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segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Uma nova etapa da grande cooperação científica Brasil-França - Paulo Roberto de Almeida

Um trabalho publicado em livro que eu ainda não havia divulgado publicamente: 

1321. “Uma nova etapa da grande cooperação científica Brasil-França”, in: Journées Jeunes chercheurs en sciences humaines et Sociales: regards croisés France Brésil = Jornadas Jovens pesquisadores em ciências humanas e sociais. Olhares Cruzados França Brasil. Brasília: Embaixada da França no Brasil, Serviço de Cooperação e Ação Cultural (SCAC), Universidade de Brasília (UnB), Fundação Alexandre de Gusmão, 2019, 520 p.; ISBN: 978-85-5054-000-5; pp. 13-16. Relação de Originais n. 3367.


Uma nova etapa da grande cooperação científica Brasil-França

Paulo Roberto de Almeida
in: Journées Jeunes chercheurs en sciences humaines et Sociales: regards croisés France Brésil = Jornadas Jovens pesquisadores em ciências humanas e sociais. Olhares Cruzados França Brasil. Brasília: Embaixada da França no Brasil, Serviço de Cooperação e Ação Cultural (SCAC), Universidade de Brasília (UnB), Fundação Alexandre de Gusmão, 2019, 520 p.; ISBN: 978-85-5054-000-5; pp. 13-16. Relação de Originais n. 3367.

Este livro representa o feliz resultado de mais um empreendimento exitoso entre o Brasil e a França no campo das ciências humanas, mais especificamente entre a embaixada da França em Brasília, a Universidade de Brasília e a Fundação Alexandre de Gusmão, autarquia vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, na qual se enquadra o Instituto de Pesquisa de Relações Exteriores, atualmente sob minha direção. A ideia surgiu de uma conversa com a Dra. Mathilde Chatin, encarregada de missão junto ao Conselheiro de Cooperação e de Ação Cultural da embaixada, logo secundada por meio de contatos diretos com o Conselheiro Cultural, Alain Bourdon, a quem sou muito grato por todos os demais esforços de cooperação que temos mantido ao longo dos últimos anos em empreendimentos de caráter cultural e acadêmico, envolvendo ainda outros interlocutores de diferentes setores da vida cultural de nossos dois países.
A ideia inicial era a de oferecer uma oportunidade a que jovens pesquisadores nas diferentes vertentes das ciências humanas oferecessem seus trabalhos em curso ou já terminados – projetos de pesquisa, teses e dissertações já apresentadas, artigos e papers preparados no contexto acadêmico – a um comitê de seleção para posterior apresentação num seminário em Brasília, congregando os responsáveis pelas três áreas engajadas no exercício – a seção cultural da embaixada da França em Brasília, o IPRI-Funag e a assessoria internacional da Universidade de Brasília –, os professores e colaboradores selecionados para a avaliação desses trabalhos e os próprios jovens pesquisadores trabalhando sobre uma ampla gama de temas de interesse dos dois países no âmbito das ciências humanas. Tal como me foi apresentado pela Dra. Mathilde Chatin – autora de uma magnífica tese defendida no King’s College da Universidade de Londres sobre a política externa do Brasil, selecionada para publicação pela Funag –, o projeto me fez imediatamente relembrar um exercício precedente, mas quase esquecido nas dobras da história, sobre um precedente levantamento da cooperação Brasil-França no vasto terreno da ciência e tecnologia. Com efeito, uma parte significativa da rica cooperação Brasil-França ao longo das décadas precedentes tinha sido objeto de um encontro para balanço e avaliação, na parte de ciência e tecnologia, tal como publicada no livro coordenador por um francês, Guy Martinière, e um brasileiro Luiz Claudio Cardoso: France-Brésil: Vingt Ans de Coopération (Science et Technologie) (Grenoble: Presses Universitaires de Grenoble, 1989, 352p.; Collection “Travaux et Mémoires” de l’Institut de Hautes Études de l’Amérique Latine, n° 44, Série Essai nº 4).
O novo exercício me parecia retomar o mesmo espírito de cooperação e de avaliação acadêmica das iniciativas bilaterais ou de projetos individuais que fizessem a ponte entre os dois países, com a peculiaridade de, nesse novo exercício proposto, limitar o campo aos trabalhos em ciências humanas e dirigir-se a jovens pesquisadores, ou seja, uma geração que vai continuar a trabalhar nos próximos anos em temas que continuarão a unir os dois países no grande espírito de osmose entre pesquisadores dos dois países que já tinha reunido os participantes daquele primeiro esforço de avaliação conduzido no final dos anos 1980. A variedade temática e a diversidade metodológica dos trabalhos selecionados para serem apresentados em Brasília testemunham da grande interface de interesses e da abertura epistemológica já consagrados nos múltiplos vínculos que existem entre dezenas de universidades e centros de pesquisa dos dois países, assim como da absoluta liberdade de produção que unem profissionais de terreno ou jovens acadêmicos em início de carreira em cada lado do Atlântico.
O número de propostas apresentadas representou um enorme desafio ao comitê de seleção, o que nada mais revela do que a interpenetração já existente naturalmente no terreno das humanidades nos dois países, o que parece confirmar a percepção existente. Com efeito, o Brasil ocupa, legitimamente, um lugar privilegiado na América Latina, junto com o México, no esforço francês de cooperação externa, seja na área científica e tecnológica, seja no grande terreno das humanidades, e são incontáveis os projetos conjuntos e as iniciativas individuais que, desde muito tempo, estão construindo pontes entre as comunidades respectivas de pesquisadores. A partir dos primeiros visitantes – André Thevet é incontornável na história – até os cientistas contemporâneos, passando por ilustres exemplos nas humanidades e nas artes – desde Auguste de Saint-Hilaire, Debret, Taunay, até Fernand Braudel e Claude Lévi-Strauss –, a França tem estado presente na própria construção das ciências humanas no Brasil, e certamente seus pesquisadores constituem uma parte importante de um processo quase equivalente ao ocorrido no terreno da capacitação industrial, e que poderíamos chamar de “substituição de importações” na teoria social brasileira, tal como conduzida na academia brasileira nas últimas três ou quatro décadas. Com a particularidade que essa “substituição” nunca terminou, de fato, mas continua a ser continuamente alimentada pelo fecundo intercâmbio de pesquisadores, jovens e maduros, que confirmam o grande interesse dessa interação exemplar a mais de um título.
Sendo eu mesmo um membro da comunidade “francófona” da academia brasileira – tendo feito todos os meus estudos universitários em francês, ainda que exibindo três diplomas, de graduação, de mestrado e doutoramento, de universidades da Bélgica –, só posso me congratular com o sucesso deste novo empreendimento cultural ao qual emprestei, desde o início, o entusiástico apoio do IPRI e da Funag. Os materiais coletados neste volume, em francês e em português, oferecem um rico panorama das novas direções de pesquisa que estão sendo diligentemente perseguidas por jovens acadêmicos dos dois países. Estou certo de que esses trabalhos frutificarão em projetos mais ambiciosos nos anos à frente e sinto-me orgulhoso pelo fato de que, ao juntar minha qualidade de acadêmico brasileiro “francófono” e de diplomata encarregado de um centro de pesquisa a serviço da diplomacia brasileira, pude agregar meu pequeno grão de colaboração pessoal ao grande caudal da cooperação bilateral Brasil-França numa área que está no centro de meus próprios estudos e pesquisas acadêmicas.
Desde as iniciativas pioneiras, no imediato pós-Segunda Guerra – mas tomando impulso nos intensos intercâmbios anteriores, até mesmo antes da consolidação de um Estado independente no Brasil – até os projetos contemporâneos unindo os dois países nas mais diferentes vertentes das atividades governamentais, empresariais e acadêmicas, as afinidades eletivas entre o Brasil e a França se reforçam continuamente, graças a projetos como o aqui apresentado. Em nome do Itamaraty e da Fundação Alexandre de Gusmão, meus renovados agradecimentos à cooperação cultural da embaixada da França em Brasília por esta magnífica iniciativa que agrega mais um tijolo na construção de pontes e vias de interação entre os dois países, e meus votos de renovada confiança na continuidade desse tipo de intercâmbio e mútuo enriquecimento nos anos à frente.

Paulo Roberto de Almeida
Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI)
Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), Ministério das Relações Exteriores
Brasília, 1 de dezembro de 2018

 [Objetivo: servir como introdução ao volume; finalidade: Brasil-França: “Jornadas Jovens Pesquisadores em Ciências Humanas”] 

sábado, 28 de dezembro de 2019

Razões do secular atraso brasileiro - Paulo Roberto de Almeida


Razões do secular atraso brasileiro

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: participação em debate; finalidade: esclarecimento público]
  
Recentemente, participando de um “debate” sobre as razões do nosso atraso, um interlocutor atribuiu a D. Pedro II a responsabilidade por esse atraso, ao que reagi imediatamente ao dizer que achava que ele estava exagerando ao responsabilizar o monarca bonachão, razoavelmente culto, mas cingido por normas constitucionais e institucionais de ter um papel mais afirmado nas várias políticas dos gabinetes monárquicos (um pouco como no esquema britânico: “o rei reina mas não governa”), a despeito do poder Moderador, que só servia para trocar os gabinetes, mas não para organizar eleições, que eram invariavelmente fraudadas.
Quero agora estender-me um pouco mais nessa questão, que reputo essencial para a compreensão de nossa história.
Os responsáveis pelo atraso brasileiro foram, e continuam sendo, os mesmos homens que derrotaram José Bonifácio (na questão do tráfico e da escravidão, por exemplo), que desprezaram os ensinamentos de Hipólito da Costa (no seu Correio Braziliense) e que zombaram do industrialismo de Mauá (na verdade Irineu Evangelista de Souza, pois o título de barão que lhe foi atribuído foi apenas uma hipócrita compensação pela rejeição de suas ideias e a expropriação do segundo Banco do Brasil).
Os verdadeiros responsáveis pelo atraso foram os escravistas conservadores – mas o partido Liberal, nessa questão era ainda mais Conservador do que o próprio — que rejeitaram as recomendações de Luis Gama pela libertação dos escravos, as de Rebouças, que também propunha reformas modernizantes, as de Joaquim Nabuco, que queria abolição com reforma agrária e educação, ou seja, as mesmas elites medíocres e atrasadas que continuaram, no século XX, se opondo a Monteiro Lobato, a Eugênio Gudin, a Roberto Campos e a Gustavo Franco, entre muitos outros.
Essas são algumas das muitas razões de nosso atraso secular: começa no escravismo, passa pelo latifundismo, pelo patrimonialismo, pelo autoritarismo (não só das FFAA), pelo protecionismo dos industriais e agricultores, pelo subvencionismo de banqueiros e capitalistas em geral, pela anticompetição, pelo corporativismo estatal, pelo nepotismo e prebendalismo dos mandarins do Estado, pela inconsciência e mediocridade geral das elites dirigentes, mas sobretudo, SOBRETUDO, pela NÃO EDUCAÇÃO DAS MASSAS.
A verdade é que as nossas elites, todas elas – capitalistas, banqueiros, sindicalistas, políticos – continuam medíocres, e de vez em quando, por causa da não educação das massas, mas também pela inconsciência das classes médias, resvalam para o salvacionismo de populistas medíocres, de demagogos ignorantes como os que atualmente nos governam.
Não querendo ser pessimista, acho que vai demorar mais um pouco para o Brasil “endireitar” de vez, não no sentido político ou ideológico, mas no sentido de corrigir as muitas falhas de sua democracia de baixíssima qualidade, e isso não depende apenas de estadistas – que não os temos –, e sim da educação geral de todo o povo.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 28 de dezembro de 2019

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Crônicas do limbo, nova fase - Paulo Roberto de Almeida

Crônicas do limbo, nova fase

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: informação pública; finalidade: inaugurando nova série de escritos] 

Ao revisar, recentemente, uma de minhas apresentações a coletâneas preparadas como livros digitais – Um contrarianista no limbo: artigos em Via Política, 2006-2009 –, a partir de uma versão preliminar preparada exatamente dois anos atrás, deparei-me novamente com um conceito, uma palavra, fetiche em minha trajetória das duas últimas décadas: limbo, ou seja, um lugar incerto e não sabido. Ela pode não querer dizer muita coisa à maioria de meus leitores, mas adquire um sabor especial para mim, independentemente da curiosidade mantida por certas situações não convencionais ao longo de uma vida marcada pela atitude que penso caracterizar mais do que qualquer outra meu comportamento intelectual: o ceticismo sadio.
Chamei assim, de “crônicas do limbo”, vários dos meus escritos dos anos 2006-2009, quando justamente eu estava entregue ao que chamei de ostracismo funcional, depois de ter sido vetado pela nova administração do Itamaraty, a partir do início de 2003, para exercer o cargo de diretor do mestrado (recentemente inaugurado) do Instituto Rio Branco. Como escrevi naquela apresentação: O fato é que, desde aquela data, e pelos 13 anos seguintes, permaneci sem qualquer função na Secretaria de Estado, uma travessia do deserto que apenas foi interrompida com o impeachment de certa senhora. Tudo coincidência, claro.” 
Pois foi assim, um limbo parcialmente superado por uma missão transitória na China, em 2010, mas apenas como diretor adjunto do pavilhão do Brasil na Exposição Universal de Shanghai daquele ano, seguido de mais um ano de limbo e de uma licença – voluntariamente assumida – para dar aulas em Paris em 2012 e, finalmente, um cargo de Cônsul adjunto no consulado geral do Brasil em Harvard pelo período de 2013 a 2015. Voltei para uma nova fase de limbo, que só terminou com o impeachment de dita senhora, e um convite para voltar a trabalhar para o Itamaraty em meados de 2016. 
Assumi então o cargo de diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), entre agosto de 2016 e março de 2019, quando fui novamente vetado – exonerado é a palavra exata, mas eu prefiro defenestrado – e impedido de novas funções na SERE. Como eu também escrevi naquele texto de dezembro de 2017: “A palavra limbo talvez não é mais adequada à minha situação atual. Ela fica, em todo caso, como conceito chave destas minhas crônicas de um período especial, hoje felizmente superado, mas que talvez possa voltar pelo lado de um contrarianismo sempre presente em meus textos. Nesse caso, eu talvez tenha de escolher algum substantivo mais apropriado. No momento este é o que me convém para expressar estas colaborações a um dos muitos veículos com os quais colaborei ao longo dos anos.” Pois é, parece que um novo limbo chegou, e ele se combina perfeitamente com o que eu chamo de postura de resistência, no meu quilombo preferencial, o blog Diplomatizzando.
Em dezembro de 2017, eu também fazia uma reflexão, e uma pesquisa, sobre o exato significado da palavra, como resultado de doutas consultas em dicionários:
“Num desses quilombos, ou fora deles, a verdade é que eu estava no limbo, o que até pode parecer anacrônico, uma vez que a Cúria do Vaticano parece ter extinguido esse “território” muitos anos atrás. Enfim, sempre podem subsistir limbos virtuais. O limbo, segundo os dicionários, representa, na teologia cristã, uma região próxima do inferno, um refúgio para as almas dos homens bons, que viveram antes da chegada de Cristo, e para as almas das crianças falecidas não batizadas. Num sentido civil, pode aproximar-se de uma espécie de prisão, ou confinamento, o que deve ter sido o meu caso. No sentido mais comum do termo, seria um lugar ou a condição de  negligência ou de esquecimento aos quais seriam relegadas coisas ou pessoas não desejadas. Estas são, em todo caso, as definições que retiro do Webster's New Universal Unabridged Dictionary (2nd edition; New York: Simon and Schuster, 1979), p. 1.049. Os muito curiosos por outras significações, ou por explicações mais detalhadas, podem procurar o verbete na Wikipédia.
Retomemos o meu caso. Consciente do ostracismo que me foi imposto, por decisões provavelmente políticas (ainda que não declaradas), continuei a fazer o que sempre fiz, no decorrer de toda uma vida dedicada a uma atividade fundamental: ler, refletir, escrever, eventualmente divulgar meus escritos pelos meios disponíveis. Estes meios não eram muitos; ao início, na verdade, nenhum, uma vez que eu só dispunha, em 2003, de meu próprio site pessoal (www.pralmeida.org), que se destinava unicamente a divulgar alguns trabalhos acadêmicos, em temas sobre os quais eu era frequentemente consultado por estudantes, jornalistas ou colegas acadêmicos: integração regional, política externa brasileira, relações internacionais de modo geral. O site pessoal era um instrumento passivo, pois nunca fiz dele um instrumento de comunicação, ou plataforma para qualquer outro objetivo, senão a compilação de trabalhos de natureza intelectual, que refletiam essa minha produção de tipo acadêmico. A partir de certo momento, para facilitar o trabalho de carregamento e disponibilização de trabalhos mais curtos, passei a utilizar a ferramenta dos blogs, o único free lunch real, conhecido sob o capitalismo.”
Não tenho certeza de ter sido premonitório, em dezembro de 2017, mas o fato é que estou de volta aos meus ambientes habituais: bibliotecas e cenáculos acadêmicos, o que me deixa muito satisfeito pelas novas possibilidades que a nova situação oferece, no horizonte incerto que pode ser o meu nos meses e anos seguintes: da primeira vez foram praticamente dez anos de ostracismo, desta vez não tenho ideia de quanto pode durar. Em todo caso, vou aproveitar a oportunidade para continuar fazendo o que sempre fiz: ler, anotar, refletir, escrever e eventualmente publicar.
Em alguns textos meus da fase de transição, ou seja, nos últimos três ou quatro anos, eu tentei dar as razões para essa longa travessia do deserto, assim como sobre os percalços na carreira, apenas a propósito desses tempos não convencionais do lulopetismo diplomático: 
3003. “Considerações sobre o caráter efêmero das memórias, e das funções públicas (inspiradas em Chateaubriand)”, Brasília, 27 junho, 7 e 20 agosto 2016, 6 p. Notas reflexivas ao assumir funções como diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, subordinado à Funag. Divulgado no blog Diplomatizzando (03/08/2016, link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/08/nomeacao-para-ipri-in-lieu-of.html).
3004. “Crônica final de um limbo imaginário?”, Brasília, 1 julho 2016, 2 p. Reflexões sobre o encerramento de uma etapa e o início de outra. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/07/cronica-final-de-um-limbo-imaginario.html). 
3066. “Como atravessar o deserto (e permanecer digno ao fim e ao cabo)”, Brasília, 18 dezembro 2016, 7 p. Divulgado no blog Diplomatizzando (24/06/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/06/uma-longa-travessia-do-deserto.html). 
3145. “IPRI-Funag/MRE: como cheguei à sua direção?”, Brasília, 4 agosto 2017, 7 p. Relato sobre os trabalhos realizados até dar início às atividades como Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, IPRI-Funag/MRE. Transcrição dos principais textos produzidos nos meses anteriores a agosto de 2016. Postado no blog Diplomatizzando (link: (https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/apos-um-ano-no-comando-do-ipri-um.html).
3292. “Duas pedras no meio do caminho... (a propósito de uma promoção tardia)”, Estoril, 26 junho 2018, 4 p. Esclarecimento a propósito de minha promoção tardia na carreira. Postado no blog Diplomatizzando (26/06/2018; link:  https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/06/duas-pedras-no-meio-do-caminho-paulo.html).
3346. “Fim de uma travessia do deserto? Reflexões antecipadas”, Em voo Paris-Rabat, 15 outubro 2018, 5 p. Divulgado no blog Diplomatizzando (16/10/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/10/fim-de-uma-travessia-do-deserto-paulo.html).

Neste exato momento, contento-me em retomar alguns escritos dos últimos meses, que podem ser todos inscritos nesta série: “Crônicas do limbo”, com o perdão por ser repetitivo. Vou apenas referir-me a alguns textos significativos, para então dar início a novas crônicas desta série tão reveladora sobre minha personalidade e sobre o Zeitgeist.
3423. “Nota sobre minha exoneração como diretor do IPRI”, Brasília, 4 março 2019, 1 p. Explicando o que se passou. Divulgado no blog Diplomatizzando (4/03/2019; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/03/nota-sobre-minha-exoneracao-como.html);“Crônicas do limbo” n. 1.
3452. “A destruição da inteligência no Itamaraty”, São Paulo, 26 abril 2019, 4 p. Notas sobre o stalinismo cultural em curso. “Crônicas do limbo” n. 2. Serviu de base à elaboração de um novo livro, abaixo referido.
3462. “Uma nova trajetória involuntária no deserto da diplomacia”, Brasília, 9 maio 2019, 2 p. Nota sobre minha nova travessia do deserto, a partir de março de 2019, até algum momento no futuro. Publicado no blog Diplomatizzando(link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/05/mais-uma-travessia-do-deserto-desta-vez.html).
3489. Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, Brasília, 3 julho 2019, 100 p. Consolidação do livro, em edição de autor, para publicação eletrônica, com compilação dos trabalhos n. 3483, 3484, 3485, 3486, 3487 e 3488, com acréscimos (Por que sou um contrarianista?, Breve nota biográfica e lista de livros). Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/39821938/Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty_2019) e na Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/334450922_Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_Inteligencia_no_Itamaraty_2019). Nova edição: Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, Boa Vista: Editora da UFRR, 2019, 165 p., Coleção “Comunicação e Políticas Públicas vol. 42; ISBN: 978-85-8288-201-6 (livro impresso); ISBN: 978-85-8288-202-3 (disponível nos links: https://docs.wixstatic.com/ugd/6e2800_3e88aadf851b4b2ba4b54c6707fd9086.pdf e do Google Books:https://books.google.com.br/books?id=tvqjDwAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false). Incorporado à plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/39882114/Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty_Ed._UFRR_2019_) e a Research Gate (https://www.researchgate.net/publication/334593501_Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty). Anunciado no blog Diplomatizzando (https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/07/miseria-da-diplomacia-edicao-da-ufrr.html). Relação de Publicados n. 1313 (ST) e 1316 (UFRR).

Nos tempos recentes, tenho dado especial atenção a toda uma série, vários conjuntos, de trabalhos dispersos, publicados antes, durante e depois do meu limbo precedente, como forma de coletar, divulgar, refletir sobre os escritos das últimas duas décadas, bastante instrutivas para mim, não tanto no plano da construção intelectual – basicamente terminada –, mas sobre o caráter de certas pessoas, que podem surpreender pelo inusitado das reações. O que posso prever, no momento, é que continuarei escrevendo, como forma de oferecer um testemunho sobre novos tempos interessantes, ou não convencionais. 
Vale!
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 27 de dezembro de 2019