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segunda-feira, 13 de maio de 2019

Ensino no Brasil: magistério dominado por profissionais negros e de baixa renda familiar

Um retrato preocupante quanto ao futuro da educação no Brasil: a desvalorização do professor, tanto em termos financeiros quanto de prestígio social, vem redundando num rebaixamento progressivo, objetivamente falando, dos candidatos ao magistério. É o que indica esta matéria.
Paulo Roberto de Almeida

Só 9% dos futuros professores do Brasil têm pais com nível superior
POR IG ÚLTIMO SEGUNDO - COM INFORMAÇÕES DA AGÊNCIA BRASIL - IG EDUCAÇÃO – 13/05/2019 – SÃO PAULO, SP

O aumento da demanda por docentes com curso superior impulsionou os candidatos a professores no país a buscarem essa capacitação em cursos mais rápidos ou em programas de formação de docentes simplificados. Eles têm procurado também o ensino a distância, sem forte regulação e monitoramento. Os dados estão na publicação Professores do Brasil , que foi lançada esta semana, em São Paulo, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil e a Fundação Carlos Chagas (FCC).
O livro Professores do Brasil , que trata dos desafios na formação de docentes no país, é o terceiro de uma série que fornece amplo panorama da docência: formação, trabalho e profissionalização. Ele foi produzido a partir do projeto Cenários da formação do professor no Brasil e seus desafios. A publicação é resultado de estudos feitos pelas pesquisadoras Bernardete A. Gatti, Elba Siqueira de Sá Barretto e Patrícia Albieri de Almeida, da Fundação Carlos Chagas; e Marli Eliza Dalmazo Afonso de André, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC).
O material mostra ainda o perfil do estudante de licenciatura no país, ressaltando pontos importantes. Por exemplo, os estudantes da docência têm renda mais baixa que os de outras licenciaturas: cerca de 61,2% dos estudantes, de 2014, tinham renda de até três salários mínimos. E, desse total, um em cada quatro estudantes tem renda salarial de até 1,5 salário mínimo.
“Do início deste século para agora, eles [ estudantes de licenciatura ] se tornaram mais pobres, provenientes de família com menos instrução”, disse Elba Siqueira de Sá Barretto, professora da Universidade de São Paulo e pesquisadora e consultora da Fundação Carlos Chagas, em entrevista à Agência Brasil . “Entre os estudantes de licenciatura, em torno de 42% têm pais que fizeram apenas o primário incompleto. Só 9% desses estudantes têm pais com nível superior”, acrescentou. “Essa é uma tendência. Cada vez mais o magistério no Brasil está sendo procurado pelos segmentos mais empobrecidos. E essa tendência ficou mais clara, mais acentuada”, disse.
Outro aspecto indicado na pesquisa, é o número de mulheres, que conclui as licenciaturas, ser maior que o de homens e negros a maioria entre os estudantes. [A presença de negros na licenciatura passou de 35,9% em 2005, para 51,3% em 2014]. “De 14 cursos de licenciatura [segundo dados do Enade], em 11 deles havia 50% ou mais de alunos negros ou pardos. E todos os cursos de licenciatura também têm índios representados, embora em pequenas proporções”, informa Elba.
“Eles [estudantes de licenciatura] já eram alunos mais pobres . Esse não é um fenômeno brasileiro, acontece em vários países da América Latina, desde os anos 2000. Muitos dos alunos de licenciatura são os primeiros a chegar ao Ensino Médio e ao Ensino Superior”.
De acordo com a pesquisadora, a licenciatura é também um curso predominantemente feminino. “Mas percebemos recentemente que as matrículas dos homens está aumentando”, disse, acrescentando ainda que, a maior parte desses estudantes de licenciatura não só estudam: `Eles estudam e trabalham e ainda mantém a família”. Para Elba, isso significa o quanto é necessário trabalhar para poder estudar.
O estudo constatou também um envelhecimento no perfil dos licenciandos: a presença de jovens entre 18 e 24 anos que fazem licenciatura passou de 34,7% em 2005 para 21% em 2014.
Esses fenômenos decorrem, segundo a pesquisadora, entre outras razões, por causa do estabelecimento da Lei de Cotas. “Houve também financiamento desses cursos privados e a abertura de muitas vagas nas instituições públicas para que eles pudessem fazer o Ensino Superior”, acrescentou.
Exigência de curso superior
Desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases (LDO 9.394), em 1996, passou a ser exigido no país que todo docente tenha certificação superior. No entanto, em 2016, ainda havia 34% de professores da educação infantil e 20% do ensino fundamental sem a titulação. Nos anos finais, a proporção de não graduados somou 23%. No Ensino Médio, a proporção de docentes não titulados equivalia a 7%.
Matrículas
Ainda segundo o livro, as matrículas para a licenciatura passaram de 659 mil alunos, em 2001, para 1,5 milhão em 2016. O número exato de alunos matriculados, em 2016, em cursos de licenciatura no país somava 1.524.329, sendo que 579.581 estavam em escolas públicas e 944.748 (62% do total) nas privadas. Desse total, 882.749 faziam licenciatura em cursos de ensino presencial e, o restante, 641.580, por meio de cursos a distância.
“Esse foi um período [após o ano 2000] em que os países da América do Sul e da América Latina tiveram algumas condições muito favoráveis para o seu desenvolvimento. Uma crise nos países do Norte favoreceu muito os nossos países que são exportadores de commodities. Então, o PIB cresceu, houve um desenvolvimento econômico grande”, disse Elba. “As licenciaturas foram uma das formações de nível superior que foram privilegiadas nesse período”, acrescentou.
Das 2.228.107 de vagas oferecidas em cursos de licenciatura no país em 2016, 1.990.953 (ou 89,4% do total) eram disponibilizadas pelo setor privado. O total de vagas ociosas atingiu 1.632.212 e cerca de 94,3% se referiam ao setor privado. O total de ingressantes somou 595.895 em 2016, sendo que 75,8% ingressaram em cursos fornecidos pelo setor privado, de acordo com o levantamento.
“Quase 2 milhões das vagas estão no setor privado, sendo apenas 10,6% oferecidas pelo setor público. Em contrapartida, são as reduzidas vagas do setor público disputadas por mais de 1,6 milhão de estudantes, ou seja, pela maior parte dos candidatos que postulam a entrada em curso superior (58,2%), atraídos, sobretudo, pela melhor qualidade que costuma ser socialmente imputada a esses cursos, pela sua gratuidade, ou por ambas as razões”, diz ainda a publicação.
Evasão
O estudo constatou ainda que é grande a quantidade de vagas oferecidas no ensino superior para licenciatura (2,2 milhões de vagas), mas limitado o número de ingressantes (595 mil em 2016). Deste total de vagas, 1,9 milhão se refere a vagas no ensino privado. A explicação para esse fenômeno é o fato de os alunos buscarem o ensino superior privado por causa do aumento de subsídios públicos para o setor, pelas baixas mensalidades, pela modalidade de ensino a distância, pela maior oferta de cursos no período noturno e pela menor concorrência em relação às vagas disponíveis.
Cerca de 39% das vagas nas instituições públicas não foram ocupadas. No setor privado, as vagas ociosas ultrapassaram 1,5 milhão em 2016. Segundo a pesquisa, isso decorre, no caso do setor público, do apoio escasso aos alunos que dela necessitam e também da dificuldade em modificar a estrutura e o modo de funcionamento dos cursos. Do total de alunos que ingressou nas licenciaturas em 2013, metade deles concluem o curso.
“O ideal seria oferecer menos vagas, mas garantir condições de apoio para os alunos que passam por um vestibular difícil permanecer nos cursos superiores até a formatura”, explicou a pesquisadora. Esse apoio, segundo Elba, não se resume a oferecer condições financeiras ou suporte financeiro melhor, mas compreende também a elaboração de um currículo mais adequado e acompanhamento mais sistemático.
Para a pesquisadora, entre as conclusões possíveis sobre os vários retratos que foram apresentados na publicação é a necessidade de repensar alguns gastos que são feitos no Ensino Superior e também a qualidade do que está sendo oferecido. “Também precisamos rever as metas de crescimento do Ensino Superior. Não tem aluno suficiente sendo formado no Ensino Médio. O Ensino Médio no Brasil está muito ainda precarizado”, disse.

Politica externa bolsonarista: chanceler se mostra contrario a imigrantes e a emigrantes brasileiros (noticias internacionais)

Trata-se, sem nenhuma dúvida, de um caso inédito na diplomacia brasileira: um chanceler brasileiro que se declara contrário aos brasileiros emigrados, e contrário a toda a nossa história mais do que secular, de um país aberto à imigração. Ou seja, o chanceler deve concordar -- em todo caso, decide seguir sabujamente -- o que já disse o presidente da CREDN-CD sobre o fato de que os brasileiros ilegais nos EUA (e presumivelmente em outros países também) constituírem "uma vergonha para o Brasil", e também deve concordar com as palavras do presidente que disse, em sua viagem de fevereiro aos EUA, que muitos brasileiros emigrantes nos EUA "não queriam boas coisas para o país", isto é, os EUA, demonstrando que defende mais os interesses do governo Trump -- como certamente é o caso do chanceler trumpista fundamentalista -- do que os interesses do seu próprio povo.
O que o chanceler declarou em suas visitas à Itália e à Hungria constitui uma vergonha para a nossa diplomacia, pois demonstrou, mais uma vez, que despreza os brasileiros, o multilateralismo e os acordos celebrados pelo Brasil, como o Pacto Global sobre as migrações, um instrumento concebido para proteger comunidades estrangeiras em outros países (e que portanto se encaixa na perspectiva de um país provedor de emigrantes, como o Brasil), sem infringir em nada direitos soberanos de implementação de suas leis nacionais relativas a refúgio, imigração e direitos atinentes.
O chanceler envergonha a diplomacia brasileira e os brasileiros.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 13/05/2019

Notícias do dia 10/05/2019

Hungary Today (Hungria) – Foreign Minister: ‘UN Migration Compact Most Dangerous Document Ever’


MTI-Hungary Today

Hungary and Brazil share similar approaches to issues that pose dilemmas in world politics today, such as the need for action against migration and that discrimination against Christians is unacceptable, Foreign Minister Péter Szijjártó said on Thursday.

After meeting counterpart Ernesto Araujo, he told a joint press conference that this was the first occasion for a Brazilian foreign minister to hold talks in Hungary.

Szijjártó said he had agreed with Araujo to coordinate their respective countries’ actions in international forums.

We are proud to be among the six countries that voted against the United Nations Migration Compact, the most dangerous document ever”
Szijjártó said. “We reserve the right to decide who should enter and with whom we’ll live together,” he added. They highlighted the security impacts of migration.

Szijjártó and his counterpart agreed that discrimination against Christians, as seen in many parts of the world, was unacceptable. “International public opinion does not see Christianity as the most persecuted religion in the world,” he said, adding that this was lamentable.

Hungary has so far helped 35,000 Christians in the Middle East stay to remain in the homelands or return to them, Szijjártó said. “This should be in the focus of international organisations rather than managing or promoting migration.”

Hungary and Brazil both believe in promoting their national interests and rejecting attempts at influence from abroad, he said. This serves a good basis for cooperation, Szijjártó added. Hungary supports Brazil’s bids to be a member of the United Nations Security Council and to join OECD, he said.

Szijjártó praised Brazil’s international role and announced the Hungarian government’s strategy “to build a new foundation for Hungary-Brazil ties”. The government has set up a 415 million euro credit line with Hungary’s Eximbank to finance bilateral business cooperation with special regard to promoting Hungarian exports of food, IT, water management and pharmaceutical products and to further strengthen Hungarian companies active in Brazil, he said.

They agreed the Hungary-Brazil mixed economic committee will be chaired by the two foreign ministers. Hungary and Brazil will make their cooperation closer in the area of education, too, and give new impetus to bilateral trade, turnover of which was 430 million dollars last year, Szijjártó said.

Szijjártó said hopefully Brazil’s president would visit Hungary, having received Prime Minister Viktor Orbán’s invitation early in January.

Araujo said Hungary and Brazil were countries working “to make their voices heard” in the world and were brave enough to meet challenges if their ideals made it necessary. Brazil is ready to cooperate with Hungary in multilateral organisations to protect their values and Christian minority groups. He called the persecution of Christians worrying, and added that addressing that problem was a top priority for his country.

Xinhua (China) – Hungary, Brazil share similar approaches to migration: FM


BUDAPEST, May 9 (Xinhua) -- Hungary and Brazil share similar approaches to important matters causing dilemmas in global politics such as migration, Hungarian Minister of Foreign Affairs and Trade Peter Szijjarto said here on Thursday.

"We are proud to be among the six countries that voted against the United Nations Migration Compact, the most dangerous document ever," said Szijjarto at a joint press conference held with Brazilian Foreign Minister Ernesto Araujo.

"We reserve the right to decide who should enter and with whom we'll live together in our very own country," he underlined, adding that Hungary and Brazil agreed to coordinate their actions in international forums in the future.

Hungary supported Brazil's efforts to become a member of the United Nations Security Council and to join the Organization for Economic Co-operation and Development (OECD), said Szijjarto.

The Hungarian government set up a 415-million-euro (about 465.4 million U.S. dollars) credit line with Hungary's Eximbank to finance bilateral business cooperation focusing on the promotion of Hungarian exports of food, IT, water management and pharmaceutical products.

The goal of the Hungarian government was to strengthen the Hungarian companies' activities in Brazil, the minister noted, adding that a new impetus was needed concerning bilateral trade.

Araujo, in his turn, said both Hungary and Brazil were countries committed to "making their voices heard."

Brazil was fully ready to cooperate with Hungary in multilateral organizations to protect their values.

Before the press conference, the two ministers signed a bilateral agreement on the extradition of criminals.

Corriere della Sera (Itália) – Araújo: «Lutar pela soberania para salvar a nação (e a alma) / Entrevista / Ernesto Araújo


(Tradução da Embaixada em Roma)

“O Brasil está com os soberanistas

O ministro das Relações Exteriores encontrou-se com Matteo Salvini em Roma e hoje está na Hungria: "Gostaríamos de nos tornar membros da OTAN para todos os efeitos".

ROMA - Uma aliança soberana entre países que querem recuperar o orgulho nacional e patriótico. Este é o fio que une a giro europeu - Itália, Hungria e Polônia - do ministro das Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, de 51 anos, no cargo há quatro meses. A primeira etapa terminou ontem em Roma depois de dois dias de encontros com empresários italianos que operam no Brasil, mas, acima de tudo, com representantes do governo: em primeiro lugar o ministro do Interior e vice-presidente do Conselho dos Ministros, Matteo Salvini, e a ministra da Defesa, Elisabetta Trenta.

Por que começar pela Itália?
Porque no Brasil existe a maior comunidade italiana no exterior e porque com vocês temos a mais forte parceria política e econômica. Abriremos um diálogo com empresas italianas que estão no Brasil; há um enorme potencial. Mas, acima de tudo, compartilhamos os mesmos valores, uma visão semelhante do mundo.

Quais são esses valores?
A promoção da democracia, em primeiro lugar. Mas também a visão de uma nação com raízes. Queremos recuperar uma abordagem patriótica. Neste sentido, Matteo Salvini é o mais próximo de nós.

É por isso que a Hungria e a Polônia serão as próximas etapas de sua viagem?
Sim, de certo modo, porque eles querem preservar nossas raízes cristãs. As reformas econômicas só podem funcionar se houver um background cultural sobre o qual se apoiar. A cultura pós-moderna distanciou-se da identidade nacional; no entanto, é necessário recuperar o nacionalismo, continuando a ser uma sociedade aberta.

Vocês acham que chegou a hora de uma Europa soberanista?
Estamos prontos para trabalhar com todos na Europa; em Brasília, encontrei-me recentemente, com grande proveito, com o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros. Mas há certamente uma proximidade com os soberanistas. A Europa precisa se reinventar; para nós, o projeto europeu é uma inspiração, mas precisamos dar um passo à frente.

O Brasil olha para o Velho Continente...
Nosso país tem fortes conexões com o Ocidente, tanto em termos de história quanto de tradições. Nesse sentido, minha presença aqui é simbólica porque Roma é o centro de nossas raízes. Toda vez que volto, fico profundamente comovido. Não é por acaso que, na academia diplomática, eu queria que fosse inaugurado um curso de cultura clássica. Conhecer Aristóteles e Platão nos dá uma dimensão diferente.

Vocês pleiteiam um envolvimento mais forte na OTAN?
Já somos um aliado importante, mas agora estamos pensando na possibilidade de nos tornarmos membros para todos os efeitos. Seria um desafio militar, mas também político, porque, por exemplo, precisaríamos pensar em como o Brasil pode contribuir para a defesa comum. Em breve nos tornaremos membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico; temos o apoio dos países europeus.

Por que é tão importante se sentir parte do Ocidente?
Isso nos permite acelerar nossas reformas econômicas e é um estímulo para que o país adote políticas saudáveis. Por enquanto, começamos com a Lei da Liberdade Econômica, que facilita a abertura de negócios.

Ao contrário de Trump, vocês não abandonaram o acordo de Paris sobre o clima, mas algumas ONGs denunciam o desmatamento na floresta amazônica. Qual é a sua posição?
Queremos preservar a floresta amazônica, somos um país muito respeitoso do meio ambiente, no Brasil apenas 30% do território é usado para agricultura e pecuária. Mas 30 milhões de pessoas vivem na Amazônia e devemos dar a elas meios de subsistência.

O senhor fala frequentemente de forma crítica à ideologia "globalista". Por quê?
Porque é a visão de uma economia liberal em uma sociedade fragmentada em que não há mais sentimentos nacionais fortes. O homem pós-moderno é um homem sem alma.

Trump diz “A América em primeiro”; Salvini, “os italianos em primeiro”. Qual é o seu slogan?
Eu diria “primeiro o Brasil e os brasileiros”. Precisamos de reformas que atendam as necessidades daqueles que até agora não se sentiam representados

O Presidente Bolsonaro virá à Itália?
Antes, convidamos o primeiro-ministro Giuseppe Conte ao Brasil; depois, Bolsonaro reciprocará a visita. 

(Entrevista concedida a Monica Ricci Sargentini, Corriere della Sera)

 

OCDE: perspectivas otimistas do governo Bolsona ainda nao se confirmaram (FSP, IstoE)

Matérias da quinta e da sexta-feira, 9 e 10/05/2019:

Apoio dos EUA à entrada do Brasil na OCDE é muito claro, diz assessor internacional de Bolsonaro

Filipe Martins, porém, afirma que consenso no clube dos países ricos sobre novas vagas talvez seja etapa 'muito mais difícil'

Ricardo Della Coletta - Brasília

O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Filipe Martins, afirmou nesta quinta-feira (9) que o apoio dos Estados Unidos à entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) "é muito claro", mas que isso ocorrerá em meio à discussão, entre os membros da entidade, sobre quantas novas vagas serão abertas.

"Vai ter uma reunião ministerial em breve [entre os países que integram a OCDE], e isso vai ser decidido lá. E aí, depois dessa etapa, o apoio dos EUA é muito claro: o Brasil e Argentina devem estar nas vagas", disse Martins, depois de participar de uma palestra no Instituto Rio Branco, a escola de formação de diplomatas do Itamaraty.

"E como os membros da OCDE veem o Brasil como o país a ser priorizado, pelo peso econômico, eu acho que não tem muito motivo para ser pessimista em relação a isso", disse o assessor.

Martins, porém, afirma que o consenso dos 35 países membros do organismo sobre como ocorrerá a sua expansão talvez seja uma etapa "muito mais difícil" do que o levantamento do veto dos EUA ao pleito brasileiro.

"Nós temos uma segunda etapa agora, que talvez seja muito mais difícil, que é chegar ao consenso dos 35 membros da OCDE sobre o número de países e vagas que serão abertas", disse.

"Mas chegando a um consenso sobre isso, o Brasil fará parte do processo de acesso."

O assessor, que foi aluno do curso de filosofia do escritor Olavo de Carvalho, ocupa um dos mais importantes postos de aconselhamento do presidente da República.

O apoio do presidente dos EUA, Donald Trump, ao acesso do Brasil à OCDE, uma espécie de clube dos países ricos, foi anunciado durante a visita do presidente Jair Bolsonaro a Washington em março.

O argumento do governo é que o ingresso do país na OCDE melhoraria a confiança dos investidores internacionais no Brasil.

Em troca da luz verde de Washington, as autoridades brasileiras aceitaram abrir mão, em negociações futuras, do tratamento diferenciado ao qual o Brasil tem direito na OMC (Organização Mundial do Comércio) por se declarar um país em desenvolvimento.

A reunião ministerial da OCDE à qual o assessor especial se referiu está marcada para os dias 22 e 23 de maio, em Paris.

Nos últimos dias, causou incômodo no governo brasileiro a notícia de que os EUA não haviam cumprido o acordo de apoiar o acesso do país ao clube dos países ricos.

Segundo o jornal Valor Econômico, os EUA mantiveram o impasse sobre a adesão de novos membros na OCDE durante reunião do conselho de representantes da entidade, na terça-feira (7).

A delegação americana mais uma vez teria dito que não havia instruções para trabalhar pelo ingresso de novos países na organização.

A notícia fez com que o governo dos EUA reafirmasse publicamente o compromisso assumido com Bolsonaro, de que o Brasil terá o apoio da administração Trump para iniciar o processo de admissão na entidade.

"Há hoje uma discussão sobre como expandir a OCDE. Os países europeus têm uma ideia de expandir um pouco mais, com um pouco mais de liberalidade, e os EUA têm uma certa restrição sobre como essa expansão vai se dar", disse Martins.

"Os EUA acham que [vagas para] seis países é muita coisa, que vai acabar entrando país que não tem os instrumentos adequados para fazer parte", concluiu.

A palestra dada por Martins aos diplomatas se chamou "Governança Global e Autodeterminação Popular".

Nela, o assessor especial da Presidência defendeu ideias do escritor Olavo de Carvalho. Ele argumentou que a eleição de Bolsonaro, no ano passado, se insere numa série de fatos políticos que não foram antecipados pelas "elites políticas".

Como exemplo, Martins citou a votação do brexit, a eleição de Trump nos EUA e a chegada ao poder do direitista Matteo Salvini na Itália.

Felipe Martins também abordou ao longo de sua palestra, por diversas vezes, o termo globalismo. Embora frequentemente utilizado pelo chanceler Ernesto Araújo, o conceito encontra pouco amparo na academia.

"A grande disputa do século 21 será entre os defensores da democracia liberal e os defensores da governança global", declarou.

Em outro momento, Martins associou a chamada agenda globalista a uma "corrosão da tradição religiosa e a proposta de substituição por uma moral biônica."


Itamaraty espera ingresso do Brasil na OCDE ainda em maio, diz porta-voz


Istoé, 09/05/19 - 20h20 - Atualizado em 10/05/19

O porta-voz da Presidência da República, general Rêgo Barros, afirmou nesta quinta-feira, 9, que a diplomacia brasileira possui indicativos “críveis” de que os Estados Unidos manifestarão apoio ao ingresso do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) na próxima reunião da entidade em Paris, em 22 e 23 de maio.

“Há indicações críveis de que a delegação norte-americana dará tal apoio, embora ainda não esteja clara a posição daquele país sobre como procederia ao conjunto das candidaturas”, disse o porta-voz, durante declaração à imprensa no Palácio do Planalto. “O MRE (Ministério das Relações Exteriores) está realizando gestões em Washington e em todas as capitais de países da OCDE para que a acessão brasileira seja aprovada no mais breve prazo, se possível, já na próxima reunião do conselho de ministros da OCDE a realizar-se em Paris nos dias 22 e 23 de maio.”

O porta-voz ressaltou, porém, o apoio de Trump não assegura o ingresso brasileiro na OCDE. Além do País, outros cinco são candidatos a ter assento e não se sabe qual seria a posição dos Estados Unidos. Os países europeus condicionam que, a cada ingresso de país latino-americano, haja um de país europeu.

“Para obter o consenso dos membros, ainda será necessário acordar solução sobre o início do processo de acessão de seis candidaturas que estão em exame: Brasil, Argentina, Bulgária, Croácia, Peru e Romênia”, ponderou Rêgo Barros.

O aval dos Estados Unidos foi uma promessa do presidente do país, Donald Trump, ao presidente Jair Bolsonaro, durante visita de Estado em fevereiro. Em contrapartida, o Brasil se comprometeu a começar a abrir mão de status especial que detém na Organização Mundial do Comércio (OMC).

EUA

O Itamaraty confirmou nesta quinta a visita de Bolsonaro a Dallas, no Texas, na próxima semana. Bolsonaro deverá receber um prêmio de personalidade do ano oferecido pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, além de reunir-se com políticos conservadores, como o ex-presidente George W. Bush. A comitiva presidencial decola de Brasília no dia 14 de maio, à noite, e retorna no dia 16 de maio. Os compromissos oficiais ainda não foram divulgados.

Venezuela: por que Maduro não cai? Toda a elite ganha com todos os tipos de crimes - Jackson Diehl (WP)

The real reason Venezuela’s Maduro survives: Dirty money

Deputy Editorial Page Editor
When asked to explain why their efforts to oust Venezuelan President Nicolás Maduro have fallen short, Trump administration officials typically cite the sinister influence of Cuba and Russia, which they say has stiffened the regime’s resistance. What they don’t speak about so much is a possibly more important factor: the Cartel of the Suns .
That colorful term refers to the drug-trafficking network that each year flies hundreds of tons of Colombian cocaine from Venezuelan airfields to Central America and the Caribbean for eventual distribution in the United States and Europe — and that includes some of the most senior officials in the Maduro regime. These men are not clinging to power because they are true believers in socialism, or because of their fealty to Vladimir Putin and Raúl Castro. They hang on because, in spite of Venezuela’s economic implosion, they are still reaping millions — and they are likely to find themselves imprisoned in Venezuela or the United States if they walk away.
Cocaine trafficking is just one of a host of criminal activities in which the elite of Hugo Chávez’s “Bolivarian revolution” are immersed. There is also illicit gold and iron mining; fraudulent oil sales; rake-offs from food and medicine imports; and corrupt currency trading. Maduro and everyone near him, including his wife, his No. 2, and the ministers of interior and industry, are up to their necks in it.
Though both the Trump administration and Maduro’s far-left foreign defenders prefer to describe the Venezuelan crisis in political terms, the reality is that the regime is less a government — much less a socialist one — than a criminal gang. That has two consequences that are complicating its removal. First, the money it is reaping from criminal activity is serving as a prop that allows it to survive U.S. sanctions.
Perhaps more importantly, the toxic taint on almost every top official makes it much harder to pursue the usual formulas for a peaceful transition, including the creation of a transitional government and amnesty for those who step down.
The collapse of Venezuela’s regular economy has created dire shortages of food, water, medicine and power, and caused more than 10 percent of its 30 million people to flee the country. Yet the illicit revenue pouring in for Maduro’s clique appears to be increasing. A recent CNN report said drug flights from Venezuela had risen from about two per week in 2017 to nearly daily in 2018; it cited one U.S. official as saying there had been up to five flights per night this year. In 2018, an estimated 265 tons of Colombian cocaine, with a street value of $39 billion, was trafficked through Venezuela, the report said.
Another new study prepared for the National Defense University by Douglas Farah and Caitlyn Yates found that even while the Maduro regime sold 73 tons of gold in Turkey and the United Arab Emirates last year to raise cash, its reserves grew by 11 tons — the likely result of illegal gold mining, including by Colombian rebel groups based in Venezuela and allied with the regime. Those sales could have raised close to $3 billion, more than enough to fund the security forces and paramilitary groups still loyal to Maduro.
Farah and Yates describe the Venezuelan regime as part of a regional network they call the Bolivarian Joint Criminal Enterprise, a “consortium of criminalized states and nonstate actors.” They identified 181 individuals and 176 companies in 26 countries linked to Venezuelan criminal activity. Thanks to this enterprise, they say, “the Maduro regime has not collapsed and may not for a significant period of time. . . . The network’s ability to adapt and diversify their criminal portfolio means that money continues to flow into the regime’s coffers.”
In theory, the Venezuelan opposition, the Trump administration and others seeking to leverage Maduro out could resolve to forgive all this. The opposition has spoken about amnesty for military leaders who turn on the regime, and last week, the Treasury Department lifted sanctions from Venezuela’s intelligence chief after he defected.
As a practical matter, however, it’s hard to imagine most of the Maduro mafia simply walking away. At least two of its capos have been indicted by U.S. federal grand juries. Another, former general Hugo Carvajal, defected to Spain last month — and was promptly jailed on a U.S. extradition request. He faces federal cocaine smuggling charges.
Some opposition leaders and foreign governments are hoping to broker a transitional administration that includes regime figures. But, as veteran opposition activist María Corina Machado told The Post, “you cannot have drug trafficking kingpins . . . you cannot have individuals who are part of the mafia in gold trafficking, oil trafficking and gas trafficking, or food mafias.” That, alas, may exclude just about everyone with the power to bring about a peaceful change in Caracas.