Trata-se, sem nenhuma dúvida, de um caso inédito na diplomacia brasileira: um chanceler brasileiro que se declara contrário aos brasileiros emigrados, e contrário a toda a nossa história mais do que secular, de um país aberto à imigração. Ou seja, o chanceler deve concordar -- em todo caso, decide seguir sabujamente -- o que já disse o presidente da CREDN-CD sobre o fato de que os brasileiros ilegais nos EUA (e presumivelmente em outros países também) constituírem "uma vergonha para o Brasil", e também deve concordar com as palavras do presidente que disse, em sua viagem de fevereiro aos EUA, que muitos brasileiros emigrantes nos EUA "não queriam boas coisas para o país", isto é, os EUA, demonstrando que defende mais os interesses do governo Trump -- como certamente é o caso do chanceler trumpista fundamentalista -- do que os interesses do seu próprio povo.
O que o chanceler declarou em suas visitas à Itália e à Hungria constitui uma vergonha para a nossa diplomacia, pois demonstrou, mais uma vez, que despreza os brasileiros, o multilateralismo e os acordos celebrados pelo Brasil, como o Pacto Global sobre as migrações, um instrumento concebido para proteger comunidades estrangeiras em outros países (e que portanto se encaixa na perspectiva de um país provedor de emigrantes, como o Brasil), sem infringir em nada direitos soberanos de implementação de suas leis nacionais relativas a refúgio, imigração e direitos atinentes.
O chanceler envergonha a diplomacia brasileira e os brasileiros.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 13/05/2019
Notícias do dia 10/05/2019
MTI-Hungary Today
Hungary
and Brazil share similar approaches to issues that pose dilemmas in
world politics today, such as the need for action against migration and
that discrimination against Christians is unacceptable, Foreign Minister
Péter Szijjártó said on Thursday.
After
meeting counterpart Ernesto Araujo, he told a joint press conference
that this was the first occasion for a Brazilian foreign minister to
hold talks in Hungary.
Szijjártó said he had agreed with Araujo to coordinate their respective countries’ actions in international forums.
We
are proud to be among the six countries that voted against the United
Nations Migration Compact, the most dangerous document ever”
Szijjártó
said. “We reserve the right to decide who should enter and with whom
we’ll live together,” he added. They highlighted the security impacts of
migration.
Szijjártó
and his counterpart agreed that discrimination against Christians, as
seen in many parts of the world, was unacceptable. “International public
opinion does not see Christianity as the most persecuted religion in
the world,” he said, adding that this was lamentable.
Hungary
has so far helped 35,000 Christians in the Middle East stay to remain
in the homelands or return to them, Szijjártó said. “This should be in
the focus of international organisations rather than managing or
promoting migration.”
Hungary
and Brazil both believe in promoting their national interests and
rejecting attempts at influence from abroad, he said. This serves a good
basis for cooperation, Szijjártó added. Hungary supports Brazil’s bids
to be a member of the United Nations Security Council and to join OECD,
he said.
Szijjártó
praised Brazil’s international role and announced the Hungarian
government’s strategy “to build a new foundation for Hungary-Brazil
ties”. The government has set up a 415 million euro credit line with
Hungary’s Eximbank to finance bilateral business cooperation with
special regard to promoting Hungarian exports of food, IT, water
management and pharmaceutical products and to further strengthen
Hungarian companies active in Brazil, he said.
They
agreed the Hungary-Brazil mixed economic committee will be chaired by
the two foreign ministers. Hungary and Brazil will make their
cooperation closer in the area of education, too, and give new impetus
to bilateral trade, turnover of which was 430 million dollars last year,
Szijjártó said.
Szijjártó
said hopefully Brazil’s president would visit Hungary, having received
Prime Minister Viktor Orbán’s invitation early in January.
Araujo
said Hungary and Brazil were countries working “to make their voices
heard” in the world and were brave enough to meet challenges if their
ideals made it necessary. Brazil is ready to cooperate with Hungary in
multilateral organisations to protect their values and Christian
minority groups. He called the persecution of Christians worrying, and
added that addressing that problem was a top priority for his country.
BUDAPEST,
May 9 (Xinhua) -- Hungary and Brazil share similar approaches to
important matters causing dilemmas in global politics such as migration,
Hungarian Minister of Foreign Affairs and Trade Peter Szijjarto said
here on Thursday.
"We
are proud to be among the six countries that voted against the United
Nations Migration Compact, the most dangerous document ever," said
Szijjarto at a joint press conference held with Brazilian Foreign
Minister Ernesto Araujo.
"We
reserve the right to decide who should enter and with whom we'll live
together in our very own country," he underlined, adding that Hungary
and Brazil agreed to coordinate their actions in international forums in
the future.
Hungary
supported Brazil's efforts to become a member of the United Nations
Security Council and to join the Organization for Economic Co-operation
and Development (OECD), said Szijjarto.
The
Hungarian government set up a 415-million-euro (about 465.4 million
U.S. dollars) credit line with Hungary's Eximbank to finance bilateral
business cooperation focusing on the promotion of Hungarian exports of
food, IT, water management and pharmaceutical products.
The
goal of the Hungarian government was to strengthen the Hungarian
companies' activities in Brazil, the minister noted, adding that a new
impetus was needed concerning bilateral trade.
Araujo, in his turn, said both Hungary and Brazil were countries committed to "making their voices heard."
Brazil was fully ready to cooperate with Hungary in multilateral organizations to protect their values.
Before the press conference, the two ministers signed a bilateral agreement on the extradition of criminals.
(Tradução da Embaixada em Roma)
“O Brasil está com os soberanistas”
O
ministro das Relações Exteriores encontrou-se com Matteo Salvini em
Roma e hoje está na Hungria: "Gostaríamos de nos tornar membros da OTAN
para todos os efeitos".
ROMA
- Uma aliança soberana entre países que querem recuperar o orgulho
nacional e patriótico. Este é o fio que une a giro europeu - Itália,
Hungria e Polônia - do ministro das Relações Exteriores brasileiro,
Ernesto Araújo, de 51 anos, no cargo há quatro meses. A primeira etapa
terminou ontem em Roma depois de dois dias de encontros com empresários
italianos que operam no Brasil, mas, acima de tudo, com representantes
do governo: em primeiro lugar o ministro do Interior e vice-presidente
do Conselho dos Ministros, Matteo Salvini, e a ministra da Defesa,
Elisabetta Trenta.
Por que começar pela Itália?
Porque
no Brasil existe a maior comunidade italiana no exterior e porque com
vocês temos a mais forte parceria política e econômica. Abriremos um
diálogo com empresas italianas que estão no Brasil; há um enorme
potencial. Mas, acima de tudo, compartilhamos os mesmos valores, uma
visão semelhante do mundo.
Quais são esses valores?
A
promoção da democracia, em primeiro lugar. Mas também a visão de uma
nação com raízes. Queremos recuperar uma abordagem patriótica. Neste
sentido, Matteo Salvini é o mais próximo de nós.
É por isso que a Hungria e a Polônia serão as próximas etapas de sua viagem?
Sim,
de certo modo, porque eles querem preservar nossas raízes cristãs. As
reformas econômicas só podem funcionar se houver um background cultural
sobre o qual se apoiar. A cultura pós-moderna distanciou-se da
identidade nacional; no entanto, é necessário recuperar o nacionalismo,
continuando a ser uma sociedade aberta.
Vocês acham que chegou a hora de uma Europa soberanista?
Estamos
prontos para trabalhar com todos na Europa; em Brasília, encontrei-me
recentemente, com grande proveito, com o ministro alemão dos Negócios
Estrangeiros. Mas há certamente uma proximidade com os soberanistas. A Europa precisa se reinventar; para nós, o projeto europeu é uma inspiração, mas precisamos dar um passo à frente.
O Brasil olha para o Velho Continente...
Nosso
país tem fortes conexões com o Ocidente, tanto em termos de história
quanto de tradições. Nesse sentido, minha presença aqui é simbólica
porque Roma é o centro de nossas raízes. Toda vez que volto, fico
profundamente comovido. Não é por acaso que, na academia diplomática, eu
queria que fosse inaugurado um curso de cultura clássica. Conhecer
Aristóteles e Platão nos dá uma dimensão diferente.
Vocês pleiteiam um envolvimento mais forte na OTAN?
Já
somos um aliado importante, mas agora estamos pensando na possibilidade
de nos tornarmos membros para todos os efeitos. Seria um desafio
militar, mas também político, porque, por exemplo, precisaríamos pensar
em como o Brasil pode contribuir para a defesa comum. Em breve nos
tornaremos membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico; temos o apoio dos países europeus.
Por que é tão importante se sentir parte do Ocidente?
Isso
nos permite acelerar nossas reformas econômicas e é um estímulo para
que o país adote políticas saudáveis. Por enquanto, começamos com a Lei
da Liberdade Econômica, que facilita a abertura de negócios.
Ao
contrário de Trump, vocês não abandonaram o acordo de Paris sobre o
clima, mas algumas ONGs denunciam o desmatamento na floresta amazônica.
Qual é a sua posição?
Queremos
preservar a floresta amazônica, somos um país muito respeitoso do meio
ambiente, no Brasil apenas 30% do território é usado para agricultura e
pecuária. Mas 30 milhões de pessoas vivem na Amazônia e devemos dar a
elas meios de subsistência.
O senhor fala frequentemente de forma crítica à ideologia "globalista". Por quê?
Porque
é a visão de uma economia liberal em uma sociedade fragmentada em que
não há mais sentimentos nacionais fortes. O homem pós-moderno é um homem
sem alma.
Trump diz “A América em primeiro”; Salvini, “os italianos em primeiro”. Qual é o seu slogan?
Eu
diria “primeiro o Brasil e os brasileiros”. Precisamos de reformas que
atendam as necessidades daqueles que até agora não se sentiam
representados
O Presidente Bolsonaro virá à Itália?
Antes, convidamos o primeiro-ministro Giuseppe Conte ao Brasil; depois, Bolsonaro reciprocará a visita.
(Entrevista concedida a Monica Ricci Sargentini, Corriere della Sera)
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