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quarta-feira, 11 de março de 2015

Comercio exterior e a gloria do dia: governo CONSEGUE EVITAR o livre comercio - belo programa

Acho que as pessoas -- não sei se jornalistas, governistas, industrialistas, oportunistas e outros istas -- se dão conta do ridículo de certas situações: o governo se vangloria disto:
"Governo brasileiro conseguiu evitar que o livre-comércio entre os dois países no setor automotivo entrasse em vigor."
Não é uma maravilha?
Você paga, caro consumidor, mas pode tirar a primeira vírgula...
Paulo Roberto de Almeida

COMÉRCIO EXTERIOR
Brasil e México podem negociar até US$ 1,5 bi
Uol Notícias, 10/03/2015

Governo brasileiro conseguiu evitar que o livre-comércio entre os dois países no setor automotivo entrasse em vigor
Após várias rodadas de negociações, Brasil e México oficializaram, na manhã desta segunda-feira, no Rio de Janeiro, a renovação pelos próximos quatro anos do acordo automotivo entre os dois países, que venceria em 18 de março.

O anúncio foi feito no Palácio do Itamaraty pelos ministros brasileiros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, e pelo secretário de Economia do México, Ildefonso Guajardo Villareal.

O governo brasileiro conseguiu evitar que o livre-comércio entre os dois países entrasse em vigor após o dia 18 de março, como era previsto originalmente no acordo. Os mexicanos concordaram em manter o regime de cotas por pelo menos mais quatro anos.

Pelo acerto, cada país poderá exportar para o outro até US$ 1,56 bilhão nos próximos 12 meses, sem o pagamento do Imposto de Importação. A partir de março de 2016, a cota subirá gradualmente 3% ao ano. O que exceder o valor da cota anual será taxado à alíquota de 35% a título de Imposto de Importação.

O ministro Armando Monteiro disse que a preservação das cotas é uma forma de compensar a diminuição das vendas do setor no mercado doméstico brasileiro, que "vive uma certa retração".

"A meu ver, o sistema de cotas é o mais adequado levando em conta assimetrias no comércio Brasil-México", disse, mencionando a forte integração entre a indústria mexicana e a dos Estados Unidos.

A cota inicial estipulada na renovação é inferior àquela que estava valendo até agora, de US$ 1,64 bilhão, referente ao acordo assinado em 2012. O valor evoluirá dos US$ 1,56 bilhão acertados este ano para US$ 1,606 bilhão (2016-2017); US$ 1,655 bilhão (2017-2018); ?US$ 1,704 bilhão (2018-2019).

O novo acordo manterá em 35% o percentual de conteúdo nacional exigido na produção dos veículos. Entretanto, a novidade é que esse percentual se estenderá também para as autopeças. A partir de 2019, o índice passará a 40%.

O secretário de Economia do México, Ildefonso Guajardo Villareal, afirmou que a grande vantagem do acordo para o seu país é dar maior previsibilidade a um setor que responde por 46% do comércio bilateral entre as duas nações, que envolve cerca de US$ 10 bilhões por ano.

"É fundamental partir deste degrau para continuar construindo novas avenidas nas relações entre Brasil e México", disse Villareal. O secretário afirmou que a presidente Dilma Rousseff está sendo aguardada de braços abertos em seu país pelo presidente Enrique Peña Neto, que teria parabenizado o governo pelo acordo.

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, explicou que a indústria automobilística deverá utilizar um critério que mistura participação de mercado das montadoras e um outro critério linear, englobando todas as empresas associadas à Anfavea.

Moan comentou a mudança da associação, que até pouco tempo defendia a adoção do livre comércio. "Infelizmente perdemos competitividade e precisamos desse período para recuperá-la. Diante desse aspecto, apoiamos o governo brasileiro fortemente na prorrogação desse acordo, mesmo que no critério de cotas", disse Moan.

domingo, 13 de julho de 2014

Brasil: um pais fechado e orgulhoso de continuar protecionista - Thomas Sowell

O artigo de Thomas Sowell não tem nada a ver com o Brasil, e sim com a Índia, ou melhor, ele tem tudo a ver com o Brasil, pois junto com a Índia somos duas orgulhosas democracias de mercado que não praticam mercados livres, e sim mercados manietados, amarrados, controlados, sufocados, extorquidos pelos respectivos Estados, que continuamos pobres porque as coisas são assim: protegidas, sem concorrência, com uma burocracia infernal, e mandarins de um Estado extrator dizendo o que podemos e não podemos fazer, e cobrando altas tarifas por tudo isso.
Leandro Roque, o tradutor, coloca a questão dos Correios no Brasil entre colchetes no texto de Sowell porque os Correios são justamente o maior, melhor, mais horrendo exemplo de um monopolista ineficiente, corrupto, prestador de péssimos serviços, e que vive roubando os brasileiros todos os dias, não apenas monetariamente, mas com péssimos serviços, que são prestados no total desprezo dos contribuintes.
Se fosse uma empresa privada já teria ido à falência há muito tempo, como aliás TODAS as demais empresas estatais, inclusive e principalmente a Petrobras. Esta só não vai à falência porque é monopolista, não de direito, mas de fato, que é o que importa.
O Brasil vai demorar para ser uma economia aberta, inclusive porque os capitalistas, a pretexto de custo Brasil, de impostos elevados, de falta de condições para serem competitivos, pedem ao Estado que os proteja da concorrência externa.
E assim as coisas são o que são...
Paulo Roberto de Almeida

Por que é importante um país ter uma economia aberta
por , Instituto Ludwig Von Mises Brasil, segunda-feira, 7 de julho de 2014

 

MK-CM629_Ambass_G_20140526184827.jpgHouve uma época em que o povo da Índia tinha de entrar em uma lista de espera para conseguir comprar o carroAmbassador, que era fabricado pelaHindustan Motors e que era uma mera e óbvia cópia do sedã britânico Morris Oxford de algumas décadas anteriores. 
O motivo para essa lista de espera era simples: o governo indiano não permitia a importação de carros estrangeiros, pois queria evitar a concorrência e, com isso, "proteger e estimular" a indústria nacional.
O fato de que o Ambassador era uma mera cópia não é nenhum motivo de condenação.  A primeira câmera Nikon era uma óbvia cópia de uma câmera alemã chamada Contax, e a primeira Canon era uma óbvia cópia da também alemã Leica.  A diferença é que, ao longo dos anos, Nikons e Canons foram se aperfeiçoando até se tornarem o estado da arte, tanto durante a era do filme quanto na atual era digital.
O mesmo não ocorreu com o Ambassador.  O carro se tornou famoso por sua péssima dirigibilidade, pelo seu baixo desempenho e pelo seu pobre acabamento.  Porém, dado que ele era a única opção em toda a Índia, as pessoas não tinham alternativa a não ser entrar em uma lista de espera que durava meses — em alguns casos, anos.
Em comparação, Nikon e Canon já surgiram sendo reconhecidas como produtos de qualidade, e foram melhorando ainda mais à medida que as empresas que as produziam iam adquirindo mais prática e mais experiência.  Operando em um mercado internacional altamente competitivo e exigente, elas não tinham escolha: ou se aperfeiçoavam ou desapareciam.
Por outro lado, o Hindustan Ambassador não tinha esse problema da concorrência, pois ele usufruía uma total reserva de mercado imposta pelo governo.  Quem tinha problemas era quem comprava um Ambassador.
No final do século XX, a Índia começou a flexibilizar algumas de suas rígidas regras e regulações que vinham estrangulando as empresas indianas.  Embora a Índia ainda esteja bem longe de um livre mercado, o simples fato de relaxar algumas de suas restrições econômicas foi o suficiente para promover uma alta taxa de crescimento e uma substancial redução em sua alarmante pobreza.
O governo indiano até mesmo permitiu que uma fábrica automotiva japonesa se instalasse na Índia e fabricasse ali seus carros.  Isso resultou em um carro chamado Maruti, cujas vendas rapidamente dispararam e levaram o carro ao topo da lista dos mais vendidos, fazendo com que ele se tornasse o carro mais popular da Índia.  Mas o evento mais notável foi este: a concorrência do Maruti levou a vários aprimoramentos no Ambassador.  Uma revista especializada britânica disse que o Ambassador agora tinha uma "aceleração perceptível".
Agora que havia concorrência, a revista britânica The Economist anunciou que "os Marutis também estão sendo aprimorados, já se antecipando à futura entrada de novos concorrentes em decorrência uma nova rodada de abertura comercial".
Talvez o último capítulo da história do Ambassador esteja sendo escrita neste momento: a Hindustan Motors anunciou recentemente que estava fechando — indefinidamente — a fábrica onde o Ambassador era construído.  De acordo com o The Wall Street Journal, "a empresa citou a baixa produtividade, 'uma crítica escassez de fundos', e uma baixa demanda por seu produto principal, o Ambassador".
Após essa pequena história, faça um rápido exercício mental: qual empresa do seu país se parece com a Hindustan Motors?
Pense em todas aquelas empresas (privadas ou estatais) que usufruem um quase-monopólio de sua área em decorrência de tarifas de importações proibitivas e de o mercado ser regulado por agências reguladoras.  Fabricantes de automóveis, empresas de telefonia, empresas aéreas, empresas de TV a cabo, empresas de eletricidade, bancos etc.  Os serviços delas são bons?
E quanto aos Correios, cujo monopólio é o mais explícito e mais protegido?
Ironicamente, a Índia privatizou parcialmente seus Correios ao permitir que empresas privadas também entregassem correspondências e outros pacotes.  Consequentemente, as entregas do correio estatal caíram de 16 bilhões para menos de 8 bilhões em apenas seis anos, ao mesmo tempo em que a população da Índia continuou crescendo a altas taxas.
Sempre será possível manter uma empresa velha, pesada e ineficiente funcionando — basta o governo despejar nela quantias ilimitadas de dinheiro confiscado dos pagadores de impostos [como ocorre com os Correios e com a Eletrobras], ou protegê-la da concorrência de estrangeiros via regulações [como ocorre com todas as outras empresas que são reguladas por agências reguladoras] ou via tarifas de importação.
A Hindustan Motors teve de fechar suas portas porque o dinheiro acabou e porque os concorrentes se mostraram superiores e mais bem preparados para atender aos desejos dos consumidores indianos.  Por quanto tempo ainda teremos de manter nossas próprias versões do Hindustan Ambassador respirando por aparelhos à custa dos pagadores de impostos e dos consumidores cativos que não têm a liberdade de decidir de quais empresas irão comprar seus produtos?
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Leia também:
Thomas Sowell , um dos mais influentes economistas americanos, é membro sênior da Hoover Institution da Universidade de Stanford.  Seu website: www.tsowell.com.

Tradução de Leandro Roque

terça-feira, 3 de junho de 2014

Nuestros hermanos: supostos argentinos bloqueiam suposto acordo comercial com suposta UE

Supuestos hermanos, por supuesto...
Paulo Roberto de Almeida

BRASIL – ARGENTINA
Argentina tenta barrar negociação com União Europeia
RAQUEL LANDIM - DE SÃO PAULO
Folha de S. Paulo, 3/06/2014

Documento atribuído ao Itamaraty mostra que país vizinho não aceitou "plano B" sugerido pelo Brasil
Argentinos, que têm no Brasil um de seus principais mercados, temem ser deslocados por produtos europeus

Principal obstáculo para um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, a Argentina quer impedir que Brasil, Uruguai e Paraguai negociem em separado com os europeus.
Segundo a Folha apurou, os argentinos temem que seus produtos sejam deslocados no mercado brasileiro por concorrentes europeus. A Argentina destina boa parte do que produz para o Brasil.
Mercosul e UE tentam retomar as negociações para um acordo, que estão travadas desde 2003. No Brasil, é grande a pressão do empresariado, que acusa o governo Dilma Rousseff de isolar o país do comércio global.
Uma comunicação interna atribuída ao Itamaraty por hackers, que vazaram centenas de documentos confidenciais na semana passada, mostra que Brasil e Argentina estão em rota de colisão nas negociações com a UE. O Itamaraty não confirma a veracidade dos documentos.
Num telegrama diplomático, é feito um relato sobre a última reunião entre negociadores sul-americanos e europeus, que ocorreu em Bruxelas no final de março. O encontro terminou sem avanços por causa da falta de ambição da proposta do Mercosul.
O impasse na negociação provocou um desentendimento entre Brasil e Argentina. Ao avaliar o resultado com os demais países do Mercosul, o representante do Brasil indicou que não aceitaria uma oferta pouco ambiciosa do Mercosul e que o país "terá um plano B".
O "plano B", que conta com a simpatia de Uruguai e Paraguai, é um cronograma de abertura diferente para cada país do Mercosul. Essa flexibilidade permitiria aos argentinos serem mais protecionistas que os demais.
A Argentina, porém, rechaçou o "plano B". Para o governo Cristina Kirchner, "ritmos diferenciados" de abertura dos mercados dos países do Mercosul seriam "incompatíveis com o aprofundamento da integração do bloco".

CARÊNCIA
Os europeus saíram decepcionados do encontro, porque não tiveram uma indicação clara da abrangência da oferta do Mercosul. O negociador da UE chegou a reagir de "forma negativa" ao ser informado de que um grupo de produtos poderá ter um "período de carência" para reduzir suas tarifas de importação.
A Argentina é o grande entrave do processo. Enquanto Brasil, Paraguai e Uruguai já conseguiram incluir 87% dos produtos na oferta para a UE, os argentinos resistem em abrir mais de 82% do seu mercado. Dizem que, no máximo, chegarão a 85%.
Além disso, insistem que precisam de um prazo de sete anos para começar a reduzir as tarifas de importação de cerca de metade dos produtos, que só seriam submetidos ao livre mercado em 15 anos. Os europeus recusam qualquer "carência".
Desde março, os negociadores do Mercosul se reuniram mais algumas vezes com poucos resultados.
Segundo apurou a reportagem, no último encontro em Caracas, os técnicos concluíram que não conseguem mais avançar e deixaram para os ministros tomar uma "decisão política" sobre o futuro do acordo com a UE. A reunião entre os ministros deve ser marcada em breve.

Exportações para país vizinho caem pelo 8º mês seguido
Folha de S. Paulo

DE BRASÍLIA - As exportações brasileiras para a Argentina caíram pelo oitavo mês consecutivo em maio, comprometendo o resultado da balança.
De janeiro a maio deste ano, o Brasil vendeu menos US$ 3,3 bilhões em produtos para o mundo em relação ao mesmo período de 2013. Quase a metade do montante deve-se ao que deixou de ser exportado para a Argentina --terceiro parceiro comercial do país e principal destino de manufaturados.
Apesar do desempenho fraco das vendas, a queda nas importações permitiu superavit comercial de US$ 712 milhões em maio. Foi o pior resultado desde 2002 para o mês, mas ajudou a reduzir o deficit no ano, agora em US$ 4,9 bilhões.

Novo acordo automotivo com Argentina não avança
Valor Econômico

Divergências em torno do estabelecimento de metas para a importação de autopeças fabricadas na Argentina por montadoras instaladas no Brasil ainda impediram o fechamento de um novo acordo automotivo entre os dois países. Uma reunião "secreta" entre autoridades brasileiras e argentinas ocorreu ontem à tarde, em Brasília, mas não conseguiu eliminar todas as pendências.
Mesmo sem nenhuma menção em sua agenda, o ministro do Desenvolvimento, Mauro Borges, recebeu em seu gabinete a ministra argentina da Indústria, Débora Giorgi, para mais uma rodada de negociações. A reunião durou mais de três horas e não foi divulgada pela assessoria de Borges.
Nem mesmo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, pôde acompanhar parte da reunião e perambulava nos corredores do ministério à espera de informações sobre o que ocorria dentro do gabinete.
O maior impasse girava em torno das compras de autopeças pelas fábricas brasileiras. Elas importam US$ 20 bilhões por ano em partes e peças. Uma das reivindicações argentinas era ter metas progressivas para a substituição de fornecedores extra-Mercosul, como europeus e asiáticos, por produtos fabricados no país vizinho. O Brasil - tanto o governo quanto as montadoras - aceita trabalhar em um programa de estímulo à integração das cadeias produtivas, mas rejeita compromissos numéricos.
Os dois países já têm um entendimento garantido em torno do congelamento de suas atuais posições de mercado. Hoje, os carros brasileiros detêm 50% do mercado argentino; os veículos argentinos detêm 10% de fatia das vendas no Brasil. A tendência é que esses percentuais sejam mantidos, como teto, durante até três anos.
O acordo automotivo expira no dia 30. Se não for renovado, mesmo que temporariamente, volta a incidir a cobrança de tarifa de importação de 35% sobre o intercâmbio de veículos dentro do Mercosul. Diante do peso que isso representaria aos dois lados, a aposta é na renovação - pelo menos por um ano - do acordo.
Os fabricantes brasileiros tentam, até o último instante, convencer o governo a não aceitar que o novo acordo inclua a volta do "flex", que limitaria superávits na balança comercial do setor.
Caso isso não seja possível e o governo ceda a essa condição do lado argentino para fechar o entendimento, a indústria ainda tentará que o coeficiente seja igual ao que vigorou até junho de 2013, quando o flex era de 1,95. Isto é: para cada US$ 1 milhão em embarques de carros argentinos ao mercado brasileiro, o Brasil podia vender US$ 1,95 milhão em produtos automotivos à Argentina - ou vice-versa - sem a cobrança de tarifas.
Quem olha o resultado da balança do setor automotivo pode concluir que o flex seria uma condição aceitável para o lado brasileiro, já que o superávit brasileiro é pequeno. De janeiro a abril, a vantagem do Brasil é pequena, com US$ 2,54 bilhões em exportações de veículos e componentes para a Argentina e importações equivalentes a US$ 2,26 bilhões.
O problema, segundo uma fonte da indústria, é que o governo argentino conseguiu aproximar os valores à custas das chamadas Djais (Declaração Jurada Antecipada de Importação), um sistema de controle por meio do qual a liberação de produtos importados depende de autorização das autoridades argentinas.
O fim das Djais foi, inclusive, colocada pela indústria como sugestão de condição para o governo brasileiro oferecer uma linha de financiamento para os importadores argentinos. Os negociadores do país vizinho, entretanto, não aceitaram essa condição.

A Argentina quer um "flex" de 1,30. O governo brasileiro não vê problemas em definir a volta do sistema, mas quer alguma coisa intermediária, entre esse número defendido pelo país vizinho e o 1,95 que é o ano vigorava até o ano passado. O mais importante, conforme uma autoridade que acompanha o assunto, é ter flexibilidade suficiente para não comprometer os embarques das montadoras à Argentina. Uma nova reunião deve ocorrer, em Buenos Aires, na semana que vem.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Mercosul-UE: mesmo se fosse so a Argentina, a negociacao nao prosperaria...

Não se deve creditar apenas ao protecionismo argentino o insucesso na preparação da posição negociadora do Mercosul para um mais do que hipotético acordo com a UE. O Brasil também tem arrastado os pés nesse processo, pressionado internamente, e mantendo sua tradicional postura introvertida.
Em todo caso, o fracasso é o de menos atualmente.
O mais clamoroso é mesmo o ridículo a que se submetem diplomatas e técnicos de política comercial (que na verdade não existe, só existe a política).
Paulo Roberto de Almeida

Acordo comercial entre UE e Mercosul ‘patina’

Última reunião dos sul-americanos parar uma oferta conjunta aos europeus terminou sem conclusão, e acerto agora depende de solução política 

27 de maio de 2014 | 21h 01
Mauro Zanata - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Atolada nas discussões técnicas e diplomáticas, a oferta conjunta dos países do Mercosul para um acordo de livre-comércio com a União Europeia depende agora de uma negociação direta entre os presidentes do bloco comercial sul-americano. A ultima tentativa dos negociadores, feita há duas semanas em debates na Venezuela, não evoluiu. O difícil acerto, apurou o Estado, está na dependência de uma "solução política".
A nova, e definitiva, rodada de negociações será tentada diretamente pelos presidentes durante reunião paralela da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), marcada para ocorrer à margem do encontro dos dirigentes do grupo BRICS, em meados de julho, em Fortaleza (CE), após a Copa.
Mesmo com a dificuldade para fechar a oferta comum, a presidente Dilma Rousseff considera uma "questão simbólica" apresentar uma proposta de acordo conjunto do Mercosul aos europeus ainda este ano. Mesmo que o acordo efetivo com a UE seja adiado para 2015. "Ela se comprometeu pessoalmente com isso na ultima viagem à Bruxelas", diz uma fonte graduada do governo.
Limite. O prazo para atingir um acordo interno no bloco sul-americano estava "próximo do limite" desde a ultima tentativa de acordo no fim de abril, após infrutífera negociação em Montevidéu. De lá para cá, não houve evolução. Só divergências, informaram negociadores brasileiros. A proposta única dos quatro países-membros não melhorou na última reunião do Grupo Mercado Comum (GMC) do bloco, realizada em Caracas.
Ate aqui, a oferta preliminar patina na insuficiência do prazo fixado para a redução a zero das tarifas sobre os produtos europeus e está imobilizada na abrangência do volume de comércio. O compromisso UE-Mercosul era iniciar a troca das ofertas até início de junho. Em Caracas, a Argentina voltou a travar as negociações e o Brasil não teve força para fazer a oferta avançar.
A proposta conjunta do Mercosul chegou à média de 82% do volume de comércio, ainda longe da meta de zerar ao menos 87% das tarifas.
Prazo. A oferta de prazo para a desgravação tarifária do Mercosul foi elevada de 12 para 15 anos, segundo relatos feitos ao Estado. Os europeus insistiam em dez anos, mas aceitariam 12 anos, desde que houvesse a ampliação do volume de comércio abrangido.
Ocorre que, além de ampliar o prazo para a desgravação, a Argentina insiste em incluir uma carência de sete anos nessa conta para garantir uma "transição". Os sócios não concordam, principalmente o Brasil.
Pior oferta. No cálculo comercial dos dois blocos, tem prevalecido a chamada "pior oferta". Ou seja, quando um país bloqueia a oferta de determinado produto, o bem fica fora da proposta. Isso não melhora o conjunto da proposta e, pior, reduz a média da oferta final. O produto passa a ser classificado como "sensível", o que prejudica os termos de um acordo único.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Mercosul sem uniao aduaneira, sem livre comercio, sem comercio, sem nada; so conversa... -Editorial Estadao

Brasília em ritmo argentino

12 de maio de 2014 | 2h 06
Editorial O Estado de S.Paulo
O governo brasileiro, mais uma vez, se curva às imposições argentinas e com isso fica de novo adiado o livre comércio de veículos e autopeças entre os dois países. O protecionismo, os entraves e a burocracia comercial continuam prevalecendo entre as duas maiores economias do Mercosul, um bloco malsucedido e impropriamente classificado como união aduaneira. O adiamento do livre comércio de produtos automotivos será por mais um ano, segundo a previsão oficial. Na prática, poderá ser por muito mais tempo, se Brasília continuar, como na última década, obediente aos comandos da Casa Rosada. Apesar de mais essa rendição, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, ainda exibiu otimismo ao anunciar, no Congresso Nacional, mais uma prorrogação do acordo automotivo e o fechamento - próximo, segundo ele - da lista de ofertas do Mercosul à União Europeia. A troca de ofertas é um passo necessário à conclusão de um acordo comercial entre os blocos.
O acordo automotivo entre Brasil e Argentina foi assinado em 2000, entrou em vigor no ano seguinte e seria substituído em 2005 por um regime de livre comércio. Não deu certo. O acordo foi prorrogado por mais um ano e a partir daí a liberalização foi sendo regularmente adiada. O último adiamento ocorreu no ano passado e o novo prazo deveria terminar em junho deste ano. Segundo o ministro, a mudança ficará para junho de 2015. Até lá, explicou, os dois lados poderão acertar de forma definitiva a liberalização do comércio automotivo. Poderão, é claro, se os governos estiverem interessados. Não há, hoje, razão para acreditar nessa mudança.
As regras têm variado segundo os interesses argentinos. Na última versão, a indústria brasileira poderia exportar sem impostos produtos no valor de até US$ 1,95 para cada dólar vendido pelos argentinos. Os dois lados concordam com a manutenção do sistema até o próximo ano, mas o governo argentino defende a redução do índice "flex" para 1,30. O governo brasileiro discorda, disse o ministro. "Mas temos condições de chegar a um acordo sobre isso", acrescentou, exibindo uma boa vontade nada surpreendente.
Também segundo o ministro, a preparação da lista de ofertas para a negociação com os europeus vai bem e deverá ser concluída numa reunião do Mercosul na terça-feira. Seria incorreto, disse ele, apontar a Argentina como um "óbice". Ele transmitiu esse recado outras vezes e a única novidade, no pronunciamento de quinta-feira, foi a palavra "óbice". O acerto com os argentinos foi adiado várias vezes. Talvez a previsão se confirme, mas é bom esperar para conferir.
E depois? O Mercosul, disse o ministro, só aceitará um acordo com a União Europeia se obtiver claras vantagens para suas exportações agropecuárias. A presidente Dilma Rousseff, segundo ele, tem pedido informações sobre os benefícios oferecidos pelos europeus. Brasileiros e argentinos têm insistido, ao longo das negociações com os europeus, na obtenção de facilidades de acesso para os produtos do agronegócio. O protecionismo agrícola na Europa é de fato um problema importante, mas é preciso pensar também nos interesses da indústria. Exportadores industriais de outros países têm condições mais favoráveis de acesso ao mercado da União Europeia.
O ministro reafirmou a disposição de trabalhar pela conversão da América do Sul em zona de livre comércio. Ele havia mencionado esse ponto recentemente. Mas, para isso, o governo brasileiro terá de aceitar uma abertura econômica maior. Essa condição foi citada em janeiro pelo presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, quando lhe perguntaram, em Davos, se haveria interesse em um acordo entre a Aliança do Pacífico (Chile, Peru, Colômbia e México) e o Mercosul. No mesmo dia, também em Davos, a presidente Dilma Rousseff deixou claro seu pouco interesse em tornar mais aberto o mercado brasileiro. Nesse ponto, Brasília está muito mais próxima de Buenos Aires do que de Santiago, Lima, Bogotá e Cidade do México.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Brasil-Argentina: relacao estrategica dos companheiros cai no abismo...

 Intercâmbio comercial Brasil-Argentina cai 24% em abril

ARIEL PALACIOS, CORRESPONDENTE - Agencia Estado

O Estado de São Paulo, 6/05/2014


BUENOS AIRES - Em abril, pelo sétimo mês consecutivo, o intercâmbio comercial entre o Brasil e a Argentina registrou uma nova queda. Segundo dados da consultoria econômica Abeceb, a redução do fluxo de produtos entre os dois lados da fronteira teve uma redução de 24% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Por trás dessa queda, afirmam os economistas, está a contração do comércio automotivo, além da desaceleração de ambas economias. O comércio de automóveis representa 45% do fluxo bilateral.
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Outro ingrediente que colabora há meses na queda de mercadorias made in Brazil para a Argentina são as diversas barreiras comerciais impostas pelo governo da presidente Cristina Kirchner. Há um ano o governo argentino promete "tomar medidas prontamente" para "normalizar" a entrada de produtos brasileiros. Mas, por enquanto, as promessas não se concretizaram.

De quebra, afirma a consultoria, a escassez de divisas padecida pela Argentina "levou as autoridades a restringir o acesso ao mercado cambial dos importadores, solicitando que adiem os pagamentos de suas operações".

Segundo a Abeceb, as exportações brasileiras para a Argentina registraram queda de 27,3%. No total, em abril, as vendas do Brasil para o sócio do Mercosul foram de US$ 1,284 bilhão. A Argentina absorveu menos polímeros plásticos, pneus, veículos de carga e minério de ferro, além de autopeças.

Na contramão, as vendas argentinas para o Brasil diminuíram 20,6% em abril, totalizando US$ 1,264 bilhão. Por trás dessa queda, além das barreiras comerciais e as questões cambiais, estão as menores compras argentinas de combustíveis, tratores, motores para veículos, autopeças, arroz e trigo.

Dessa forma, em abril o Brasil teve um superávit de US$ 20 milhões com a Argentina. Isso indica uma queda de 88% em relação à vantagem comercial que o mercado brasileiro teve com o argentino no mesmo mês de 2013.

Promessas
O governo Kirchner prometeu diversas vezes, ao longo do último ano, flexibilizar as barreiras comerciais que aplica a diversos produtos made in Brazil. Essa promessa foi feita em outubro ao chanceler brasileiro Luiz Alberto Figueiredo por seu colega argentino Héctor Timerman. O ministro da presidente Cristina havia afirmado que a administração Kirchner tinha a intenção de resolver o caso "prontamente". No entanto, três meses se passaram sem avanços. Em dezembro passado, quando o então ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, viajou a Buenos Aires, ouviu um remake da mesma promessa.

Novamente outros três meses se passaram e os problemas bilaterais permaneceram, sem solução. Novamente o Brasil enviou um representante a Buenos Aires, neste caso, Mauro Borges, sucessor de Pimentel. No dia 16 de março, ele conversou com o ministro da Economia Axel Kicillof sobre a implementação de "mecanismos alternativos de financiamento que viabilizem o fortalecimento do comércio bilateral". Na ocasião o governo Kichner nem sequer se preocupou em fazer novas promessas sobre flexibilização das barreiras para facilitar a entrada de produtos brasileiros.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Acucar no comercio internacional: fim de uma distorcao de tres seculos na economia mundial?

Improvável que aconteça. Em todo caso, se trata da primeira vez, em praticamente três séculos de história econômica mundial, que um produto primário, dos mais importantes no comércio internacional desde a baixa Idade Média, e um dos mais importantes desde a era das navegações, vem a ser objeto de negociações realmente internacionais, com vistas a terminar um conjunto de distorções que prejudicam produtores e consumidores em praticamente todos os cantos do planeta.
O açúcar foi um dos primeiros produtos, talvez unicamente, a ser objeto de políticas governamentais de incentivo, estímulo, proteção, subsídios, enfim, um conjunto de medidas oficiais que distorcem as condições de produção, distribuição, comércio e consumo desde antes do período contemporâneo.
Já durante os tempos coloniais, ele era um dos objetos preferidos do exclusivo comercial entre metrópoles e respectivas colônias.
Durante as guerras napoleônicas, quando se começou a produzir mais maciçamente açúcar de beterraba para substituir o de cana que não chegava mais nos portos continentais, começaram as medidas oficiais de subsídios e proteção, que nunca mais terminaram.
O açúcar foi um dos primeiros produtos a deformar as regras de um sistema de comércio aberto e multilateralizado, e provavelmente será um dos últimos, senão o último, a ser totalmente liberado dessas políticas distorcivas.
Não acredito que o esquema proposto por um congressista americano venha a dar resultado, e isto por um motivo muito simples. Ainda que todos os demais países concordassem com o que ele propõe, a Índia, sempre a Índia, nosso grande aliado no protecionismo comercial internacional, simplesmente vai se opor a isso, em nome dos seus 400 ou 500 milhões de miseráveis. A desculpa é esfarrapada, sabemos, e a Índia seria a primeira a ganhar com a modernização do seu setor agrícola, mas a última coisa que políticos populistas, e corruptos, querem ouvir falar é de um sistema de mercados livres.
Nossa aliada no G20 comercial vai sabotar esses esforços, querem apostar?
Prevejo mais algum tempo de subsídios, protecionismo, distorções para o açúcar no comércio internacional.
Ele será o último a ser liberalizado.
Provavelmente dentre de mais ou menos 150 anos...
Paulo Roberto de Almeida

Has the time come for worldwide sugar subsidies to end?

sugarBy Rick Manning
A unique opportunity has emerged at the World Trade Organization to end sugar subsidies once and for all.
Australia, Colombia, Brazil, Paraguay, Thailand, Canada, El Salvador, the European Union and the United States have all complained to the WTO about massive sugar subsidies in India that threaten the world sugar market.
The complaints would be much more powerful if the U.S. Congress were to move forward immediately with Representative Ted Yoho’s (R-FL) proposal that would dictate that U.S. sugar subsidies would end once the rest of the world dropped their market distorting giveaways.  The proposal, known as Zero to Zero, would give U.S. representatives at the WTO the moral authority to demand the rest of the world drop the sugar subsidy arms race without permanently harming U.S. sugar production through unilateral disarmament.
Here’s how it would work.
Under the Yoho Zero to Zero plan, the U.S. would agree to eliminate all domestic sugar subsidies after the WTO had brokered an agreement with other countries around the world to drop theirs as well.  With sugar subsidies taking center stage at the WTO, there is no better time than the present to move forward with this innovative and aggressive move to return to a subsidy free world wide sugar market.
While the Farm Bill in the U.S. has passed and is in place for five years, congressional action on the Yoho proposal should not wait as it would give our nation’s trade negotiators a timely boost in seeking an end to escalating subsidies.  Most importantly, it would force other nations, like Brazil, to choose whether to argue against Indian sugar subsidies while continuing their own program that has undercut other sugar producers around the world.
By leading the way on the Yoho legislation without unilaterally disarming and harming our nation’s domestic sugar industry, Congress would be making a bold statement that could provide the tipping point in the world wide debate on the place of agriculture subsidies as a whole, and sugar subsidies in particular.
Rick Manning is the vice president of public policy and communications for Americans for Limited Government.

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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

OMC: protecionismo em alta, Brasil na berlinda

Brasil é o nº 1 em medidas protecionistas, diz OMC

Relatório indica que país foi o que mais adotou barreiras a importados em 2013, seguido por Índia, EUA e Argentina

17 de fevereiro de 2014 | 2h 07

Jamil Chade, correspondente de Genebra - O Estado de S.Paulo
O Brasil foi o país que adotou o maior número de medidas contra importados em 2013 no mundo, com um total de 39 aberturas de ações de antidumping. Os dados fazem parte de um informe preparado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e que alerta que o volume de novas barreiras no mundo no ano passado foi 30% superior ao número de 2012.
Os dados serão debatidos hoje em Genebra, numa reunião convocada para tratar do protecionismo no mundo. A OMC não acredita que exista um "surto" de protecionismo na economia mundial. Mas vai apelar aos governos para que coloquem o combate às barreiras como uma prioridade.
No total, 407 barreiras foram implementadas no mundo, 100 mais que em 2012. A OMC não entra numa avaliação se as medidas são ilegais ou não. Mas insiste que governos precisam continuar alertas diante das pressões protecionistas. No total, um fluxo de comércio equivalente a US$ 240 bilhões foi afetado pelas barreiras.
No que se refere ao Brasil, a OMC aponta que 39 novas investigações de dumping foram abertas pelo País em 12 meses. O segundo lugar ficou para a Índia, com 35 casos. Os americanos vêm na terceira posição, com 34 casos. O quarto lugar é da Argentina, com 19 casos.
Nos últimos dois anos, o Brasil já vem sendo duramente questionado na OMC por sua política comercial. Na semana passada, a Europa deu claras indicações de que vai recorrer aos juízes internacionais para julgar a política de incentivos fiscais do Brasil, numa ação que pode contar até mesmo com o apoio de Washington. Bruxelas alertou que programas como o de redução de IPI foram anunciados como medidas provisórias, mas acabaram se transformando em políticas industriais permanentes no Brasil
De fato, outra preocupação generalizada da OMC é de que as barreiras adotadas desde o início da crise, em 2008, não venham sendo retiradas com o mesmo ritmo das novas medidas protecionistas.
No mundo, as medidas adotadas por governos para facilitar o fluxo de bens despencaram em 2013, somando apenas 107 casos pelo mundo e 50 a menos que em 2012. No mesmo período, o número de países que atenderam ao pedido da OMC para detalhar as medidas comerciais adotadas no ano caiu de 39 em 2012 para 35 em 2013. Quatro de cada cinco membros da OMC nem sequer comunicou à entidade o que tem feito em termos de medidas comerciais.
Em entrevista ao Estado no fim de 2013, o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, já havia afirmado que um dos problemas desde o início da crise mundial em 2008 é que 80% das medidas para barrar o comércio e declaradas como iniciativas "temporárias" na realidade jamais foram desmontadas. O temor de especialistas é que, uma vez implementadas, as barreiras não serão mais eliminadas.
O que a OMC também constatou é que o número de acordos bilaterais e regionais de comércio continua em plena expansão. Apenas em 2013, houve 23 novos tratados, fazendo com que o total atingisse 250. Segundo a entidade, um número elevado continua sendo negociado, no que pode ser um obstáculo para a OMC continuar a ser o foco do comércio mundial e do estabelecimento de regras.
Comércio. No que se refere ao fluxo de bens em 2013, a OMC não esconde que a taxa de expansão ficou abaixo de 2,5%, sua previsão inicial para o ano. Segundo a entidade, se não fosse pelos países emergentes, o comércio global teria encolhido, um cenário que teria repetido a crise de 2009.
Para 2014, a OMC destaca uma aceleração nos fluxos de bens. Mas diz que a taxa deve ficar abaixo da média dos últimos 25 anos, quando o crescimento foi de 5,5%. Para este ano, o melhor cenário aponta uma expansão de 4,5%.

Alianca do Pacifico, Desalianca do Atlantico - Editorial Estadao

Caro leitor: a pergunta é prosaica, mas merece ser feita: vc prefere viver num pais que promove o livre comércio ou que incita o protecionismo?
Pense no seu bolso, antes de se declarar  patriota. Como já disse alguém, o patriotismo é o último refúgio dos canalhas. Vc é um ser humano...
Paulo Roberto de Almeida 

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A Aliança do Pacífico avança

Editorial O Estado de S.Paulo, 16 de fevereiro de 2014 
A Aliança do Pacífico, bloco formado por México, Colômbia, Peru e Chile, reduziu a zero as tarifas de mais de 90% dos produtos comercializados entre seus membros. Os demais produtos, todos do setor agrícola e considerados sensíveis, serão zerados em até 17 anos. Está liberada também a circulação de capitais e serviços, com integração inclusive de mercados financeiros. Considerando-se que essa aliança existe formalmente há menos de dois anos, os progressos são impressionantes - ainda mais se comparados à letargia do Mercosul, cujos projetos de integração se arrastam há mais de duas décadas.
Em poucas palavras, a diferença entre um e outro está na visão de mundo: enquanto os países do Pacífico apostam no livre mercado, os parceiros do Mercosul dão cada vez mais ênfase ao estatismo - uma doença que empobrece países importantes, como Argentina e Venezuela - e à ideologia, que, em nome de um suposto resgate dos pobres e dos oprimidos, repele investidores, criminaliza o lucro e condena a região ao atraso crônico.
A intenção da Aliança do Pacífico não é modesta: pretende ser o principal polo de atração de investimentos na América Latina e quer ser a ponte para uma eventual integração com a Ásia - China, Coreia do Sul e Japão já são observadores do bloco. A aliança reúne hoje 212 milhões de habitantes, e seu Produto Interno Bruto (PIB) somado representa 36% do PIB latino-americano. Vários países da América Central, como Costa Rica e Panamá, já manifestaram interesse em aderir, para não perder a chance de integrar um projeto que tem sido visto no resto do mundo como a mais importante iniciativa de comércio internacional no continente.
O acordo recém-assinado serve também para resolver o desequilíbrio causado pelos vários tratados de livre-comércio firmados individualmente pelos países do bloco com os Estados Unidos e a União Europeia. Graças a esses tratados, diversos produtos comercializados no interior da Aliança do Pacífico eram menos competitivos do que os artigos americanos e europeus. Agora, com quase todas as tarifas eliminadas, a competição tende a se restabelecer.
Para os signatários do acordo, trata-se de mais uma prova de que a aliança está fundada em políticas que visam a flexibilizar cada vez mais as relações comerciais, que preservam a previsibilidade da política econômica, que reduzem a burocracia e que, principalmente, respeitam os contratos em vigor. Em 2012, quando recebeu a visita de empresários e políticos espanhóis interessados em investir na Colômbia, o presidente Juan Manuel Santos lhes disse: "Aqui não expropriamos" - poucos dias antes, o governo da Argentina havia tomado da petrolífera espanhola Repsol sua participação na YPF.
O Mercosul, por sua vez, está cada vez mais atado ao bolivarianismo, que hostiliza os investimentos estrangeiros, ergue barreiras comerciais e reluta em relacionar-se com os europeus e, principalmente, com os americanos. A presença da Venezuela na presidência do bloco diz tudo sobre a prevalência da fantasia sobre a razão no Mercosul.
Como resultado, seus membros aparecem entre os últimos colocados no ranking do Banco Mundial que analisa o ambiente de negócios na América Latina. O Uruguai é o 12.º entre os 33 países analisados, seguido do Brasil (23.º), da Argentina (26.º) e da Venezuela - a lanterninha. Os da Aliança do Pacífico ocupam quatro das cinco primeiras posições.
Mas nem tudo é contraste entre a Aliança do Pacífico e o Mercosul. Um dos objetivos dos fundadores da Aliança é "promover o crescimento econômico, o desenvolvimento e a competitividade das economias dos países-membros, buscando atingir maior bem-estar, superando a desigualdade socioeconômica e promovendo uma maior inclusão social de seus habitantes". Meta idêntica à do Mercosul, como não se cansam de afirmar seus líderes populistas. No entanto, não será necessário muito tempo para constatar que o modelo da Aliança, baseado no livre-comércio e não no atraso ideológico, é o único capaz de cumprir o que promete.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Alca al carajo: dixit Chavez; projeto de anexacao economica: dixit Lula; e agora?

Meu amigo Mario Machado foi direto ao ponto.
Endosso e ratifico cada palavra, cada virgula, e, sobretudo, a sua interrogaçao final.
Paulo Roberto de Almeida 

Coisas Internacionais


Posted: 21 Jan 2014 09:44 AM PST
alca al carajoVisitei o Equador no início dos anos 2000 e pelas ruas de Quito um grafite chamou a minha atenção ele dizia: “ALCA, Al carajo, Yanks go home”, a época o recém empossado governo Lula construía o que alardeavam como sua maior vitória política, o torpedeamento da Área de Livre Comércio das Américas, como se dizia a época o bloco que iria da Tierra del Fuego ao Alaska. Anos depois o falecido Chávez usaria a mesma expressão elegante, em Mar del Plata.
O argumento principal era o temor da economia brasileira e da região se tornariam satélites da economia americana, além é claro das dificuldades de sempre, ou seja, agricultura protegida pelo lado americano e serviços blindados pelo lado brasileiro.
Tudo que envolve parceria ou associações com os EUA, acaba sendo decidido com o fígado no Brasil, ou seja, preconceitos ideológicos (e concordâncias cegas, também) dominam o debate, o abstrato interesse nacional é torturado até confessar o que as correntes de opinião desejam.
A tese vencedora foi a do triunfo soberano da política Sul-sul e para isso BRICS seria o caminho, a crise de 2008 parecia ser a grande prova que essa fora a melhor aposta e pouco importava que a pauta comercial brasileira com os demais BRICS (no caso só China mesmo é relevante) fosse concentrada em commodities – o que até pouco tempo antes era sinal claro de atraso diriam os mesmos que agora eram entusiastas dos BRICS – mas, o boom das commodities dava (e ainda dá) muito dinheiro e criava portentosas reservas que nos tornavam credores líquidos do mundo.
Nesse período e com uma forcinha enorme da suspensão do Paraguai o MERCOSUL acrescentou a Venezuela em seu arranjo, pode-se até imaginar que o fácil acesso ao petróleo venezuelano seja algo importante para um bloco em busca de energia, mas politicamente isso mandou uma mensagem altermundista, o MERCOSUL agora seria o bloco em busca de outro mundo possível.
Enquanto isso avançou o movimento de assinatura de acordos de livre comércio entre EUA e vários países da América Central, Caribe e América do Sul, como os vizinhos Peru e Colômbia. E as tentativas de acordo MERCOSUL-UE não passam de declarações de intenções, elogios mútuos, belas notas oficiais e negociações empacadas.
Claro, que ter uma economia relativamente fechada como a brasileira cria distorções que elevam os preços dos produtos fabricados localmente, o que retro-alimenta o fechamento da economia ao justificar a proteção sob pena de perda empregos, automóveis são um caso clássico.
E assim, mais de uma década depois de ver aquele grafite, em Quito, chegamos ao que vemos hoje, a expansão maior dos países do pacífico e como no caso peruano com excelentes resultado na eliminação da pobreza e os países mais fechados patinando, enfrentando inflação.
No inicio desse nosso século fizemos uma opção e mandamos o livre-comércio ‘al carajo’ e o que ganhamos em troca?
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PS: Esse não foi o grafite que vi, mas não achei a foto para ilustrar essa postagem.