Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quarta-feira, 8 de maio de 2013
A Journey Inside the Whale: books, books, books (a gentle madness...) - Paulo Roberto de Almeida
terça-feira, 7 de maio de 2013
Qual deles seria maior?: o cinismo, a mentira, a desonestidade ou a desfaçatez?
Paulo Roberto de Almeida
Departamento de traducoes estramboticas, ao trabalho, por favor...
1) “Mas voltando desse parêntese, a destinação dos royalties do petróleo. Ela não é trivial. Eu enviei para o Congresso quando vetei a medida, aliás, vetei parte da Lei dos Portos, dos Portos não, dos Royalties, e era do Petróleo, que mudava os contratos para trás, em uma afirmação que o Brasil tem que respeitar contratos gostando dos contratos ou não, não é uma questão de vontade, é uma questão de respeito à lei. Porém esse processo está sub judice, e a MP que define essa parte, essa parte dos royalties que é royalties, participações… essa parte da lei, aliás royalties, participações especiais e os recursos do pré-sal, destina à educação… essa lei, ela está parada porque ela está sub judice. O Supremo Tribunal está avaliando essa questão, se é ou não é inconstitucional ou não”.
2) “Todos os países para caminharem e caminham mais rápido quando há consenso, quando se constrói consensos. Consenso é algo que tem que ser construído, então caminha melhor, caminha de forma mais pujante, caminha mobilizando a todos quando é capaz de construir consenso. Nós construímos a necessidade de consensos e eu vou falar sobre dois consensos que eu acredito que sejam fundamentais para o país”.
O pessoal que trabalha em interpretação simultânea já desistiu; os que transcrevem da linguagem oral para a escrita, também. Resta o setor de decifração de manuscritos medievais, o pessoal que conhece linguagem de sinais, os últimos tradutores de Código Morse, enfim, alguém precisa vir em nosso socorro para que possamos entender o que está acontecendo nos mais altos escalões do poder...
Paulo Roberto de Almeida
Paquistao, Bangladesh: dois paises em estado pre-falimentar...
Quando a intolerância atinge tais níveis de expressão, justamente contra a liberdade de expressão (como já havíamos visto no Paquistão, no Irã, na própria Grã-Bretanha, desde o episódio dos Versos Satânicos de Salman Rushdie, novamente no caso das caricaturas dinamarquesas e incontáveis outros exemplos desse mesmo tipo), então o país inteiro está contaminado pelo ódio religioso, pela mais baixa manifestação dos espíritos totalitários, estamos a caminho de um Estado falimentar.
Isso explica, aliás, as madrassas de lavagem cerebral nas crianças, e o estoque infindável de homens bomba...
Afeganistão, Paquistão, Bangladesh, o que será desses países?
No Irã, a teocracia vai um dia deixar de existir, e a população educada vai novamente tomar conta dos destinos do país. Mas em países onde a própria elite foge de suas responsabilidades, o futuro se apresenta negro, se me permitem (ainda) tal expressão (eu não disse preto...). Isso inclui, perto de nós, o Haiti, também um Estado pré-falimentar, mantido pela assistência pública internacional, e que assim continuará pelos próximos anos (ou décadas).
Paulo Roberto de Almeida
‘Atheists must be hanged’: Raw video from Islamist street clashes in Bangladesh
Istvan Hont (1947-2013) - Leonidas Montes
Paulo Roberto de Almeida
Leonidas Montes
Istvan was born in Hungary. He was educated in Budapest at the King Stephen I Gymnasium and then at the University of Budapest. First he studied Engineering, moving then to History and Philosophy. In 1974 he finished his MA and PhD (with the benefit of hindsight, perhaps his early engagement with mathematics and physics contributed to his rigorous or almost scientific standard for research). His PhD thesis, supervised by Professor Eva Balázs, was entitled “David Hume and Scotland”. Since his PhD dissertation, he could not leave this fascinating period of our history. In fact, David Hume, Adam Smith and their context became the passion and motive of his life. Immediately after completing his PhD, Istvan was appointed Research Officer in the Institute of History in the Hungarian Academy of Sciences. One of his early jobs consisted on making summaries of papers for a journal. As a voracious reader, besides devouring plenty of books, that early job also helped to broaden his vast knowledge.
In 1975, with the help of Sir Michael Moissey Postan (1899-1981), by then Professor of Economic History at the University of Cambridge, Istvan and his wife Anna left Hungary to start an academic life in the UK. They went to Oxford University. He continued with his interest on David Hume and the Scottish Enlightenment, but got interested in political economy. At Oxford University, under the supervision of Professor Hugh Trevor-Roper (1914-2003), Regius Professor of Modern History, he obtained another PhD. He was immediately appointed, in 1977, to the Research Fellowship in Intellectual History at Wolfson College, Oxford. A year later, he moved to Cambridge as a Fellow of King’s College where he directed, along with Michael Ignatieff, the newly established Research Centre project on “Political Economy and Society 1750-1850.” During the six years of this project (1978-1984), he organized a series of groundbreaking conferences. One of this conferences resulted in the seminal collection on eighteenth-century political economy essays gathered in Wealth and Virtue: The Shaping of Political Economy in the Scottish Enlightenment (Cambridge, 1983), which he co-edited and introduced with Michael Ignatieff. Istvan contributed to this book with two influential papers: his “The ‘rich country – poor country’ debate in Scottish classical political economy” and, with Ignatieff, “Needs and Justice in the Wealth of Nations”. The economic limits to national politics, Hume’s treatment of credit, the nation-state and nationalism in 18th century, the language of the debate and its context, remained his intellectual motivations. Istvan began his academic career at Cambridge University. He became Lecturer in the Faculty of History and then he was appointed Reader in Political Thought.
Between 1986 and 1989 Istvan and Anna moved to Columbia, where he was appointed Assistant Professor. After this experience in the US, they returned to King’s College, Cambridge. Except for one failed attempt to move to Harvard, and short visiting appointments at Princeton, Chicago, Harvard, Göttingen, Budapest, among others, Cambridge and King’s College became and remained their home. The attempt to move to Harvard, or better said, the attempt to move Istvan Hont to Harvard, became famous. I vividly remember this episode as I was member at King’s College. Early in 2002, the Faculty of Government at Harvard University, normally divided over appointments, had reached a unanimous consensus to appoint Istvan Hont. The Faculty had discussed about the candidate for nearly a year and requested around 20 evaluations from outside experts. Lawrence Summers was then President of Harvard. And Summers, as an economist, had regularly promoted younger candidates who would produce more. When he heard about this appointment, he was concerned with Hont’s research productivity. Finally Summers vetoed Istvan’s unanimously approved appointment. This created a hot debate in Harvard and also in Cambridge. Istvan, who was 54 years old at the time, declared to the WSJ: "I don't feel old… I feel I'm in the full swing of my research activities. I was originally a refugee in Hungary and I got all my appointments 10 years later than anybody else. It took me a long time to get to England and establish myself." At the end, he was happy to remain at King’s College, Cambridge. And as a young Smith scholar, I celebrated Summers’ decision.
After this experience, Istvan began to work on his Jealousy of Trade. International Competition and the Nation-State in Historical Perspective (Harvard, 2005). It is a collection of his essays, but it contains a carefully written long introduction that summarizes his life research. Actually this long introduction can be read as a new book. Perhaps Summers was right: Istvan was not productive with his research. But in Istvan’s case there was definitely a trade-off between quality and quantity: what he wrote and published is seminal and fundamental.
Istvan would attend some History of Economics Society Meetings, and was enthusiastic with the development of the Society. In 2007 Istvan Hont received the Joseph J. Spengler Prize for the best book. Cristina Marcuzzo, chair of the Spengler Committee, stated:
“We found Hont's book to be monumental in the detail and breadth of its scholarship. His understanding of both the primary texts he utilizes and the broader political-economic-historical contexts of that work is indeed masterful. The ground of international trade in that era has certainly been ploughed before, but not often with the depth and skill Hont brings to the work. This is both an outstanding work in the history of economic and political ideas and a work that is relevant to ongoing discussions today about globalization and the nation-state. Its contemporary relevance is but one more reason to honor it with this year's Spengler Prize.”
His Jealousy of Trade (2005), using the title of Hume’s famous essay, concentrated and expanded his idea that eighteenth century political economy, mainly represented by Hume and Smith, established the framework of our modern conception about international politics. After publishing this celebrated book, the corruption/luxury debate led him to explore the intellectual extent of the relationship between Rousseau and Smith. This was the subject of his Carlyle Lectures (Oxford University, 2009) and Benedict Lecture (Boston University, 2010). (*)
Istvan was an enthusiastic and fervent member of the so-called Cambridge School, a tradition that owes much to Peter Laslett, Quentin Skinner, J. A. G. Pocock and John Dunn, among others. His influential legacy is the best proof that he was an important representative of this approach to intellectual history.
I remember the first time I met Istvan as a PhD student. We used to have lunch at King’s College dining hall. After some conversations, I finally dared to ask him to read a paper on the Adam Smith Problem. He invited me for lunch. And I asked Istvan “what do you think about it?” He immediately replied, with his Hungarian accent, “it is rubbish”. One would first feel threatened, but he had his way. And at the end, he would be very helpful. As my PhD dissertation developed, he became a great and inspiring company. Gradually we became acquainted, had dinner together with Anna, and had regular lunches at King’s where our conversation went beyond Adam Smith and David Hume.
As a scholar Istvan knew almost everything about the Scottish Enlightenment. Besides his encyclopedic knowledge, he studied and he chewed each idea. And he thought carefully about every word he wrote. His undergraduate students, I remember, thought he was extremely demanding, but he was respected as a very good teacher. I imagine that writing a paper with him was a challenge, but also an intellectual experience. He was certainly terrifying and at times awkward, but he was immensely generous with his time and knowledge. I still remember his smile which was a sign of approval. And I still remember, after we became acquainted, that whenever we would talk about Adam Smith, I would call for his opinion paraphrasing Adam Smith’s definition of the virtue of self-command: “what does the awesome and respectable Istvan Hont think about this idea”. He liked that, as he realized a student would need some self-command with him. But he also was inspiringly helpful.
Istvan certainly liked what he did in his life. I imagine him at his bed, happily reading Lucretius, as David Hume did. I also imagine that he might have asked Anna to burn some of his unpolished manuscripts, as Adam Smith did. He passed away on Friday, 29 March 2013, aged 65.
(*) Istvan develops his thesis in a conversation at Harvard University (see “Rousseau and Smith: A Conversation with Istvan Hont”: http://www.youtube.com/watch?v=v83Zh2IenM4
Leonidas Montes
Dean School of Government, Universidad Adolfo Ibáñez
About Jealousy of Trade (Cambridge, MA: Harvard University Press, 2005)
O racismo oficial do Estado brasileiro: o Apartheid em construção
Eu, obviamente, não desejando escolher entre ser branco, preto ou amarelo, simplesmente marquei que "Não desejo declarar", o que parece uma confissão de vergonha ou de covardia, quando deveria sinplesmente não existir essa exigência obrigatória.
Depois, pensando bem, resolvi que queria ser negro, e convidar TODOS os pesquisadores que tem necessariamente de se classificar a escolher a mesma opção: se declararem NEGROS.
Esta é a única maneira de denunciar e de inviabilizar a classificação RACISTA que nos pretendem impingir: pronto, agora somos todos NEGROS, e exigimos um tratamento condizente com a nossa condição de NEGROS.
Como Vinicius de Morais, que no seu Samba da Benção, se declarava o branco mais preto do Brasil, seremos agora todos brancos absolutamente negros, já que se trata de autodefinição.
Simplesmente vergonhoso.
Paulo Roberto de Almeida
Bolsa Familia: o maior programa assistencialista do mundo (e grande curral eleitoral...)
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Venezuela aumenta o salario minimo: ja vimos esse filme antes e conhecemos o final...
Enfim, eles vão descobrir que aumentos de 20% ou mais, produzem o triplo de inflação...
Paulo Roberto de Almeida
Salario mínimo venezolano aumenta a $390
|
Ayer miércoles 1 de mayo entró en vigencia el aumento de 20 % del salario mínimo mensual para los trabajadores venezolanos, con lo que la remuneración básica se ubica en 2.457,02 bolívares (390 dólares).
De este modo, la jornada diurna se sitúa en 81,90 bolívares (13 dólares), según lo establece el decreto número 30 publicado en la Gaceta Oficial ordinaria número 40.157 del pasado martes 30 de abril.
A partir del próximo 1 de septiembre se producirá un nuevo incremento, de 10%, que llevará el salario mínimo a 2.702,73 bolívares mensuales (429 dólares), y el 1º de noviembre habrá otro ajuste, de entre 5% y 10%, "tomando como referencia el comportamiento del Índice Nacional de Precios al Consumidor (INPC) durante 2013".
En el primer trimestre del año la inflación varió 7,9 %.
Asimismo, el decreto precisa el mismo porcentaje de aumento para los sueldos de los adolescentes aprendices, de modo que quedan en 1.826,91 bolívares (289,9 dólares) desde ayer y en 2009,60 bolívares (318,9 dólares) desde septiembre.
El nuevo monto del salario mínimo significa también que se incrementan las pensiones y jubilaciones de la Administración Pública y del Instituto Venezolano de los Seguros Sociales (IVSS).
Maduro anunció el ajuste el pasado 9 de abril, cuando era candidato a la Presidencia. Ayer, Día Internacional del Trabajador, firmó el decreto para la entrada en vigencia del aumento salarial, en medio de una masiva movilización de la clase obrera en el centro de Caracas.
|
Agencia Venezolana de Noticias (AVN) (Jueves 02/05/2013)
|
Ensino de Portugues para brasileiros nos EUA - Movimento Educacionista
domingo, 5 de maio de 2013
A milicia pretoriana dos companheiros
Paulo Roberto de Almeida
A nova guarda pretoriana de Dilma Rousseff
João Rafael Diniz * | 04/04/2013 - 13:41
Alteração do decreto de criação da Força Nacional é inconstitucional e quebra pacto federativo, na medida em que confere ao Poder Executivo força policial própria
Instituída por César Augusto, primeiro dos grandes imperadores de Roma, a Guarda Pretoriana foi um corpo militar especial, destacado das legiões romanas ordinárias, que serviu aos interesses pessoais dos imperadores e à segurança de suas famílias. Era formada por homens experientes, recrutados entre os legionários do exército romano que demonstrassem maior habilidade e inteligência no campo de batalha. No seu longo período de existência (mais de três séculos) a Guarda notabilizou-se por garantir a estabilidade interna de diversos imperadores, reprimindo levantes populares e realizando incursões assassinas em nome da governabilidade do império.
Passou quase despercebido mas, há algumas semanas, a Presidência da República publicou no Diário Oficial o decreto n.º 7.957/2013, que, dentre outros, alterou o decreto de criação da Força Nacional de Segurança Pública. A partir daí, o Executivo passou a contar com sua própria força policial, a ser enviada e “aplicada” em qualquer região do país ao sabor de sua vontade.
Numa primeira análise, chamou a atenção de alguns jornalistas e profissionais da causa ambiental a criação da “Companhia de Operações Ambientais da Força Nacional de Segurança Pública”. Essa nova divisão operacional dentro da Força Nacional terá por atribuições: apoiar ações de fiscalização ambiental, atuar na prevenção a crimes ambientais, executar tarefas de defesa civil, auxiliar na investigação de crimes ambientais, e, finalmente, “prestar auxílio à realização de levantamentos e laudos técnicos sobre impactos ambientais negativos”.
Não é preciso lembrar que uma das notícias mais importantes da semana passada foi o envio de tropas militares da Força Nacional de Segurança Pública para os municípios de Itaituba e Jacareacanga, no sudoeste paraense. O objetivo da incursão militar, solicitada pelo ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, é exatamente “apoiar” (leia-se: garantir pela força) o trabalho de 80 técnicos contratados pela Eletronorte para os levantamentos de campo necessários à elaboração do Estudo de Impacto Ambiental dos projetos de barramento do rio Tapajós, para fins de aproveitamento hídrico (construção de hidrelétricas, pelo menos 7 delas).
Inconstitucionalidade
A criação dessa companhia especial, seguida da operação de guerra que invadiu terras, inclusive áreas de caça das aldeias indígenas do povo Munduruku, acabou por obscurecer outra pequena alteração efetuada pela Presidência no ato de criação da Força Nacional (decreto 5.289/2004), mais especificamente sobre a legitimidade para solicitar o auxílio dessa tropa.
O art. 4º do decreto original tinha a seguinte redação:
“Art. 4º A Força Nacional de Segurança Pública poderá ser empregada em qualquer parte do território nacional, mediante solicitação expressa do respectivo Governador de Estado ou do Distrito Federal.
Após a alteração, passou a vigorar assim:
“Art. 4º A Força Nacional de Segurança Pública poderá ser empregada em qualquer parte do território nacional, mediante solicitação expressa do respectivo Governador de Estado, do Distrito Federal ou de Ministro de Estado.”
A partir de agora, qualquer ministro pode solicitar o emprego da Força Nacional para defender os interesses do governo federal, sem a necessidade de qualquer autorização judicial, nem mesmo aquiescência do governo do estado
A inclusão dessas cinco palavras mágicas ao final do artigo 4º acabou por subverter por completo a razão de ser do decreto e, de quebra, burlou as determinações da Constituição Federal sobre a repartição de responsabilidades entre os entes da Federação (municípios, estados e União), o que pode ser considerado inclusive como quebra do pacto federativo. A partir de agora, qualquer ministro de Estado (todos eles subordinados à Presidência) pode solicitar ao Ministério da Justiça o emprego da Força Nacional de Segurança Pública em qualquer parte do país, para defender os interesses do governo federal, sem a necessidade de qualquer autorização judicial, nem mesmo aquiescência do governo do estado em questão.
Para entender melhor a gravidade da situação, é preciso ter em mente que a Força Nacional de Segurança Pública não é uma polícia, mas um “programa de cooperação federativa” (art. 1º do decreto), ao qual podem aderir livremente os governos estaduais, e cujo objetivo é a “preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio” em situações excepcionais em que as polícias militares dos estados necessitem, e peçam, o apoio de tropas vindas de outros estados. Isso porque a Constituição Federal determina que a responsabilidade por “polícia ostensiva e a preservação da ordem pública” é das polícias militares dos estados, subordinadas aos respectivos governadores (art. 144, §§ 4º e 5º). À União restam duas possibilidades: intervenção federal no estado (art. 34), ou decreto de estado de defesa (art.136), ambas situações excepcionalíssimas de garantia da segurança e integridade nacionais, em que serão acionadas as Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica).
A chave para compreender a mudança é que, até o mês passado, era preciso “solicitação expressa do respectivo Governador de Estado ou do Distrito Federal” para motivar o envio da Força Nacional de Segurança Pública a qualquer parte do país, por tratar-se essencialmente de um programa de cooperação federativa entre estados e União.
Esse contingente
militar de repressão
poderá ser usado
contra populações afetadas
pelas diversas obras de interesse do Governo
Agora não mais. A recente alteração do art. 4º do decreto 5.289/2004, transformou a Força Nacional de Segurança Pública na nova Guarda Pretoriana da presidente Dilma Rousseff. Retirou das mãos dos estados a responsabilidade pela polícia ostensiva e preservação da ordem pública, nos locais em que os ministros entenderem ser mais conveniente a atuação de uma força controlada pelo Governo Federal. Esse contingente militar de repressão poderá ser usado contra populações afetadas pelas diversas obras de interesse do Governo, que lutam pelo direito a serem ouvidas sobre os impactos desses projetos nas suas próprias vidas e no direito à existência digna, tal como já está ocorrendo com os ribeirinhos e indígenas do rio Tapajós.
Não por acaso, essa profunda alteração no caráter da Força Nacional foi levada a cabo sem maiores alardes, no corpo de um decreto que tratava de outros assuntos. A inconstitucionalidade do ato é evidente, viola uma série de regras e princípios constitucionais além de atentar contra o próprio pacto federativo, um dos poucos alicerces da jovem república brasileira.
* João Rafael Diniz é advogado e membro do grupo Tortura Nunca Mais – SP
Leia também:
No Tapajós, complexo de hidrelétricas ameaça indígenas e ribeirinhos
Tags: Direitos humanos, Força Nacional, segurança pública, Tapajós
29 comentários
Marcus Pessoa disse:
4 de abril de 2013 às 17:57
É algo preocupante mesmo.
Seria interessante apresentar esse caso a alguma das entidades com poderes para propor Ação Direta de Inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal.
Rômulo Castro disse:
4 de abril de 2013 às 18:59
DILMA. Diagnóstico: Síndrome de Estocolmo. Vestígios de Geisel em seu DNA.
Armando da Silva Soares disse:
4 de abril de 2013 às 20:36
Penso que o Marcus tem razão! A ação de inconstitucionalidade e a manifestação popular podem mudar os rumos de Sra. Dilma e de seus sequitos.
Fernando Ruy disse:
4 de abril de 2013 às 21:54
Pronto, agora já têm a força que vai possibilitar a implantação da parte rural do PNDH.
A ditadura comunista, esta cada dia mais escancarada, mas o brasileiro so pensa na copa, então….
The new Praetorian guard of Dilma Rousseff | Indigenous Brazil~ disse:
4 de abril de 2013 às 22:58
[...] ~ http://reporterbrasil.org.br/2013/04/a-nova-guarda-pretoriana-de-dilma-rousseff/ [...]
“A nova guarda pretoriana de Dilma Rousseff” | Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos disse:
4 de abril de 2013 às 23:55
[...] Alteração do decreto de criação da Força Nacional é inconstitucional e quebra pacto federativo, na medida em que confere ao Poder Executivo força policial própria Por João Rafael Diniz – via Repórter Brasil [...]
Amélia A. Oliveira disse:
5 de abril de 2013 às 16:41
Agora: OAB EM AÇÃO? Já tarda.
A nova guarda pretoriana de Dilma Rousseff | O Pesadelo dos Políticos disse:
5 de abril de 2013 às 19:53
[...] http://reporterbrasil.org.br/2013/04/a-nova-guarda-pretoriana-de-dilma-rousseff/ [...]
Thiago disse:
5 de abril de 2013 às 20:48
Ditadura socialista chegando?
Tadeu Bahia disse:
5 de abril de 2013 às 21:00
Preocupante demais esta situação, nem nos tempos ditatoriais de outrora não vivemos nem convivemos com este tipo de situação. Um ato (?) em que grande parte da população brasileira passou despercebida. Agora, iguais aos “grandes proprietários e latifundiários rurais” com os seus “cangaceiros” sempre a postos, até os Ministros podem manobrar as Forças Nacionais ao seu bel prazer e capricho!
Samya disse:
6 de abril de 2013 às 5:12
Será que vai passar na TV? O povo só sabe de BBB, novelas, copa…
E os jovens estão cada vez mais no baile funk e tomando vodga com rede bull…Olha o PNDH-3 aí meu povo @_@ que o ex presidente diz que assinou sem LER &_& rs …São lobos com carinha de ovelhinhas…
Deus nos ajude!!! Agora só resta o povo protestando…Pois um politico corrupto com uma caneta na mão….MATA mais que um revolver de bandido….
Laudicea disse:
6 de abril de 2013 às 9:59
O abuso de autoridade no Brasil ja e absurdo! Pelo jeito agora so aumentara. Quando assisto a reportagens acompanhando a policia, diferentes autoridades, ja acho um abuso a forma que agem em abordagens. Todos os cidadaos sao tratados como criminosos, ate que provem que sao honestos. Entao as autoridades so dizem: ‘Desculpe ai’. E, nem todos. So poucas vezes. Sem contar que, quando a midia esta acompanhando eles, a forma de abordagem e mais ‘educada’, sozinhos ea historia e outra! Agora entao, a coisa so vai piora! Respeito e adquirido, nao imposto! Tratamos os outros como gostariamos de ser tratados. Esta e uma regra de ouro!
Marlon Morais disse:
6 de abril de 2013 às 23:39
Seria uma ADPF para sanar o vicio, pois a chefe do Poder Executivo Federal está fazendo valer seu decreto baseando não sei em que ou qual artigo da CF está baseado o decreto 5289/2004.
Ailton C. de Oliveira disse:
7 de abril de 2013 às 5:31
Para não ser ignorante – ao menos no aspecto das referidas leis – fiz uma leitura parcial do conteúdo que possuía uma relação conjunta do assunto.
Pegando por primeiro o decreto Nº 5.289, que discplina sobre o envolvimento que a administração federal tem com o a Força Nacional de Segurança Pública. Disciplina a organização e o funcionamento da administração pública federal, para desenvolvimento do programa de cooperação federativa denominado Força Nacional de Segurança Pública – FNSP, e dá outras providências.
O decreto Nº 7.957, cria o Gabinete Permanente de Gestão Integrada para a Proteção do Meio Ambiente -GGI-MA, com atuação integrada das FORÇAS ARMADAS (atentem-se a essas palvras), e altera o decreto acima resumido, dando a possibilidade da intervenção do Ministro de Estado ( Ministro de Estado é do Executivo, nada mais é que uma pessoa com poderes delados da Presidência da República). O conteúdo dentre outras coisas regulamenta a atuação das Forças Armadas na proteção ambiental. Veja que isso é uma possibilidade, um facitador para um golpe de estado. Ou vai dizer que eu estou exagerando? Siscutimos sobre diversos aspecto sobre a instauração do regime militar. A compreensão já está sacramentada em nossas mentes de como surgem fatos de consequências desta natureza.
…Mas isso é uma hipótese. O assunto de fato não é esse.
Continuando, e fazendo uma soma agora com o artigo 34:
I – manter a integridade nacional;
…
III – pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
…
VII – assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: (distribuído com suas alíneas)
Dentre tantas outras relacionadas no mesmo artigo, revelam a possibilidade de intervenção federal nos Estados, assim colocando a margem a FNSP poder intervir nos Estados, o que antes só poderia segundo o Decreto Nº 5.289, sem a alteração, somente o Estado (ente federativo) poderia fazer o pedido antes da alteração advinda com o decreto Nº 7.957. Sinta que é uma brecha na lei que produziu essa inserção da FNSP, pois sem a decratação do estado de defesa pelo Presidente da República, ou do repectivo Estado, não haveria tal possibilididade. Uma peça para ligar o circuito:
Eu sou Presidente da República Federativa do Brasil, quero a FNSP lá no Rio de Janeiro. Simples. Converso com qualquer dos Ministros que quero a FNSP lá e vou decretar o estado de defesa no RJ (sempre cosiderando os trâmites legais) e assim abrirei uma porta legal para a FNSP assim agir com o ato de uma dos MInistros que compõem o GGI-MA.
Lembrando que é em aspecto AMBIENTAL. Se esse aspecto A-M-B-I-E-N-T-A-L não será usado como uma máscara, alegando um motivo ambiental que cause assim a legalidade do ato, mas com uma intensão de se obter resultados diversos ao planejado. Não me pergunte sobre isso. Ninguém pode imaginar o que uma pessoa pode maquinar em sua consciência.
Yara Brasil disse:
10 de abril de 2013 às 18:37
A filha do Seu Pétar Rússеv é bem mais Bulgara do que Brasileira… se até comemorar a vitória a Presidencia do Brasil na Bulgaria ela foi.. e ainda com nosso dinheiro… gastou cerca de 5 milhoes de reais na sua viagem a nossas custas… E desde que entro… ta favorecendo mais a Europa do que o Brasil… Patriotazinha de merda… vai saber o que rolou na epoca da Ditadura===???? roubos a banco e tudo mais.. nunca recuperaram o dinheiro… tudo muito misterioso…
Roní Piagetti Souto disse:
10 de abril de 2013 às 22:20
Esta força nacional na verdade é um organismo constituído por policiais militares de vários estados e na verdade é a criação da mente doentia desses comunistas que assaltaram o poder . É uma cópia das milicias do ditador , felizmente morto, Chaves , que na Venezuela tem mais do dobro do efetivo do Exército, Não existe sentido para sua existência e pelo rumo que vai demonstra a tendência de se tornar um instrumento de domínio do governo federal para o controle do povo, uma vez que os comunistas não confiam nos militares , que outrora os derrotaram em sua intenção de domínio absoluto e que atualmente tentam atingir .
» A nova guarda pretoriana de Dilma Rousseff disse:
11 de abril de 2013 às 9:37
[...] Fonte: http://reporterbrasil.org.br/2013/04/a-nova-guarda-pretoriana-de-dilma-rousseff/ [...]
Erich Orlando Hoeller disse:
11 de abril de 2013 às 16:59
Este governo fora do poder usava um discurso e hoje no poder usa outro, este acontecimento começou com a greve do DPRF e do DPF, onde uns aceitaram negociar com o governo e outros não, onde a situação estava saindo do controle, principalmente nos aeroportos.
Mediante esses acontecimentos, as forças armadas se agilizaram procurando conquistar o espaço que tinham perdido, e ai esta, estão conseguindo, como temos um governo extremista, mesmo sendo inconstitucional ou não ele age de acordo com as suas conviniências.
José Campos disse:
12 de abril de 2013 às 0:00
No Gover. do PT tudo é Possivel.
Have a wonderful weekend | Ana e o bar disse:
12 de abril de 2013 às 9:52
[...] .Tenso: http://reporterbrasil.org.br/2013/04/a-nova-guarda-pretoriana-de-dilma-rousseff/ … [...]
LOURENÇO BARROS disse:
13 de abril de 2013 às 15:34
ALTO LA. DONA DILMA, Respeite nosso Povo,e a Constituição que vç jurou cumprila, Vç esta Presidente,nao é dona,como o PT tambem nao é dono,cuidado.
José Celso Malta disse:
18 de abril de 2013 às 20:24
A passos largos estamos voltando a ditadura. A presidente com uma guarda pretoriana!( Igual a dos imperadores romanos que a usaram para interesses próprios por três SÉCULOS). Onde governadores, ministros e a presidente podem mandar sua guarda, a hora que quiserem, defender os direitos deles, não os nossos. Como estas pessoas esquecem que juraram defender a constituição e o povo brasileiro. Mas como sempre esquecem assim que conquistam o poder e só seus interesses são lembrados e adquiridos.
Almanakut Brasil disse:
19 de abril de 2013 às 17:14
Por la integración del República Bolivariana del América del Sur: “Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás.”
Almanakut Brasil disse:
19 de abril de 2013 às 17:44
Desordem sem Progresso
https://www.youtube.com/watch?v=G1Uzul73HYg
Ronaldo disse:
24 de abril de 2013 às 23:43
Não vou entrar no mérito, mas é engraçado que as Guardas Municipais também podem ser classificadas como guardas pretorianas dos prefeitos das capitais e de outros tantos municípios. A princípio foram criadas com a finalidade de guarda patrimonial. Depois passaram a serem usadas no policiamento ostensivo e também como tropa de choque contra grevistas, em geral a mando do executivo local. Ninguém lembrou disso né?
Ari disse:
26 de abril de 2013 às 23:40
O Governo Federal tem tratado a Polícia Federal com desprezo, abandono, sucateamento, falta recursos, faltam servidores, um órgão de reconhecimento nacional e internacional, vem a cada dia sendo massacrado é tanto que todos os servidores das Agências reguladoras tiveram os cargos reestruturados só a PF que não. Hoje, o nível médio da Polícia Federal, assim que são tratados os EPAS, Escrivães, Papiloscopistas e Agentes, como cachorros, só come do resto, atualmente nem do resto estão comendo, ou seja vão morrer de fome ou vão pra outros órgãos. Este decreto nada mais é uma estratégica famigerada do Governo, pois os EPAS estão se mobilizando para nova greve agora, durante a Copa das Confederações, visita do papa, etc.
BISMARQUE AGUIAR disse:
27 de abril de 2013 às 16:49
Só faltava essa, essse povo não tem limites, daqui a pouco eles vão depor o Governador que for de opisição, por não está de acordo com seus projetos, aí vai a força nacional para fazer cumprir a vontade do executivo. Não tenho dúvidas que há um levante na América Latina de ideologia de esquerda, para alterar todos os principios democráticos, essa gemte nunca foram a favor da democracia, o que eles querem é usar esse principio pra chegar ao poder, e aos poucos eles vão tentando mudar as leis para acabar com o nosso maior tesouro, a democracia.
Otavio Corrêa disse:
2 de maio de 2013 às 15:59
Bem colocada a opinião do Ronaldo.
Os Municípios, podem ter sua Guarda Pretoriana.
Os Estados, com as polícias militares, Brigada Miliar (RS) , PM no Rio e S.Paulo, etc., para bater em grevistas, dispersar manifestantes, etc.
Mas , o Governo Federal, o Executivo de maior poder e hierarquia não pode!
Se cria uma tropa elitizada já passa a ser Guarda Pretoriana.
Fala sério !
OC
Medida que permite que ministros convoquem Força Nacional é questionada no Congresso Nacional » Repórter Brasil disse:
3 de maio de 2013 às 13:36
[...] força policial própria. A alteração foi tema do artigo publicado pela Repórter Brasil “A nova guarda pretoriana de Dilma Rousseff”, de João Rafael Diniz, advogado e membro do grupo Tortura Nunca Mais – SP.
Email:
Website:
Mensagem:
O maior criminoso da historia diminuido: Hitler como gnomo de jardim (Der Spiegel)
Hitler's Little Helpers: Nazi Garden Gnomes Invade German Town
While locals are referring to the art installation as the "Hitler dwarves," their creator, artist Ottmar Hörl, prefers to call his work "Dance With the Devil."
The gnomes, he says, are a "historical societal gesture" and the "the symptom of a political disease."
25 Million Garden Gnomes
Earlier this year Hörl, 59, attracted attention by exhibiting a golden gnome making the Hitler salute in an art gallery in Nuremberg. Someone filed a complaint against him but the public prosecutor's office said it would not press any charges because the 40-centimeter sculpture was clearly meant as satire.
Garden gnomes remain a firm fixture in Teutonic gardens and the gnome population is estimated at 25 million. However, there is a growing trend towards gnomes that make obscene gestures, commit suicide or engage in sexual activity, and courts have ordered figures to be removed if they offend neighbors.
Hörl has a predilection for mass reproductions and once put up 7,000 hare figures that copied Albrecht Dürer's famous hare.