terça-feira, 12 de novembro de 2024

A Rússia é culturalmente imperialista - Rodrigo da Silva

 Thread de Rodrigo da Silva

A Rússia é o maior país do mundo. 11% de toda a área terrestre do planeta pertence à Rússia – a mesma área da superfície de Plutão. Quando o sol nasce no leste da Rússia, se põe no oeste.

Mas este país nem sempre teve esse tamanho.

Nos seus primeiros séculos, a Rússia possuía um território de 1,3 milhão de km², o equivalente ao estado do Pará.

No auge da União Soviética, esse espaço chegou a atingir 22,4 milhões de km².

Como isso aconteceu? A resposta parece estar no solo desse lugar.

No passado distante, os primeiros eslavos que se estabeleceram na Rússia encontraram terra fértil para a agricultura, mas tiveram que enfrentar um problema bastante sério: as invasões.

A Rússia foi fundada numa região da Europa sem grandes rios, montanhas e desertos, em que a média de altitude é de míseros 170 metros. Nós chamamos essa região de Planície Europeia Oriental, e ela se estende da França até os Montes Urais.

. O leste deste continente é plano.

Justamente porque é muito fácil colocar grandes exércitos para invadir os países dessa região que, ao longo da história, a Rússia sofreu diferentes invasões – e não apenas de povos nômades, como os mogóis e os tártaros. Os poloneses invadiram a Rússia em 1610; seguidos pelos suecos, em 1707; os franceses, em 1812; e os alemães – duas vezes, em ambas as guerras mundiais – em 1914 e 1941.

Só que nenhum país abocanha o maior território da Terra apenas se defendendo de ameaças externas. Os russos não demoraram para entender que a melhor estratégia para se proteger contra invasões hipotéticas é invadindo outros países e aumentando o seu próprio território.

Foi exatamente o que eles fizeram. Por séculos, os czares dedicaram um esforço monumental para atingir esse objetivo. E essa demanda obsessiva por terra como proteção foi, com o tempo, criando na Rússia uma cultura política intrinsecamente imperialista.

Os soviéticos não romperam com essa tradição. Pelo contrário: eles se empenharam em construir uma zona tampão entre o coração da Rússia e as grandes potências europeias. Nós conhecemos esse espaço como Cortina de Ferro.

Para os líderes soviéticos, controlar essas extensões de terra ao redor das suas fronteiras dava à Rússia uma profundidade estratégica; um colchão geográfico entre potenciais invasores ocidentais e os centros de poder do país.

A União Soviética era composta por 15 repúblicas que, embora na teoria gozassem de alguma autonomia, na prática, estavam sob o controle centralizado de Moscou.

Dessas 15 repúblicas, além da própria Rússia, 6 estavam no leste da Europa, ajudando a construir uma zona tampão: Ucrânia, Bielorrússia, Moldávia, Lituânia, Letônia e Estônia.

Mas a zona de influência russa não se limitava a esses países. Moscou também tinha os seus estados-satélites na Europa Oriental – Polônia, Alemanha Oriental, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária. Quando nós consideramos esses lugares, no auge da União Soviética, os russos exerciam controle e influência sobre um território de 23,3 milhões de km².

Foi exatamente para combater essa política de expansão da Rússia na Europa – num momento em que este era um continente devastado pela maior guerra de todos os tempos – que a OTAN foi fundada, em 1949.

No auge da União Soviética, no pós-guerra, enquanto Moscou controlava ou influenciava 23,3 milhões de km², os outros países da Europa, somados, tinham um território de míseros 3,5 milhões de km².

Através do Pacto de Varsóvia, Moscou exercia poder sobre 61% do território europeu – quase dois de cada três metros de terra do continente.

E esses não eram os únicos países controlados ou influenciados por Moscou.

Durante a sua existência, a União Soviética patrocinou diferentes revoluções no mundo, além de dezenas de movimentos e partidos políticos que, mesmo quando não conseguiram uma revolução, alteraram radicalmente o cenário político de seus países. Alguns deles estão no poder nesse exato momento.

É por isso que o fim da União Soviética (1989-91) não representou apenas a dissolução de um estado, mas a fragmentação de um bloco que havia projetado poder global e sustentado uma identidade política homogênea para milhões de pessoa.

Vladimir Putin chama esse episódio de “tragédia genuína” – “a maior catástrofe geopolítica do século vinte”.

Hoje, três décadas após o fim desse bloco, o território russo ainda é grande o suficiente para colocar a Rússia no topo dos maiores países do planeta (com quase o dobro do território do Canadá, o segundo maior país do mundo). Mas Putin entende que a queda da Cortina de Ferro foi “uma desintegração da Rússia histórica sob o nome de União Soviética”:

“Nós nos transformamos em um país completamente diferente. E o que foi construído ao longo de mil anos foi em grande parte perdido.”

O que o líder da Rússia planeja fazer para corrigir esta “catástrofe”? Aquilo que os russos passaram os últimos séculos fazendo: expandir o território do país. O objetivo é reconstruir a União Soviética/Império Russo.

Na Guerra na Ucrânia, os russos nem fazem questão de esconder isso.

Os Estados Unidos desempenharam um papel indispensável para o colapso da União Soviética.

Mas isso não aconteceu porque os americanos têm um compromisso moral com a proteção da humanidade. Isso aconteceu porque os americanos – sobretudo os conservadores – sempre entenderam que o expansionismo russo desafia o American way of life. Os Estados Unidos não estão imunes ao que acontece no leste da Europa porque os americanos dependem visceralmente das instituições e do comércio internacional para sustentar os seus padrões de vida

Nesse momento, os Estados Unidos são a maior economia do mundo, com um produto interno bruto que ultrapassa os US$ 29 trilhões. Este é um país que nunca foi tão rico e poderoso.

Washington gasta anualmente uma fração disso, US$ 916 bilhões, nas suas forças armadas – um valor equivalente à soma dos gastos de China, Rússia, Índia, Arábia Saudita, Reino Unido, Alemanha, Ucrânia, França e Japão (os 9 países seguintes, dos 10 com os maiores gastos militares).

Os Estados Unidos são o lar de 4% da população mundial, mas 1/4 da riqueza mundial está sob controle americano.

Ao mesmo tempo, 3,4% da riqueza americana é gasta com as suas forças armadas, mas 37% do gasto mundial com forças armadas está concentrado nos Estados Unidos.

Ninguém gasta tanto com defesa quanto os Estados Unidos porque nenhum outro país tem a posição dos Estados Unidos no mundo. E o desenvolvimento dos Estados Unidos – o país mais poderoso e desenvolvido da Terra – está umbilicalmente ligado a esse poder.

Washington sustenta algo próximo de 750 bases militares em pelo menos 80 países. Todo esse poderio militar não caiu do céu. Ninguém forçou o Pentágono a construir essa estrutura.

Os Estados Unidos não gastam esse dinheiro todo porque desejam proteger o mundo da ação dos homens maus. Essa estrutura só é sustentada – com apoio bipartidário nas últimas 7 décadas – porque os ganhos que Washington alcança com essa posição são imensos.

É por isso que, nesse momento, só um cínico diria que os Estados Unidos não têm a obrigação de “proteger” a Ucrânia – como se os Washington alocasse dinheiro nessa região do mundo por altruísmo.

Não é o Ocidente quem está protegendo a Ucrânia da Rússia. É a Ucrânia quem está protegendo o Ocidente da Rússia. E quem ainda não entendeu isso, não entendeu nada sobre esse conflito.

Não é difícil prever o que acontecerá se a Ucrânia ceder um milímetro de terra para Moscou: a Rússia terá incentivos para continuar expandindo o seu território em direção ao Ocidente, mesmo que um “acordo de paz” gere uma falsa sensação momentânea de estabilidade.

Num primeiro momento, a Rússia não precisará atacar a Bielorrússia, a Geórgia e a Hungria para melhorar a sua posição porque esses países já sustentam governos fantoches, profundamente influenciados por Moscou (é verdade que a questão da Geórgia é um pouco mais sensível por conta das regiões de Ossétia do Sul e Abecásia, dois territórios disputados por Moscou).

Mas dá para prever os próximos alvos desse expansionismo: a Moldávia (provavelmente a próxima vítima russa, justificada pela proteção da população da Transnístria), a Estônia, a Letônia e a Lituânia, além da própria Ucrânia (ou o que terá sobrado dela).

A partir disso, a Rússia será uma ameaça constante para a Polônia – país que desempenha um papel crucial como ponto de trânsito para a ajuda militar e humanitária do Ocidente para a Ucrânia.

Também dá para dizer que a República Tcheca e a Eslováquia – que formavam a antiga Tchecoslováquia – viverão sob ameaça.

Para alcançar esses objetivos, a Rússia não usará apenas a carta da expansão militar. O Kremlin acelerará a sua guerra híbrida na região. Esses países continuarão sendo alvos da interferência política russa subterrânea – como vêm sendo, com sucesso para Moscou, desde 2014.

Os russos terão um papel cada vez maior:

- na política alemã, através da AfD (da direita radical) e da BSW (da esquerda radical);

- da política francesa, através do Rassemblement National;

- da política britânica, através do Reform UK;

- da política holandesa, através do PVV;

- da política austríaca, através do FPÖ;

- e da política italiana, através do Lega.

Essa ameaça contínua russa à segurança da Europa criará um ambiente de alta tensão no continente – e sem o apoio dos Estados Unidos, produzirá incentivos para que a União Europeia recorra ao pragmatismo chinês para controlar os ímpetos do imperialismo russo; o que melhorará o status da China no mundo (foi o que aconteceu entre 2017 e 2020, quando os chineses viraram os maiores parceiros comerciais da União Europeia – posição que os Estados Unidos só recuperaram sob o governo Biden, em 2022).

Essa reconstrução da ordem mundial impactará profundamente o desenvolvimento político do mundo – inclusive do Brasil, que até hoje vive as consequências da Guerra Fria: da forma como acessamos às redes sociais à maneira como compramos na internet.

O fortalecimento político da Rússia poderá aumentar o capital político e militar dos seus aliados no mundo – incluindo a China (o que ameaçará Taiwan), o Irã (o que ameaçará Israel), a Coreia do Norte (o que ameaçará a Coreia do Sul) e a Venezuela (o que ameaçará a Guiana).

Este não é um mundo mais estável e pacífico. Apaziguamento não é paz. Neville Chamberlain, ex-primeiro-ministro do Reino Unido, não era um pacifista porque assinou o Acordo de Munique, em 1938, cedendo a região dos Sudetos da Tchecoslováquia à Alemanha Nazista. Negociar com Adolf Hitler em busca de uma paz hipotética e estratégica não colaborou para tornar o mundo mais seguro – pelo contrário: tornou o mundo mais violento, instável e inseguro.

Esse cenário poderia levar 5, 10 ou 15 anos até ser deflagrado. Por um tempo, os atores políticos do Ocidente poderiam até se convencer de que um apaziguamento temporário significaria um controle da situação. Os líderes desse acordo poderiam até concorrer ao Nobel da Paz por tamanha benevolência. Mas isso seria apenas ingenuidade.

Não há um único serviço de inteligência ocidental que não aponte para o mesmo cenário. A Rússia está em expansão e não tem pressa. Qualquer metro de território ucraniano conquistado será uma vitória para Putin. Essa é a estratégia russa. Como dizia Andrei Gromiko – Ministro das Relações Exteriores da União Soviética, e uma das figuras centrais da política russa no século 20 – Moscou utiliza três regras básicas para negociar com o Ocidente:

“Primeiro, exija o máximo, não peça humildemente, mas exija. Segundo, apresente ultimatos. E, terceiro, não ceda um centímetro de terreno porque sempre haverá alguém no Ocidente que lhe oferecerá algo, talvez metade do que você não tinha antes.

É assim que nasce aquela expressão que a direita tantas vezes usou nas últimas décadas – uma nova ordem mundial.

É dessa forma que você perde a Guerra Fria.

Não será por falta de aviso.


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Comentários;

Mestre:

Gostei! De fato, a história é cíclica e o ocidente começa a entender um pouco mais sobre o imperialismo real.

A China, por exemplo, não ostenta suas ligações e parcerias estratégicas, nem age de maneira linear para alcançar seus objetivos, como fazem os ocidentais, que olham apenas para o futuro e por isso nunca sabe para onde vai, nem quem são os seus inimigos, muito menos como eles agem.

Observar a história da China é crucial para entender como ela avança, sempre com cercos duradouros, algo absorvido dos antigos mongóis. Outro ponto a se entender olhando o passado da China é a sua tendência para a boa diplomacia com povos expansionistas sanguinários, visto que mantinham grande parceria com o Império Sassanida, chegando a abrigar dezenas de embaixadas em seu território, que geograficamente eram distente na época.

E ambos se fortaleciam com métodos e estratégias de guerra que vemos até hoje, por exemplo, usando a propaganda para demonizar seus inimigos e justificar suas ações, bem como a diplomacia com inimigos estratégicos. Tanto a China quanto a Dinastia Sassanida ofereciam presentes e vantagens aos países que lhes ofereciam resistência, ou os que possuiam riquezas naturais, como bom solo, acessos ao mar, enfim. Sempre aqueles que estavam no caminho para os seus objetivos. 

Entrar nesses países tinha método: eles buscavam, principalmente, homens poderosos e corruptíveis, potenciais traidores de suas pátrias e/ou aqueles com grande ambição de poder,.

Porém, por trás dessa linda amizade, o que de fato acontecia era o início do plano tático de infiltração. Pois a partir dos acordos de intercâmbio, tanto os Sassanidas quanto os Chines, ou ambos, empregavam nesses países um grande número de espiões e agentes, que agiam para abastecer a rede de informação e, o mais crucial para eles, esses exércitos invisíveis garantiam muitas vezes aos generais uma vitória a necessidade da guerra.

Como faziam isso? Gerando caos com desinformação, estimulando conspirações, assassinatos sem explicação e tudo o que podiam fazer para drenar a força dos alvos, incluindo colocar esses alvos em guerras diversas e, durante as campanhas, iniciavam uma escala de sabotagem em tantas áreas dispersas que o Rei, Governador Susserano caia em desgraça.

Puxa, ainda poderia falar mais, como a perseguição religiosa é a opressão, mas acho que deu para entender mais um pouco da China, do Iran e sobre quem abastece os imperialistas sanguinários no mundo... a saber: o comunismo e os seus idiotas úteis, adeptos da ideologia ou da religião baseada no zoroatrismo reformado.

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Bruno Souza:

Rodrigo, bons pontos, mas acho que faltou um importante: pro Putin se aventurar um pouco mais a oeste, forçosamente entraria em choque direto com um país-membro da OTAN, e aí o cenário é bem diferente. Que há uma intenção expansionista é claro - mas daí a presumir que qualquer perda na Ucrânia significa carte blanche pra festa do caqui do Putin eu considero um salto. Parte central da discussão aqui na Europa é justamente o risco de escalada incontrolável em torno do Ucrânia que leve a um conflito direto da OTAN com a Rússia, e é o que todos querem evitar. Pragmaticamente: preferem entregar um pedaço da Ucrânia pra evitar um risco de conflito nuclear agora.

Surpresas acontecem… - Paulo Roberto de Almeida

Surpresas acontecem…

Paulo Roberto de Almeida


O mundo acadêmico, formado por gente bem formada e informada, mas também por algumas almas cândidas, não conseguiu ver a avalanche da ignorância que foi se se formando em áreas recuadas da nação, com a mudança de condições econômicas, entre outros fatores. Ela chegou, finalmente, e submergiu a todos. Vai demorar um pouco para refluir, pois depende da hipótese da força decrescente da avalanche, que pode continuar a ser alimentada por novas vagas de ignorância, commodity extremamente abundante no mundo. Acadêmicos saberiam explicar e interpretar esse fenômeno, acredito.

Brasília, 12/11/2024

Panorama das Estatais Brasileiras - Ricardo Bergamini, Ministério da Gestão

 Na defesa de interesses corporativos todas as ideologias existentes no Brasil são aliadas históricas, assim sendo, com Bolsonaro ou com Lula, com a esquerda ou com a direita, com os civis ou militares, com a dita(dura) ou a dita(mole) os problemas serão os mesmos. Vamos ajudar a resolvê-los divulgando as informações oficiais do governante de plantão (Ricardo Bergamini)

 

Prezados Senhores

 

A imprensa está voltando a sua função original de divulgar as informações oficiais do governante de plantão, isento de masturbação mental ideológica.

 

Lula agradece ao Bolsonaro ter preservado o ninho petista das estatais.

 

São quase 500.000 funcionários das estatais aliados do Lula. 

 

Panorama das Estatais – Fonte MGISP

 

Base: Ano de 2023

 

 

I – Quantidade de Empresas Estatais Federais

São 123 empresas estatais federais, sendo 44 com controle direto da União (17 dependentes exclusivas do tesouro nacional, e 27 não dependentes do tesouro nacional), e 79 com controle indireto (39 subsidiárias no Brasil, e 40 subsidiárias no exterior.

Esses “elefantes brancos” somente servem para gerar déficit público e empregos para apadrinhados de políticos, além de ser o principal ninho petista. E o mais grave é que o “prostíbulo BNDES” financia muitas delas. Uma imoralidade sem precedentes. 

Cabe lembrar que existem 79 empresas estatais com controle indireto do governo, que não necessitam de autorização do Congresso para serem vendidas. 

 

II – Empresas Estatais Dependentes Exclusivas do Tesouro Nacional

De 2019 até 2022, o falso liberal Bolsonaro enterrou R$ 79,2 bilhões (média de R$ 20,0 bilhões ano) nas lixeiras das estatais dependentes exclusivas do Tesouro Nacional.

Em 2023, Lula iniciou a festa no seu ninho político e enterrou R$ 23,9 bilhões nessas lixeiras das estatais dependentes exclusivas do Tesouro Nacional.

III – Empresas Estatais Não Dependentes Exclusivas do Tesouro Nacional

De 2019 até 2022, o falso liberal Bolsonaro enterrou R$ 4,5 bilhões (média de R$ 1,1 bilhão ano) nas estatais não dependentes do tesouro nacional.

IV – Evolução do Endividamente das Estatais Federais

Em 2018, a dívida consolidada das empresas estatias era de R$ 388,5 bilhões (5,55% do PIB). Em 2022, a dívida consolidada das empresas estatais era de R$ 293,5 bilhões (2,51% do PIB). Redução real em relação ao PIB de 54,71%.

Até o 2º trimestre de 2024, Lula iniciou a festa no seu ninho político e elevou a dívida para R$ 345,1 (3,18% do PIB). Aumento real em relação ao PIB foi de 26,69%, comaprativamente ao ano de 2022.

VI– Quadro De Pessoal Efetivo das Estatais Federais

Em 2018, existiam 499.326 servidores ativos nas estatais federais, já em 2022, reduziu para 434.017. Redução do efetivo de 65.309 em relação ao ano de 2018. Em 2023 houve aumento para 436.283 servidores. Aumento do efetivo de 2.266 em relação ao ano de 2022.

Estudo completo clique abaixo:

http://www.panoramadasestatais.planejamento.gov.br/QvAJAXZfc/opendoc.htm?document=paineldopanoramadasestatais.qvw&lang=en-US&host=QVS%40srvbsaiasprd07&anonymous=true

Ricardo Bergamini

Resistência da economia global surpreende - Martin Wolf (Valor)

Resistência da economia global surpreende

Martin Wolf 


Um fato notável é que o aumento da inflação, em grande medida inesperado, dissipou-se a um custo baixo em termos de produção e de emprego

 Valor Econômico, quarta-feira, 23 de outubro de 2024

 

“Uma pandemia única em um século, a eclosão de conflitos geopolíticos e eventos climáticos extremos desestabilizaram as cadeias produtivas, provocaram crises alimentares e energéticas e levaram os governos a tomar ações inéditas para proteger as vidas e os meios de subsistência”. É assim que o mais novo Panorama Econômico Mundial (WEO) do Fundo Monetário Internacional (FMI) descreve os eventos econômicos ocorridos desde o início de 2020.

Ainda assim, vista como um todo, a economia mundial tem mostrado resiliência. Infelizmente, os países em desenvolvimento têm mostrado menos do que os países de alta renda - beneficiados por uma maior margem de manobra em suas políticas públicas. Em suma, enquanto os de alta renda “voltaram aos níveis de atividade e de inflação que se projetavam antes da pandemia”, os países em desenvolvimento “estão mostrando cicatrizes mais permanentes”.

Um fato notável, contudo, é que o aumento da inflação, em grande medida inesperado, dissipou-se a um custo baixo em termos de produção e de emprego. Por outro lado, o núcleo da inflação também tem mostrado persistência, observa o FMI. Um ponto crucial é que “o núcleo da inflação dos preços dos serviços essenciais, em 4,2%, está cerca de 50% maior do que antes da pandemia em importantes economias avançadas e emergentes (excluindo os EUA)”. A pressão para que os ritmos dos salários e preços voltem à é o principal motivo para isso. No entanto, como os hiatos dos produtos estão se fechando, o FMI tem a esperança de que essa pressão salarial também diminua.

Os riscos são abundantes. A política monetária do passado pode ter mais impactos do que o previsto, talvez provocando recessões. Se a inflação for mais forte, o aperto monetário será maior do que o imaginado, o que poderia afetar a estabilidade financeira

Tanto o salto da inflação quanto seu notavelmente indolor declínio precisam de explicações. Entre elas, argumenta o WEO, está a queda mais rápida do que o esperado nos preços das fontes de energia e a forte recuperação da oferta de trabalho, impulsionada por surtos inesperados (e impopulares) na imigração.

Uma explicação mais sutil para o comportamento da inflação é que a interação entre o aumento da demanda pós-pandemia e as restrições de oferta tornaram a relação entre a ociosidade na economia e a inflação mais acentuada. Dessa forma, a inflação subiu acima do previsto quando a demanda aumentou, mas caiu mais rápido do que o esperado à medida que a oferta e a demanda se equilibraram. A política monetária desempenhou um papel em ambas as direções, ao estimular e depois restringir a demanda, mas também (quando os juros subiram) ao reforçar a credibilidade das metas de inflação.

Uma característica digna de nota desde 2020 tem sido a mudança na relação entre política monetária e fiscal. Durante a pandemia, ambas foram ultraexpansionistas. No entanto, após 2021, a política monetária foi apertada, enquanto a política fiscal permaneceu expansionista, em especial nos EUA. Os juros mais altos, então, elevam os déficits fiscais. Existe, entretanto, uma grande divergência entre os EUA e a região do euro nas perspectivas fiscais: pelas projeções do FMI, a dívida pública dos EUA subirá para quase 134% do PIB em 2029; na região do euro, por outro lado, a proporção da dívida pública em relação ao PIB deve se estabilizar em cerca de 88% em 2024, embora com grandes diferenças entre os países que a compõem.

Outra recente característica importante da economia mundial é que, desde o ataque da Rússia à Ucrânia em 2022, a taxa de crescimento do comércio exterior entre “blocos” desacelerou-se mais do que dentro deles, sendo que um “bloco” está centrado nos EUA e na Europa e o outro, na China e na Rússia.

O FMI não mudou muito suas estimativas e projeta um crescimento mundial próximo de 3%. Isso, pressupondo que não haja grandes choques negativos, que o crescimento do comércio exterior acompanhe o da produção, que a inflação se estabilize, que as políticas monetárias sejam apertadas e que as políticas fiscais sejam afrouxadas. As projeções do FMI mostram que o crescimento dos EUA, na comparação entre os quartos trimestres, cairá de 2,5% em 2024 para 1,9% em 2025, e que o da zona do euro terá leve aceleração, para 1,3%. Para a Ásia em desenvolvimento projeta-se um crescimento de 5% em 2025, para a China, de 4,7%, e para a Índia, de 6,5%.

Os riscos, infelizmente, são abundantes. A política monetária do passado pode ter impactos mais fortes do que os agora previstos, talvez provocando recessões. Se a inflação for mais forte do que a projetada, a política monetária ficaria mais apertada do que a imaginada, o que poderia afetar a estabilidade financeira. O impacto dos juros mais altos sobre a sustentabilidade da dívida pode ser maior do que o esperado, em particular nos países emergentes e em desenvolvimento. Os problemas macroeconômicos da China podem ser maiores do que o previsto, à medida que seu setor imobiliário se retrai e as medidas econômicas compensatórias permanecem limitadas. Caso Donald Trump se torne presidente dos EUA e lance suas medidas comerciais, as chances de uma guerra comercial total seriam consideráveis, com consequências imprevisíveis para a economia mundial e as relações internacionais.

Além disso, a eleição dos EUA será decidida pacificamente? Também há a chance de intensificação das guerras existentes ou do surgimento de novas. Tais eventos poderiam levar a novos saltos nas cotações das commodities, possivelmente (ou provavelmente) agravados por rápidas mudanças climáticas.

Tudo isso é assustador. Também vale a pena citar, porém, os possíveis lados positivos. Reformas e uma retomada da confiança poderiam levar ao aumento dos investimentos. A inteligência artificial e a revolução energética poderiam impulsionar os investimentos e o crescimento. É até possível que a humanidade decida ter coisas melhores a fazer do que intensificar a hostilidade e a estupidez a níveis cada vez mais altos.

O FMI ressalta a necessidade de garantir um pouso suave para a inflação e a política monetária. Também ressalta a necessidade mais imediata de estabilizar as contas públicas, ao mesmo tempo em que se promove o crescimento e se reduz a desigualdade. No médio prazo, torce por reformas estruturais mais fortes, como a melhoria do acesso à educação, a redução dos elementos de rigidez no mercado de trabalho, o aumento da taxa de participação na força de trabalho, a redução das barreiras à concorrência, o apoio a startups e o avanço da digitalização. Não menos importante, deseja a aceleração da transição verde e uma maior cooperação multilateral.

Se ao menos alguma divindade pudesse forçar a humanidade a ser assim sensata. Na prática, como sempre, isso caberá a nós.

 

Estabilidade de servidores no Brasil chega a 65% do total; na Suécia, a 1% - Ricardo Bergamini, FSP

 Qual a justificativa para a atendente do meu posto de saúde ter estabilidade de emprego? (Ricardo Bergamini)

 

Preados Senhores

 

No serviço público existe o crescimento vegetativo dos gastos com pessoal, assim sendo mesmo sem qualquer interferência do governante de plantão, os gastos com pessoal crescem com benefícios imorais existentes (promoções automáticas, quinquênios, licença prêmio, dentre centenas de outras aberrações ainda existentes no Brasil). Além do efeito cascata, qual seja: os aumentos no nível federal são automaticamente concedidos nos níveis estaduais e municipais.

 

Em 2002, os gastos com pessoal consolidado (união, estados e municípios) foi de R$ 198,7 bilhões (13,35% do PIB), representando 41,64% da carga tributária. Em 2023 migrou para R$ 1.576,4 bilhões (14,52% do PIB), representado 43,27% da carga tributária. Crescimento real em relação ao PIB de 8,76% e de 3,91%, em relação à carga tributária.

Um grupo de trabalhadores de primeira classe (servidores públicos) composto por 13,5 milhões de brasileiros (ativos, inativos, civis e militares) que representam apenas 6,65% da população brasileira, sendo 2,2 milhões federais, 4,9 milhões estaduais e 6,4 milhões de municipais custaram R$ 1.576,4 bilhões em 2023, correspondentes a 14,52% do PIB. Esse percentual representou 43,27% da carga tributária. 

 

Na história do Brasil a nação sempre foi refém dos seus servidores públicos (trabalhadores de primeira classe), com os seus direitos adquiridos intocáveis, estabilidade de emprego, longas greves remuneradas, acionamento judicial sem perda de emprego, regime próprio de aposentadoria (não usam o INSS), planos de saúde (não usam o SUS), dentre muitos outros privilégios impensáveis para os trabalhadores de segunda classe (empresas privadas). Com certeza nenhum desses trabalhadores de primeira classe concedem aos seus empregados os mesmos direitos imorais. 

Folha de S.Paulo

Estabilidade de servidores no Brasil chega a 65% do total; na Suécia, a 1%

 

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Com menos funcionários públicos em relação à sua população e às pessoas ocupadas que muitos países, o Brasil é um dos que mais gastam com servidores como proporção do PIB. É também o que mais concede plena estabilidade a funcionários do Estado, sem que sejam submetidos a avaliações de desempenho.

Cerca de 70% dos servidores do governo federal são chamados estatutários, regidos pelo Estatuto do Servidor Público Federal (lei 8.112/90), após aprovação em concurso. Estados e municípios seguiram a mesma lógica nas contratações, levando a que 65% dos 12,1 milhões de funcionários públicos tenham estabilidade.

 

Matéria completa clique abaixo:

 

https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/estabilidade-de-servidores-no-brasil-chega-a-65-do-total-na-su%C3%A9cia-a-1/ar-AA1tOnJ1

O BRASIL E A NOVA ROTA DA SEDA (I) - Fausto Godoy (Facebook)

 O BRASIL E A NOVA ROTA DA SEDA (I)

Fausto Godoy (Facebook, 11/11/2024)

Polemizando...
O Estadão publicou recentemente na sua parte editorial um artigo que replica matéria do “The Economist” sobre a participação do Brasil no projeto da “Belt and Road Initiative”/BRI’ - a Nova Rota da Seda- promovida pelo governo da China. Segundo a matéria “uma eventual adesão pode até parecer bom negócio, mas é preciso ponderar se isso é realmente necessário, e se o custo geopolítico de um alinhamento desse tipo com a China não será alto demais.”
A questão é não somente oportuna, mas fundamental para balizarmos os grandes vetores da inserção do Brasil no processo de globalização (?) que se está conformando neste século. Para tanto, é importante revisitarmos a História para chegarmos a uma (qualquer) conclusão sobre qual destino a “Belt and Road Initiative” nos propiciaria...
Para tanto recorramos à História. A este respeito, sabemos que alimentada pelo comércio com o Ocidente através da Rota da Seda, a China imperial foi a principal economia do planeta até meados do século XIX. Sôfrega por produtos – seda, especiarias, porcelanas, etc. - que de lá chegavam para referendar a opulência das suas elites, a Europa, com a Inglaterra à frente, não conseguia contrabalançar com a prata que partia das Américas a balança de comércio que lhe era profundamente deficitária. Diante disto, os ingleses decidiram promover o contrabando espúrio do ópio, transformando a China num “país de drogados”. Confrontada com a resistência das autoridades do império chinês, a Corte de Saint James promoveu as duas chamadas “Guerras do Ópio” (1839-1842 e 1856-1860), que inauguraram um período extremamente conturbado que os chineses chamam até hoje de “o século das humilhações”, uma das causas motrizes da emergência do ideário comunista e de todas as convulsões políticas que o país viveu ao longo do século passado, até que, à morte de Mao Zedong, em 1976, Deng Xiaoping abriu o país para o exterior com a criação das Zonas Econômicas Especiais (ZPE´s), rompendo o isolamento multissecular da China.
A partir de então as autoridades chinesas, com o Partido Comunista à frente, passaram a focar o desenvolvimento econômico como prioridade, sobretudo após a morte de Mao. Mantiveram, porém, os jargões comunistas – e a foto de Mao no muro da Cidade Proibida – como garantes de que o processo não se “descarrilaria”. Isto porque as raízes ancestrais confucionistas da sociedade chinesa “exigem” que o governante observe o “Mandato do Céu”, ou seja, que atenda aos interesses da população, legitimando-o no poder.
Com a aceleração do processo de desconstrução do radicalismo maoísta (ainda que mantendo seus referenciais teóricos...), fruto da abertura e da crescente integração do país ao exterior e às cadeias mundiais de comércio, a partir do final dos anos setenta - em 2020, a China foi o maior exportador do planeta (US $ 2,49 trilhões, ou 13,3% do total mundial) e o segundo maior importador, em 2019 ( US$ 2,06 trilhões), ela decidiu se reinventar. Dois vetores, principalmente, estruturaram os seus projetos de desenvolvimento e o seu espraiamento impressionante pelo mundo afora neste último quartel de século, inclusive na América Latina: 1) a “Nova Rota da Seda” (BRI), e 2) o “Plano China 2025”, através dos quais o Governo Central tem-se empenhado em “aggiornar” o país. No “XIV Plano Quinquenal da China”, de 2015, ela estabeleceu um conjunto de metas destinadas a fortalecer a economia através do plano “Made in China 2025”, que priorizou dez setores de tecnologia de ponta que atualizarão, consolidarão e alavancarão a sua indústria, transformando a República Popular numa potência tecnológica - acreditam os chineses - capaz de influenciar padrões, cadeias de suprimento e de valor globais: a tecnologia 5G e os automóveis elétricos BYD são apenas alguns exemplos deste novo “status quo”.
A segunda meta foi reconstruir o antiga Rota da Seda, que fez a sua fortuna através dos séculos, interligando três continentes: a Ásia, a Europa e a África. Porém desta feita não mais no lombo dos camelos, senão através de uma rede de sistemas tanto tecnológicos quanto empresariais e financeiros, lançando mão dos bilhões de dólares das reservas que ela acumulou nesse processo.
Aí chegamos à América Latina...Segundo a matéria, “um dos projetos principais recentes é um grande porto em Chancay, no Peru, no qual a Cosco, maior empresa de transporte marítimo chinesa, vai investir em parceria com uma empresa peruana cerca de US$ 1,3 bilhão, para o desenvolvimento da infraestrutura portuária. Por ali, devem ser escoados rumo à Ásia desde materiais para a transição energética, como o lítio, a alimentos e produtos industrializados. O objetivo é óbvio: encurtar em um terço o tempo médio que os produtos da região levam para chegar ao Oriente”.
A matéria anota ainda que um dos objetivos paralelos é manter a região, sobretudo a América do Sul, como um dos vetores para o incremento do seu comércio mundial, que cresceu, na região, de US$ 18 bilhões, em 2002, para US$ 450 bilhões, em 2022! Desta forma, a RPC já superou os EUA como o principal parceiro comercial de Brasil, Chile, Peru, entre outros países. Só no Peru os chineses investiram cerca de US$ 24 bilhões nos setores de mineração, energia e transportes. Entretanto, no caso da América Central e do México, a sua presença sofre a concorrência da política do “nearshoring” americano.
E chegamos ao Brasil...e à pergunta que não quer se calar: nos interessa integrar a BRI – e para tanto algumas empresas chinesas instaladas no nosso solo estão concentrando seus investimentos em portos e rodovias – e aderirmos a este processo, com seus bônus e os seus ônus? Constituiria isto, em definitivo, uma real “ameaça”, como acredita parte da nossa população, à nossa soberania, tanto política quanto territorial?...
Um destes paradigmas estratificados são os fatores ideológicos envolvidos no processo de “aliciamento" pelos comunistas. Neste ponto, lanço mão da minha experiência de campo na China e nos vários países asiáticos nos quais servi ao longo dos meus dezesseis anos na Ásia: não notei neste tempo todo de convívio, nem na China e nem com os temas chineses, qualquer empenho de Pequim em “converter” outros governos ao seu credo. A ela interessam as questões econômicas. Vejo, na contracorrente, temor de alguns de nós, brasileiros, de sermos abduzidos pelo “comunismo”... embora seja cada vez mais difícil para mim entender o que seja “comunismo” no país que abriga o maior número de bilionários do planeta...
Distopia ideológica?...Ameaça real?...Quais seriam as vantagens e as desvantagens de uma ameaça de “contaminação” por valores que, no fundo...no fundo.., são estranhos à nossa cultura? Recorro sempre à nossa história recente, quando em pleno governo Geisel, o Brasil militar transferiu o reconhecimento do país “China”, de Taiwan para o Continente, e foi o primeiro país a reconhecer o governo de esquerda de Agostinho Neto em Angola...Nossos interesses, comerciais, sobretudo, nos mostraram esse caminho. O título que se deu a essa política foi “pragmatismo responsável”, cunhada pelo maior Chanceler brasileiro no século passado: Antonio Azeredo da Silveira! Ou... mimetizando Deng Xiaoping... sim, ele mesmo, chinês: “não importa se o gato é preto ou branco desde que cace ratos...” coincidíamos, então... Corolário: são os nossos interesses nacionais que devem balizar o nosso relacionamento com outras nações., ”as simple as that...it´s the economy, stupid”... Mantemos a nossa integridade política e civlizacional e nos lançamos na aventura universal...
To be continued...

Tocqueville's Economic Mind - Samuel Gregg (Law and Liberty)

Tocqueville foi um dos primeiros americanistas, apenas que precedido por Hipólito José da Costa, que antes dele, nos anos 1898-99, disse mais ou menos as mesmas coisas sobre os americanos.

 

Tocqueville's Economic Mind

Samuel Gregg

Law and Liberty

November 11. 2024

https://lawliberty.org/tocquevilles-economic-mind/?mc_cid=29cdb97bbf&mc_eid=2256f9e707

 

For the Frenchman, mores were critical to explaining why ostensibly similar countries took economic paths that often varied widely.

 

When Alexis de Tocqueville visited America between May 9, 1831, and February 20, 1832, he encountered a world that he believed might prefigure the political future for modern societies. He also found himself in the midst of an economy that had begun its rise to become the world’s biggest and most dynamic.

Today, Tocqueville is celebrated as a political thinker whose insights in Democracy in AmericaThe Old Regime and the Revolution, and lesser-known texts like his 1848 critique of socialism resonate over 150 years after his death. But with some notable exceptions, less attention has been given to how Tocqueville approached economic subjects.

Economic topics were on Tocqueville’s mind from the moment he stepped ashore in America. For one thing, he immediately noticed how frantically Americans pursued wealth. In a May 28 letter to his brother Edouard, Tocqueville wrote, “The profound passion, the only one which profoundly stirs the human heart, the passion of all the days, is the acquisition of riches.” Americans, he added, were “a race of merchants.”

Tocqueville was initially repelled by what struck him as base materialism, but wider mixing with Americans quickly brought home to him that plenty of them had non-economic interests. However, Tocqueville was also driven beyond superficial impressions by his determination to study the facts closely to discover what was really going on beneath the surface of a society in which economic dynamism played such an oversized part. This would lead Tocqueville to arrive at intuitions about economic life as relevant today as in his own time.

Student of Say and Guizot

Although Tocqueville once expressed a desire in an 1834 letter to his cousin Louis de Kergorlay to author a book about political economy, Tocqueville never penned such a text. He was, however, extremely well-versed in economic thought. Tocqueville knew two of the most influential economic thinkers of his time—John Stuart Mill and Nassau William Senior—and regularly corresponded with them. But the economist who exerted the most influence on Tocqueville’s thought was his fellow Frenchman, Jean-Baptiste Say.

Tocqueville read Say’s Cours complet d’économie politique pratique twice—the second time while enroute to America. Besides exposing Tocqueville to key ideas expressed in Adam Smith’s Wealth of Nations, Say stressed a point that Tocqueville never forgot: that while the economy can be studied on its own terms, one should never forget that it is embedded in society.

This resonated with something that Tocqueville had absorbed from attending two years of lectures delivered by the historian François Guizot in Paris in the late 1820s. In these discourses, the future conservative liberal French prime minister underlined the importance of seeing all social phenomena as a connected whole. Herein we find the genesis of Tocqueville’s distinct approach to economic matters.

Certainly, Tocqueville believed that there are economic truths that we defy at our peril. In his 1852 address to the Academy of Moral and Political Sciences, Tocqueville bluntly stated, “The government can no more make salaries go up when the demand for work is down, than one can prevent water from leaning to the side of glass in the direction it is tilted.” Tocqueville was also attentive to economics’ empirical side. Although the use of economic statistics was in its infancy, Tocqueville regularly drew upon them to provide a quantitative dimension to his writings.

Rather, however, than studying economic phenomena separately from everything else—a path that Mill and Senior urged Tocqueville to embrace—Tocqueville sought to identify the most salient empirical facts and connect them to other trends manifesting themselves in society. For Tocqueville, that meant trying to understand how the “institutions” (laws and constitutions) and, above all, the “moeurs” (mores, or habits of mind and heart)—of a given society impacted its economic character and prospects.

A Democratic Economy

Tocqueville’s analysis of entrepreneurship exemplifies his mode of economic inquiry. Upon arriving in America, Tocqueville instantly observed something distinctive about American economic life. “Almost all [Americans],” Tocqueville wrote in his notes, are “entrepreneurs.” Not only did Americans seem to work incessantly, they were constantly innovating, changing jobs, and moving to various parts of the country. As amazed as Tocqueville was by the huge size of some American enterprises, he was even more astonished by “the countless number of small firms” that seemed to spring up everywhere.

But whereas Adam Smith had emphasized how the multiplication of wants in commercial society accelerated the division of labor and magnified economic productivity, Tocqueville also attributed the sheer scale of entrepreneurship in America to something else: the fact that America was a thoroughly democratic society.

In his 1964 essay “Alexis de Tocqueville et Karl Marx,” the liberal philosopher Raymond Aron points out that democracy for Tocqueville is less about political structures than what Aron calls a “social state.” The social state of the Americans was one that stressed liberty and a movement towards equality over and against the caste-like character of aristocratic orders and the fixed social and economic positions they entail.

According to Tocqueville, this democratic outlook weakened the power of pre-existing hierarchies, advanced equality before the law, and facilitated free-flowing relationships mediated through contracts. The result was new possibilities for people to become socially and economically mobile. Democratic conditions thus strengthened individuals’ confidence that they could change their lives from the bottom up. Such was democracy’s effects on Americans’ self-understanding and their perceptions of the opportunities available to them.

This focus on the role of what Tocqueville called “purely moral and intellectual qualities” in human affairs is crucial to understanding his approach to economic questions. In Democracy in America, for instance, Tocqueville showed that the reasons why Americans were far more successful at overseas trade than French merchants could not be attributed to significant differences in the economic costs of such trade. The average costs for Americans and Frenchmen, Tocqueville calculated, were essentially the same.

Like contemporary institutional economists, Tocqueville appreciated the importance of legal and constitutional arrangements for economic activity.

The decisive difference, he maintained, was that Americans were far more willing to venture across the world’s oceans than most of his compatriots. As a rule, Frenchmen were more cautious than Americans, less inclined to take the initiative, and more disposed to follow direction from above. By contrast, in the face of dangers like storms and pirates, American merchants threw caution to the wind. “There is something heroic,” Tocqueville wrote with awe, “about the way Americans do business.” The same courage and propensity to risk-taking, he indicated, did not characterize France’s commercial class.

Economic Habits

One conviction that Tocqueville took away from these inquiries was that mores are critical to explaining why ostensibly similar countries took economic paths that often varied widely. Here it is important to understand precisely what Tocqueville meant by mores.

On one level, mores for Tocqueville concerned “habits of mind.” These are the ideas and opinions generally held by people in a given society. Examples might be favorable views of commerce, or a universally held opinion that governments must pursue the equalization of economic outcomes. The other sense in which Tocqueville understood mores is as “habits of the heart.” By this, Tocqueville had in mind people’s moral beliefs and values: that, for instance, freedom is good, or that economic equality is the essence of justice.

There can be considerable overlap between habits of the mind and the heart. The belief that liberty from arbitrary government is good in itself and more important than greater economic equality is likely to incline people to view free enterprise favorably and highly interventionist governments with skepticism. The particular question that interested Tocqueville, however, was the relationship between these habits and a society’s institutions.

Like contemporary institutional economists, Tocqueville appreciated the importance of legal and constitutional arrangements for economic activity. One of his criticisms of attempts in 1848 to guarantee a right to employment in France’s constitution was that such a measure could not help but lead to the government assuming total mastery of economic life. That said, Tocqueville had little doubt that everything, including how institutions functioned, ultimately depended on mores. “It is a truth central to all my thinking,” he wrote in the first volume of Democracy in America, “and in the end all my ideas come back to it.”

Mores First, Then Institutions

If Tocqueville is right, the implications for economic life are profound. A government may, for example, reduce regulation, strengthen property rights, lower tariffs, and bolster constitutional protections for economic liberty. These policies will certainly shift economic incentives and accelerate economic growth. But what happens if most people in that society continue to believe that equal outcomes are more important than economic liberty, or view a state-dominated healthcare system as integral to the country’s very identity?

Tocqueville would answer that, absent a widespread and lasting change in mores, it will be a struggle to maintain such economic and legal reforms in place over the long term. Similar conclusions about the relative import of institutions and mores for economic life can be found in the work of some modern economists.

A prominent example is the 1993 Nobel economist, Douglass C. North. In his 1993 Nobel Prize lecture, North stated:

Institutions are the humanly devised constraints that structure human interaction. They are made up of formal constraints (rules, laws, constitutions), informal constraints (norms of behavior, conventions, and self-imposed codes of conduct), and their enforcement characteristics. Together they define the incentive structure of societies and specifically economies.

Here, North’s “formal constraints” approximate to Tocqueville’s conception of “institutions” while North’s “informal constraints” are analogous to Tocqueville’s understanding of “mores.”

As for which is more important for economic reform, North contended that “both institutions and belief systems must change for successful reform since it is the mental models of the actors that will shape choices.” He warned, however, that “developing norms of behavior that will support and legitimize new rules is a lengthy process and in the absence of such reinforcing mechanisms polities will tend to be unstable.”

Indeed, North’s belief in the power of what Tocqueville calls mores was such that he maintained that “informal constraints (norms, conventions and codes of conduct) favorable to growth can sometimes produce economic growth even with unstable or adverse political rules.” Tocqueville makes a similar point in his Old Regime when explaining England’s spectacular economic growth in the nineteenth century:

Nothing is more superficial than to attribute the greatness and power of a people to the mechanisms of its laws alone; for, in this matter, it is less the perfection of the instrument than the strength of the mores that determines the result. Look at England: how many of its laws today seem more complicated, more diverse, more irregular than ours! But is there, however, a single country in Europe where the public wealth is greater, individual property more extensive, more secure, more varied, the society richer or more solid? This does not come from the bounty of particular laws, but from the spirit that animates English legislation as a whole.

Identifying causality in economic affairs is never simple. Tocqueville was careful not to exaggerate what his understanding of the relationship between mores and institutions indicated about economic phenomena. Tocqueville’s method of economic reflection nevertheless reminds us of the knowledge to be gained from bringing economics together with sustained attention to norms and culture: not least because, as North once observed, so many of the interesting issues exist on the borders between them. Tocqueville, I suspect, could not have agreed more.

 

Samuel Gregg is the Friedrich Hayek Chair in Economics and Economic History at the American Institute for Economic Research, and Contributing Editor at Law & Liberty. The author of 17 books—including The Commercial Society (Rowman &Littlefield), Wilhelm Röpke’s Political Economy (Edward Elgar), Becoming Europe (Encounter), Reason, Faith, and the Struggle for Western Civilization (Regnery), and most recently, The Next American Economy: Nation, State, and Markets in an Uncertain World (Encounter), as well as over 700 essays, articles, reviews, and opinion-pieces—he writes regularly on political economy, finance, classical liberalism, American conservatism, Western civilization, and natural law theory. Two of his books have been listed for Conservative Book of the Year and one was short-listed for the 2023 Hayek Prize. He is also an Affiliate Scholar at the Acton Institute. In 2024, he was awarded the prestigious Bradley Prize by The Lynde and Harry Bradley Foundation. This Prize honors scholars and practitioners whose accomplishments reflect the Bradley Foundation’s mission to restore, strengthen, and protect the principles and institutions of American exceptionalism. He can be followed on Twitter: @drsamuelgregg.

 



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