da Ásia, a multiplicação das viagens e visitas presidenciais,  votações nos organismos multilaterais nas quais o Brasil buscou certa concertação com outros países do Sul pobre e também a diplomacia da generosidade regional (como exemplo, a recomendação de  Lula para importarmos mais da América do Sul, a despeito de que isso significaria pagarmos mais pelos produtos).
E por fim, Paulo Roberto de Almeida alertou sobre alguns problemas do Brasil na área da política internacional, como a insuficiência de estudos especializados nessa área, a ausência de Think-Tanks, a baixa capacidade crítica da Academia e o despreparo dos jornalistas em questões internacionais.
CONCLUSÃO
O diplomata de carreira Paulo Roberto de Almeida realizou uma excelente palestra, extremamente abrangente e com uma visão crítica implacável. Como o próprio nome da palestra deixa claro, “Questões para um Debate Acadêmico”, não era de se esperar que os espectadores concordássemos com tudo o que ali foi dito, e sim que, a partir da exposição se gerassem discussões e reflexões a cerca da atual política externa brasileira. Aos que me leram até o final, muito obrigado pelo esforço.