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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Margaret Thatcher e Ronald Reagan: dois estadistas improvaveis, e que fizeram toda a diferenca - Regina Caldas

Margaret Thatcher e Ronald Reagan, uma amizade antiga, solidificada no exercício do poder. Ambos "liquidaram" o comunismo, na verdade dando um empurrão num longo processo de erosão e decadência que acabou resultando na implosão desse sistema esclarosado.
O texto abaixo é de Regina Caldas, e foi feito para rememorar o falecimento do ex-presidente americano.
Paulo Roberto de Almeida

Quando nos lembramos de Ronald Reagan, memoravel ex-presidente dos Estados Unidos da América do Norte, nosso pensamento se volta para Lady Margaret Thatcher. Thatcher, também apelidada pelo Kremlim de “Iron Lady” e Ronald Reagan foram grande amigos. Formaram uma dupla imbatível em questões de política internacional, atuando juntos num momento bastante crítico da história mundial.

Thatcher e Reagan se encontraram pela primeira vez em 1975 , quando ela foi nomeada para liderar o Partido Conservador. Ela o conhecia através de seu marido Denis, que retornando dos Estados Unidos na década de 60, entusiasmado entregou-lhe uma cópia de um discurso feito por Reagan no Instituto dos Diretores. Thatcher pressentiu naquele texto o nascimento de um líder. E quando o encontrou pessoalmente, de imediato sentiu-se cativada pelo charme, senso de humor e diretrizes do cow-boy. Tornaram-se amigos, com Reagan a visitando na House of Commons, e Thatcher lendo todas as falas de Reagan e o percebendo cada vez mais forte e capaz.

Descendente de um clã de políticos pelo lado paterno, Thatcher nasceu numa pequena cidade do interior da Inglaterra, Lincoln, distrito de Grantham. Seu pai, além de proprietário de um pequeno mercado, também era militante do Partido Conservador, tendo sido prefeito. Isto deu a ela a chance de passar grande parte dos momentos de lazer durante a infância e juventude debruçada sobre os joelhos paternos, ouvindo-o em suas discussões políticas com a vizinhança. Sempre muito dedicada aos estudos passou pela Universidade de Oxford onde estudou Química. Já na época da universidade seu caráter participativo a levou a uma atuação importante no centro acadêmico (OUCA) daquela escola.

Profundamente religiosa Lady Thatcher considera o cristianismo a sua âncora de estabilidade. Introspectiva gosta de ler, gosta de estar consigo mesma, com seus próprios pensamentos digerindo suas leituras prediletas cujos temas versam sobre política e teologia. Chocada com a leitura de um livro de C.S.Lewis, “Mere christianity”, lido durante o tempo de faculdade, cujo ponto central partia da comparação entre o caminho que os cristão seguem em contraste com a fé que professam, compreendeu que deveria buscar a santidade através do exemplo dos santos.

Da riqueza de detalhes que encontramos na biografia de Thatcher, podemos ressaltar seu visceral repúdio ao pensamento dos intelectuais de esquerda. Estudiosa e responsavel dedicou-se à leitura e interpretação dos textos de grandes escritores como Popper, Hayek, Stuart-Mills, Tocqueville e outros que lhe serviram de modêlo em sua gestão pública.

Perfilando-se nos ideais paternos, Thatcher cresceu acreditando numa sociedade livre. Aos 16 anos de idade leu “Out of the night” do alemão Jan Valtin e impressionou-se muito. Segundo ela, os horrores do nazismo narrados no livro a afligiram muito, bem como as informações sobre os cínicos acordos que os comunistas fizeram com Hitler a fim de subverter a democracia na Alemanha entre o final e o início das décadas de vinte e trinta, quando o pacto nazi-soviético destruiu a Polonia, os estados bálticos e a Finlândia. O livro serviu para faze-la entender que nazismo e comunismo são faces da mesma moeda.

Desde a juventude militou no Partido Conservador. Ainda muito jovem observou que a esquerda inglesa (Labour Party) era extremamente efetiva em retratar os conservadores como os únicos responsáveis pelo abandono da política doméstica numa época em que a Europa se encontrava em plena II Guerra Mundial, e muitos assuntos externos eram mais imperativos que os problemas internos de seu país. As esquerdas inglesas militavam de forma irresponsavel e extremista bem junto ao Partido Conservador. E não queriam a reeleição de Churchill. Movida por esta observação Lady Thatcher iniciou sua militância ativa falando para os candidatos de seu partido incansavelmente. Afirmava sempre aos seus ouvintes: ” Estamos caminhando para uma grande batalha como este país jámais viu anteriormente. Uma batalha entre dois caminhjos de vida, um que leva inevitavelmente à escravidão, o outro à Liberdade. Nossos oponentes querem nos fazer crer que o conservadorismo é um privilégio de poucos. Mas o conservadorismo preserva tudo o que é de melhor e mais grandioso de nossas heranças culturais. Nossa política não é construir na inveja ou no ódio, mas na liberdade para todos. Não queremos suprimir o sucesso. Ao contrario, o encorajamos bem como a energia e a iniciativa. Em 1940, não choravamos o nacionalismo que levantou este país e combateu o totalitarismo. Chorávamos por libertação.” Chocada com as chances que se abriam para a esquerda inglesa, Thatcher saiu em campo para caminhar com seus próprios pés e lutar contra o inimigo.

Em fins de 1969, a convite dos russos, Thatcher realizou sua primeira viagem a Moscou durante um final de semana. Conhecedora das táticas soviéticas pagou por sua viagem e demonstrou interesse apenas em visitar igrejas e museus. Mas sua mente observadora captou através dos trabalhadores que que encontrou nas ruas de Moscou, e dos estudantes nas universidades, que o comunismo era um regime para uma elite privilegiada, e capitalismo o credo para o homem comum.

Na década de 70, com o intuito de combater o Marxismo-Leninismo, Thatcher fazia conferências por toda a Europa, iniciando suas palestras sempre com a mesma frase: ” Em alguns países europeus nós vemos agora os partidos comunistas vestido com roupas democráticas, e falando com vozes suaves…” vendo nestes inimigos dentes e apetite de lobo vorazes. No final desta mesma década, três novos rostos surgiram na Europa e Estados Unidos: um papa polonês ascendia ao trono de São Paulo sonhando reunificar a Europa cristã. Uma mulher de grasnde força moral foi ocupar os escritórios de Downing Street, 10, enquanto um ex-ator norte-americano foi colocado no Salão Oval da White House, e grande comunicador que era logo classificou a União Soviética como Império do Mal.

No início dos anos 80, duras experiencias mostraram que o Ocidente sofria de ilusões persistentes em relação à URSS. Estava em moda entre os cientistas políticos falar de “convergência”, uma idéia de que o tempo poderia drenar de volta para o ocidente o leste assolado por problemas políticos e economicos. Pura ilusão, pois no conceito deles havia o erro de acreditar numa diferenciação entre os regimes comunistas de acordo com sua dependencia de Moscou. Ao contrário, quanto mais repressivo fosse o governo mais favores recebia de Moscou, tal como acontecia com Ceausescu. A outra ilusão era a “detènte”: acreditavam que a conduta de Moscou dependia do bom comportamento do Ocidente. Mas o fato é que os comunistas não reagem à amabilidade. Mas estas esperanças drenavam a tensão das relações Leste-Oeste, vistas apenas como uma estratégia que no futuro talvez fosse bem sucedida. Em meio a estas procrastinações, em 1975 desponta uma nova estrela em Moscou, Mikhail Gorbachev. Para o partido ele não tinha credenciais democráticas , mas como ser humano era diferente. Era o único homem inoculado contra a memória stalinista. Era um homem com quem se poderia conversar, embora os primeiros contatos entre Reagam e ele não foram producentes. Mas, em 1987*, num encontro em Reykjavik entre líderes mundiais para uma discussão sobre desarmamento, Gorbachev surpreendeu propondo um corte de 50% na produção de armas nucleares. O tratado foi assinado. A seguir, um incidente tornou ridícula a Guerra-fria. Um jovem de 19 anos, Matthias Rust, pilotando um mono-motor invadiu o espaço aéreo russo, terminando sua aventura sem maiores problemas próximo às calçadas da praça Vermelha em Moscou.

Uns três anos após a eleição de Gorbachev para a presidência da Rússia, o último império colonial europeu começou a ruir. E a análise de Gorbachev sobre a crise soviética que pode ser deduzida de seu livro “Perestroika” lançado em q989, foi um catálago de desculpas. Os gastos com armamentos roubavam as possiblidades de melhorar a qualidade de vida das populações comunistas. Os métodos de planejamento comunista haviam falhado. O partido era corrupto. Os jovens se afastavam da ideologia comunista enquanto o cidadão perdia a paciência com promessas mentirosas, e a sociedade soviética estava tomada de apatia. Neste clima de necessidade de urgentes reformas Gorbachev deu boas vindas ao Presidente Reagan. E com a glasnost* finalmente rompeu com o silencio por trás da cortina de ferro. A partir daí o comunismo ´passou a ser denunciado ao redor do mundo.

Na magestosa Catedral de Washington, mesmo doente Lady Thatcher esteve presente para dar adeus ao amigo querido, Ronald Reagan. Com certeza seu pensamento retornou àquela criança que aprendeu política debruçada sobre os joelhos paternos. Deste privilegiado posto de observação do mundo, Thatcher pode refazer sua longa e gloriosa caminhada na política interna de seu país e na internacional. Reconheceu erros e acertos. A sua obsessão por disciplina deu um estilo autoritário em todas as esferas do governo. O efeito sem que fosse sua intençao foi uma centralização de poder, o que ela tanto condenava no sistema comunista. Mas em política externa movida pelo seu agudo espírito observador, pelo seu horror ao comunismo, com seu extraordinãrio conhecimento da matéria foi reconhecida como fonte de inspiração para Jacques Delors*** e para o amigo à quem diziam adeus naquele momento.

De seus 15 anos como militante política, e 11 e 1/2 ocupando o cargo de primeiro-ministro, Thatcher nos lega a certeza de que um mundo globalizado com grande mobilidade de pessoas e capitais, revoluções nas Comunicações e na Tecnologia, são o melhor antídoto contra o veneno destilado por mentes e governos com tendências totalitárias. Segundo ela, a experiencia russa demonstra que sem o respeito á lei, sem a compreensão dos limites do governo, sem o respeito á propriedade privada e à liberdade empresarial, é difícil construir instituições democráticas. Sua missão maior, entretanto foi persistir desde a juventude no ideal de combater o comunismo por uma questão de princípio moral.

* glasnost: uma política oficial russa enfatizando informações públicas.

** Jacques Delors: Primeiro Ministro francês, católico e socialista. Mas um discípulo de Monnet e Schuman, visto por seus oponentes como umEuro-fundamentalista. O principal instrumento para as suas ambições foi o Single European Act (SEA). Foi Primeiro Ministro entre 1985 e 1992. O SEA foi um programa elaborado para permitir a total abolição de barreiras e a mobilidade na Comunidade Européia. Apresentado em 1985, e adotado em 1986 pelos estados-membros.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Economia Keynesiana e Anti-Keynesiana: numero desbalanceado - What's Wrong with Keynesian Economic Theory? (book)

Received from the Societies for the History of Economics, edited by Prof. Steve Kates:
(O editor confessa que gostaria de ter intitulado um precedente livro seu: Anti-Kenesyan Reader, mas que acabou saindo com um título mais moderado. Agora o título é mais direto.)
 

What's Wrong with Keynesian Economic Theory?
Edited by Steven Kates, Associate Professor of Economics, School of Economics, Finance and Marketing, RMIT University, Melbourne, Australia
(Cheltenham: Edward Elgar Publishing, 2016)
 
It is a collection of readings by thirteen different economists from across the non-Keynesian economic spectrum, who find Keynesian economic theory a disastrous guide to economic policy.
As an indication of how necessary this book is, let me take you to Henry Hazlitt's 1959, The Failure of the New Economics.

‘There must be hundreds of economic books that may be variously described as Keynesian, pro-Keynesian, semi-Keynesian, or “post-Keynesian,” and there must be thousands of such pamphlets  and articles; but there is a great dearth when we come to any literature since 1936 that may be described as definitely anti-Keynesian – in the sense that it is explicitly and consistently critical of the major Keynesian doctrines. In the works of such writers as Ludwig von Mises, F.A. Hayek, Wilhelm Röpke, Frank H. Knight, Jacques Rueff, and others, we do indeed have an impressive non-Keynesian literature, based on “neo-classical” premises, with occasional explicit criticism of Keynesian tenets. But full-length books exclusively devoted to a critical analysis of Keynesianism may be counted on the fingers of one hand.’ (Hazlitt 1959: 437)

Book info:
Possibly the strangest phenomenon in all of economics is the absence of a long tradition of criticism focused on Keynesian economic theory. Keynesian demand management has been at the centre of some of the worst economic outcomes in history, from the great stagflation of the 1970s to the lost decade and more in Japan following the expenditure program of the 1990s. And once again, following the Global Financial Crisis, it is incontrovertible that no stimulus program in any part of the world has been a success, each one having been abandoned as conditions deteriorated under the weight of public sector spending. This book brings together some of the most vocal critics of Keynesian economics. Each author attempts to explain what is wrong with Keynesian theory in ways that can be understood by those seeking guidance on where to turn for a more accurate explanation of the business cycle and on what to do when recessions occur.

More info:
 One of the most striking phenomena in all of economics is the absence of a deep tradition of criticism focused on Keynesian economic theory. There have been critics but they are few and far between, even though Keynesian demand management has been at the centre of some of the worst economic outcomes in history, from the great stagflation of the 1970s to the twenty-year ‘lost decade’ in Japan that has been ongoing since the 1990s, and now, once again, the dismal recoveries that have followed the Global Financial Crisis. This book brings together some of the most vocal critics of Keynesian economics of the present time.

Each author attempts to explain what is wrong with Keynesian theory for those seeking guidance on where to turn for a more accurate explanation of the business cycle and what to do when recessions occur. The contributions are by scholars from a wide number of schools of economics, which include but are not restricted to Austrian, monetarist and classical perspectives. Written not just for economists, this accessible book is one of the few anti-Keynesian texts available and explains the inability of public spending and lower interest rates to have restored robust economic growth and full employment after the GFC.

The collection offers an antidote to contemporary macroeconomic theory. It is an essential text for anyone wishing to understand why no stimulus has been able to bring recovery to any economy in which it has been tried.

Contributors: 
 P. Boettke, P.L. Bylund, T. Congdon, R.M. Ebeling, R.W. Garrison, S. Horwitz, S. Kates, A. Kling, A.B. Laffer, P. Newman, G. Reisman, D. Simpson, M. Skousen, P. Smith

Contents:

Introduction

1. The Keynesian Liquidity Trap: An Austrian Critique
Peter Boettke and Patrick Newman

2. What the Entrepreneurial Problem Reveals about Keynesian Macroeconomics
Per L. Bylund

3. A Critique of Two Key Concepts in Keynesian Textbooks
Tim Congdon

4. The Misdirection of Keynesian Aggregates for Understanding Monetary and Cyclical Processes
Richard M. Ebeling

5. Cycles and Slumps in an Overly Aggregated Theoretical Framework
Roger W. Garrison

6. The Problems with Keynesianism: A View from Austrian Capital Theory
Steven Horwitz

7. The Dangers of Keynesian Economics
Steven Kates

8. The Problem of Keynesian Aggregation
Arnold Kling

9. What’s Wrong with Keynesian Economists?
Arthur B. Laffer

10. Capital, Saving and Employment
George Reisman

11. What’s Wrong With Keynesian Economics?
David Simpson

12. Move Over Keynes: Replacing Keynesianism with a Better Model
Mark Skousen

13. The Conclusive Fault Line in Keynesian Economics
Peter Smith

Index
 

This day in History: Italy declares war to Germany (NYT)

Front Page Image

BIGGEST PACIFIC AIR FLEET BOMBS RABAUL; WRECKS 177 PLANES, 123 SHIPS IN SURPRISE; BADOGLIO, DECLARING WAR, RALLIES ITALY



REICH'S ACTS CITED
Italian Marshal Lists German Attacks as Cause of War
URGES PEOPLE TO FIGHT 
He Tells Eisenhower That 'All Ties' With 'Dreadful Past' Are Broken--Backs Democracy
By MILTON BRACKER
By Wireless to The New York Times

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OTHER HEADLINES

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Marines in Pacific Design Yule Cards

Says 'Youngsters' Do Federal Hiring: House Report Asserts Civil Service Puts 'Inexperienced' in Top Personnel Offices

Ships in Rabaul Bay Scurry But Are Bombed Into Flames

Red Army Pierces Line Above Crimea: Battle Rages in Melitopol - Pincers Closing on Kiev - Gomel's Fall Near

Auto Club Asks Easing of Dimout; Says Police Allow Some Revision

Churchill Rebuke to 'Politicians' Is Believed Aimed at U.S. Group

Algiers, Oct. 13--Italy declared war on Nazi Germany, her former Axis partner, at 3 P.M. today, Greenwich time [11 A.M. in New York].

Acting on orders of King Victor Emmanuel as transmitted by Marshal Pietro Badoglio, the Italian Ambassador in Madrid notified the German Ambassador there that:

"In the face of repeated and intensified acts of war committed against Italians by the armed forces of Germany, from 1500 hours Greenwich time on the thirteenth day of October Italy considers herself in a state of war with Germany."

Thus the defeated nation led into war by Benito Mussolini re-entered it against its former ally through a curt diplomatic exchange in the capital of the country in which they had first collaborated on a military basis seven years ago.

Asks People to Avenge Ferocity

Excoriating the nation that now occupies Italy's own "Eternal City" as well as the entire industrial north, Marshal Badoglio in a proclamation to the Italian people exhorted them all to avenge the inhuman ferocity of the German Army at Naples and in other areas.

And in a five-sentence note to Gen. Dwight D. Eisenhower, Mussolini's successor as head of the Italian Government told the Allied Commander in Chief that all ties with the "dreadful past" were broken and that his government would be proud "to march with you to inevitable victory." He asked General Eisenhower to communicate the decision to Britain, the United States, Russia and the other United Nations with which in his proclamation he said Italy would now march forward "shoulder to shoulder" to the end.

His Government, the septuagenarian marshal asserted in his proclamation to the Italian people, will soon be completed, and to guarantee its functioning as a truly democratic administration the representatives of "every political party" will be asked to participate. Moreover, the man with whom the Allies negotiated the armistice of Sept. 3 pledged that the present arrangement would in no way impair the "untrammeled right of the people of Italy to choose their own form of democratic government when peace is restored."

There could be no such peace, Marshal Badoglio said in the proclamation, so long as a single German remained on Italian soil. He reiterated in a statement to the press issued at his headquarters in Italy that his Government had no intention of interfering with the right of the Italian people to a free choice of the government they desire "for the not less important tasks of peace and reconstruction."

Cites Ouster of Mussolini

Marshal Badoglio cited the fact that the decree dissolving the Chamber of Fasces and Corporations--which accompanied the ousting of Mussolini in July--had effectually indicated the Government's intention. It was therein provided that elections would be held four months after the end of hostilities.

"What was said then is reaffirmed now," Marshal Badoglio said. "The present Government has clearly defined the task of leading the country until peace has been won. With that its mandate will cease."

The New York Times' exclusive story on the declaration this morning took the edge off the surprise of the announcement here this afternoon, but even without that the news would not have been so much of a surprise here as the news of the armistice thirty-five days ago.

It had been known for weeks--and this correspondent among others had said--that negotiations between the Allies and Marshal Badoglio were continuing with a view to formalizing Italy's war role from now on.

A major consideration was public opinion--just how the Allies intend to cope with the obvious criticism that is sure to arise in many quarters. There will be cries of "Darlanism" and much blinking in puzzlement among many Americans and Britons who have not yet forgotten the fact that our troops were shooting at and being shot at by Italians until very recently.

But as of the moment that the decision was formalized, with the Italian Ambassador at Madrid actually handing the document of notification to the German Ambassador there, it can be assumed that Washington and London had pretty well resolved the problem. This is about the way the two governments and their military High Command are understood to feel about it.

Question of Italian Army

The Italian Army as such cannot be regarded in its present state as an important striking force because of its great losses of man and equipment, but primarily because the all-important will to fight had been observed as very low for a long time preceding the armistice. At the same time Italian hatred of the Germans unquestionably grew as the fighting spirit waned, and episodes between German and Italian soldiers and civilians before and after the armistice have shown pretty clearly a complete and incontrovertible end of all sympathy between the former Axis partners.

Therefore, it seemed reasonable to take advantage of the Italians' willingness, even eagerness, to pin their hopes of a better role in the peace settlement to the status of co-belligerency now. As co-belligerents, which the Italians now become by virtue of the documents published today, even though the Allies have not said so in so many words, the Italians will be able to help the Allies in a great many ways, even if not as fellow- soldiers in the front lines.

Although nothing has been said officially as to exactly how the Italians will be employed in the rest of the war, it is almost universally believed that a lingering feeling between them and their recent enemies would militate against their efficiently joining in the actual battlefront.

At the same time, there is obviously an enormous amount of behind-the-lines work, particularly in their own country, where the Italians can be of enormous use. In all matters of supply, in furnishing guards over military property, as a collective liaison agency between advancing Allies and the liberated Italian people, there is no doubt that the Italians can contribute a major service to the Allied cause.

Italy's Position in War

This can be understood better when viewed negatively. If the Allies had turned down Italy's plea to be accepted as a co-belligerent, she would naturally have remained a defeated enemy. As such much Allied military strength would have had to be diverted to administering her disbanded army and her liberated but not militarily controlled territory.

As this correspondent wrote several times, the new status of Italy means a new and minimized role for the Allied Military Government, but at the same time it means giving the Italians more faith in those who defeated them, pride in having a share in the cleansing of their own territory of the hated Germans, and an opportunity actually to play an important role in ultimate victory.

Another highly important consideration behind the decision of the Allies to permit the Italian declaration was the probable effect on the populations of the occupied parts of Italy. Even with the status as it was up to this afternoon, the Allies had reason to be hopeful that the great laboring populations of Milan, Turin and Genoa would turn against the Germans in the same way the French and other European victims of Hitler had turned against the occupying forces.

Now, it may be argued, many persons north of the present Allied front will see in the advancing forces not only foreign armies considerably less odious than those they are driving out but Italian forces themselves. And no matter how limited is the extent to which the Italian troops are employed, that will nevertheless be true to some degree.

The question of who will figure in marshal Badoglio's completed government has been bruited about ever since the armistice. So far the only names released as officially connected with the Italian marshal are those of his military, naval and air aides who accompanied him on the visit to General Eisenhower Sept. 29. These also included Count Aquarone, Minister of Finance.

But it is uniformly agreed that outsiders will have to be brought in and, of course, Count Carlo Sforza's name has cropped up most often. He is now en route here.

But Count Sforza has said he will not actually be part of the Badoglio Government, although he will lend his influence and aid to the general project of kicking the Germans out. As Marshal Badoglio has said, the single objective is to free the country of Germans, and on that basis, it ought to be possible to unite many Italian leaders who otherwise are separated by vast political differences. Another hitch is that so many potential candidates are in German hands.

Attitude of the French

The attitude of the French Committee of National Liberation here remains generally calm, although there is still no love between the French and the Italians as the simple fact of newsreels showing Italians proves. But with Rene Massigli to direct its foreign relations and both Gen. Charles de Gaulle and Henri-Honore Giraud thoroughly aware of the primary military nature of the new arrangement, it is very unlikely that the French will make a formal protest.

At the time of the armistice they were most piqued, not by the armistice of course, but by the fact that it had been negotiated without their participation.

The establishment of the Politico-Military Commission, with France sharing membership with Russia, the United States and Britain, has helped to bring the committee into the swiftly enlarging Mediterranean picture and will undoubtedly help to alleviate any sting that the recognition of Italy as a co-belligerent might otherwise have provoked.

A member of the Committee of National Liberation said tonight that the Italian matter would undoubtedly be discussed at a regular meeting tomorrow morning, but he doubted that any formal comment would be issued. It was this man's opinion that many persons in France, particularly southeastern France, would be interested in the development. He said it was obvious from the background of French-Italian relations since 1938 that acceptance of the Italians as co-belligerents could hardly be seriously stomached by these French.

Many will never forget the circumstances of the Italian declaration of war against France. But the French spokesman also was sure the committee had come too far since those days to be seriously piqued by what is plainly a military step. Moreover, he cited a guarantee in the Allied leader's declaration that nothing growing out of the new status of Italy would be permitted to constitute inconsistence with the armistice terms. Beyond that he thought the French were prepared to await eventualities.

There may be a problem in Corsica, where 80,000 Italians have retained an army, which the patriots who figured in the liberation there would very much like to take over, as well as all of its transport.


Adolfo Sachsida explica a PEC dos gastos publicos, suas limitacoes e insuficiencias

Transcrevendo, e concordando a 150% com os argumentos.
Assista ao vídeo também: https://www.youtube.com/watch?v=6P7iBcgGg5Y
Paulo Roberto de Almeida

Considerações Sobre a PEC que Limita os Gastos Públicos
Adolfo Sachsida
Brasilia, 11/10/2016

A PEC 241 que impõe limite aos gastos públicos pelos próximos 20 anos está em discussão no Congresso Nacional. A grosso modo, a ideia básica dessa PEC é que o gasto público do próximo ano seja limitado pela inflação do ano corrente. Assim, o gasto público federal de 2017 terá como teto o gasto público ocorrido em 2016 corrigido pela inflação.
De cara devemos destacar uma mentira básica espalhada pelas esquerdas: o gasto com saúde e educação NÃO será reduzido em 2017. Pelo contrário, pode até aumentar. Aliás, saúde e educação só entrarão no regime da PEC a partir de 2018. Somente depois disso pode ser que tais gastos sejam reduzidos. E ai temos o primeiro problema da PEC: saúde e educação possuem disposições legais de gastos obrigatórios próprios que podem ir contra a PEC. No meu entender jurídico, a PEC (por ser emenda constitucional) prevalece sobre as demais disposições de gastos (aprovadas por leis ordinárias). De maneira mais clara, a PEC 241 estaria revogando as disposições anteriores que versam sobre os gastos com saúde e educação. Evidente que tal assunto, pela sua própria importância, deveria ter sido deixado claro.
Outra objeção que pode-se fazer sobre a PEC é sobre seu horizonte de tempo: 20 anos é certamente um horizonte longo demais para um mecanismo desse tipo. Mas o que realmente me incomoda é que essa PEC tem uma curiosidade, sua efetividade para reduzir o gasto público em relação ao PIB ocorre apenas no longo prazo. No curto prazo ajuste fiscal algum esta sendo feito. Sejamos claros aqui: o gasto público de 2017 será, em termos reais, maior que o de 2016. Isso ocorrerá por causa do mecanismo de indexação adotado. Em outras palavras, o governo Temer está propondo um ajuste fiscal que atingirá em cheio seu sucessor, mas afetará muito pouco a ele mesmo.
O governo prevê um déficit primário de R$ 170 bilhões para esse ano, e de outros R$ 139,5 bilhões para o ano que vem. A PEC 241 em nada muda essa realidade. Em resumo, nada de cortes significativos de gastos do governo até o final da administração Temer.
Claro que com o passar o tempo, e com a retomada do crescimento, o gasto público será reduzido EM RELAÇÃO AO PIB. E essa é a ideia central da PEC 241: desde a Constituição de 1988 o gasto público aumenta 0,5% do PIB ao ano no Brasil, a PEC 241 impede tal crescimento. Em minha opinião esse é o grande mérito dessa proposta, qual seja, impedir o crescimento contínuo dos gastos públicos federais em relação ao PIB. Mas repito: boa parte dos efeitos dessa PEC só será fará sentir após 2018.
Outro detalhe importante é saber se o governo pretende realmente sanar as contas públicas ou apenas ganhar tempo para terminar seu mandado presidencial. Vou ser claro: a PEC 241 NÃO FUNCIONA NA AUSÊNCIA DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA. O que a PEC 241 faz é ganhar tempo para o governo. O governo terá dois anos para aprovar várias medidas que ajustem as contas públicas, mas se tais medidas não forem aprovadas fica IMPOSSÍVEL seguir o que determina a PEC 241. Isso ocorrerá pois, na ausência de outras reformas, parte significativa do gasto público terá que ser direcionado ao pagamento de pessoal ativo e inativo, e juros da dívida pública. Em palavras, será a paralisação do governo.
Três últimos problemas com a PEC 241: a) sou contra o congelamento linear de salários para funcionários públicos. Mesmo quando escrevi sobre as 23 medidas para equilibrar o orçamento federal tive o cuidado de deixar claro que reajustes salariais de servidores devem ser analisados caso a caso. Existem carreiras que estão em seu pico salarial, e outras que estão defasadas salarialmente. Não faz sentido usar a mesma regra de congelamento para todas elas; b) é fundamental incluir nessa PEC os gastos com empresas estatais. Ao final da década de 1970, e começo dos anos 1980, o governo brasileiro mostrou ao mundo o que é capaz de fazer quando se trata de ser criativo em matéria de aumentar gastos públicos. Deixar as empresas estatais de fora desse limite é um convite ao próximo governante usar tais empresas para financiar o gasto público; e c) acho importante a imposição de um teto para a dívida pública bruta.
Por fim, encerro dizendo o óbvio: as contas dos estados e dos municípios estão em pior situação que as contas da União. A União não pode continuar a ajudar e premiar os entes federados mais irresponsáveis a custa dos responsáveis. Essa PEC não resolve esse problema. É um absurdo o governo pedir sacrifícios a população e continuar usando juros subsidiados do BNDES para agradar aos amigos do rei, chega de dar empréstimos subsidiados via BNDES. Igualmente absurdo é o governo pedir sacrifícios a população e ao mesmo tempo aprovar programas populistas de aumento de gastos públicos (tal como o programa que ajuda na reforma de imóveis).
A PEC 241 foi um importante passo para o ajuste fiscal brasileiro. Apoio sua aprovação, mas é fundamental entendermos que ela é APENAS um primeiro passo necessário. Muitos outros ajustes ainda terão que ser feitos para restaurarmos as contas públicas brasileiras.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Diplomatizzando: mais um pouco, 5 milhoes de visitantes

Não sei se vou estar atento para abrir um champagne quando o contador registrar o visitante número 5.000.000 (sim, cinco milhões).

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PEC dos gastos explicada - Felippe Hermes (Spotniks)

8 perguntas que você precisa saber responder antes de sair por aí falando da PEC dos gastos
Felippe Hermes
Spotniks, 11/10/2016
http://spotniks.com/8-perguntas-que-voce-precisa-saber-responder-antes-de-sair-por-ai-falando-da-pec-dos-gastos/

Há exatos dois anos, vitoriosa na eleição mais disputada no país desde a redemocratização, a ex-presidente Dilma Rousseff recebeu de Lula apenas um conselho sobre o que fazer com a economia em seu segundo mandato: colocar Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda. Parecia o plano perfeito. Meirelles tinha crédito de sobra junto ao mercado e confiança junto à base política.

Dilma, no entanto, fez jogo duro. E ao recusar garantir autonomia à pasta, acabou colaborando para que seu capital político entrasse em parafuso poucos meses depois: fez Meirelles desistir da ideia.

Em ao menos três ocasiões, Lula tentou, sem sucesso, convencer sua sucessora a indicar Meirelles ao cargo. Na última delas, em março deste ano, o ex-presidente já estava convencido de que o ex-deputado federal faria parte do governo no instante seguinte à sua nomeação como ministro-chefe da Casa Civil. Um novo tempo surgiria e o ajuste fiscal tomaria seu rumo, com Lula no comando.

Ainda seriam necessários dois meses, porém, para o destino terminar de colocar o ex-presidente do Banco Central no cargo mais alto da economia do país, já no governo interino de Michel Temer. E quase dois anos desde a conversa entre Lula e Dilma para que Meirelles garantisse sua primeira vitória como ministro: aprovar a PEC dos gastos.

Tamanha confiança detida por Lula de que Meirelles era a pessoa certa para o cargo não nasceu do nada. Em seus oito anos no comando do Banco Central, quando topou sair do PSDB para ocupar uma das posições mais importantes do governo Lula, Meirelles foi um dos nomes responsáveis pela bem sucedida política que permitiu ao país reduzir a taxa de juros de 26,5% em fevereiro de 2003 para 10,75% em dezembro de 2010.

Agora, à frente da área fiscal, Meirelles tem como objetivo três tarefas nada fáceis: impedir que a dívida continue crescendo, reverter o maior déficit orçamentário do país nos últimos 19 anos e fazer a economia sair da maior recessão dos últimos 85 anos. Tudo isso, claro, nos escassos dois anos que possui de mandato. É um desafio e tanto.

Em outros tempos, a estratégia poderia ser simples – numa única canetada, aumenta-se os impostos e joga-se a conta para a população. Quase duas décadas de aumento de carga tributária e a certeza de que aumentar impostos em meio a uma recessão apenas contribui para nos jogar mais ainda no fundo do poço, no entanto, fizeram Meirelles apostar num novo plano.

Se você já está se coçando para gritar por corte de gastos, talvez seja interessante pegar uma calculadora e analisar um pouco mais a fundo o problema.

Para impedir que a dívida cresça e leve os juros para cima (o que reduziria ainda mais a capacidade de investimento das empresas, reduzindo a geração de emprego e renda), o Brasil necessita voltar a economizar ao menos 2% do PIB, uma bagatela de R$ 120 bilhões. Some a isso o que gastamos a mais do que arrecadamos hoje (R$ 170,5 bilhões) e o resultado é uma conta que chega a quase R$ 300 bilhões.

Encontrar isso no orçamento, hoje, é impossível. Nem mesmo se o governo demitisse 100% dos funcionários públicos.

Se aumentar impostos não é uma boa ideia e apenas cortar gastos não resolve o problema, qual seria então a solução? Para Meirelles, uma palavrinha curta e simples: crescimento.

Que tal se não aumentássemos impostos e nem realizássemos cortes em investimentos e programas sociais (como os 74% de verba para programas como o Minha Casa Minha Vida, cortados ainda no governo Dilma) e em troca passássemos os próximos 10 ou 20 anos gastando menos? Pois é exatamente disso que o governo quer lhe convencer.

1) De onde surgiu esse papo de congelar os gastos?
Sem topar ceder o comando da economia a Meirelles, Dilma peregrinou o mercado em busca de um nome que atendesse suas principais demandas: dividir com ela o comando da economia e ter bom trânsito com o sistema financeiro. Seu primeiro nome, Luís Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, não topou, mas enviou um de seus melhores executivos para a tarefa: Joaquim Levy.

Muito antes de se tornar presidente de uma das empresas do Bradesco, Levy marcou presença no bem sucedido ajuste fiscal do primeiro mandato do governo Lula. Assim como boa parte da equipe indicada por Lula para a Fazenda em 2003, Levy não possuía nenhuma proximidade com as ideias petistas. Para economistas ligados ao PT, como Maria da Conceição Tavares, a equipe montada por Lula era composta de débeis mentais.

Com um currículo que lhe garantia experiência e certa credibilidade, Levy montou seu ajuste fiscal baseado em duas frentes: aumento de impostos e corte de gastos. Com a recusa do Congresso em aumentar impostos, porém, seu ajuste ficou capenga e os cortes, como vimos, se limitaram a reduzir investimento e programas sociais.

Tamanha tragédia  foi um recado claro para o próximo ministro da Fazenda a se aventurar no cargo.

Assim que assumiu o posto, pouco mais de 4 meses depois de Levy ter desistido da tarefa, Meirelles apresentou suas cartas, ameaçou um aumento de impostos e fez o Congresso topar uma estratégia de longo prazo.

2) Como essa PEC resolveria o nosso problema na prática?
Pouco mais de cinco anos de políticas voltadas para incentivar o setor produtivo deixaram sua conta. Entre 2010 e 2015, o governo federal foi responsável por despejar mais de R$ 450 bilhões em aportes para que bancos públicos realizassem empréstimos com juros menores do que a inflação para grandes e médias empresas. Na outra ponta, R$ 458 bilhões deixaram de ser arrecadados com as chamadas desonerações fiscais. Em outras palavras: o governo topou aumentar os gastos e diminuir a receita, na expectativa de que o crescimento da economia fizesse a conta fechar.

No final desta brincadeira, a dívida pública cresceu inacreditáveis R$ 2 trilhões, mais do que dobrando. Apenas entre 2013 e o início de 2016, a dívida saltou pouco mais de 15 pontos do PIB, ou aproximadamente R$ 1 trilhão. Impedir que isso continue é um dos objetivos da PEC.

Para fechar a conta é necessário cortar gastos, mas uma regra do nosso orçamento torna essa tarefa quase impossível: quase R$ 2 em cada R$ 3 gastos pelo governo não podem ser mudados, pois obedecem a limites mínimos estabelecidos na Constituição ou leis que impedem que sejam reajustados abaixo, por exemplo, da inflação.

Para fugir dessa regra, a PEC propõe que os valores sejam preservados como estão hoje (ou sofram algum aumento no início e então sejam congelados, como os gastos em saúde e educação). Em outras palavras, a ideia é que nós possamos trocar os cortes de gastos que precisaríamos por um congelamento e usar a arrecadação extra para cobrir a diferença.

3) O congelamento de gastos também atingirá o salário dos políticos e do Judiciário?
16,4% do orçamento brasileiro é gasto com os 45% mais pobres.
83,6% do orçamento brasileiro é gasto com os 55% mais ricos.
Sim, você não leu errado. Pegue todo o gasto em saúde e educação destinado à metade mais pobre da população, some com os gastos do Bolsa Família e, no final, o número que você chegará é exatamente este: 16,4%. A conta é do economista Marcos Lisboa e você pode conferir aqui.

Poucos temas são tão delicados quando falamos em congelar gastos quanto as áreas de proteção social. Para boa parte das pessoas, o governo existe essencialmente para proteger a camada mais pobre da população e é para ela que se destinam os programas sociais e os gastos com saúde e educação.

Na prática, porém, o orçamento público serve hoje a outros interesses. Como demonstra o economista Paes de Barros, nossa previdência privilegia a camada de cima. Se aposentar antes dos 65 anos é um luxo ao qual metade dos trabalhadores brasileiros não possui acesso, uma vez que, estando na informalidade, não conseguem aposentar-se por tempo de contribuição e muito menos receber mais do que um mísero salário mínimo.

Some os gastos com saúde e educação para os mais pobres, e o número que você encontrará não cobre sequer o gasto do governo com o funcionalismo público. Como mostrou uma pesquisa do IPEA,quase 1/3 da desigualdade do país tem origem nos salários e aposentadorias dos funcionários públicos. Não é por acaso.

Em outro estudo, o IPEA, que é um órgão público, revela que nos últimos 15 anos, o salário dos funcionários públicos cresceu nada menos do que 3 vezes acima do salário médio de trabalhadores da iniciativa privada.

Some desonerações para grandes empresários, subsídio para grandes fazendeiros e aquela mãozinha extra ao exportador e você descobrirá onde foi parar boa parte dos  83,6% restantes do orçamento: para os mais ricos.

E não pense que o Congresso e o Judiciário mais caros do planeta também não entram na conta.
Todos eles, com a aprovação da PEC, passam a fazer parte do congelamento. Este é também o motivo pelo qual Ministério Público é contra a PEC. Para o MP, o governo pode congelar apenas os gastos do Executivo, não do Judiciário.
Pelo novo regime fiscal, a concessão de aumentos acima da inflação não poderia ser aprovada sem que violasse a lei, uma vez que não é permitido um aumento de gastos totais acima da inflação. Para que os políticos ou o Judiciário aprovassem um aumento para si, teriam de diminuir recursos de outras áreas, tornando muito mais difícil aprovar aumentos.

Em outra palavras – com a aprovação da PEC, o dinheiro deixa de ser infinito.

E aqui, é importante ressaltar por que essa é uma PEC. A revisão anual do salário do funcionalismo é exigência da Constituição. Se fosse lei, não funcionaria.

4) O governo irá investir menos em saúde e educação?
Apesar de responderem por menos de R$ 1 em cada R$ 5 gastos pelo governo, os gastos em educação e saúde tomaram conta da pauta. Motivo pra isso não falta. Ambos são a parte mais visível dos serviços entregues à população pelo setor público e, para muitos, a mais importante função de qualquer governo.

Ainda assim, as coisas por aqui não são tão simples como parecem. Há exceções da lei. Alguns tipos de despesa não se sujeitarão ao teto. Entre elas, o FUNDEB, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica. Para efeito de comparação, o fundo tem um orçamento previsto em 2016 de R$ 138 bilhões, ou quase 35% a mais do que todo o gasto do Ministério da Educação. Nada disso seria alterado.

Dentre os R$ 389 bilhões, ou 6,6% do PIB brasileiro gastos em educação no ano de 2015 (percentual que supera o de países como Islândia, Suécia e nova Zelândia), apenas 21,81% disso foi gasto pelo governo federal. Todos os quase 80% restantes, portanto, não entrariam na conta do congelamento, pois são de responsabilidade de estados e municípios, que não serão afetados pelo teto.

Ainda assim, o gasto federal em educação não necessariamente ficará congelado como está hoje. Graças a uma nova regra, o valor de 2017 será calculado com base no que for empenhado e não naquilo que for efetivamente gasto em 2016. Com esta pequena mudança, o orçamento para 2017, será maior do que em 2016, e depois disso será mantido igual, com reajuste pela inflação. Na prática, no entanto, o que mais importa aqui é que, com a PEC, os cortes na área feitos em 2015 e 2016 se tornam proibidos.

Ainda assim, se o Congresso quiser, poderá ampliar o gasto com educação do país, desde que aponte de onde dos 80% do orçamento que não dizem respeito à saúde ou educação o valor sairá.

O mesmo ocorre com a saúde, área na qual o governo federal é responsável direto também por apenas uma fração daquilo que é aplicado no país, uma vez que boa parte dos gastos na área são privados (56% do total), ou de responsabilidade de estados e municípios (cerca de 25,5% do gasto total).

Dos 19% dos gastos em saúde que cabem ao governo federal, a PEC acarretará de fato numa perda. Determinar quanto será perdido, porém, é quase impossível.

Para o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, a nova regra implicaria em R$ 31 bilhões a menos para a saúde em 2026, pouco menos de 5% do total que o país investirá neste ano.

Infelizmente, não é possível estimar como ficam os cálculos com base na mudança das regras para a área, que antecipam a medida que eleva os gastos em saúde de 13,7% para 15% do PIB. Com essa regra, em 2017 a área de saúde passa a ganhar R$ 10 bilhões a mais já em 2017, bem acima do prejuízo de R$ 2,5 bilhões estimados no estudo.

Em nenhum dos estudos que apontam reduções, no entanto, a capacidade do governo de gastar estes recursos é considerada. Em todos os casos, os estudos consideram que o governo sempre terá dinheiro para gastar com essas áreas, ainda que a dívida chegue a 100% do PIB, como deve ocorrer em 2024 caso a trajetória atual se mantenha.

Como os governos estaduais e os atrasos de salário deixam bastante claro, no entanto, a possibilidade do dinheiro simplesmente acabar e o governo não poder gastar nada no setor é real.

Ambos os setores ainda serão inteiramente afetados pelas mudanças demográficas pelas quais o Brasil passará. Na área de educação, por exemplo, o país deixará de contar com 51 milhões para ter 42,5 milhões de jovens em idade escolar, o que fará com que o valor per capita destinado aos alunos aumente consideravelmente. Na parte da saúde, porém, este é um grande problema. Nossa população irá envelhecer e os gastos permanecerão os mesmos de hoje.

Saúde e educação, no entanto, não serão congelados. Caberá ao Congresso definir o momento e de que forma estes gastos poderão ser aumentamos acima do mínimo. Para fazer isso, nossos políticos devem apontar de que outro lugar do orçamento sairão os recursos.

5) Com a PEC 241, o governo irá pagar mais juros da dívida?
Se o principal objetivo do novo regime fiscal é limitar o gasto público e gerar um excedente que controle a dívida pública, não é muito difícil imaginar que estes recursos excedentes irão para o pagamento de juros da dívida não é?

Em princípio, a resposta é sim, mas isso não significa que o governo irá pagar mais juros, mas menos. Explico.

Essencialmente, existem duas maneiras do governo pagar os juros da dívida e conseguir diminuí-la. Na primeira, que é o que fazemos hoje, emitimos uma dívida nova e pagamos a antiga, gerando com isso uma bola de neve – afinal, nunca diminuímos a quantidade de dívida efetiva, o que faz com que os juros cobrados pelos emprestadores seja cada vez maior. No segundo cenário, criamos um esforço para reduzir a dívida, chamado de superávit primário.

Neste quesito, ninguém fez mais do que Lula e Palocci. Nenhum governo na história economizou tanto para pagar juros da dívida. E o resultado obtido foi justamente uma queda na dívida, e consequentemente nos juros.

Com a expectativa de que a dívida entre em controle, os juros pagos ao final de dez anos serão menores, uma vez que a dívida será menor. Sem a PEC, a expectativa é de que o Brasil pague R$ 1,7 trilhões em juros da dívida em 2026. Caso a PEC seja aprovada, pagaríamos R$ 1,3 trilhão em juros.

Ou seja, controlando os gastos ao longo da próxima década, estaremos pagando R$ 400 bilhões a menos em juros.

Como a PEC será revista em dez anos, é possível que o Congresso redefina para onde irão os valores excedentes gerados e optemos por utilizar estes valores em saúde e educação, por exemplo, ou continuar reduzindo a carga tributária.

E se você quer saber maiores informações sobre a dívida pública brasileira, não deixe de ler esse artigo.

6) E se a PEC tivesse sido aplicada em 2003 ou 2011, como seria?
Simulações com base em anos passados têm se tornado bastante comuns nos últimos dias. Para algumas delas, caso a PEC tivesse sido aplicada em 2003 ou 2011, teríamos colocado algumas centenas de bilhões de reais a menos em educação e saúde, ou estaríamos com um orçamento razoavelmente menor do que hoje.

Propor um exercício assim pode ser uma forma interessante de analisar a situação, mas é preciso cautela. Primeiro, é necessário lembrar que nem saúde nem educação são majoritariamente obrigações do governo federal. E em seguida, é importante ressaltar que o objetivo da lei não pode ser medido no passado – ou seja, não é possível saber como se comportaria a taxa de juros, a dívida pública, os investimentos, a confiança do investidor e do consumidor, e assim por diante.
Esta PEC é uma forma gradual de se fazer um ajuste fiscal. Aplicá-la em um momento onde a receita crescia e não havia necessidade de congelar gastos para fazer ajuste torna nulo seu objetivo.
Ainda assim, a PEC poderia servir para mostrar que enquanto sociedade poderíamos ter optado por escolhas mais inteligentes de como gastar nosso dinheiro nos últimos anos. Poderíamos ter alocado mais recursos em saneamento, que geram economia em saúde, em vez de concedermos aumentos ao fundo partidário, por exemplo, que teve alta superior a 200%.

Como medir os efeitos de uma carga tributária menor na sociedade? Nenhum destes estudos se preocupa com esta questão.

Atualmente, o setor privado é responsável por poupar cerca de 18,2% do PIB, enquanto o setor público poupa -2%. Reduzir a carga teria aumentado a poupança privada? Tudo indica que sim. E quais os efeitos práticos de uma alta na poupança? A resposta é tão simples quanto parece: maior geração de emprego e renda.

Tais efeitos são sempre desconsiderados nestes estudos, mas são cruciais para apontarmos quanto deixou de ir para cada área, uma vez que os novos investimentos possibilitados pela arrecadação menor em nível federal gerariam maior arrecadação em nível de estados e municípios, o que elevaria os gastos obrigatórios destes entes federados em saúde e educação.

Caso estivesse em vigor desde 2011, a lei poderia ainda ter um resultado inusitado: impedir que os funcionários públicos tivessem perdas salariais no governo Dilma.

E o motivo disso é bastante claro. Desde este ano, a média de aumentos salariais concedidos pelo governo ficou em 5,5%. Em nenhum ano, porém, a inflação ficou abaixo de 6%. O que é o mesmo que dizer que a cada ano do governo Dilma o funcionalismo ficou um pouco mais pobre.

7) Por que propor uma mesma regra por um prazo de 20 anos não faz sentido?
Imaginar o Brasil em um horizonte de duas décadas não é uma tarefa fácil. Nossa pirâmide demográfica terá mudado completamente. Seremos um país com mais idosos e menos jovens. Teremos mais gastos com a previdência e menos gastos com escolas. Teremos enfim, outras prioridades.

Ainda assim, a PEC como está posta hoje nos trata da mesma maneira. Para a lei, somos irresponsáveis que precisam de um controle presente – e precisaremos desse controle dentro de 20 anos. Não é absurdo supor que demandaremos controles e devemos prezar por boas práticas. O tipo de controle é o que deve ser revisto.

Como mostra o economista Raul Veloso, mantida a tendência de economia de recursos por 20 anos, em 2036 estaremos poupando quase 6,5% do PIB, ou duas vezes o resultado mais positivo em toda a história das contas públicas brasileiras.

Se, para mantermos a dívida estável com um crescimento de 2,5%, é necessário pouparmos 2% do PIB, por que então devemos permitir uma economia de 6,5%?

Em pontos como este, a lei se mostra falha, uma vez que busca prever um horizonte quase impossível de ser previsto e antecipado.

Definir a forma como o controle se dará no longo prazo é uma discussão que caberá ao Congresso após passados os dez primeiros anos, quando a PEC puder ser revista. A PEC, no entanto, não irá figurar solta no ar: irá se correlacionar com questões não passíveis de previsão, como a macroeconomia mundial. É possível que o pais opte por utilizar este excedente gerado pela lei para escapar de uma turbulência, assim como pode-se optar por manter o congelamento por mais tempo, uma vez que a redução da carga tributária tenha efeitos positivos sobre juros e poupança e colabore para o crescimento da economia. Em todos os casos, a PEC abre a possibilidade de o país discutir cenários mais confortáveis, algo que hoje, em meio à crise, não podemos nos dar ao luxo.

8) Quais países do mundo aplicam medida semelhante?
O rigor da lei, à primeira vista, assusta. Afinal, estamos falando de uma lei do mesmo nível da Lei de Responsabilidade Fiscal ou do Plano Real – algo que irá impactar e definir os rumos do país por mais de duas décadas.

Um olhar ao redor do mundo, porém, ajuda a entender o que pode ocorrer com o Brasil nos próximos anos.

No caso mais emblemático, o da Suécia, não é difícil perceber que, em relação ao PIB, a carga tributária deve cair. Depois de aprovada sua lei de teto de gastos, a Suécia tornou-se o país do mundo com carga tributária em maior queda livre. Se considerarmos nossos gastos não pagos pelos impostos (nosso déficit, portanto), nossa carga tributária hoje deveria ser maior do que a sueca para comportar o governo.

Cobramos hoje pouco menos de 33% de impostos e temos um déficit nominal de 10,2% do PIB. Na Suécia, os gastos públicos estão em 42,8% contra 50,3% de quando essa lei foi aprovada. Nada disso, porém, comprometeu os gastos sociais do país.

Este, no entanto, é apenas um exemplo do que pode ocorrer. Em países como os Estados Unidos é comum que governos estaduais tenham também leis que limitam a arrecadação. Ou seja: toda vez que a arrecadação crescer além do limite previsto, o governo passa a devolver impostos à população. Recentemente, o estado de Washington foi obrigado a realizar essa operação, uma vez que os impostos obtidos com a venda de maconha legalizada fizeram os impostos crescerem acima do esperado.

Em outros casos famosos, a Polônia aplicou a lei em 2011, o Peru em 2000 e a França em 1998.

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Definir se uma lei fiscal é uma boa ideia ou não é algo que dependerá sempre dos valores e prioridades de cada um. O que é importante destacar, porém, é que, independente de qual prioridade você queira definir para o governo, ela só será possível com uma condição: caso existam os recursos necessários para executar tal ação.

Sem dinheiro em caixa, os direitos garantidos pela Constituição não podem ser atendidos pelo governo e boa parte daquilo que você considera obrigação do Estado simplesmente deixa de ser realizado.

Há que se destacar, entretanto, que na ocasião da aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal e no lançamento do Plano Real não faltaram pessoas para se opor e disseminar a ideia de que ambas as leis levariam o país à falência.

Na prática, a PEC é uma tentativa gradual de se evitar problemas por uma década.