domingo, 12 de janeiro de 2025

Três grandes desafios dos novos diplomatas brasileiros - Aula Magna Paulo Roberto de Almeida (2024)

        No final de 2024, fui convidado para dar o que foi exageradamente chamado de "aula magna", destinada aos novos diplomatas aprovados no concurso do Itamaraty, para dar início a seus estudos no Instituto Rio Branco neste ano de 2025.

        Sem muito tempo para preparar uma verdadeira "aula magna", aproveitei um trabalho antigo, sobre dez novas regras de diplomacia, remetendo a um opúsculo do século XIX, de um diplomata português servindo à monarquia (ainda), e resumi o conjunto a três simples regras, a que dei o nome de "desafios", como registrei.

 4815. “Três grandes desafios dos novos diplomatas brasileiros”, Brasília, 20 dezembro 2024, 3 p. Notas para Aula Magna em curso preparatório a concurso para a carreira diplomática. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/12/tres-grandes-desafios-dos-novos.html). 

        Os interessados podem ler o texto inteiro no link acima, que remete aos links do original mais completo.

        Posto abaixo a apresentação-resumo: 





Crítica "afrobrasileira" à "Lei de Cotas" no Itamaraty - Frei David Santos (ICL)

Sociedade

Revogada a Lei de Cotas no Itamaraty?

Perfil que o Instituto Rio Branco deseja não comporta, nem na teoria nem na prática, o verdadeiro negro brasileiro 

Por Frei David Santos*

ICL Notícias, 28/12/2024

https://iclnoticias.com.br/revogada-a-lei-de-cotas-no-itamaraty/

 

O Instituto Rio Branco (IRBr), criado em 1946, é o principal projeto das elites, até os dias atuais. Neste projeto, nunca teve espaço para o povo afro-brasileiro.

Em 1959, jornais cariocas se solidarizaram com o professor da Universidade do Brasil (hoje, UFRJ), José Pompilio da Hora, outro homem brilhante, mas negro, preto retinto, que “foi barrado [pelo Instituto Rio Branco], sem que lhe dessem a menor satisfação ou explicação”. Em plena campanha presidencial, o Marechal Lott denunciou, publicamente, ao presidente Juscelino, o preconceito racial no Itamaraty.

Em seguida à repercussão da denúncia na opinião pública, em 1961, a política, não a burocracia, cedeu brevemente, quando o presidente Jânio Quadros nomeou Souza Dantas como primeiro embaixador negro do Brasil e o enviou para Gana (e, não, para um país europeu).

A pedra inaugural da posição do negro no Itamaraty foi então assentada: haveria, ainda que a contragosto da burocracia diplomática, negros na casa do Barão, porém distinguindo um negro desejável e um negro indesejável.

O ministério que apresenta a imagem do Brasil no exterior não quis e, ainda hoje, não quer que essa imagem reflita alhures a inegável africanidade do país para além do discurso.

O negro, se útil, seria em Gana, não na Suécia; se desejável, seria um pardo claro, não um retinto, independentemente de suas qualificações (foi a absurda negação da entrada no Itamaraty do ex Ministro Joaquim Barbosa – por três vezes) ou alguém é suficientemente superficial para dizer que o diplomata brasileiro é superior, em qualificação, a um ministro do STF – cargo atingido pelo Ministro Joaquim?

Por volta do ano 1970, um jovem afro-brasileiro, que sonhava lutar pela paz no mundo, hoje na atuação contra os equívocos do Itamaraty foi humilhado, ainda quando o Instituto Rio Branco funcionava no Rio de Janeiro: foi pedir orientação para ingressar na carreira de diplomata e a pessoa que o atendeu, o fez entender que estava num lugar errado. Buscou outro caminho (franciscanos) para lutar pela paz que vem pela conquista dos direitos iguais de todos/as – negros e brancos.

É verdade que, 40 anos mais tarde, em 2002, o Itamaraty foi pioneiro na implementação de uma política de ações afirmativas, provendo bolsas de estudos para financiar a caríssima preparação (que envolve provas de 4 idiomas e outras 7 disciplinas) a candidatos, sic, “afrodescendentes”, quase uma década antes da aprovação da Lei de Cotas de 2014.

É também verdade, porém, que, com esse pioneirismo, o Itamaraty pôde especificar – e garantir, antes de ser obrigado ao contrário – muito bem qual “tipo” de negro que, qualquer que fosse a lei decidida pelo legislador, o ministério aceitaria em seus quadros: o poliglota, o educado em cultura europeia, o representante da miscigenação e do mito da democracia racial, enfim, aquele que tivesse todas as características, exceto as físicas de um afro-brasileiro, para representar a diplomacia brasileira.

Nesse sentido, é muito conveniente ao Instituto e ao Ministério a autodeclaração do candidato. Visto que o objetivo da diplomacia não é e nunca foi incluir em seus quadros a diversidade racial afro-brasileira. Premia-se prioritariamente candidatos pardos claros, que nunca receberam um “enquadro” da polícia.

Nada muito diferente das respostas que a Educafro recebe, até hoje, em 2024.

Ora, o que ninguém parece querer questionar é o processo em si, ele próprio excludente. As cotas raciais poderiam ser de 50% e ainda assim não se teria um resultado favorável aos candidatos negros quando, até 2023, se exigia fluência em “inglês, espanhol e francês”. A reserva de vagas poderia ser de 80% e ainda assim não se ocupariam todas as vagas quando há provas ao longo de 4 dias e 9 ou 10 horas por dia, inclusive em dias úteis. A política de ação afirmativa poderia prever 100% das vagas e ainda assim não seria efetiva para os negros se o ministério repetisse, como fizeram em 2024, a convocação para a entrevista, presencial em Brasília, com apenas 15 horas de antecedência, impondo custos altíssimos de passagens de última hora aos convocados.

Mas o pior de tudo é a farsa de permitir a inscrição como negro, só com a autodeclaração dos candidados e só colocar a banca de heteroVerificacao no fim do processo. Escancara a porteira para a entrada de brancos desonestos que, com algumas seções de bronzeamento, enganam as bancas de heteroVerificacao.

Agora em 2024, foram aprovados, dentro das cotas, nada menos do que 4 apontados pela Educafro como potenciais fraudadores das cotas raciais, denunciados por não apresentarem, conforme comando legislativo, “traços fenotípicos negros”. E o mais grave: nos concursos anteriores se candidataram como brancos. Lembram do caso do ACM Neto, que pegou bronzeamento para roubar as verbas eleitorais do povo afro-brasileiro?

O perfil idealizado que o Instituto Rio Branco deseja não comporta, nem na teoria nem na prática, o verdadeiro negro brasileiro. E por verdadeiro negro não estamos falando apenas em pretos retintos como Barbosa e Pompilio da Hora, mas os negros com verdadeiros traços negros, e não só uma pele bronzeada e cabelos naturalmente lisos.

E isso porque inclusive os que chegam perto de alcançar os hercúleos padrões de admissão do concurso para diplomata são violentados pelas notas boas dos pardos claros que sempre pagaram cursinhos caros para atingirem excelentes notas e derrubar os afro-brasileiros.

Todos os candidatos que denunciamos, além de não terem fenótipo negro, nunca antes haviam concorrido pelas cotas raciais no concurso do Itamaraty. Sem falar que nunca moveram uma palhaçada na defesa do povo afro-brasileiro que é exterminado pela polícia.

Tentaram por anos, alguns por cinco anos consecutivos, a aprovação na ampla concorrência, e só agora, em 2024, mudaram de categoria e, motivados por seus cursinhos caros (que revelam a fragilidade do processo do Itamaraty), mudaram e concorreram nas cotas de negros.

Isso ocorre anualmente: candidatos não-negros da ampla concorrência cansam de não atingirem os elevadíssimos padrões de seleção e decidem usar as cotas de forma deturpada, não para corrigir desigualdades estruturais históricas, mas para limitar seu uso por seus verdadeiros destinatários, anulando seu objetivo de trazer mais diversidade racial às instituições públicas e de superar o preconceito racial de marca no Brasil.

Infelizmente, essa prática é incentivada pelo próprio Instituto, que não pune e, ao contrário, aprova ano após ano mais e mais candidatos que, “de repente”, descobrem-se negros e mudam de categoria. Isso deveria ser surpreendente, mas não é, visto que, na prática, a diversidade é uma meta secundária no ministério, instituição que prima por um negro desejável, muito bem representado por esses candidatos não-negros com plena passabilidade branca e que dificilmente sofreram qualquer restrição de acesso profissional ou atos racistas ao longo de toda uma vida.

Há relatos gravíssimos, plenamente e propositalmente ignorados pela Diretoria do IRBr, de que parte desses candidatos, todos aprovados, cometeu verdadeira fraude: alguns, sem qualquer traço negroide natural, apareceram bronzeadíssimos na entrevista, como se retornassem de férias no Nordeste; outros não economizaram em pomada de cabelo e baby-liss para criar cachos temporários e tentar um traço negro; há quem tenha ido de boné ou outros apetrechos para mascarar dos colegas cotistas sua não-negritude; há quem tenha sobrenomes (e traços!!) europeus mas tenha apresentado um suposto “laudo antropólogo” comprado na Internet por R$ 1.800,00 ou “exame dermatológico” que sequer fazem sentido nem como conceito nem como fator de identificação racial.

Ora, nunca vi um segurança racista de loja pedir qualquer laudo ou exame antes de me seguir pelos corredores.

De novo, não se trata de limitar a política de cotas raciais aos retintos, ainda que o Itamaraty tenha uma grande, enorme dívida em relação a eles. Trata-se, em verdade, de aplicá-la corretamente aos negros, sejam eles negros-pretos sejam eles negros-pardos. Jamais pardos-brancos, como alerta o voto do Ministro Lewandowisky, na ADPF 186.

E o Itamaraty não o faz porque não quer. Nisso, a diplomacia brasileira é sutil ao impor seu desejo e obsessão pelo pardo claro: o Instituto realiza entrevista presencial, (com data nao definida nos editais) e convocada menos de 24 horas antes. Mais de 90% dos verdadeiramente destinatarios das ações afirmativas não tem dinheiro para ascabsurdas passagens de avião e hotel.

Há apenas uma aparência de formalidade e de seriedade. Temos que combater esse absurdo!

A situação é ainda pior na comissão recursal, composta por três membros e que, para indeferir os recursos daqueles milagrosamente eliminados na primeira entrevista, só pode indeferir um recurso se houver unanimidade. Deste modo, com apenas um voto coringa de alguém despreparado tematicamente, a despeito de eventual oposição dos outros dois membros, defere-se automaticamente a apelação do candidato antes eliminado no resultado preliminar.

É assim que o Itamaraty consegue manter em seus quadros apenas o que entendem por desejáveis.

A Educafro continuará denunciando e acompanhando a aplicação da Lei por este ministério que aparentemente se vê e se posiciona acima dela. Não retrocederemos.

No curto prazo, não aceitamos menos do que a abertura de processos administrativos individuais para apurar cada um daqueles que acusamos como possíveis fraudadores nos concursos com resultado em 2024 (concurso 2023 e concurso 2024), listas já há muito tempo em mãos da Diretora do IRBr.

Especial atenção deve ser dada àqueles que foram negados por outras comissões, mais sérias, de outros concursos e àqueles que apenas agora, após anos na categoria de ampla concorrência, migraram (e ocuparam!) vagas de negros.

A exemplo da Ação Civil Pública n.º 1.16.000.002612/2017-78, de 2017, solicitada pela EDUCAFRO Brasil ao MPF pelas mesmas razões e problemas que, agora, 7 anos mais tarde, se repete.

Continuaremos denunciando e, se necessário, judicializando a antipolítica de ação afirmativa do Itamaraty.

No médio prazo, não aceitaremos menos do que um concurso exclusivo para negros, com vistas à reposição de todas as vagas que nos foram tolhidas ao longo dos últimos 10 anos pela má aplicação das cotas raciais. A AGU já autorizou uma universidade a adotar esse método.

O presidente Lula, em sintonia com o gesto da RAMPA da posse, em ato político, muito demonstraria seu compromisso com nosso povo se desse o primeiro passo nessa direção, contornando a burocracia diplomática desinteressada no povo negro, a exemplo de Lott, de Kubitschek e de Quadros.

Além de interromper as injustiças no concurso atual, é urgente que a Presidência encomende auditoria externa no MRE, com participação da sociedade civil, para apuração individual de todas as nomeações e promoções de candidatos como negros desde o advento da lei de cotas. Queremos, no concurso de 2025 a devolução, em concurso somente para negros/as, das vagas injustamente ocupadas.

No longo prazo, não aceitaremos menos do que um lugar permanente para o povo negro na diplomacia brasileira, povo este que deve ser desejável simplesmente por compor a população brasileira, e não por travestir-se de branco.

Perdoem-me a provocação no  título deste artigo. Não foi revogada a lei de cotas no Itamaraty; lá, na verdade, ela nunca teve plena vigência.

 

*OFM Diretor Executivo da EDUCAFRO Brasil


sábado, 11 de janeiro de 2025

EUA podem conseguir reverter a calamidade dos carros elétricos. Mas e o resto do mundo? - Wall Street Journal

EUA podem conseguir reverter a calamidade dos carros elétricos. Mas e o resto do mundo?

Culpe as “estruturas de permissão” da era Obama por trás de uma falsa solução climática

The Wall Street Journal, 9 de janeiro de 2025


Os anos continuam ficando mais quentes. Digo isso de forma jocosa porque, inicialmente, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA, na sigla em inglês) nos informou que 2016 foi 0,94 grau mais quente do que a média do século XX. Em seguida, a agência aumentou sua estimativa em várias etapas para 1 grau em 2020, antes de reduzi-la novamente para 0,99, talvez sob a influência de Trump. Com os democratas de volta ao comando do presidente Biden, 2016 começou a ficar mais quente novamente, chegando a 1,03 grau em 2023. O gráfico mais recente da NOAA mostra 1,04 grau mais quente do que a linha de base.

 

Considere isso uma pequena evidência do que David Samuels, em um artigo amplamente conhecido, chama de legado das “estruturas de permissão” da era Obama. Por estruturas de permissão, ele se refere a uma estratégia de pressão e intimidação sutil de “toda a sociedade” para forçar a adesão às metas de Obama. Cheguei a uma fórmula semelhante em 2012, quando expliquei que Obama impôs sua vontade dando aos eleitores “permissão para se considerarem muito bons por se considerarem bons para ele”.

 

Um resíduo, do qual a NOAA obviamente participou, foi a estrutura de permissão por trás do atual “elefante branco” criado pelo investimento obrigatório da era Obama em veículos elétricos.

 

Uma característica que o Samuels enfatiza é a capacidade de Obama de substituir ideias novas e instantaneamente aceitas por ideias antigas e instantaneamente aceitas. Em seus dois primeiros anos, Joe Biden justificou o aumento gigantesco em subsídios e exigências para veículos elétricos citando o “risco existencial” da mudança climática global. Depois, esse argumento foi descartado da noite para o dia. Os veículos elétricos se tornaram uma tecnologia “estratégica” que deve ser protegida da concorrência chinesa.

 

Ambos os argumentos não faziam sentido, mas foram repetidos sem problemas na mídia. Subsidiar o consumo de energia verde é simplesmente subsidiar o consumo de energia, inclusive a energia fóssil. Os carros elétricos são “estratégicos” apenas para a China, para reduzir sua dependência de petróleo importado em antecipação a um conflito militar com os EUA. Para o resto do mundo, inclusive para os EUA, os carros elétricos são uma tecnologia de consumo, embora promissora e de rápido crescimento. Sensatamente, eles também são uma tecnologia que deveria ter sido deixada para que os consumidores e as montadoras se adaptassem ao seu ritmo sem distorções subsidiadas e exigências legais.

 

O resultado está finalmente à vista: uma autodestruição colossal do setor automotivo ocidental, com a Alemanha no topo da fila. A Volkswagen está em pânico com a concorrência chinesa aos veículos elétricos que só dão prejuízo. Os mesmos carros que Berlim obriga a empresa a produzir. A economia alemã, liderada pelas exportações, está em queda livre. Sua gigante automobilística, a VW, está fechando fábricas e realizando demissões em massa.

 

Da mesma forma, o CEO da Ford, Jim Farley, vê a sobrevivência de sua empresa nos EUA ameaçada pelos veículos elétricos chineses, dadas as dezenas de milhares de dólares que a Ford já perde em cada um de seus veículos elétricos exigidos pelo governo. A autora da bagunça automobilística da Alemanha, Angela Merkel, agora é insultada como uma aproveitadora sem princípios. Não se iluda. O mesmo destino de reputação está chegando para Obama e Biden. O protecionismo aos veículos elétricos de Biden é a admissão da derrota dos Estados Unidos. Os EUA passaram de “Os americanos devem comprar veículos elétricos para salvar o planeta” para “Os americanos devem ser impedidos de comprar veículos elétricos chineses baratos e de alta qualidade para preservar uma farsa doméstica criada pelo governo”.

 

É verdade que uma economia dos EUA que gastou US$ 2 trilhões no Afeganistão e depois deixou outros US$ 7 bilhões em equipamentos militares para trás, provavelmente pode arcar com o resgate em criptomoedas do setor automotivo que está por vir. Não está claro se a Alemanha pode. Ainda assim, essa catástrofe política provavelmente não teria sido possível sem o New York Times, mesmo que sua influência esteja se esvaindo.

 

Em quase todas as edições, seus repórteres dizem que os veículos elétricos são uma solução para o clima, sem nunca se preocupar em entender como chegaram a esse chavão. Os editores do jornal nunca se deparam com as perguntas óbvias: Então, por que as emissões globais estão crescendo mais rápido do que nunca? Quando os EUA gastam o equivalente a US$ 20 ou até mesmo US$ 50 por galão de gasolina economizado para incentivar os americanos a dirigir veículos elétricos, como isso pode ser algo além de um subsídio exorbitante para o resto do mundo consumir a gasolina, agora mais barata, em nosso lugar?

 

De certa forma, o problema está se autocorrigindo à medida que os meios de comunicação tradicionais perdem a credibilidade e veem seu público diminuir. No entanto, jornais como o Times e alguns outros são os principais mantenedores de grandes equipes de reportagem da sociedade. Eles precisam entender que não estão mais no negócio de notícias – as notícias podem ser obtidas gratuitamente em qualquer lugar. Eles não estão mais no negócio de spin tendencioso, também disponível gratuitamente em qualquer lugar.

 

Eles estão no negócio da compreensão, para um público seleto que valoriza a inteligência e está disposto a pagar por ela. Ainda mais se parte de seus leitores realmente se preocupa com as mudanças climáticas. Nesse caso, o trabalho é manter a política governamental em um padrão sério, em vez de torcer servilmente pelos interesses partidários egoístas de seus favoritos políticos.

 

Exemplo: Uma equipe de reportagem séria poderia lançar uma investigação sobre como e por que a NOAA está constantemente ajustando 2016 para torná-lo um ano cada vez mais quente.


Traduzido do inglês por InvestNews

O incrível empreendedorismo da indústria evangélica no Brasil - Paulo Roberto de Almeida

 Não sou contra, nem a favor de qualquer religião. Na verdade, sou um irreligioso completo, que reconhece a religiosidade natural nas civilizações históricas, como fenômeno sociológico, e é assim que eu observo o incrível crescimento da indústria evangélica no Brasil. 

Aparentemente existem "n" mais "igrejas" do que municípios no Brasil, ou melhor, existem milhares, milhões mais igrejas evangélicas no Brasil do que escolas primárias, ou do que agências de correio, dois serviços públicos que não dispõem das vantagens comparativas dessas igrejas.

Deve haver alguma razão secreta para isso, que ainda não descobri, e tampouco descobrirei, pois não pretendo pesquisar sobre as razões dessa "fertilidade" extraordinária (talvez a Receita Federal possa saber, se é verdade que ela autoriza o funcionamento desses empreendimentos, sem cobrar nada como impostos e contribuições, mas deve saber quantos são).

Em todo caso, circulando por acaso nos arrabaldes de Brasília, decidi entrar para ver como era o comércio local, e acabei descobrindo um comércio muito mais pujante, várias "quitandas" religiosas, concorrendo umas com as outras. Por vezes, num espaço de MENOS DE 200 METROS, eu consegui fotografar MAIS DE CINCO empreendimentos religiosos.

Selecionei algumas fotos apenas para confirmar aos meus 18 leitores (apud Alexandre Schwartsman) como a concorrência entre esses empreendimentos é feroz: 

Estas cinco, abaixo, estavam a menos de dez metros uma da outra, numa pequena avenida comercial de Itapoã, DF: 






Estas outras um pouco mais distante, mas ainda assim, na mesma avenida: 



Já no Paranoá, DF, que tem um comércio mais robusto, e portanto ainda mais empreendimentos do gênero, só consegui fotografar algumas poucas, em uma rua muito secundária (mas não para o culto do Senhor): 






Já os diplomatas, gente da minha tribo, podem frequentar esta aqui: 

Finalmente, esta foi a que eu achei a mais sugestiva, obviamente pelo nome, de conotações sonoras, mas não sei se consegue atrair muitos fieis, pois se encontra, não no murundum onde o povo mora, mas numa marginal da estrada que vai do Paranoá a Sobradinho: 

Cabe, em todo caso, saudar a operosidade dos bravos pastores e a generosidade dos fieis, com seus dízimos e doações abundantes, que alimentam uma pletora de empreendimentos religiosos que estou certo que não tem paralelo em nenhum outro lugar do mundo (e isso graças à clarividência da bancada evangélica, que garante condições ótimas para tal proliferação de tantos cultos em competição aberta entre si, assim como à compreensão dos poderes públicos que permitem pleno desfrute, aos pastores-empresários, dos frutos de sua loquacidade bíblica).

Estou seguro que empreender no setor é muito mais lucrativo, e rentável, do que qualquer tráfico de substâncias ilícitas (drogas, armas etc.).

Salve o Senhor!

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 11/01/2025

Venezuela: toma de presidencia por la tercera vez por Maduro - CFRS

Venezuela: toma de presidencia por la tercera vez por Maduro

20250110 **Análisis Nocturno - 10 de enero de 2025**

**1. Contexto Político en Venezuela**

El 10 de enero de 2025, Nicolás Maduro asumió su tercer mandato como presidente de Venezuela en un ambiente de protestas y cuestionamientos sobre la legitimidad de los resultados electorales. En respuesta, el líder opositor Edmundo González Urrutia se autoproclamó presidente electo, instando a las fuerzas armadas a desconocer a Maduro, a quien considera ilegítimo. Esta situación ha intensificado la crisis política en el país, con detenciones y liberaciones de figuras opositoras como María Corina Machado durante las manifestaciones. La comunidad internacional se encuentra dividida entre aquellos que reconocen a Maduro y quienes apoyan la proclamación de González.

**2. Asistencia Internacional en la Toma de Posesión de Maduro**

**Mandatarios presentes:**

- Daniel Ortega (Nicaragua)

- Miguel Díaz-Canel (Cuba)

- Brahim Gali (República Árabe Saharaui Democrática)

- Gaston Browne (Antigua y Barbuda)


**Delegados importantes:**

- Viacheslav Volodin (Presidente de la Duma de Rusia)

- Ibrahim Boughali (Presidente del partido oficialista de Argelia)

**Delegaciones clave:**

- China

- India

**Delegaciones adicionales:**

- Manuel Zelaya (Expresidente de Honduras, no actual mandatario)

(Más abajo aparecen otros representantes latinoamericanos).


**3. Sanciones Internacionales contra Venezuela**

- **Unión Europea:** Impuso sanciones a 15 funcionarios, sin reconocimiento a Maduro ni a Edmundo González.

- **Canadá:** Sanciones a 14 funcionarios y reconocimiento de Edmundo González como presidente electo.

- **Estados Unidos:** No reconoce a Maduro, aumentando la recompensa a 25 millones de dólares por información sobre su captura, además de imponer diversas sanciones.


**4. Posturas de Líderes Latinoamericanos que indica un creciente aislamiento con América Latina,**

- **Gabriel Boric (Chile):** Critica al régimen, sin representación oficial.

- **Gustavo Petro (Colombia):** Expresa preocupación por las detenciones, envía embajador.

- **Luis Ignacio Lula da Silva (Brasil):** Envía solo a su embajadora, mostrando distanciamiento.

- **Claudia Sheinbaum (México):** No interviene en asuntos internos ni reconoce a Maduro, representada por el embajador Leopoldo de Gyvés de la Cruz.


**5. Políticas Tecno/Económicas Internacionales Relacionadas con Venezuela**

Estados Unidos ha elevado la recompensa por la captura de Maduro a 25 millones de dólares y ha impuesto sanciones adicionales. La Unión Europea también ha anunciado nuevas sanciones. En contraste, países como Rusia, China, Cuba e Irán han enviado delegados especiales, reafirmando su alianza con el gobierno de Maduro.


**6. Políticas del Régimen de Maduro en Venezuela**

- **Económicas:** Venezuela enfrenta una crisis económica caracterizada por hiperinflación, escasez de productos básicos y bajos salarios.

- **Sociales:** Persisten problemas en servicios públicos como el suministro de combustible, electricidad y educación.

- **Laborales:** El salario mínimo es insuficiente para cubrir necesidades básicas.


**7. Coyuntura en México Relacionada con Venezuela**

La presidenta Claudia Sheinbaum ha defendido la soberanía de Venezuela, afirmando que en México no se persigue a nadie por sus ideas. Por otro lado, el expresidente Ernesto Zedillo ha criticado las reformas impulsadas por Sheinbaum y Morena, tildándolas de destructivas para la democracia en México. Se han generado debates sobre la Reforma Judicial y el proceso electoral del Poder Judicial. La presidenta se muestra benevolente con el INE, órgano que ha pedido 1000 millones de pesos más.


**8. Causas de la Crisis Actual **

La crisis política y económica en Venezuela es resultado de la polarización, acusaciones de fraude electoral y la falta de consenso sobre la legitimidad del gobierno de Maduro. La inestabilidad política y la mala gestión económica del régimen chavista han exacerbado la crisis social y de derechos humanos.


**9. Soluciones Propuestas**

Se han realizado llamados desde la oposición y la comunidad internacional para que las fuerzas armadas desconozcan a Maduro y reconozcan a Edmundo González como presidente legítimo. Además, se proponen sanciones y presión internacional para aislar al gobierno de Maduro, así como iniciativas de diálogo y negociación entre el gobierno y la oposición para resolver la crisis.


**10. Escenarios Futuros**

1. **Continuidad del régimen de Maduro:** Se profundizará la crisis económica y social, con mayor represión y aislamiento internacional.

2. **Transición negociada:** Diálogo y acuerdos entre el gobierno y la oposición que permitan una solución pacífica a la crisis.

3. **Cambio de régimen insurreccional:** Levantamiento popular o intervención militar que derroque a Maduro y lleve a la oposición al poder.

**Referencias Bibliográficas:**

- Agencias de noticias: Reuters, AFP, DW, Uno TV, Infobae, BBC Mundo.

- Medios de comunicación: El Economista, Milenio, Reforma, La Nacional, Latinus, Animal Político, El Universal, CNN, 0negocios, Proceso, SinEmbargo, El País.

**Autor-Red:** CFRS & AI

**Nota:** Este informe se basa en la información disponible y puede contener omisiones o distorsiones derivadas de las fuentes o su procesamiento digital.

O Ranking dos Políticos está em risco! - Comunicado importante

 

O Ranking dos Políticos está em risco!

Na última segunda-feira, 6 de janeiro, fomos vítimas de um ataque hacker. Os invasores conseguiram acessar nossa conta no Instagram e, por pouco, não perdemos nosso perfil. Agimos rapidamente para remover o acesso criminoso, mas o dano já estava feito.

Os hackers publicaram conteúdo fraudulento em nosso perfil, tentando aplicar golpes na nossa audiência. Apesar de termos excluído a publicação imediatamente, o Instagram identificou a atividade como irregular e aplicou três punições graves à nossa conta:

  • • Nosso conteúdo não será recomendado para quem não nos segue.
  • • Estamos proibidos de fazer lives por um ano.
  • • O plano de assinaturas de conteúdos pagos está suspenso até abril.

Embora entendamos que a Meta precise agir contra atividades fraudulentas, nesse caso, fomos vítimas de uma invasão criminosa.

Para piorar, as opções de suporte do Instagram pouco ou nada ajudam. Não conseguimos um canal em que podemos relatar o ocorrido e mostrar o contexto da publicação que gerou todo o problema, para que a Meta reverta essas restrições.

Por isso, temos 3 pedidos a você que nos segue, confia no nosso trabalho e acredita que pode nos ajudar:

  1. 1. Primeiro, envie este e-mail para a sua base de contatos para que ele chegue a mais pessoas, e quem sabe alguém consiga nos colocar em contato direto com um representante da Meta, e com isso tenhamos chance de esclarecer a situação.
  2. 2. Você tem um contato que trabalha no Instagram, ou que é próximo de alguém que trabalha? Encaminhe este e-mail para essa pessoa, ou nos responda com o contato dela. Toda ajuda é bem-vinda neste momento.
  3. 3. Com o bloqueio da opção de assinar o nosso perfil, parte das nossas receitas também é prejudicada. Como todos sabem, o Ranking dos Políticos se mantém através do apoio financeiro voluntário de quem acredita que este projeto tem o poder de informar melhor os brasileiros, contribuir para que os políticos votem de acordo com a vontade do povo e não em benefício próprio e, com isso, transformar o Congresso Nacional e o Brasil.

Quem nos acompanha aqui sabe que em 2024 tivemos atuação forte em muitas das pautas que precisavam ser barradas, como o PL da Censura e a volta do aumento automático para juízes, assim como tivemos influência direta no avanço de outros projetos fundamentais para a melhoria do país.

É por isso que pedimos também a sua ajuda na nossa campanha de financiamento coletivo.

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Esta situação vai exigir esforços redobrados para compensarmos a perda de alcance e de capacidade de impacto nas redes, e isso só será possível com a sua ajuda.

Quem produz conteúdo para as redes sociais sabe que só é possível crescer, viralizando, e sem o mecanismo de recomendação, a nossa capacidade de crescer é extremamente prejudicada, o que exige um esforço muito maior para, pelo menos, mantermos a nossa voz sendo ouvida.

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Seja como puder, compartilhando nossos conteúdos, nos colocando em contato com alguém da Meta ou se juntando à nossa campanha no apoia.se, se você acredita no projeto, nos ajude.

Conte conosco. Nós contamos com você.

Equipe Ranking dos Políticos.

Diplomacia brasileira criou uma armadilha para si e caiu nela na Venezuela - Vitelio Brustolin, Arthur Ambrogi (CNN)

Comentário inicial de Paulo Roberto de Almeida:

A politica externa brasileira apresentou certa consistência conceitual com a diplomacia profissional desde o segundo governo da ditadura militar até o segundo governo FHC, uma diplomacia presidencial mas fortemente amparada na metodologia prática do Itamaraty. Essa coerência foi rompida desde o primeiro governo Lula, quando são introduzudos os primeiros elementos de uma diplomacia partidária de um partido sectário e anacronicamente antiamericano e de uma diplomacia presidencial extremamente personalista. Um apparatchik a serviço dos interesses cubanos passou a desviar algumas vertentes da politica externa oficial para objetivos partidários inconsistentes com os interesses nacionais e em desconformidade com as práticas do Itamaraty (contatos clandestinos conduzidos mais pelos “mestres” cubanos que influenciaram as pressões partidários).

A incoerência foi exacerbada sob o bolsolavismo diplomático, quando o Itamaraty foi dominado por ignorantes submissos a um dirigente incompetente fascinado pelo personalismo trumpista. Nunca o Itamaraty foi tão humilhado quanto nesse periodo de isolamento internacional.

Lula 3 representa o retorno confuso a uma diplomacia partidária que é também um exagero no presidencialismo personalista, tornando a politica externa ainda mais incoerente e inconsistente.

O artigo abaixo reflete um dos aspectos dessa politica externa incoerente e inconsistente com os valores e princípios da diplomacia brasileira tradicional, aliás valores e principios que já estão consolidados constitucionalmente e que são desprezados pelos dirigentes despreparados que ocupam o poder no Brasil atualmente. Mais um período de submissão do Itamaraty a desígnios contraditórios com os interesses nacionais.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 11/02/2025

Análise: Diplomacia brasileira criou uma armadilha para si e caiu nela na Venezuela

Vitelio Brustolin, colaboração de Arthur Ambrogi

CNN, 10/01/2025


O governo brasileiro está reconhecendo Nicolás Maduro como o chefe de Estado da Venezuela. No entanto, já que o governo brasileiro não vai validar o resultado das eleições venezuelanas de 2024, está implícito que o Brasil reconhece Maduro como ditador daquele país. Em outras palavras: Maduro não venceu, mas ganhou.

Pelo Direito Internacional, o reconhecimento de um governo pode ocorrer por meio de duas formas: expressa ou tácita. A forma expressa se dá por escrito – publicando uma declaração ou nota diplomática. A forma tácita se dá pelo relacionamento com esse governo. Na prática, só muda o formalismo, os efeitos são os mesmos.

Conforme resume Hildebrando Accioly, em seu “Manual de Direito Internacional Público”, os Estados Unidos sustentam, desde a sua independência, que se deve reconhecer como legítimo o governo oriundo da vontade nacional, claramente manifestada.

A esse princípio foi adicionado, posteriormente, o da intenção e capacidade do governo de cumprir as obrigações internacionais do estado. A doutrina brasileira se aproxima muito dessa formulação, no entanto, historicamente o Brasil leva em conta, também, as seguintes circunstâncias:

  • Primeiro, a existência real de governo aceito e obedecido pelo povo;
  • Segundo, a estabilidade desse governo;
  • Terceiro, a aceitação, por este, da responsabilidade pelas obrigações internacionais do respectivo estado.

É bastante questionável que o governo de Maduro seja “aceito pelo povo”, já que seu poder é imposto com punho de ferro, por meio da opressão. Maduro seguiu os passos de Hugo Chávez, cooptando as Forças Armadas da Venezuela.

O país é um dos que têm maior proporção de generais no mundo: são mais de 2 mil. Para fins de comparação, o Brasil tem cerca de 300 generais, embora a quantidade de militares nos dois países seja praticamente a mesma: 360 mil.

Promoções, benesses e salários comparativamente elevados para as maiores patentes tornam os militares parte fundamental do regime. A isso soma-se o temor de responderem pelos crimes contra a população.

Relatórios produzidos por uma missão criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) elencam os seguintes crimes cometidos há anos pelo aparato opressivo: tortura, espancamento, asfixia, violência sexual, prisões arbitrárias, censura, repressão e violações de direitos humanos.

Também é questionável que o governo seja estável, já que as pessoas que fogem do país denunciam os abusos do regime para se perpetuar no poder.

Segundo a Agência da ONU para as Migrações, em agosto de 2023, havia mais de 7,7 milhões de refugiados e migrantes venezuelanos em todo o mundo. A maioria deles vive em países da América Latina.

Desde 2017, mais de 800 mil venezuelanos entraram no Brasil, quase todos a partir de Roraima, que faz fronteira com aquele país. São 7,7 milhões de pessoas que fugiram de um país cuja população é de 28 milhões.

A estabilidade também não é percebida nas eleições. As últimas a que se pode creditar alguma legitimidade foram em 2015, quando a coalizão oposicionista conquistou 99 dos 167 assentos da Assembleia Nacional.

Essa oposição passou a levar questões contra o governo para o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ). Maduro então iniciou um processo de aposentadoria dos juízes do TSJ e a substituição deles por correligionários seus. As eleições seguintes passaram a ser boicotadas pela oposição, que não encontrava condições justas para concorrer.

Por fim, é questionável que o governo Maduro aceite cumprir as “obrigações internacionais” da Venezuela. A dívida da Venezuela com o Brasil ultrapassa R$ 15 bilhões, na cotação de hoje.

Em dólares, são US$ 1,5 bilhão via BNDES, mais cerca de US$ 1 bilhão em exportações de produtos brasileiros ao país. Hoje não há qualquer expectativa de que o Brasil venha a receber esses valores. A Venezuela também não cumpre as resoluções da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Em agosto, os países-membros aprovaram por consenso a cobrança da publicação das atas das eleições presidenciais de 2024.

Maduro não publicou e não irá publicar as atas. Não fará isso, porque perdeu as eleições, conforme demonstra o Centro Carter, que foi um dos poucos observadores internacionais autorizados pela Venezuela para as eleições de 28 de julho de 2023.

Em outubro, o Centro Carter apresentou cópias feitas por conta própria das atas à OEA, explicitando que Edmundo González obteve mais de 67% dos votos e Nicolás Maduro conseguiu 31%.

A oposição tinha conseguido fotografar 80% das atas, que já demonstravam a vitória de González. O Centro Carter, no entanto, conseguiu registrar todas as atas, incluindo seus códigos QR. Trata-se de uma prova incontestável da vitória de González no pleito.

A ONU já havia atestado que as atas apresentadas pela oposição eram verídicas, com base em um relatório produzido por um painel de seus especialistas que observaram as eleições na Venezuela. Tanto os funcionários da ONU quanto os do Centro Carter tiveram que sair do país após as eleições.

Em 2023, Lula posicionou o Brasil como observador dos Acordos de Barbados. Os Acordos garantiriam que as sanções impostas à Venezuela pelos Estados Unidos, União Europeia e outros países fossem retiradas. Em troca disso, seriam promovidas eleições justas.

Maduro sempre criticou as sanções como principal motivo de empobrecimento do país, a despeito dos 300 bilhões de barris de petróleo confirmados – a maior reserva do mundo.

Apesar desse discurso, as sanções da União Europeia são apenas um embargo às armas e ao equipamento que o regime usa para repressão interna.

Foi imposta a proibição de viajar e o congelamento de bens de 54 funcionários responsáveis por violações de direitos humanos e por minar a democracia e o Estado de direito na Venezuela.

Por sua vez, os Estados Unidos impuseram sanções de bloqueio de bens a 11 indivíduos e 25 empresas que possuem ligações com o governo Maduro, designando-os como narcotraficantes.

Seja como for, é evidente que a retirada das sanções nunca foi uma prioridade para Maduro, pois bastaria que tivesse promovido eleições justas para que elas fossem eliminadas.

Ocorre que após as denúncias da oposição sobre a fraude nas eleições de 2024, bem como a apresentação de fotos das atas, não restou opção ao governo brasileiro, a não ser exigir a apresentação das atas eleitorais por parte de Maduro.


Isso, a despeito do partido de Lula, o PT, ter reconhecido a suposta vitória de Maduro, além de enviar representantes para sua posse, juntamente com o MST.

A opressão ditatorial de Maduro que se seguiu à eleição, com a prisão de mais de 2 mil opositores, sepultou qualquer avanço na reaproximação com a Venezuela, que vinha sendo operacionalizada pelo assessor Celso Amorim.

A relação entre Lula e Maduro continuou esfriando. Maduro acusou “a diplomacia brasileira” de ter vetado o ingresso da Venezuela no BRICs+. Também insinuou que Lula deveria “tomar um chá de camomila” para se acalmar, entre outras farpas lançadas publicamente.

Nesse contexto, e diante do rompimento das relações diplomáticas de vários países com a Venezuela, dentre os quais, Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai, o governo brasileiro deixou claro que não desejaria seguir pelo mesmo caminho.

Há cerca de 20 mil brasileiros na Venezuela e romper relações seria potencialmente prejudicial a eles. Além disso, em julho de 2024, o Brasil assumiu a Embaixada da Argentina na capital venezuelana.

O precedente do chefe da representação brasileira na Nicarágua, Breno Souza da Costa, em agosto, já havia deixado o Itamaraty em alerta. Ao não comparecer ao evento de aniversário da Revolução Sandinista, comemorado no dia 19 de julho, o diplomata brasileiro foi expulso pelo ditador Daniel Ortega.

Antes que o Brasil adotasse o princípio de reciprocidade e expulsasse a embaixadora da Nicarágua, Fulvia Castro, ela foi chamada de volta para Manágua.

O envio da embaixadora brasileira em Caracas, Glivânia de Oliveira, para a posse de Nicolás Maduro constitui um reconhecimento tácito do governo Maduro. A diplomacia ‘presidencial’ brasileira avançou demais e criou uma armadilha para si.

Historicamente, Lula foi um apoiador dos governos Chávez e Maduro. Receber este com honrarias de chefe de Estado em Brasília, em 2023, no entanto, foi um erro.

Também foi um erro ter relativizado o conceito de democracia. Já naquela época eram públicos os relatórios sobre as violações de direitos humanos, crimes generalizados e a opressão do ditador venezuelano.

Também era notório o fluxo de refugiados venezuelanos para o Brasil. Alguns poderiam acusar o governo brasileiro de ingenuidade, porém Lula seguiu apenas o modus operandi que sempre teve com os governos do país vizinho.

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**Texto em colaboração com Arthur Ambrogi – Mestre em Direito Político e Econômico pela Universidade Mackenzie.


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