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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Brasil-Bolivia: um inquerito desequilibrado

ITAMARATY 
Prova material 
Coluna  Dora Kramer
O Estado de S. Paulo, 05/09/213

O diplomata Eduardo Saboia, que trouxe o senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil depois de 15 meses de confinamento na embaixada em La Paz, pediu ao Itamaraty a liberação das cerca de 400 mensagens trocadas nesse período entre a representação brasileira na Bolívia e a chancelaria em Brasília, sobre a situação.
O advogado de Saboia, Ophir Cavalcanti, ainda vai requerer que o depoimento do diplomata - em princípio previsto para a próxima semana - na comissão de sindicância instalada para apurar o caso só seja feito depois da entrega da documentação. A ideia é produzir prova material (e oficial) de que o então encarregado de negócios da embaixada não fez nada que não fosse de conhecimento pleno do Itamaraty.
Um dado contido na correspondência eletrônica mostraria inclusive que os adidos militares tratavam a retirada do senador como o "plano de contingência". Aí ficaria também demonstrado que Eduardo Saboia não atuou à revelia dos superiores e agiu no intuito de cumprir o dever de preservar a vida do asilado.
Cavalcanti também entrou com pedido na Justiça Federal para que ouça o senador Molina sobre as condições de vida durante o tempo em que esteve na embaixada. Segundo ele, o relato do parlamentar servirá para embasar as razões pelas quais o diplomata optou por tirá-lo de lá e, assim, sustentar a defesa no processo disciplinar movido contra Eduardo Saboia.
De acordo com o advogado, as mensagens em ordem cronológica vão deixar claro que houve uma mudança de posição do governo brasileiro desde a concessão do asilo, no primeiro semestre de 2012, até a decisão de deixar a Bolívia: do interesse inicial, passou ao titubeio quando o governo de Evo Morales começou a pressionar, e daí até a completa indiferença quanto à concessão do salvo conduto para Molina poder sair do país.
Saboia e seu advogado trabalham com a hipótese de o Itamaraty se recusar a fornecer as mensagens para a defesa, alegando sigilo de documentos de Estado, embora Ophir Cavalcanti não considere que seja um caso de proteção à segurança nacional. "Eram apenas tratativas para concretizar o asilo já concedido", argumenta.
Mas, se houver essa alegação, o advogado poderá entrar com mandado de segurança pedindo à Justiça que assegure a Eduardo Saboia o amplo direito de defesa. "Dois conceitos estarão em jogo: o do sigilo de documentos e o da garantia à defesa, que me parece preponderante", diz o advogado. Ele, no entanto, prefere não trabalhar com essa possibilidade. "Vamos dar tempo ao tempo e confiar no bom senso do Itamaraty".

Agência Brasil - Caso Molina é tratado de forma política e não jurídica, diz advogado

05/09/2013 - 7h27

Renata Giraldi, repórter da Agência Brasil

Brasília – O advogado Fernando Tibúrcio Peña, que defende o senador boliviano de oposição Roger Pinto Molina, de 53 anos, disse à Agência Brasil que o envio de uma missão de alto nível, com autoridades da Bolívia, a Brasília demonstra que o tema é tratado de forma política, e não jurídica, pelo governo do presidente Evo Morales. Tibúrcio acrescentou que não está preocupado com a chegada das autoridades, pois o advogado boliviano Luís Vásquez Villamor, que também atua na defesa de Molina, está a caminho do Brasil.
“Não temos preocupação alguma com a chegada dessa missão de alto nível, pois isso só confirma que o assunto é tratado de maneira política, afinal há três ministros no grupo, além de integrantes do Ministério Público. É bom que todos venham para o Brasil e tragam os documentos que, na verdade, comprovam a inocência do senador”, disse Tibúrcio.
Ontem (4), a defesa de Pinto Molina foi surpreendida. Vásquez Villamor, que seguia de La Paz (capital boliviana) para Brasília, ficou retido por seis horas no Aeroporto de Viru Viru, em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia). Ex-senador, o advogado conseguiu ser liberado após uma longa negociação com as autoridades bolivianas. Ele vem a Brasília para agregar mais documentos ao processo de Pinto Molina.
“A retenção do advogado Vásquez Villamor é uma demonstração clara que o caso do senador é tratado como uma questão política. É um absurdo um advogado ficar retido no aeroporto. Isso não pode ocorrer em situação alguma. É um insulto”, declarou o advogado.
No Brasil há 12 dias, Pinto Molina ficou abrigado por 455 dias na embaixada brasileiras em La Paz e, ao deixar seu país, deflagrou uma crise diplomática entre bolivianos e brasileiros. O governo de Morales classifica o parlamentar como um “delinquente comum”. O senador nega as acusações relativas a desvios de recursos públicos e corrupção. No total, são mais de 20 processos que envolvem o parlamentar.
“As acusações contra o senador surgiram a partir de 2011, quando ele passou a denunciar o envolvimento de autoridades, ligadas ao presidente Evo Morales, com o narcotráfico. Ele [Pinto Molina] tem 30 anos de vida pública e jamais houve uma denúncia contra ele, só agora, por que será?”, reagiu o advogado.
A missão de alto nível, que desembarcará em Brasília, é formada pelo ministros Carlos Romero (Casa Civil), Nardi Suxo (Transparência Institucional e Luta contra a Corrupção), Cecilia Ayllón (Justiça) e integrantes do Ministério Público. A missão pretende apresentar documentos sobre os processos judiciais envolvendo Molina.
Pinto Molina foi retirado da Bolívia rumo ao Brasil, em uma operação organizada pelo encarregado de Negócio do Brasil em La Paz, o diplomata Eduardo Saboia, que desencadeou uma crise diplomática. O então chanceler Antonio Patriota foi substituído por Luiz Alberto Figueiredo Machado. Em junho de 2012, o Brasil concedeu asilo diplomático ao senador, mas o governo boliviano não deu o salvo-conduto para ele deixar o país.

As grandes contribuicoes do socialismo para a humanidade - Paulo Roberto de Almeida

Um leitor deste blog e do meu site, me formula as seguintes perguntas:

On 05/09/2013, at 23:12, L. P. <lpxxxxxxxx@uol.com.br> wrote:

Paulo,
Qual(is) de fato a(s) contribuição(ões) que o socialismo deixou para o mundo, se é que deixou algum? 
E no Brasil?

É realmente um mito que ele ajudou os trabalhadores a terem salários "melhores"?

Existem algum(ns) direito(s) social(is) que teve vá lá a contribuição dessa corrente genocida?

Abraço

Lxxxx Pxxxxx


Minhas respostas (PRA): 

Bem, parece que deixou 100 milhões de mortos, muitos povos bem mais pobres do que poderiam ser atualmente, sem suas teorias malucas, e mesmo os países economicamente avançados, já capitalistas, ficaram bem mais estatizados, e portanto mais esquizofrênicos economicamente, do que mereciam ser.
No Brasil, trouxe totalitários ao poder, disfarçados de distributivistas...

Os salários maiores apenas parcialmente foram elevados por lutas sindicais e reivindicações trabalhistas (e não apenas "socialistas", mas sindicatos puramente combativos, ou reformistas), mas a contribuição maior para a elevação progressiva dos rendimentos reais dos trabalhadores foi dada pelos ganhos de produtividade, algo intrinsecamente, inextricavelmente ligado ao processo de crescimento da produtividade do trabalho, e das transformações tecnológicas, que por sua vez deriva diretamente da competição em mercados livres.
Sistemas monopólicos - e no socialismo o monopólio é total, já que tudo pertence ao Estado -- só produzem estagnação, rentismo, preços altos (ainda que disfarçados pela falta de produtos a preços "tabelados"), perda de opções para os consumidores (que somos todos nós, trabalhadores), enfim, o socialismo é sinônimo de atraso e involução.

Não consigo pensar em nenhum direito social que tenha sido trazido pelo socialismo: todos eles foram conquistas do liberalismo, econômico e político, ou seja, de um regime de liberdades máximas no plano individual. Socialismo é, por definição, um Estado policial, que vive do medo e da opressão.

Acho que fui claro...
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Paulo Roberto de Almeida 
Hartford, 5 de setembro de 2013

China aprofunda o capitalismo e o livre fluxo de capitais - AFP (Shanghai Daily)

Vamos ver o que acham desta medida, o que dizem deste avanço na liberalização desenfreada dos capitais especulativos, desta "financeirização" da economia -- como eles gostam de dizer -- os companheiros, que até há pouco estavam elogiando o capitalismo regulado pelo Estado típico (segundo eles) do modelo chinês, ou seja, a mão visível do Estado tomando conta desses mercados sempre turbulentos suscetíveis de provocar crises e, sobretudo, na origem das crises financeiras provocadas pela desregulação.
Tudo isso, e mais ainda, está sendo feito pela China, que desde muitos anos é muito mais capitalista, e economicamente muito mais livre do que o Brasil...
Paulo Roberto de Almeida

China will allow unfettered yuan exchange in city zone

China will allow unfettered exchange of its currency in its first free trade zone in Shanghai in a bold push to reform the world’s second largest economy.
The free trade zone is intended to make the city a true international trade and financial center.
According to a draft plan, the zone goes beyond greater liberalization of trade to take in investment and financial services, including free convertibility of currency.
Convertibility of the yuan — allowing the currency to be freely bought and sold, and with it the movement of funds into and out of China — is the main obstacle preventing Shanghai from competing with global financial centers such as New York or London.
The government keeps a tight grip on the capital account — investment and financial transactions, rather than those related to trade — on worries that unpredictable inflows or outflows could harm the economy and reduce its control over it.
But companies in the zone will have the freedom to trade the yuan, according to the plan.
“Under the pre-condition that risk can be controlled, in the zone convertibility of the renminbi on the capital account will be conducted, the first to carry out and test (it),” the draft plan said.
The yuan has so far only been convertible for trade — to buy imported goods or turn revenue from exports back into local funds.
A government official familiar with the plan said companies registered in the free trade zone could open special accounts to freely exchange yuan, but with only a few exceptions they would be required to close their onshore Chinese accounts.
Under the draft plan, the zone would let interest rates be set by the market. China currently fixes deposit rates by administrative order, but the central bank began allowing banks to decide their own lending rates in July.
According to the Ministry of Commerce, the  zone groups four existing areas in Shanghai: an international airport, deepwater port, a bonded zone and a logistics area.
The draft plan said the zone would “support” establishment of foreign and joint venture banks and welcome privately funded financial institutions.
The project as a whole “will be a bold step to escalate China’s economic development to the next level,” ANZ Banking Group said in a research report this week. “Its success could be a model for the next stage of China’s economic reform, opening up and capital account liberalization.” But it warned of an increased risk of large capital flows.
For trade, the government envisions making the zone a center for cross-border e-commerce transactions, a plan which may require cooperation with a payments provider, officials said.
The zone would create a platform for trading commodities such as metals, energy and farm products, and gradually allow foreign companies to directly trade commodities futures, according to the draft plan.
The State Council gave the go-ahead for the zone in August and details will be announced after the “overall plan” is approved on September 27, officials said. The National People’s Congress will have to approve rules for the zone at its annual meeting next March.
1. Banking services
• Allow the establishment of foreign-funded banks and joint venture banks.
• Allow Chinese banks to conduct offshore business.
2. Health and medical insurance
• Pilot establishment of foreign-funded professional health and medical insurance firms.
3. Financial leasing
• Scrap capital requirements for single aircraft or single vessel company subsidiaries set up by financial leasing companies.
4. Ocean cargo shipping
• Relax limits on foreign investment proportions in joint venture international shipping companies.
• Allow non-Chinese flag ships owned or controlled by Chinese companies to carry out container operations between Shanghai and other domestic coastal ports.
5. International ship management
• Allow wholly foreign-owned international ship management companies.
6. Value-added telecommunications
• Allow foreign-funded firms to run some value-added telecommunications business.
7. Game and amusement devices
• Allow foreign-funded companies to manufacture and sell game and amusement devices. Devices that pass content inspections can be sold on the domestic market.
8. Auction of cultural relics
• Allow foreign-owned and joint venture auction houses to conduct auctions of cultural relics within the free trade zone.
9. Legal services
• Explore mechanisms for Chinese law firms to cooperate with overseas (including Taiwan, Hong Kong and Macau) counterparts.
10. Credit investigation
• Allow the establishment of foreign-funded credit investigation agencies.
11. Travel agencies
• Allow joint venture travel agencies to operate outbound tourism business, with the exception of Taiwan as a destination.
12. Employment agencies
• Allow the establishment of joint venture employment agencies, with foreign ownership up to 70 percent.
13. Investment management
• Allow the establishment of foreign-funded joint-stock investment companies.
14. Engineering design
• Eliminate some qualification requirements to provide services in Shanghai.
15. Construction services
• Eliminate limits on the Chinese and foreign proportions of joint construction projects in Shanghai.
16. Cultural performance agencies
• Allow wholly foreign-owned performance agencies to provide services to Shanghai.
17. Entertainment venues
• Allow the establishment of wholly foreign-owned places of entertainment within the free trade zone.
18. Education and vocational skills training
• Allow the establishment of joint-venture for-profit education and skills training providers.
19. Medical services
• Allow the establishment of wholly foreign-owned medical institutions.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Brasil: decrescimo anual da produtividade na era do "nunca antes" - Ipea

Para aumentar a produtividade, o governo poderia começar fechando o MEC e deixar o setor privado cuidar da educação dos brasileiros.
Paulo Roberto de Almeida

Ipea: Produtividade da indústria diminuiu 0,8% ao ano de 2000 a 2009

Por Camilla Veras Mota e Lucas Marchesini 
Valor Econômico, 5/09/2013

A agricultura foi o setor que mais ganhou produtividade nos últimos anos no Brasil. Entre 2000 e 2009, houve avanço médio anual de 3,8% na relação. Em contrapartida, no mesmo intervalo, a indústria de transformação perdeu 0,8% em produtividade anualmente. Os dados fazem parte da estudo sobre produtividade da 28ª edição do Boletim Radar, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta quinta-feira.
Ao desagregar os dados indústria por segmento no período entre 2007 e 2010, o estudo mostra que o segmento de óleo e gás foi o que mais avançou. Extração de petróleo e gás natural aumentou sua produtividade em 82,24% e fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis, em 157,4%. A produtividade da indústria extrativa, aliás, cresceu cerca de 20% no quadriênio, patamar bastante superior ao da indústria de transformação (6%). 
Perderam produtividade fabricação de celulose, papel e produtos de papel (queda de 1,66%), fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (recuo de 2,65%), fabricação de produtos químicos (diminuição de 3,4%), metalurgia (baixa de 12,12%) .
Os setores de vestuário e de calçados, que enfrentam concorrência acirrada de importados no mercado interno e ambiente hostil no cenário externo, tiveram ganhos de produtividade médios de 3,7% no período.
A pesquisa chama atenção para o desempenho da variável antes e depois da crise financeira. Entre dezembro de 2000 e setembro de 2008, a produtividade da indústria geral, extrativa e de transformação cresceu 3,2%, 5% e 2,9%, respectivamente. No pós-crise, entre outubro de 2009 e janeiro de 2013, as variáveis retraíram 0,03%, 2,02%, e 0,04%.
PIB per capita
Aumentar a produtividade do trabalho brasileiro nos próximos anos é essencial para conquistar ritmo mais forte de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, concluiu o estudo “Evolução Recente dos Indicadores de Produtividade no Brasil do Ipea. Isso porque na última década, de quando datam os dados utilizados na pesquisa, o PIB per capita cresceu mais do que a produtividade, impulsionado pela diminuição do desemprego.
Entre 1992 e 2001, o PIB per capita cresceu em média por ano a uma taxa de 1,17%, enquanto a produtividade avançou ao ritmo de 1,09% ao ano. Entre 2001 e 2009, o desequilíbrio entre as duas relações cresceu e o PIB per capita passou a aumentar em média 2,29% ao ano, contra 1,17% da produtividade. Já a análise entre 2001 e 2011 mostra uma distância ligeiramente menor entre as taxas médias de crescimento, que ficaram em 2,63% e 1,85%, respectivamente.
De acordo com a pesquisa, “algo entre 30% e metade do crescimento do PIB per capita na última década pode ser creditado ao aumento das taxas de ocupação e de participação no mercado de trabalho”. 
O dilema surge agora, quando o Brasil tem baixa taxa de desemprego e,  por questões demográficas, as taxas de ocupação e participação não deverão variar de forma tão significativa nos próximos anos, a expansão mais forte da economia per capita está condicionada a um “crescimento representativo da produtividade do trabalho”.
A influência da redução do desemprego no avanço da economia fica mais clara quando são comparadas as contribuições da produtividade e da taxa de ocupação — relação entre a população ocupada e a população economicamente ativa — no crescimento do indicador. 
Entre 1992 e 2001, a produtividade respondeu por quase todo o ganho no PIB per capita, 93,23%. Nos dez anos seguintes, a parcela caiu para 70,63% e, se tomado apenas o intervalo entre 2001 e 2009, ela recuou para 51,2%. Já a taxa de ocupação, que havia contribuído negativamente para o avanço do PIB per capita entre 1992 e 2001, com queda de 32,5%, respondeu, de 2001 a 2011, por 12,21% de seu aumento.
O Ipea afirma que o estudo faz parte de um “projeto mais amplo” da Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação, Regulação e Infraestrutura (Diset), que, nos próximos dois anos, analisará a trajetória da produtividade no país. 
Os dados servirão de parâmetro para que o instituto, em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), sistematize informações que sirvam para o desenvolvimento de políticas públicas de estímulo à produtividade — projeto chamado de Política Industrial e Produtividade: Uma Análise do Plano Brasil Maior.

Long live Ronald Coase: the man of the transaction costs - The Economist

The economics of companies

The man who showed why firms exist

Anyone who cares about capitalism and economics should mourn the death of Ronald Coase


THE job of clever people is to ask difficult questions. The job of very clever people is to ask deceptively simple ones. Eighty years ago a young British economist wondered: why do companies exist? The answer that he gave remains as fascinating today as it was back then.
Ronald Coase lived an extraordinarily long and productive life (see Free exchange). In awarding him the Nobel prize for economics in 1991 the Swedish Academy singled out two papers for particular praise, one published in 1937 and based on a lecture which he gave in 1932 when he was only 21 years old, and one published in 1961. He published his last book, “How China Became Capitalist”, last year at the age of 101. Not bad for a London boy whose parents both left school at 12 and who was consigned to a special-needs school because he wore leg braces (it was only the timely intervention of a phrenologist who detected “considerable mental vigour” in the bumps on his head that redirected him to grammar school and thence to the London School of Economics).

But it is his work on the firm that marked him out for greatness. Most economists had been content to treat firms as black boxes. Mr Coase wondered what the black boxes were doing there in the first place. He used a scholarship that he won as an undergraduate to visit leading American firms such as Ford and General Motors. He summed up his thinking in his 1937 essay, “The Nature of the Firm”, which at first attracted no attention whatsoever, but continues to be cited to this day.
Mr Coase argued that firms make economic sense because they can reduce or eliminate the “transaction cost” of going to the market by doing things in-house. It is easier to co-ordinate decisions. At the time, when communications were poor and economies of scale could be vast, this justified keeping a lot of things inside a big firm, so carmakers often owned engine-makers and other suppliers.
Coase is dead, long live the firm
Mr Coase’s theory of the firm would suggest that firms ought to be in retreat at the moment, because technology is lowering transaction costs: why go to the bother of organising things under one roof when the internet lowers the cost of going to the market? And it is true that companies are rising and falling at a faster rate than ever. Back in 1958, companies in the S&P 500 had typically stayed in the index for 61 years; today the average is just 18 years. Nokia produced a quarter of the world’s handsets in 2000. This week it decided to focus on making telecoms equipment and sold its handset business to Microsoft, which is also a shadow of its former self (see article).
But far from bringing an end to big companies, the internet is producing Goliaths of its own. Google accounts for about 40% of the world’s internet traffic, and Amazon is experimenting with vertical integration by investing in content as well as distribution. That could be because transaction costs, although lower than they used to be, are still a significant part of doing business: it is still easier to work on complex ideas, designs, deals and projects face to face.
Or it could be because firms do other jobs that Mr Coase did not acknowledge: they can develop intellectual resources, for instance, from company-specific knowledge to specialised skills that cannot be developed by individuals acting on their own or working through the market. That even applies to the murky arts of journalism. For instance, 170 years ago this week, a newspaper appeared, often written largely by one man, James Wilson. To the relief of its now slightly larger but obviously no less industrious workforce,The Economist survives.
Whatever happens to this particular transaction-costs-reduction device, Mr Coase’s work should remain close to the heart of anyone who cares about capitalism. He taught economists that they should not just pore over numbers but look inside the organisations that produce wealth. And he set a test that every boss still has to answer: what does their firm do that cannot be done more efficiently elsewhere?
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Book: How China became Capitalist
Palgrave MacMillan, United Kingdom, 2013
 How China Became Capitalist details the extraordinary, and often unanticipated, journey that China has taken over the past thirty five years in transforming itself from a closed agrarian socialist economy to an indomitable economic force in the international arena. The authors revitalise the debate around the rise of the Chinese economy through the use of primary sources, persuasively arguing that the reforms implemented by the Chinese leaders did not represent a concerted attempt to create a capitalist economy, and that it was 'marginal revolutions' that introduced the market and entrepreneurship back to China. 
Lessons from the West were guided by the traditional Chinese principle of 'seeking truth from facts'. By turning to capitalism, China re-embraced her own cultural roots. How China Became Capitalist challenges received wisdom about the future of the Chinese economy, warning that while China has enormous potential for further growth, the future is clouded by the government's monopoly of ideas and power.
Coase and Wang argue that the development of a market for ideas - which has a long and revered tradition in China - would be integral in bringing about the Chinese dream of social harmony. 

Privatizar todas as estatais brasileiras - Gustavo Miquelin Fernandes

Todas as Estatais precisam ser Privatizadas

 

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“Com o atraso das reformas estruturais e das privatizações, o Brasil fica longe
de realizar seu potencial. Poderia tornar-se um tigre e se comporta como uma
anta… ” [ Roberto Campos ]

 

Gustavo Miquelin Fernandes

 

O país já chegou a sua adolescência democrática; passou-se mais de vinte anos da promulgação da Constituição Federal; a hiperinflação foi derrotada; subimos alguns graus nos índices de desenvolvimento humano e criminosos por delitos contra o Poder Público foram condenados na mais alta Corte da Justiça.


Há avanços, sim, inegavelmente.


Chegou a hora, entretanto, de discutir o assunto do comportamento estatal no sistema de produção, prestação, comercialização e distribuição de bens e serviços com maior esclarecimento e informação. A questão da interferência estatal em assuntos que originariamente não lhe dizem respeito.


Leia-se: a extensa estatização dos meios de produção. O tentacularismo estatal que sufoca o empresariado, gera corrupção, promove aumento tributário e cria a cultura da ineficiência e da improdutividade.


A raiz desse problema é o espectro patrimonialista da nação, fruto da colonização lusitana e com gênese já na chegada de Dom João em terras brasileiras. É a ideia de que público e privado se confundem e trabalham numa faixa de intersecção. Resultado: a coisa não é de ninguém, não tem dono. É de todos e por isso mesmo, de ninguém.


Essa ideologia é sempre reforçada por políticos profissionais, burocratas e agentes mercadores de facilidades em um sistema burocrático de dificuldades, legalmente criado.


O Poder Executivo brasileiro regula, é proprietário, acionista, é participante, é investidor, controlador, e sem contar os órgãos de regulação como as agências brasileiras (ANS, ANVISA, ANATEL, ANTT, ANTAQ, ANCINE), secretarias, departamentos, etc.


A revista “Época”, em sua edição n. 682, com matéria intitulada “Estado Ltda.”, fez interessante levantamento sobre a mão pesada do Estado patrimonialista brasileiro. Faço a ressalva que não se trata de trabalho com metodologia científica, é matéria meramente jornalística, o que não lhe retira o bom conteúdo e que fornece um bom norte para avaliar a situação.


Resultado da pesquisa: 675 empresas com participação direta ou indireta do Governo Federal. Sem contar, evidente, Estados e municípios.


Listarei algumas conclusões mais importantes dos jornalistas que procederam ao levantamento.


Dessas 675 empresas, o Governo controla 276.


Ainda, segundo texto da revista:


“Levando em conta apenas as 628 empresas não financeiras, o faturamento soma R$ 1,06 trilhão, algo como 30% do nosso Produto Interno Bruto (PIB) ou 2,5 vezes as vendas dos 50 maiores grupos privados nacionais (leia o gráfico abaixo). Nas 247 empresas não financeiras controladas pelo governo, as vendas somam R$ 468,5 bilhões, ou 13% do PIB. E o valor de mercado das 99 empresas cujas ações são negociadas na BM&FBovespa totaliza R$ 1,7 trilhão, ou 71% do valor de mercado das empresas na Bolsa. A interferência do Estado na economia via estatais, BNDES e fundos de pensão é tão intensa que, durante a pesquisa, ÉPOCA teve de atualizar os dados de muitas companhias que receberam recentemente dinheiro do governo, como o frigorífico JBS ou a Cipher, especializada em sistema de segurança de informação”.


Enquanto, na décadade 90, o Governo social-democrata teve uma leve inclinação privatizante, o Governo de Luiz Inácio Lula da Silva criou sete novas estatais: Banco Popular do Brasil, Hemobrás, a Empresa Brasileira de Comunicações, a Empresa de Pesquisa Energética, a Pré-Sal Petróleo, a Ceitec e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.


A atual Presidente da República criou mais cinco empresas: Infraero Serviços, Amazônia Azul Tecnologias de Defesa, Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias, Empresa Brasileira de Planejamento e Logística (EPL) e a Hidrobrás.


A sanha intervencionista é assustadora e não deveria existir num país tão pobre, cheio de carência e miséria e com uma classe empresarial tão propensa à inovação e ao investimento.


Se não bastasse a criação de novas companhias, há a permanência das existentes, a participação governamental em empresas privadas, a regulação, a questão dos subsídios, investimentos e inversões conduzidas pelo BNDES nas empresas públicas e privadas. Como exemplo, a revista cita o caso do BNDES ter convertido uma dívida de R$ 3,5 bilhões do JBS, o maior frigorífico de carne bovina do mundo, em ações da empresa, ampliando seu capital de 17% para 31%.


A publicação assinala que, do total de despesas públicas, dois terços tem destino carimbado para a folha de pagamentos federal e ao sistema de aposentadoria do funcionalismo.


Pode-se concluir desse cenário patrimonialista que o ambiente é refratário a discussões mais lúcidas, onde qualquer tentativa é vista com muita paixão pelos ideólogos de plantão, não permitindo um debate amplo e sério, não raro, com acusação de “privatistas”, desrespeito ao “patrimônio do povo”, etc.


O problema começa com a Constituição Federal – o regramento base do país:


“Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.”


O que seria segurança nacional ou relevante interesse? Conceitos vagos que demandam interpretações as mais descabidas, evidentemente, socializantes, como é do espectro do próprio sistema constitucional.


O problema é político e, sobretudo, jurídico.


O mais importante, hoje, é fazer essa discussão sobre o redimensionamento da atuação publica em negócios privados, além da excessiva regulamentação, que engessa o setor produtivo e cria um mercado paralelo de vendas de facilidades. Isso sem contar os monopólios estatais, que conferem somente ao Poder Público a exploração de determinados serviços – prestando de maneira muito ineficiente, desperdiçando recursos tributários e gerando corrupção.


A redefinição do papel governamental derrubaria os custos de transação e de produção do setor privado, o que beneficiaria muito a geração de empregos, sobrevindo benefícios para todos.


Outros melhoramentos advindos da privatização: o Estado priorizaria suas funções típicas ou clássicas, como segurança, instituições democráticas, educação, etc. Haveria forte aumento fiscal pelas vendas de ativos e pela ausência dos custos de produção, que serviria para investimentos ou abatimento da dívida pública; a vedação do uso político de empresas, etc.


Há necessidade, portanto, de um novo PND – Plano Nacional de Desestatização – mais amplo que contemple mais empresas, de diversos setores e com maior transparência, para atestar a lisura dos procedimentos da transferência do domínio.


E o principal – que não venha acompanhado de órgãos reguladores, nem tenha participação de bancos públicos, como o BNDES, como é praxe no Brasil. A privatização, como o próprio nome sugere, deve ser genuinamente privada, sem interferências governamentais de qualquer espécie.


Há muita coisa para fazer. Mas poderíamos começar por aqui:


http://www.planejamento.gov.br/ministerio.asp?index=4&ler=c638


Acessem e divulguem esse link oficial, que é do Ministério do Planejamento.


Vamos conhecer todas “nossas” empresas.


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http://gustavofernandes.blogfacil.net/blog-b1/Todas-as-Estatais-precisam-ser-Privatizadas-b1-p1168.htm

Leis no mundo luso-hispanico, e no mundo anglo-saxao: Stanley Hilton

Discutindo pela internet com meu amigo Stanley Hilton, brasilianista e professor de história da América Latina na Universidade da Louisiana, em Baton Rouge, sobre as diferenças entre o respeito à lei no mundo ibérico e no mundo inglês e americano, ele me forneceu toda uma explicação, na verdade uma aula completa, que me permito transcrever aqui para deleite dos leitores deste blog:

In my Latin American history courses, I used to tell students that the difference between law in Anglo-Saxon and Hispanic countries was that, in the Latin tradition dating back to the Romans, law was normative, i.e., it posited an ideal situation, whereas in A-S countries it reflected custom or social practice. So the US Constitution, for example, reflected deeply-rooted “democratic” traditions and, therefore, it endured; in Latin American countries, the constitutions drawn up during the era of independence from Spain/Portugal reflected an ideal—and, hence, they proved unworkable in most cases.  The symbol of this phenomenon, in the colonial period, was the Consejo de las Indias –a body that sat in Spain, thousands of miles away from the New World, and hence thousands of miles away from the geographic and social reality of the colonies, and drew up detailed laws governing all aspects of colonial life.  The laws were unworkable, so people disobeyed the law on a daily basis.  In Luso-Brazilian terms, they found a “jeito” of circumventing laws and regulations.  As you know, there was the vice-regal mechanism, in Spanish America, of obedezco-pero-no-cumplo.  If a law reaching, say, New Spain, was so impractical, a viceroy could proclaim his loyalty and obedience (“obedezco”), but suspend implementation of the new law (“pero no cumplo”) until the Consejo could consider the reasons (which he would put in petition form) why he thought the law was not a good one.  It was used rarely because  thousands of laws were churned out by the Consejo.  Down through the generations, Latin Americans were socialized to think that disobeying laws was not necessarily immoral because they were so out of harmony with local conditions. I remember a Mexican acquaintance humorously saying to me in a car fifty years ago, as he ran traffic light after traffic light and noticed how nervous I had become,  “Las leyes, como las mujeres, fueron hechas para ser violadas”—this itself shows how, in popular custom, the attitude toward law was not “Anglo-Saxon.”  And, of course, an extensively corrupt public bureaucracy was one outgrowth of that (Hispanic) attitude toward law.  It is no coincidence that the most corrupt state in the U.S. is Louisiana, whose legal tradition in rooted in Spanish and Naopoleonic concepts of law.

Eu mesmo costumo dizer que a diferença básica entre um mundo e outro se situa no seguinte plano:
No mundo anglo-saxão, tudo o que não estiver expressamente proibido por leis, ou por alguma disposição qualquer do sistema legal, está ipso-facto permitido aos espíritos empreendedores, que podem formar rapidamente uma empresa para explorar alguma atividade econômica qualquer.
No mundo português -- e era assim também no mundo ibérico e hispano-americano, e suponho que continue sendo assim -- tudo o que não fosse especialmente concedido pelo poder real, por meio de um alvará régio, um ordenamento qualquer do soberano, estava literalmente proibido a todo e qualquer súdito da Coroa.
Creio que não deixamos de ser súditos do Estado, e estamos proibidos de fazer qualquer coisa, antes de conseguir uma permissão qualquer.
Segundo o último Doing Business Brazil, leva mais ou menos 120 dias (talvez mais) para conseguir constituir uma empresa e o empresário começa pagando antes de ganhar qualquer coisa (e depois ainda costuma entregar quase a metade do que ganha para o Estado, sob diversas formas de impostos, tributos, taxas, contribuições, propinas, etc.).
Como é que vocês querem o Brasil crescendo dessa forma?
Paulo Roberto de Almeida

G-20 de Sao Petersburgo: Brasil e Argentina querem comércio fora de sua pauta

Brasil e Argentina querem comércio fora da pauta do G-20

Fernando Nakagawa, enviado especial da Agência Estado, 05/09/2013

Segundo um dos diplomatas que participaram do debate, os dois países entendem que a melhor instância para qualquer decisão a respeito desse assunto é a OMC e não o G-20

SÃO PETERSBURGO, RÚSSIA - Brasil e Argentina debateram a recusa à renovação do acordo chamado Stand Still - iniciativa do G-20 para tentar barrar a adoção de medidas protecionistas - ao longo dos últimos meses. Segundo um dos diplomatas que participaram do debate, os dois países entendem que a melhor instância para qualquer decisão a respeito desse assunto é a Organização Mundial do Comércio (OMC) e não o G-20.
Diplomata da área de comércio exterior e que participou das conversas entre os dois países disse ao Broadcast que Brasil e Argentina "entendem que o G-20 não é o ambiente mais adequado" para debater o comércio exterior mundial. Por isso, explica, os dois países anunciaram ontem que são contrários à prorrogação do acordo em que grandes economias se comprometiam a não elevar alíquotas de importação e adotar outras medidas protecionistas.
"Os países querem deixar claro que a instância mais adequada para esse tema é a OMC. Não é o G-20", disse o diplomata. Nos últimos anos, a Argentina ficou conhecida internacionalmente pelas medidas protecionistas que dificultam enormemente a entrada de produtos estrangeiros ao país. Até livros e outras publicações foram alvo de medidas do governo Cristina Kirchner. No Brasil, alguns segmentos de importados foram duramente afetados durante a crise para incentivar a indústria nacional, como os automóveis.
Com o voto contrário dos dois países sul-americanos, não deve ser renovado o acordo costurado inicialmente em 2008 como uma maneira de impedir o estreitamento do comércio internacional diante de uma economia global em crise. A proposta rejeitada por brasileiros e argentinos queria estender o acordo até 2016.