O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A nova "chancelera" argentina (ministra de las relaciones exteriores y culto): Susana Malcorra

Já parece ser algo sensato alguém que trabalhou durante anos na iniciativa privada. Resta saber se compreenderá as idiossincrasias argentinas e latino-americanas...
Terá de correr um pouco para se atualizar sobre os problemas da região, se me permitem o chiste...
Paulo Roberto de Almeida

Argentina Gobierno
Jefa de Gabinete del secretario general de ONU será canciller de Argentina

La próxima canciller argentina, Susana Malcorra. Foto: eleco.com.ar
Infolatam/Efe
Buenos Aires, 24 de noviembre de 2015
Las claves
El futuro presidente dijo que quien a partir del 10 de diciembre conducirá el Ministerio de Relaciones Exteriores y Culto de Argentina es "una persona de amplísimo conocimiento, que comprende en detalle la agenda internacional que hoy mueve al mundo".
El presidente electo argentino, Mauricio Macri, anunció que Susana Malcorra, actual jefa de Gabinete del secretario general de las Naciones Unidas, Ban Ki-moon, será la canciller de su Gobierno.
Macri, a través de su perfil oficial en la red social Facebook, se declaró “muy contento y orgulloso” de anunciar como futura canciller a Malcorra, “una mujer inteligente, vigorosa y sabia”, que “viene a sumar su visión de la política internacional en esta nueva etapa de cambio que pronto empezaremos”.
“La Argentina necesita vincularse con los demás países del mundo para desarrollar oportunidades de crecimiento y prosperidad para todos los argentinos”, sostuvo el alcalde saliente de Buenos Aires.
El conservador Macri ganó las elecciones presidenciales en una segunda vuelta celebrada el pasado domingo y asumirá el 10 de diciembre la Presidencia de Argentina, tras doce años de gobiernos kirchneristas.
El futuro presidente dijo que quien a partir del 10 de diciembre conducirá el Ministerio de Relaciones Exteriores y Culto de Argentina es “una persona de amplísimo conocimiento, que comprende en detalle la agenda internacional que hoy mueve al mundo”.
“En las Naciones Unidas, antes de su actual posición, se desempeñó como secretaria general adjunta del Departamento de Apoyo a las Actividades sobre el Terreno, donde brindaba ayuda logística a las misiones de paz desplegadas en los distintos puntos del planeta”, destacó Macri.
Nacida en 1954 la ciudad argentina de Rosario, Malcorra se incorporó a Naciones Unidas en 2004 como oficial principal de Operaciones y Directora Ejecutiva Adjunta del Programa Mundial de Alimentos (PMA), supervisando diariamente las operaciones humanitarias y de emergencia.
En marzo de 2008 pasó a ejercer el cargo de secretaria general adjunta del Departamento de Apoyo a las Actividades sobre el Terreno y en marzo de 2012 fue promovida a jefa de Gabinete del secretario general.
Ingeniera eléctrica graduada en la Universidad de Rosario, antes de unirse a Naciones Unidas se desarrolló profesionalmente durante 25 años en el sector privado.
Trabajó durante catorce años en IBM, en el área comercial, liderando proyectos de informatización, y luego en Telecom Argentina, empresa de telecomunicaciones de la que llegó a ser titular.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Organização criminosa: Documentando os atos dos mafiosos - Veja.com

Lava Jato mira empréstimos do BNDES a Bumlai. E não descarta investigar Lula

Força-tarefa apura contratos operados pelo amigo do ex-presidente com instituições financeiras. Investigadores querem saber se houve interferência do Planalto

Por: Laryssa Borges, de Brasília - Atualizado em 

DINHEIRO SUJO - O empreiteiro apresentou extratos de movimentação de uma conta criada na Suíça para pagar propina. De lá, segundo ele, saíram 2,4 milhões de reais para a campanha de Lula
Ex-presidente Lula pode ser investigado pela força-tarefa da Lava Jato por ter beneficiado o amigo e pecuarista José Carlos Bumlai em contratos com a administração pública(Cristiano Mariz/VEJA)

A Polícia Federal e a força-tarefa da Lava Jato devem investigar se o governo do ex-presidente Lula beneficiou o pecuarista José Carlos Bumlai em contratos com a administração pública. Embora Lula não seja formalmente alvo de investigação, ele foi frequentemente citado pelo próprio Bumlai como a autoridade que poderia destravar impasses - desde a manutenção do ex-diretor Nestor Cerveró na Petrobras até a confirmação de um contrato de sondas pelo grupo Schahin. Por ora, a ofensiva dos investigadores deve se focar em empréstimos de instituições financeiras, como o BNDES, utilizados para o esquema de corrupção, mas a PF não descarta apurar se o Palácio do Planalto, sob a gestão Lula, interferiu em contratos operados por Bumlai.

A São Fernando Açúcar e Álcool Ltda. recebeu, em 2005, empréstimo de 64,66 milhões de reais do BNDES. Em 2008, novo repasse. Desta vez de 388 milhões de reais. A companhia entrou em recuperação judicial em 2013 com uma dívida de 1,2 bilhão de reais, incluindo débito de 300 milhões de reais resultado de empréstimos do banco de fomento. Em julho de 2012, a São Fernando Energia I Ltda., também de Bumlai, recebeu empréstimo de mais de 100 milhões de reais do BNDES, mesmo que na época a empresa contasse com apenas sete funcionários.

Em sua delação premiada, o lobista Fernando Baiano disse que, na tentativa de emplacar um contrato entre a empresa OSX, do ex-bilionário Eike Batista, com a Sete Brasil, empresa gestada no governo Lula para construir as sondas de exploração do petróleo do pré-sal, o empresário José Carlos Bumlai foi acionado para interceder junto a Lula. Em troca, o pecuarista teria recebido comissão de 2 milhões de reais, que acabaram repassados a uma nora do ex-presidente para a quitação da dívida de um imóvel.

LEIA MAIS:

PF prende pecuarista amigo de Lula na 21ª fase da Lava Jato

Bumlai repetiu mensalão e beneficiou PT, diz Moro

"Em relação ao ex-presidente Lula, são citações ainda sem qualquer conteúdo de prova efetiva. É muito comum que o nome seja usado sem autorização. Pode ser esse o caso, mas tem que apurar, ver se houve realmente alguma interferência do Palácio do Planalto nesses contratos", defendeu hoje o delegado Igor Romário de Paula, que atua na Lava Jato.

Segundo o procurador Diogo Castor de Mattos, a força-tarefa da Lava Jato já está investigando "dezenas de milhões de reais" em contratos suspeitos, incluindo documentos envolvendo as empresas São Fernando Açúcar e Álcool e São Fernando Energia, administradas pelos filhos de José Carlos Bumlai, e do frigorífico Bertin. De acordo com depoimento do ex-presidente do Banco Schahin, Sandro Tordin, os petistas Delúbio Soares e José Dirceu, condenados no julgamento do mensalão, intercederam para que a instituição financeira liberasse um empréstimo de cerca de 12 milhões de reais a Bumlai. Esse empréstimo, dizem os investigadores, teria sido fraudado para dar ares de veracidade ao repasse de recursos que quitariam dívidas de campanha do ex-presidente Lula em 2002. Ao final, com o dinheiro na conta de Bumlai, os valores foram transferidos para contas do Frigorífico Bertin.

"Existem outros empréstimos de instituições financeiras que estão sob investigação e somam quantias de dezenas de milhões de reais. Há suspeita de outros empréstimos. Caso haja realmente esse vínculo [com esquema de corrupção na Petrobras], tomaremos as medidas cabíveis em relação aos investigados", disse Mattos.

LEIA TAMBÉM:

Bumlai prometeu acionar o 'Barba' para fechar contrato

Empréstimo de Bumlai foi quitado com contrato da Petrobras, diz MP

Bumlai usava nome de Lula em negociatas

TAGs:
Lula
Operação Lava Jato

O TPP e sua importancia para a economia japonesa - C. Fred Bergsten (IIE, Washington)

Fred Bergsten é um dos maiores especialistas mundiais em comércio internacional e apresenta neste seu artigo de opinião suas reflexões sobre o tema do TPP:

     Op-ed
The Trans-Pacific Partnership and Japan
C. Fred Bergsten
Published in the Nikkei Asian Review
    
     C. Fred BergstenThe Trans-Pacific Partnership (TPP) is the most important trade agreement in world history in both economic and geopolitical terms. It incorporates 40 percent of the global economy, including its largest and third largest countries. It will increase the income of the participating countries by almost $300 billion (in 2007 dollars). It sets the stage for eventual expansion to a comprehensive Free Trade Area of the Asia Pacific (FTAAP) that will include virtually every country in the region, perhaps including China and India. Japan can have a major impact on that potential expansion. It can be especially influential with its US ally on the issue, as there is a sharp division within the United States between those who want to bring China into a cooperative Asia Pacific trade and investment structure, and those who view China as an inevitable enemy that should be excluded from such arrangements. It is clearly in Japan's interest to avoid having to choose between China and the United States, and it should thus strive tirelessly to promote a cooperative fusion over the next several years.

>> Read full op-ed

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

A Revista Brasileira de Politica Internacional, editorial de Antonio Carlos Lessa

Guinada editorial e preparação para novos desafios são marcas da primeira edição de 2015 da Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI

Antônio Carlos Lessa, editor-chefe da Revista Brasileira de Política Internacional e professor associado do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil
rbpiA Equipe Editorial do Blog SciELO em Perspectiva | Humanas, em pareceria com a RBPI, publicará ao longo desta semana 11 entrevistas referentes aos artigos apresentados no volume 58 nº 1 da RBPI. Fundada em 1958 pelo Instituto Brasileiro de Relações Internacionais –IBRI, a Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI é a mais antiga publicação científica especializada em Relações Internacionais em circulação no Brasil. É também uma das mais tradicionais e influentes publicações da América Latina.
No primeiro número de 2015, a Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI apresenta 12 artigos que tratam das relações entre o Brasil e a África, economia e segurança internacionais e integração regional.
Os trabalhos de Alcides Costa Vaz, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, e de Wilson Mendonça e Carlos Aurélio Pimenta de Faria, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, se debruçam sobre a política brasileira para a África, tanto na vertente dos desafios que a sua implementação tem trazido para a diplomacia brasileira ao longo dos últimos vinte anos, quanto na perspectiva do desenvolvimento da política de cooperação internacional na área agrícola.
Os temas relacionados com a integração regional, tanto da América do Sul, quanto em outra região, tem sido também uma constante nos trabalhos publicados pela Revista ao longo dos últimos anos. A presente edição traz três contribuições importantes sobre o tema, em diferentes perspectivas. O artigo de Gian Luca Gardini, da University of Erlangen-Nuremberg (Alemanha) inquere sobre o desenvolvimento da ideia de integração na América Latina, e os múltiplos arranjos que tem surgido ao longo dos últimos anos. A professora da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Taiane las Casas, analisa em seu artigo a vitalidade do Mercosul e da Comunidade Andina de Nações, considerada na ótica da sua capacidade de prover bens públicos, especialmente na área de segurança. Os desafios que os processos de estabilização econômica de países como Portugal e Grécia trouxeram para a União Europeia são a preocupação principal do trabalho de António Goucha Soares, professor da Lisbon School of Economics and Management, de Portugal.
Um terceiro bloco de contribuições dessa edição é formado por artigos que analisam aspectos da economia internacional. A perspectiva histórica que instrui a análise sobre a evolução da ordem econômica internacional ao longo do século XX é o tema central do trabalho de Paulo Roberto de Almeida, diplomata de carreira e professor do Centro Unificado de Brasília. Yonca Ozdemir, professora da Middle East Technical University (Turquia), se volta, em seu artigo, para os fatores políticos que levam ao sucesso de estratégias de estabilização econômica, analisando especificamente os casos do Brasil e da Argentina. Os motivos que levaram o Brasil a adotar tradicionalmente uma postura defensiva em negociações multilaterais sobre o comércio de serviços são o tema do artigo do pesquisador da Ohio State University (Estados Unidos), Raphael Coutinho da Cunha. A pesquisadora da Universidade Lusíada (Portugal), Joana Castro Pereira, analisa em seu artigo a crescente importância do meio ambiente, e dos recursos naturais em particular, nas relações internacionais.
Aspectos centrais da agenda de segurança internacional contemporânea são os temas dos trabalhos que compõe um quarto bloco publicado na nesta edição da RBPI. Ramon Blanco, professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, analisa os desafios do processo de construção da paz conduzido pela ONU em Timor-Leste. A inserção do crime organizado transnacional na agenda de segurança dos Estados Unidos e a sua qualificação como uma das principais ameaças contemporâneas à ordem internacional pós Guerra Fria são as preocupações da análise desenvolvida no artigo de Paulo Pereira, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Finalmente, o professor da Naval Postgraduate School (Estados Unidos), Thomas C. Bruneau aborda em seu trabalho a complexidade da “terceirização” de serviços de segurança (ou o que antigamente se denominava simplesmente de “mercenários”) na ação militar norte-americana.
A RBPI é publicada em acesso aberto no SciELO desde 2007, e circulará em formato impresso até dezembro de 2015. Aliás, o abandono do formato impresso a partir do final de 2015 será uma das grandes mudanças na gestão do periódico, ao lado da adoção da periodicidade quadrimestral a partir de 2016. Esses são esforços que se alinham com outros ajustes de grande vulto que vem sendo empreendidos ao longo dos últimos anos. O primeiro deles certamente é a publicação integral em língua inglesa, o que nos pareceu um caminho natural na estratégia de internacionalização do periódico que vem sendo implementada há cerca de dez anos – nesse sentido, a partir da segunda edição de 2015 todos os números serão publicados exclusivamente em inglês. O crescimento exponencial do número de contribuições de autores vinculados a instituições no exterior e a possibilidade de recurso a pareceristas de outros países, notadamente não-lusófonos, aliás, podem ser também entendidos como um dos resultados preciosos desse percurso, além, é claro, do ganho principal que é permitir que a boa ciência feita na área por pesquisadores brasileiros ganhe a maior audiência possível.
A organização de números especiais, com editores convidados que são scholars com trajetória internacional em suas áreas de expertise, tem impulsionado a visibilidade internacional da Revista. Essas edições decorrem de grandes chamadas internacionais, que tem colhidos resultados extraordinários, com número crescente de contribuições submetidas. A partir de 2016, pelo menos um dos três números regulares publicados a cada ano será uma edição especial.
A RBPI tem se beneficiado de uma ação de divulgação bastante diversa. Os esforços empreendidos em prol do aumento da visibilidade da Revista incluem a exposição intensa da missão editorial do veículo em congressos nacionais e internacionais da área, a realização de entrevistas com os autores dos artigos publicados, a elaboração de press releases e de peças mais breves sobre os temas tratados nos trabalhos veiculados em cada uma das edições – e que são também publicados no site do IBRI e em outros veículos de divulgação científica da área.
Ao se preparar para comemorar os seus sessenta anos de circulação ininterrupta, em 2017, a RBPI busca, enfim, se consolidar como um grande e dos mais influentes journals especializados do Sul Global.

Para ler os artigos, acesse:

MENDONCA JUNIOR, W., and FARIA, C. A. P. A cooperação técnica do Brasil com a África: comparando os governos Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Lula da Silva (2003-2010). Rev. bras. polít. int. [online]. 2015, vol.58, n.1, pp. 5-22. [viewed 23th November 2015]. ISSN 1983-3121. DOI: 10.1590/0034-7329201500101. Available from: http://ref.scielo.org/8b9f4c
BRUNEAU, T. C. The US experience in contracting out security and lessons for other countries. Rev. bras. polít. int. [online]. 2015, vol.58, n.1, pp. 230-248. [viewed 16th November 2015]. ISSN 1983-3121. DOI: 10.1590/0034-7329201500112. Available from: http://ref.scielo.org/x87fmm
PEREIRA, J. C. Environmental issues and international relations, a new global (dis)order – the role of International Relations in promoting a concerted international system. Rev. bras. polít. int. [online]. 2015, vol.58, n.1, pp. 191-209. [viewed 18th November 2015]. ISSN 1983-3121. DOI: 10.1590/0034-7329201500110. Available from: http://ref.scielo.org/k7j6tn
CUNHA, R. C. Negociações comerciais em uma economia fechada: o Brasil e o comércio de serviços na Rodada Uruguai. Rev. bras. polít. int. [online]. 2015, vol.58, n.1, pp. 142-163. [viewed 16th November 2015]. ISSN 1983-3121. DOI: 10.1590/0034-7329201500108. Available from: http://ref.scielo.org/3vz5hm
OZDEMIR, Y. Political conditions for successful inflation stabilization: comparing Brazil and Argentina. Rev. bras. polít. int. [online]. 2015, vol.58, n.1, pp. 63-83. [viewed 17th November 2015]. ISSN 1983-3121. DOI: 10.1590/0034-7329201500104. Available from: http://ref.scielo.org/crf8m4
PEREIRA, P. Os Estados Unidos e a ameaça do crime organizado transnacional nos anos 1990. Rev. bras. polít. int. [online]. 2015, vol.58, n.1, pp. 84-107. [viewed 17th November 2015]. ISSN 1983-3121. DOI: 10.1590/0034-7329201500105. Available from: http://ref.scielo.org/d3fpnw
BLANCO, R. The UN peacebuilding process: an analysis of its shortcomings in Timor-Leste. Rev. bras. polít. int. [online]. 2015, vol.58, n.1, pp. 42-62. [viewed 17th November 2015]. ISSN 1983-3121. DOI: 10.1590/0034-7329201500103. Available from: http://ref.scielo.org/ft6w4n
GARDINI, G. L. Towards modular regionalism: the proliferation of Latin American cooperation. Rev. bras. polít. int. [online]. 2015, vol.58, n.1, pp. 210-229. [viewed 23th November 2015]. ISSN 1983-3121. DOI: 10.1590/0034-7329201500111. Available from: http://ref.scielo.org/zd9k4z
VAZ, A. C. International drivers of Brazilian agricultural cooperation in Africa in the post-2008 economic crisis. Rev. bras. polít. int. [online]. 2015, vol.58, n.1, pp. 164-190. [viewed 19th November 2015]. ISSN 1983-3121. DOI: 10.1590/0034-7329201500109. Available from: http://ref.scielo.org/pzcvrb
SOARES, A. G. EU Commission participation in the Troika mission: is there a European Union price to pay?. Rev. bras. polít. int. [online]. 2015, vol.58, n.1, pp. 108-126. [viewed 18th November 2015]. ISSN 1983-3121. DOI: 10.1590/0034-7329201500106. Available from: http://ref.scielo.org/39fqzd
LAS CASAS, T. A integração regional como mecanismo para provisão de bens públicos: uma análise comparativa da agenda de segurança pública no Mercosul e na Comunidade Andina de Nações.Rev. bras. polít. int. [online]. 2015, vol.58, n.1, pp. 23-41. [viewed 23th November 2015]. ISSN 1983-3121. DOI: 10.1590/0034-7329201500102. Available from: http://ref.scielo.org/ftqg5c
ALMEIDA, P. R. Transformações da ordem econômica mundial, do final do século 19 à Segunda Guerra Mundial. Rev. bras. polít. int. [online]. 2015, vol.58, n.1, pp. 127-141. [viewed 18th November 2015]. ISSN 1983-3121. DOI: 10.1590/0034-7329201500107. Available from: http://ref.scielo.org/cp8tx2

Link externo:

Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI – www.scielo.br/rbpi

Como citar este post [ISO 690/2010]:

LESSA, A. C. Guinada editorial e preparação para novos desafios são marcas da primeira edição de 2015 da Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI. SciELO em Perspectiva: Humanas. [viewed 23 November 2015]. Available from: http://humanas.blog.scielo.org/blog/2015/11/23/guinada-editorial-e-preparacao-para-novos-desafios-sao-marcas-da-primeira-edicao-de-2015-da-revista-brasileira-de-politica-internacional-rbpi/

Mulheres no Itamaraty: a FSP faz demagogia barata em editorial

Abaixo, reproduzo editorial da FSP, transcrita pelo SindItamaraty, que possui inúmeros clichês equivocados e muita demagogia, supostamente de gênero.
É certo que muitos diplomatas homens ditos incompetentes (nesse editorial) têm sido promovidos, como ocorre em qualquer corporação desse tipo, caracterizada por fortes relações de compadrio, amizades oportunistas e pistolões em excesso, o famoso QI, quem indica. É também certo que o Itamaraty tem sido submisso em excesso às vontades e preferências dos donos do poder, de todas as tendências em todas as épocas. 
Mas não existe nenhuma razão para dizer que existe um "sério" problema de gênero no Itamaraty apenas porque as mulheres constituem um quarto do contingente. 
Não há porque o Itamaraty "proteger essa minoria", se elas são apenas um quarto - o Itamaraty não escolhe sexos no processo de seleção -- ou se em recentes promoções a "minoria" foi excluída. O gabinete do chanceler é da escolha do chanceler, e ele não deveria ser obrigado a escolhê-las ou promovê-las apenas por serem mulheres.
Essa tese do "machismo institucionalizado" é impressionista e precisaria ser apoiada em fatos fundamentados, a menos que se queira acusar os gays -- que certamente são uma "minoria" de mais de um quarto do contingente -- de também serem partidários desse "machismo". 
Que exista assédio no Itamaraty é possível e mesmo provável, como também nas redações de jornais e em diversos outros meios. Isso não torna obrigatória a promoção das mulheres apenas devido a essa condição natural.
Não existe por acaso demagogia e incompetência quando se introduzem cotas raciais ou de gênero para promoção, remoção ou exercício de cargos? É claro que existe!
O mérito, o reconhecimento do trabalho, a competição e a competência deveriam ser os únicos critérios de desempenho na carreira, sem qualquer demagogia barata de tipo racial ou de gênero.
Paulo Roberto de Almeida 

Folha de São Paulo: É sério o problema de gênero no Itamaraty
13.11.2015


O Brasil tem mulheres diplomatas há cem anos, mas até hoje elas representam menos de um quarto do quadro.
Como o ministério não tem mecanismos para proteger essa minoria, o resultado é o que é. Este ano, dos cinco diplomatas recém-promovidos a embaixador, nenhum é mulher. Entre os dez novos ministros, uma mulher. A lista de ramais do ministério revela que, via de regra, mulher ali não manda nem ocupa posição de liderança. Não há mulher diplomata no gabinete do chanceler.

O machismo institucionalizado tem raiz profunda. Quando o ex-ministro Celso Amorim promoveu mulheres a cargos de chefia, os porta-vozes do atraso alertaram para o risco de serem promovidas funcionárias incompetentes. Nada disseram, claro, sobre a promoção de homens de sabida incompetência.

Num ambiente assim, existe ampla tolerância ao assédio e à discriminação de gênero. Há numerosas histórias de arrepiar, mas quem reclama compromete a carreira.

Isso dito, há boas mudanças. Um grupo informal de mulheres está transformando a maneira como a questão é tratada no ministério, ao passo que avança um comitê formal para promover igualdade de gênero (e raça).

As resistências existem. "Essas meninas vão dividir o Itamaraty", diz um embaixador. Quando um texto sobre o assunto vazou, um chefe concluiu: "Isto é um ataque ao ministério". Como sempre, o atraso reage mostrando os dentes.

A maior agressão contra o Itamaraty é lotar em cargos de relevo homens com passagens pela polícia por agredir colegas de trabalho e/ou parceiras. Afinal, uma brasileira é assassinada a cada 90 minutos, metade das vezes por estrangulamento ou uso de objetos cortantes. Dividir o Itamaraty é fazer vista grossa à cultura de assédio que atormenta algumas diplomatas e muitas oficiais de chancelaria. Cultura importa: não é só que o SUS atende 405 casos de violência doméstica e sexual por dia, mas metade das vítimas de estupro tem menos de 13 anos (dois terços dos agressores são familiares, amigos ou conhecidos).

Quando uma mulher do Itamaraty sente que o toque impróprio, a ameaça velada, a tungada de um colega desvairado ou as travas informais à progressão profissional ficam por isso mesmo, tolhe-se a capacidade do ministério de defender os interesses de uma sociedade que ainda está em dívida com as suas mulheres.

Vai mudar?

Muito dependerá do atual chanceler. Ele pode ouvir as novas iniciativas com interesse. Ou pode fazer de conta que ouve e deixar tudo como está.

O caminho do progresso é claro. 
Fonte: Folha de São Paulo 

LILS: a familia mais capitalista do Brasil, e a mais bem sucedida (ate agora) - Sebastiao Nery

FAMILIA EMPRESARIAL
SEBASTIÃO NERY
SÃO PAULO – terça-feira 24 de novembro de 2015     

Agamenon Magalhães, governador, ministro,  patriarca de Pernambuco, era um político sábio:
- "O homem público no poder não compra, não vende, não  troca”.

Outro sábio, Ortega y Gasset, filósofo espanhol, em 1921, perplexo diante do desfibramento da política e da sociedade espanhola, escreveu “Espanha Invertebrada”, sobre os rumos e o futuro da Nação:
- “Uma sociedade míope agrava a enfermidade pública, prestigiando políticos sem virtudes que impõem as suas vontades e interesses em detrimento dos verdadeiros valores nacionais”.  

         Roberto D’Ávila com seu talento e competência profissional, entrevistando Lula na Globo News, tentou tirar leite das pedras, extrair alguma luz de uma cabeça de bagre. A entrevista com Lula foi um descalabro. Uma aula torta de como mentir, mentir sempre. Roberto
podia ter encerrado a conversa relendo a página 4 da “Folha de S. Paulo” de 27 de outubro último onde está a lista das 15 empresas da família Lula.
O Brasil teve durante 300 anos uma família imperial. Agora sabe-se que tem uma “família empresarial”, que fez o milagre de chegar a São Paulo carregando uma trouxa e meio século depois ser proprietária destas 15 empresas:

1 – BR4 Participações Ltda /Capital R$4milhões.
2 – FFK Participações Ltda / Capital R$ 150.000,00.
3 – G4 Entretenimento e Tecnologia Digital / Capital R$ 150.000,00.
4 – LFT Marketing Esp. Ltda / Capital R$ 100.000,00.
5 – LKT Marketing Eireli / Capital R$ 100.000,00.
6 – Flex BRT Tecnologia S.A. / Capital R$ 20.000,00.
7 – Flex BRT Ltda / Capital R$ 20.000,00.
8 – LLCS Participações Ltda / Capital R$ 1.000,00.
9 – LLF Participação Eireli / Capital R$ 80.000,00.
10 – Gamecop S.A. / Capital R$ 10.000,00.
11 – LLCS Participações Eireli / Capital R$ 1.000,00.
12 – Touchdowm Prom. de Eventos Esportivos Ltda / Capital R$ 1.000,00.
13 – Gasbom Cursino Ltda / Capital R$ 2.000,00.
14 – Gisam Comércio de Roupas Ltda / Capital R$ 5.000,00.
15 – L.I.L.S. Palestras Eventos e Publicidade / Capital R$ 100.000,00.

É com essa L.I.L.S. que Lula assina os recibos das fajutas conferências.

Fernando Pessoa: Tabacaria

Grato ao Maurício David, por esta transcrição

Tabacaria
 Fernando Pessoa:
 

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo.
que ninguém sabe quem é
( E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes
e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.

domingo, 22 de novembro de 2015

Erico Verissimo, americanista brasileiro - Arnaldo Godoy

Embargos Culturais

O gaúcho Erico Veríssimo foi um verdadeiro americanista brasileiro

Consultor Jurídico,
O escritor gaúcho Erico Verissimo (1905-1975) viveu nos Estados Unidos da América em duas ocasiões: uma estada curta (por dois meses, em 1941) e uma estada mais alongada (por dois anos, de 1943 a 1945). Nesta segunda oportunidade, ao lado de esposa e filhos, Verissimo viveu na Califórnia (primeiramente na Universidade de Berkeley, em Oakland) e depois em Los Angeles. Suas impressões de viagem, e da vida norte-americana, na etapa final da segunda guerra mundial, estão gravadas em delicioso livro, A volta do gato preto[1].
Esse livro tem páginas memoráveis, relativas à vida norte-americana, na impressão de um brasileiro culto. Nesse sentido, o deslumbramento de Verissimo com aspectos centrais da vida norte-americana qualificam-no, de algum modo, como um Alexis de Tocqueville brasileiro[2]. Exemplifico com corajosa passagem sobre a vida religiosa do norte-americano. Para Verissimo, o tema religioso nos Estados Unidos (na época em que lá esteve, bem entendido) não era assunto substancialmente metafísico; o norte-americano, segundo Veríssimo, não se interessava pela questão da alma e pelas qualidades intrínsecas da fé e da devoção, enquanto problemas centrais na existência. Para Verissimo, em audaciosa passagem, a religião era para o norte-americano da época “(...) um tipo de gadget, de engenhoca (...) uma espécie de máquina de ir para o céu”[3].
Ainda que Veríssimo admitisse que fixava uma caricatura, o que não excluía a “parecença”, em suas próprias palavras, porquanto caricaturas e parecenças “têm sempre sua dose de verdade”[4]. Reconhecendo que não era sociólogo ou ensaísta ou mesmo homem de ciência[5], Verissimo experimentava instrumentos de ficção para examinar problemas da realidade[6]; algumas passagens do livro são entabuladas em forma de diálogos epistolares.
Veríssimo entendia que os norte-americanos eram “extrovertidos, objetivos, arejados e práticos, de sorte que querem [queriam] ver o problema da outra vida posto sobre bases deste mundo”[7]. Indagando se havia algum santo norte-americano, o que relatava desconhecer[8], Verissimo impressionava-se com uma cultura não inclinada ao êxtase religioso[9]. O escritor gaúcho nos dava conta do pragmatismo e do realismo, enquanto filosofias nacionais dos Estados Unidos.
O modo como os norte-americanos se relacionavam com o tempo também intrigava nosso célebre escritor. Para Veríssimo “o problema do tempo é muito sério num país que descobriu tantas formas de divertimentos, tantas atividades, e que não encontra tempo suficiente para gozar desses divertimentos e exercer essas atividades”[10]. Essa curiosa questão também atormentou Max Weber, calcado no mote de Franklyn, para quem o tempo seria também expressão do dinheiro.
Assim, para Veríssimo, os norte-americanos inventavam coisas que simplificavam a vida e que espichavam o tempo[11]. Ilustrava essa premissa com a máquina de lavar roupa: “Você compra uma dessas engenhocas, pega o livro que traz as instruções para o seu manejo, coloca a roupa suja no lugar indicado, aperta o botão, tudo de acordo com as recomendações do livrete, e a máquina começa a funcionar: você pode ir tratar doutra coisa, na certeza de que no momento devido a roupa sairá lá do outro lado, alva, limpa, imaculada, numa economia de tempo, esforço e preocupação”[12].
Religião, administração do tempo, cultura cívica, cinema, literatura, gastronomia, estética, relações interpessoais, política, guerra, são vários os tópicos que ocuparam a privilegiada especulação de Erico Verissimo, em livro absolutamente atemporal, porquanto captou no efêmero, no contingente e no fato diverso transitório, o que imanente, permanente e marcante numa civilização. Essa constatação realça a importante posição de Erico Verissimo em nossa história literária.
 
[1] Verissimo, Erico, A Volta do Gato Preto, São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
[2] Esse pequeno ensaio foi inspirado após rápida conversa em Brasília com Paulo Roberto de Almeida, diplomata, um dos mais preparados intelectuais brasileiros da atualidade, que me chamou a atenção para outras expressões culturais brasileiras, que se revelariam como americanistas, a exemplo de Hipólito da Costa Pereira e Oliveira Lima. Hipólito deixou-nos “Diário da Minha Viagem para Filadélfia (1798-1799) e Oliveira Lima escreveu “Nos Estados Unidos- Impressões Políticas e Sociais”. Esse último livro conta com prefácio de Paulo Roberto de Almeida, cuja leitura é imprescindível introdução para compreensão das opiniões e idiossincrasias de Oliveira Lima, também diplomata e americanista.
[3] Verissimo, Erico, cit., p. 259.
[4] Verissimo, Erico, cit., loc. cit.
[5] Cf. Verissimo, Erico, cit., loc. cit.
[6] Cf. Verissimo, Erico, cit., loc. cit.
[7] Verissimo, Erico, cit., loc. cit.
[8] Cf. Verissimo, Erico, cit., loc. cit.
[9] Cf. Verissimo, Erico, cit., loc. cit.
[10] Verissimo, Erico, cit., p. 260.
[11] Cf. Verissimo, Erico, cit., loc. cit.
[12] Verissimo, Erico, cit., loc. cit.