sexta-feira, 6 de junho de 2014

Brasil: o partido totalitario tenta fazer o seu bolivarianismo

Do blog do meu amigo Orlando Tambosi:
Congresso reage ao golpismo do PT
Dilma com o tirano comunista Fidel Castro
É preciso estar atento ao fim do governo Dilma, com o PT tentando golpear as instituições na calada da noite. A reação do Congresso ao decreto bolivariano do governo é sinal - bom sinal -de quem nem todas as instituições cedem às tentativas golpistas do Partido Totalitário. Editorial do Estadão:

Na política, frequentemente o que importa, mais do que a ação, é a reação. É a capacidade de corrigir os erros, impedindo ou reduzindo os seus efeitos deletérios. Neste sentido, a reação do Congresso ao Decreto 8.243, da presidente Dilma Rousseff, trouxe esperanças de que ainda existem instituições no Brasil não enfeitiçadas pelo lulismo. Dez partidos - DEM, PPS, PSDB, SDD, PV, PSB, PRB, PSD, Pros e PR, sendo que os últimos três integram a base aliada do governo - assinaram requerimento de urgência para que a Câmara dos Deputados vote um decreto legislativo revogando o ato presidencial. Esses partidos decidiram que não querem assistir passivamente ao solapamento das instituições democráticas pelo PT.
Foi uma reação imediata e proporcional a um decreto que fere a democracia representativa consagrada na Constituição, criando canais paralelos de poder, não legitimados pelas urnas, com o consequente aparelhamento do Estado. Conforme já dissemos em editorial, a mensagem subliminar em toda essa história é a de que o Poder Legislativo é dispensável.
A tomada de posição dos dez partidos foi suficientemente forte para que o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, viesse a público defender o decreto, o que também fez, no dia seguinte, a presidente Dilma Rousseff. É compreensível a atitude de ambos. A dela, por ter assinado um ato que, se pode asfixiar o sistema representativo, está perfeitamente de acordo com suas convicções ideológicas. E a dele, porque o tal ato presidencial só aumenta o seu poder, ao subordinar a Política Nacional de Participação Social à sua pasta.
Mas o que diz o sr. Gilberto Carvalho não tem propósito. Afirma ele que o decreto apenas regulamenta o que existe. Ora, a existência de Conselhos não provocou a oposição dos políticos e também de influentes setores da sociedade civil. A reação ocorreu por força da manipulação expressa no Decreto 8.243, que não se limita a regulamentar o que já existe. O que o decreto visa é criar um complexo sistema de "participação popular" e instituir uma verdadeira política de participação ideologicamente orientada, que se sobrepõe ao Poder Legislativo. Tenta-se fazer, sem a incômoda convocação de uma Constituinte e nem mesmo por meio de uma emenda constitucional, a substituição do sistema representativo por uma "democracia direta e participativa".
Até mesmo os brasileiros mais jovens, que felizmente não tiveram a experiência de viver sob um regime que não sabe respeitar nem conviver com um Congresso livre, podem ter uma ideia do que se pretende com essa "sutil" mudança de regime. Basta observar o que acontece em alguns países latino-americanos, cujos líderes chegaram ao poder prometendo governar ouvindo o povo, sem a intermediação de partidos carcomidos. Fizeram o seu próprio partido, organizaram a sua corriola e governam com poderes extraordinários - embora convoquem eleições regularmente. É a essas ditaduras disfarçadas que o governo do PT continua fiel e orgulhosamente envia sinais de simpatia.
E, se ainda pairasse alguma dúvida sobre o que significa o decreto, o próprio ministro Gilberto Carvalho ofereceu um didático exemplo. Em defesa do ato que lhe conferia tão sonhados poderes, disse que o decreto foi construído em parceria com os movimentos sociais e com a sociedade civil. Ora, como pode ter havido ampla discussão sobre o conteúdo de um decreto que, ao ser publicado, surpreendeu a todos - deputados e senadores, juristas, lideranças civis, etc.? Evidentemente, os movimentos sociais e a sociedade civil a que o ministro se refere são predominantemente as militâncias, encabrestadas ou não, que se iludem achando que serão protagonistas da tal "democracia direta e participativa". Mas a história mostra que esse tipo de regime, uma vez instalado, produz ditaduras ferozes.
E essas coisas são contagiosas. Na quarta-feira passada, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou a quem quis ouvir que não colocaria na pauta de votação da Casa o pedido de urgência dos dez partidos. Indagado sobre suas razões, respondeu, imperioso: "Porque não quero!".

Economia brasileira: estamos a caminho da recessao? - Claudia Safatle

Recessão
Cláudia Safatle
Valor Econômico, 6/06/2014

Recessão. Essa palavra voltou ao vocabulário dos economistas do setor privado como uma possibilidade concreta para os próximos trimestres, mas é vista como uma conclusão prematura por autoridades do governo. Depois de um crescimento de apenas 0,2% no primeiro trimestre do ano, as expectativas se consolidam para uma contração da atividade no segundo e no terceiro trimestres.

"Já estamos em recessão", adiantou, porém, o ex-diretor do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo, da Mauá Sekular Investimentos. Ele explicou: qualquer contração do PIB igual ou superior a 0,2% no segundo trimestre provocará um ajuste sazonal, pelo IBGE, nos dados do primeiro trimestre que passaria a registrar PIB negativo ao invés do crescimento de 0,2%. Isso caracterizaria uma recessão técnica, entendida como dois trimestres consecutivos de queda do produto.

Modelos estão sendo rodados pelos economistas da área financeira com os dados mais recentes da economia real: queda de 0,3% na produção da indústria em abril e retração mais acentuada, de 0,6%, da indústria em maio, segundo dados divulgados pela Anfavea (associação das montadoras), além de menos dias úteis para a produção em junho com o início da Copa do Mundo.

O resultado seria um PIB negativo entre 0,4% e 0,5% no segundo trimestre. Desempenho que gera uma herança estatística ("carry over") ruim para o terceiro trimestre, que também apresentaria taxa negativa de cerca de 0,25%. Nos últimos três meses do ano, a variação do PIB tenderia a zero. Se confirmadas essas projeções, a expansão da economia no último ano da gestão de Dilma Rousseff pode ficar abaixo de 1%.

Técnicos do governo não descartam de todo a possibilidade de recessão. Mas consideram cedo para tomá-la como um cenário provável. Examinando os resultados do IBC-Br de julho de 2013 até o último dado conhecido, de março deste ano, o que se constata é que o país estagnou: teve, na média, uma taxa negativa de 0,02%.

É difícil entender como a inflação resiste no patamar de 6% com uma economia tão fraca, assim como as expectativas de inflação também não cedem.

A resposta está na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, que cita o "realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e dos preços administrados em relação aos livres". Ou seja, os destinos incertos da taxa de câmbio e dos preços represados pelo governo (energia, gasolina) concorrem para manter a expectativa inflacionária elevada para 2015. De março para cá os prognósticos do mercado colhidos pelo relatório Focus do Banco Central já agregaram mais de 1 ponto percentual na projeção de aumento dos preços administrados em 2015.

Em resumo: para levar o IPCA para a meta de 4,5% será preciso, antes, passar por uma inflação na casa dos 7% em 2015. A convergência da inflação, portanto, só pode ser vislumbrada de 2016 em diante, na avaliação de importantes fontes oficiais.

Outra questão que a ata ressalta é que mudanças relevantes na composição da demanda e da oferta agregada só devem ocorrer no médio prazo. Isso se traduziria pela transição do crescimento centrado na expansão do consumo para um modelo privilegiado pelo investimento. Apesar de essa mudança constar dos discursos oficiais, ela não se materializou.

O consumo das famílias e do governo cresceram ao limite e sustentaram a demanda agregada. Mas, agora, ambos bateram no teto. De pouco adianta o ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarar como fez ontem que "a taxa de crescimento da economia seria maior se houvesse mais crédito para o consumo".

Com os níveis de confiança do consumidor e dos empresários próximos ao que estavam no auge da crise global de 2008/09, não há como incentivar as famílias a se endividarem mais frente ao risco de perda do emprego. Os bancos não vão expandir o crédito a contento nem o governo poderá acelerar seu consumo com aumento do endividamento público, por limitações fiscais.

O crédito externo que financiou o aumento da demanda - processo que levou o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para quase 4% do PIB - também rareou.

O aumento do investimento, porém, não ocorreu, deixando a economia estagnada e o governo sem instrumentos para reanimá-la.

A política monetária implementada pelo Banco Central elevou a taxa básica de juros em 3,75 pontos percentuais e seus efeitos começaram a aparecer. O aperto nos juros derrubou a demanda, mostrando que o juro como elemento central do controle da inflação continua eficaz. Não dobrou as expectativas porque elas estão sendo alimentadas por um eventual choque de preços administrados em 2015.

A elevação da taxa Selic não foi o fator preponderante a desestimular os investimentos. A queda vertiginosa da confiança dos empresários no futuro e a corrosão no relacionamento do setor privado com o governo é que estão na raiz da retração dos investimentos, apesar dos generosos financiamentos do BNDES a juros subsidiados.

Conforme a ata do Copom os juros devem ficar parados em 11% ao ano por um bom tempo. Os efeitos do aumento da Selic sobre a inflação, que são defasados e cumulativos, começaram a aparecer nos indicadores mais recentes da atividade econômica. Ficarão mais evidentes quando em agosto, no auge da campanha eleitoral, o IBGE divulgar o PIB do segundo trimestre.

O tempo econômico está andando mais rápido que o tempo político e isso preocupa o PT, principalmente se o desemprego começar a aumentar de forma visível antes das eleições. Dilma Rousseff concorre ao segundo mandato em uma situação bem mais adversa da que embalou sua campanha em 2010, quando o então presidente Lula turbinou o crescimento para 7,5%, deixou a inflação em 5,91% mas crescente e um ambiente de otimismo no país que elegeu sua sucessora. Foi uma herança ruim. A presidente entrega o primeiro mandato com menos crescimento, mais inflação e o pessimismo está disseminado no país.

Por que escrevo? (1) - Paulo Roberto de Almeida


Paulo Roberto de Almeida

A pergunta do título poderia, hipoteticamente, sugerir aos leitores deste texto que eu estaria me considerando um escritor, o que não é absolutamente verdade, nem pela suposição implícita, nem, muito menos, pela condição efetiva. Escritor é aquele que faz do ofício da escrita sua atividade principal e que, portanto, vive disso (a menos que seja um milionário despreocupado, ou um proustiano que vive de ar e madeleines). Eu não ganho minha vida escrevendo, muito pelo contrário: até devo perder algum dinheiro (às vezes muito, pela compra de livros), e provavelmente também porque meus textos publicados não constituem exatamente ativos em minha vida profissional (eles podem até ter contribuído para alguns dissabores ao longo da carreira, pelo fato de não aderir às doutrinas oficiais, e possivelmente também na vida acadêmica, onde o desfilar de vaidades é uma constante e as lutas tribais inevitáveis).
Então, retomando a pergunta do título, por que escrevo? Poderia dizer, muito diretamente, assim: por necessidade interior. Ou então, simplesmente, porque me dá prazer. Com efeito, faço da escrita uma segunda natureza (talvez a primeira, junto com a leitura, e não imagino nenhuma outra tão absorvente quanto essas duas; sim tem outras, mas não é o caso aqui de entrar em detalhes). Mas confesso que estou escrevendo este pequeno ensaio por sugestão indireta, em todo caso póstuma, de uma terceira pessoa, ela sim um escritor consumado, deliberado, definitivo, um dos meus preferidos, desde muitos anos, desde quando, ainda na adolescência, li Animal Farm (A Revolução dos Bichos). Sim, Eric Blair, aliás mais conhecido pelo seu nom de plume, George Orwell.
Acabo de receber um livrinho usado, que comprei por pouco mais de quatro dólares (frete incluído) da Thriftbooks (via Abebooks), chamado simplesmente de A Collection of Essays (Harbrace, copyright de 1946 pelo próprio George Orwell e, em vários outros anos, por Sonia Brownell Orwell). A despeito de conter ensaios altamente convidativos – vários dos quais eu já conhecia por outras edições de suas obras – como, por exemplo Shooting an Elephant, Politics and the English Language, Looking Back on the Spanish Civil War – fui direto ao último texto, de 1946, que exibe exatamente o título deste meu pequeno ensaio: Why I write (sem ponto de interrogação). Devo um pequeno copyright ao estate de George Orwell, portanto, ou se não para pagar seus legal rights, pelo menos registro aqui seu moral right quanto ao título e a inspiração.
Volto à questão da escrita por necessidade, pois ela é real e verdadeira, se me permitem a redundância. E isso não tem nada a ver com as características de escritor de George Orwell, que informa, nesse seu ensaio, que já sabia que queria ser escritor na tenra idade de cinco ou seis anos, quando recitou um poema para que sua mãe escrevesse, provavelmente inspirado – ou plagiado, como ele escreve – num poema de Blake, “Tiger, Tiger”. Em todo caso, já aos onze anos, quando começou a Grande Guerra, ele escreveu um poema patriótico publicado num jornal local. Ele começou assim, escrevendo vers d’occasion, ascendendo numa carreira que enveredou pelo jornalismo, pelo ensaísmo e que chegou até o famoso romance distópico que ainda hoje é referência, tanto na literatura dessa área, quanto para o pensamento político dirigido para a condição humana e a organização das sociedades, naquele tom pessimista que sabemos lhe ter sido precocemente inspirado pelo conhecimento direto do stalinismo, primeiro na Espanha, depois ao tomar conhecimento dos processos de Moscou.
No meu caso, não foi nada disso, nem versos de ocasião, nem experiência traumática em alguma guerra, embora possa reconhecer que o golpe militar de 1964 me despertou também precocemente para a política e para o estudo sistemáticos dos problemas sociais e econômicos do Brasil. Mas, a essa altura, eu já era um escritor não confirmado, mas provavelmente improvisado, mas já totalmente dedicado às artes altamente suspeitas da leitura obsessiva e da escrita compulsiva, talvez um pouco como Orwell. Não que eu pretenda me igualar ao grande escritor, longe disso, mas é que, como no seu caso – e suspeito que isso eu possa compartilhar com ele – eu nunca escrevi nada, absolutamente nada, que não tivesse vontade de escrever, e nunca escrevi qualquer coisa que violasse minha própria consciência quanto ao conteúdo mesmo que estava sendo transposto para o papel, mais tarde para as telas de computador. Jamais. Como Orwell, possivelmente, só escrevi aquilo que motivava minha vontade, que atiçava meu cérebro, que correspondia a algum impulso interior, e que brotava naturalmente da pluma, ou do teclado, segundo alguma reflexão própria, jamais ditada por alguma força externa.
Obviamente, ao longo da carreira profissional fui levado a escrever textos para terceiros, geralmente chefes na hierarquia vaticana do Itamaraty, mas não me lembro de jamais ter recorrido ao diplomatês insosso, no estilo bullshit habitual nesse meio, àquela langue-de-bois (ou chapa branca) que sempre me horrorizou sobremaneira. Sempre escrevi o que queria, e se algum chefe, ou gabinete, quisesse mudar depois, isso não mais me interessava. Nenhum desses escritos entrou na minha lista de trabalhos (só um ou outro cuja estrutura, conteúdo e forma foram preservados, mas de toda forma apenas para fins de registro, não como trabalhos que eu pudesse considerar como sendo meus).
À diferença de Orwell, comecei a escrever tarde, mas talvez não muito mais tarde do que ele mesmo. As primeiras lembranças da fase de aprendizagem da leitura e da escrita, me remetem ao livro de alfabetização – estilo “Ivo viu a uva” – e ao caderno de caligrafia, com suas três linhas, a superior reservada às maiúsculas iniciais e aos nomes próprios, mas que jamais poderia ser ultrapassada. As ferramentas eram o lápis, o apontador, a borracha e a caneta de pluma de ferro, com o tinteiro de marca americana, creio que Parker, que também era o nome de uma famosa caneta tinteiro que nunca cheguei a possuir. Mais adiante, talvez no terceiro ano do primário, já se trocou a caneta de pluma de ferro – também cheguei a experimentar pluma de ganso, apontada – por uma caneta tinteiro, dessas de bomba de borracha, que costumam fazer a maior sujeira, se manejadas sem cuidado (quantos cadernos e livros estragados com uma ou outra vazão exagerada de tinta...).
Depois do bê-á-bá, os primeiros escritos foram apenas as respostas às perguntas da professora, copiadas da lousa, a mesma para os quatro anos do primário, e que dava todas as aulas das quatro ou cinco disciplinas obrigatórias (e aplicava os corretivos, quando fosse necessário). Havia também os corretivos em casa, quando o boletim ou o caderno vinha com notas vergonhosas, o que era raro, mas em todo caso servia para incutir um alto senso de responsabilidade nos deveres escolares de todo mundo (algo que aparentemente parece ter sido perdido atualmente, ainda mais com a tal de “lei da palmada”). Os casos mais graves de comportamento eram resolvidos no chinelo ou na cinta, mas jamais para deveres escolares, inclusive porque a escola era disciplinadora.
Mas eu me perco no roteiro deste ensaio: por que escrevo? Bem, comecei com trabalhos escolares, mas jamais respondendo apenas o estritamente necessário, de forma lacônica: sempre passeando pelo Egito antigo, pela Grécia clássica, pela Roma dos tribunos e dos imperadores aloprados, inclusive porque era isso o que eu aprendia nos livros, nas versões infantis das histórias de Monteiro Lobato, dos clássicos de Swift, Cervantes, Hans Staden, Defoe, nos romances de Karl May, Emilio Salgari e muitos outros. O gosto pela história veio muito cedo, na adaptação feita por Lobato da História do Mundo para as Crianças, cujo autor me escapa completamente agora.
Tudo isso eu tinha à minha disposição na fabulosa Biblioteca Infantil Municipal Anne Frank, no bairro do Itaim-Bibi, que eu frequentava antes mesmo de aprender a ler, o que só fiz na tardia idade de sete anos. No ano seguinte, já me debrucei sobre coisas mais “complicadas”. Cheguei a decorar os nomes de faraós de várias dinastias egípcias, e sabia perfeitamente distinguir quem foram e o que fizeram os gregos mais famosos, filósofos, dirigentes políticos ou líderes militares. Não sei se foi isso que me levou à incontinência da pena, provavelmente não: esse foi apenas o caminho para a loucura gentil da leitura obsessiva, embora a escrita caminhasse junto, pois era dessa forma que eu realmente absorvia cada livro lido, pelos resumos efetuados a cada vez, e que infelizmente se perderam na passagem da infância para a adolescência.
Chegada essa fase, minhas preocupações eram outras, não mais puramente históricas, e muito menos literárias, o que nunca foi o meu forte, até hoje (o que, aliás, explica inúmeros defeitos de escrita, inclusive porque nunca cuidei da forma, muito menos da gramática ou do estilo). Elas se tornaram sociais e políticas, sobretudo porque eu procurava entender porque eu e minha família éramos tão pobres, tão desprovidos de coisas básicas (telefone, televisão, carro, ou livros, em casa), em face de tantos colegas da escola, de roupas vistosas e hábitos “burgueses” (sim, aprendi muito cedo o significado desse conceito essencialmente marxista).
A percepção, real, cruel, dolorosa, da pobreza, da desigualdade social, da carência de meios me impactou desde cedo, e isso porque desde muito cedo fui levado a trabalhar para suplementar o magérrimo orçamento familiar: meu pai era motorista, minha mãe lavava roupas para fora, ambos com primário incompleto, e meu destino, desde o primário, e provavelmente mesmo antes, foi suprir a falta de dinheiro com todos os expedientes aceitáveis então podendo ser desempenhados por um garoto pobre: recolhimento de sucata metálica nos fundos de uma fábrica, pegador de bolas de tênis no clube da vizinhança e empacotador não registrado de supermercado, ganhando apenas gorjetas, portanto. Mais adiante fui ser “office-boy”, que era como se chamavam os contínuos antigamente. Fiz um pouco de tudo, inclusive e principalmente refletir sobre a miséria material da nossa existência.
Daí que, salvo alguns pequenos textos de juventude, para os jornais escolares, meus primeiros escritos tenham sido precocemente impregnados de revolta, logo impulsionada pela leitura de obras como Germinal, de Émile Zola e outros livros dessa mesma feitura. Da revolta instintiva para a “consciência social” foi um passo muito curto, que devo ter ultrapassado antes mesmo do golpe militar de 1964, aos 14 anos, portanto. Antes disso eu já vinha me politizando, com a leitura de jornais, de Seleções (versão brasileira do Reader’s Digest), e de quaisquer outros materiais que viessem às mãos. Depois do Quarto Centenário da cidade de São Paulo, em 1954, e da Copa do Mundo de 1958, na Suécia, o que provavelmente mais marcou minha infância foi a campanha vitoriosa de Jânio Quadros, em 1960, sua renúncia, a seis meses do exercício do cargo (quando minha mãe foi me buscar na escola, talvez temendo uma guerra civil, ou pelo menos distúrbios nas ruas, como quando do suicídio de Getúlio), e a crise dos mísseis soviéticos em Cuba, no ano seguinte. Foram episódios momentosos na vida do país e do mundo, que me levaram às páginas dos jornais, quando eu então passei a usar do meu pouco dinheiro para comprar o grosso Estadão de domingo, onde se podia aprender de tudo, naquela linguagem complicada para um garoto de doze anos.
Nessa altura eu já estava fazendo resenhas de livros para jornais escolares, e produzindo alguns textos “góticos” sobre o Brasil e o mundo, que se perderam todos, com uma ou outra exceção. No ginásio (Vocacional Oswaldo Aranha, entre 1962 e 1965) eu colaborar com “A Pequena Nação”, que tinha como dístico a seguinte frase, altamente pretensiosa: “um jornal que diz bem porque pensa no que diz” (sic). Sobraram como colaborações minhas um elogio pela vitoriosa conquista num torneio feminino de handball, e um poema chamado A Jangada, provavelmente inspirado nas leituras obrigatórias que tínhamos de fazer (nesse caso, José de Alencar, talvez). Mas o golpe militar, logo em seguida, me levou diretamente às leituras políticas, aos escritos na linha do marxismo e ao meu engajamento na “luta contra a ditadura”. A partir daí nunca mais deixei de escrever, compulsivamente, intensamente, aliás muita coisa sob algum nom-de-plume, que no caso era mais exatamente um nom-de-guerre. Mas esta já é outra história que pretendo contar um outro dia...
Termino respondendo à pergunta inicial: escrevo por necessidade. Em primeiro lugar para tentar explicar a mim mesmo as razões da desigualdade, e do nosso estatuto social inferior, e para os outros tentando convencê-lo de que é preciso mudar o país e mudar o mundo, para torná-lo mais justo para aqueles, como eu, que vieram de uma condição inferior e queriam ter acesso às bondades da sociedade de consumo. Quando comecei, a intenção era mais bem a destruir a sociedade capitalista e o mundo burguês, como ocorria com muitos jovens em minha época, e provavelmente de condição social bem superior: líamos Marx e Engels, obviamente, mas também Lênin, Marcuse, e toda a literatura especializada nos problemas sociais brasileiros, inclusive clássicos da teoria social, da história e do desenvolvimento econômico que só seriam recomendados vários anos mais tarde, já na Faculdade.
Depois de muitas aventuras, viagens, leituras e um itinerário de aprendizados constantes eu aprendi que era preciso transformar o mundo, não necessariamente no sentido pretendido na juventude, mas de uma forma mais racional, mais ponderada, menos radical, e certamente mais democrática e tolerante em relação às diversas orientações doutrinárias, políticas e econômicas. Mas, tudo isso foi sendo absorvido ao longo da vida, aos poucos, como acontece com todo mundo aliás.
O que nunca deixei de fazer, sempre, foi ler e escrever, escrever e ler, e pensar, naturalmente. Ainda tenho cadernos e mais cadernos de notas de leituras e de trabalhos esquematizados. Continuo fazendo isso, agora guardando em pastas no computador.
Por que eu escrevo? Por isso mesmo, por absoluta necessidade. Não creio que venha a mudar significativamente esse meu estilo de vida daqui para a frente, mas seria bom um pouco mais de organização: tenho dezenas de trabalhos e muitos livros para terminar. Paro por aqui, pois tenho outras coisas para escrever, no meu caos habitual...

Hartford, 6 de Junho de 2014


Argentina: existe uma filosofia oficialista? - LatAm

A própria noção de se ter num país filósofo oficialista já é patética, como simples ideia, pois nunca deveria existir um filósofo que se aceite como tal, e trabalhando para um governo com o objetivo de criar uma doutrina oficial.
A noção, então, de um filósofo kirchnerista, além de bizarra, e bisonha, é sumamente ridícula, chega a ser histriônica, de um lado, e fascista de outro.
Não se trata nem de um Big Brother, ou seja, um grande irmão velando pelo pensamento da comunidade: se trata apenas de alguém que vai inventar um pensamento que se ajuste às necessidades do governo. Deveria ser vergonhoso para alguém que se pretenda intelectual desempenhar esse tipo de função.
Paulo Roberto de Almeida

Argentina cultura

Cristina Fernández nombra a filósofo coordinador de “Pensamiento Nacional”

Foto: Infobae/Charly Díaz Azcué
Infolatam/Efe
Buenos Aires, 4 de junio de 2014

Las claves
  • Forster, uno de los más significados intelectuales del grupo "Carta Abierta" articulado en el entorno oficialista, tendrá entre sus tareas "asesorar y elevar las propuestas a ser consideradas por la ministra de Cultura en cuestiones de pensamiento nacional y latinoamericano".
  • Pese a su proximidad con el kirchnerismo, puntualizó que su formación es "absolutamente abierta y antidogmática", en declaraciones a la agencia oficial Telam.
La presidenta argentina, Cristina Fernández, designó al filósofo kirchnerista Ricardo Forster como secretario de Coordinación Estratégica para el Pensamiento Nacional, bajo la órbita del recién creado Ministerio de Cultura.
Entre los objetivos del nuevo departamento figura “diseñar, coordinar e instrumentar una usina de pensamiento nacional”, según un decreto publicado hoy en el Boletín Oficial.
Forster, uno de los más significados intelectuales del grupo “Carta Abierta” articulado en el entorno oficialista, tendrá entre sus tareas “asesorar y elevar las propuestas a ser consideradas por la ministra de Cultura en cuestiones de pensamiento nacional y latinoamericano”.
Además, debe “generar instancias de diálogo y debate sobre temas contemporáneos, promoviendo nuevas corrientes de pensamiento, que hagan partícipe a toda la ciudadanía”, según el texto oficial de designación.
Tras su nombramiento, Forster señaló que su prioridad será generar “un debate abierto, un espacio abierto para discutir todo lo que es imprescindible discutir en la Argentina de hoy” a través de “un amplio recorrido de la historia, de las tradiciones intelectuales desde el pasado al presente, a lo largo de todo el país”.
Pese a su proximidad con el kirchnerismo, puntualizó que su formación es “absolutamente abierta y antidogmática”, en declaraciones a la agencia oficial Telam.
Ricardo Forster, de 56 años, es doctor en filosofía, imparte clases en varias instituciones argentinas y fue candidato a diputado en Buenos Aires por el oficialista Frente Para la Victoria el pasado año.
La creación del área de “Pensamiento Nacional” se produce apenas unas semanas después de que Cristina Fernández elevara la Secretaría de Cultura al rango de Ministerio y colocara al frente de la cartera a la cantautora Teresa Parodi.

Bretton Woods, licoes de uma conferencia - Lawrence Goodman

Lawrence Goodman , Contributor
Forbes, June 6, 2014

On the 70th anniversary of the D-Day invasion, I am reminded of a trip to Normandy, France last summer. The beaches and acres of gravestones served as stark reminders of the magnitude of what the Allies achieved on the war front on June 6, 1944 and its related costs.
I am also reminded of another momentous achievement that occurred during the same summer by a different group of courageous men and women working on the economic diplomacy front – delegates from 44 countries who gathered in Northern New Hampshire to sculpt the Bretton Woods Agreement.
While the results of the Bretton Woods conference are well known, at the time we were not privy to its inner workings. Today, however, we are able to glean a number of new insights about what went into that iconic Bretton Woods Agreement and begin to understand just how bold and visionary the participants in the meetings truly were.  This new perspective stems from the recent discovery of the conference transcripts in the basement of the U.S. Treasury building by my colleague and friend Kurt Schuler, a discovery for economic policy buffs that is akin to finding lost Beatles tracks at the Abbey Road studios for music aficionados.

An examination of The Bretton Woods Transcripts through the lens of what was achieved, by who, and how it is relevant today, demonstrates just how much we can learn from this achievement and why it should be essential reading for leaders around the world.
WHAT WAS ACHIEVED
The results of Bretton Woods cannot be understated. The delegates were able to come together and develop new rules for the international financial system, and give life to the International Monetary Fund (IMF ) and the World Bank (otherwise known as the International Bank for Reconstruction and Development, IBRD) – to this day two of world’s most important economic institutions.
Put quite simply, these economic policy leaders put into place an entirely new financial foundation for a world they envisioned would be filled with freedom, growth, and stability. Their tireless pursuit of a long-term strategic plan to secure a better future, despite the deep uncertainty on the battlefront, is remarkable.
WHO THESE DELEGATES WERE
The delegates at the Bretton Woods Conference were not only leaders, they were visionaries.
While delegates such as John Maynard Keynes, Harry Dexter White, Marriner Eccles, Henry Morgenthau, Dennis Robertson, and Lionel Robbins were instrumental in shaping the post-War financial architecture, The Bretton Woods Transcripts reveals the talents and influence of leaders outside of the US and UK.  For instance, André Istel from the Free French Republic and Lewis Rasminsky from Canada were instrumental in charting rules for future exchange rates. Eduardo Suárez from Mexico led the third commission with Keynes and White orchestrating the other two.  Similarly, Wilhelm Keilhau from Norway was an integral influence on how the IMF should lend to its members (or more aptly put, limit its lending).
Despite the obvious cultural differences and conflicting agendas of the assembled group, the delegates shared one key attribute – an understanding that what they were doing was bigger than every one of them and that the policies they would put in place were for the long term. Keilhau from Norway mused that “when we now formulate the policies and purposes of the Fund, we give a fundamental law which may be in effect for hundreds of years.”

In a world that is currently dominated by a slavish focus on quarterly earnings, the endless parsing of a few words uttered by the Federal Reserve Chairman, and countless polls by politicians attempting to channel popular opinion, the long-term vision these delegates exercised is a lesson to us all. Today’s leaders both in the US and abroad need to take note.
WHY BRETTON WOODS IS IMPORTANT
Economic fragilities after WW I set the stage for a period of profound turmoil in the run-up to WW II. John Maynard Keynes wrote a poignant essay entitled “The Economic Consequences of the Peace” where he chronicled how post-WW I reparations would destabilize the German economy. Unfortunately, his prediction was all too true.
The leaders behind the Bretton Woods Agreement despised the atrocities of war as well as the suppression of human rights around the world. One of their guiding principles, as revealed through The Bretton Woods Transcripts, is that a well-run global economy and financial system were essential components to helping prevent future world wars.

This linkage – between defense and economic policy – permeated the minds of the Bretton Woods visionaries. This concept, as well as the purpose of Bretton Woods overall, was articulated by Fred Vinson – a U.S. delegate and future Supreme Court Justice – when he passionately noted:

“We are met here in Bretton Woods in an experimental test, probably the first time in the history of the world, that forty-four nations have convened seeking to solve difficult economic problems. We fight together on sodden battlefields. We sail together on the majestic blue. We fly together in the ethereal sky. The test of this conference is whether we can walk together, solve our economic problems, down the road to peace as we today march to victory. Sometimes certain problems seem to be most important on a particular day. Some folks think that the problems of the world were made to be solved in a day or in one conference. That can’t be. We must have cooperation, collaboration; utilize the machinery, the instrumentalities, that have been set up to provide succor to those who are hungry and ill; to set up, establish instrumentalities that will stabilize or tend toward stabilization of economies of our world.”
Achievements in the summer of 1944 – exemplified so dramatically in Normandy and Bretton Woods – provide us with a model of leadership and vision both on the military and economic diplomacy fronts.
Given the unchartered waters our global economy has entered over the past several years, the necessity for the world to come together again with the goal to develop a new foundation that will enable the economies of the free world to continue to flourish has never been greater. This can only be done through the development of a long-term vision, a desire to face uncertainty with a shared strategic plan, and the will to endure difficult circumstances in the pursuit of a brighter future.
Today’s leaders need to break free from conventional thinking and harken back to the ethos of cooperation that was achieved so gracefully by the Bretton Woods delegates in the White Mountains of New Hampshire.
Lawrence Goodman is president of the Center for Financial Stability, an independent, nonpartisan, and nonprofit think tank focused on financial markets.


Eleicoes 2014: More of the same? For what? - Reinaldo Azevedo

Desculpem a expressão em inglês, mas é que a frase é muito conhecida: mais do mesmo?
Talvez esteja na hora de mudar, como indica este jornalista conhecido.
Paulo Roberto de Almeida

Dilma, mais quatro anos pra quê?
Reinaldo Azevedo
Folha de S. Paulo, 6/06/2014

O que poderia fazer a presidente que não tenha conseguido operar em condições mais favoráveis?
Jornalistas estrangeiros perguntaram à presidente Dilma Rousseff por que a economia cresce tão pouco. Ela disse não saber. Foi sincera. Não sabe mesmo. Como não tem o diagnóstico, falta-lhe o prognóstico. Entre o passado, que ela ignora, e o futuro, que ela não antevê, há este enorme presente à espera de medidas corretivas e profiláticas. Ocorre que seu governo é como seu discurso: um caos de fragmentos de ideias nem sempre muito claras, (des)ordenadas por locuções fora do lugar "no que se refere" (sic) ao que tem de ser feito. Ninguém entende nada, a começar da própria Dilma.
Dia desses, o ex-presidente Lula julgou ter encontrado a razão do "malaise". Os empresários, de mau humor, teriam deixado de investir. É mesmo? É próprio das cabeças autoritárias --e esse é o caso do Babalorixá de Banânia-- transformar dificuldades que são objetivas, que são técnicas, que têm origem em decisões equivocadas, em mera indisposição subjetiva. Há quanto tempo estão dados os sinais de que o crescimento da economia, ancorado no consumo interno, havia esgotado o seu ciclo? Assim como teve início em razão de circunstâncias que não eram do nosso controle, expirou por motivos igualmente alheios à nossa vontade. E lá ficou Guido Mantega a fazer previsões de crescimento --coitado!--, inicialmente, com margem de erro de dois pontos. Como a situação se deteriorou, ela já está em três...
Dilma pleiteia mais quatro anos, e eu fico cá a me perguntar --e espero, sim, que esta dúvida se alastre: pra quê? Com que amanhãs sorridentes ela vai acenar, que não tenha podido oferecer nesse tempo em que esteve à frente do governo, liderando uma base parlamentar que, no Ocidente, só deve ser menor do que a de Cuba? Qualquer analista razoável sabe que as circunstâncias vindouras são ainda piores dos que as do passado recente. O que poderia fazer a presidente, num cenário ainda mais inóspito, que não tenha conseguido operar em condições mais favoráveis? A resposta é um conjunto vazio.
Mais do que a indignação estridente dos grupelhos de extrema esquerda que estão nas ruas --estes só contribuem para turvar a visão da presidente--, Dilma tem de temer é o silêncio meio melancólico, mas não menos indignado, do homem comum, daquele que não tem uma agenda ideológica e que não pretende reformar a humanidade desde o fim. Contentar-se-ia com uma escola melhor, com uma saúde melhor, com um emprego melhor, com um salário melhor, com uma vida mais previsível. Eu sei, Dilma sabe e sabem os economistas e especialistas que os "gastos com a Copa", se investidos em saúde e educação, seriam de uma danada irrelevância. A conta é falsa, mas o problema para o qual aponta essa não solução é verdadeiro.
De 2002 para cá, o cenário de agora é o mais adverso enfrentado pelos petistas. As migalhas compensatórias já não têm a mesma força de antes para sustentar um projeto de poder. Parece haver no país uma ambição um pouco maior do que a da pobreza agradecida, que reverencia o nhonhô. Está certo o tucano Aécio Neves quando propõe que os programas sociais, ditos de "transferência de renda", passem à condição de políticas de Estado. De resto, eles devem ser apenas o começo da conversa, não o fim. É preciso acabar com a prática nefasta de chantagear os pobres.

A campanha que o PT levou à TV indica que, sem diagnóstico nem prognóstico, restou apenas o terrorismo eleitoral. Dilma pretende que o medo desinformado vença não a esperança, mas as possibilidades de mudança. Pior: sem conseguir entusiasmar nem a sua própria grei, cede a apelos "esquerdopatas" como "controle social da mídia" e criação da sociedade civil por decreto, evidenciando que, sob pressão, pode, sim, voltar à sua natureza. Mais quatro anos pra quê?

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