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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Codex Diplomaticus Brasiliensis (2): Indice completo - Paulo Roberto de Almeida

Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros 
Hartford, Edição de Autor, 2 novembro 2014, 326 p. 

Livro digital, em edição de autor, composto de resenhas de livros de diplomatas, já publicadas no Prata da Casa
Disponível na plataforma Academia.edu:
Link:  https://www.academia.edu/9084111/24_Codex_Diplomaticus_Brasiliensis_livros_de_diplomatas_brasileiros_2014_
 
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Índice Geral 

Primeira Parte, 21
A diplomacia brasileira na História
José Vicente Pimentel (org.): Pensamento Diplomático Brasileiro, 1750-1964
Paulo Roberto de Almeida: O estudo das relações internacionais do Brasil
Paulo Roberto de Almeida: O estudo das relações internacionais do Brasil (2a. edição)
José Manoel Cardoso de Oliveira: Atos Diplomáticos do Brasil, 1492-1912
Paulo Roberto de Almeida, Katia de Queiroz Mattoso: Une Histoire du Brésil
Luís Valente de Oliveira e Rubens Ricupero (orgs.): A Abertura dos Portos
Evaldo Cabral de Mello: A outra Independência
Paulo Roberto de Almeida: Formação da diplomacia econômica no Brasil
Paulo Roberto de Almeida: Formação da diplomacia econômica no Brasil (2a. edição)
Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos, O Império e as repúblicas do Pacífico
Manoel de Oliveira Lima: Nos Estados Unidos, Impressões políticas e sociais
Álvaro da Costa Franco (org.): Visconde do Rio Branco: A política exterior no Parlamento
Secretaria dos Estrangeiros: O Conselho de Estado e a política externa do Império, 1858-62
J. A. Pimenta Bueno: Consultores do Ministério dos Negócios Estrangeiros, 1859-1864
Suely Braga da Silva: Paulo Nogueira Batista: o diplomata através de seu arquivo
Carlos Henrique Cardim: A Raiz das Coisas: Rui Barbosa, o Brasil no Mundo
Marcelo Raffaelli: As relações entre Brasil e Estados Unidos durante o Império
R. Ricupero; João H. Pereira de Araújo (org.): Rio Branco: Biografia Fotográfica,1845-1995
Manoel Gomes Pereira (ed.): Obras do Barão do Rio Branco
Manoel Gomes Pereira (org.). Barão do Rio Branco: 100 Anos de Memória
Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos (curador): Rio Branco: 100 anos de memória
Ângela Porto (organizadora): Barão do Rio Branco e a caricatura
Fernando de Mello Barreto Filho: Sucessores do Barão: relações exteriores, 1912-1964
Fernando de Mello Barreto: Sucessores do Barão, 2: relações exteriores, 1964-1985
Eugênio Vargas Garcia: Entre América e Europa: a política externa na década de 1920
Valdemar Carneiro Leão: A Crise da Imigração Japonesa no Brasil (1930 - 1934)
Carlos Alberto Leite Barbosa: Desafio Inacabado: a política externa de Jânio Quadros
Paulo Almeida, Rubens Barbosa e Francisco Rogido (orgs.): Guia dos Arquivos Americanos 

Segunda Parte, 141
O Brasil e o multilateralismo
Luiz Felipe de Seixas Corrêa: A Palavra do Brasil nas Nações Unidas: 1946-1995
Paulo Roberto de Almeida: O Brasil e o multilateralismo econômico
Demétrio Magnoli e Carlos Serapião: Comércio exterior e negociações internacionais
Paulo R. de Almeida: Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais
Paulo Roberto de Almeida: Relações Internacionais e Política Externa do Brasil
Paulo R. de Almeida: Relações internacionais e política externa do Brasil (2a. edição)
Paulo R. de Almeida: Relações internacionais e política externa do Brasil (3a. edição)
  
Terceira Parte, 179
Política externa regional e integração
Rubens Antonio Barbosa: América Latina em Perspectiva: a integração regional
Paulo Roberto de Almeida: O Mercosul no contexto regional e internacional
Sérgio Abreu e Lima Florêncio e Ernesto Henrique Fraga Araújo: Mercosul Hoje
Paulo Roberto de Almeida: Mercosul: Fundamentos e Perspectivas
Paulo R. de Almeida e Yves Chaloult (orgs.): Mercosul, Nafta, Alca: a dimensão social
Paulo Roberto de Almeida: Le Mercosud: un marché commun pour l’Amérique du Sud
Renato L. R. Marques: Mercosul 1989-1999: depoimentos de um negociador
Leonardo Carneiro Enge: A Convergência Macroeconômica Brasil-Argentina
Otávio Augusto Drummond Cançado Trindade: O Mercosul no Direito Brasileiro
Rubens Antônio Barbosa (org.). Mercosul quinze anos
Paulo R. de Almeida; Rubens Antonio Barbosa (eds.): Relações Brasil-Estados Unidos
Paulo Roberto de Almeida: Integração Regional: uma introdução 

Quarta Parte, 243
Pensamento Político e Econômico
Sérgio Bath: Maquiavelismo: A prática política segundo Nicolau - Maquiavel
Paulo Roberto de Almeida: Velhos e novos manifestos: o socialismo na era da globalização
Rubens A. Barbosa, Marshall C. Eakin, Paulo R. Almeida (orgs.): O Brasil dos brasilianistas
Paulo R. de Almeida: A Grande Mudança: consequências econômicas da transição política
Marshall C. Eakin, Paulo R. Almeida (eds.): Guide to Brazilian Studies in the United States
Brazílio Itiberê da Cunha, Expansão Econômica Mundial
Paulo Roberto de Almeida: O Moderno Príncipe (Maquiavel revisitado)
Paulo Roberto de Almeida: Globalizando, ensaios sobre a globalização e a antiglobalização
Rubens Antonio Barbosa: revista Interesse Nacional




Quinta Parte, 293

Literatura 
Geraldo Holanda Cavalcanti: Encontro em Ouro Preto: contos fantásticos
Edgard Telles Ribeiro: O Punho e a Renda  

Apêndices, 303
Complemento de informação sobre outros trabalhos do autor
(A) Ensaios sobre relações internacionais e sobre política externa do Brasil, 303
(B) Livros publicados pelo autor, 321
(C) Nota sobre o autor, 325

https://www.academia.edu/9084111/24_Codex_Diplomaticus_Brasiliensis_livros_de_diplomatas_brasileiros_2014_

Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros (1) - Paulo Roberto de Almeida

Codex? Sim, um códice, mas não de atos internacionais do Brasil.
Diplomaticus? Ok, foram escritos por diplomatas, daí a expressão.
Brasiliensis? Não de Brasília, mas de brasileiros, no sentido que dava Hipólito da Costa.
O subtítulo se explica não é? Só falta dizer que se trata de resenhas, e este é a sequência do meu ebook anterior, Polindo a Prata da Casa, que compilava toda a Primeira Parte  do Prata da Casa, recolhendo todas as mini-resenhas de livros de diplomatas publicadas na seção pertinente do Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros-ADB.
Agora, o Codex Diplomaticus Brasiliensis recolhe toda a Segunda Parte do mesmo Prata da Casa, que são as resenhas mais longas, ou resenhas-artigos, dos livros publicados dos diplomatas.
Aqui vai a apresentação, e o conteúdo.
Paulo Roberto de Almeida

Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros
Hartford, Edição do Autor, 2 de novembro de 2014, 326 p.

 
“Todos os homens, pela sua própria natureza, aspiram a conhecer.”
Aristóteles

“Eu sou um cidadão do mundo.”
Diógenes
“As leis morais devem valer para todos os seres racionais.”
Emanuel Kant

Sumário

Apresentação
pág. 11
  
Índice Geral
pág. 17
  
Primeira Parte, 21
A diplomacia brasileira na História
  
Segunda Parte, 141
O Brasil e o multilateralismo

Terceira Parte, 179
Política externa regional e integração
  
Quarta Parte, 243
Pensamento Político e Econômico
  
Quinta Parte, 293
Literatura

Apêndices, 303
Complemento de informação sobre outros trabalhos do autor
(A) Ensaios sobre relações internacionais e sobre política externa do Brasil
(B) Livros publicados pelo autor
(C) Nota sobre o autor

 Livro disponível na plataforma do Academia.edu:
https://www.academia.edu/9084111/24_Codex_Diplomaticus_Brasiliensis_livros_de_diplomatas_brasileiros_2014_ 

Seguem, em dois posts na sequência, o índice completo e, em seguida, a apresentação do livro.

Bretton Woods revisited, 70 years later: proceedings of the conference

Eu até recebi o convite para ir, mas no mesmo momento estava atravessando por uma segunda vez os Estados Unidos, e já tinha estado no New Hampshire duas vezes, para ver os locais da conferência.
Aqui estão as transcrições do evento.
Permito-me informar que preparei um artigo: “O FMI e o Brasil:  encontros e desencontros em 70 anos de história” (Hartford, 30 julho 2014, 24 p.) que traça um itinerário histórico do FMI, desde Bretton Woods, e segue os acordos feitos pelo Brasil, com ênfase nas diferentes fases das políticas econômicas. Foi encaminhado para número especial da revista FGV-Direito, sob o título de “O Brasil e o FMI desde Bretton Woods: 70 anos de História”. 
Paulo Roberto de Almeida

The Center for Financial Stability (CFS) is grateful to many speakers and delegates for the success of the working conference
"Bretton Woods 2014: The Founders and the Future."

Delegates actively focused on the future of finance and the international monetary system to contemplate policies to foster global financial stability, growth, and cooperation.  We also honored and rested on the vision and leadership demonstrated 70 years ago at the historic Mount Washington Hotel.  Honorary Committee member Randy Quarles captured the spirit of the discussions by invoking an old Greek proverb:

"Society grows great when old men plant trees whose shade they know they shall never sit in."

For links to speeches, papers, videos, and images from Bretton Woods 2014, please visit
http://centerforfinancialstability.org/bw2014.php

Select remarks and speeches include:

Welcome Message
Jacques de Larosiére - Managing Director of the IMF (1978 - 1987)

Future Prospects for the World's Foreign Exchange System
Otmar Issing - Member of the Executive Board of the ECB (1998 - 2006)

Nice-Squared (Near an Internationally Cooperative Equilibrium)
John B. Taylor - Professor of Economics at Stanford University

A Few Thoughts on the Current International Monetary System
Liu Mingkang - Member, 17th Central Committee of the Communist Party of China

Bretton Woods Reconsidered: The Dollar Standard and the Role of China
Ronald I. McKinnon (***) - Professor of International Economics at Stanford University

Marriner Eccles: Father of the Modern Federal Reserve
Spencer F. Eccles - Chairman Emeritus, Wells Fargo Intermountain Banking Region

Critical Issues for the Bretton Woods Institutions
William R. Rhodes - President and CEO of William R. Rhodes Global Advisors

Ideas for Today from the British Delegation of 1944
Charles Goodhart - Member of the Bank of England's Monetary Policy Committee (1997 - 2000)

Mexico’s Role at Bretton Woods: An Assessment 70 Years Later
Francisco Suárez Dávila - Ambassador of Mexico to Canada

In Light of Recent Experiences: Is There a Future for International Cooperation?
Ernesto Zedillo - President of Mexico (1994 - 2000)

What Have We Learned about Bretton Woods from Recent Research?
Eric Helleiner - Author of "Forgotten Foundations of Bretton Woods"
Eric Rauchway - Author of "The Money-Makers: The Invention of Prosperity"
Kurt Schuler - Finder and editor of "The Bretton Woods Transcripts"

Thoughts on World War II in July 1944
Carole Brookins - U.S. Executive Director of the World Bank Group (2001 - 2005)

Summary and Next Steps
Randal K. Quarles - Under Secretary for Domestic Finance, U.S. Treasury (2005 - 2006)

We are grateful to the Marriner S. Eccles Foundation, BNY Mellon, the Citrone Foundation, and the Y.A. Istel Foundation in honor of André Istel for their vision and support of Bretton Woods 2014.

Sincerely yours,
Lawrence Goodman

(***) We are saddened by the loss of Professor Ron McKinnon, who enthusiastically shared his intelligence and humor with colleagues in New Hampshire earlier in the fall.

--
Lawrence Goodman
President
Center for Financial Stability, Inc.
1120 Avenue of the Americas, 4th floor
New York, NY 10036

www.CenterforFinancialStability.org
The Center for Financial Stability is a nonprofit, nonpartisan, independent think tank dedicated to financial markets for the benefit of investors, officials, and the public.

domingo, 2 de novembro de 2014

Diplomacia companheira, ou: como meter os pes pelas maos e sair humilhado - livro de L.F. Lampreia

Apenas transcrevendo, sem muitos outros comentários sobre esse episódio específico. Acho que o essencial já está dito aí, pelo menos no que concerne a patética aventura iraniana dos companheiros.
Mas, existem muitos outros episódios que ainda necessitam de esclarecimentos, e duvido que existam registros escritos sobre determinadas questões controversas. Não preciso citar quais, os entendidos saberão quais são, algumas na região, outras fora dela...
Um dia a história se escreverá, e ela não os absolverá...
Paulo Roberto de Almeida

COBERTURA ESPECIAL - Nuclear - Inteligência

02 de Novembro, 2014 - 13:00 ( Brasília )

Diplomacia - Aposta em Teerã: A sombra do fracasso

Em Aposta em Teerã, o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia revela que não foi por falta de aviso que o episódio mais humilhante da diplomacia lulista ocorreu

Presidente Luis Inacio Lula da Silva, Presidente Iraniano Mahmoud Ahmadinejad, em Teerã, 16 Maio 2010.

DIOGO SCHELP

Em Aposta em Teerã, o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia revela que não foi por falta de aviso que o episódio mais humilhante da diplomacia lulista ocorreu
Apolítica externa no governo de Luiz Inácio Lula da Silva ficou conhecida como "diplomacia megalonanica". "Megalo" por suas pretensões de alterar o equilíbrio de poder entre países ricos e emergentes, de solucionar conflitos que se arrastam por décadas e de reivindicar para o Brasil uma liderança não apenas regional, mas global.

"Nanica" porque, na prática, o soft poder brasileiro, ou seja, o poder de influenciar nações sem o uso da ameaça militar, é insuficiente para atingir os objetivos grandiosos pretendidos pelo lulopetismo.

Em seu livro Aposta em Teerã (Objetiva; 152 páginas; 24,90 reais), que chega nesta semana às livrarias, Luiz Felipe Lampreia evita usar expressão tão irônica — e, por isso mesmo, tão eficiente em sintetizar a visão de mundo de Lula e de seus conselheiros internacionais.

Sua análise do maior fracasso da diplomacia da era Lula, a tentativa de solucionar o impasse em torno do programa nuclear iraniano, em 2010, dá mais voltas, mas chega à mesma conclusão. Escreve Lampreia: "O governo do presidente Lula sempre foi caracterizado por um forte desejo de protagonismo diplomático. No caso do Oriente Médio, demonstrou um excesso de voluntarismo, que se revelou gratuito e inútil. No caso do Irã, fez uma leitura por demais otimista do nosso papel internacional". Eis uma descrição diplomática do que é ser megalonanico.

Lampreia chefiou o Itamaraty entre 1995 e 2001, no governo de Fernando Henrique Cardoso, período que Celso Amorim, o chanceler de Lula, depois afirmou ter sido marcado por uma diplomacia tímida e de subordinação "aos ditames de outras potências". Na verdade, era apenas uma política externa que não se subordinava a interesses partidários.

Com os contatos que ainda mantêm no meio diplomático, Lampreia reuniu informações de bastidores que demonstram como o anseio pelo protagonismo impediu que Amorim e Lula percebessem que as negociações com o Irã, em parceria com a Turquia, eram uma armadilha.

Um pouco antes de desembarcar em Teerã, Lula esteve na Rússia, ocasião em que o presidente Dimitri Medvedev alertou o colega brasileiro em conversa reservada que "o jogo já estava jogado" e que os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha, já haviam concordado em impor novas sanções econômicas ao Irã.

De nada adiantava, portanto, Lula arriscar a sua projeção externa em um acordo pífio com o Irã. Depois, durante as duras negociações em Teerã, em diversos momentos os representantes iranianos perguntavam aos brasileiros e aos turcos se os americanos aprovavam o que estava sendo discutido ali.

Afinal, sem o consentimento dos Estados Unidos, a suspensão das sanções, objetivo maior dos iranianos, jamais poderia ocorrer. Amorim garantia-lhes, enfaticamente, que sim. Ele estava se baseando em uma carta que o presidente Barack Obama escreveu para Lula, discorrendo sobre os planos do brasileiro de negociar com o Irã.

 Lampreia demonstra de maneira muito didática que Amorim fez uma interpretação equivocada da carta de Obama. Em 17 de maio de 2010, divulgou-se a Declaração de Teerã, pela qual os aiatolás entregariam 1200 quilos de urânio enriquecido para ser guardado na Turquia. No dia seguinte, Amorim recebeu uma ligação de Hillary Clinton, secretária de Estado americana, desautorizando o acordo. Lula saiu humilhado do episódio.

 Foi a última grande aventura diplomática de seu governo. A sombra do fracasso em Teerã acompanha a diplomacia petista desde então.

Dados Livro

Aposta em Teerã
Editora Objetiva
152 páginas
R$ 24,90

Nota DefesaNet


A aventura diplomática de Lula, Amorim e Marco Aurélio Garcia teve e tem consequências diplomáticas muito profundas.

O Brasil, por muito pouco, não foi colocado em quarentena pela comunidade internacional devido a aproximação com o Irã.

Até o momento pairam grandes suspeitas sobre as ações diplomáticas do Brasil. Vários projetos estratégicos brasileiros são monitorados mais de perto devido a esta aventura.

Dicionário Político dos Novos Pecados Capitais (2006) - Paulo Roberto de Almeida


Um texto ainda mais antigo, da época do Mensalão, que, visto retrospectivamente, parece brincadeira de criança perto do Petrolão e de outras coisas ainda piores, das quais sequer desconfiamos.
Enquanto o castigo não vem, nossa única arma é a denúncia, a demonstração de que estamos conscientes de que eles são patifes, e sempre serão.
Paulo Roberto de Almeida
 
Dicionário Político dos Novos Pecados Capitais

Paulo Roberto de Almeida

Como todos sabem, os sete pecados capitais da tradição cristã são, sem ordem particular de prioridade, os seguintes:
1) inveja
2) avareza
3) cobiça
4) orgulho (ou soberba)
5) preguiça
6) luxúria e
7) gula

Sobre eles não precisamos nos alongar indevidamente, tendo em vista toda a exegese já registrada na história, a começar por São Tomás de Aquino até exemplos mais recentes na literatura. Pode-se questionar, inclusive se esses “pecados” continuam sendo “capitais” ou se a sua presença na vida diária já não vem sendo admitida com alguma tolerância pelos mais diversos personagens da vida pública. Afinal de contas, todos eles, com alguma discrição para a luxúria, vêm sendo exibidos por esses personagens, até mesmo com certa desfaçatez, sem que autoridades morais ou religiosas venham a público condenar atos e atores com a veemência que seria de se esperar.
Deixando de lado esses pecados da velha tradição, proponho-me agora listar alguns novos pecados da moderna vida política, da brasileira em particular. Os políticos, em geral, exibem uma penca deles, não todos os políticos, em bloco, nem todos os pecados, ao mesmo tempo, mas vários desses  personagens da vida pública ostentam alguns de forma cumulativa e, o que é pior, de maneira reincidente.
Não vou deter-me agora sobre casos concretos da vida pública brasileira, tanto porque eles estão sendo expostos de maneira recorrente, nas comissões parlamentares de inquérito e nas páginas da imprensa e em outros meios de comunicação.
Parafraseando uma frase famosa, pode-se dizer que nunca, tantos podres da vida pública foram assumidos de forma tão aberta, para o conhecimento de tantos cidadãos, estupefatos. Assistimos, desde vários meses, a uma enxurrada de denúncias, várias delas já substanciadas por provas contundentes, sem que se tenha visto, até aqui, nenhuma condenação moral, ou qualquer condenação de fato. Resta saber se velhos e novos pecados serão, de alguma forma, julgados e condenados no futuro previsível.
Esperando que chegue o “dia do julgamento final”, proponho-me, assim, a apresentar alguns novos pecados da vida política brasileira que, numa lista não exaustiva, poderiam ser identificados com os seguintes:

1) corrupção
2) hipocrisia
3) fraude
4) desfaçatez
5) volubilidade
6) inconstância
7) mentira
8) mediocridade
9) transferência de encargos para terceiros
10) ignorância deliberada de fatos de sua competência
11) irresponsabilidade quanto ao desempenho de funções
12) pretensão
13) eleitoralismo desenfreado
14) propaganda indireta, com meios públicos
15) uso da máquina estatal para fins particulares
16) populismo (velho e novo)
17) demagogia (aparentemente, uma segunda natureza)
18) arrogância
19) clientelismo
20) fisiologia
21) nepotismo
22) fuga da realidade (autismo político)
23) esquizofrenia (defesa de objetivos conflitantes na vida política)
24) ofensa à inteligência alheia (“eu não sei”, “eu não vi”, “não estou sabendo”...)

Paro provisoriamente por aqui, e não pretendo, no momento, elaborar sobre cada um desses novos pecados, esperando ao menos que eles sejam auto-explicativos. Os fatos que poderiam substanciar cada um desses verbetes do novo dicionário de costumes políticos da vida brasileira são conhecidos de todos e não requerem nova descrição.
Termino parafraseando Dante Alighieri (1265-1321), o poeta italiano autor de “A divina comédia”, que numa de suas frases memoráveis disse o seguinte: “Não menos do que saber, me agrada duvidar.”

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 26 de janeiro de 2006

Costumes petistas: comparar com ma-fe e iludir com os numeros - Paulo Roberto de Almeida

Passei uma parte da noite argumentando com um desses jovens e ingênuos companheiros, que armados apenas dos panfletos mentirosos da sua tribo, tentava mais uma vez me provar como o ancien régime neoliberal dos tucanos foi um horror econômico, e como tudo melhorou na gestão lulo-petista, para maior felicidade de todos neste país tão unido em torno das maravilhas que eles realizaram nesse novo regime do Nunca Antes.
Já sei que não adianta tentar convencer um petista: convertidos nunca se convencem, pois eles têm a verdade revelada, a luz imbatível das certezas incorrigíveis, e alguns números na mão, que eles torturaram para desvendar o reino das realizações mirabolantes.
Como eu conheço também todos os números, me seria seria fácil provar que eles estão errados. Seria fácil, mas custoso, pois primeiro precisaria demonstrar, com outros números à mão, que eles fazem "comparações" com base em valores nominais, não deflacionados, ou não corrigidos, que eles retiram as estatísticas do contexto para simplesmente agitar dois números discrepantes, que eles constroem, enfim, dados que não existem sem as muletas da má-fé e da distorção quantitativa.
Eu conheço isso de longe, e já assisti desde o início.
Aliás, todos nós, ou quase todos, saudamos o advento da era da justiça social, da ética na política e de todas aquelas promessas que iriam, finalmente, redimir o país da desigualdade, da corrupção, do fisiologismo, enfim, das trapaças habituais dos políticos.
Mal sabíamos o que nos esperava, que aliás começou em seguida, com a tal história da "herança maldita", uma das coisas mais sórdidas e mais desonestas que eu já vi, sendo proclamada o tempo todo, contra todas as evidências.
A desonestidade continuou, durante todo o primeiro mandato daquele que passou a ser chamado de Apedeuta, por Janer Cristaldo (a quem pago o copyright pela criação da expressão). Na campanha de 2006, os petistas soltaram uma das brochuras comparativas mais mentirosas que me foi dado ver com estes olhos de simples professor de economia, acostumado a lidar com os números das contas nacionais e das transações externas todos os dias, por força de ofício e de interesse intelectual.
Essa brochura, que devo ter ainda entre meus pertences me convenceu, em definitivo, que estávamos em face de um partido e de pessoas profundamente desonestas, que não hesitariam diante de nada para falsear a realidade para suas finalidades políticas.
Escrevi, então, o texto que vai abaixo, que ficou praticamente sem divulgação na ocasião, e que recupero agora de meus arquivos eletrônicos. Lamento não ter achado a brochura original do PT, para demonstrar como o exercício de mistificação era realmente escandaloso.
A partir daí, confesso que cansei de desmentir os companheiros, inclusive porque seria inútil: eles continuam, como vimos ainda agora, na campanha de 2014 (e foi assim também na de 2010), a mentir sobre a base de construções estatísticas manipuladas, e distorcendo os números.
Creio que por força do Apedeuta, eles têm uma obsessão pscicológica contra o FHC, pois não adianta estarmos há mais de 12 anos distante daqueles anos, eles voltam repetidamente a falar dos anos FHC, como se tivessem sido o horror na Terra, e eles tivessem vindo para inaugurar o Eden. Deve ser algum problema mental do chefe, um ódio incontido do sociólogo ex-presidente, que só o Apedeuta pode explicar de onde vem exatamente.
Em todo caso, parei de desmentir bandidos dessa laia, pois não adiantaria muito.
Mas, como passei metade da noite, hoje, tentando justamente educar um ingênuo, e tendo achado este texto nos meus arquivos, permito-me transcrevê-lo aqui apenas como registro histórico, já que ele fala de uma patifaria de oito anos atrás (mas elas continuaram no mesmo estilo, até piorando).
Fico por aqui, mas prometo escrever um dia um ensaio de cunho kafkiano, para tratar da questão.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 2/11/2014


Desconstruindo o Brasil: como iludir com números

Paulo Roberto de Almeida 

A liderança do PT na Câmara dos Deputados anunciou o lançamento, em 12 de julho de 2006, do livro “Governo Lula: a construção de um Brasil melhor - a verdade dos números”. Com ele, a bancada do PT na Câmara pretende fazer, com fins nitidamente eleitoreiros, um balanço das realizações do governo Lula, comparando-as com os dois mandatos do governo FHC.
Já se sabia que o PT, em geral, e Lula, em particular, eram obsecados por uma suposta herança “maldita” que lhes teria sido legada pelo antecessor de oito anos. O que não se sabia era que eles se dedicariam a arranjar números e a fabricar comparações para “provar” que o governo atual faz muito melhor do que tudo que se fazia antes, aliás, desde o descobrimento do Brasil.
O líder petista naquela casa legislativa pretende que são “dados à prova de balas” e que o PFL e o PSDB pretendem deles fugir “como o diabo foge da cruz”. Ele esqueceu-se apenas de mencionar que a maior parte dos dados negativos no período imediatamente anterior à eleição e posse de Lula pode ser justamente explicada pela deterioração sensível experimentada pela economia brasileira em face da perspectiva da vitória eleitoral do partido que prometia “mudar tudo isso que (estava) aí”, inaugurando uma era de ruptura econômica e de revisão fundamental dos compromissos externos do Brasil. 
O livro talvez seja mais relevante pelo que ele NÃO mostra do que pelo que ele efetivamente mostra, ou seja, um conjunto de dados estatísticos e de séries históricas habilmente arranjados – em gráficos, histogramas e tortas coloridas – para dar essa impressão de progresso notável nos números e nas tendências nos últimos três anos e meio. O PSDB vai provavelmente arranjar outros números e um conjunto alternativo de fatos para “provar” que muito do que se apresenta hoje como sucesso econômico  e conquistas sociais representa, na verdade, uma herança “bendita” das sementes plantadas anos atrás, com o que os dois principais partidos brasileiros terão dado sua contribuição original para a velha arte de enganar com os números e de iludir com argumentos construídos.
A arte da comparação é sem dúvida alguma um velho procedimento das ciências sociais e, mais ainda, das mágicas eleitorais, bastando, no entanto, que seus praticantes se dediquem, efetivamente, a comparar elementos comparáveis entre si – isto é, “animais” pertencentes a uma mesma “família” – e que eles consigam construir argumentos que não ofendam o leitor pela sua apresentação especiosa e, sobretudo, que eles não incidam naquilo que se poderia chamar de desonestidade intelectual.
Ora, ao pretender que a “análise criteriosa dos dados mostra que o Brasil mudou para melhor de 2003 em diante”, o líder do PT na Câmara quer nos fazer acreditar que o Brasil, até então obstruído pelo mar de sargaços do não crescimento e da desigualdade social absoluta, despertou em 1º de janeiro daquele ano para um destino glorioso de desenvolvimento econômico e social, com crescimento acelerado dos empregos e a distribuição generosa dos frutos de um crescimento que só o partido do presidente Lula foi capaz de prover. A desfaçatez só é comparável à ignorância deliberada que o PT continua a exibir em relação aos “recursos não contabilizados”, ao esquartejamento das agências regulatórias, ao loteamento do Estado e à alienação de soberania em diversos lances de sua diplomacia partidária. Aliás, vários dos dados compilados foram extraídos do livro do líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante, “Brasil Primeiro Tempo: análise comparativa do governo Lula”, no qual já compareciam muitos dos golpes de ilusionismo econômico que a liderança na Câmara pretende agora nos impingir.
Por acaso, uma única frase do líder petista na CD deve receber nosso total assentimento, a de que “o Brasil de hoje, o Brasil de julho de 2006, é bem melhor que o de 1º de janeiro de 2003, quando o governo Lula iniciou-se". 
De fato, o Brasil de hoje não apresenta todo o cortejo de números negativos que foram sendo criados ao longo de 2002, a partir da ameaça de vitória, concretizada em outubro, do candidato do partido que sempre prometeu alterar fundamentalmente os dados da economia brasileira. O que ocorreu, naquele ano, utilizando-se de conhecida metáfora brasileira, foi a introdução de um “bode” na sala; sua retirada gradual, a partir de janeiro de 2003, melhorou sensivelmente o ambiente na “casa Brasil”, tornando-o mais respirável e sobretudo menos sombrio, tal como então se antecipava, em função da eventual perspectiva de que os novos inquilinos pretendessem “chutar o pau da barraca”.
À margem dos muitos números, figuras e gráficos otimistas, uma única comparação – que seria absolutamente singela – não é jamais feita na pequena brochura montada pelos “economistas” do PT: a de que a política econômica conduzida pelo governo Lula é fundamentalmente diferente – em mecanismos, instrumentos, natureza e orientação – da política econômica neoliberal que eles diziam combater na era FHC. Se esses economistas conseguirem provar, a todos nós, leitores da brochura ou simples cidadãos, que a atual política econômica difere radicalmente em propósitos, nas modalidades e no ferramental utilizado daquela que era aplicada antes de sua gloriosa assunção ao poder, então eles merecem um prêmio Nobel de economia, ou melhor, talvez um prêmio de lata de prestidigitação econômica.
O fato é, como sabem todos, que em nenhuma das políticas macroeconômicas tidas como fundamentais – na área monetária, fiscal ou cambial – ocorreu qualquer ruptura com tudo o que “estava ali antes”. Se mudanças ocorreram, nas políticas setoriais, elas foram para pior, quando não para o absolutamente negativo em termos de desempenho ou de regulação de setores importantes para o crescimento do Brasil: na área agrícola, houve ameaça sobre ameaça de “desconstrução” do agronegócio, com os constantes ataques do ministro do subdesenvolvimento agrário à agricultura de exportação e as frequentes ameaças de invasão de terras pelos neobolcheviques do MST; na área da pesquisa agrícola, os impasses criado pelos opositores fundamentalistas dos transgênicos foi dramática para o progresso dos experimentos no setor; na infraestrutura, todos assistiram á tragédia das estradas esburacadas e aguardam apreensivos a possibilidade de um novo apagão energético; todas as agências reguladoras foram literalmente castradas em seu poder de monitoramento e de implementação de normas apolíticas, substituídas estas por decisões governamentais que deixam os investidores sem condições de se precaver contra a possível volatilidade e o caráter errático das novas regras.
Nada na brochura nos lembra a não-reforma política, a não-reforma trabalhista, a não-reforma previdenciária, a não-reforma educacional (a não ser para constranger as universidades privadas e introduzir critérios dúbios de “justiça social”, de caráter racial, nas públicas. Em nenhum momento se diz que a carga fiscal, já pesadamente aumentada na gestão anterior, foi ainda mais reforçada, sem que qualquer reforma tributária no sentido do alívio impositivo tenha sido ensaiada nestes últimos três anos e meio. Tampouco se menciona o crescimento expressivo das despesas públicas, muito acima da inflação e da própria taxa de crescimento, tão pífia quanto ela tinha sido na administração tucana.
A brochura tampouco menciona que a política externa “ativa e altiva”, como gosta de repetir o chanceler a serviço da diplomacia partidária absolutamente canhestra e amadora do PT, sofreu derrota após derrota em todas as suas pretensões terceiro-mundistas e integracionistas. Quando Lula assumiu, a prioridade estava com o reforço do Mercosul e a “união da América do Sul”, para melhor negociar a – na verdade opor-se à – Alca. Não é preciso sequer mencionar o estado atual do Mercosul e a efetiva desunião regional para evidenciar o fracasso dessa política de “liderança” brasileira na região, recusada por todos e obstaculizada por muitos. Todas as candidaturas brasileiras para organismos internacionais – OMC, BID e sobretudo a obsessão com uma cadeira permanente no CSNU – sofreram derrotas fragorosas, causadas sobretudo por aqueles que tinham sido aprioristicamente definidos como “parceiros estratégicos”, a começar pela Argentina e pela China. A alienação da soberania nacional e a rendição a interesses estrangeiros da diplomacia petista tornaram-se patentes quando foi um governante estrangeiro – no caso o presidente Chávez – que definiu onde se instalaria uma nova refinaria de petróleo (e não estudos técnicos conduzidos no próprio Brasil) e quando o governo dobrou-se vergonhosamente à imposição da nacionalização dos recursos energéticos da Bolívia, em frontal oposição a tratados assinados entre os dois países e a acordos concluídos entre aquele governo e a Petrobras.

A desonestidade intelectual transparece, por exemplo, na comparação de  taxas anuais de inflação, quando se menciona que quando Lula assumiu, algumas projeções indicavam que a inflação poderia chegar em 2003 a 42,9% e que agora a inflação de 2006 será de 4,5% ao ano. Desonestidade ainda maior vem associada à lembrança de que em outubro de 2002, o risco-país (calculado com base na aceitação dos títulos do governo brasileiro no exterior) estava em 2.035 pontos. Em maio deste ano [2006], estava em 216 pontos. Não é preciso dizer que não se tratava, absolutamente do risco-Brasil, mas única e exclusivamente do risco-Lula e do risco-PT.
Um outro “esquecimento virtual” comparece na questão cambial: jamais comparece na brochura a noção de “populismo cambial”, antes assacada permanentemente contra o ex-presidente do BC Gustavo Franco, quando a taxa real do dólar, em sua época, estava abaixo, em termos reais, da que hoje é suportada pelos exportadores e setores industriais. Tampouco se lembra que o governo Lula cumpriu obedientemente os acordos com o FMI, aumentando inclusive de forma totalmente voluntária o nível do superávit primário (de 3,75% do PIB para 4,25%), honrando todos os compromissos e terminando por devolver antecipadamente, num gesto claramente demagógico, os empréstimos de baixo custo concedidos por aquele organismo financeiro apenas para lançar títulos no mercado comercial a taxas de juros mais altas.
A questão do emprego é outro sintoma da desonestidade intelectual da brochura do PT, uma vez que se sabe que mais da metade do mais de um milhão de “empregos criados” corresponde, de fato, a empregos existentes que foram simplesmente formalizados, sem que fosse efetivamente gerados novos postos de trabalho. A redução das desigualdades é apresentada como outra das “vitórias” deste governo, quando os estudos indicam claramente que se trata de uma tendência dos últimos doze anos, pelo menos, quando a redução da inflação permitida pelo Plano Real eliminou o “imposto inflacionário” sobre os pobres e investimentos em infraestrutura e em educação do governo FHC contribuíram para a melhoria de diversos indicadores sociais. O coeficiente de Gini baixou sim, mas não exclusivamente em virtude do bolsa-família, esse “mensalão” governamental que está criando um exército de assistidos do tamanho de uma Argentina que mais se assemelha a um curral eleitoral do que a uma comunidade de cidadãos que deveria ser paulatinamente inserida no mercado de trabalho.
A produção agrícola, por sua vez, ameaça novamente entrar em crise neste ano e no próximo, em virtude do pouco caso revelado pelo partido aliado do MST em relação ao agronegócio, que grande parte dos petistas despreza e pretende ver substituído por uma agricultura familiar não mercantil. A cartilha também mente quanto ao número de assentados da reforma agrária de Lula, misturando número de candidatos a lotes com assentamentos efetivos.
Finalmente, nada se menciona quanto à bomba fiscal que está sendo armada para 2007 pelos aumentos irresponsáveis dos salários dos funcionários públicos feitos nesta conjuntura eleitoral pelo governo Lula. Esses aumentos, travestidos de “correções de planos de carreira” para não serem sumariamente vetados pela justiça eleitoral, ofendem claramente os preceitos legais em matéria de legislação eleitoral, uma vez que são aumentos claramente acima dos índices oficiais de inflação, têm por fim contemplar os interesses de várias categorias do funcionalismo nesta época pré-eleitoral e são feitos mediante medidas provisórias, quando nada indica que eles apresentem urgência e relevância substantiva, como recomendariam os preceitos constitucionais regulando a emissão desse tipo de medida. 

Em suma, o PT continua fazendo da propaganda seu principal instrumento político, mediante uma maquiagem nos números dos últimos anos, esperando que a maior parte dos cidadãos se deixe iludir quanto a uma suposta “excelência de resultados” do governo petista. Em matéria de magia eleitoral, para não falar de desonestidade intelectual, não poderia ser mais ilustrativo de tudo o que se tem assistido nos últimos três anos e meio.
Brasília, 14 de  julho de 2006

sábado, 1 de novembro de 2014

Os dez mandamentos da politica (em certos governos) - Paulo Roberto de Almeida

Revisando uma lista de trabalhos, acabei encontrando este aqui, praticamente esquecido.
Gostaria, em todo caso, de aproveitar esta oportunidade, para me desculpar com Moisés, e seus colaboradores, publicitários, escriturários e outros aspones, por interpretar de maneira assim tão pouco respeitosa os mandamentos tão sábios e tão politicamente corretos que ele nos legou.
Acho que algumas pessoas, companheiros, como não poderia deixar de ser, colocariam a lei mosaica na mesma categoria da "herança maldita" que eles acusam ter recebido de outros, numa inacreditável demonstração de má fé. Um dia a fúria do senhor, isto é, do povo, se abaterá sobre eles...
Paulo Roberto de Almeida


Os dez mandamentos da política (em certos governos)

Paulo Roberto de Almeida
(com alguns agradecimentos a Moisés e seus escribas)

1. Não reconhecerás nenhum deus, personagem inexistente em nossa república laica, salvo o comandante em chefe, também chamado de Nosso Guia, ou genial condutor dos povos.
2. Não farás publicidade indevida, salvo a do próprio chefe e guia infalível.
3. Apenas o nosso guia tem o direito de aparecer nos meios de comunicação de massa sem qualquer restrição, assim como requisitar esses meios para aparição pública, sempre e quando ele determinar que existe um interesse nacional envolvido.
4. Guardarás todos os dias santificados, que são também os dias de recolhimentos de impostos, diretos e indiretos, assim como taxas e contribuições.
5. Honrarás pai e mãe, e darás a eles o direito de serem atendidos no serviço público de saúde.
6. É proibido matar, a não ser que seja pela boa causa. A boa causa é determinada pelo Nosso Guia.
7. Não cometerás adultério, pelo menos não nas horas de trabalho. Se tiver de ser, que não seja no local de trabalho. Se tiver de ser, que seja pela boa causa, assim determinada pelo Nosso Guia.
8. Não roubarás, até que sejas eleito para algum cargo público. A partir de então, o roubo não é mais enquadrado como roubo, mas apenas como prestação de serviço público, para o qual deve necessariamente existir alguma compensação pecuniária pelos esforços incorridos.
9. Não discriminarás contra os estrangeiros, a não ser que sejam brancos de olhos azuis. Nossos aliados naturais são os morenos oprimidos.
10. Não corromperás o próximo, nem o perseguirás por qualquer motivo fútil, pois ele pode ser nosso aliado natural, sobretudo se for sindicalista. Aos que não são próximos, nem nossos aliados, apenas aplicarás a lei.

Brasília, 31 de julho de 2009