Não sou contra, nem a favor de qualquer religião. Na verdade, sou um irreligioso completo, que reconhece a religiosidade natural nas civilizações históricas, como fenômeno sociológico, e é assim que eu observo o incrível crescimento da indústria evangélica no Brasil.
Aparentemente existem "n" mais "igrejas" do que municípios no Brasil, ou melhor, existem milhares, milhões mais igrejas evangélicas no Brasil do que escolas primárias, ou do que agências de correio, dois serviços públicos que não dispõem das vantagens comparativas dessas igrejas.
Deve haver alguma razão secreta para isso, que ainda não descobri, e tampouco descobrirei, pois não pretendo pesquisar sobre as razões dessa "fertilidade" extraordinária (talvez a Receita Federal possa saber, se é verdade que ela autoriza o funcionamento desses empreendimentos, sem cobrar nada como impostos e contribuições, mas deve saber quantos são).
Em todo caso, circulando por acaso nos arrabaldes de Brasília, decidi entrar para ver como era o comércio local, e acabei descobrindo um comércio muito mais pujante, várias "quitandas" religiosas, concorrendo umas com as outras. Por vezes, num espaço de MENOS DE 200 METROS, eu consegui fotografar MAIS DE CINCO empreendimentos religiosos.
Selecionei algumas fotos apenas para confirmar aos meus 18 leitores (apud Alexandre Schwartsman) como a concorrência entre esses empreendimentos é feroz:
Estas cinco, abaixo, estavam a menos de dez metros uma da outra, numa pequena avenida comercial de Itapoã, DF:
Estas outras um pouco mais distante, mas ainda assim, na mesma avenida:
Já no Paranoá, DF, que tem um comércio mais robusto, e portanto ainda mais empreendimentos do gênero, só consegui fotografar algumas poucas, em uma rua muito secundária (mas não para o culto do Senhor):
Já os diplomatas, gente da minha tribo, podem frequentar esta aqui:
Finalmente, esta foi a que eu achei a mais sugestiva, obviamente pelo nome, de conotações sonoras, mas não sei se consegue atrair muitos fieis, pois se encontra, não no murundum onde o povo mora, mas numa marginal da estrada que vai do Paranoá a Sobradinho:
Cabe, em todo caso, saudar a operosidade dos bravos pastores e a generosidade dos fieis, com seus dízimos e doações abundantes, que alimentam uma pletora de empreendimentos religiosos que estou certo que não tem paralelo em nenhum outro lugar do mundo (e isso graças à clarividência da bancada evangélica, que garante condições ótimas para tal proliferação de tantos cultos em competição aberta entre si, assim como à compreensão dos poderes públicos que permitem pleno desfrute, aos pastores-empresários, dos frutos de sua loquacidade bíblica).
Estou seguro que empreender no setor é muito mais lucrativo, e rentável, do que qualquer tráfico de substâncias ilícitas (drogas, armas etc.).
Salve o Senhor!
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11/01/2025
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