Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sábado, 14 de janeiro de 2012
Ditadores sao politicos, tremendamente politicos - Bruce Bueno de Mesquita (Veja)
Los Hermanos desintegran Mercosur, pero ya estaba desintegradose...
Desde o início, alegando "ajuda aos hermanos", que supostamente estavam se "desindustrializando", e um pouco por um totalmente equivocado complexo de culpa por ser maior, mais competitivo e mais produtivo (algo fizemos, de certo, para termos mais vantagens no comércio bilateral), o governo brasileiro permitiu que os argentinos montassem barreiras, na conversa mole de que era temporário, era necessário ajudar sua reconstrução depois da crise, enfim, um monte de razões -- todas elas equivocadas -- foram aventadas para deixar os vizinhos tripudiarem sobre as regras do Mercosul.
Não dá para reclamar agora que eles estão exagerando.
Bando de idiotas, dos dois lados, estão destruindo o Mercosul.
As alegações argentinas a respeito do saldo superavitário brasileiro são sumamente estúpidas. Não existe em comércio internacional equilíbrio perfeito das correntes de comércio no plano estritamente bilateral. Um país que só exportasse bananas, deveria exigir comércio equilibrado com todos e cada um dos parceiros comerciais, independentemente da composição específica das trocas a dois?
Os argentinos estão delirando, e os brasileiros até ajudaram a construção da doença...
Paulo Roberto de Almeida
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Editorial O Estado de S.Paulo, 13/01/2012
Mais protecionismo argentino
A escalada protecionista prossegue na Argentina, com a decisão do governo de impor mais uma trava às importações, e boa parte da conta será paga, sem dúvida, por empresas brasileiras e seus trabalhadores. Quem quiser importar o que quer que seja será obrigado, a partir de 1.º de fevereiro, a apresentar uma declaração juramentada e antecipada à Secretaria de Comércio Exterior. A Secretaria é comandada formalmente pela economista Beatriz Paglieri, colaboradora e seguidora do secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, famoso por sua intervenção no sistema oficial de índices de inflação e pelas pressões sobre importadores. A manipulação dos índices tornou-os internacionalmente desacreditados. Moreno enriqueceu sua obra, no ano passado, impondo aos empresários proibições informais de importar, sustentadas, segundo denúncias noticiadas pela imprensa, por ameaças e muita truculência.
Cada avanço do protecionismo argentino torna mais evidente o atraso da integração econômica do Mercosul. Os maiores países do bloco não conseguiram sequer, até agora, criar um espaço de negócios digno de ser classificado como zona de livre comércio. Muito mais distante, portanto, está a consolidação da união aduaneira - status oficial do conjunto formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
No ano passado, até novembro, a Argentina acumulou superávit comercial total de US$ 10,5 bilhões. Esse resultado é atribuível aos preços internacionais dos produtos agrícolas e, em boa parte, à política protecionista, reforçada com a exigência de licenças não automáticas de importação. A concessão das licenças demorou, em muitos casos, mais que os 60 dias permitidos pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Muitas empresas brasileiras foram prejudicadas e autoridades de Brasília foram obrigadas a intervir. Dificultaram por algum tempo a entrada de produtos argentinos, para mostrar a disposição de retaliar, e forçaram o outro lado a buscar um entendimento. Mas contentaram-se, afinal, com a promessa do governo argentino de respeitar o prazo legal. O compromisso, é claro, não foi cumprido.
Parte do empresariado argentino também protesta contra essa política. Muitas indústrias dependem de componentes importados. Segundo o jornal Clarín, de Buenos Aires, uma fábrica da Fiat em Córdoba ficou 48 horas sem produzir porque peças compradas do Brasil estavam retidas na alfândega. A reportagem menciona fontes da empresa, embora a própria Fiat argentina, para evitar encrencas com o governo, tenha fornecido aos operários uma versão mais branda, atribuindo a falta de componentes a férias da fábrica brasileira.
De acordo com a nova exigência do governo, para cada peça necessária à fabricação de um produto final - um veículo, por exemplo - será necessário apresentar uma Declaração Jurada Antecipada de Importação (Djai). Segundo fontes da indústria automobilística, informa o Clarín, as montadoras dependem, em média, de 70% a 80% de partes importadas.
Apesar do protecionismo argentino e da valorização do real, o Brasil acumulou no ano passado um superávit de US$ 5,8 bilhões no comércio com o maior parceiro do Mercosul. A principal explicação é simples: barreiras podem apenas dificultar o ingresso de produtos estrangeiros, mas não bastam para tornar a indústria de um país mais eficiente e mais competitiva.
Competitividade resulta da combinação de muitos fatores, mas boa parte do empresariado argentino, acostumado à superproteção fornecida pelo governo, pouco tem feito para elevar a produtividade de suas fábricas. Outra parte mostra preocupação com a eficiência, mas seu trabalho é dificultado pelas intervenções desastradas do governo - como, por exemplo, as barreiras à importação de peças.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o governo brasileiro já entrou em contato com as autoridades argentinas para avaliar as novas medidas e prevenir danos ao comércio bilateral. Essa iniciativa será inútil, se o governo, como no ano passado, se contentar com promessas destinadas a não serem cumpridas. Seria bom, para variar, forçar uma conversa séria sobre o assunto.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Oba!: a Europa vai ficar barata: Standard & Poor’s downgrades France, Austria, Italy and Spain
Pois é: há muito tempo que eu esperava o default da Grécia, para ver se o euro caia bastante, para viajar baratinho pela Europa. Esses alemães acabaram concordando em salvar gregos e troianos, o que impediu o debâcle...
Pena
Enfim: esperamos que salvem-se todos (mas que o euro poderia baixar, isso poderia...).
Brazil under Dilma - an economic view by John Welch
Populismo cambial?: o governo tem uma politica cambial?
Nos tempos do Ancien Régime tucanês, ou seja, o octanato neoliberal, vendido ao império, submisso ao FMI, amigo dos banqueiros e dos capitalistas financeiros, o câmbio no Brasil flutuava. Ocorreu dele se valorizar um pouco.
Pronto, bastou isso para que o mundo viesse abaixo.
Os companheiros, muitos dos quais hoje aboletados no poder, atacavam acerbamente a política de "populismo cambial", acusando a política "malanista" de ser a favor de banqueiros e contra os trabalhadores.
Teve até deputado, hoje senador, que queria fixar em lei o valor do salário mínimo em 100 dólares, vejam vocês até onde chega a sapiência petista em matéria de economia.
Pois é, hoje o regime cambial é exatamente o mesmo, apenas que a moeda está muito mais valorizada do que jamais esteve em qualquer época.
Amigo dos banqueiros? Certamente. E de outros personagens também, que se abastecem nas tetas gordas do BNDES e nos subsídios governamentais e na proteção rústica contra a "concorrência predatória" dos produtos importados (o que eles mesmos causaram, com sua política desindustrializadora).
Inteligência econômica é isso aí. O resto é conversa...
Paulo Roberto de Almeida
Diplomacia da generosidade: et pour cause
Brasil doará quatro helicópteros para luta antidrogas na Bolívia
O Brasil utilizará Veículos Aéreos Não Tripulados também nas fronteiras com o Paraguai e o Peru
Relações Exteriores
Brasil concede vistos especiais para haitianos
Os nacionais haitianos terão permissão para ficar por até cinco anos no Brasil
Visitantes exoticos na América Latina: Ahmadinejad
Latin American Weekly Report |
Weekly Report - 12 January 2012 (WR-12-02) |
Iran seeks to deepen ties with Latin America |
Not since US President Barack Obama’s mini tour of Latin America in March last year has so much attention been given to one man’s visit to the region. When Iran’s President Mahmoud Ahmadineyad arrived in Caracas on 8 January at the head of a large retinue for the first leg of a four (possibly more) nation tour, more column inches had been devoted to his presence in the region in the US media, and what it signified at a time of heightened tensions between Washington and Teheran, than any single event in the region in 2011 other than Obama’s visit. This suited Venezuela’s President Hugo Chávez down to the ground and he clearly revelled in the attention; both men directed verbal missiles northwards. But beneath their rhetorical repartee what does the visit really mean? It is the fifth time that Ahmadineyad has visited Latin America since 2005 - he visited three times between September 2006 and September 2007 alone - which is more than US heads of state have managed over the same time span. The main difference between this visit and his previous trips is the backdrop: tension between the US and Iran is always simmering but it is now coming to the boil. On 31 December the US imposed new sanctions on Iran, which responded by threatening to close the strategic Strait of Hormuz oil route in the Gulf. Soon afterwards the European Union (EU) reached a preliminary agreement to ban oil imports from Iran. On 9 January the International Atomic Energy Agency (IAEA) claimed Iran had begun to enrich uranium at a bunker in the north of the country. On the same day an Iranian court condemned to death a former US marine of Iranian descent, Amir Mirzaei Hekmati, for allegedly spying for the CIA. Two days later a top Iranian nuclear scientist, Mostafa Ahmadi Roshan, was killed in a car bomb in Teheran. Iran blamed Mossad and the US. This brief summary of events leading up to Ahmadineyad’s visit to Latin America, and during it, explains why it carried added piquancy, and was greeted with howls of outrage by right-wing Republicans, such as Ileana Ros-Lehtinen, the chair of the House foreign affairs committee, who warned of the threat posed by Iran and Hezbollah to regional security and stability. The conviction that Hezbollah is expanding links in Latin America is firmly entrenched in Republican circles: the foreign policy document released last year by Mitt Romney, a strong bet for the Republican presidential candidacy, pointedly mentioned Hezbollah and terrorism eight times while omitting to mention Brazil, the region’s economic powerhouse once [WR-11-41]. The Democrat Obama administration has similar concerns. The US State Department publicly admonished countries preparing to receive Ahmadinejad. And then, on 6 January it declared the Venezuelan consul general in Miami, Livia Acosta Noguera, persona non grata, and gave her four days to leave the country. It did not explain the motives for her expulsion but the US Spanish-language channelUnivisión linked the decision to expel her to a documentary it aired last month alleging that Venezuela and Cuba were involved in discussing possible Iranian cyber-based plots against the US [WR-11-50]. Roger Noriega, a former assistant Secretary of State for Western Hemisphere affairs who is virulently anti-Chavista, tweeted that Acosta was a “Chavista terrorist spy”. Chávez said her expulsion was “unjustified and arbitrary”. It is noteworthy that Brazil was not included on Ahmadinejad’s itinerary, as it was in 2009; relations having cooled since Dilma Rousseff came to power last year. Brazil, keen to secure a seat on the UN Security Council, felt stung by the US hostility to a nuclear fuel-swap deal it struck with Iran and Turkey in May 2010. Rousseff is much more cautious than her predecessor Lula da Silva about venturing into this kind of diplomatic minefield (see sidebar). A state visit to Brazil would have eased Iran’s sense of international isolation. The fact that it did not secure such a visit undermines the Republican claims that Iran’s influence in Latin America is deepening and that it is challenging the US in its own backyard. Instead, its influence is probably on the wane, like that of Chávez, who did most to try and advance it in the first place. Brazil is still keen to expand trade (according to IMF statistics, it was Iran’s main trading partner and exporter in Latin America at a total of US$1.26bn in 2008, up 88% on the previous year) but no longer to extend diplomatic solidarity. Instead, Ahmadinejad visited just radical Alba member countries, moving on to Nicaragua (for the investiture of President Daniel Ortega), Cuba and Ecuador after Venezuela. Intriguingly, Bolivia’s President Evo Morales, who had met Ahmadinejad on previous visits, did not receive him. This omission was much stranger than Brazil’s reticence: during a September 2007 visit Ahmadinejad promised US$1.1bn in “industrial cooperation” with Bolivia, an Alba member. It might just be that Morales is unconvinced about such promises of largesse. When Ecuador’s President Rafael Correa was asked just before Ahmadinejad’s arrival in Quito on 12 January about the tangible economic benefits of relations with Iran, he said that Iran had made great strides with constructing hydroelectric dams and refineries, and would share that knowledge, adding that some of the investment Iran had made in Ecuador had not been registered as it had come through Turkey. Ecuador’s business community remonstrated about deepening opaque relations at the cost of transparent relations with the country’s largest trading partner - the US. Venezuela’s foreign minister, Nicolás Maduro, also argued that Iran had provided technology transfer to develop “a new industrial apparatus”, allowing the construction of food processing plants and tractor factories, but the extent of economic cooperation through the many promised accords is difficult to discern. The bottom line is that Iran craves allies and beneath the idealistic rhetoric of social justice and solidarity propounded by Alba lies a visceral anti-Americanism that makes the act of defying US foreign policy objectives of ostracising Iran more important than trade or indeed any ideological consistency to relations with Iran: members of the Iranian Communist party Tudeh, for instance, are imprisoned or in exile. Correa insisted he would not be dictated to by the State Department over Ecuador’s foreign ties. His foreign ministry issued a statement claiming that the recent IAEA report was “based on data provided by the intelligence agencies of the very countries trying to isolate (Iran)”, and criticised the US “imposition of sanctions”. Chávez was more direct: “the Latin American people will never again be on their knees before the Yankee empire.” The ties between Nicaragua and Iran are based on the common start date of their respective “revolutions” in 1979 and a shared past of resisting US interference (such as the infamous Iran-Contra scandal); shared future objectives are limited to preserving power after staging similarly dubious “democratic” elections.
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O Brasil em 2022 - Mansueto Almeida
O que será o Brasil em duas décadas?
"Conversa de diplomata": para boi dormir? - a proposito do que disse a presidente
"Ao contrário do que se imaginava após a eleição, Dilma tem mostrado gosto pelos assuntos internacionais, embora os econômicos sejam seus preferidos. Na sua leitura matinal de jornais inclui sempre o britânico “Financial Times”. A presidente encantou-se com os detalhes da formação do governo Obama, que leu numa biografia do colega americano. Leu também os livros sobre Bolívar presenteados pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Detesta, porém, “conversa de diplomata”, segundo define um ministro próximo, querendo dizer, com isso, a linguagem cuidadosa e vaga que algumas vezes é encontrada em relatos do Itamaraty – ainda que a presidente faça questão de prestigiar o Ministério de Relações Exteriores."
Parece que "conversa de diplomata" é uma coisa chata, pouco prática, insossa e irrelevante. Seria verdade?
Paulo Roberto de Almeida
Juros por decreto, ou por lei, whatever works - uma "escolinha" para congressistas
Se pensarmos bem, 3% ao mês é excessivo, estupidamente elevado, quando muitos países têm esse valor em bases anuais.
Sem dúvida, um projeto estupidamente motivado, destinado a ficar na gaveta dos projetos estúpidos.
Por que parlamentares não fazem um curso rápido de economia antes de assumir o cargo, ou pedem a economistas para opinarem sobre seus projetos?
Paulo Roberto de Almeida
Projeto quer limitar os juros do cheque especial em 3% ao mês
Trindade acredita que os bancos se aproveitam das pessoas que estão passando por dificuldades. Para ele, quem usa o cheque especial não tem outra opção e os bancos não deveriam cobrar tanto por isso, conforme informações da Agência Câmara.