quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

A "doutrina" economica da Igreja e seus desajustes com a realidade - Nicolas Cachanosky

Na verdade, não existe uma "doutrina" econômica da Igreja Católica, simplesmente porque a Igreja não tem bons economistas, ou sequer dispõe de simples economistas. A Igreja, de vez em quando, convida para alguma conversa pretendidamente orientadora alguns economistas -- alguns liberais, outros intervencionistas, muitos apenas do mainstream, sem preferências muito marcadas -- e, dependendo do papa e dos cardeais, ou quaisquer outros sacerdotes-burocratas que assessoram o papa nessas questões, acaba saindo desse tipo de exercício um documento mais ou menos distributivista.
Reparem que eu disse distributivista, pois essa é a única coisa de que são capazes os padrecos metidos a "economistas", até mesmo o papa.
A Igreja não tem qualquer qualificação para um estudo econômico sério, inclusive porque ela tem algumas viseiras mentais que atrapalham ou mesmo impedem uma reflexão mais séria e profunda sobre as questões da produção, do consumo, investimento, distribuição de renda, crescimento, desigualdade, etc. Ela reflete algumas poucas frases do velho e do novo testamento e com isso pretende resolver sua profunda ignorância das coisas econômicas fazendo uma profissão de fé pelos mais pobres. Como estes sempre serão a maioria -- e ainda são, pelo menos no planeta, mas não necessariamente nos países mais avançados -- a Igreja fica demagogicamente com essa maioria, e com isso se descarrega mentalmente, ao adotar um padrão econômico absolutamente inviável do ponto de vista da criação de riqueza e de seus efeitos distributivos. Entre o mercado e o Estado, a Igreja prefere entregar os mecanismos distributivos para burocratas do Estado, porque supõe, implicitamente (e equivocadamente) que estes, se bem orientados por sua doutrina social distributiva (mas não econômica), poderão fazer o máximo de bondade para os pobres e desvalidos. Essa é a "doutrina econômica" da Igreja, ou seja, os homens de boa vontade, guiados pela fraternidade cristã, se encarregarão de repartir o "excesso" de riqueza concentrada nas mãos dos mais afortunados. Estes, também muito cristãos, consentirão em entregar uma parte de sua riqueza e assim todos estarão mais felizes, e o mundo seria um lugar melhor do que é.
Todos esses equívocos estão presentes na última mensagem do papa, que aliás retrocede em relação ao que pensavam a respeito o papa Benedito e João Paulo II, bem mais "mercadistas" na minha impressão (o primeiro por conhecer a Alemanha oriental, o segundo por ter vindo da Polônia, países tornados miseráveis pelo socialismo).
Bem, eu sugiro que a Igreja faça mais seminários com economistas, mas que sobretudo ela examine a história econômica e veja quais são os dados da realidade. Mesmo se ela não quiser estudar teoria econômica, e ler dos dados da história, pode ficar com alguns dados mais atuais, como os abaixo relatados por esse economista simples...
Paulo Roberto de Almeida

O papa Francisco, a desigualdade de renda, a pobreza e o capitalismo
Instituto Mises Brasil, sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

 

94571746.jpgAs críticas ao livre mercado feitas pelo papa Francisco em sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium ("A Alegria do Evangelho") geraram fortes reações ao redor do mundo.  Uma atenção especial foi dedicada a uma passagem na qual o documento faz uma crítica "às teorias do 'gotejamento'[1], as quais supõem que o crescimento econômico, estimulado por um livre mercado, irá inevitavelmente produzir maior igualdade e inclusão social no mundo. Esta opinião, que nunca foi confirmada pelos fatos, exprime uma confiança vaga e ingênua na bondade daqueles que detêm o poder econômico e nos mecanismos sacralizados do sistema econômico reinante." (cap. 2, parágrafo 54).
Em primeiro lugar, é sim válido admitir a possibilidade de haver nuanças semânticas que podem levar a interpretações errôneas, pois Evangelii Gaudiium  não é um documento econômico.  Ademais, o "sistema econômico reinante" não é exatamente uma cópia heliográfica de um livre mercado.  No entanto, a crítica ao livre mercado é clara e é difícil contestar que o documento não esteja se referindo ao livre mercado, mesmo se considerarmos as nuanças semânticas.  Em segundo lugar, o termo "gotejamento" não é um termo técnico, muito menos uma teoria, mas sim apenas uma palavra depreciativa utilizada pela esquerda e por outros grupos críticos ao livre mercado.  
Este escorregão terminológico (apenas um exemplo dentre vários outros) sugere a necessidade de mais cuidado em relação às fortes alegações feitas pelo documento em relação a questões econômicas.  Declarações categóricas em um documento desta importância deveriam ser mais bem articuladas e fundamentadas.  Imagine um documento econômico crítico à Igreja fazendo um uso claramente superficial da linguagem utilizada pela entidade, acompanhada por adjetivos como "vaga e ingênua".  Utilizar definições imprecisas pode fazer com que vejamos problemas que na realidade não existem. 
Em terceiro lugar, o efeito produzido pela Evangelii Gaudium sobre a opinião pública nos convida a analisar e a comparar alguns indicadores gerais sobre o bem-estar econômico e social daqueles países que são mais inclinados ao livre mercado em relação àqueles que são menos propensos ao livre mercado.  Seria verdade que o livre mercado deixa os mais pobres desamparados e marginalizados?  O que há de verdade e o que há de mito nas frequentes e abundantes críticas ao "capitalismo selvagem"?  O que o papa Francisco expressou foi, na realidade, apenas uma repetição desta generalizada crença que permeia vários setores da sociedade na maioria dos países ao redor do mundo.
Se agruparmos os países do mundo em quatro categorias de acordo com sua liberdade econômica fica mais fácil obter uma perspectiva da situação social e econômica dos países mais livres e dos menos livres.  Isso permite a obtenção de um gradiente de resultados e também nos permite observar as diferenças entre os países mais livres e os menos livres.  É importante deixar claro que foram levados em conta os dados de todos os países, e não apenas os dados de alguns poucos (mais detalhes metodológicos aqui) — afinal, tal trapaça permitiria que tanto um crítico quanto um defensor do livre mercado escolhessem apenas aqueles países que mais lhes fossem convenientes.  É necessário utilizar toda a amostra como referência, e não uma mera seleção ad hoc.
Vamos, então, analisar alguns dados econômicos e sociais dos países ao redor do mundo de acordo com sua liberdade econômica.
Os gráficos a seguir mostram o PIB per capita mensurado de acordo com a paridade do poder de compra da população (ou seja, já ajustado pelo custo de vida) e a taxa de crescimento médio durante um período de 10 anos.  Os países estão separados em quatro grupos de acordo com sua liberdade econômica.  Em azul, o grupo dos países economicamente mais livres do mundo.  Em vermelho, o grupo dos menos livres.  Em verde e em amarelo, os países de liberdade intermediária, sendo os países do grupo verde mais livres que os do grupo amarelo. 
Como os gráficos mostram, os países mais livres não apenas são mais ricos, como também crescem mais rapidamente no longo prazo. (As fontes estão listadas no final do artigo.)
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Gráfico 1: PIB per capita ajustado pelo poder compra.  Em azul, o grupo dos países economicamente mais livres do mundo.  Em vermelho, o grupo dos menos livres.  Em verde e em amarelo, os países de liberdade intermediária, sendo os países do grupo verde mais livres que os do grupo amarelo.

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Gráfico 2: taxa de crescimento médio do PIB per capita entre 1991 e 2011. Em azul, o grupo dos países economicamente mais livres do mundo.  Em vermelho, o grupo dos menos livres.  Em verde e em amarelo, os países de liberdade intermediária, sendo os países do grupo verde mais livres que os do grupo amarelo.

Ao serem confrontados com estes resultados, a principal objeção apresentada pelos intervencionistas é que o PIB per capita (ajustado pela paridade do poder de compra) é apenas um valor médio, o qual nada diz sobre a distribuição de renda.  Ao recorrerem a este argumento, a intenção implícita dos intervencionistas é afirmar que os países mais ricos apresentam uma distribuição de renda mais desigual.  Ou seja, o crescimento gerado pelo livre mercado seria inegável, mas seria um crescimento imoral.
Antes de tudo, é válido observar que a maneira como a renda é distribuída pode ter várias causas.  Um sistema em que haja uma distribuição desigual de renda em decorrência do fato de que o partido político que está no poder beneficia alguns poucos setores empresariais (como ocorre no "capitalismo de estado") à custa dos consumidores é diferente de um sistema em que as diferenças na distribuição de renda ocorrem em decorrência do fato de que alguns empreendedores e indivíduos são mais bem-sucedidos do que outros.  O primeiro caso retrata uma distribuição de renda "ruim" ao passo que o segundo caso representa uma distribuição "boa", pois ela promove o real crescimento econômico. 
Essa diferença conceitual — e o fato de que impor uma igualdade de renda requer a abolição da igualdade perante a lei — parece ser um problema ignorado por aqueles que utilizam a distribuição de renda como principal argumento contra o livre mercado.
Por exemplo, onde estão os Steve Jobs, os Bill Gates e os Jeff Bezos de países como Cuba e Coréia do Norte?  Uma maneira de constatar se a distribuição de renda de um país é tão ruim quanto alegam os intervencionistas é analisar a fatia da renda recebida pelos 10% mais pobres da população.
Os gráficos a seguir mostram a renda per capita dos 10% mais pobres dos quatro grupos de países.  O gráfico 3 mostra que os 10% mais pobres recebem, em média, a mesma porcentagem da renda tanto nos países mais livre quanto nos menos livres, o que significa que a fatia de renda apropriada pelos mais pobres é semelhante independentemente da liberdade econômica do país.
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Gráfico 3: porcentagem da renda total apropriada pelos 10% mais pobres.  Em azul, o grupo dos países economicamente mais livres do mundo.  Em vermelho, o grupo dos menos livres.  Em verde e em amarelo, os países de liberdade intermediária, sendo os países do grupo verde mais livres que os do grupo amarelo.

Como mostrado no gráfico acima, se você faz parte dos 10% mais pobres, não faz muita diferença se você vive em um dos países menos livres do mundo ou em um dos mais livres.  Em termos de percentuais, seu grupo irá receber aproximadamente apenas 2,6% da renda total.
No entanto, há uma diferença crucial: o valor desta renda.  Se você vive em um dos países menos livres do mundo, você terá de se virar com US$932 por ano.  Por outro lado, se você vive em um país livre, você terá uma renda anual de US$10.556.  Este detalhe não é nada insignificante.
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Gráfico 4: renda anual per capita dos 10% mais pobres. Em azul, o grupo dos países economicamente mais livres do mundo.  Em vermelho, o grupo dos menos livres.  Em verde e em amarelo, os países de liberdade intermediária, sendo os países do grupo verde mais livres que os do grupo amarelo.

Novamente, ao serem confrontados com estes resultados, a principal objeção apresentada pelos intervencionistas é que estes dados mostram apenas o quintil da renda mais baixa, e que seria mais apropriado prestar atenção a indicadores como o Coeficiente de Gini, o qual mensura a distribuição de renda de toda a população.  Uma distribuição perfeitamente igualitária resulta em um Coeficiente de Gini de 0, e uma distribuição perfeitamente desigual (no qual apenas um indivíduo concentra toda a riqueza do país) resulta em um valor de 100.
O gráfico abaixo mostra o Coeficiente de Gini para os 25 países mais economicamente livres (em vermelho) e os 25 países menos economicamente livres (em azul).  Atenção que a partir de agora as cores se invertem: os países mais economicamente livres estão em vermelho, e os menos, em azul.
Como pode ser visto, na média, as economias mais livres apresentam uma melhor distribuição de renda de acordo com este indicador.  O argumento de que economias livres apresentam maior desigualdade de renda é um mito gerado pelo simples erro de se observar apenas alguns poucos países e não a totalidade da amostra.  Ao selecionarmos apenas alguns poucos países podemos inconscientemente escolher países que confirmam nossas ideologias e ideias pré-concebidas.  Mas isso não ocorre se analisarmos toda a amostra. 
Logo, a pergunta é: se você sabe que pertencerá à seção dos mais pobres de uma população, em qual tipo de país você preferiria viver: em um dos mais livres do mundo ou em um dos menos livres?  Os mais "pobres" dos EUA, por exemplo, possuem uma renda 60% maior do que a renda da população mundial.
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Gráfico 5: Coeficiente de Gini para os 25 países mais economicamente livres do mundo (vermelho) e para os 25 menos livres do mundo (azul).  Quanto menor o número, menor a desigualdade de renda entre pobres e ricos.

Novamente, ao serem confrontados com estes resultados, a principal objeção apresentada pelos intervencionistas é que os dados representam apenas uma fotografia do momento; ele não captam a evolução dos dados, os quais mostrariam que os ricos estão ficando mais ricos e os pobres, mais pobres. 
O gráfico abaixo mostra a mudança ocorrida na renda média de cada quintil de renda da população.  Como é possível ver, é verdade que os ricos estão ficando mais ricos (exceto justamente no quintil superior), mas o fato é que os quintis de renda mais baixa estão, na média, vivenciando um aumento de renda a uma taxa superior ao aumento observado nos quintis maiores.  O gráfico mostra a diferença de renda entre pais e filhos que pertencem ao mesmo quintil.
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Gráfico 6: evolução da renda da população nos países mais economicamente livres do mundo separadas por quintis.  Em azul, a renda dos pais.  Em vermelho, a renda dos filhos, ou seja, a renda da geração seguinte.

Não apenas é um mito dizer que as economias que apresentam mercados mais livres são mais propensas a apresentar uma pior distribuição de renda, como a realidade é que a pobreza diminuiu ao longo das últimas décadas.
O gráfico abaixo mostra o declínio da população que vive com menos de US$1 por dia entre 1970 e 2000.  Durante estes 30 anos, a população que ganha menos de US$1 por dia caiu para quase um terço do valor inicial.  Dado que as economias mais livres estão crescendo mais rapidamente, e que as economias menos livres estão crescendo mais lentamente, fica claro qual é o grupo de países que está liderando a redução da pobreza e qual é o grupo que está retardando o processo.
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Gráfico 7: distribuição mundial de renda.  No eixo X, o valor da renda per capita.  No eixo Y, o número de pessoas que ganham um valor específico de renda per capita.  Observe o marco do $1/day (um dólar por dia) e como o número de pessoas que ganham esse valor específico caiu ao longo de três décadas.

Vejamos agora alguns indicadores sociais e ambientais que são de interesse geral.  O gráfico 8 mostra o trabalho infantil, o gráfico 9 mostra a poluição ambiental e o gráfico 10 mostra a taxa de desmatamento.  Novamente é possível ver a persistência dos mitos sobre os supostos malefícios do livre mercado.  Os países mais livres do mundo, na média, apresentam menos trabalho infantil e níveis mais baixos de poluição.  Já o gráfico 10 mostra que os países menos livres, na média, apresentam mais desmatamento, ao passo que os mais livres estão reflorestando suas terras.
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Gráfico 8: Porcentagem de crianças entre 5 e 14 anos que trabalham. Em azul, os países menos economicamente livres.  Em vermelho, os países mais economicamente livres.

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Gráfico 9: Nível de poluição.  Em azul, os países menos economicamente livres.  Em vermelho, os países mais economicamente livres.

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Gráfico 10: taxa de desmatamento (negativa) e de reflorestamento (positiva). Em azul, os países menos economicamente livres.  Em vermelho, os países mais economicamente livres

Conclusão
Primeiramente, defensores do livre mercado não afirmam que tal sistema econômico é perfeito.  Mas promover intervenções no mercado utilizando a desculpa de que o mercado não é perfeito é uma medida que não ajuda em nada na criação de riqueza e na redução da pobreza.  De fato, o livre mercado não é perfeito; no entanto, é insensato fazer desta imperfeição a desculpa para se promover arranjos institucionais menos eficientes.
Segundo, todos os resultados acima se mantêm se olharmos as diferenças entre os países mais e menos livres, porém restringindo a amostra somente para países pequenos.  Ou seja, os dados acima não decorrem de uma deturpação estatística gerada por "países grandes", os quais, simplesmente por serem grandes, afetam os resultados gerais.
Terceiro, os mesmos resultados também são observados se pegarmos apenas o grupo dos países menos livres e analisarmos os países mais livres e os menos livres dentro deste grupo.  Isso significa que a teoria da exploração internacional não se sustenta.  Dentro do grupo dos países menos livres, as economias que possuem mais liberdade apresentam indicadores sociais e econômicos melhores do que os das economias menos livres.
Por último, mas não menos importante, os comentários presente neste artigo se propõem a desmascarar críticas comuns feitas ao livre mercado, as quais são opiniões generalizadas que transcendem em muito o documento papal em questão.  Estes comentários não têm a intenção de questionar a autoridade espiritual e religiosa das autoridades máximas da Igreja, mas é sempre bom não confundir autoridade espiritual e religiosa com autoridade econômica.
Fontes utilizadas:



[1] Este termo pejorativo é uma tradução livre da expressão "trickle-down economics", criada durante a Grande Depressão, mas popularizada durante a era Reagan.  A expressão "trickle-down", que literalmente significa "pingar de cima para baixo", é uma referência pejorativa à teoria de que cortes de impostos para os mais ricos irão acabar beneficiando também os mais pobres — daí a expressão "pingar de cima para baixo".
Nicolás Cachanosky é professor assistente de Economia na Metropolitan State University, em Denver.

1824-2014: preparando os 190 anos da imigracao alema ao Brasil - informe

Balanço e projeção: Comemorações dos 190 Anos da Imigração Alemã no Brasil (1824-2014)

190 anos da Imigração Alemã. Boletim Informativo semanal 2013 - semana 51. Faltam 33 semanas até 25.07.2014. Resgatando o passado - Integrando o presente - Projetando o futuro

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Fim de ano se aproximando, tempo para avaliações e projeções também em relação aos 190 Anos da Imigração Alemã. O ano de 2013 serviu para aquecer os tamborins, 2014 será o ano marcante dos 190 Anos, rumo aos 200 Anos da Imigração Alemã em 2024. Muito já foi feito, muito mais está por fazer. O nível de conscientização geral de um quarto da população de origem alemã do RS vai ditar os verdadeiros rumos desta mobilização.
A missão da Comissão Executiva é induzir, suscitar, coordenar, elencar, registrar iniciativas múltiplas nascidas no seio das comunidades, das entidades, dos clubes e sociedades.

A última reunião das Comissões Oficial e Executiva dos 190 Anos da Imigração Alemã no RS, dia 17/12/2013, às 18h, no Centro Cultural 25 de Julho de Porto Alegre (secretariada por Arlindo Mallmann, diretor do Depto. Cultural e presidida por Sílvio Aloysio Rockenbach, diretor de Comunicação e presidente em exercício, com a presença dos conselheiros Hans Peter Gerwig, Décio Krohn, Gerhard Jacob, Walter Coswig, Arlindo Mallmann, Björn Heunisch (Câmara Brasil-Alemanha), Jacinto Klein (Bom Princípio, RS), Darli ReneuBreunig (IFPLA – Ivoti, RS), Hilda Hübner Flores e Moacir Flores (historiadores) e com as ausências justificadas de Rudolf Fritsch, Magali Elian Hochberg, coordenadora de Eventos do Gabinete do Governador Tarso Genro; André Meyer da Silva; Josiane Richer - ARPA (Associação Riograndense de Professores de Alemão e ABRAPA – Associação Brasileira de Professores de Alemão); Fraga Cirne - MTG, Verônica Kühle – Consulado Geral da Alemanha, Felipe Kuhn Braun – Novo Hamburgo, Cida Herok – Cida Cultural), refletiu as prioridades da mobilização:
1) Ficou estabelecida a prioridade de amplo uso e difusão da logomarca da Imigração Alemã, disponibilizada gratuitamente nos anexos, para fins não comerciais, em duas versões básicas em português e duas em alemão, com detalhadas orientações de uso. Em breve também no site específico www.iab190anos.com (IAB = Imigração Alemã no Brasil), recentemente inserido no portal oficial www.brasilalemanha.com.br.
2) Na mesma linha de ação, Hans Peter Gerwy entregou banners dos 190 Anos a Walter Coswig, do Gabinete do Vice-Governador Beto Grill; a Björn Heunisch, da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha; ao Prof. Darli Breunig do IFPLA-Ivoti; e a Jacinto Klein, da Jacinto Klein Intercâmbios Culturais, de Bom Princípio, bem como cartazes dos 190 Anos a todos os presentes.
3) A partir da 2ª. quinzena de janeiro começará a comercialização de camisetas com a logomarca da Imigração Alemã no Brasil/Deutsche Einwanderung in Brasilien e posteriormente chegará a vez de outras plataformas (adesivos para automóveis, copos, toalhas etc) no ritmo da demanda. Pedidos pelo e-mail comissaoimigracaoalemars@gmail.com .
4) Enfatizou-se a necessidade de confecção de cartazes e a utilização da logomarca em folders, programações e publicações em geral, conforme as orientações de uso, evitando-se qualquer associação ou montagem com outros símbolos.
4) A série de 10 apresentações da OSPA (Orquestra Sinfônica de Porto Alegre) em 10 cidades-polo da imigração alemã no RS, de março a dezembro de 2014, está na reta final de avaliação pela Lei de Incentivo à Cultura. Segundo Cida Herok, da Cida Planejamento Cultural, contatos com as Prefeituras e potenciais patrocinadores locais de Santa Cruz do Sul (concerto em 30 03 2014), Rio Grande (21.04), Novo Hamburgo (06.05); Lajeado (17.06), Pelotas (23.06), São Leopoldo (24.07), Caxias do Sul (16.09), Santa Rosa (17.11), Nova Petrópolis (14.12), Porto Alegre (21.12) serão retomados após a aprovação da Projeto pela LIC. Em perspectiva um co-patrocínio da Petrobras. Ijuí e outras cidades são candidatas potenciais, no caso de alguma desistência.

5) A Comissão comprometeu-se com o MTG – Movimento Tradicionalista Gaúcho, através do seu conselheiro Fraga Cirne, a designar um palestrante sobre “A colonização alemã no RS”, no dia 11 de janeiro de 2014, às 10h45min, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, integrando a programação do 61º. Congresso Tradicionalista Gaúcho. Nome do palestrante: Prof. Dr. René Gertz, da UFRGS (aposentado) e PUCRS.
6) Em março será publicado o edital de lançamento da nona edição da Premiação Distinção Imigração Alemã 2014 no RS, para a indicação de candidatos representativos da capital e do interior do Estado através de entidades representativas.
7) Um Calendário Oficial de Eventos foi aberto no site específico www.iab190anos.com, no qual as entidades são convidadas a registrarem seus eventos ligados à cultura alemã através do e-mail comissaoimigracaoalemars@gmail.com, com cópia para contato@brasilalemanha.com.br. O site recebeu o importante reforço do trio musical The Schneiders (pai, filha e filho) para a melhor formatação e dinamização dos conteúdos.
8) O responsável pelo Departamento Cultural na Comissão, Arlindo Mallmann, relatou uma série de eventos musicais, religiosos, cívicos e sociais já definidos. Além das apresentações da OSPA, esperam-se eventos de todos os grupos musicais do Estado, de todas as características. A FECORS – Federação de Coros do RS prevê para seu Festival de Coros 2014 a inclusão obrigatória de uma canção em língua alemã para todos os coros participantes. Além disso, pretende reativar seu Festival Internacional de Coros em Porto Alegre, de muita repercussão na década de 1960, com a possível participação de seis coros internacionais e três de outros Estados brasileiros, tendo como local os anfiteatros Danta Barone, da Assembleia Legislativa, e o Salão de Atos da UFRGS.
Entre os eventos religiosos previstos para junho/julho de 2014 estão:
29/06/2014 – Igreja da Paz – Av.Sertório – Porto Alegre - 110 Anos de Existência da Comunidade e 190 Anos da Imigração Alemã
13/07/2014 – Igreja Cristo – Av.Pres. Roosevelt – 190 anos
20/07/2014 – Igreja da Reconciliação – Senhor dos Passos – 190 anos
27/07/2014 – Igreja São José – 90 anos da igreja, 192 anos da Independência do Brasil e 190 Anos da Imigração Alemã.
Todas as comunidades religiosas e sociais de origem alemã são instadas a realizarem eventos dentro de sua tradição, em homenagem aos seus pioneiros.
Entre eventos cívicos estão previstas:
18/07/2014 – Premiação dos Destaques da Imigração Alemã na Capital e no Interior, no Centro Cultural 25de Julho de Porto Alegre.
25/07/2014 – 190 anos em São Leopoldo (aos cuidados da Prefeitura de São Leopoldo)
Sessões Solenes:
- Câmara de Vereadores de Porto Alegre
- Câmara de Vereadores de São Leopoldo
- Assembleia Legislativa do RS         
- Câmara dos Deputados – Brasília – DF
Eventos sociais (bailes, jantares etc) e esportivos (torneios, competições, regatas etc) a cargo dos Clubes e Sociedades, tendo-se sempre o cuidado de utilizar a logomarca da Imigração Alemã e de registrá-los no Calendário Oficial de Eventos.
A Leopoldina Juvenil, de Porto Alegre, através da sua representante na Comissão, Suzana Porcello Schilling, prevê uma das apresentações mensais do Domingo Clássico Juvenil dedicada à música ou compositores alemães, com a Orquesta da Ulbra, e outras iniciativas de sua recém empossada Diretoria. Também a logo da Imigração Alemã deverá ser divulgada, a exemplo do que fez a própria Suzana em seu livro "Edith Travi : uma mulher de fibra", lançado em outubro de 2012.
A Câmara Brasil-Alemanha prevê uma edição especial do seu mais tradicional evento, a Reunião-Almoço mensal, na terceira quinta-feira do mês, e uma publicação ou outro evento que discorra sobre a contribuição alemã para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul. Também a valorização da logomarca está nos propósitos do seu gerente-geral Valmor Kerber, representante da entidade na Comissão.
O Clube Veleiros do Sul, através do seu Conselheiro Nelson Ilha, incluirá em suas comemorações dos 190 Anos da Imigração Alemã, de 17 a 20 de abril de 2014 - Campeonato Sul Americano da Classe Soling; dias 16 e 17 de agosto de 2014 - Copa Amizade da Classe Soling; e 11 de Outubro - OktoberFest - Veleiros do Sul, com inclusão da logomarca no programa e nos convites.
A Coordenação de Eventos do Gabinete do Governador Tarso Genro, através da coordenadora Magali Elian Hochberg, solicita ser informada sobre as resoluções da reunião e se disponibiliza para repassar as informações internamente no Gabinete.
A historiadora Hilda Hübner Flores relata que tenta, juntamente com o pediatra e museólogo Dr. Flávio Seibt,  mobilizar sua cidade natal, Venâncio Aires, para o lançamento de dois álbuns cinquentenários: o de Linha Isabel e o de Sampaio/Alto Sampaio, que “trazem riquíssimo relato de como foi o início dos imigrantes na nova pátria”.

A Unisinos e o Instituto Histórico de São Leopoldo, em parceria com a Associação Nacional de Pesquisadores de História das Comunidades Teuto-Brasileiras, promoverão o Seminário Internacional "FESTAS, COMEMORAÇÕES E REMEMORAÇÕES" e o XXI SIMPÓSIO DE HISTÓRIA DA IMIGRAÇÃO E COLONIZAÇÃO (em evento único), nas dependências da Unisinos, de 24 a 26 de setembro de 2014 - seminário iniciado pelo Prof. Telmo Lauro Müller, em 1974, que tem continuidade até hoje, conforme salienta o Prof. Marcos Witt, do Programa de Pós-Graduação em História e do Núcleo de Estudos Teuto-Brasileiros – NETB, da Unisinos.
Próximas metas:
- formatação das Comissões Municipais das Comemorações dos 190 Anos da Imigração Alemã
- formatação e divulgação nominal de contatos de uma Equipe de Historiadores para Conferências e Entrevistas sobre a Imigração Alemã
- formatação de um Banco de Ideias para comemorar os 190 Anos
- incentivo à formação de parcerias de cidade coirmãs com comunidades das regiões de emigração da Alemanha
- aprimoramento do recém criado site específico www.iab190anos.com dentro do portal BrasilAlemanha, com especial atenção ao Calendário Oficial de Eventos. 


Comissão Executiva das Comemorações dos 190 Anos da Imigração Alemã no RS
comissaoimigracaoalemars@gmail.com.br  -  www.brasilalemanha.com.br
Sílvio Aloysio Rockenbach - diretor de Comunicação/presidente em exercício
Airton Corrêa Schuch – secretário licenciado
Arlindo Mallmann – secretário “ad hoc”
- See more at: http://www.brasilalemanha.com.br/novo_site/noticia/balanco-e-projecao-das-comemoracoes-dos-190-anos-da-imigracao-alema-no-brasil-1824-2014/2931#sthash.KpwlrCOx.dpuf

Mao Tse-tung: um tirano de 120 anos, se ainda existisse... - Shanghai Daily, Le Monde

E os herdeiros do PCC continuam a honrá-lo, como se fosse um grande salvador do povo chinês, quando na verdade contribui para a morte, morrida ou matada, de pelo menos 60 milhões de chineses...
Paulo Roberto de Almeida


Qiu, 65 ans, dans les rues de Shanghai en décembre 2013. REUTERS/ALY SONG

La Chine commémore le 120e anniversaire de Mao

Le Monde.fr avec AFP et Reuters

Admirateurs et nostalgiques de Mao Zedong célèbrent, jeudi 26 décembre, le 120ème anniversaire de la naissance du révolutionnaire qui fonda la Chine communiste, aujourd'hui divisée sur son héritage. Douze décennies représentent un jalon symbolique en Chine, où le temps est traditionnellement découpé en cycles de soixante ans.

Après trois décennies de réformes qui ont introduit le capitalisme en Chine, Mao est devenu un point de ralliement pour ceux qui déplorent l'écart abyssal entre riches et pauvres et la corruption endémique, source d'inquiétude majeure pour le Parti communiste chinois (PCC), qui s'applique à faire taire toute contestation.

>> Lire l'éditorial (en édition abonnés) : Pékin réforme l'économie, pas la politique

En vénérant Mao, l'aile gauche du parti tente ainsi de faire pression sur le pouvoir, favorable à une certaine libéralisation économique, tout en évitant d'entrer ouvertement en dissidence. Selon une source politique, les membres du Comité permanent du bureau politique du PCC participeront aux commémorations« pour apaiser l'aile gauche du parti », après les décisions du troisième plénum du XVIIIe Comité central, dont l'assouplissement de la politique de l'enfant unique et une série de réformes économiques et sociales.

>> Lire : Pékin et le dogme de l'enfant unique

DES CÉRÉMONIES « GRANDIOSES »

Mais si les principaux dignitaires du PCC devraient participer aux commémorations prévues à Pékin, de nombreuses cérémonies ont été annulées en province, selon des sources proches du pouvoir. « Il y aura une représentation de haut niveau, mais un nombre réduit d'événements », a dit l'une d'elles. « Les cérémonies doivent être grandioses, sinon les gens ne seront pas contents », souligne une autre source.

Les partisans du « grand timonier », qui dirigea la Chine pendant plus d'un quart de siècle, sont attendus par milliers dans sa ville natale de Shaoshan, dans la province centrale du Hunan, où il a passé sa jeunesse. Ces cérémonies évoqueront « une image sans tache de Mao, grand dirigeant révolutionnaire », assure Kirk Denton, professeur à l'Université américaine de l'Ohio, qui a mené des recherches à Shaoshan.

Les révélations en octobre dans la presse chinoise du coût des célébrations – l'équivalent de 2,5 milliards de dollars – ont fait scandale sur Internet, jusqu'à ce que le président Xi Jinping demande un hommage « solennel, simple et pragmatique ». Son corps embaumé reste exposé au mausolée de la place Tiananmen à Pékin, où trône toujours son portrait, et toute discusion ou publication à son sujet sortant de la ligne officielle demeure interdite.

FORTE POPULARITÉ

Après sa mort en 1976, le PCC a décrété que Mao avait eu« raison à 70 % et tort à 30 % »Mais selon un sondage publié mardi par le Global Times, un quotidien du PCC, les Chinois seraient encore plus bienveillants à son égard. 85 % des sondés se sont déclarés d'accord avec le fait que ses mérites dépassent ses erreurs, contre 12 % qui n'étaient pas d'accord. Près de 90 % des sondés ont aussi estimé que « le plus grand mérite » de Mao était d'avoir « fondé une nation indépendante grâce à la révolution ».

Bouquiniste sur un marché de Pékin, le 26 décembre. AP/Alexander F. Yuan

« L'anniversaire est un grand jour pour le peuple chinois », a déclaré, jeudi, Shen Yang, une homme d'affaires de 48 ans qui fera le voyage à Shaoshan. « Je crois que la nouvelle Chine créée par Mao est grandiose, et c'est pour cela que nous devrions lui rendre hommage et croire en lui », dit-il, précisant qu'il déposera une gerbe de fleurs à la maison natale de Mao et s'offrira pour l'occasion un repas de nouilles, le mets traditionnel des anniversaires.

Une stricte censure empêche les Chinois d'accéder à toute autre version que celle du PCC, soigneusement expurgée, des vingt-sept ans durant lesquels Mao a dirigé leur pays. La « grande famine » des années 1958-1962 et son bilan catastrophique restent ainsi un phénomène largement ignoré du grand public. Parmi les sondés, les jeunes et les plus instruits se sont montrés plus critiques à l'égard de Mao, selon le Global Times.

FAMINES, GUERRE CIVILE, RÉPRESSIONS

Mao Zedong, qui mena le Parti communiste chinois à la victoire en 1949 après une sanglante guerre civile, reste toutefois, pour certains Chinois, un tyran dont les désastreuses campagnes politiques ont coûté des millions de morts au pays. Les historiens estiment qu'au moins un million de Chinois ont été massacrés dans le mouvement de redistribution des terres des années cinquante, sans compter les purges d'opposants réels ou supposés destinées à consolider son pouvoir.

Bien plus sanglant encore a été le « grand bond en avant » déclenché en 1958 pour rattraper les économies occidentales, qui laissera derrière lui en 1962 plus de 40 millions de morts, la plupart de famine. Dès 1966 et pour dix ans, il est suivi de la« révolution culturelle », déclenchée par Mao pour reprendre les rênes et éliminer ses adversaires, plongeant le pays dans une quasi-guerre civile qui a fait un demi-million de morts pour la seule année 1967.

« La plus grande faute de Mao a été d'interrompre la progression de la Chine vers un système constitutionnel et la démocratie », estime l'historien Zhang Lifan dans un commentaire sur Internet, à l'occasion de l'anniversaire. « Il a entraîné la Chine dans la guerre de classes et la voie sans issue du régime de parti unique ». Le président Xi Jinping a lui-même souffert des conséquences de la révolution culturelle puisqu'après l'emprisonnement de son père, il avait été envoyé vivre à la campagne, comme des millions de jeunes urbains.

>> Voir l'infographie : De Mao à Xi Jinping : cinq générations au pouvoir en Chine

Mais le PCC continue « de se servir de Mao comme d'une sorte de figure paternelle de la révolution », source de « sa légitimité et de son discours sur la libération nationale », relève Kirk Denton. Si le PCC a conservé le pouvoir après la mort de Mao, c'est pourtant en pratiquant une politique économique à l'exact opposé de celle préconisée par l'ancien leader.

>> Lire aussi (en édition abonnés) : En Chine, "rectification des cadres" et retour à Mao

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Mao’s residence spruced up

O Bolsismo: uma enfermidade estrutural dos companheiros, na verdade um curral eleitoral...

Mauricio David me envia este artigo publicado hoje no Estadão, com seus comentários iniciais, que não me eximo de comentar, ao final de sua introdução, mas concordando inteiramente com a visão sobre os efeitos nefastos das bolsas governamentais. De fato, eu considero esses programas -- sempre considerei, desde o seu início -- como um gigantesco curral eleitoral, uma armadilha que a oposição nunca conseguiu desmontar, e que, ao contrário, promete mais, ainda mais, quer congelar, estatizar, ampliar e constitucionalizar essa vergonha nacional.
Paulo Roberto de Almeida

Entre os mitos do Brasil de hoje, poucos há como o milagre contemporâneo do fenômeno bíblico da multiplicação dos pães - ou seja, a chamada bolsa-família. Sinto-me à vontade para criticar a maneira como o bolsa família está sendo implementado no Brasil, até porque fui um dos pioneiros na análise e defesa deste tipo de política de  combate à pobreza, tema central da minha tese de doutorado elaborada a fins dos anos 90 e defendida na Universidade de Paris XIII em 2001 (quando as políticas que passavam pela cabeça do Lula e do PT ainda eram o rudimentar Programa Fome Zero, cuja tentativa de implementação Lula quis fazer ser o carro-chefe do seu governo e logo abandonou ao constatar que era pura "masturbação sociológica" dos seus assessores José Graziano e Frei Betto, prontamente colocados para escanteio no governo).  Mas ainda hoje recebo frequentes perguntas de amigos do exterior, que acreditam nas maravilhas do programa que foi rebatizado como "Bolsa Família" e tornou-se a principal ferramenta de política social do ciclo Lula-Dilma.

O artigo que reproduzo abaixo é de um dos melhores especialistas brasileiros em agricultura e movimentos sociais, o sociólogo gaúcho Zander Navarro. Zander é uma referencia nacional e internacional, respeitado nos fóruns especializados como um profundo conhecedor do tema. As questões que Zander levanta merecem uma reflexão profunda. Destaco três pontos em seu artigo : (1) a questão fundamental de uma cultura "bolsista", hipótese grave cujo impacto futuro no desenho da sociedade que vamos construir (ou estamos construindo) ainda está por ser estudado em sua plenitude,; (2) as ilustrações objetivas que Zander trás sobre o impacto do Bolsa Família em diferentes comunidades, espelho do que possivelmente está transcorrendo em larga escala; e (3) a importância de trazer novamente à baila as observações feitas a mais de um século atrás por Alexander Chayanov, economista agrícola russo pouco conhecido ou estudado no Brasil mas referencia clássica nos estudos de economia agrícola.

Uma contribuição fundamental a que trás Zander Navarro à análise das políticas redistributivas, que vieram para ficar, para o bem e para o mal...
E eis aqui um excelente tema para ser aprofundado em uma (ou várias) teses doutorais. A nossa pós-graduação anda meio perdida na análise de modelos teóricos pouco ancorados em nossa realidade. Quantos Celsos Furtados não estão perdidos por aí, aguardando a possibilidade de emergir e florescer a partir de estudos concretos de nossa realidade concreta ?

Mauricio Dias David, um professor que ainda  acredita que o melhor de Celso Furtado eram a sua metodologia e o seu compromisso com o estudo estrutural dos problemas da nossa economia...

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Comentário PRA: 
Não reconheço em Celso Furtado uma sumidade em economia do desenvolvimento, sequer como economista teórico. Ele não passava de um keynesiano com conhecimento de história do Brasil. Sua tentativa de explicar o subdesenvolvimento por mecanismos outros que os da economia neoclássica, ou até da síntese neokeynesiana, não leva a nada, a não ser a uma justificativa da inflação como mecanismo redistributivo em favor dos ricos, sob pretexto de investimento. Suas recomendações de política econômica promoveram a persistência do inflacionismo entre os economistas brasileiros e de uma versão ainda mais ingênua, rústica, pouco elaborada do cepalianismo, ou seja, do prebischianismo, com muitos equívocos teóricos e sobretudo práticos.
Paulo Roberto de Almeida 

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As entranhas do bolsismo
Zander Navarro
O Estado de S.Paulo, 25/12/2013

Em viagem de pesquisa visitei áreas rurais na divisa do Maranhão com o Pará. Muitos pequenos povoados com centenas de motos cruzando as estradas da região. Inúmeros sinais de continuidade do atraso histórico, mas iguais evidências, ainda embrionárias, de algum dinamismo social.

Em sua casa de barro, conversei com um jovem agricultor. Recém-casado e com um filho de 6 meses, ele cultiva uma pequena roça com mandioca, praticando a "agricultura no toco", que significa o desmate de uma área de mata original e o plantio após a queimada dos remanescentes florestais. Só vende a farinha se precisar de dinheiro, pois recebe uma bolsa do programa Mais Educação. E o que faz? "Sou professor de agroecologia", diz com certo orgulho. Ele explica que se trata de ensinar a preparação de "canteiros sustentáveis, plantar horta sem venenos", adiantando, contudo, que não foi treinado e, por isso, não sabe "ainda o que é agroecologia". Trabalha um dia por semana na escola da comunidade e recebe R$ 600 mensais.

Em outra comunidade rural, o líder que organizou o levantamento dos interessados locais no programa Minha Casa, Minha Vida afirma que serão oferecidos empréstimos de R$ 35 mil, mas cada família pagará apenas R$ 1 mil, divididos em quatro anos, indicando um subsídio de 97% nas futuras moradias. A dele é uma modesta casa de chão batido e seus olhos brilham ante a perspectiva de mudança. Fazia pouco tempo que esse agricultor assistira a uma conferência em Belém, destinada a representantes comunitários do programa, durante a qual foi escolhido para participar da conferência nacional, em Brasília. Não conhece nada além do Pará e a chance da viagem também alegra o líder da comunidade.

Já em Salvador, uma candidata a empregada doméstica foi entrevistada na casa da senhora contratante. Acertados o salário e os horários de trabalho, ela impôs uma inesperada exigência: não queria ter a Carteira de Trabalho assinada. Diante da surpresa, explicou que se for assim perderá o "auxílio-pesca" que recebe há quase dez anos. "Mas você é pescadora?" Ela riu e disse que nunca fez isso, mas em seu município de origem todos recebem o benefício federal, mesmo não sendo pescadores. Mora com o marido na capital, mas mantém o endereço anterior para continuar beneficiária. Pretendem se mudar para a cidade de Conde, pois lá ofereceriam adicionalmente uma cesta básica por mês.

No outro lado do País, diversos resultados de estudos realizados nas reservas extrativistas do Acre demonstram processos sociais similares, notavelmente adaptados ao sistema de bolsas e auxílios oferecidos pelo governo federal desde 2003. Na famosa Reserva Extrativista Chico Mendes, a principal atividade atualmente não é o extrativismo, mas a pecuária de corte, de fato proibida pelas normas do Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Nem por isso, no entanto, muitos deixam de receber a Bolsa Verde. Aliás, por essa razão, em outra reserva, no Alto Juruá, o líder da comunidade afirma: "O que mais se produz aqui é menino, pois é o que rende mais" - em referência ao recebimento de Bolsa Família e outros benefícios, como a bolsa que a mãe poderá pleitear do Programa Brasil Carinhoso.

Finalmente, fruto de pesquisas em diversas regiões, é iluminada a preocupante associação entre a multiplicação das bolsas e a redução da atividade agrícola. Repete-se, em alguma medida, o que foi verificado na década de 1990, quando a disseminação das aposentadorias rurais após a regulamentação da Constituição permitiu a inúmeras famílias rurais pobres trocar parcialmente a incerteza da produção pelo recebimento monetário certo e mensal desse direito. Em consequência, diminuiu a oferta de produtos agrícolas, sobretudo nas regiões rurais mais empobrecidas.

São ilustrações do bolsismo. Quais os seus reais impactos na sociedade brasileira, além da simplória propaganda governamental? É um debate sinuoso e desafiador, pois facilmente polariza, de um lado, a defesa intransigente e usualmente irrefletida, quase sempre partidarizada, e, de outro lado, as opostas posições, até reacionárias, que não aceitam sequer a compaixão social pelos mais pobres. Mas é preciso aprofundar a discussão, escapando desse diálogo de surdos e examinando com mais ciência e distanciamento analítico o gigantesco sistema de auxílios, bolsas e benefícios criado e as suas implicações mais variadas.

Esgotada a meta inicial do bolsismo, que era o aumento da renda dos menos favorecidos, qual será o passo seguinte? No caso das famílias rurais pobres, por exemplo, o conservadorismo do imaginário social poderá acentuar o que julga ser a inata indolência desses grupos sociais, visão já consagrada por alguns escritores no passado. Raramente se observa, contudo, que as escolhas das famílias rurais refletem um sábio cálculo econômico que pondera a exaustão da atividade e os recursos disponíveis, uma equação que um economista agrícola russo, Alexander Chayanov, desvendou quase cem anos atrás em diversos trabalhos.

Não são aceitáveis a superficialidade e as frases de falastrões, ao chegarmos aos dez anos do Programa Bolsa Família. Também é inconcebível tudo ser feito apenas para manter a estreita correlação entre a distribuição das bolsas e o apoio político ao partido no poder. Precisamos ultrapassar esse rebaixamento de cunho eleitoreiro e analisar o sistema de proteção social brasileiro com mais transparência, refinamento e visão de nação. Trata-se de uma vasta estrutura de assistência a que quase ninguém mais se opõe, mas precisa ser aperfeiçoada e transformada numa alavanca pública para promover a prosperidade geral. Manter o sistema de bolsas, que apenas se amplia, sem nenhuma estratégia, especialmente para garantir votos, desqualifica nossos esforços para construir a emancipação cidadã e estimular o desenvolvimento social do País.

Sociólogo, é professor aposentado da UFRGS


Fonte: O Estado de S. Paulo, 25dez2013

Brasil, campeao do mundo... em queda da Bolsa! - ranking mundial das bolsas

O jornalista que fez a matéria, ou o tradutor, não sabe que "mal desempenho" na verdade seria mau desempenho.
Paulo Roberto de Almeida 

25/12/2013 12h35 - Atualizado em 25/12/2013 15h53

Bovespa tem pior desempenho entre as bolsas em 2013, aponta ranking

No ano, Ibovespa caiu 16%, ficando na lanterna em lista de 48 países.
Levantamento mundial foi feito pelo analisa Jason Vieira, do MoneYou.

Do G1, em São Paulo
123 comentários
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) deve fechar o ano com o pior desempenho entre as bolsas do mundo, aponta levantamento do analista Jason Vieira, diretor-geral do portal de informações financeiras MoneYou.
Segundo o ranking das principais bolsas de 48 países, a Bovespa aparece na lanterna.
De janeiro até o fechamento do pregão de sexta-feira (20), o Ibovespa acumulou queda de 16,1%. Em 2012, o principal índice da bolsa brasileira terminou o ano com ganho de 7,4%.
"O Ibovespa tem sido o pesadelo dos investidores no Brasil e no exterior", afirma Vieira.
O segundo pior desempenho em 2013 em moeda local, segundo o ranking, é o da bolsa do Chile (IGPA ), com desvalorização de 13,35%. Na sequência, estão as bolsas da Colômbia (IGBC) e da Turquia (XU100), que perderam no ano, respectivamente, 9,32% e 9,27%.
Das 48 bolsas analisadas, 10 acumulam perdas no ano.
Na outra ponta, o destaque positivo é o índice Nikkei 225, do Japão, que avançou 59,85% no ano. Também com alta de mais de 50% estão as bolsas dos Emirados Árabes (57,29%) e do Paquistão (50,47%).
As bolsas com maior valorização no ano são as da Venezuela (485,7%) e da Argentina 88,95%). O levantamento cita, porém, a falta de credibilidade das economias destes países. "Retiraria os números disformes de Venezuela e Argentina, nos quais há sempre uma grande dificuldade em se acreditar, principalmente considerando o estado péssimo de ambos os países, porém os inclui de forma a mostrar que, em ambos os casos, a bolsa se tornou praticamente a única fonte de investimentos", afirma o economista.
Causas
Entre os fatores que explicam o mal desempenho da Bovespa em 2013, o diretor da MoneYou cita o temor de risco regulatório por parte dos estrangeiros, os juros altos, o PIB decepcionante, o tombo das ações do grupo EBX, de Eike Batista, e a falta de rumo para as ações de estímulo econômico.
"Apesar do desempenho do mercado de trabalho, com baixo desemprego, o PIB tem decepcionado a cada divulgação. Não existem reduções de IPI o suficiente para impulsionar a economia em estado de "bolha" e além disso, a alta da inflação no meio do ano, aliada aos protestos afundou a confiança na economia. Não há Copa que salve", analisa Vieira. "A comunicação do governo através de seu grande ministro e a falta de um rumo concreto para as ações de estímulo econômico também afetaram em grande monta a noção de risco, o que afasta os investidores das bolsas de valores", acrescenta.
Confira o ranking de desempenho das bolsas em 2013:
(Variação no ano até segunda-feira, 23 de dezembro)
1º Venezuela (IBVC) -  485,70%
2º Argentina (MERVAL) -  92,48%
3º Japão (NIKKEI 225) -  59,85%
4º Emirados Árabes Unidos  (ADX General) - 57,29%
5º Paquistão  (KSE100) -  50,47%
6º Nigéria (NSE 30)  - 40,66%
7º Irlanda (ISEQ)  - 33,10%
8º Dinamarca  (OMX Copenhagen)  - 25,72%
9º Egito  (EGX30)  -  25,18%
10º Arábia Saudita  (TASI)  -  24,42%
11º Alemanha  (DAX)  -   24,26%
12º Estados Unidos (Dow Jones)   -  24,02%
13º Grécia (ASE)  -   23,99%
14º Finlândia (HEX25)  -   23,81%
15º Noruega  (OBX 544) -   21,28%
16º Suécia  (OMX 30) - 19,19%
17º Suíça (SMI) -  17,67%
18º Espanha  (IBEX 35) - 17,58%
19º Bélgica  (BEL20)  -  16,57%
20º Área do Euro  (EURO STOXX 50)  - 15,95%
21º Portugal (PSI20)  - 15,76%
22º Israel (TA-25)  -  15,60%
23º França  (CAC 40)  - 15,40%
24º Austrália  (S&P/ASX 200)  - 14,93%
25º Holanda  (AEX) - 14,80%
26º Itália  (FTSE MIB)  - 14,47%
27º África do Sul (FTSE/JSE)  - 14,20%
28º Taiwan  (TWSE)  - 12,22%
29º Reino Unido (FTSE 100) - 12,17%
30º Malásia  (FTSE KLCI)  -  10,12%
31º Índia  (SENSEX) -  9,59%
32º Canadá  (S&P/TSX)  - 8,71%
33º Polônia (WIG) -  8,18%
34º Áustria (WBI) -  3,30%
35º Hong Kong  (HSI) - 2,83%
36º Rússia (MICEX)  -  2,41%
37º Coréia do Sul (KOSPI) -  1,00%
38º Filipinas (PSEi)  - 0,53%
39º Cingapura  (STI) -  (-1,30%)
40º Indonésia  (JCI)  -  (-1,59%)
41º México (IPC)  -  (-2,36%)
42º China (SSE Composite)  -  (-3,21%)
43º Tailândia (SET)  -  (-3,61%)
44º República Checa  (SE PX) -   (-5,15%)
45º Colômbia  (IGBC)  -  (-10,63%)
46º Turquia (XU100)   -  (-11,94%)
47º Chile (IGPA)  -  (-13,72%)
48º Brasil  (Ibovespa) -  (-15,82%)

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