Reproduzo abaixo, circular 1/65, gentilmente fotografada pelo nosso colega, pesquisador incansável Rogério de Souza Farias, na qual o famoso historiador José Honório Rodrigues, tendo assumido a direção executiva do IBRI e a editorial da RBPI, em 1964, e encontrando-a atrasada em 5 números, reclama junto aos sócios do
Instituto Brasileiro de Relações Internacionais o pagamento das contribuições devidas, sem as quais seria impossível colocar em dia o seu trabalho editorial:
Como se constata, a inflação criada pelo período juscelinista, janista e janguista, já tinha feito sua obra multiplicadora. O IBRI esperava uma subvenção de
TRÊS MILHÕES de cruzeiros do Itamaraty, que provavelmente carente ele próprio de recursos reduziu-a em 30%, prometendo contribuir com apenas DOIS MILHÕES E CEM.
José Honório pedia apenas 5 mil cruzeiros a cada sócio.
O IBRI atual não parece cobrar nenhuma anuidade aos seus sócios, entre os quais eu supostamente me incluo (mas nunca fui cobrado por isso).
Em todo caso, quando efetuei a transferência do IBRI e da RBPI para Brasília, em 1993, precisei arranjar recursos com um capitalista amigo, Stefan Salej, então à frente da FIEMG, que financiou praticamente sozinho a edição do primeiro número na nova capital, tendo como editor o professor Amado Luiz Cervo (e presidente do IBRI o professor José Carlos Brandi Aleixo, que hoje é seu presidente honorário). Desde então, a revista vem sobrevivendo (é o termo) graças aos aportes do CNPq para publicações científicas e a colaboração do IRel-UnB, que praticamente se encarregou dos aspectos práticos da feitura e distribuição, com o trabalho hercúleo do professor Antonio Carlos Lessa, o atual editor da RBPI. Basicamente a revista deve sua existência continuada a ele e uma pequena equipe de abnegados acadêmicos e alguns poucos diplomatas.
Um
seminário como o que estamos realizando na segunda-feira 7/11/2016, deve permitir discutir o passado, o presente e o futuro do IBRI e da RBPI, e nossa aposta agora é chegar aos 100 anos sem qualquer ruga ou achaque (mas provavelmente com a conta quase a zero, como tem sido a regra).
Não teremos dinheiro nem para comprar champagne, nem para oferecer jantar no evento.
Precisamos ao menos encontrar uma frase simbólica para esse empreendimento heroico.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 2 de novembro de 2016