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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 30 de maio de 2021

Amado Luiz Cervo: homenagem pelos seus 80 anos; aportes teóricos e metodológicos de sua obra - Raúl Bernal-Meza

No dia 5 de maio de 2021, o professor Estevão Chaves de Rezende Martins organizou uma sessão virtual em homenagem ao professor Amado Luiz Cervo, professor emérito da UnB, grande historiador e autor de muitas obras de história diplomática e de relações internacionais do Brasil, por ocasião de seus 80 anos.


 Na ocasião, o Professor Raúl Bernal-Meza, autor de um dos artigos que figuram na revista especial  Intelligere: revista de história intelectual (revistaintelligere@usp.br), apresentou um resumo, transcrito abaixo, da colaboração que ele apresentou para a revista, cujos dados editoriais e de acesso são os seguintes: 

(n. 10, dezembro 2020, ISSN: 2447-9020; p. 1-14; DOI: 10.11606/issn.2447-9020.intelligere.2020.178316; link da revista: http://www.revistas.usp.br/revistaintelligere/issue/view/11853/1947; link do artigo: http://www.revistas.usp.br/revistaintelligere/article/view/178316/167375). Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44801286/Intelligere_Revista_de_história_intelectual_Dossie_Amado_Cervo_2020_); divulgado no blog Diplomatizzando (30/12/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/12/revista-intelligere-numero-especial-n.html).

Eis o texto do Professor Raúl Bernal-Meza lido na ocasião; 

APORTES TEÓRICOS Y METODOLÓGICOS DE AMADO

Raul Bernal Mesa

Presentación oral, 5/05/2021 

 

La contribución de Amado Luiz Cervo a las relaciones internacionales se puede clasificar en tres grandes líneas: 

1) historia de la política exterior de Brasil; 

2) historia de las relaciones internacionales de América Latina;

3) elaboración de conceptos y categorías analíticas para el estudio de las relaciones internacionales y de los tipos ideales de Estado, de cuya abstracción derivaron interpretaciones sobre la praxis de la política exterior y la diplomacia correspondiente a cada modelo, en una perspectiva histórica que se articula con los estudios de las dos líneas precedentes.

PERO HAY DOS ASPECTOS QUE ME GUSTARÍA DESTACAR DE SU TRAYECTORIA:

 

I) ES EL OBJETIVO INTELECTUAL HACIA EL CUAL AMADO HA DIRIGIDO LA REFLEXIÓN SOBRE LOS CONCEPTOS Y LAS CATEGORÍAS EN RELACIONES INTERNACIONALES, QUE SE SOSTIENE EN DOS CRITERIOS:

 

A)    El aporte al pensamiento propiamente latinoamericano sobre las cuestiones teóricas para abordar el estudio de las relaciones internacionales de América Latina y de la política exterior del Brasil.

 

B)    Su presencia activa en un grupo de académicos e intelectuales latinoamericanos que desde hace un par de décadas buscamos desarrollar nuestras propias formas teóricas y metodológicas para entender nuestras relaciones internacionales.

 

II) SU CONTRIBUCIÓN A LA  IDENTIFICACIÓN DE UNA TRADICIÓN DE PENSAMIENTO, QUE YO HE DENOMINADO COMO LA ESCUELA DE BRASILIA, INCORPORANDO ELABORACIONES DE OTRAS ESCUELAS DE RELACIONES INTERNACIONALES, COMO LA INGLESA Y LA FRANCESA y PROMOVIENDO EL DESARROLLO DE ESTUDIOS HISTÓRICOS Y ANALÍTICOS DESDE UNA PERSPECTIVA QUE RECHAZA LA EXCLUSIVIDAD TEÓRICA QUE SE HA ATRIBUIDO A LO QUE SE CONOCE COMO LA TRADICIÓN ESTADOUNIDENSE o ESCUELA NORTEAMERICANA DE RR.II. (siguiendo la opinión de Stanley Hoffmann acerca de que los estudios internacionales son un dominio excluyente de los Estados Unidos.

AMADO HA RECHAZADO ESTA INTERPRETACIÓN QUE SE ARROGA SER LA ÚNICA QUE ES CAPAZ DE PERMITIR EL CONOCIMIENTO DE LOS ESTUDIOS INTERNACIONALES.

LA ESCUELA DE BRASILIA ES EL EJEMPLO Y RESULTADO DE ESE ESFUERZO DE INDEPENDENCIA TEÓRICA E INTELECTUAL.


Katia de Queiroz Mattoso: historiadora greco-brasileira - guia biobibliográfico

Aproveitei-me de uma postagem feita pela Biblioteca Virtual Consuelo Pondé, do Governo da Bahia, para reproduzir essa bibliografia de Katia Mattoso. 


Katia de Queirós Mattoso, guia biobibliográfico

 

Katia Mytilineou de Queirós Mattoso, nasceu aos 08 de abril de 1931, em Volos, na Grécia. Faleceu em Paris, em 11/01/2011. Formou-se em Ciência Política na Universidade de Lausanne e completou o doutorado na Universidade de Genebra e na Sorbonne-Paris.

Área de pesquisa

Conspiração dos Alfaiates. Séc. XIX: demografia, família, hierarquias sociais, estrutura e conjunturas econômicas, preços e salários. Estratificação socioeconômica na Bahia oitocentista. Escravidão e liberdade na Bahia colonial e imperial.

Especialidade: 

História econômica e social da Bahia e história da escravidão no Brasil.

Tese:

Au Nouveau Monde: une province d'un nouvel empire: Bahia au XIXe siècle (Thèse de Doctorat d'Etat, Université de Paris-Sorbonne), 5 v. 1986.(Mais tarde abreviada e publicada em português sob o título: Bahia, século XIX. Uma província no Império, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992)

Artigos em revistas, capítulos em coletâneas e brochuras:

“O consulado francês na Bahia em 1824”, Anais do Arquivo do Estado da Bahia, n. 39 (1970), pp. 149-220. 

“Caminhos estatísticos na história econômica da Bahia”, Universitas, n. 8/9 (1971), pp. 135-58. 

“A propósito de cartas de alforria, Bahia 1779-1850”, Anais de Historia, n. 4 (1972), pp. 23-52. 

“Os preços na Bahia de 1750 a 1930”, in L’histoire quantitative du Brésil, 1800-1930. (Paris: CNRS, 1973), pp. 167-82.

“Epidemias e flutuações de preços na Bahia no século XIX”, in L’histoire quantitative du Brésil, 1800-1930 (Paris: CNRS, 1973), pp. 183-202 (em parceria com Johildo Lopes de Athayde). 

“Como estudar a história quantitativa na Bahia no século XIX”, in L’histoire quantitative du Brésil, 1800-1930 (Paris: CNRS, 1973), pp. 361-73 (em parceria com Istvan Jancsò).

“Albert Roussin: testemunha da independência da Bahia 1822-1823”, Anais do Arquivo do Estado da Bahia, n. 41 (1973), pp. 116-68. 

“Sociedade e conjuntura na Bahia nos anos de luta pela Independência 1822-1823”, Universitas, n. 15/16 (1973), pp. 5-26. 

“Os escravos na Bahia no alvorecer do século XIX. Estudo de um grupo social”, Revista de História, n. 97 (1974), pp. 109-35. 

“Les esclaves à Bahia au XIXe siècle. Étude d’un groupe social”, Cahiers des Amériques Latines, n. 9/10 (1974), pp. 105-19. Sociedade e conjuntura na época da Revolução dos Alfaiates - Bahia 1798, IV Curso de Estudos Baianos: A Bahia no Século de Ouro, Salvador: Universidade Federal da Bahia, Coordenação Central de Extensão/ FFCH, Departamento de História, 1974. 

“Fontes para a história demográfica da cidade do Salvador, na Bahia”, in Atti dei XL Congresso Internazionale degli Americanisti, Roma e Gênova, 3-10 de setembro de 1972 (Gênova: Tilgher, 1975), v. 4, pp. 247-55. 

“Les recherches historiques à Salvador, Bahia. Un bilan: 1965-1975”, Revue d’histoire économique et sociale, v. 53, n. 4 (1975), pp. 541-58. 

“Para uma história social seriada da cidade do Salvador no século XIX: os testamentos e inventários como fonte de estudos da estrutura social e de mentalidades”, Anais do Arquivo do Estado da Bahia, n. 42 (1976), pp. 147-98. 

“A carta de alforria como fonte complementar para o estudo de rentabilidade da mão-de-obra escrava urbana (1819-1888)”, in C. M. Pelaez e J. M. Buescu (orgs.), A moderna historia econômica (Rio de Janeiro: APEC, 1976), pp. 149-63. 

“Fontes para o estudo da propriedade rural: o Recôncavo baiano, 1684- 1889”, in Anais do VIII Simpósio de Professores Universitários de História, Aracaju, setembro de 1975 (São Paulo: ANPUH, 1976), pp. 1121-23. 

“Introdução ao estudo dos mecanismos da formação da propriedade no eixo Ilhéus-Itabuna, 1890-1930”, in Anais do VIII Simpósio dos Professores Universitários de História, Aracaju, setembro 1975 (São Paulo: ANPUH, 1976), pp. 570-94 (em parceria com Angelina Nobre Rolim Garcez). 

“Um estudo quantitativo de estrutura social: a cidade do Salvador, Bahia de Todos os Santos, no século XIX. Primeiras abordagens, primeiros resultados”, Estudos Históricos, n. 15 (1976), pp. 7-28.

“A Bahia e os judeus: um velho amor”, Shalom, n. 146 (1977), pp. 18-21. Uma fonte para a pesquisa histórica, Salvador: Prefeitura Municipal de Salvador/Departamento de Cultura, 1977. 

“Inquisição: os cristãos novos da Bahia no século XVIII”, Ciência e Cultura, v. 30, n. 4 (1978), pp. 415-27. 

“Des bahianais comme les autres? 20 nouveaux chrétiens du début du XVIIIe siècle”, Mélanges Prof. Dr. Kellenbenz, Wirschaftskräfte und Wirtschaftswege, n. 4 (1978), pp. 313-32. 

“A família e o direito no Brasil no século XIX. Subsídios jurídicos para os estudos em história social”, Anais do Arquivo do Estado da Bahia, n. 44 (1979), pp. 217-44. 

“Testamentos de escravos libertos na Bahia no século XIX: uma fonte para o estudo de mentalidades”, Salvador: UFBA, 1979 (Coleção Centro de Estudos Baianos, n. 85). 

“Être esclave au Brésil”, Études Portugaises et Brésiliennes (Nouvelle Série III), n. 15 (1980), pp. 34-5. 

“Párocos e vigários em Salvador no século XIX: as múltiplas riquezas do clero secular da capital baiana”, Tempo e Sociedade, n. 1 (1982), pp. 13-48. 

“No Brasil escravista: relações sociais entre libertos e homens livres e entre libertos e escravos”, Anais de História, n. 2 (1982), pp. 392-424. 

“Prefácio”, in Maximiliano de Habsburgo, Bahia 1860. Esboços de viagem (Rio de Janeiro: CEB/FCE, 1982), pp. 11-24. 

“Bahia opulenta. Uma capital portuguesa no Novo Mundo (1549-1763)”, Revista de História, n. 114 (1983), pp. 5-20. 

“Research Note: Trends and Patterns in the Prices of Manumitted Slaves: Bahia 1819-1888”, Slavery and Abolition, v. 7, n. 1 (1986), pp. 59-67 (em parceria com Herbert S. Klein e Stanley Engerman).

“Au Nouveau Monde, une province d’un nouvel empire: Bahia au XIXe siècle (Introduction)”, Histoire, Economie & Société, v. 6, n. 4 (1987), pp. 535-68. 

“Slaves, Free and Freed: Family Structures in Nineteenth Century. Salvador, Bahia (Brazil)”, Luso-Brazilian Review, v. 25, n. 1 (1988), pp. 69-84. 

“Notas sobre as tendências e padrões de preços de alforrias na Bahia, 1819-1888”, in João José Reis (org.), Escravidão e invenção da liberdade: estudos sobre o negro no Brasil (São Paulo: Brasiliense/CNPq, 1988), pp. 60-72 (em parceria com Herbert Klein e Stanley Engerman). 

“Apresentação”, in Gilberto Ferrez, Bahia, velhas fotografias, 1858- 1900 (Rio de Janeiro: Kosmos, 1988), pp. 7-10. 

“Introdução”, in Louis Couty, A escravidão no Brasil (Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1988), pp. 11-44. 

“A riqueza dos baianos no século XIX”, CLIO - Revista de Pesquisa Histórica, n. 11 (1988), pp. 61-75. 

“O filho da escrava (em torno da Lei do Ventre Livre)”, Revista Brasileira de História, n. 16 (1988), pp. 37-55. Também publicado em M. del Priore (org.), História da criança no Brasil (São Paulo: Contexto, 1991), pp. 76-97. 

“Brésil, cinq siècles d’histoire”, Geopolitique, n. 28 (1989), pp. 16-30 (em parceria com Antonio Fernando Guerreiro de Freitas). 

“A Revolução Francesa e o movimento baiano de 1798”, Revista do Gabinete [de Leitura de Jundiaí, SP], n. 3 (1989), pp. 137-44. 

“Les chemins de fer au Brésil au XIXe siècle”, in Colloque International sur les Transports et l’Industrialisation, XIXe et XXe siècles (Madrid), 1990 (comunicação em parceria com Maria Barbara Levi). 

“Bahia 1798: os panfletos revolucionários. Proposta de nova leitura”, in Osvaldo Coggiola (org.), A Revolução Francesa e seu impacto na América Latina (São Paulo: EDUSP, 1990), pp. 341-56.

“De la Vieille République à l’Etat Nouveau”, Cahiers du Brésil contemporain, n. 19 (1992), pp. 5-8. 

“Entrevista. Ser historiadora no Brasil”, LPH: Revista de História (UFOP), v. 3, n. 1 (1992), pp. 5-12.

“Les marques de l’esclavage africain”, in Hélène Rivière d’Arc (org.), L’Amérique du Sud au XIXe et XXe siècles (Paris: A. Colin, 1993), pp. 63-84. 

“1492”, Histoire, Economie & Société, v. 12, n. 3 (1993), pp. 323-34. 

“Avant-propos” à segunda edição de Être esclave au Brésil, XVIe-XIXe siècles (Paris: L’Harmattan, 1994), pp. I-XXIX. 

“Pouvoir et nation: a propos de la construction de l’idée nationale brésilienne”, Cahiers du Brésil Contemporain, n. 23/24 (1994), pp. 5-16. 

“Grandeurs et misères du clergé bahianais à la fin de la période coloniale”, Histoire, Economie & Société, v. 13, n. 2 (1994), pp. 291- 319. 

“Au Brésil: cent ans de mémoire de l’esclavage”, Cahiers des Amériques Latines, n. 17 (1994), pp. 65-83. 

“Commentaire” de “Le Melting-pot nord-américain. Mythes et réalités d’hier et d’aujourd’hui”, de Jacques Portes, in Les mouvements migratoires dans l’Occident moderne (Paris: PUPS, 1994), pp.86-9. 

“Christentum und Afrobrasilianer”, in Michael Sievernich e Dieter Spelthahn (orgs.), Fünfhundert Jahre Evangelisierung Lateinamerikas (Frankfurt: Vervuert, 1995), pp. 109-16. 

“Commentaires”, in S. Gruzinski e N. Wachtel (orgs.), Le Nouveau Monde, mondes nouveaux. L’expérience américaine (Paris: EHESS, 1996), pp. 67-73. 

“Introduction”, in Littérature/Histoire: regards croisés (Paris: PUPS, 1996), pp. 7-13. 

“Introduction”, in Mattoso, Santos e Rolland (orgs.), Mémoires et identités au Brésil (Paris: L’Harmattan/Centre d’Etudes sur le Brésil, 1996), pp. 5-26. 

“Introduction”, in Mattoso, Santos e Rolland (orgs.), Les femmes dans la ville. Un dialogue franco-brésilien (Paris: PUPS/Centre d’Etudes sur le Brésil, 1997), pp. 5-13. 

“Développement et qualité de vie dans le Brésil contemporain: l’exemple de trois agglomérations urbaines”, Histoire, Economie & Société, v.16, n. 3 (1997), pp. 505-21.

“Introduction”, in Mattoso, Santos e Rolland (orgs.), Esclavages. Histoire d’une diversité, de l’Océan Indien à l’Atlantique Sud (Paris: L’Harmattan/Centre d’Etudes sur le Brésil, 1997), pp. 5-25. 

“Introduction” ao dossiê “Le Brésil à l’époque moderne. Perspectives missionnaires et politiques européennes”, Cahiers du Brésil Contemporain, n. 32 (1997), pp. 1-5. 

“A opulência na província da Bahia”, in Luiz Felipe de Alencastro (org.), História da vida privada no Brasil. Império: a corte e a modernidade nacional (São Paulo: Companhia das Letras, 1997), pp. 143-79. 

“Être affranchi au Brésil: XVIIIe-XIXe siècles”, Diogène, n. 179 (1997), pp. 103-121 (em seguida, versão em inglês do mesmo artigo). 

“The Manumission of Slaves in Brazil in the Eighteenth and Nineteenth Centuries”, Diogenes, n. 179 (1997), pp. 117-138. 

“Para mestre Didi: 80 anos”, in Juana Elbein dos Santos (org.), Ancestralidade africana no Brasil (Salvador: SECNEB, 1997), pp. 150-7. 

“L’Europe et le Nouveau Monde au XVIe siècle”, in F. Crouzet e F. Furet (orgs.), L’Europe dans son Histoire. La vision d’Alphonse Dupront (Paris: PUF, 1998), pp.53-78. 

“Hommage à Celso Furtado”, Cahiers du Brésil Contemporain, n. 33/ 34 (1998), pp. 5-20. 

“Société esclavagiste et marché du travail: Salvador de Bahia (Brésil) 1850- 1868”, in M. Merger e D. Barjot (orgs.), Les entreprises et leurs réseaux: hommes, capitaux, techniques et pouvoirs, XIXe-XXe siècles. Mélanges en l’honneur de François Caron (Paris: PUPS, 1998), pp. 167-80. 

“Introduction”, in Mattoso, Santos e Rolland (orgs.), Naissance du Brésil moderne, 1500-1808 (Paris: PUPS, 1998), pp. 5-10. 

“Prefácio”, in Ronaldo Costa Couto, História indiscreta da ditatura e da abertura, Brasil 1964-1985 (Rio de Janeiro: Record, 1998), pp. 11-15. 

“Pero Vaz de Caminha ou la rencontre de deux mondes”, Les langues néo-latines, v. 92, n. 307 (1998-99), pp. 221-31. 

“Apresentation”, in Mattoso, Santos e Rolland (orgs.), Matériaux pour une histoire culturelle du Brésil. Objets, voix et mémoires (Paris: L’Harmattan/Centre d’Etudes sur le Brésil, 1999), pp. 7-9.

“Inégalités socio-culturelles au Brésil à la fin du XIXe siècle: Salvador da Bahia vers 1890”, in Mattoso, Santos e Rolland (orgs.), Matériaux pour une histoire culturelle du Brésil. Objets, voix et mémoires (Paris: L’Harmattan/Centre d’Etudes sur le Brésil, 1999), pp. 21-37. 

“Avant-Propos”, in Mattoso, Santos e Rolland (orgs.), Le Brésil, l’Europe et les equilibres internationaux, XVIe-XXe siècles. XXIIIe Colloque de L’IRCOM (Paris: PUPS/Centre d’Etudes sur le Brésil, 1999), pp. 6-9. 

“Avant-Propos”, in Mattoso (org.), L’Angleterre et le monde, XVIIIeXXe siècle. L’histoire entre l’économique et l’imaginaire. Hommage à François Crouzet (Paris: L’Harmattan, 1999), pp. 5-22. 

“Prefácio”, in Franck Ribard, Le carnaval noir de Bahia. Ethnicité, identité, fête afro à Salvador (Paris, L’Harmattan, 1999), pp. 13-5. 

“Le monde luso-brésilien: problèmes d’identité de part et d’autre de l’Atlantique”, in E. Carreira e I. Muzart Fonseca dos Santos (orgs.), Eclats d’Empire du Brésil à Macao (Paris: Maisonneuve et Larose, 2000), pp. 37-54. 

“Prefácio”, in Geraldo Pieroni, Os excluídos do Reino: a inquisição portuguesa e o degredo para o Brasil colônia (São Paulo: Imprensa Oficial de São Paulo/Ed. da UnB, 2000), pp. 9-10. 

“Introduction”, in Mattoso, Santos e Rolland (orgs.), Modèles poliques et culturels au Brésil (Paris: PUPS, 2003), pp. 7-21. 

“Introduction: le noir et la culture africaine au Brésil”, in Mattoso, Santos e Rolland (orgs.), Le noir et la culture africaine au Brésil (Paris: L’Harmattan, 2003), pp.7-18. 

“A Bahia ela mesma”, in Ana Cecília Martins, Marcela Miller e Monique Sochaczewski (orgs.), Iconografia baiana do século XIX na Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 2005), pp. 12-37. 

“Prefácio”, in André Héraclio do Rêgo, Famille et pouvoir régional au Brésil. Le coronelismo dans le Nordeste. 1850-2000 (Paris: L’Harmattan, 2006), pp. 7-9. 

“Quand Pierre Chaunu pensait le Nouveau Monde”, in Jean-Pierre Bardet, Denis Crouzet e Annie Molinié-Bertrand (orgs.). Pierre Chaunu historien (Paris: PUPS, 2012), pp. 131-4.

Livros 

Presença francesa no movimento democrático baiano de 1798, Salvador: Itapuã, 1969. 

Dirigentes industriais na Bahia. Vida e carreira profissional, Salvador: Mestrado em Ciências Econômicas da UFBA, 1975. 

Textos e documentos para o estudo da história contemporânea (1789- 1963), São Paulo: HUCITEC/EDUSP, 1977. 

Bahia: a cidade do Salvador e seu mercado no século XIX, São Paulo: HUCITEC/Prefeitura Municipal de Salvador, 1978. 

Ser escravo no Brasil. Trad. James Amado. São Paulo: Brasiliense, 1982. 

Família e sociedade na Bahia do século XIX, São Paulo: Corrupio/CNPq, 1988.

Referências: Homenagem realizada pelos profs. João J. Reis e Evergton Sales Souza na Revista Afro-Ásia, n° 48 (2013) http://www.scielo.br/pdf/afro/n48/a11n48.pdf (bibliografia completa)

 

Quando trabalhei na embaixada do Brasil em Paris, estivemos, eu e Carmen Lícia, muitas vezes com Katia Mattoso, em sua casa e na Sorbonne. Dei algumas palestras para seus alunos.

409. “Introduction à l’Étude des Relations Internationales du Brésil”, Paris, 5 março 1994, 30 p. (Partes 1 e 2: “Nature du Problème et État de la Recherche” e “Périodisation Historique et Caractérisation Générale) e 22 pp (Parte 3: “Synthèse du développement depuis l’ère coloniale”, não terminada inteiramente em sua versão francesa). Texto baseado no trabalho n° 144 (publicado em português na Contexto Internacional vol. 13, nº 2, julho-dezembro 1991), concebido como suporte à conferência dada, a convite da Profa. Katia de Queiros Mattoso, no curso “Méthodes et Problématiques de l’Histoire Moderne et Contemporaine”, para formação de D.E.A. em “Histoire Moderne et Contemporaine” do “Institut d’Histoire” da l’Université de Paris-Sorbonne (Paris IV), pronunciada no dia 9 de março de 1994. Inédito. Postado na página de Academia.edu (28/12/2020; link: https://www.academia.edu/44784099/409_Introduction_a_letude_des_relations_internationales_du_Bresil_1994_); divulgado no blog Diplomatizzando (28/12/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/12/introduction-letude-des-relations.html).


Tenho um livro publicado com ela: 

447. “Le Brésil de 1984 à 1994: Stabilisation du régime démocratique et bouleversements dans la vie économique”, Paris, 15 agosto 1994, 21 p. Texto sobre a história contemporânea, elaborado para integrar, juntamente com texto dos Profs. Katia de Queirós Mattoso e Antonio Fernando Guerreiro de Freitas (Brésil: Cinq Siècles d’Histoire), brochura de divulgação da Embaixada. Longo processo de revisão (publicação delongada). Divulgado na plataforma Academia.edu (29/12/2020; link: https://www.academia.edu/44790963/447_Le_Bresil_de_1984_a_1994_Stabilisation_du_regime_démocratique_et_bouleversements_dans_la_vie_economique_1994_) e no blog Diplomatizzando (29/12/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/12/le-bresil-de-1984-1994-stabilisation-du.html).

485. “Le Brésil de 1984 à 1995: Consolidation du régime démocratique et tentatives de stabilisation économique”, Paris 31 de agosto de 1995, 18 p. Atualização do trabalho n. 447, cobrindo a inauguração da Presidência Fernando Henrique Cardoso, para brochura da Embaixada do Brasil. Nova revisão geral e reformulação do último capítulo, sobre a questão social (Trabalho n. 497), em 4 de outubro de 1995. Publicado (p. 27-47), juntamente com o texto da Prof. Katia de Queirós Mattoso, sob o título geral Brésil: cinq siècles d’histoire (Paris: Ambassade du Brésil, 1995, 52 pp.). Relação de Publicados n. 183.

789. Une histoire du Brésil: pour comprendre le Brésil contemporain, Washington, 10 mai. 2001, 140 p. Nova edição do livro de história do Brasil, Brésil: cinq siècles d’histoire, preparada a pedido da Embaixada do Brasil em Paris. Proposta de edição comercial feita à Edition L’Harmattan, mediante Denis Rolland. Consultada Prof. Katia de Queirós Mattoso para atualização da primeira parte. Revisão em 2 agosto, com base em correções francesas e novos acréscimos de atualidade. Enviada a Paris em 6 de agosto, com capa elaborada por Maira Palazzo de Almeida. Nova revisão efetuada em 31 setembro de 2001, enviada a Denis Rolland em 1 outubro. In: Paulo Roberto de Almeida et Kátia de Queiroz Mattoso, Une histoire du Brésil: pour comprendre le Brésil contemporain (Paris: Editions L’Harmattan, 2002, 142 p.; ISBN: 2-7475-1453-6). Relação de Publicados n. 342.


Minha homenagem em sua morte:  

2273. “Katia de Queiroz Mattoso: obituário de um membro do Conselho da RBPI”, Brasília, Brasília, 17 de maio de 2011, 3 p. Para a Revista Brasileira de Política Internacional (vol. 54, 1/2011, p. ; link: http://ibri-rbpi.org/2011/07/14/katia-de-queiroz-mattoso-obituario-de-um-membro-do-conselho-da-rbpi-por-paulo-roberto-de-almeida/). Divulgado no Blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/05/katia-de-queiroz-mattoso-saudades-de.html). Relação de Publicados n. 1041.


Meu pitaco, de agora a outubro-dezembro de 2022 - Paulo Roberto de Almeida

 Meu pitaco, válido de 29/05/2021 a outubro-dezembro de 2022

Paulo Roberto de Almeida


Vamos ser brutalmente sinceros: os organizadores das manifestações de 29/05 não estão minimamente interessados no impeachment do Bolsovirus; eles só querem enfraquecê-lo para as eleições de 2022. Esse foi o verdadeiro objetivo.

Mas, mesmo que quisessem o impeachment, não iriam conseguir. O Centrão, por oportunismo e conivência com a tradicional corrupção política, o Desprocurador Particular da republiqueta bolsonarista, por interesse próprio, não vão  sequer se mover.

Mas, se colocassem pelo menos as coisas claramente, os organizadores dos protestos seriam menos hipócritas. 

Sorry, meus caros manifestantes; vcs estão legitimamente interessados em afastar um genocida. Os que organizaram os protestos, não querem chegar a isso: usaram vcs como massa de manobra eleitoral. 

Estou aguardando contestação dos hipócritas, o que não vai mudar a realidade das coisas. 

Aqueles que detêm o real poder de mudar o destino do Brasil, não têm a mínima intenção de fazê-lo, nem políticos, nem militares, nem magistrados, nem os donos do Capital, e nem os poucos liberais que clamam no deserto têm a capacidade de mudar alguma coisa de forma decisiva.

Não é que essas supostas “elites” sejam simplesmente medíocres, ou ridículas, o que elas também o são.

A triste verdade é que o Brasil não possui sequer elites dignas desse nome.

Estadistas, então, nem pensar.

Vamos continuar no pântano por mais alguns anos, não sei quantos. 

Mesmo que surgisse, por acaso algum estadista, ele ainda precisaria de votos de eleitores motivados.

A tragédia é que só teria a oferecer algum equivalente funcional do “sangue suor e lágrimas”, o que não é exatamente o que gostariam de ouvir os eleitores das classes C e D, que são os que elegem dirigentes e representantes atualmente.

Portanto, não esperem milagres de aqui até o final de 2022: o que temos é mais ou menos isso que já está aí, com muito poucas surpresas na agenda eleitoral.

O que teremos, então?

Talvez mais do mesmo, o de agora e o de antes. Ou então um outro personagem que terá os mesmos problemas que todos já conhecemos: manobras ingentes e escusas para formar as bases de um presidencialismo de cooptação, ou mais provavelmente de corrupção. 

Esse é o Brasil, a menos de alguma grande tragédia que não é do interesse de ninguém, de gregos ou de goianos.

Vamos continuar afundando mais um pouco? Muito provavelmente, mas sempre lentamente, como é costume por aqui, que ninguém é de ferro.

Um dia conserta? Sim, parcialmente, que o estamento político não é de grandes reformas. Este é o país no qual os progressos dentro da ordem seguem o ritmo de uma lesma. Foi assim com o tráfico negreiro, foi assim com a abolição da escravidão, tem sido assim, desde sempre, com a educação de massa, ainda não se pensa eliminar o patrimonialismo, nem a corrupção política e os privilégios dos donos do Capital. Os militares estão mais interessados na ordem do que no progresso, os magistrados inteiramente satisfeitos com suas prebendas aristocráticas, as corporações de ofício com seus benefícios, e a classe média não tem educação suficiente para reclamar avanços mais ousados.

Quem paga o custo de tudo isso?

Os pequenos e médios empresários e os trabalhadores das classes C e D, os mesmos que elegem os mesmos políticos de sempre, os predadores da riqueza duramente criada pelos primeiros.

Desculpem pelo longo pitaco: era para ser pequeno e puramente conjuntural, mas acabou grande e estrutural. 

Não tenho grandes ilusões quanto ao futuro do Brasil: continuaremos a nos arrastar penosamente em direção à modernidade, que o progresso também é um fatalidade.

Esta é a conclusão a que chegou Mario de Andrade, o principal organizador da Semana de Arte Moderna de fevereiro de 1922 e profeta do modernismo no Brasil. Em 1928, ele publicou Macunaima, um romance passavelmente pessimista.

Não era a minha intenção: eu estava apenas tentando ser realista. 

Sorry, mais uma vez.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 30/05/2021

Euclides da Cunha, biografia por Luis Claudio Villafañe - Euler de França Belém (jornal Opção)

 

Euler de França Belém
Euler de França Belém 

Diplomata lança biografia de Euclides da Cunha, o autor de “Os Sertões”

Luís Cláudio Villafañe vasculha a obra de um homem que foi para Canudos “vestido” como jornalista e voltou “nu” como pensador do Brasil

Durante anos, o Brasil esperou, quase de joelhos, a biografia que o professor da USP Roberto Ventura estava preparando sobre o escritor e pensador Euclides da Cunha, que não escreveu apenas “Os Sertões”. Mas o mestre, um euclidófilo (ou euclidiano) tão próximo quanto distanciado, morreu cedo, em 2002, aos 45 anos, num acidente automobilístico. Ficamos, os leitores do Homero de Canudos, parcialmente órfãos. A Companhia das Letras chegou a publicar “Euclides da Cunha — Esboço Biográfico”, de Roberto Ventura. O livro foi organizado por Mario Cesar Carvalho e José Carlos Barreto de Santana, que tentaram lhe dar certa unidade, mas, ainda assim, é uma obra fragmentária e lacunar, como não poderia deixar de ser.

Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha morreu em 1909, aos 43 anos, assassinado por um militar que era amante de sua mulher. Seu livro mais brilhante, que é uma densa interpretação do Brasil, a partir da Guerra (ou massacre) de Canudos — seu mote —, é “Os Sertões”. Trata-se de uma obra que, direta ou indiretamente, é precursora de “Casa Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre, e “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda. Euclides da Cunha foi para Canudos vestindo o Armani do preconceito e voltou de lá mais nu do que criança quanto nasce. O escritor-pensador reinventou Canudos, dando-lhe caráter de fato histórico (e literário, veja-se o próprio Euclides da Cunha e o peruano Mario Vargas Llosa, com o romance “A Guerra do Fim do Mundo”), e Canudos o reinventou como homem e intelectual. Ele se tornou uma espécie de Rimbaud de Canudos.

“Os Sertões”, a obra-prima de Euclides da Cunha, um pensador do Brasil | Foto: Reprodução

“Os Sertões” acabou por tornar Euclides da Cunha um dos “reinventores” do Brasil, um de seus intérpretes mais perceptivos. O livro é tão poderoso e reverberante que, de alguma maneira, “escondeu” as demais obras do autor — inclusive sua poesia (pode ser consultada no livro “Poesia Reunida”, de Euclides da Cunha, organizado por Leopoldo M. Bernucci e Francisco Foot Hardman, Editora Unesp, 492 páginas).

Muito já se escreveu, e bem, sobre Euclides da Cunha. Walnice Nogueira Galvão, Luiz Costa Lima e Leopoldo M. Bernucci explicaram “Os Sertões” em alto nível. Não só eles, é claro, que são citados como exemplos.

Mas o homem Euclides da Cunha — o pensador do Brasil e de seus homens — permanece um continente a ser desbravado. A excelência da universidade tem trabalhado para entendê-lo e explicá-lo, possibilitando um entendimento mais amplo de suas ideias. No caso, mais suas obras.

Se a obra tem sido examinada com percuciência, a vida de Euclides da Cunha, ainda que se tenha biografias, permanece razoavelmente nebulosa. Pesquisadores sérios preferem trabalhar a obra para, decerto, evitar o sensacionalismo sobre a vida pessoal.

O euclidianista norte-americano Frederic Amory publicou uma biografia de qualidade, “Euclides da Cunha — Uma Odisseia nos Trópicos” (Ateliê Editorial, 430 páginas, tradução de Geraldo Gerson de Souza). A apresentação é de Leopoldo M. Bernucci.

Frederic Amory conta bem a história de Euclides da Cunha, ainda que numa prosa meio amarrada, vazada, naturalmente, no estilo acadêmico. No final do livro, ele cita Lord Acton: “Julguem o melhor do talento e o pior do caráter”. O mesmo Acton anotou: “Não procurem unidade artística no caráter”.

Fica-se a pensar e a se perguntar: Frederic Amory explica melhor a obra do que a vida de Euclides da Cunha? É provável. Porque a obra tem uma fortuna crítica imensa, explorando suas variantes, mas a vida (ou parte dela) é quase um tabu.

O homem que escreveu “Os Sertões” — que influenciou “Grande Sertão: Veredas”, romance de João Guimarães Rosa —, uma síntese do Brasil, era um grande tímido (paradoxalmente, deixou uma obra nada tímida). “Sua pouca inclinação a falar no meio de uma conversa geral, seu incômodo genuíno em reuniões oficiais, sua confessa autocaracterização como caboclo, sua transparente inocência e dolorosa honestidade, sua natureza reclusa, sua repressão, tudo isso me parecem sintomas de uma timidez fundamental”, anota Frederic Amory.

Certa feita, Coelho Neto levou Euclides da Cunha para assistir um filme de faroeste. Um marido atira na mulher adúltera e no seu amante. Terminada a sessão, com o “cinema ainda escuro”, o escritor vociferou: “É assim que eu compreendo! Fizessem todos [os maridos traídos] assim e não haveria tanta miséria como há por aí. Essa é a verdadeira justiça. Para a adúltera não basta a pedra israelita, o que vale é a bala”.

Os homens se tornam mais “ricos” quando suas contradições são expostas de maneira integral, possibilitando um entendimento do que é como indivíduo e como criador artístico. Não ficam menores quando são expostos determinados problemas, como o machismo de Euclides da Cunha, um homem do século 19 que, tudo indica, caminha, como autor de “Os Sertões”, para a permanência, para a eternidade. Uma avaliação justa tem de ser feita pela média, e não pelos extremos (pelos extremos devem ser julgados seres brutais como Hitler e Stálin).

Luís Cláudio Villafañe: o diplomata e pesquisador enfrentou a vida de dois grandes brasileiros, o Barão do Rio Branco e o escritor Euclides da Cunha | Foto: Reprodução

Para além da obra-prima Os Sertões

O diplomata Luís Cláudio Villafañe G. Gomes é autor de uma excelente biografia, “Juca Paranhos — O Barão do Rio Branco” (Companhia das Letras, 560 páginas). Tanto a pesquisa é valiosa, com uma consulta exaustiva às fontes, quanto o texto é de escritor — o que torna a narrativa ágil e agradável (sem perder a complexidade). Aos 60 anos, o pesquisador decidiu se meter numa, digamos, “divina increnca” (com “i” mesmo — lembrando Juó Bananére): contar a vida de um homem que foi para Canudos como jornalista (e era engenheiro) e voltou de metamorfoseado em pensador do Brasil. Não é uma missão fácil, e felizmente escapou do que alguns chamam de “a maldição de Euclides da Cunha” (lembrando que Roberto Ventura viveu apenas dois anos a mais do que o escritor).

“Euclides da Cunha — Uma Biografia” (Todavia, 432 páginas), de Luís Cláudio Villafañe, que ainda não li, parece ser mais uma tentativa de entender a Amazônia que Euclides da Cunha se tornou, um escritor poderoso que, de tão conhecido e reverberante, se tornou um continente relativa e estranhamente desconhecido. Há quem fale da aridez de seu texto, resultado de seu rigor (um geólogo chegou a apontar problemas em certas partes) — como se o livro pudesse contar tudo o que havia acontecido, e também sobre a região do fato —, mas o leitor com alguma paciência, o medicamento com que os deuses premiam os homens de boa vontade, às vezes, poderá fazer a travessia sem grandes percalços.

Como se saiu muito bem ao contar a vida do Barão do Rio Branco, o chefe de Euclides da Cunha, muito possivelmente terá escrito um livro brilhante sobre o autor de “Os Sertões”. Grandes biografias não contam, óbvio, apenas a vida do indivíduo — são, a rigor, uma história de seu tempo. (E-mail: eulerdefrancabelem@gmail.com)

Trecho do livro de Luís Cláudio Villafañe

A vida e a obra de Euclides da Cunha despertam grande interesse, e não apenas dos estudiosos de literatura e de outras áreas do conhecimento, como história, antropologia, sociologia, geografia e geologia. Também seguem atraindo a curiosidade do público em geral. Euclides viveu relativamente pouco. No entanto, os seus 43 anos de existência física foram repletos de aventuras, como nos meses que passou na Bahia, durante a última campanha do Exército contra Antônio Conselheiro e seus seguidores, e o pouco mais de um ano em que liderou uma expedição na Amazônia até as nascentes do Rio Purus, já adentrando o que hoje é reconhecido como território peruano. Ergueu fortificações militares e pontes civis. Conviveu estreitamente com muitos dos nomes mais importantes da política e da cultura brasileira na primeira década do século passado. Participou de uma conspiração para a derrubada de um presidente e defendeu outro de armas na mão. Foi militar, engenheiro, cientista, jornalista, literato e cartógrafo. Escreveu um livro que figura indiscutivelmente entre os mais importantes já publicados por um brasileiro, uma das obras-primas da literatura em língua portuguesa. É dono de um acervo literário que, se não chega a ser extenso, de modo nenhum se reduz a ‘Os Sertões’. Tentou matar e acabou sendo morto. A narrativa que se segue vai muito além desses dois temas e visa proporcionar ao leitor ou à leitora uma imagem ao mesmo tempo mais ampla e mais detalhada da vida de Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha, com suas contradições, hesitações, erros e acertos. Do mesmo modo, dando-se a ele a centralidade que o livro merece, ‘Os Sertões’ será visto dentro do conjunto da obra do jornalista e escritor.”

A flor do cárcere
Euclides da Cunha

Nascera ali — no limo viridente

Dos muros da prisão — como uma esmola

Da natureza a um coração que estiola —

Aquela flor imaculada e olente…

ele que fora um bruto, e vil descrente,

Quanta vez, numa prece, ungido, cola

O lábio seco, na úmida corola

Daquela flor alvíssima e silente!

E — ele — que sofre e para a dor existe —

Quantas vezes no peito o pranto estanca!…

Quantas vezes na veia a febre acalma,

Fitando aquela flor tão pura e triste!…

— Aquela estrela perfumada e branca,

Que cintila na noite de sua alma…


sábado, 29 de maio de 2021

The rise and the crisis of the international liberal order - Sulverio Zebral Filho (Academia.edu)

Silvério Zebral é um dos mais produtivos economistas políticos que eu conheço, pessoalmente, que mantém excelência na pesquisa e na argumentação econômica. Leiam este trabalho neste link: 

https://www.academia.edu/49068343/THE_RISE_AND_THE_CRISIS_OF_THE_INTERNATIONAL_LIBERAL_ORDER_a_constructivist_interpretation?email_work_card=view-paper

THE RISE AND THE CRISIS OF THE INTERNATIONAL LIBERAL ORDER: a constructivist interpretation

Published 2021
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11 Pages
During the 1980s and 1990s, many developing countries removed regulations and restrictions on international trade and international investment flows. Most of the liberalization trend of commercial and capital accounts among the "emerging markets" countries have been explained under the lens of the “open-economy politics” approach. Alternatively, constructivist theories provide a more convincing explanation of why developing countries opened themselves up to the global economy in that period – one that goes far beyond the interplay of domestic interest groups. 

Preparem-se para uma possível, ou provável, terceira onda, ainda mais mortífera do que as anteriores...

 Não imagino que seja alarmismo infundado, pois que baseado em dados e inferências da Universidade de Maryland (tenho preenchido questionários que recebo desta universidade, que usa, portanto, informações reais, de pessoas reais), não apenas deduções matemáticas.

Acredito que o melhor a fazer, na dúvida, é se precaver...

Paulo Roberto de Almeida

Sábado, 29 de maio de 2021
A próxima onda

Sem vacinas, prepare-se mais uma vez

Uma pesquisa que rastreia as redes sociais mostra que, nos próximos meses, o Brasil viverá uma nova onda de mortes por covid-19. E ela será muito mais grave do que a última, que já foi brutal.

A Universidade de Maryland usou uma base de dados do Facebook para compilar informações de pessoas. Pelos cálculos, os cientistas conseguiram antecipar o nível de contágio – isso duas semanas antes da notificação oficial de novos casos. O gráfico que eles geraram é este aqui.

Como se vê, o contágio está empenando de modo exponencial muito antes que as autoridades de saúde tenham percebido. 

Nós já tínhamos falado sobre os riscos de uma avassaladora terceira onda no laboratório do genocídio, Manaus. Em fevereiro, o repórter Fábio Bispo escreveu:

“O biólogo Lucas Ferrante, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, o Inpa, avisou pessoalmente o prefeito de Manaus, David Almeida, do Avante, sobre o risco iminente de uma terceira onda de contaminação pela covid-19 na capital do Amazonas. Foi uma reunião rápida, de menos de 30 minutos. Acompanhado de três assessores, o prefeito chegou a sinalizar que poderia adotar o lockdown para salvar vidas. Mas o discurso logo mudou, e o aviso do cientista foi ignorado.

Ele e outros sete pesquisadores elaboraram um modelo epidemiológico a partir das taxas de transmissão da nova variante do vírus no Amazonas, a reinfecção por perda de imunidade apresentada em pacientes após seis meses e os cenários de vacinação e isolamento social do estado. O estudo, que será publicado em uma revista científica de renome internacional e que está em fase de revisão, sinaliza a necessidade urgente de lockdown em Manaus e aponta para uma terceira onda de contaminação mais longa e que, potencialmente, pode causar mais mortes do que a observada em 2020.“

Manaus é um emblema do governo Bolsonaro e sua gestão assassina da pandemia: aposta em imunidade de rebanho, cloroquina e ausência de vacinas. As pessoas morreram sufocadas. Teremos agora novas Manaus pelo Brasil? “Está tudo muito ruim e não vejo uma região com um cenário mais grave. O aumento de pessoas reportando sintomas é constante em praticamente todo o país”, explicou o especialista Isaac Schrarstzhaupt, coordenador na Rede Análise Covid-19, que fez o estudo com os dados do Facebook.

Caso isso aconteça, será em meio à CPI que tem obrigação de punir os responsáveis.

Leandro Demori
Editor Executivo