Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sábado, 12 de maio de 2012
A Função Social do Diplomata (social seria o termo?) - Paulo Roberto de Almeida
Venezuela: um narcoEstado no Mercosul? - revelacoes graves
Protecionismo comercial e crescimento: correlacoes negativas - Antonio Tena-Junguito
disponível neste link: http://e-archivo.uc3m.es/bitstream/10016/11674/1/bairoch_tena_EHES_2009_ps.pdf
Para os que acreditam que a proteção tarifária teria sido uma boa coisa para o crescimento dos países latino-americanos, seria útil ler todo o trabalho, especialmente este trecho:
"By contrast, Figure 6 shows that for peripheral independent countries the relationship between tariff average and growth appears consistently negative. Politically independent poor countries had commercial policies designed by their own governments and parliaments. The European periphery and Latin America had high tariffs, especially for traditional industrial products without comparative advantage, even if some of them were linked with technologies developed from the First Industrial Revolution. From the second half of the nineteenth century many poor independent countries developed some low-skill manufactures, such as traditional textile and metal, imposing high tariffs especially in non-competitive sectors. Even if they reduced some manufacture tariffs, during the liberalization period around the 1850s and 1860s, at the beginning of 1870s they still had a level of manufacture protection that was more than threefold that of the European rich countries. During this period they developed well-established and organized lobbies which demanded high tariffs to defend national industry from the competition of rich countries’ manufactured exports. When protectionism became fashionable again in 1880s and 1890s, peripheral governments were too weak to stop rent-seeking in the economy and most of them increased manufacture tariffs in non-competitive sectors. These results could reflect both the existence of poor underlying institutions, and a negative association between protected industrial sectors and long-run growth."
O gráfico a que se refere esta passagem é este aqui, onde se pode ver que o Brasil, detentor de uma das mais altas tarifas do grupo, não foi feliz em suas taxas de crescimento, junto com outros que praticaram as mesmas políticas comerciais defensivas (na verdade, destinadas a produzir receitas para o Estado mais do que promoção industrial).
As conclusões gerais do trabalho são sempre cautelosas, como se pode ver por estes trechos selecionados:
"In theory, there is no reason to find a systematically unambiguous association between average tariffs and growth in different groups of countries, and regional asymmetry may be partially explained by different tariff structures.
(...) an increase in protection, measured by total and manufacture tariff averages, implied more protection of unskilled and inefficient sectors and less growth, and this is especially consistent with the behaviour of poor countries in the late nineteenth century. Protection was apparently positive for the ‘rich countries club’, but had a limited impact on growth.
Vale ler o trabalho em sua íntegra.
Paulo Roberto de Almeida
Viva a Ignorancia? Enfim, de vez em quando, se mostra bem-vinda...
Não de todos, claro, mas dos bandidos sempre à espreita.
A mensagem abaixo me veio de um "Auditor Fiscal da Receita Federal", esse órgão fascista que erra na Economia mas parece acertar no Português.
Coisa que bandidos simplórios não conseguem fazer...
Enfim, os destinatários precisam apenas saber mais Português do que os bandidos. E não serem néscios ou ingênuos.
Mas, atenção, os bandidos vão obter títulos universitários e aí vai ficar mais difícil distingui-los.
Embora eu tenha a impressão de que escrever mal, atualmente, já atingiu a pós-graduação...
Vamos estimular a ignorância?
Paulo Roberto de Almeida
A Receita Federal agora com parceria com SERPRO analisou todas as Declarações feitas
em 2012 a fim de solucionar problemas pendentes em nosso sistema.
Analisando seu CPF/CNPJ encontramos divergências, estamos enviando um demonstrativo dos números apresentados
e dos números divergentes, favor verifique os dados contidos no demonstrativo para correção, e a falta de correção
de sua declaração acarretará a inclusão da mesma na malha fina .
Ecologistas: os novos malthusianos irresponsaveis...
Mas ela não pretendia impedir plantações pela via autoritária, como pretendem as novas saúvas do Brasil, os ecologistas e seus amigos malucos em outras esferas.
Abaixo, trechos de um artigo da Senadora Katia Abreu, selecionados pelo jornalista Reinaldo Azevedo...
Paulo Roberto de Almeida
(…)
(…)
É inaceitável que o Brasil abra mão da sua capacidade produtiva, deixando de contribuir plenamente para a redução da pobreza, já tendo a maior área de preservação do mundo.
Das corrupcoes menos visiveis - Janer Cristaldo
Ele fala da corrupção dos escritores pagos com dinheiro público, e apenas um pouco da corrupção universitária, que conheço superficialmente, mas que suspeito ser muito maior, mas MUUUIIITO MAIOOOOR, do que o normalmente imaginado.
Ele tem razão. Mas vai ser duro desmantelar esse sistema viciado.
Vamos ler esta nova crônica desmantelante, se ouso abusar do idioma...
Paulo Roberto de Almeida
Leitores querem saber por que não escrevo sobre as grandes corrupções nacionais. Ora, isto está na primeira página de todos os jornais. A crônica é tão vasta que já existem extensas compilações on line, para orientar o leitor no organograma da corrupção. Prefiro falar sobre o que os jornais não trazem. Por exemplo, o Chico Buarque sendo traduzido na Coréia às custas do contribuinte. Não sei se o leitor notou, mas a dita grande imprensa não disse um pio sobre isto. O que sabemos vem da blogosfera.
Prefiro falar de corrupções mais sutis, quase imperceptíveis, mas corrupções. A imprensa denuncia com entusiasmo a corrupção no congresso, na política, nos tribunais. Não diz uma palavrinha sobre a corrupção no santo dos santos, a universidade. Corrupção esta mais difícil de ser detectada, já que em geral foi legalizada. Mordomias para encontros literários internacionais inúteis, concursos com cartas marcadas, endogamia universitária, tudo isto se tornou rotina no mundo acadêmico e não é visto como corrupção.
Tampouco se fala sobre a corrupção no mundo literário, que há muito se prostituiu. Jorge Amado, que passou boa parte de sua vida escrevendo a soldo de Moscou, está sendo homenageado nestes dias no país todo. Devo ter sido o único jornalista que o denuncia – e isto há décadas – como a prostituta-mor das letras tupiniquins.
Corrupção só existe quando em uma ponta está o Estado. Se o dono de meu boteco me cobra 50 reais por uma cerveja e eu pago com meu dinheiro, pode ter ocorrido um abuso, mas jamais corrupção. O dinheiro é meu e a ele dou a destinação que quiser, por estúpida que seja. Mas se um fornecedor de cervejas as vende por 50 reais ao governo, está caracterizada a corrupção. Porque governo não tem dinheiro. Governo paga com os meus, os teus, os nossos impostos. E obviamente alguém do governo vai levar algo nessa negociata.
Escritores, esses curiosos profissionais que querem transformar suas inefáveis dores-de-cotovelo em fonte de renda, adoram subsídios do Estado. Não falta quem pretenda a regulamentação da profissão. O que não seria de espantar, neste país onde até a profissão de benzedeira acaba de ser reconhecida no Paraná. (Voltarei ao assunto).
Em 2002, Mário Prata, medíocre cronista do Estadão, pedia a Fernando Henrique Cardoso o reconhecimento da profissão de escritor: "O que eu quero, meu presidente, é que antes de o senhor deixar o governo, me reconheça como escritor". Claro que não era apenas a oficialização de uma profissão que estava em jogo. Mas o financiamento público da guilda. Cabe observar como o cronista, subserviente, se habilita ao privilégio: “meu presidente”.
Esquecendo que existe um Congresso neste país, o cronista pedia ao presidente a elaboração de uma lei. Mais ainda. Citava a Inglaterra como exemplo de país onde o escritor é reconhecido. Lá, segundo o cronista, toda editora que publicar um livro, tinha que mandar um exemplar para cada biblioteca pública do país. "Claro que os 40 mil exemplares são comprados pelo governo. Quem ganha? Em primeiro lugar o público. Ganha a editora, ganha o escritor. Ganha o País. Ganha a profissão".
E quem perde? - seria de perguntar-se. A resposta é simples: como o governo não paga de seu bolso coisa alguma, perde o contribuinte, que com os impostos tem de sustentar autores até mesmo sem público. É o que chamo de indústria textil. Textil assim mesmo, sem acento: a indústria do texto. É uma indústria divina: você pode não ter nem um mísero leitor e vender 40 mil exemplares. O personagem mais venal que conheço é o escritor profissional. Ele segue os baixos instintos de sua clientela. O público quer medo? Ele oferece medo. O público quer lágrimas? Ele vende lágrimas. O público quer auto-ajuda? Ele a fornece. É preciso salvar o famoso leite das criancinhas.
No fundo, saudades da finada União Soviética, onde os escritores eram pagos pelo Estado comunista para louvar o Estado comunista. Seguidamente comento – e creio ser o único a comentar – o livro A Sombra do Kremlin, relato de viagem do jornalista gaúcho Orlando Loureiro, que viajou a Moscou em 1952, mais ou menos na mesma época que outro jornalista gaúcho, Josué Guimarães. Enquanto Josué, comunista de carteirinha, vê o paraíso na União Soviética em As Muralhas de Jericó, Loureiro vê uma rígida ditadura, que assume o controle de todo pensamento. Comentando a literatura na então gloriosa e triunfante URSS, escreve Loureiro:
- A União dos Escritores funciona como um Vaticano para a moderna literatura soviética. O julgamento das obras a serem lançadas obedece a um critério estreito e sectário de crítica literária. Esta função é exercida por um conselho reunido em assembléia, que discute os novos livros e sobre eles firma a opinião oficial da sociedade. A exegese não se restringe aos aspectos literários ou artísticos da obra julgada, senão que abrange com particular severidade seu conteúdo filosófico, que deve estar em harmonia absoluta com os conceitos de “realidade socialista” e guardar absoluta fidelidade aos princípios ideológicos da doutrina marxista. Se o livro apresentar méritos dentro do ponto de vista dessa moral convencionada, se resistir a esse teste de eliminatória, então passará por um rigoroso trabalho de equipe dentro dos órgãos técnicos da União, podendo vir a tornar-se num legítimo best-seller, com tiragens astronômicas de 2 a 3 milhões de exemplares. E o seu modesto e obscuro autor poderá ser um nouveau riche da literatura e será festejado e exaltado e terminará ganhando o cobiçado prêmio Stalin...
Foi o que aconteceu com a prostituta-mor das letras brasileiras. Em 1950, o ex-nazista e militante comunista Jorge Amado passou a residir no Castelo da União dos Escritores, em Dobris, na ex-Tchecoslováquia, onde escreveu O Mundo da Paz, uma ode a Lênin, Stalin e ao ditador albanês Envers Hodja. No ano seguinte, quando o livro foi publicado, recebeu em Moscou o Prêmio Stalin Internacional da Paz, atribuído ao conjunto de sua obra, condecoração geralmente omitida em suas biografias.
Não que hoje se peça profissão de fé marxista ou louvores a Stalin. No Brasil, para ter sucesso, o escritor hoje tem de aderir ao esquerdismo governamental. Não precisa louvar abertamente o PT. Mas se tiver dito uma única palavrinha contra, não é convidado nem para tertúlia nos salões literários de Não-me-toques. Você jamais ouvirá um Luís Fernando Verissimo, Mário Prata, Inácio de Loyola Brandão ou Cristóvão Tezza fazendo o mínimo reproche às corrupções do PT. Perderiam as recomendações oficiais como leituras escolares e acadêmicas... e uma considerável fatia de seus direitos de autor. O livro de Loureiro não mais existe, só pode ser encontrado em sebos. Os de Josué continuam nas livrarias. Et pour cause...
Escritor financiado pelo Estado é escritor que vendeu sua alma ao poder. É o que acontece quando literatura vira profissão. Alguns se rendem aos baixos instintos do grande público e fazem fortuna considerável. Uma minoria consegue exercer honestamente a literatura e manter a cabeça acima da linha d'água.
Uma imensa maioria, que não consegue ganhar a vida nem honesta nem desonestamente, apela à cornucópia mais ao alcance de suas mãos, o bolso do contribuinte. É o caso de Chico Buarque, o talentoso escritor cujo talento maior parece ser descolar financiamento para sua “obra” junto ao contribuinte. Mas Chico está longe de ser o único. Está cometendo algum crime? Nenhum, seus subsídios são perfeitamente legais. Mas por que cargas eu ou você temos de pagar pelas traduções e viagens a congressos internacionais de um escritor que se dá ao luxo de ter uma maison secondaireàs margens do Sena?
Ainda há pouco, eu comentava o absurdo de o contribuinte financiar a tradução de Chico na Coréia. Leio agora que o programa de bolsas de tradução da Biblioteca Nacional vai apoiar mais autores best-sellers no Brasil. O Diário de um Mago, de Paulo Coelho, será lançado na China pela editora Thinkingdom Media Group. Já As Esganadas, de Jô Soares, estará nas livrarias francesas. Ora, Coelho tornou-se milionário graças a suas obras de auto-ajuda, já traduzidas em quase 60 idiomas. Jô, que deve ganhar salário milionário na televisão, tem seus livros entre os mais vendidos, graças ao fator Rede Globo. Será que estes senhores precisam enfiar a mão em nosso bolso para pagarem seus tradutores na China e na França?
É destas corrupções, perfeitamente legais, que prefiro falar. Porque delas ninguém fala. Em verdade, nem mesmo os leitores. Não há quem não chie contra a carga tributária imposta ao contribuinte no Brasil. Mas todos pagam sem chiar as mordomias destas prostitutas das Letras.
- Enviado por Janer @ 9:36 PM
Diplomatas literarios: os do "sertao" e outros
Os embaixadores do sertão
Para o pesquisador, a transdisciplinaridade possibilita a criação de espaços de estrangeiridade mesmo em relação aos pensamentos mais íntimos. “Rompe-se com o pensamento estanque, dualista, aprende-se a olhar com as lentes do outro, a sentir um pouco da insegurança das terras desconhecidas. A experiência com a terra estrangeira, com os espaços diferentes cria no viajante o interesse pelo novo de forma aguçada. Isso faz com que eles reconheçam suas limitações, fiquem mais abertos e mais tolerantes aos diversos modos de existência”, observa.