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segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Prata da Casa, abril a julho de 2018: livros de diplomatas - Paulo Roberto de Almeida

Minha mais recente "safra" de mini-resenhas de livros de diplomatas para a revista da Associação dos Diplomatas Brasileiros:
Paulo Roberto de Almeida

3324. “Prata da Casa, abril a julho de 2018”, Brasília, 27 agosto 2018, 4 p. Resenhas dos seguintes livros para a Revista da ADB: 1) Pardellas, Carlos Alberto Pessôa: Epitacio Pêssoana Europa e no Brasil (Brasília: Funag, 2018, 544 p.; ISBN: 978-85-7631-758-6; História Diplomática); 2) Godinho, Rodrigo de Oliveira: A OCDE em rota de adaptação ao cenário internacional: perspectivas para o relacionamento do Brasil com a Organização (Brasília: Funag, 2018; 319 p.; ISBN: 978-85-7931-764-7; Curso de Altos Estudos); 3) Friaça, Guilherme José Roeder: Mulheres diplomatas no Itamaraty (1918-2011): uma análise de trajetórias, vitórias e desafios (Brasília: Funag, 2018, 385 p.; ISBN: 978-85-7631-766-1; Curso de Altos Estudos); 4) Moreira, Gabriel BoffA política regional da Venezuela entre 1999 e 2012: petróleo, integração e relações com o Brasil (Brasília: Funag, 2018, 355 p.; ISBN: 978-85-7631-765-4; Curso de Altos Estudos); 5) Pontes, Kassius Diniz da Silva: Entre o dever de escutar e a responsabilidade de decidir: o CSNU e os seus métodos de trabalho (Brasília: Funag, 2018, 395 p.; ISBN: 978-85-7631-762-3; Curso de Altos Estudos); 6) Berbert, Cristiano Franco: Reduzindo o custo de ser estrangeiro: o apoio do Itamaraty à internacionalização de empresas brasileiras (Brasília: Funag, 2018, 300 p.; ISBN: 978-85-7631-763-0; Curso de Altos Estudos); 7) Araújo, Ricardo Guerra de: O jogo estratégico nas negociações Mercosul-União Europeia (Brasília: Funag, 2018, 385 p.; ISBN: 978-85-7631-759-3; Curso de Altos Estudos) e 8) Domenech, Aurea: Memórias na chuva (Rio de Janeiro: 7 Letras, 2017, 158 p.; ISBN: 978-85-421-0584-31). Publicado na Revista da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XX, n. 99, abril a julho de 2018, p. xx-xx; ISSN: 0104-8503). Relação de Publicados n. .

Prata da Casa, abril a julho de 2018

Paulo Roberto de Almeida
 [Miniresenhas; Revista da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XX, n. 99, abril a julho de 2018, p. xx-xx; ISSN: 0104-8503)]

 (1) Pardellas, Carlos Alberto Pessôa: 
       Epitacio Pêssoana Europa e no Brasil
       (Brasília: Funag, 2018, 544 p.; ISBN: 978-85-7631-758-6; História Diplomática)



O livro está dividido em duas partes: as 250 páginas do “diário de viagem” na Europa, entre 28 de março e 10 de novembro de 1897, aos 32 anos, uma espécie de “ano sabático” entre suas atividades políticas na Paraíba e no Congresso, reeleito, mas não empossado em 1894, por obra da famigerada Comissão de Poderes da Câmara, o que lhe induz a viajar pela Europa; a segunda, outras tantas páginas de introdução e uma detalhada biografia escrita por seu neto, o embaixador Pardellas, que soube colocar em evidência, não tanto o guia de viagens do avô, mas sua extraordinária carreira política, estendendo-se por três regimes, incluindo a sua participação na conferência da paz de Paris e a presidência da República, de 1919 a 22. Uma apresentação do embaixador Costa e Silva e um prólogo do ex-ministro Francisco Rezek, enriquecem a obra.


(2) Godinho, Rodrigo de Oliveira: 
       A OCDE em rota de adaptação ao cenário internacional: perspectivas para o relacionamento do Brasil com a Organização
       (Brasília: Funag, 2018; 319 p.; ISBN: 978-85-7931-764-7; Curso de Altos Estudos)



No momento em que o Brasil, reforçando sua aproximação iniciada vários anos antes, mas com novo impulso a partir de 2015, resolve solicitar formalmente seu ingresso na organização do Chateau de la Muette, em Paris, o diplomata e economista Godinho, atual assessor internacional do ministro da Fazenda, efetua um levantamento completo das características, adaptação e transformações da OCDE (3/4 da obra) e oferece, no 1/4 restante, um exame meticuloso do processo de aproximação gradual e das perspectivas de relacionamento do Brasil com a entidade. Um anexo informa sobre todas as instâncias de participação do Brasil, ou seja, os seus diferentes órgãos, mas sem as datas respectivas de acesso ou de adesão como observador ou membro. Trata-se do mais atualizado guia sobre o que nos resta fazer para sermos, enfim, aceitos na OCDE.



(3) Friaça, Guilherme José Roeder: 
       Mulheres diplomatas no Itamaraty (1918-2011): uma análise de trajetórias, vitórias e desafios
       (Brasília: Funag, 2018, 385 p.; ISBN: 978-85-7631-766-1; Curso de Altos Estudos) 



São poucos os trabalhos até aqui dedicados à presença feminina no universo funcional do Itamaraty, mas a publicação de algumas teses e pesquisas, e a criação de um Grupo de Mulheres Diplomatas, com amplo programa de trabalho, testemunham o reforço e a extensão gradual das atividades e representação ligadas a gênero, cem anos depois que Maria José de Castro Rebello Mendes adentrou vitoriosa na carreira, seguida por muitas outras, mas não sem uma longa luta pela igualdade e reconhecimento. A tese de Friaça cobre três grupos sucessivos de mulheres: o grupo “das 20”, as pioneiras, entre 1918 e 1938, com um longo intervalo até o segundo, a “segunda geração”, entre 1954 e 1988, e finalmente a “nova geração, a partir de 1988, com a modernização da legislação pertinente. Thereza Quintella, batalhadora da “segunda”, apresenta a obra. 


(4) Moreira, Gabriel Boff:
       A política regional da Venezuela entre 1999 e 2012: petróleo, integração e relações com o Brasil 
       (Brasília: Funag, 2018, 355 p.; ISBN: 978-85-7631-765-4; Curso de Altos Estudos)


            
Treze capítulos em quatro partes cobrem os importantes temas desta tese que cobre a gestão Hugo Chávez na infeliz trajetória da Venezuela, de sua relativa riqueza ao afundamento econômico e político, antes mesmo que tudo virasse uma tragédia humana incomensurável. A maldição do petróleo perpassa a trajetória cleptocrática do país vizinho, mas não esgota as questões da política externa regional bolivariana, que passam ainda pelo apoio do lulopetismo diplomático à adesão do país ao Mercosul, em 2012. O título da Parte IV é autoexplicativo: “Do céu ao inferno: os limites do modelo”, ou seja, da diplomacia petroleira e seus estranhos aliados, inclusive o próprio governo companheiro, empenhado em forjar uma “aliança estratégica”, que pode ter reforçado a sobrevivência de um regime claramente esquizofrênico. 



(5) Pontes, Kassius Diniz da Silva: 
       Entre o dever de escutar e a responsabilidade de decidir: o CSNU e os seus métodos de trabalho
       (Brasília: Funag, 2018, 395 p.; ISBN: 978-85-7631-762-3; Curso de Altos Estudos)



O eventual ingresso do Brasil, como membro permanente do CSNU, constitui uma das mais antigas obsessões diplomáticas brasileiras, como aliás já tinha sido o caso quando da Liga das Nações. Esta tese não entra nessa angústia, mas analisa os métodos de trabalho, formais e informais, aparentemente insuficientes para encaminhar crises  tão devastadoras em sofrimentos humanos como as do Afeganistão, do Iraque, da Líbia e da Síria. O P-5 não é nem eficiente, nem transparente, e o direito de veto que possuem os seus membros continua tão intocável quanto sempre. A despeito de todas as falhas, o CSNU é o único órgão que assegura que paz e segurança internacionais não sejam ainda mais precárias do que já são, no cenário de “anarquia” das soberanias. O Brasil acha que só uma reforma de ampliação melhoraria os métodos do CSNU; o impasse continuará...


 (6) Berbert, Cristiano Franco: 
       Reduzindo o custo de ser estrangeiro: o apoio do Itamaraty à internacionalização de empresas brasileiras
       (Brasília: Funag, 2018, 300 p.; ISBN: 978-85-7631-763-0; Curso de Altos Estudos) 



O Brasil é um país notoriamente protecionista e mercantilista, pelas políticas nas áreas comercial e industrial. O que não impede que empresas, atuando no nível micro, busquem sua internacionalização, pois sabem das oportunidades existentes. Existe, em todo caso, um “custo de ser estrangeiro”, e o Itamaraty também precisa atuar com esse foco, como demonstra esta tese voltada para a prestação de serviços nessa área, de inteligência (ou seja, de informação), de networking (contatos com parceiros externos) e de legitimação, que implica sofisticação e envolvimento dos diplomatas nessas tarefas. A tese partiu de entrevistas com ex-diretores do DPR – que completou meio século já – e baseou-se em contatos estruturados com executivos brasileiros, bem como com funcionários de outros órgãos. O resultado é um verdadeiro “how to do” nesse setor. 


(7) Araújo, Ricardo Guerra de: 
       O jogo estratégico nas negociações Mercosul-União Europeia
       (Brasília: Funag, 2018, 385 p.; ISBN: 978-85-7631-759-3; Curso de Altos Estudos) 



Duas únicas uniões aduaneiras figurando no quadro dos esquemas de integração regional tentaram durante duas décadas concluir um acordo de liberalização comercial, sem sucesso até o momento presente. Se existe algum jogo estratégico nas negociações entre a UE e o Mercosul, ele não funcionou, portanto, a despeito de semelhanças aparentes entre os dois blocos; isso não impediu que o congelamento do processo entre 2004 e 2009 (a tese é de 2006) se estendesse na prática, mesmo após a retomada dos esforços, como deixa entender o negociador atual pelo Brasil, que assina o posfácio (de fevereiro de 2018): ceticismo da Comissão de Bruxelas, protecionismo agrícola aqui e ali, oposição do setor industrial brasileiro, tudo concorre para manter o antigo estado de hibernação. Antes havia a “ameaça” da Alca; agora nem isso: teremos mais letargia... 
  
(8) Domenech, Aurea: 
       Memórias na chuva
       (Rio de Janeiro: 7 Letras, 2017, 158 p.; ISBN: 978-85-421-0584-31) 



A coletânea de suas poesias vem ilustrada por pinturas da própria autora, tendo na capa o Itamaraty do Rio de Janeiro, pois ela é do serviço exterior brasileiro. 27 poemas na seção inaugural, “Literatura e liberdade”, des outros na seguinte, “Memórias na chuva”, seguidos de 73 sonetos, incluindo um sobre os “cisnes brancos do Itamaraty” e duas outras seções finais: uma de poemas em outras línguas, combinando inglês, francês e português, e outra de traduções (Michelangelo Buonarroti e Victor Hugo). O prefácio é de Olga Savary, e a “Fortuna crítica”, ao final, reúne escritores e artistas do Brasil, dos Estados Unidos e da Unicef. O conjunto revela um seguro domínio da escrita com sensibilidade; a feliz fusão entre beleza e liberdade demonstra um longo convívio com a arte da palavra, percepção apenas visível nos verdadeiros artistas.


 [Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 27 agosto 2018]

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Prata da Casa: os livros dos diplomatas - Paulo Roberto de Almeida

O mais recente número da revista da Associação dos Diplomatas Brasileiros

trouxe mais uma "colheita" de livros de diplomatas:

1277. “Prata da Casa, dezembro de 2017 a março de 2018”, Revista da ADB(ano XX, n. 97, dezembro de 2017 a março de 2018, p. 43-45; ISSN: 0104-8503; links: https://adb.org.br/revista-adb/#revista-adb-97/page42-page43https://adb.org.br/revista-adb/#revista-adb-97/page44-page45). Mini-resenhas sobre os seguintes livros: (1) Paulo Roberto de Almeida: Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império(3ra. edição, revista; Brasília: Funag, 2017, 2 volumes; Coleção História Diplomática; ISBN: 978-85-7631-675-6; obra completa; 964 p.; vo. I: 516 p.; ISBN: 978-85-7631-668-8; vol. II: 464 p.; ISBN: 978-85-7631-669-5); (2) Rubens Ricupero: A diplomacia na construção do Brasil, 1750-2016(Rio de Janeiro: Versal, 2017, 780 p.; ISBN: 978-85-89309-80-6); (3) Sérgio Corrêa da Costa: A diplomacia do marechal: intervenção estrangeira na Revolta da Armada (3a. edição; Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2017, 494 p.; ISBN: 978-85-7631-708-1); (4) Sérgio Eduardo Moreira Lima; Paulo Roberto de Almeida; Rogério de Souza Farias (orgs):Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro (Brasília: Funag, 2017, 2 vols.; vol. 1, 568 p.; ISBN: 978-85-7631-696-1; vol. 2, 356 p.; ISBN: 978-85-7631-697-8); (5) Paulo Borba Casella, Raphael Carvalho de Vasconcelos, e Ely Caetano Xavier Junior (orgs.): Direito Ambiental: o legado de Geraldo Eulálio do Nascimento e Silva (Brasília: Funag, 2017, 492 p.; ISBN: 978-85-7631-673-2); (6) Henrique Carlos Ribeiro Lisboa:A China e os chins: recordações de viagem(Rio de Janeiro: Fundação Alexandre de Gusmão/CHDD, 2016, 334 p.; ISBN: 978-85-7631-593-3).





quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Prata da Casa, fevereiro de 2017 a maio de 2017 - resenhas Paulo Roberto de Almeida

Um pouco atrasado, mas finalmente verificado, vou publicar a lista efetiva das resenhas publicadas na revista da ADB:

1266. “Prata da Casa, fevereiro de 2017 a maio de 2017”, Revista da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XIX, n. 95, fevereiro de 2017 a maio de 2017, p. 36-37; ISSN: 0104-8503; link: https://adb.org.br/wp-content/uploads/2017/08/Revista-da-ADB-alta.pdf). Mini-resenhas sobre os seguintes livros: (1) Paulo Roberto de Almeida (org.), O Homem que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos (Curitiba: Editora Appris, 2017, 373 p.; ISBN: 978-85-473-0485-0); (2) José Vicente Pimentel (ed.), Brazilian Diplomatic Thought: policymakers and agents of Foreign Policy (1750-1964) (Brasília: Funag, 2016, 3 vols.; ISBN: 978-85-7631-547-6); (3) Ives Gandra da Silva Martins; Paulo Rabello de Castro (Orgs.). Lanterna na proa: Roberto Campos Ano 100 (São Luís: Resistência Cultural, 2017, 340 p.; ISBN: 978-85-66418-13-2); (4) Sérgio Eduardo Moreira Lima (org.): Visões da obra de Hélio Jaguaribe (Brasília: Funag, 2015, 135 p.; ISBN: 978-85-7631-539-1).  Relação de Originais n. 3107.

Aqui seguem os textos: 
 

Paulo Roberto de Almeida
 [Miniresenhas; Revista da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XIX, n. 95, fevereiro de 2017 a maio de 2017, p. 36-37; ISSN: 0104-8503)]


(1) Paulo Roberto de Almeida (org.):
       O Homem que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos
       (Curitiba: Editora Appris, 2017, 373 p.; ISBN: 978-85-473-0485-0)


            Roberto Campos foi, possivelmente, um dos maiores intelectuais brasileiros da segunda metade do século XX, com a peculiaridade de que, além de ser diplomata, se tratava também de um dos grandes economistas, homens públicos e estadistas, que dedicou sua vida a tentar salvar o Brasil de si mesmo, sem no entanto conseguir êxito na empreitada. Organizado por um diplomata que leu, ou releu, toda a sua obra, desde a tese defendida na George Washington University em 1947, até seus últimos escritos, passando pelas suas indispensáveis memórias, o livro também contou com a colaboração de outro diplomata, Carlos Henrique Cardim, que discorreu sobre a participação de Roberto Campos nos encontros internacionais da UnB, que ele também organizou. Paulo Roberto de Almeida traçou sua magnífica trajetória intelectual.



(2) José Vicente Pimentel (ed.):
       Brazilian Diplomatic Thought: policymakers and agents of Foreign Policy (1750-1964)
        (Brasília: Funag, 2016, 3 vols.; ISBN: 978-85-7631-547-6);


Diversos diplomatas colaboraram na empreitada: Synesio Sampaio Goes Filho (Alexandre de Gusmão), João Alfredo dos Anjos (José Bonifácio), Luis Cláudio Villafañe G. Santos (Duarte da Ponte Ribeiro), Luis Felipe de Seixas Corrêa (Honório Hermeto Carneiro Leão), Rubens Ricupero (A política externa da Velha República e o capítulo sobre o Barão do Rio Branco), Carlos Henrique Cardim (Rui Barbosa), Kassius Diniz da Silva Pontes (Euclides da Cunha), Paulo Roberto de Almeida (introdução metodológica e um capítulo sobre Oswaldo Aranha), Eugênio Vargas Garcia (Cyro de Freitas Valle), Guilherme Frazão Conduru (José Carlos Macedo Soares), Samuel Pinheiro Guimarães (Afonso Arinos de Mello Franco, Gelson Fonseca (San Tiago Dantas) e Ronaldo Mota Sardenberg (João Augusto de Araújo Castro).




(3) Ives Gandra da Silva Martins; Paulo Rabello de Castro (orgs.):
       Lanterna na proa: Roberto Campos Ano 100
       (São Luís: Resistência Cultural, 2017, 342 p.; ISBN: 978-85-66418-13-2)


Sessenta e dois colaboradores nesta outra homenagem a Roberto Campos, entre eles quatro diplomatas: Eduardo dos Santos (sobre a sua chefia, de 1974 a 1982, da embaixada em Londres), Paulo Roberto de Almeida (Bretton Woods, BNDE e receita para desenvolver um país), Rubens Barbosa (Um homem adiante de seu tempo) e Sérgio Eduardo Moreira Lima (“Bob Fields”: o estigma, o diplomata e os valores nacionais). Cada um deles desenvolve diferentes aspectos da vida, da obra e das atividades econômicas ou diplomáticas de Roberto Campos, sempre enfatizando seus ideais de liberdade, de economia de mercado, de reformas estruturais para arrancar o Brasil de uma situação de pobreza evitável para colocá-lo numa condição de prosperidade possível.




(4) Sérgio Eduardo Moreira Lima (org.)
       Visões da obra de Hélio Jaguaribe
       (Brasília: Funag, 2015, 135 p.; ISBN: 978-85-7631-539-1)


Em homenagem feita pelos 90 anos do grande pensador do nacionalismo brasileiro, Samuel Pinheiro Guimarães analisou sua contribuição para a diplomacia, enfatizando a “notável atualidade nas ideias que [HJ] defendeu para a política externa”. Para “demonstrar” tal atualidade, destacou trechos do livro O Nacionalismo na Atualidade Brasileira, de 1958, indicando as similaridades com as políticas e posturas defendidas de 2003 a 2016 pela diplomacia brasileira, da qual ele foi um dos principais ideólogos. As mesmas oposições à época destacadas por HJ, entre o capital estrangeiro e o nacional, a autonomia ou a submissão ao império, a união da América Latina para “neutralizar o poder de retaliação dos Estados Unidos” (p. 89), seriam plenamente atuais (pelo menos para esse ideólogo). Como se queria demonstrar...

 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Prata da Casa, Revista da ADB, 4to trimestre 2015 (atrasado, mas bonito) - Paulo Roberto de Almeida

Depois de certa confusão quanto à ordem de publicação das doze mini-resenhas preparadas para os dois trimestres finais de 2015, finalmente foram publicadas mais quatro no começo deste ano, com data de calendário de outubro-novembro-dezembro. Nesta ordem:


1205. “Prata da Casa, Boletim ADB – 4to. trimestre 2015” [Notas sobre os seguintes livros: 1) Sérgio da Veiga Watson: Reflexões de um civil sobre as Forças Armadas (Brasília: Thesaurus, 2015, 245 p.; ISBN: 978-85-409-0355-5); 2) Abelardo Arantes Jr.: A passagem do neoestalinismo ao capitalismo liberal na União Soviética e na Europa Oriental (Brasília: Funag, 2015, 533 p.; ISBN: 978-85-7631-549-0; Coleção relações internacionais); 3) Vera Cíntia Álvarez: Diversidade cultural e livre comércio: antagonismo ou oportunidade? (Brasília: Funag, 2015, 342 p.; ISBN: 978-85-7631-541-4; coleção CAE); 4) Benjamin Mossé: Dom Pedro II: Imperador do Brasil (O Imperador visto pelo barão do Rio Branco) (Brasília: Funag, 2015, 268 p.; ISBN: 978-85-7631-551-3); Revista da ADB (Brasília: Associação dos Diplomatas Brasileiros, ano 22, n. 91, outubro-novembro-dezembro 2015, p. 40-41; ISSN: 0104-8503). Relação de Originais n. 2864 e 2852.


(1) Sérgio da Veiga Watson:
Reflexões de um civil sobre as Forças Armadas
(Brasília: Thesaurus, 2015, 245 p.; ISBN: 978-85-409-0355-5)


Como diz o título, se trata de reflexões, mas elas são absolutamente sinceras e feitas em tom coloquial, ademais de embasadas num vasto conhecimento pessoal, em leituras e pesquisas, com um rico suporte bibliográfico (e na filmografia) sobre o papel das FFAA no Brasil (e em países do Cone Sul), uma trajetória de alternância entre, de um lado, experimentos democráticos e governos civis, e golpes e governos militares, de outro. Sem esconder um viés antimilitarista e abertamente contrário à ditadura militar brasileira, o autor faz uma leitura honesta dessa complicada relação. O ponto final, dado no cinquentenário do golpe, convida as FFAA a, finalmente, reconhecer os lamentáveis excessos cometidos naquele período e a se desvincular dos torturadores. Um livro que demorou quarenta anos para ser escrito; deve ser saudado com uma bela continência.



(2) Abelardo Arantes Jr.:
A passagem do neoestalinismo ao capitalismo liberal na União Soviética e na Europa Oriental
(Brasília: Funag, 2015, 533 p.; ISBN: 978-85-7631-549-0; Coleção relações internacionais)


Curiosa esta tese de doutorado (UnB): nela se descobre que o socialismo surgiu por “deficiências do liberalismo no Ocidente”, que a contrarrevolução estalinista de 1923-27 traiu o marxismo-leninismo e os trabalhadores e está na origem dos eventos de 1989-91, quando a elite neoestalinista, numa espécie de conspiração para continuar no poder, efetuou sua conversão ao liberalismo. A tese é uma verdadeira revolução na história da Europa oriental e na do marxismo: a derrota do socialismo pode não ter sido definitiva e movimentos revolucionários de cunho socialista podem ser retomados; a elite neoestalinista usa malabarismos ideológicos para manter-se no poder, em aliança com a elite liberal. Mas seria o período pós-1991 marcado pelo “predomínio absoluto da hegemonia ocidental”? E será a Rússia pós-soviética um capitalismo liberal? Curioso...


(3) Vera Cíntia Álvarez:
Diversidade cultural e livre comércio: antagonismo ou oportunidade?
(Brasília: Funag, 2015, 342 p.; ISBN: 978-85-7631-541-4; coleção CAE)


Diversidade cultural é um fato razoavelmente bem aceito atualmente, sobretudo em tempos e ambientes politicamente corretos. Livre comércio, por sua vez, já é objeto de controvérsias, alguns dizendo que não existe, outros sabotando-o deliberadamente, se por acaso existir. Os mesmos acham que a globalização mata a diversidade, impondo uma homogeneidade artificial. O subtítulo do livro já denota alguma dúvida sobre essa relação problemática, sobretudo no plano do sistema multilateral de comércio (onde o tema tem um estatuto muito ambíguo). A obra mapeia a questão, inclusive a “astúcia do poder econômico para perpetuar hegemonias” (p. 248), e parece que o perigo aqui vem das “pressões dos EUA” (quem diria?). Até quando o Brasil e os europeus temerosos vão continuar na defensiva, apelando para a Unesco e os amigos da diversidade?

(4) Benjamin Mossé:
Dom Pedro II: Imperador do Brasil (O Imperador visto pelo barão do Rio Branco)
(Brasília: Funag, 2015, 268 p.; ISBN: 978-85-7631-551-3; História diplomática)


Benjamin Mossé, grande rabino de Avignon, foi apenas a marca de fábrica, como se diz. O verdadeiro ghost writer desta biografia, menos ghost e mais writer, foi o barão, como já se sabia, e como destaca Luis Cláudio Villafañe em seu prefácio. A edição original do livro, de 1889, em francês, e a primeira edição em português (1890), encontram-se disponíveis na openlibrary. Mossé, sozinho, teria feito uma biografia medíocre, e altamente encomiástica, do seu amigo que estudava hebraico e a história judaica. O barão escreveu, não só uma verdadeira biografia do monarca, mas uma história completa do Brasil, incluindo Dom Pedro I e todos os problemas dos dois reinados do período monárquico: guerras platinas, escravidão, a emancipação gradual e a abolição, as viagens do imperador. Ainda elogioso, o barão, mas com bom conteúdo.

 
Ainda sobraram várias mini-resenhas de 2015 para serem publicadas, e já tenho várias outras no pipeline. Espero que a revista da ADB seja publicada no momento certo, inclusive para liquidar o estoque existente de miniresenhas.
Paulo Roberto de Almeida  
Brasília, 17 de de fevereiro de 2016

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Prata da Casa: duas miseras mini-resenhas publicadas - Revista da ADB

A despeito de eu ter feito doze, sim DOZE, mini resenhas nos últimos seis meses, para os dois últimos trimestres de 2015, para a revista da ADB, por problemas editoriais, apenas duas foram publicadas no número do terceiro trimestre, que recebi há dois dias, as que figuram abaixo.
Ou seja, "sobram" dez, o que permite respirar um pouco até minha instalação em Brasília, prevista para a próxima semana, ainda que provisoriamente até a chegada da minha mudança.
Segue o registro:


1201. “Prata da Casa, Boletim ADB – 3ro. trimestre 2015” [Notas sobre os seguintes livros: 1) Renato Baumann et alii: BRICS: estudos e documentos (Brasília: Funag, 2015, 350 p.; ISBN: 978-85-7631-546-19; Coleção relações internacionais); 2) Nilo Dytz Filho: Crise e reforma da Unesco: reflexões sobre a promoção do poder brando do Brasil no plano multilateral (Brasília: Funag, 2014, 334 p.; ISBN: 978-85-7631-511-7; Coleção CAE)], Revista da ADB (Brasília: Associação dos Diplomatas Brasileiros, ano 22, n. 90, julho-agosto-setembro 2015, p. 50; ISSN: 0104-8503). Postado no blog Diplomatizzando (xx/10/2015, link: ). Relação de Originais n. 2864.



Renato Baumann et alii:
BRICS: estudos e documentos
(Brasília: Funag, 2015, 350 p.; ISBN: 978-85-7631-546-19; Coleção relações internacionais)

Dois diplomatas participam desta obra coletiva: Flávio Damico, de um ponto de vista histórico, analisa em primeiro lugar as razões históricas, econômicas e políticas que marcaram a passagem de uma simples sigla para uma realidade político-diplomática dotada de certo peso na comunidade internacional (embora muito disso se deve à China, quase exclusivamente). Carlos Márcio Cozendey, negociador internacional na área econômica, trata dos dois instrumentos aprovados na cúpula de Fortaleza, o Novo Banco de Desenvolvimento e o Acordo Contingente de Reservas. O título desse capítulo é, aliás, significativo: “Visão ou Miragem?” Cada país deve ter a sua visão sobre esses processos, mas a forte ênfase estatal em cada uma de suas iniciativas pode transformar tudo isso em miragem (o autor acha que não), se não forem simples utopias. A ver...


Nilo Dytz Filho:
Crise e reforma da Unesco: reflexões sobre a promoção do poder brando do Brasil no plano multilateral
(Brasília: Funag, 2014, 334 p.; ISBN: 978-85-7631-511-7; Coleção CAE)

Houve um tempo em que a Unesco gastava a maior parte do seu orçamento na própria sede, ou pelo menos em Paris e arredores, uma das razões, junto com seu terceiro-mundismo rastaquera e a visão contrária ao chamado Ocidente, pelas quais os EUA se afastaram do órgão. Isso passou, mas a organização continua precisando de reformas, a serem feitas por uma auditoria externa, independente. Em 2011, os EUA, novamente, cortaram a sua dotação, por causa da admissão da Palestina. O Brasil tem poder, brando ou outro qualquer, para influenciar em processos ulteriores de reforma? A Unesco está à venda, como pergunta o próprio autor? Brando ou não, esse poder só se materializa com mais dinheiro. O Brasil está disposto a colocar mais dinheiro em Paris, ainda que seja para países em desenvolvimento? O mais provável é que a Unesco continue em crise.