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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Bancos: socializando as perdas, privatizando dinheiro coletivo

Muito estranha a história do Banco Panamericano, do camelô Silvio Santos, salvo da falência por uma providencial visita ao ex-presidente "nunca antes" (talvez "nunca mais"), por um fabuloso aporte da Caixa Econômica Federal, e agora pelo Fundo Garantidor de Crédito, que é indiretamente pago por todos nós...
Paulo Roberto de Almeida

Finanças
Bancos: Questiona-se se a função de preservar depositante foi desvirtuada
Aline Lima
Valor Econômico, 03/02/2011

Caso PanAmericano levanta dúvidas sobre papel do FGC
Bueno, do FGC, diz que dinheiro do socorro é dos bancos, não do correntista

São Paulo - A engenharia financeira costurada pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para salvar da liquidação o PanAmericano, operação até então inédita no mercado, vem levantando uma série de questionamentos sobre o real papel da entidade. O FGC, afinal, foi criado para ressarcir depositantes ou salvar bancos? O dinheiro é realmente dos banqueiros ou de correntistas e poupadores? O socorro pode criar precedente para outros bancos fazerem o mesmo?

Vários executivos de bancos que não tinham exposição ao PanAmericano ficaram "mordidos" com o desfecho do episódio. "Como sócio, vou querer saber direitinho quem está arcando com esse prejuízo", reclamou um deles no dia seguinte ao fechamento da venda do PanAmericano para o BTG Pactual. Os grandes bancos de varejo, compradores das carteiras de crédito do PanAmericano, são também os principais cotistas do FGC e cabe a eles a decisão final sobre os assuntos do fundo. Não se sabe se, no caso do PanAmericano, a decisão foi unânime - mas o fato é que foi aprovada.

O debate ganha mais força depois do segundo socorro, com a "saída por cima" do empresário Silvio Santos, responsável em última análise pelo rombo como antigo controlador. Silvio saiu sem dívidas, com todas as empresas colocadas como garantia liberadas e R$ 740 milhões pagos pela Caixa em 2009 no bolso. Ele perdeu o banco, mas isso seria o mínimo esperado.

Apesar disso, bancos médios e pequenos reconhecem a importância de se ter evitado a liquidação. Uma eventual quebra enxugaria a liquidez do sistema e poderia provocar um efeito dominó. Esse, aliás, é o principal argumento do fundo para justificar o resgate.

O FGC foi criado em 1995 para garantir que poupadores e correntistas não saíssem de mãos abanando caso alguma instituição financeira viesse a quebrar. Desde 2001, porém, o Banco Central está proibido de conceder empréstimos a bancos quebrados por conta da lei de Responsabilidade Fiscal, que revogou o Proer, o programa de socorro aos bancos.

O FGC acabou assumindo, na prática, também esse papel de "saneador", estimulado pelo próprio BC. Tem sido, desde então, o principal articulador nas liquidações de bancos, tendo passado pelo fundo mais de 25 casos. Durante a crise financeira internacional de 2008, o fundo teve papel importante no restabelecimento da liquidez do mercado, por meio da compra de carteiras de crédito. "Nosso objetivo também é garantir a estabilidade do sistema", explica Gabriel Jorge Ferreira, presidente do FGC.

A postura de defesa do sistema bancário assumida pelo FGC suscita dúvidas, porém, sobre seu papel principal, que é o de prestar garantias de créditos a depositantes. No fim das contas, o socorro serviu mais aos depositantes ou aos acionistas dos bancos? O PanAmericano captava principalmente junto a investidores institucionais e bancos, não era um banco de conta corrente.

Segundo Antonio Carlos Bueno, diretor executivo do FGC, o risco de que o patrimônio do fundo tenha ficado comprometido com a operação de salvamento do PanAmericano não existe. O patrimônio do FCG é hoje de R$ 26 bilhões, já descontados os R$ 3,8 bilhões gastos para evitar a quebra do banco de Silvio Santos. "Arrecadamos R$ 150 milhões por mês, mais R$ 200 milhões de receita financeira com título público federal", afirma.

O patrimônio do FGC é formado por contribuições compulsórias dos bancos. Todo mês, as instituições financeiras calculam o saldo médio de todo tipo de depósito - à vista, a prazo, poupança, letras de câmbio, imobiliárias e hipotecárias - e depositam o equivalente a 0,0125% desse volume na conta do FGC. A contribuição feita pelos bancos é registrada no balanço como despesa, como qualquer outro gasto administrativo. A despesa reduz o lucro e o Imposto de Renda a ser pago também diminui.

Muitos correntistas devem também estar se perguntando se o dinheiro do fundo, no fim das contas, não sai do bolso deles. Não é difícil imaginar que esse custo está embutido no spread bancário ou nas tarifas ou numa remuneração menor da aplicação. "Se for assim, tudo no mundo quem paga é o consumidor. A Coca-Cola comprada no Pão de Açúcar, por exemplo, serviria para cobrir o gasto da rede com propaganda", rebate Bueno.

Ficou sem resposta, porém, se a solução inédita concebida pelo FGC para salvar o PanAmericano vai criar precedentes no mercado. O tempo, nesse caso, dirá.

Controle de capitais: economistas dos EUA a favor

Uma carta dirigida ao Secretário do Tesouro, o Secretário do Comércio e à Secretária de Estado defende a adoção de medidas defensivas contra fluxos excessivos de capitais, pregando a mudança dos acordos de investimentos e de liberalização de comércio:

January 31, 2011

Secretary Hillary Rodham Clinton
U.S. Department of State
2201 C Street NW
Washington, D.C. 20520

Secretary Timothy Geithner
Department of the Treasury
1500 Pennsylvania Avenue, NW Washington, D.C. 20220

Ambassador Ron Kirk
Office of the United States Trade Representative
600 17th Street NW
Washington, DC 20508

Dear Secretary Clinton, Secretary Geithner, and Ambassador Kirk:

We, the undersigned economists, write to alert you to important new developments in the economics literature pertaining to prudential financial regulations, and to express particular concern regarding the extent to which capital controls are restricted in U.S. trade and investment treaties.
Authoritative research recently published by the National Bureau of Economic Research, the International Monetary Fund, and elsewhere has found that limits on the inflow of short-term capital into developing nations can stem the development of dangerous asset bubbles and currency appreciations and generally grant nations more autonomy in monetary policy-making.i
Given the severity of the global financial crisis and its aftermath, nations will need all the possible tools at their disposal to prevent and mitigate financial crises. While capital account regulations are no panacea, this new research points to an emerging consensus that capital management techniques should be included among the “carefully designed macro-prudential measures” supported by G-20 leaders at the Seoul Summit.ii Indeed, in recent months, a number of countries, from Thailand to Brazil, have responded to surging hot money flows by adopting various forms of capital regulations.
We also write to express our concern that many U.S. free trade agreements and bilateral investment treaties contain provisions that strictly limit the ability of our trading partners to deploy capital controls. The “capital transfers” provisions of such agreements require governments to permit all transfers relating to a covered investment to be made “freely and without delay into and out of its territory.”
Under these agreements, private foreign investors have the power to effectively sue governments in international tribunals over alleged violations of these provisions. A few recent U.S. trade agreements put some limits on the amount of damages foreign investors may receive as compensation for certain capital control measures and require an extended “cooling off” period before investors may file their claims.iii However, these minor reforms do not go far enough to ensure that governments have the authority to use such legitimate policy tools. The trade and investment agreements of other major capital-exporting nations allow for more flexibility.
We recommend that future U.S. FTAs and BITs permit governments to deploy capital controls without being subject to investor claims, as part of a broader menu of policy options to prevent and mitigate financial crises.
Sincerely,

Initial Signatories:
1. Ricardo Hausmann, Director, Harvard University Center for International Development
2. Dani Rodrik, Rafiq Hariri Professor of International Political Economy, John F. Kennedy School of Government, Harvard University
3. Joseph Stiglitz, University Professor, Columbia University, Nobel laureate
4. Arvind Subramanian, Senior Fellow, Peterson Institute for International Economics, and Senior Fellow, Center for Global Development
5. Nancy Birdsall, President, Center for Global Development, Washington, DC
6. Olivier Jeanne, Professor of Economics, Johns Hopkins University, and Senior Fellow, Peterson Institute for International Economics
7. Pranab Bardhan, Professor of Economics, University of California, Berkeley
8. Lance Taylor, Department of Economics, New School for Social Research
9. Jose Antonio Ocampo, School of International and Public Affairs, Columbia University
10. Stephany Griffith-Jones, Initiative for Policy Dialogue, Columbia University
11. Ethan Kaplan, IIES, Stockholm University and Columbia University
12. Dimitri B. Papadimitriou, President, The Levy Economics Institute of Bard College
13. Ilene Grabel, Josef Korbel School of International Studies, University of Denver
14. Alice Amsden, Department of Urban Studies and Planning, MIT
15. Gerald Epstein, Department of Economics, University of Massachusetts-Amherst
16. Kevin P. Gallagher, Department of International Relations, Boston University
17. Sarah Anderson, Global Economy Project Director, Institute for Policy Studies
18. Arindrajit Dube, Department of Economics, University of Massachusetts-Amherst
19. William Miles, Department of Economics, Wichita State University
20. Adam Hersh, Center for American Progress
21. James K. Galbraith, Lloyd M. Bentsen Jr. Chair in Government/Business Relations and Professor of Government, University of Texas at Austin
22. Paul Blustein, Nonresident Fellow, the Brookings Institution, and Senior Visiting Fellow, Centre for International Governance Innovation
23. Anton Korinek, Department of Economics, University of Maryland

Other US-Based
24. Rania Antonopoulos, Director, Gender Equality and the Economy Program, Levy Economics Institute
25. Eileen Appelbaum, Center for Economic and Policy Research
(...)
127. Steven Topik, Department of History, University of California
(...)
139. Silverio Zebral, Chief-Economist, Organization of American States (OAS)
International
(...)
159. Ha-Joon Chang, Department of Economics, University of Cambridge, UK
(...)
174. Ricardo Ffrench-Davis, Professor, Departamento de Economía, Universidad de Chile, Chile
(...)
177. Roberto Frenkel, Professor and Principal Research Associate, University of Buenos Aires and CEDES, Argentina
(...)
210. André Nassif, Professor, Department of Economics, Universidade Federal Fluminense Brazil and The Brazilian Development Bank (BNDES), Brazil
(...)
229. Gilson Schwartz, Professor, University of São Paulo, Brazil
(...)
239. Eduardo Strachman, Coordinator of Post Graduate Studies in Economics, São Paulo State University, (Unesp), Araraquara, São Paulo, Brazil

Organizations listed for identification purposes only.

i For some of the most important recent studies see: Ostry JD, Ghosh AR, Habermeier K, Chamon M, Qureshi MS and Reinhardt DBS (2010). Capital Inflows. The Role of Controls. IMF Staff Position Note, SPN/10/04. Washington, DC, International Monetary Fund. Magud N and Reinhart CM (2006). Capital Controls: An Evaluation. NBER Working Paper 11973. Cambridge, MA, National Bureau of Economic Research. Further studies are available upon request.
ii “Seoul Summit Document,” Nov. 12, 2010.
iii See, for example, Annex 10-E of the U.S.-Peru FTA.

China: medo de uma "praga" do Egito - Arnaud Parienty

Um interessante comentário de um professor francês sobre o medo, ou paranóia, dos dirigentes chineses em relação ao que se passa atualmente no Egito:
Paulo Roberto de Almeida

Pourquoi le mot Egypte est tabou en Chine
Arnaud Parienty
Alternatives Economiques, 30/01/2011

Parmi les nouvelles surprenantes apparues ces derniers jours, le fait que le mot « Egypte » ne donne plus accès à aucun lien sur l’Internet chinois semble anecdotique. Est-ce une illustration supplémentaire de la paranoïa des autorités chinoises ? En réalité, leur crainte de la contagion contestataire n’est pas dénuée de fondement, même si on peut douter qu’un exemple aussi exotique à leurs yeux inspire beaucoup les jeunes Chinois. En plongeant dans les classements produits par le Programme des Nations Unies pour le Développement dans son rapport annuel, on trouve en effet des points communs intéressants entre l’Egypte, la Tunisie et la Chine.

L’IDH, ou indice de développement humain, étant l’indicateur synthétique par lequel il est habituel de mesurer le degré de développement économique et social d’un pays, classons par ordre d’IDH décroissant les pays ayant connu la plus forte progression de leur IDH depuis trente ans. Ce classement est le suivant, l’IDH pouvant varier de 0 à 1 :

1 - Tunisie, 0,436 en 1980 et 0,683 en 2010
2 – Chine, 0,368 en 1980 et 0,663 en 2010
3 – Egypte, 0,393 en 1980 et 0,620 en 2010
4 – Maroc, 0,351 en 1980 et 0,567 en 2010
5 – Inde, 0,320 en 1980 et 0,519 en 2010

La Chine se trouve donc en bien dangereuse compagnie par les temps qui courent !

Une idée persistante mais fausse est que les soulèvements populaires interviennent dans les pays où les choses vont très mal. Marx, au contraire, attendait la révolution dans les pays capitalistes les plus développés (et donc les plus proches de leur crise finale, selon lui). Les choses sont un peu plus compliquées.

Les peuples sont-ils satisfaits de leur sort ?

Des enquêtes internationales menées par des équipes de sociologues et coordonnées par Ronald Inglehart sont désormais conduites dans plus de cent pays pour mesurer la satisfaction des individus à l’égard de leur vie et de la société. Ces enquêtes révèlent qu’il n’y a pas de relation claire entre la satisfaction à l’égard de leur propre vie déclarée par les répondants et la croissance économique de leur pays. Parmi ceux dont la satisfaction a le plus augmenté figurent les coréens (forte croissance) et les russes (croissance catastrophique). Parmi ceux dont la satisfaction diminue se trouvent les chinois (croissance brillante) et les suédois (faible croissance).

La relation entre satisfaction et niveau de vie est également très floue. Ainsi, les chinois sont nettement moins satisfaits de leur vie que les guatémaltèques, ce qui n’est pas en phase avec la situation matérielle dans ces deux pays. Il faut donc ajouter des variables pour comprendre.

Du pain et la liberté

Utilisant les techniques statistiques habituelles (analyse multivariée) pour trier les causes les plus importantes qui agissent sur le sentiment de satisfaction, Ronald Inglehart et ses collègues aboutissent à la conclusion que l’augmentation de la satisfaction dépend d’abord du sentiment accru de liberté. Celui-ci résulte moins de la démocratie politique que de la libéralisation sociale (droits des femmes, libertés religieuses,…). Le développement économique contribue dans une certaine mesure à ce sentiment de liberté et agit directement sur la satisfaction des individus. Mais il arrive loin derrière.

Le développement ne suffit donc pas à contenter la population, même si le deal implicite du parti communiste chinois est « nous garantissons la paix et la prospérité et vous nous laissez gérer l’espace public comme nous voulons ». Au contraire, on peut penser qu’en Chine comme en Tunisie et, à un moindre degré en Egypte, un cocktail assez détonnant associe croissance économique et hausse du niveau d’instruction, qui permettent la hausse de l’IDH, et inégalités et absence de libertés publiques, qui engendrent la frustration. L’absence de démocratie est particulièrement ressentie par les diplômés, qui ont une opinion informée sur les affaires publiques (et savent mieux que d’autres comment les choses se passent ailleurs).

En fait, le développement conduit toujours à la démocratisation et à l’extension des libertés publiques, à mesure que le niveau d’instruction augmente et que les besoins matériels fondamentaux sont satisfaits ; car les aspirations de la population à participer à la vie de la cité et être traitée de façon adulte augmentent, alors que la corruption et le népotisme d’élites illégitimes deviennent plus insupportables. L’évolution de Taiwan et de la Corée du Sud au cours des années 1980 est un bon exemple de ce mécanisme. La situation est donc dangereuse lorsque ces évolutions sociales butent sur un blocage politique, comme c’est le cas dans les pays arabes ou en Chine. La situation est particulièrement préoccupante en Chine, malgré la qualité de ses dirigeants, car il n’y a pratiquement aucune démocratisation (la démaoïsation n’a même jamais eu lieu, les atrocités et les erreurs politiques du grand Timonier restant ignorées de la grande majorité de la population) et parce qu’il s’agit d’un pays immense.

C’est parce que les dirigeants chinois sont bien conscients de la situation qu’ils craignent comme la peste la contagion démocratique, qui se produira un jour, quoi qu’ils fassent.

(Recebido de Mauricio David em 3/02/2011)

Politica comercial, politica industrial: diferencas sutis...

O velho protecionismo sempre assume novos disfarces. Mas o mais interessante seria saber mesmo quais as diferenças essenciais, neste caso, entre uma política comercial defensiva e uma política industrial ativista, de defesa da indústria...
Paulo Roberto de Almeida

Governo deve elevar imposto para conter importação, diz Mdic
Da Redação
DCI, 3/02/2011

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse ontem que o governo pode, sim, aumentar as alíquotas de imposto de importação de produtos cujos similares nacionais enfrentam forte concorrência de importados devido ao câmbio. "Pode ser que isso seja necessário, mas não como política industrial, e sim como defesa comercial", afirmou o ministro, ao chegar para a reunião do Grupo de Avanço da Competitividade (GAC), no Ministério da Fazenda. As medidas devem ser aplicadas setorialmente, segundo o ministro, mas os setores ainda não foram determinados.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, afirmou que a primeira reunião do GAC vai servir para que a indústria cobre da equipe econômica medidas pontuais e específicas para setores que têm sido prejudicados pela concorrência com mercadorias importadas devido à valorização do câmbio. Segundo ele, apesar de ser um fenômeno que ainda não pode ser medido, o País corre o risco de passar pela chamada desindustrialização. "São medidas pontuais para terem efeito imediato. É uma agenda de curto prazo para que setores que têm sido penalizados tenham condição de voltar a concorrer no mercado", disse Andrade.

Segundo ele, a lista de temas a serem discutidos é grande, mas as principais medidas devem passar pelas desonerações de investimentos, exportações e projetos de infraestrutura. "Não queremos proteção, queremos isonomia e condições de competitividade", afirmou.

Diplomacia da generosidade, versao 2.1: a novela de Itaipu

ITAIPU: UM CASO COMPLEXO PARA DILMA ENFRENTAR!
Ex-Blog de Cesar Maia, 3/02/2011

1. Ontem, a imprensa do Paraguai divulgava notas que orientarão o governo na revisão do Tratado de Itaipu durante a visita da presidente Dilma Rousseff. Essas notas contrariam o Tratado de Itaipu, que estabelece a impossibilidade de suas disposições serem modificadas até 2023. Além disso, aumentarão os preços da energia elétrica no Centro-Sul do Brasil.

2. (ABC Color, 02) Notas de revisão de Itaipu seriam aprovadas no final de fevereiro. O Governo de Fernando Lugo acredita que, antes da visita oficial que será feita pela presidenta brasileira Dilma Rousseff, prevista para 26 de março, o Congresso Brasileiro aprovará os acordos assinados de Itaipu, firmados em junho de 2009. Assim afirmou ontem o chanceler Héctor Lacognata. Esta é uma nova promessa do sócio paraguaio de Itaipu, que vem atrasando sem justificativa a aprovação de um aumento no valor recebido pelo Paraguai para ceder sua energia. Veremos quanto mais se espera.

3. Este Ex-Blog volta a sublinhar que nada pode ser resolvido sem passar pelo Senado do Brasil. E nada está resolvido até aqui. E lembra que técnicos do Ministério de Minas e Energia são totalmente contra as pretensões do Paraguai.

Um Principe viajante: Maximilien de Wied - no Brasil e nos EUA (1833)

BOOKSHELF
From the Rhine to the Wild West
By STUART FERGUSON
The Wall Street Journal, February 2, 2011

The North American Journals of Prince Maximilian of Wied, Volumes I & II
Edited by Stephen S. Witte and Marsha V. Gallagher
Oklahoma, 467 and 571 pages, $85

Four months after Tocqueville, another European aristocrat toured America and wrote down what he saw.

It is Sept. 14, 1833. A small boat begins its trip down the Missouri River from the American Fur Co.'s outpost at Fort McKenzie, near present-day Fort Benton, Mont. The oars are manned by four sturdy men from John Jacob Astor's company. The ship itself carries botanical specimens and cultural artifacts along with food, gunpowder, whiskey, a tame squirrel and two bears in a crate amidships.

As for the human passengers, there are three: David Dreidoppel, a German huntsman; Karl Bodmer, a Swiss painter; and, not least, Prince Maximilian of Wied, an aristocrat by birth and a naturalist by inclination. He is the younger son of a briefly sovereign prince whose territory along the Rhine River near Cologne had been absorbed by Prussia in the early 19th century. Maximilian is now traveling through North America to study the continent's flora, fauna and aboriginal inhabitants.

The prince has already spent an exhilarating five weeks watching as various tribes, including the Blackfoot, arrive at Fort McKenzie to offer their furs in return for trade goods, especially whiskey. As each new group approaches the fort—chanting, firing rifles, carrying flags—cannons in the blockhouse return the salute, the echoes resounding over the river and across the prairie. Outside the fort, the Indians erect teepees with colorful banners atop their poles; horses, dogs and children run about in a happy confusion.

We know about these scenes because Prince Maximilian— arriving in the U.S. just four months after another European aristocrat, Alexis de Tocqueville, had left—kept a journal of his journey, in which he recorded everything, from weather and the workings of the fur trade to riverbank fossils and the wildlife all around: bison, eagles, snakes, wolves and bighorn sheep. He made notes on the vocabularies of the Indian tribes ("the short, abrupt sounds" of the Gros Ventres des Prairies make their conversations "most strange and fantastic") and their styles of face paint.

We see him, at one point, sitting in a ramshackle hotel room in New Harmony, Ind., as his men stuff an American skunk for shipment back to his castle on the Rhine. He is affable when he meets some of America's leading figures. Kentucky planter and pooh-bah James Taylor (a cousin of President Zachary Taylor), onboard an Ohio River steamboat, "spoke at extraordinary length [and] spat all the time like a sprinkling can."

Before coming to America, Maximilian (1782-1867) had fought in the Napoleonic wars and explored Brazil, where the native tribes became his main interest, leading him to North America to compare the two continents' aborigines. Critics had said that the prince's account of his Brazilian travels, illustrated with his own drawings, suffered from a lack of artist-quality depictions of what he saw. Hence the presence of the young Karl Bodmer on the North American travels.

Bodmer's detailed and beautiful images of high-plains Indians—the Blackfoot, Crow, Osage and Sioux—are now iconic, thanks to countless museum exhibitions. But his patron's written record of the journey, from the large cities of the East Coast to St. Louis and then up and down the Missouri River, is less known. "Travels in the Interior of North America in the Years 1832-1834"—with Bodmer's illustrations—was published from 1839 to 1841 in German and eventually appeared in English in a shortened version. It has long been hard to track down.

Now we are getting the original text and then some. The Joslyn Art Museum in Omaha, Neb.—whose Durham Center for Western Studies includes the Maximilian- Bodmer Collection—has embarked on the major scholarly project of translating, annotating and publishing, in three volumes, the full journals from which the prince extracted the material for his "Travels." The project's first volume, published two years ago, covered Maximilian's voyage across the Atlantic and his travels through the eastern U.S. and ended with his stay in St. Louis, where he finally met his first American Indians as well as the explorer William Clark, who gave him maps compiled from his trek to the Pacific with Meriwether Lewis 30 years before.

The westward part of the prince's American sojourn, as the first volume makes clear, came as something of a relief. Since landing in the U.S. Maxmilian had sought the "copper-colored" people and was surprised to find none encamped along the Charles River or lurking around Harvard. The recent second volume of the "Travels" project begins as the prince and his party set out from St. Louis on a steamer with French-Canadian workers from the American Fur Co.

Eventually, after switching to another steamboat and then a barge and heading fully up the Missouri, Maximilian and his party reached Fort McKenzie. Most of their five-week stay was pleasant enough, with the trading Indians arriving and camping out peacefully. But this was the American west, after all. On Aug. 29, 1833, the Assiniboine Indians attacked the Blackfoot encamped on the fort's grounds. The Blackfoot and the whites in the fort—including Maximilian, shooting from the parapet—held the Assiniboine off and, aided by Indian reinforcements, drove them back. With arrows flying over the walls, cannon booming, and Indians mounting charges and countercharges, it was a long, hot day, in both senses of the word. The prince noted that at noon the thermometer showed 84 degrees.

Less than a month later, Prince Maximilian of Wied was headed back down the Missouri River toward St. Louis, though the journey would take months. The second volume ends with the traveling party—having endured river floods and collected more fossils—arriving at Fort Union, in North Dakota, none the worse for the wear and preparing for winter. Volume Three of this magnificent chronicle cannot appear soon enough.

Mr. Ferguson is writing "Ladies of the House: The Rossetter Sisters of Florida."

Politica Externa no Governo Dilma - Mensagem ao Congresso

Tentei encontrar o que poderia haver de novidade em termos de política externa na mensagem da presidenta (ela faz questão de ser chamada de presidenta; não sei se devo também chamá-la de "chefa de Estado").
Procurei, procurei, e não achei rigorosamente nada, nadicas de peteberebas, como dizem alguns. Tudo são frases absolutamente banais, esperadas, politicamente corretas, sem qualquer novidade substantiva: América do Sul, Mercosul, Unasul, tudo isso era esperado, só faltou mesmo a menção à "diplomacia Sul-Sul" (talvez mudem um pouco a geografia, que estava ficando banal).
Só não entendi uma coisa:
"O Brasil reitera, com veemência e firmeza, a decisão de associar seu desenvolvimento econômico, social e político ao da América do Sul..."
Com veemência?! Nossos vizinhos merecem isso?
Paulo Roberto de Almeida

MENSAGEM AO CONGRESSO NACIONAL DE DILMA ROUSSEFF, 2/02/2011
Seleção dos temas internacionais e de política externa

Senhoras e senhores parlamentares,
(…)
Hoje, vivemos em um País que cresce a taxas sustentáveis e que mantém a produção e o mercado interno aquecidos, mesmo durante períodos turbulentos da economia mundial.
(…)
Os investimentos previstos para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas serão planejados e articulados com vistas a assegurar benefícios permanentes de qualidade de vida para os cidadãos. Com suas sedes localizadas em Estados onde moram mais de dois terços da população, a Copa do Mundo servirá de vetor para a entrega à população de centenas de obras de infraestrutura urbana e de logística. Sobre esse último item, chamo a atenção para as nossas diretrizes na área de aviação civil. Temos urgência em ampliar e melhorar nossos aeroportos e beneficiar parcelas cada vez mais amplas da população que passam a ter acesso ao transporte aéreo.
(…)
A oportunidade que pela primeira vez se coloca para o Brasil de se tornar uma nação desenvolvida não pode ser desperdiçada. O nosso governo está comprometido com um projeto de desenvolvimento associado à preservação das reservas naturais e à manutenção da matriz energética mais limpa do mundo. Por meio da Política Nacional de Mudanças Climáticas, aprovada por esta Casa, o Brasil definiu, voluntariamente, uma meta de 36% a 39% de corte das emissões de gases de efeito estufa até 2020, demonstrando que fará sua parte para combater o problema da mudança do clima. Continuaremos, nesse contexto, a incentivar o etanol e o biodiesel e as fontes de energia hídricas, bem como fontes alternativas como a biomassa, a eólica e a solar.
O crescimento da infraestrutura e da produção industrial e agropecuária ocorrerá em sintonia com a preservação ambiental. Desde 2003, o Brasil reduziu os índices de desmatamento na Amazônia em mais de 75%. Somos uma potência mundial da agroenergia. E ocupamos a vanguarda no combate aos graves efeitos das mudanças climáticas. Continuaremos mostrando ao mundo que é possível associar uma economia dinâmica e um forte crescimento com o respeito ao meio ambiente.

Nossa política externa estará baseada nos valores clássicos da tradição diplomática brasileira: promoção da paz, respeito ao princípio de não intervenção, defesa dos Direitos Humanos e fortalecimento do multilateralismo. Nossa participação nas Forças da ONU –especialmente na Missão para a Estabilização do Haiti– é emblemática do nosso compromisso com a paz e a estabilidade democrática.
O Brasil reitera, com veemência e firmeza, a decisão de associar seu desenvolvimento econômico, social e político ao da América do Sul. Se geografia é destino, como se diz na geopolítica, estamos muito felizes com o nosso destino. Juntamente com nossos vizinhos sul-americanos, poderemos transformar nossa região, que vemos como um espaço de paz e crescente cooperação, em componente essencial do mundo multipolar que se anuncia, dando consistência cada vez maior ao Mercosul e à Unasul.

Continuaremos fortalecendo nossas reservas para garantir o equilíbrio das contas externas. Nos fóruns multilaterais, defenderemos com vigor políticas econômicas saudáveis e equilibradas, protegendo o país da concorrência desleal e do fluxo indiscriminado de capitais especulativos e contribuindo para a estabilidade financeira internacional.
Continuaremos defendendo a reforma dos organismos de governança mundial, em especial as Nações Unidas e seu Conselho de Segurança. É natural que um país como o nosso, que busca internamente ser cada vez mais justo, também sustente na esfera internacional a necessidade de democratização das relações entre os Estados. O desafio de consolidação de um mundo multipolar corresponde, no plano externo, ao projeto, essencialmente brasileiro, de proporcionar a todos o acesso às mesmas oportunidades.
(…)
Muito obrigada. 
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil

Think tanks: os melhores do mundo (ao que parece...)

Gostaria de chamar a atenção para este trabalho:

THE GLOBAL “GO-TO THINK TANKS” 2010
The Leading Public Policy Research Organizations In The World
James G. McGann, Ph.D.
Director
THE THINK TANKS AND CIVIL SOCIETIES PROGRAM
International Relations Program
University of Pennsylvania
Philadelphia, PA USA 19104-6305

Disponível neste link: http://www.gotothinktank.com/wp-content/uploads/2010GlobalGoToReport_ThinkTankIndex_UNEDITION_15_.pdf

TABLE OF CONTENTS
ACKNOWLEDGMENTS 4
INTRODUCTION 5
METHODOLOGY AND TIMELINE 6
GLOBAL TRENDS AND TRANSITIONS 14
NOMINATED THINK TANKS 22
THE TOP THINK TANKS IN THE WORLD (NON-US) 26
TOP THINK TANKS IN THE UNITED STATES 28
TOP THINK TANKS BY REGION 28
TOP THINK TANKS BY RESEARCH AREA (GLOBAL) 35
SPECIAL CATEGORIES 41
APPENDICES 50
BACKGROUND ON THE THINK TANKS AND CIVIL SOCITIES PROGRAM 73
THE RESEARCH TEAM 74

Nomination Categories Include:
1. Top Think Tank in the World
– Think Tank of the Year 2010 – Top Think Tank in the World
– Top Think Tanks Worldwide (Non-US)
– Top Think Tanks Worldwide (US and Non-US)
2. Top Think Tanks by Region
– Top Think Tanks in the United States
– Top Think Tanks in Latin America and the Caribbean
– Top Think Tanks in the Middle East and North Africa (MENA)
– Top Think Tanks in Sub-Saharan Africa
– Top Think Tanks in Western Europe
– Top Think Tanks in Central and Eastern Europe
– Top Think Tanks in Asia
3. Top Think Tanks by Research Area
– Top International Development Think Tanks
– Top Health Policy Think Tanks
– Top Environment Think Tanks
– Top Security and International Affairs Think Tanks
– Top Domestic Economic Policy Think Tanks
– Top International Economic Policy Think Tanks
– Top Social Policy Think Tanks
– Top Science and Technology Think Tanks
– Top Transparency and Good Governance Think Tanks
4. Top Think Tanks by Special Achievement
– Think Tanks with the Most Innovative Policy Ideas/Proposals
– Best New Think Tanks (established in the last 18 months)
– Outstanding Policy-Oriented Public Policy Research Program
– Best Use of the Internet to Engage the Public
– Best Use of the Media (Print or Electronic) to Communicate Programs and Research
– Best External Relations/Public Engagement Program
– Greatest Impact on Public Policy
– Best University Affiliated Think Tanks
– Best Government Affiliated Think Tanks
– Best Party Affiliated Think Tanks

Top 25 Think Tanks in Latin America and the Caribbean
Table #5
[Contem erros e repetições]
1. Fundacion Getulio Vargas, (Brazil)
2. Centro de Estudios Publicos (CEP), (Chile)
3. Centro Brasilerio de Relaciones Internacionales (CEBRI), (Brazil)
4. Centro de Implementacion de Politicas Publicas para la Equidad y el Crecimiento (CIPPEC), (Argentina)
5. Instituto Fernando Henrique Cardoso, (Brazil)
6. Fedesarrollo, (Colombia)
7. Center for Study of State and Society (CEDES), (Argentina)
8. Economic Commission for Latin America and the Caribbean (ECLAC), (Chile)
9. Libertad y Desarollo, (Chile)
10. Instituto de Pesquisa Economica Aplicada (IPEA) - Institute for Applied Economic Research, (Brazil)
11. Fundacion de Investigaciones Económicas Latinoamericanas, (Argentina)
12. Consejo Argentino para las Relaciones Internacionales (CARI), (Argentina)
13. Centro de Estudio de Realidad Economica y Social (CERES), (Uruguay)
14. Centro Brasileiro de Analisis y Planeamiento (CEBRAP), (Brazil)
15. Instituto Libertad y Democracia (ILD), (Peru)
16. Centro de Divulgacion del Conocimiento Economico (CEDICE Libertad), (Venezuela)
17. Corporacion de Estudios para Latinoamerica (CIEPLAN), (Chile)
18. Centro de Estudio de Realidad Economica y Social (CERES), (Uruguay)
19. Centro Latinoamericano de Economia Humana (CLAEH), (Uruguay)
20. Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales (CLACSO), (Argentina)
21. Fundacion Libertad, (Argentina)
22. Fundacion Ideas para la Paz, (Colombia)
23. Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (FLACSO), (Costa Rica, Chile, Ecuador)
24. Grupo de Anelisis para el Desarrollo (GRADE), (Peru)
25. Instituto Ecuatoriano de Economia Politica (IEEP), (Ecuador)

Mais bolsas de estudo (como sao generosos esses franceses...)

Mais um pouco de utilidade pública (estudantil, para ser mais preciso):

Bolsa de excelência para mestrado na ENS-Lyon

A Ecole Normale Supérieure - ENS de Lyon abriu a seleção para a Bourse Ampère, uma bolsa de excelência acadêmica destinada a estudantes internacionais que desejam ingressar em formações de Mestrado (1 ou 2) nas áreas das ciências exatas, letras e ciências humanas.

Os estudantes selecionados receberão 1000 euros por mês durante 12 meses e estarão isentos do pagamento das taxas de inscrição administrativa da escola.

Para concorrer à bolsa o estudante deve ter até 26 anos de idade e comprovar nível avançado de proficiência em língua francesa.

Date limite de candidatura: 25 de fevereiro de 2011

Mais informações
http://www.ens-lyon.eu/23577289/0/fiche___pagelibre/&RH=ENS-LYON-FR-VENI

Bourses d'excellence Ampère 2011-12

L'ENS de Lyon propose à d'excellents étudiants internationaux des bourses pour intégrer un de ses masters en Sciences exactes, Lettres et Sciences humaines.

Liste des Masters proposés à l'ENS de Lyon

Critères de candidature :
Niveau d'études : M1 ou M2
Age : Etre âgé de 26 ans maximum à la date limite candidature (être né le ou après le 26 février 1984)
Nationalité : Etre de nationalité étrangère
Diplôme :
- Candidat en Master 1 : justifier de l'obtention du diplôme de Licence (équivalent à 180 crédits européens ECTS) ou d'un diplôme/niveau équivalent reconnu par l'ENS de Lyon
- Candidat en Master 2 : justifier du niveau Master 1 (équivalent à 240 crédits européens ECTS) ou d'un diplôme/niveau équivalent reconnu par l'ENS de Lyon (Exemple : MPhil )
Type de séjour : Inscription dans un Master 1 ou 2 de l'ENS. Les étudiants sélectionnés au niveau M2 ne pourront pas partir en séjour d'études ou stage à l'étranger
Montant de la bourse : 1000 euros/mois et exonération des droits d'inscription administratif
Durée de la bourse :
- M2 : 12 mois
- M1 : 12 mois, renouvelable 12 mois en M2 sous réserve que l'étudiant remplisse les critères académiques

Nombre de bourses :
- 10 en Sciences exactes
- 10 en Lettres et Sciences humaines

Niveau de langue recommandé :
- Candidat en Lettres et Sciences humaines :
Niveau de français suffisant pour intégrer dans de bonnes conditions la formation prévue : Niveau C1 recommandé.
Fournir obligatoirement une attestation de votre niveau de français.

- Candidat en Sciences exactes :
Niveau de français et/ou anglais suffisant pour intégrer dans de bonnes conditions la formation prévue.
Fournir obligatoirement une attestation de votre niveau de français et d'anglais

Calendrier
Date limite de réception des dossiers : 25 février 2011
Envoyer le formulaire de candidature et les documents requis à :
École normale supérieure de Lyon
Service mobilité internationale - Bourses Ampère
15 parvis René Descartes - BP 7000
69342 Lyon Cedex 07 - FRANCE

Les dossiers incomplets ne seront pas pris en compte.

Date de réponse : Début mai 2011. Si votre demande est acceptée, vous recevrez une lettre de pré-inscription et les démarches pour votre inscription définitive.

Contact :
Tél : +33 4 37 37 66 82
Fax : +33 4 37 37 63 60
email: ampere.scholarship@ens-lyon.fr

Os doze trabalhos da boa governança - Paulo Roberto de Almeida

De vez em quando sou "despertado" para um trabalho antigo por algum estudante que precisa fazer um trabalho universitário, ou por um simples curioso, em busca de algum título apelativo dentre meus trabalhos que não está imediatamente disponível.
Pois acaba de me acontecer mais uma vez, ao receber esta mensagem:

"Por favor, gostaria se possível receber por e-mail seu artigo Os doze trabalhos da boa governança.
Antecipadamente agradeço
"

Já mandei, mas aproveitei para dar uma olhada, sem ler inteiramente (11 páginas é para quem tem tempo...).
Mas, nestes tempos em que temos de presidente uma "gerentona" (ao que dizem; e é isto, pelo menos, que nos querem fazer acreditar seus conselheiros de comunicação, gente que aliás eu detesto), parece que minhas regras de good governance ainda podem ter alguma utilidade.
Mas, eu sou um otimista: sempre acho que as pessoas no poder vão ser tão eficientes quanto um administrador a la Peter Drucker.
Acho que não. Mas espero pelo menos que eles deixem de roubar.
Acho que também não.
Enfim, seja o que for, vamos ao que interessa.
Paulo Roberto de Almeida

440. “Os doze trabalhos da boa governança”, revista eletrônica Espaço Acadêmico (nº 34, março 2004, ISSN: 1519.6186; link: http://www.espacoacademico.com.br/034/34pra.htm); boletim Análi$e da economia regional para homens de negócio (Porto Alegre: nºs 377 a 379, 26 de abril de 2004), p. 5-8. Relação de Trabalhos nº 1214.

Os doze trabalhos da boa governança
Paulo Roberto de Almeida

Nestes tempos em que atitudes éticas e posturas responsáveis são, não apenas necessárias mas, absolutamente indispensáveis para guiar a conduta dos homens públicos (e mulheres idem) e para inspirar, pelo exemplo, os que estão empregados nesse imenso setor do terciário que tem a ver com a chamada res publica, decidi retomar reflexões antigas (mas nem por isso menos úteis) e alinhar num papel – eufemismo para a tela do computador – algumas simples regras de boa administração dessa “coisa pública”. As reflexões surgiram em primeiro lugar no contexto da transição política no Brasil – área na qual outras considerações já foram consolidadas em meu livro A Grande Mudança: consequências econômicas da transição política no Brasil (São Paulo: Códex, 2003) – mas elas podem ser vistas como “atemporais” e não determinadas geograficamente.
Como só consegui chegar até uma dúzia delas, pensei que poderia identificar o conjunto por meio de um título “apelativo”, que relembrasse o antigo herói da mitologia grega. Não é obviamente o caso, mas o evocativo parece suscetível de transmitir uma idéia aproximada das reais dificuldades que podem ser encontradas na implementação dessas tarefas da governança. Com efeito, os maiores problemas que se apresentam, nos dias de hoje, no processo de melhoria nas condições de vida e bem-estar das populações, em países ricos ou pobres, não são aqueles derivados da falta de recursos ou de meios técnicos para sua solução, mas provêm, tão simplesmente, da incompetência institucional.
Estes doze novos “trabalhos” podem ser vistos, pelo seu lado de administração da informação, como uma estratégia para a conquista consensual, ou para o convencimento, da maioria, não como uma forma de imposição da vontade do dirigente político. Pelo seu lado de “conselhos” ao dirigente, eles podem ser colocados naquela mesma cesta de recomendações “úteis” ou de observações sobre as técnicas de comando que, desde Kautylia e Maquiavel, vêm enriquecendo a literatura da governança política, sem que se saiba, exatamente, se elas provocam uma melhoria real na qualidade da gestão sobre os homens (e mulheres). Não me parece que elas tenham sido testadas ou controladas por algum órgão gestor dos orçamentos e da moralidade públicas, mas isso não representa um impedimento a que algum voluntário queira fazer alguma verificação empírica sobre sua consistência e adequação intrínseca às tarefas atuais de uma boa governança. Afinal de contas, o teste do pudim, como se diz, vem no ato de comê-lo.
As regras não estão concebidas em intenção de algum serviço estatal particular, nem foram pensadas como devendo aplicar-se exclusivamente a algum país determinado, mas o autor não tem nada contra, muito pelo contrário, a que cada um faça a leitura geográfica que bem lhe aprouver. Em todo caso, sem pretender a que estas regras sejam seguidas, ou sequer consideradas, por dirigentes concretos, num certo país de índole cordial e receptivo a modas as mais bizarras, transcrevo aqui os meus novos trabalhos para algum candidato a Hércules da burocracia deste começo de século 21. Bom proveito aos que pretenderem delas utilizar-se (não pretendo cobrar copyright pelo seu uso).
Apresento primeiro um resumo “literário” desses “novos trabalhos de Hércules”, para depois tecer considerações mais elaboradas sobre cada um deles:

1) Mais administração para resultados, menos declarações genéricas;
2) Antes a seleção pelo mérito do que a escolha corporativa;
3) Prefira uma ação sobre os fins, antes que sobre os meios;
4) Melhor proteger a manada, mesmo que tenha de sacrificar algum animal;
5) Entre a focalização e a universalização, fique com ambas;
6) Auto-publicidade é uma forma perversa de gastar recursos públicos,
7) Conselheiros do príncipe costumam atuar por ensaio e erro: rejeite riscos;
8) Não há conversa em “petit comité” que não escape para a “grande assembléia”;
9) Não distribua favores restritos, coloque tudo em regime de competição;
10) O grande critério de seleção é o benefício para o maior número: abra, portanto;
11) Mercados globais sempre serão melhores do que a “preferência nacional”;
12) O desenvolvimento é uma atitude mental: não existe mais “terceiro mundo”.

Voilà: parece um pouco desordenado e obscuro, mas tudo tem uma razão de ser, segundo os critérios da eficácia social e das melhorias na governança que são os privilegiados neste ensaio reflexivo.
Vamos agora a considerações mais elaboradas sobre cada um dos “trabalhos”.

Primeiro trabalho: Esqueça Antonio Gramsci; adote Peter Drucker.
Já passou o tempo de acreditar na validade conceitual ou mesmo prática dessa conversa de “hegemonia ideológica”: isso valia para uma fase em que a sociedade era feita de poucos homens instruídos, em que a política era oligárquica, isto é, dominada por uns poucos iluminados, na qual mesmo a ação dos partidos ditos progressistas, ou de base operária, tinha de se apoiar sobre uma liderança aguerrida, disciplinada, que detinha a chave do futuro e se dedicava a liderar os demais na conquista e na manutenção do poder. Hoje em dia, graças à disseminação da educação e aos meios de comunicação, todos são razoavelmente bem informados sobre a maior parte das tarefas governativas.
O que vale mesmo, hoje em dia, é a boa gestão da coisa pública: honestidade, transparência, responsabilidade e, sobretudo, eficácia (ou eficiência, se preferirem). Por isso mesmo, creio que o velho (mais de 90 anos em 2004) Peter Drucker, economista austríaco naturalizado americano e guru das técnicas de administração para resultados, apresenta imensas vantagens comparativas intelectuais sobre seu quase contemporâneo (menos de uma geração) Antonio Gramsci. Deixe a retórica de lado, e passe a valorizar a ação concreta na busca de resultados efetivos para os fins almejados. Você prefere se alimentar de discursos ou ver as medidas de interesse público serem implementadas de modo razoavelmente barato, efetivo e transparente?


Segundo trabalho: Não ocupe pela conquista, selecione pelo mérito.
Esta é uma derivação da tarefa anterior, no sentido em que, com a complexidade atual da administração pública, não se pode fazer uma boa gestão, com resultados pelo menos razoáveis, se se parte da idéia de que os únicos capazes para realizar os objetivos da mudança paradigmática são os iniciados e os membros da confraria, quando eles nem sempre possuem o instrumental teórico e técnico para o desempenho de funções especializadas que requerem conhecimento específico e um certo treino funcional. Por isso, pense em primeiro lugar nos resultados e atribua ao mérito a parte que lhe cabe nos processos de escolha do pessoal de apoio. Quanto aos menos preparados, faça-os se habilitarem para as novas funções, seja por esforço próprio, seja por estágios apropriados aos novos requerimentos do ofício.

Terceiro trabalho: Não siga publicitários ou comunicólogos: vá direto à questão.
É uma velha mania das lideranças inseguras, a de se precaver quanto a possíveis iras do povo miúdo mediante campanhas otimistas, bem direcionadas quanto ao foco e quanto ao objeto (apenas que contornando o problema real). Trata-se do velho hábito de esconder os problemas concretos fazendo apelo aos meios, antes que se ocupando dos fins. Como regra de princípio, este tipo de procedimento não costuma sustentar-se por muito tempo, por isso a única recomendação possível, em casos de necessidade urgente, seria a de deixar as relações públicas de lado e se ocupar diretamente da substância das questões públicas, pela via a mais reta possível. Supondo-se, é claro, que você consiga fazer um diagnóstico razoável da questão e das formas mais adequadas de encaminhá-la.

Quarto trabalho: Rejeite demandas de grupos, ataque os problemas da maioria primeiro.
O poder tem isso de incômodo que ele atrai um bando de arrivistas, oportunistas e aproveitadores de todos os matizes, cores e orientações políticas. A maior parte das moscas reais estão em busca de vantagens pessoais, mas numa sociedade organizada como a que vivemos, com incontáveis grupos de interesse e de associações de classe, o mais frequente de ocorrer é a mobilização dessas corporações organizadas que tentam convencê-lo de que seu interesse específico se confunde com o interessa da Nação como um todo. Não acredite nesse tipo de argumento: geralmente, os interesses da Nação não têm, salvo engano, representantes desinteressados que deles se podem fazer porta-vozes. Eles são difusos e, quando concretos, costumam interessar prioritariamente aos mais humildes, que não têm o hábito de se fazer ouvir nos corredores do poder.
Se você não consegue definir quais são os problemas da maioria, existe um modo muito prático e simples de encaminhar esse tipo de diagnóstico: consulte um desses anuários de desenvolvimento social – do PNUD ou do Banco Mundial, por exemplo – e veja as tabelas comparativas de serviços básicos (saneamento, serviços públicos etc.), os indicadores de saúde (sobretudo os fatores de morbidade) e de educação, bem como os resultados de testes de qualidade setorial. Eles darão um retrato imediato de como o seu país se situa na escala da (in)felicidade humana, o que se traduz imediatamente num programa de prioridades governamentais.

Quinto trabalho: Se tiver de definir setores, faça as políticas mais horizontais possíveis.
Nem sempre é fácil escapar de demandas setoriais: elas são o próprio de sociedades complexas que definem métodos próprios de encaminhamento de problemas técnicos, o que necessariamente envolve temas de natureza restrita a determinados grupos da sociedade. Dessa forma, algumas políticas serão dirigidas a alguns setores apenas da sociedade, ainda que com propósitos generalizantes.
Mas, não se deixe arrastar pelo falso debate entre, de um lado, a universalização dos serviços públicos e, de outro, a focalização das medidas de apoio governamental em favor de uma determinada categoria de cidadãos. Sendo os recursos escassos, e as pessoas desigualmente dotadas por motivos de berço ou de formação, nem sempre é possível atender a todos ao mesmo tempo, daí uma inevitável seleção dos beneficiários desses recursos a partir de alguns simples critérios de escolha por prioridades visíveis. As políticas públicas sempre serão, ao mesmo tempo, universais e focalizadas, mas o ideal é que a definição dos setores não seja excludente.
Esse debate sempre surge a propósito das políticas setoriais, das quais a industrial está sempre na linha de frente para receber algum tratamento favorecido por parte do governo. De fato, a experiência histórica indica que é na indústria que os ganhos derivados da inovação técnica e tecnológica, e portanto os aumentos de produtividade, costumam ter efeitos em cadeia e impactos redistributivos sobre o conjunto da sociedade, cabendo portanto aos governos estimular o progresso industrial. Este é um fato: mas cabe portanto aos governos estimular o progresso técnico da indústria como um todo, não necessariamente uma determinada indústria em particular, ainda que ela possa parecer estratégica ou “fundamental” para a competitividade internacional do país.
A experiência histórica é ainda mais conclusiva a respeito dos ganhos gerais para a economia, em todos os setores, derivados da capacitação em recursos humanos. Como regra de princípio, portanto, prefira as políticas industriais que atuam sobre as condições de inovação tecnológica do conjunto da sociedade, e deixe que ela mesma introduza os aperfeiçoamentos industriais que se revelarem úteis para o bem-estar social.

Sexto trabalho: Não acredite em propaganda governamental, deixe que os meios de comunicação informem sobre suas realizações.
Cada macaco no seu galho: o governo é pago para trazer segurança ao conjunto dos cidadãos, empreender obras públicas de mais longa maturação, criar as condições ideais para que todos possam exercer seus talentos com um mínimo de igualdade de chances na partida competitiva, o que implica em investimentos de educação e saúde, com alguma proteção seletiva aos menos favorecidos. Fazendo isso bem, os próprios governados se encarregarão de divulgar e “propagandear” o que o governo faz de bom.
Isso de publicidade institucional serve apenas para dar dinheiro fácil àqueles mesmos que devem viver de sua capacidade de “vender” algo de útil do ponto de vista da demanda do consumidor: entre duas opções, pode-se escolher ficar com a mais bem vendida do ponto de vista da publicidade, não necessariamente a de melhor qualidade ou menor preço, mas isso é um problema de microeconomia do bem-estar que será resolvido pela liberdade de escolha do consumidor. O governo disponibiliza “bens públicos”, que normalmente não necessitam de campanhas publicitárias, pois seus critérios de escolha ou de preço não são os mesmos da economia privada. Quanto ele tiver de fazer alguma campanha de informação, não faltarão meios adequados para isso. Deixe que os meios de comunicação se ocupem dos demais “produtos” governamentais: é mais barato e mais honesto.

Sétimo trabalho: Pratique a arte de escalpelar acadêmicos, ou melhor: ignore-os.
Conselheiros do príncipe costumam ser idealistas, sonhadores, ingênuos e, no geral, pouco eficientes, na medida em que eles pretendem se ocupar de todas as esferas do conhecimento humano e acabam tendo uma visão superficial sobre cada uma delas, numa era manifestamente complexa e diversificada. Melhor, assim, confiar em tecnocratas especialmente treinados para elaborarem diagnósticos e propostas de ação em seus campos de ação respectivos. Eles costumam ser mais práticos e são bem mais baratos, na medida em que qualquer proposta de acadêmicos bem intencionados custa rios de dinheiro: estes estão sempre querendo revolucionar o mundo ou provar alguma teoria, o que necessariamente provoca despesas desproporcionais do ponto de vista dos minguados orçamentos públicos.

Oitavo trabalho: Não aceite pequenos conluios, acabará aceitando os grandes também.
Os grandes princípios éticos são geralmente agitados em período eleitoral e depois esquecidos na fase prática da governança. Aí é que começa o perigo, pois sempre haverá alguém disposto a “provar” que “este” problema é mais “urgente” do que outro ou que ele requer “medidas especiais” de implementação. Os problemas do diálogo para a busca de soluções tópicas a questões concretas também surgem nesse momento, pois que se deve passar da fase das declarações gerais destinadas ao grande público para a de soluções técnicas a problemas localizados.
As “pequenas” soluções de facilidade, como aquele mecanismo simples destinado a financiar, de modo “indolor”, determinada atividade pública, podem transformar-se, quando menos se espera, em grandes problemas, que só trazem dificuldades aos governantes. Por isso mesmo, pense duas vezes quando for confrontado, ou apresentado, a algum expediente “inovador” no campo da governança: geralmente vai se descobrir que ele já foi apresentado antes (e rejeitado por “heterodoxo”, digamos assim) e que pode provocar, numa análise mais acurada de custo-benefício, grandes despesas depois.

Nono trabalho: Regule pela concorrência, não pelo monopólio.
O princípio da concorrência é uma dessas coisas mais bem aceitas, no plano da teoria, e mais denegadas no terreno da prática. A competição entre muitos ofertantes costuma redundar em uma certa anarquia de situações, nos mercados de bens e serviços, o que pode obviamente perturbar a paz de espírito de algum dos competidores. Ela reduz os ganhos de todos os ofertantes, obriga todos eles a buscar cada vez mais inovações incrementais que diferenciem o seu produto do do concorrente e, pasmem, traz maior volume de opções e menores preços aos consumidores. Ideal no papel, não é mesmo?
Na prática, os concorrentes estão sempre procurando eliminar rivais, buscam com eles formar cartéis ou, no limite, procuram a situação “ótima” da reserva de mercado com pouco ou nenhum risco de concorrência. Governos costumam ser muito mais sensíveis a pleitos de produtores organizados do que aos desejos de consumidores desorganizados, daí o possível surgimento de normas e regulamentos que limitam, de fato, a competição. Os exemplos são muitos e não é preciso delongar-se neles aqui, bastando com citar, por exemplo, o caso da telefonia. Nesta área quanto mais “anarquia” concorrencial, melhor para os usuários, desde que observadas certas regras de fiabilidade no serviço.
Em muitas outras áreas, inclusive e também em determinados serviços públicos, a melhor forma de corrigir distorções de mercado derivadas da baixa qualidade da oferta seria ampliar as franquias para a exploração dos mercados de bens e serviços. Por que, por exemplo, só se pode ter uma única grande estatal explorando pétroleo, refinando o produto e distribuindo seus derivados? (Sei que já não mais ocorre esse monopólio, mas ele foi durante muito tempo defendido não se sabe bem em nome de quais princípios de economia pública.) Por que um presídio tem necessariamente de ser operado diretamente pela autoridade pública, em lugar de passar por uma espécie de “leilões de presos”, regime no qual ofertantes passam a “comprar” condenados do setor judicial ao melhor preço de mercado, para uma prestação determinada de serviços – guarda, reeducação, eventual reinserção no mercado de trabalho – como aliás já ocorre hoje no setor de saúde? São provavelmente idéias ousadas, mas que podem despertar algum desejo de se ter mais concorrência em serviços que se considera como “exclusivos do Estado”.

Décimo trabalho: Analise os efeitos distributivos de cada medida proposta.
Não há nenhuma novidade no que vai dito aqui, mas geralmente se tende a esquecer que a regulação de determinadas atividades públicas tem por objetivo ampliar a disponibilidade de bens e serviços aos cidadãos, não arrecadar mais recursos para o próprio Estado. Os governos constituídos – em todos os níveis – se tornaram as mais poderosas máquinas de arrecadação de recursos que já se conheceram em toda a história, deixando aos contribuintes (empresas e cidadãos) apenas as opções de pagar ou evadir. Muitos recorrem a diferentes mecanismos de evasão ou elisão fiscais, o que justifica uma ampliação ainda maior dos investimentos públicos nos meios (controle da arrecadação, processos, punição etc.), antes que nos fins, eternizando assim o circulo vicioso que consiste em ver o governo trabalhando para o próprio governo.
Quando se fala em analisar os efeitos distributivos de uma determinada medida, não se está obviamente recomendando o distributivismo compulsivo: ele geralmente é demagógico e economicamente desarticulador das atividades produtivas, já que costuma atuar sobre os estoques de riquezas existentes, antes que sobre os fluxos que poderiam ser criados a partir do estímulo contínuo a novas atividades econômicas potenciais. Efeitos distributivos são justamente aqueles que derivam de uma maior capilaridade social dos investimentos públicos, que devem atingir os setores mais carentes relativamente, com vistas a integrá-los num mercado mais amplo de bens e serviços de amplo consumo. Por exemplo: o contrário ocorre com determinadas políticas governamentais – como a PAC da União Européia – de subsídios públicos na área agrícola, já que não se tem, de fato, insegurança alimentar e o dinheiro canalizado é subtraído de utilizações alternativas que poderiam ter maior impacto sobre o emprego e a renda de um maior número de cidadãos.

Décimo-primeiro trabalho: Entre um sistema aberto ao mundo e outro estritamente nacional, prefira o primeiro.
Não há mais nenhuma diferença, hoje, entre mercados nacionais e mercados internacionais, pelo menos na vasta gama de produtos e serviços uniformes (ou indiferenciados) que são consumidos pelos cidadãos, inclusive em áreas aparentemente exclusivas da “cultura” nacional como podem ser os serviços educacionais ou de lazer. Ao contrário, quanto maior a escala de mercado, maior a chance que o seu “produto nacional” possa ser também consumido em outros países, aumentando, portanto, suas vantagens de escala e a produtividade dos fatores de produção. Reservas de mercado, leis do “similar nacional” são cerceadoras da preferência dos consumidores e só servem para consagrar pequenos monopólios ou grandes cartéis que não ajudam em nada a elevação dos padrões de competitividade da economia nacional nos mercados globais, que hoje constituem a característica essencial do mundo interdependente em que vivemos.
Por isso mesmo não acredite quando lhe disserem que “vantagens comparativas” são uma invenção do século 18, que não se aplicam mais ao mundo do conhecimento em que se transformou a economia moderna. O princípio continua mais válido do que nunca, inclusive e principalmente nas novas áreas de atividade produtiva, como na já referida economia do conhecimento. Aliás, quem primeiro falou em “inteligência” como fator de produção, foi um contemporâneo brasileiro de David Ricardo, José da Silva Lisboa, num tempo em que todos eram “filósofos morais” e não economistas. Mercados amplos apresentam possibilidades muito maiores do que mercados cativos ou nacionais, daí uma preocupação constante em trabalhar em regimes abertos aos talentos individuais, antes do que fechados aos interesses de pequenos grupos.

Décimo-segundo trabalho: Acabe com dogmas e restrições mentais: o Brasil não é periferia.
Proposição ousada essa, pois não? Claro que existem economias “centrais”, que “extraem” recursos e mais valia de regiões ditas “periféricas”, mas isto se dá em qualquer sistema ou sociedade, inclusive num âmbito estritamente familiar, por exemplo. Quem organiza uma determinada atividade, distribui custos e concentra benefícios, mas para isso é preciso competência ou autoridade. Antigamente valia a autoridade paterna ou a da conquista; hoje em dia, elas têm cada vez menos capacidade de domínio ou prevalência, passando a ser substituídas pela capacitação própria em organizar sistemas complexos de produção e distribuição de bens e serviços. Por outro lado, aquela coisa de “primeiro mundo” ou “terceiro mundo” simplesmente acabou com o desaparecimento do segundo.
Com efeito, poucos se dão conta que a geopolítica mudou e com ela a relação que os diferentes atores de um mesmo mundo mantêm entre si: já não se está mais levando em consideração a atitude política que esses atores possam ter em relação a algum grande projeto organizador da humanidade – capitalismo, socialismo, essas coisas velhas –, mas apenas e tão simplesmente a atitude que se vai adotar em relação aos desafios do mundo global. Nesse sentido, o problema do desenvolvimento é de fato uma questão de atitude mental, pois tornaram-se peremptas aquelas teorias “conspiratórias” que faziam da exploração de alguns (ou de muitos, contavam algumas histórias) a condição da riqueza e do progresso de outros (os poucos).
Hoje em dia, provavelmente 90% do estoque acumulado de todo o conhecimento humano está livremente disponível para consulta, absorção, cópia e transformação em caráter irrestrito, inclusive de forma cada vez mais acessível nos sistemas abertos e online. Ou seja, não há mais limitação técnica – salvo no sentido estritamente material – ao aproveitamento dessas oportunidades de enriquecimento pessoal e coletivo, o que deveria, normalmente, diminuir as barreiras à entrada de mais sociedades em patamares mais avançados de bem-estar e conforto material.
O fato de que essa “convergência” de padrões de vida tenha alcançado, até aqui, uma fração restrita da humanidade, não se deve a nenhum complô desses países “ricos” no sentido de impedir que sociedades mais pobres conheçam padrões mais avançados de bem-estar, mas se explica pela incapacidade gerencial, ou de governança, das sociedades do chamado “terceiro mundo”. Terminando com nosso próprio exemplo nacional: todos os problemas brasileiros se devem à nossa própria incapacidade em solucioná-los dentro dos limites do sistema nacional, eventualmente com aproveitamento das experiências e conhecimentos já disponíveis a partir da trajetória das sociedades mais avançadas. Nenhum deles tem origem no exterior e eles não terão solução sem uma concentração de esforços no próprio país. Não acredita?: tente identificar uma “tragédia” nacional que se deve exlcusivamente a causas externas. Se encontrar, gostaria de ser avisado…

Paulo Roberto de Almeida
[1º versão: Washington, 1º de setembro de 2003]
[Revisão: Brasília, 23 de fevereiro de 2004]

Os economistas mais relevantes da decada - The Economist

Free exchange - Economics
Economics' most influential people
by R.A.
The Economist, February 1st 2011

WASHINGTON - AS THE world economy emerges from recession and great new questions and challenges appear, the economics profession has engaged in a little self-reflection. Economists are asking themselves what, in fact, they've learned from their recent work and what the profession ought to focus on moving forward. With this reflection has come some reassessment of the profession's leading lights; the economists that offered the best guidance in the 2000s might not be the ones leading the way this decade.

To get a sense of current economist opinion, we turned to the experts at Economics by invitation. We asked them which economists were most influential over the past decade. And we asked them to give their thoughts on which economists were doing most to shape post-crisis thinking.

Many of the respondents submitted detailed explanations with their answers. Click here to see their contributions. I was struck by a few common themes—the idea that humility and a generalist approach to economics have been rewarded, the continued influence of the profession's founding fathers, and the sense that post-crisis economics is a wide-open place. Do read all the contributions.

But we also tallied the nominations for most influential, and the results are interesting. Asked which economist was most influential over the past decade, the network resoundingly answered, with seven individual nominations: Ben Bernanke. John Maynard Keynes was next, with four. Jeff Sachs, Hyman Minsky, and Paul Krugman followed with three, and Adam Smith, Robert Lucas, Joseph Sitglitz, Friedrich Hayek, and Alan Greenspan each had two. There were 26 other economists with a single nomination each*.

We followed up that question with another—which economists have the most important ideas in a post-crisis world? With four nominations, the leader here was Raghuram Rajan. Robert Shiller and Kenneth Rogoff each had three votes, Barry Eichengreen and Nouriel Roubini had two, and there were 13 other economists nominated once**.

This obviously isn't a scientific poll of the profession, but it is interesting to get some sense of from where the profession sees its influence emanating.

*Richard Thaler, Robert Shiller, Andrei Schleifer, David Laibson, Daron Acemoglu, Barry Eichengreen, Ronald Coase, Ernst Fehr, Esther Duflo, Abhijit Banerjee, Manmohan Singh, Irving Fisher, John Taylor, Larry Summers, Kenneth Arrow, Robert Solow, George Akerlof, Martin Feldstein, Nouriel Roubini, Charles Goodhart, Ricardo Caballero, Amartya Sen, Tyler Cowen, Steven Levitt, Deidre McCloskey, and Milton Friedman.

**John Maynard Keynes, Paul Krugman, Friedrich Hayek, John Taylor, Kenneth Arrow, Viral Acharya, Carmen Reinhart, William White, Willem Buiter, Charles Calomiris, Gary Gorton, Olivier Blanchard, Douglas Diamond.

Click here to see their contributions

Bolsas de estudo - Fundacao Estudar

Serviço de utilidade pública (ou pelo menos estudantil):

A Fundação Estudar está com inscrições abertas para o Processo Seletivo 2011 de seu programa de bolsas de estudos. A Fundação apoia estudantes talentosos nas graduações e pós-graduações em Administração, Direito, Economia, Engenharia, Relações Internacionais, entre outros cursos, nas melhores instituições de ensino do Brasil e do exterior. O aluno interessado no programa de bolsas da Fundação Educar deverá consultar o site www.fundacaoestudar.org.br
Informações adicionais: fundacao@estudar.org.br

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Pausa para... a vida como ela é (a la Nelson Rodrigues)

Apenas dois comentários: a Igreja é um empregador consciencioso, que se preocupa com o padrão moral de seus empregados. Neste caso se supõe que o frei pecador esteja suspenso sem vencimentos, não como ocorre com certos juízes e procuradores corruptos por aí, que mesmo suspenso de suas funções por investigações ligadas a corrupção, continuam recebendo seus vencimentos.
Por outro lado, pode-se dizer que a Igreja já não forma mais padres como antigamente, ou talvez isso seja apenas um reflexo da transparência, câmeras de video-vigilância, etc. O papa Bento 16, quando era bispo, ou cardeal, explorou a questão do celibato dos padres, um assunto que vai voltar à pauta da Igreja no próximo papado...
Paulo Roberto de Almeida

MT: Igreja Católica suspende e destitui frei flagrado com adolescente em motel
Fernando Teixeira
O Globo, 01/02/2011

CUIABÁ e SÃO PAULO - A Igreja Católica decidiu suspender do exercício sacerdotal o frei Erivan Messias da Silva, preso ao sair de um motel acompanhado de uma adolescente de 16 anos, em Várzea Grande, Mato Grosso, nesta segunda-feira. O arcebispo de Cuiabá, Dom Milton Santos, divulgou uma nota sobre o caso. Ele disse que sente repulsa pelo que ocorreu.

O religioso, de 50 anos, e a adolescente entraram com o carro da paróquia em um motel por volta das 14 horas. Quando saíram, por volta das 17 horas, a polícia efetou a prisão.

A delegada da delegacia de defesa da mulher, Juliana Palhares, ressalta que fez o flagrante após denúncia anônima.

- Houve denúncia de um comportamento estranho do frei em relação à menor. A denúncia não foi por assédio contra outras adolescentes ou mulheres da paróquia. A partir daí, a polícia monitorou e no mês de janeiro intensificamos as investigações até chegar à prisão dele. A menor era, praticamente, namorada dele - diz a delegada.

Juliana relata ainda que o frei conhecia e era próximo da família da vítima, o que agrava o crime. Segundo informações do site da Arquidiocese, o frei foi ordenado em 1989. Confira abaixo o comunicado oficial da Arquidiocese de Cuiabá:

"Diante dos fatos ocorridos com o FREI ERIVAN MESSIAS DA SILVA, NA TARDE DE 31 DE JANEIRO DE 2011, EM VÁRZEA GRANDE, MT, manifestamos nossa consternação e repulsa pelo fato ocorrido com uma jovem de dezesseis anos.

No tocante à Arquidiocese de Cuiabá já notificamos de imediato ao interessado a SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DO MINISTÉRIO SACERDOTAL E A DESTITUIÇÃO DE PÁROCO DAS PARÓQUIAS NOSSA SENHORA MÃE DOS HOMENS E NOSSA SENHORA DE GUADALUPE.

Os demais encaminhamentos serão conduzidos pelos Superiores da Ordem/Congregação à qual pertence o Frei.

Milton Santos - Arcebispo

Cuiabá, 01 de fevereiro de 2011."

A tragedia da educacao brasileira - Percival Puggina

Apenas transcrevendo, com alguns comentários, e julgo ser suficientemente eloquente...

A crise dos trabalhadores em educação
por Percival Puggina
Mídia Sem Máscara, 17 de janeiro de 2011

Houve um tempo, longo tempo, tempo que cruza os séculos, em que o professor era símbolo de autoridade no pequeno e gigantesco espaço da sala de aula. Note-se que autoridade é um atributo moralmente superior ao poder, mas, quando fosse necessário, a valiosa autoridade do professor, fundada no saber e na conduta, vinha respaldada por poder. Nas últimas quatro décadas, infelizmente, a educação brasileira foi atacada em dois flancos pela esquerda delirante. E tanto a autoridade quanto o valor econômico e social do trabalho dos professores, reconhecidos há milênios em todas as civilizações, desabaram fragorosamente em nosso país.

Por um dos flancos, fustigou-a aquilo que Nelson Rodrigues chamava de Poder Jovem, acolhido entre aplausos por pedagogos de meia tigela como expressão de libertação para a criatividade. Todo poder ao jovem! A maturidade tornou-se um mal e a imaturidade, um bem a ser preservado. Era imprescindível erradicar as formas negativas da pedagogia. Coisas como certo e errado, sim e não, correção com caneta vermelha, entre outras práticas, precisavam ser substituídas por vaporosas sutilezas que não contrariassem os pupilos. Afinal, eles podem ser portadores natos de uma nova e superior forma de saber. Guardo como pérola desse disparate a frase do vate sergipano que adoça com sua voz aveludada os julgamentos do Supremo Tribunal Federal. No caso da reserva Raposa Serra do Sol, ele, o ministro Ayres Britto, em reverência à sabedoria indígena, lascou, citando Paulo Freire: “Não existe saber maior ou menor; existem apenas saberes diferentes”. De fato, o veterano Marco Aurélio Mello e o garoto Dias Toffoli exemplificam saberes diferentes, quantitativamente iguais, não é ministro? E viva Paulo Freire.

Pessoalmente ainda estou à espera de que algum desses guris maleducados das universidades brasileiras, depois de tantos anos de sua completa libertação, apresentem alguma contribuição à ciência, à técnica e à cultura nacional. Ao contrário, o que se vê é o país ocupando o 93º lugar no componente educação, entre 169 pesquisados. E não me surpreenderei se encontrar por aí doutos pedagogos convencidos de que o mundo, por pura inveja, se recusa a cair de joelhos diante da qualidade muito peculiar e superior do saber construído por nossos jovens. De minha parte, vejo o sucesso sempre ao alcance dos que queimaram pestana sobre os livros, levaram a sério seus estudos ou cavoucaram com responsabilidade seus espaços na vida pública ou na iniciativa privada, mediante capacidade de renúncia ao bem atual com vistas ao investimento no bem futuro maior. Esses jovens agem no contrafluxo do deslizamento que descrevi, arquitetado por uma escola de viés marxista, que está levando três anos inteiros para alfabetizar uma criança, quando nos meus anos de curso primário se aprendia isso em seis meses de aula. A educação, caro leitor, conceitual e deliberadamente, deixou de lado seus objetivos essenciais e se voltou para formar cidadãos conscientes, politicamente engajados. Enquanto não chegam lá, os cidadãozinhos treinam sua cidadaniazinha desrespeitando e espancando os professores.

Pelo outro flanco, e no mesmo tom, os professores politicamente engajados, abdicantes de sua autoridade, assumiram-se como "trabalhadores em educação". O conselheiro tutelar, escolhido em pleito de baixíssimo comparecimento, por força de preceito contra o qual nenhuma voz se ergue com suficiência, exerce mais autoridade nas escolas do que os professores ou os diretores. Estes, a seu turno, são, também eles, eleitos num concurso de promessas e de simpatia, com participação e engajamento dos alunos. No Brasil, amigo leitor, aluno vota para diretor! Vota para reitor de universidade! E ninguém se escandaliza! Por que será que os praças não elegem os comandantes e os pacientes não escolhem os diretores dos hospitais e centros de saúde? Quando o poste passa a desaguar no cachorro e o aluno a meter o dedo na cara do professor, ainda há quem se surpreenda.

O Ministério da Educação está veiculando nestes dias um comercial com o objetivo de ampliar o interesse pela carreira do magistério. Mostra uma obviedade: os povos que melhor se desenvolvem atribuem a seus professores o principal mérito por esses bons resultados. É claro que nossos professores ganham muito pouco, mas os maiores problemas, nesse particular, estão na péssima preparação dos graduados para o magistério e na falta de recursos didáticos nas escolas. De outra parte, veja quais os países bem sucedidos em seus objetivos sociais, com mais elevado Índice de Desenvolvimento Humano, que se reportam prioritariamente a fundamentos marxistas nas salas de aula e na formação de seus educadores. Duvido que encontre algum. A crise dos trabalhadores em educação é uma responsabilidade deles mesmos e das ideias que abraçam. É responsabilidade deles mesmos, como professores dos professores nos cursos de Educação, como alunos desses cursos na recepção passiva de ferramentas de trabalho comprovadamente erradas e ineficientes, como reprodutores acríticos do mau conhecimento adquirido. É, também, uma decorrência de suas reivindicações equivocadas, da busca de uma autonomia para fazer o que bem entendem que só é menor do que o desejo dos alunos de se comportarem do mesmo modo. É uma consequência de seus engajamentos, do desmonte que produziram na própria autoridade e dos líderes que vêm escolhendo para os representar.

Mas só aos professores, o senhor diz isso? Não, digo-o com muito maior ênfase a eles porque são, de fato, como informa a propaganda do MEC, os principais responsáveis pelo desenvolvimento social de qualquer nação. Enquanto os professores se submeterem às diretrizes de quem, com um tranco ideológico e partidário, os derruba à condição de meros trabalhadores em educação; enquanto se deixarem levar pelas cartilhas da pedagogia dominante; enquanto conviverem passivamente com a destruição de sua autoridade; enquanto tomarem como inegociável planos de carreira que nivelam competentes e incompetentes; e enquanto não refugarem uma organização que transforma o acesso ao comando da Escola em concurso de coleguismo e simpatia, viverão uma crise sem fim.

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Comentários (3)
3 Ter, 18 de janeiro de 2011 18:10 Paulo Barreto
Sou professsor do Ensino Fundamental II. Quero dizer que concordo plenamente com o artido de Percival Puggina. Passei recentemente num concurso para a Secretaria Municipal de Educação e Cultura e já estou com vontade de me demitir. Após assumir, embora já desconfiasse do que me esperava, constatei o que todos já sabem: que a educação pública é uma grande farsa. As escolas não passam de sucursal do inferno, os alunos, em sua maioria, são subalfabetizados, e os professores, ao mesmo tempo são vítimas e agentes do modelo descrito do artigo. Mas, ninguem fala em lutar por mudanças no modelo vigente, prefere-se viver de questiúnculas de repartição a encarar realisticamente a situação.

2 Seg, 17 de janeiro de 2011 21:31 Agapito Costa
Mais um brilhante comentário, que infelizmente poucos irão tomar conhecimento. Porém nos leva a muitas perguntas: a quem interessa tudo isso?
Vejamos: política e religião quando exercidas por pessoas desonestas formam simetrias perfeitas. Proliferam onde há miséria e ignorância:
Dentro desta linha de raciocínio pergunta-se.
Na atual conjuntura em que se encontra o “Brasil”, qual o político que gostaria de governar o pais tendo uma população de um bom nível de cultural ?
Por que tanto interesse em desarmar a população ?
E o sinistro “PNDH-3”, por que foi articulado nas caladas da noite ?

1 Seg, 17 de janeiro de 2011 15:43 Eduardo
Eu acho que a queda do respeito e e do nivel de educação coincidiu com a invasão do magisterio por professores militantes esquerdistas que privilegiam a doutrinação politica em prejuizo a educação verdadeira.

Nesse caso acho que o mercado regiu de forma coerente, já que tais individuos não merecem nem respeito e nem remureação digna, e é exatamente isso que eles recebem, ou pelo menos a maioria deles, visto que existem muitos mega-salarios nesse meio.

Diplomacia da generosidade: versao 2.1 ?

PARAGUAI TESTA DILMA!
Ex-blog de Cesar Maia, 2/02/2011

1. (ABC Color, Assunción, 01) O Paraguai pedirá ao Brasil para rever dívida espúria. O presidente Fernando Lugo solicitará formalmente à Dilma Rousseff a revisão da espúria dívida de Itaipu, segundo disse ontem a vice-ministra de Minas e Energia, Mercedes Canese, depois da reunião da "Comissão de Energia" do governo. O pedido será feito durante a visita oficial que Dilma fará no país em 26 de março, ocasião em que será entregue o parecer da Controladoria paraguaia que declara a dívida ilegal e violatória do Tratado na parte referente ao passivo da usina binacional. São 4.194 bilhões de dólares acumulados entre 1986 e1996, devido a taxas subsidiadas em favor do Brasil.

2. (Ex-Blog, 02) Falta apenas um detalhe: qualquer alteração deverá passar pelo Senado do Brasil.

Aquecimento global: perigos do novo malthusianismo e argumentos racionais

Volto a postar, por importante, pequena nota informativa sobre a questão em epígrafe, por ter sido objeto de comentários recentes, que transcrevo aqui, junto com meus comentários-resposta, desta data.
Paulo Roberto de Almeida

1497) Aquecimento Global: ceticismo sadio sempre é recomendavel
QUARTA-FEIRA, 11 DE NOVEMBRO DE 2009

Para aqueles, que como eu, mantém uma atitude de ceticismo sadio em relação a todas as paranoias anunciadas -- fim da era do petróleo, falta de energia, de alimentos, aquecimento global, etc. -- sempre é bom ler o máximo possível, antes de sair atrás da manada, dizendo que o fim está próximo.

Papers que reexaminam o papel do aquecimento global tal como teria sido fabricado pela atividade humana:
450 peer-review papers supporting skepticism of man-made global warming.

Este artigo tece considerações científicas, econômicas e filosóficas sobre o aquecimento global: http://www.heartland.org/custom/semod_policybot/pdf/25354.pdf

Nunca é bom correr atrás da manada: é melhor ficar calmo e examinar os dados do problema...
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Alexandre disse...
Professor, existem evidências científicas independentes e concordantes entre si, tanto do aquecimento em si quanto de sua origem através do efeito estufa intensificado pelo homem. Imagino que o sr. não esteja familiarizado com elas, nem tampouco se ateve muito na análise dos 450 supostos artigos "céticos" divulgados pelos Heartland institute.

Assim, quem é que está correndo atrás da manada, e quem está ficando calmo e examinando os dados do problema?
Quarta-feira, Fevereiro 02, 2011 8:40:00 AM
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Paulo R. de Almeida disse...
Alexandre,
Com evidencias mais ou menos fortes de que o aquecimento esteja efetivamente ocorrendo, e que o homem é em parte responsavel por isso, ainda assim recomendo o ceticismo sadio como atitude geral desejavel nesse tipo de questao, pois ela é propria do espirito cientifico, justamente.
O que me preocupa mais, nao é o aquecimento em si, pois as sociedades vão necessariamente se adaptar, mas esse clima malthusiano que se propaga.
Existiam evidencias do aumento da população na época de Malthus, mas ele falhou miseravelmente na previsão da produtividade agrícola.
Tenho certeza de que a humanidade vai superar esse malthusianismo ecologico tambem...
Paulo Roberto de Almeida
Quarta-feira, Fevereiro 02, 2011 9:58:00 AM
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Alexandre deixou um novo comentário sobre a sua postagem "1497) Aquecimento Global: ceticismo sadio sempre é...":

Professor, obrigado pela resposta.

O processo científico de construção de teorias concorrentes já, em si, cético, uma vez que sempre depende de evidências que apóiem essas teorias. Tenho certeza de que não preciso discorrer sobre isso aqui.

O acúmulo de evidências que apóia o aquecimento global antrópico é enorme. Mesmo que as projeções de Malthus tenham falhado, isso não muda o fato de nossa atmosfera estar retendo cada vez mais radiação infravermelha em função de nossos gases estufa. É um fato físico mensurável e verificado, e recomendo o website de qualquer grande instituto de pesquisas atmosféricas do mundo pra consultar referências.

O ceticismo científico é saudável e desejado, ao passo que negar as evidências existentes por incomodarem uma ideologia não é. Imagino que o sr. esteja defendendo o primeiro, e incorrendo involuntariamente no segundo ao apoiar a posição do Heartland.

Podemos ser otimistas. Podemos crer com toda nossa alma que a humanidade, com toda sua criatividade, resolverá mais esse problema. Mas para que o resolva, o primeiro passo é admiti-lo e enfrentá-lo.
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Paulo R. de Almeida deixou um novo comentário sobre a sua postagem "1497) Aquecimento Global: ceticismo sadio sempre é...":

Voce tem inteiramente razao, meu caro Alexandre, e eu nao estou dando mais credito aos ceticos do que aos alarmistas, apenas dizendo que o catastrofismo antecipado pode nos levar a decisoes economicas que custam caro e diminuem, ipso facto, as disponibilidades para as boas pesquisas e outros investimentos na correção de atitudes hoje agravantes dos desequilibrios ecologicos.
Recomendaria a você ler alguns dos materiais do Copenhagen Consensus, animado pelo ecologista cetico Bjorn Lomborg.
O abraço do
Paulo Roberto de Almeida
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Alexandre disse...

Conheço o trabalho do Lomborg. Reitero a recomendação de procurar as evidências nos institutos que de fato pesquisam o assunto.

Claro, pode-se pular essa parte se realmente não se discutem os fundamentos técnicos das observações e projeções, o que o sr. parece não questionar, mas ao mesmo tempo apóia a posição do Heartland e usa as palavras "alarmistas" ou "catastrofismo antecipado" para descrever observações e dados que nos trazem informações alarmantes.

É importante separar bem ambas as questões: uma coisa é a realidade física de um fato. Outra coisa é a resposta que a sociedade pode dar a esse fato, seja no campo econômico, jurídico, tecnológico ou cultural. Se um imposto pigouviano parece ruim, pode-se defender outra via de ação, ou até mesmo, por exemplo, a capacidade do mercado de minimizar sozinho externalidades negativas desse tipo. De preferência, baseando-se em evidências, de novo.

O que não faz sentido é embarcar na do Heartland, que para defender o mercado livre (louvável) faz textos negando evidências, ridicularizando e inventando "fatos", sem efetivamente produzir ciência que suplante a existente. Ou mesmo divulgando um documento que afirmam conter centenas de estudos que supostamente mostrariam uma "outra verdade", mas que incluem afirmações mutuamente contraditórias, do tipo "não está acontecendo" e "é causado pelo sol".

É uma retórica que só se desmascara com algum aprofundamento nos processos físicos envolvidos e nos dados disponíveis.

Não conheço seu trabalho, mas tenho certeza que sr. poderia contribuir de várias maneiras com idéias para se limitar a emissão de um gás com externalidades negativas importantes, que respeitassem a corrente ideológica de sua preferência, e que não fossem economicamente catastróficas.

Negar a externalidade, decerto, não é o caminho. Sei que o sr. está convencido de não estar fazendo isso. Estou tentando chamar sua atenção para o fato de o sr. estar endossando quem o faz.
Quarta-feira, Fevereiro 02, 2011 12:44:00 PM
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Alexandre,
Voce argumentou como um verdadeiro cientista, ou economista, e só posso concordar com você. As evidências se acumulam, como você diz, embora eu também tenha confiança na capacidade humana de dar saltos tecnológicos quando a necessidade se impõe.
Nossa responsabilidade atual é preservar, minimizar, evitar, embora eu creia mais em tecnologias adaptativas do que em grandes ações "reversionistas" de tendências aparentemente irreversíveis, na escala humana do tempo.
Em todo caso, o alarmismo que eu rejeito, em parte, nos faz tomar consciência da fragilidade dos sistemas e da nossa própria incapacidade em reverter desastres já encomendados, em grande medida pela mão do homem.
Estou transcrevendo todo este debate num novo post, de hoje.
O abraço do
Paulo R. Almeida

(Por enquanto ficou nisto...)

Faz bem consultar o dicionario: palavra "idiota" desta vez...

Nesta data, 1 de fevereiro de 2011, na abertura do Congresso (mas a tortura deve continuar pelos dias seguintes), imagens, matérias e reportagens foram dominadas por três ou quatro personagens bizarros que tomavam posse na Câmara dos Deputados.
Eles eram, ou são, supostamente (como os jornalistas dizem, frequentemente) famosos: um palhaço analfabeto, um jogador de futebol preguiçoso e de hábitos pelo menos suspeitos, um lutador de boxe e um outro indivíduo sobre o qual não tenho a menor informação quem seja, mas que também deve ser famoso, pois também foi assediado pela imprensa, filmado, questionado, enquadrado pela mídia, como dizem muitos...
Eu fiquei me perguntando se, pelo nível geral das respostas que eles balbuciaram frente aos microfones e câmeras, eles eram idiotas mesmo. Tudo leva a crer que sim, mas como eles vão ganhar sem trabalhar nos próximos quatro anos, ou seja, vão viver às nossas custas, de modo muito folgado, cheguei à conclusão que não são eles os idiotas.
Idiotas são todos aqueles que os elegeram, e o bando de repórteres estúpidos que os cercaram, procurando extrair algumas frases, já não digo inteligentes, mas qualquer frase deles.
Esses são os verdadeiros idiotas.
Para me certificar fui consultar o dicionário.
Encontrei isto:

idiota

n adjetivo e substantivo de dois gêneros
1 diz-se de ou pessoa que carece de inteligência, de discernimento; tolo, ignorante, estúpido
2 diz-se de ou pessoa pretensiosa, vaidosa, tola
3 (1873)Rubrica: psiquiatria.
diz-se de ou pessoa afetada por idiotia
n adjetivo
4 que denota falta de inteligência, de discernimento; parado, estúpido, imbecilizado
Ex.: no seu rosto, havia uma expressão i.
5 que não tem valor, sem interesse, sem sentido
Ex.:


Assim é se lhe parece...
Paulo Roberto de Almeida

Faz bem ler economistas sensatos...

Num mundo (e no Brasil) onde tantos economistas malucos se disfarçam em conselheiros do príncipe -- e recorrem a velhos truques que nunca deram certo no passado em lugar nenhum (controles de preços, restrições a movimentos de capitais, manipulações cambiais, protecionismo, etc. -- sempre é bom ler economistas que simplesmente dizem as coisas como as coisas são.
Este, por exemplo:

A volta do dragão
Ilan Goldfajn
O Estado de S.Paulo, 01 de fevereiro de 2011

Cidadãos do mundo, preparem seus bolsos. A inflação está voltando. Ela vem a reboque do tsunami de aumentos de preços de commodities globais em economias emergentes já aquecidas. Os antigos remédios para combatê-la - política monetária (juros) e flutuação cambial (deixar apreciar) - estão sob suspeita. Novos remédios experimentais - medidas "macroprudenciais" - estão em uso intenso, sem sabermos ao certo quão eficazes e quais seus efeitos colaterais. O risco de uma parada mais brusca na atividade futura para combater a inflação aumentou.

O fenômeno é global. Os preços das commodities subiram por várias razões. No começo, pelos juros baixos no mundo (EUA, Europa, Ásia) e pela depreciação do dólar, que induziram a compra de ativos "reais". Recentemente, os preços estão subindo pelo crescimento econômico e pelos problemas climáticos globais. Há poucos meses a preocupação era com a volta da recessão nos EUA, chamada de mergulho duplo (double dip). Não só a recessão foi evitada, como o crescimento nos EUA no último trimestre do ano foi muito forte. O mundo parece que estava despreparado para a volta do crescimento simultâneo das economias maduras (EUA, etc.) e das emergentes (que crescem fortemente e demandam mais commodities para a urbanização crescente da sua população).

A inflação, quando é global, costuma ser de ninguém. Não se identificam os responsáveis individuais pelo excesso de demanda global. Cada país percebe a inflação como um choque externo. O viés é deixar o outro combatê-la. No caso da inflação de commodities, esse comportamento é institucionalizado: faz parte das regras dos bancos centrais retirá-lo do índice de inflação e combater a inflação do que sobrou (o núcleo). Como se toda a inflação de commodities fosse temporária, resultante de choques de oferta.

O problema de inflação é mais agudo nas economias emergentes. Enquanto o risco nas economias maduras era de falta de crescimento, as emergentes deram-se ao luxo de sobreaquecer sua economia, estimulando-a para além da resposta à crise de 2008. O sobreaquecimento era incentivado. As economias maduras precisavam de estímulos externos para a sua retomada. Mas agora a retomada é global. As economias emergentes enfrentam choques inflacionários globais em economias já vulneráveis à inflação doméstica (serviços, por exemplo), precisando desaquecer.

O risco atual nas emergentes é a inflação subir em excesso. E para evitar corroer o poder de compra da população as autoridades econômicas precisarão desacelerar suas economias além do previsto. Nesse processo de desaquecimento, podem até errar a mão (desaquecer demais ou de menos). O risco é maior desta vez. Novos instrumentos estão sendo adotados, com resultados menos estudados. São medidas administrativas, como a elevação dos compulsórios, exigências regulatórias que encarecem o crédito e/ou reduzem o prazo do financiamento.

Essas novas medidas são denominadas macroprudenciais porque foram idealizadas para prevenir crises financeiras futuras, como a que culminou com a quebra do Lehman Brothers. Hoje seu uso está se deslocando para políticas anticíclicas, de reação ao sobreaquecimento, não prevenção. Com medidas anticíclicas é difícil estimar precisamente seu efeito sobre a economia, há muita incerteza.

O uso crescente de medidas administrativas (macroprudenciais) ocorre também como consequência da crise financeira e da reação dos EUA. Na saída da crise, com a redução dos juros básicos a zero, restou a política monetária do Federal Reserve (Fed) de estimular a economia via expansão monetária, cujo último objetivo era estimular a economia via redução das taxas de juros mais longas também (a taxa de dez anos caiu para quase 2% no auge do efeito). Com a queda dos juros americanos houve uma força para sair dos ativos americanos em direção a ativos no mundo, o que ajudou a depreciar o dólar e apreciar as moedas nos outros países. As economias emergentes resistiram (e têm resistido) à apreciação cambial via intervenção (compra de reservas, além de outras medidas), numa batalha que foi denominada "guerra cambial".

O problema dessa "guerra cambial" é que ela induz a políticas que podem potencializar o problema da inflação. A manutenção do câmbio num patamar fixo, independente do mérito dessa política por outras razões, impede o câmbio de absorver parte da subida das commodities no mundo via apreciação e permite que a inflação de commodities se transfira integralmente para os preços domésticos. Além disso, como a preocupação é com os fluxos de capital, subidas de juros são evitadas para não atrair mais capital. Portanto, a política monetária fica viesada para adotar mais medidas administrativas e menos subidas de juros.

Mas a adoção de medidas administrativas não é de graça. No passado, essas medidas haviam sido preteridas pelos instrumentos de preço, como a taxa de juros, porque eram menos gerais (afetavam determinados setores) e induziam distorções na economia (geradas pelas tentativas de burlar as políticas).

Interessante, os juros americanos voltaram a subir (juros de dez anos perto de 3,5%) e os motivos iniciais para evitar os instrumentos tradicionais perderam força. Há menos incentivo para a saída de capital dos EUA. Não há razão para os juros não voltarem a ser o instrumento principal das emergentes, como antes. Mas, ao estilo de dom Quixote, a batalha continua. Países como a Turquia chegam ao limite de reduzir juros para combater a inflação, justificando o ato com medidas administrativas compensatórias.

Em suma, as crises têm sempre seus legados. O pêndulo às vezes atinge o outro extremo. Desta vez, temos mais inflação e o uso excessivo de medidas macroprudenciais. Mais adiante, o risco é uma parada mais brusca da atividade do que o planejado nas economias emergentes.

ECONOMISTA-CHEFE DO ITAÚ UNIBANCO E SÓCIO DO ITAÚ BBA