O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 13 de março de 2012

O fascismo em construcao no Brasil (1): o caso da EBC, números e dados

Pretendo iniciar uma série sobre a construção do fascismo no Brasil.
Sim, do fascismo, e repito em maisúsculas: DO FASCISMO.
Muita gente -- ingênua ou desinformada -- pensa que fascismo é um assunto do passado europeu, aquelas coisas histriônicas (camisas negras, marchas de militantes fanatizados ao estilo militar, ditadores de opereta ou megalomaníacos de bigode ridículo, muita gesticulação, machismo espetacular, até um lado folclórico ou carnavalesco de gente paramentada, saudações ao chefe, etc) e, sobretudo, a força bruta, o lado militarista, da mobilização compulsória (e compulsiva) das pessoas, da organização centralizada, do Estado total e outras imagens clássicas do totalitarismo ordinário.
Não, fascismo não é isso, ou não é só isso.
Esse tipo de figuração dos anos 1920 ou 1930 efetivamente já passou, e os fascistas não precisam mais recorrer a essa pirotecnia toda para se implantar e dominar a sociedade.
O fascismo é uma coisa insidiosa: grupos organizados de militantes autoritários, quando não totalitários, que pensam controlar a sociedade, submetendo-a à autoridade de um partido, de uma ideia, de uma vontade, que é justamente a de subordinar todos os indivíduos ao Estado, de fazê-los obedecer sua vontade totalitária de comandar os corações e mentes das pessoas.
Começa por extrair da sociedade todos os recursos vivos que ela possui, a submerger suas organizações cívicas, sociais, nos canais de transmissão do partido totalitário, e a dominar, submeter todos os seus meios de comunicação, para transmitir apenas a doutrina dos chefes, a vontade do déspota, a opinião autorizada, a única possível.
O fascismo é antes de tudo um estado mental, a do Estado que tudo pode e tudo faz.
Por isso, os fascistas, os verdadeiros fascistas -- não a versão ridicularizada pela história, depois de muita guerra e destruição, é verdade -- se apossam dos meio de comunicação, e pretendem que todos rezem pela sua cartilha totalitária.
O fascismo no Brasil está se instalando insidiosamente, e tenho procurado aqui dar notícias de seu desenvolvimento, de sua implantação progressiva, sobretudo na área econômica -- que é a que me interessa intelectualmente -- mas confesso que estava negligenciando o seu lado mais prático, e mais perverso: a submissão das mentes pela propaganda oficial, esse Goebbels de fancaria que tentam nos impingir pela existência de uma "central de comunicações" do governo, um fascismo potencial que pode trazer mais prejuízos ao povo brasileiro que o simples custo orçamentário (e este já é enorme).
Por isso, vou deslocar minha atenção a esse órgão fascista por excelência que é a Empresa Brasileira de Comunicação (talvez fosse mais apropriado "de comunicações", pois eles se pretendem mesmo "plurais" e pervasivos, omnipresentes e oniscientes).
Vou transmitir os dados disponíveis e depois fazer minha análise do que considero ser o fascismo em contrução no Brasil.
É meu direito, e minha liberdade, mesmo ao custo de ataques dos fascistas disfarçados, apresentar dados e discutir suas implicações para todos nós, cidadãos comprometidos com as mais amplas liberdades, que os fascistas querem submeter, esmagar, cercear, impedir.
Não com a minha passividade.
Aguardem mais posts sobre isto.
Paulo Roberto de Almeida

Os números da EBC – orçamento, pessoal e audiência 26.02.2012 - 7:00 

Blog do 

A EBC (Empresa Brasil de Comunicação) é uma estatal criada em 2007. Tem melhorado seus resultados, mas ainda mais gasta do que ganha dinheiro. É o que mostram dados sobre o orçamento da instituição desde sua fundação. Todos os dados estão em tabelas ao longo deste post.
Em 2008, quando passou a funcionar mais para valer, o déficit foi de R$ 286,5 milhões. Em 2009, R$ 367,7 milhões. Em 2010, R$ 429,6 milhões. No ano passado, 2011, o valor foi de R$ 367,8 milhões –uma queda em relação a 2010.
O diretor-presidente da EBC, Nelson Breve, participou em 24.fev.2012 do Poder e Política, programa de entrevistas do UOL e da Folha. Ele falou sobre a ideia de diversificar a carteira de clientes da EBC para além do governo federal a fim de conseguir receita própria para a estatal.
Breve declarou que já manteve conversas com a TV Cultura, controlada pelo governo de São Paulo (do PSDB) e com a Câmara Municipal de São Paulo (presidida por um político do PSD). Abaixo, trecho em vídeo da entrevista em que Nelson Breve fala sobre o tema. Para assistir em smart phones e tablets clique aqui.
(ver este link)

Estatal do governo federal, a EBC gere uma série de veículos públicos de comunicação, como a TV Brasil e as rádios Nacional e MEC. Ao todo, tem 2.222 funcionários: 339 jornalistas, 668 pessoas no departamento administrativo e 1.215 em áreas operacionais.
A audiência dos veículos da EBC não acompanha a grandiosidade de seu déficit nem do quadro de funcionários. A TV Brasil, que poderia ser o principal veículo da empresa, tem resultados pífios de audiência. Em 2011, segundo o Ibope, teve audiência média de 0,1% em São Paulo, 0,4% no Rio de Janeiro e 0,3% em Brasília.
(A seguir...)

segunda-feira, 12 de março de 2012

Agencia Brasil adota comportamento fascista e pretende intimidar este blogueiro

O assunto começa a ficar divertido.
Quem não leu os fundamentos do problema, pode primeiro passar por este meu post, imediatamente anterior:

Agencia Brasil tenta esconder seu Portugues deficiente



1) Agora vejam o que me escreve o "Editor-chefe", pago com o meu dinheiro para intimidar cidadãos livres:


On 12/03/2012, at 23:04, Ivanir Bortot wrote:
Prezado Senhor Paulo. Como lhe informei. O nosso título não está e nunca esteve errado, como lhe informei pelo link da matéria e consta nos nossos registros. Caso o senhor não faça a correção no que foi publicado pelo seu blog, o assunto será remetido ao nosso departamento jurídico para que medidas judiciais sejam tomadas. 
Atenciosamente
Ivanir José Bortot

2) E o que eu acabo de lhe responder: 

Perfeito.
Você está pretendendo me intimidar, ou só gastando o meu dinheiro à toa, como sempre?
Vou fazer uma matéria sobre os gastos da inútil Agência Brasil.
Acho que vocês merecem esse tipo de atenção da imprensa livre...
-----------------------------------
Paulo Roberto de Almeida

3) E agora acrescento este comentários: 

Como já escrevi, apenas em regimes fascistas podemos encontrar uma imprensa oficial, que não se contenta apenas em transmitir informações -- o que agências livres, privadas, também fazem, de modo muito melhor, sem gastar o meu, o seu, o nosso dinheiro, com matérias politicamente dirigidas -- mas que pretendem também deter a verdade oficial, a palavra certa.
Isso se chama Big Brother, o que, convenhamos, é um pouco ridículo e já passou de moda.
Pode ser que pessoas com mentalidade fascista não suportem receber gozação de cidadãos livres.
Pode ser que regimes apreciados pelo companheiro redator-chefe façam esse tipo de intimidação contra cidadãos livres.
Num país livre, esse tipo de comportamento deveria apenas ser ridicularizado.
E, claro, servir de advertência para o que significa viver sob regimes fascistas.
O funcionário em questão deveria ter vergonha de ficar gastando o meu dinheiro com matérias inúteis como essa, que só conseguem chamar a atenção para o seu lado intolerante, intimidatório, aliás sem qualquer senso de humor.
Em qualquer país normal, o Parlamento, um tribunal de contas, agências encarregadas do bom uso do dinheiro público -- que aliás não é público, mas extorquido dos cidadãos -- já teriam há muito fechado essa agência inútil que tem a pretensão de se apelidar com o nome do país.
Lamento que o Brasil não seja um país normal, e que tenha serviçais anormais que pretendem policiar cidadãos livres...
Paulo Roberto de Almeida 

Agencia Brasil tenta esconder seu Portugues deficiente

Jornalistas oficiais (ou seja, pagos com o nosso dinheiro) cometem erros, isso é normal.
Quem não os comete?
Todos nós, inclusive este modesto blogueiro -- que costuma escrever rápido, mas os dedos nem sempre acompanham a rapidez ainda maior do pensamento, e também disponho de pouco tempo disponível para ler tudo e refletir sobre o que vale a pena -- todos nós, repito, cometemos erros.
Quando o erro é grande, e compromete a informação, vale a pena corrigir. Pequenos erros de digitação não justificam o esforço e não vale a pena corrigir.
Mas, por vezes, alguns erros causam surpresa, pois é difícil, admitamos, trocar um "s" por um "ç" apenas por erro de digitação. É preciso um pouco mais de alguma coisa para cair nesse tipo de erro.
A matéria abaixo CERTAMENTE não valia a pena transcrever, pois é tão anódina, tão sem importância, que poderia passar impune, como tantos erros formais e substantivos cometidos nos mais diversos setores de atividade, por governos, por opositores do governo, por simples cidadãos. Eu a postei apenas num momento de distração, como puro "divertissement", como diriam os franceses.
Mas a Agência Brasil não tem apenas um exército de jornalistas pagos com o nosso dinheiro para escrever mal as matérias que "caem", literalmente, em sua mesa de trabalho.
Eles também um exército de vigilantes, pagos com o nosso dinheiro, dedicados a saber o que o público que paga o salário deles pensa de sua atividade.
Bem, pelo menos no que me concerne, penso mal.
Preferia não ter de pagar a jornalistas oficiais, pois a imprensa é algo especificamente social, pertinente à liberdade que tem a sociedade de se informar.
Imprensa oficial costuma existir em Estados fascistas, que também gostam de controlar a sociedade para saber o que a sociedade pensa do Estado.
Bem, pelo menos no que me concerne, penso mal.
Sobretudo quando alguém pretende cercear minha liberdade de pensar e de falar mal do governo e de jornalistas que são pagos com o meu dinheiro, e ainda se ocupam de coisas inúteis, como esta que vai aqui  abaixo reproduzida.
Por que eles não vão catar coquinho, com o dinheiro deles, e não com o meu?
Eu também penso que a própria Agência Brasil é um ERRO MONUMENTAL que não deveria ter sido cometido. Já que foi, que ela seja eliminada o mais cedo possível. É um desejo e tenho esse direito.
Pois bem, estou me pronunciando aqui PELA EXTINÇÃO DA AGÊNCIA BRASIL.
Ou será que eu deveria escrever EXTINSSÃO?
Também pode ser.
É o que desejo para a Agência Brasil.
Será que o seu Editor-chefe vai me escrever reclamando do meu pedido de dupla EXTINÇÃO-EXTINSSÃO?
Pode escrever reclamando. Publicarei novamente.
Um blog democrático e aberto como este aceita debates. Mesmo alguns totalmente inúteis...
Até de jornalistas pagos com o meu dinheiro, que aliás não deveriam existir...
Paulo Roberto de Almeida

1) Primeiro o vigilante do ar detecta algum problema com este blog, sob o título de "Crítica? Zombaria?"

----- Mensagem encaminhada -----
De: "Jefferson Bispo Ferreira" <jefferson.ferreira@ebc.com.br>
Para: "Gilberto Goncalves Costa" <gilberto.costa@ebc.com.br>
Enviadas: Segunda-feira, 12 de Março de 2012 14:38:31
Assunto: Crítica? Zombaria?

 Uma amiga, e também ex-aluno sua, mandou-me isso hoje. Acho que deveria dar uma olhada.


-- 
Jefferson Ferreira
61) 9685-2522
3799-5339/5355
Agência Brasil - EBC

======

2) Aí, eles deram uma olhada. E o tal Editor-chefe da Agência pretende uma " imediata retratação" da minha parte.

On 12/03/2012, at 22:00, Ivanir Bortot wrote:
Prezado Sr. Paulo Almeida

Estou lhe enviando o link  http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-03-09/agu-e-itamaraty-avaliam-acao-para-suspender-bloqueio-de-contas-da-diplomacia-brasileira publicada no último dia 09 de março de 2012, cuja o título é "AGU e Itamaraty avaliam ação para suspender bloqueio de contas da diplomacia brasileira na Itália". A matéria é a mesma que esta publicada neste momento na Agência Brasil.

Assim, considero um equivoco atribuir  à  Agência Brasil o título: "AGU avalia suspenção de bloqueio de contas da diplomacia brasileira." Não publicamos nenhuma matéria com este título. Caso o senhor tenha lido ou visto o referido título em alguma outro veículo de comunicação, que tenha usado nosso conteúdo, a responsabilidade pelo erro é deste veículo.

Solicito uma imediata retratação, de sua parte, em relação às palavras desabonadoras publicadas em seu blog sobre os profissionais da Agência Brasil.

Atenciosamente. 
Ivanir José Bortot
Editor-chefe da Agência Brasil. 

=========

3) Minha resposta ao cidadão pago com o meu dinheiro para cercear minha liberdade de expressão:

Prezado Senhor Ivanir,
Não fui eu quem inventou o título. Tanto vocês, ou o repórter, e seus chefes cometeram a impropriedade de circular um título errado, que foi capturado pelo Google Reader, que faz isso automaticamente, por computador. Ou seja, ninguém inventou o título a não ser a fonte.
Portanto, quem deve se retratar é a Agência Brasil, por publicar títulos (e possivelmente matérias também) com Português deficiente.
O fato de que vocês tenham corrigido o título da matéria não contradiz o fato de que vocês erraram.
Seria tão mais simples reconhecer o erro e prometer que não vão reincidir...
Sugiro cursos de Português para os seus jornalistas...
-----------------------------------
Paulo Roberto de Almeida
pralmeida@me.com
www.pralmeida.org
diplomatizzando.blogspot.com

domingo, 11 de março de 2012

A la Recherche du Temps Perdu - Pierre Proust Malan (ops...)

Com perdão de Proust, da Economist e do próprio Pedro S. Malan, transcrevo aqui, sob um título estapafúrdio, o excelente artigo que ele publica no Estadão deste domingo (como faz a cada mês).
Ele se satisfaz com o fato de os companheiros estarem, tantos depois de se oporem bestamente a coisas muito simples e nada ideológicas, como ele diz, se rendendo às evidências, e tomando medidas necessárias para acelerar o crescimento.
Eu não me congratulo com ninguém, apenas repito como Roberto Campos: 
"O Brasil é um país que não perde oportunidade de perder oportunidades", 
e acrescentaria: "...e alguns perdem mais do que outros"...
Os companheiros, por exemplo, perderam várias oportunidades de mudar suas crenças infantis e suas posturas irracionais. 
Vai demorar um pouco mais, mas ainda vamos vê-los preconizando a privatização do Banco do Brasil e da Petrobras... Vai demorar, mas vão chegar lá, por puro pragmatismo...
Paulo Roberto de Almeida 

Em busca do tempo perdido

Pedro S. Malan
O Estado de S.Paulo11 de março de 2012

A sempre inteligente revista britânica The Economist, que já existia havia quase 30 anos quando Marcel Proust nasceu, acaba de criar, exatos 90 anos após a morte do grande escritor, um "índice Proust", que procura medir o "tempo perdido", ou melhor, a extensão do retrocesso (em anos) causado pela grave crise econômica, financeira e fiscal que há quase meia década assola o mundo desenvolvido.
A medida até agora mais simples desse retrocesso já era preocupante: dos 34 países mais "desenvolvidos", 28 não haviam alcançado, em 2011, o nível de produto per capita que tinham em 2007. A revista The Economist utiliza mais seis indicadores, além do produto interno bruto (PIB): consumo privado, desemprego, salário real, preços de ativos financeiros, preços de habitação e riqueza familiar. Uma média de retrocessos - tempo perdido em anos - em cada uma das três categorias em que estão agrupados esses indicadores produz o "índice Proust".
Alguns dos resultados: para a Grécia o relógio teria sido atrasado 12 anos. Irlanda, Itália, Portugal e Espanha teriam "perdido" sete anos ou mais. A Inglaterra, oito. Os Estados Unidos, epicentro do abalo sísmico que afetou a economia mundial, estariam, na média dos indicadores acima, com um atraso de dez anos. A revista não apresenta índices de Proust para países "em desenvolvimento". Mas é sabido que, dentre os 150 membros desse grupo, cerca de 33 teriam, em 2011, renda per capita inferior à que tinham em 2007.
Isso não significa, de forma alguma, nenhuma projeção para os anos à frente que seriam necessários para recuperar os anos "perdidos". É sabido que médias desse tipo podem encobrir tanto (ou mais) do que revelam. E que alguns dos indicadores do índice acima podem mudar muito mais rapidamente que outros, como, por exemplo, preços de ativos, após longos períodos de declínio. O fato é que, em definitivo, não era uma "marolinha", como se disse por aqui.
Os países de alta renda, cujas dificuldades têm consequências de ordem sistêmica, em seu conjunto, deverão crescer menos de 2% entre 2007 e 2012, enquanto no mesmo período a China, a Índia e o Brasil deverão crescer - e por motivos distintos - cerca de, respectivamente, 56%, 43% e 21%. Fica cada vez mais claro que esta crise está levando a uma mudança estrutural na composição da demanda e da oferta globais. E exigindo, de todos os países, respostas adequadas em termos de políticas domésticas - para além da área econômica.
Não é apenas o mundo desenvolvido que precisa lançar-se numa proustiana busca do tempo perdido para "recuperá-lo" - por meio de uma melhor memória de seu passado, base para uma visão de seu futuro. Permito-me ilustrar o ponto acima reproduzindo um texto recente: "Os principais obstáculos do rápido desenvolvimento econômico são internos, e não externos. Entre as restrições óbvias estão falhas de governança, gastos desnecessários com subsídios (...), um histórico terrível em termos de educação e saúde para a maioria da população, leis trabalhistas rígidas, infraestrutura inadequada e restrições ao uso eficiente da terra".
Como diria o grande Ancelmo Gois, "deve ser duro viver em um país assim". Apesar de soar muito familiar, a observação vem de um livro recém-lançado, com o título A Índia após a Crise Mundial, de Shankar Acharya, ex-assessor econômico do chefe de Governo indiano. O que sugere que, mesmo para um país que deve crescer mais que o dobro do Brasil entre 2007 e 2012, existe uma enorme necessidade de "buscar o tempo perdido". Até porque as deficiências mencionadas acima constituem oportunidades de investimento e apontam para a necessidade de continuidade no processo de reformas que permitiram o enorme progresso daquele país.
A grande lição não deveria passar despercebida por nós, brasileiros. E talvez não esteja. Em meu artigo neste espaço no segundo domingo do mês passado (Vivendo e aprendendo), mencionei que os leilões de concessão ao setor privado dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília vinham com um atraso de muitos anos, mas representavam, afinal, uma vitória do pragmatismo sobre a ideologia. Uma busca do tempo perdido para recuperá-lo - pensando no futuro.
Pois bem, nas últimas semanas tivemos outro exemplo: com 14 anos de atraso (tempo perdido) os fatos e os argumentos acabaram prevalecendo sobre a ideologia e o corporativismo. O governo Dilma Rousseff, afinal convencido de que o regime de previdência dos servidores públicos era absolutamente insustentável no médio e no longo prazos, decidiu mobilizar-se para mudá-lo, mostrando um entendimento que faltou ao governo Lula.
Existem muitos outros avanços possíveis e necessários exatamente agora que fica cada vez mais claro que o crescimento econômico sustentado a taxas superiores a 4% ao ano exige uma taxa de investimento privado mais elevada, especialmente em infraestrutura. Há que ampliar o regime de concessões (já que o lulopetismo não pode ouvir falar em privatizações) nessas áreas. E isso é urgente.
A ideia de que o problema fundamental do crescimento brasileiro é reduzir juros e desvalorizar o câmbio ainda é muito arraigada entre nós - assim como a suposição equivocada de que o governo pode colocar as taxas reais de juros e câmbio onde quiser. Menos arraigada entre nós é a necessidade de entender por que certos países foram e outros estão sendo bem-sucedidos no presente, como os asiáticos. Estes construíram um complexo e eficiente sistema educacional e uma invejável estrutura logística de transportes, cadeias de suprimentos e mecanismos pragmáticos de cooperação regional, sem perder de vista a sua integração com o resto do mundo.
É muito importante extrair dessas experiências - nada ideológicas - as lições corretas para o nosso futuro.    
ECONOMISTA, FOI MINISTRO DA FAZENDA NO GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
E-MAIL: MALAN@ESTADAO.COM.BR

Agencia Brasil: suspendida da "suspencao"

Nota a posteriori, em 13/03/2012:

Sob o título totalmente sarcástico de "Agência Brasil tem novo Dissionario da Lingua Brasileira (whatever...)", eu havia postado uma matéria recebida do Google Reader como tendo a dita Agência como origem. Fui leviano, e deveria ter verificado antes a procedência real da matéria, mesmo tendo recebido do Google Reader, que "captura" matérias as mais variadas quase que imediatamente, e eu até diria que praticamente simultaneamente a sua postagem (já aconteceu comigo mesmo, de receber em menos de um minuto matéria que acabava de postar).
Fiz comentários derrisórios e depreciativos, no que toca o Português do jornalista e de seus colegas, o que foi, reconheço, leviano e irresponsável, mas se tratrava, obviamente, de uma brincadeira e de uma gozação.
Eu mesmo sou corrigido continuamente por meus leitores, alguns de boa vontade, pois constatam tratar-se de erro de digitação, ou mesmo de distração, outros de forma muito maldosa, com demonstrações óbvias de desprezo e vigilância militante (por razões claramente políticas, eu até diria fundamentalistas).
Ao me penitenciar pela impropriedade da ação, e ao me desculpar com os atingidos pelo meu gesto leviano, quero, de toda forma, confirmar minha total desconformidade com o "Ministério da Propaganda" e com a "Agência da Verdade" criada por um partido de tendências claramente autoritárias, o que recebe, obviamente meu total repúdio, como leitor de Orwell e defensor da total liberdade em matéria de comunicação, o que exclui radicalmente -- quero frizar radicalmente -- qualquer agência pública de notícias.
Governo tem de governar; quem tem de informar é a imprensa; o governo no máximo fornece os dados para a sociedade, e a imprensa se desejar, e se for do interesse social, publicará.
Todo o resto é conversa para autoritários inconscientes.
Paulo Roberto de Almeida

Eis a notícia com o erro ortográfico cometido por um retransmissor de notícias, que não vem ao caso, agora, denunciar.


AGU avalia suspenção de bloqueio de contas da diplomacia brasileira

Por Gilberto Costa
Brasília - O Ministério das Relações Exteriores e a Advocacia Geral da União (AGU) estão analisando medida judicial contra o bloqueio das contas bancárias usadas pela Embaixada do Brasil e consulados na Itália.

O bloqueio foi pedido por uma firma italiana que elaborou projetos para o trem-bala Rio-São Paulo, mas não recebeu o pagamento devido pela estatal Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, ligada ao Ministério dos Transportes.

A Agência Brasil tentou contato com a Valec, mas não obteve retorno. Segundo o Itamaraty, o caso é apenas ´uma questão jurídica que não afeta a relação Brasil-Itália´. Conforme a decisão de recurso, o governo brasileiro poderá ter que contratar escritório de advocacia italiano para a ação judicial.

Conforme notícia publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo, em setembro do ano passado o Tribunal de Arezzo, na Toscana, condenou o Brasil a pagar R$ 36,4 milhões. O país não apresentou recurso à época.
Agência Brasil
Bravo, perfeito, companheiros; vocês provaram que o conteúdo é mais importante que meras notícias.
Paulo Roberto de Almeida  

sábado, 10 de março de 2012

O ridiculo político em todas as partes: campanha presidencial francesa...


François Hollande : "Je demanderai au Parlement de supprimer le mot race de notre Constitution"

LE SAMEDI 10 MARS 2012 À 19:29

Lors d'un meeting consacré à l'Outre-mer à Paris, le candidat socialiste a annoncé qu'il supprimerait la mention de la "race" dans la Constitution française. Une mention qui y figure dès le premier article : "La France [...] garantit l'égalité devant la loi de tous les citoyens, sans distinction d'origine, de race ou de religion."

François Hollande : "Il n'y a pas de place dans la République pour la race"  
Lecture
Partager



Meu comentário, enviado à Radio France Info: 

Je pensais que des candidats à la présidence s'occupaient des affaires plus importantes.
Si chacun d'eux va entrer dans des questions ridicules, la campagne promet d'être pénible à voir, à écouter, à s'interesser.
Viande halal, impôt de 75% pour les gains supérieurs au petit million, maintenant le mot "race", les candidats s'efforcent pour faire de chaque français un idiot en puissance.
On nous oblige a suivre seulement la campagne américaine, ou les ridicules, pour l'instant ne restent que dans le côté républicain?
Paulo Roberto de Almeida

O prato de bacalhau MAIS CARO DO MUNDO (com perdao das maiusculas)

Sim, com perdão a meus leitores, mas nenhum perdão a quem impôs esse custo fabuloso aos contribuintes brasileiros.
O famoso AeroLula já tinha sido comprado, em detrimento de um avião legitimamente brasileiro, um Embraer adaptado para uso presidencial, por que o "rei da Banania" -- como o chama um jornalista conhecido -- achava que não podia se dar ao luxo de parar para reabastecer, se por acaso desejasse ir do Brasil à China, por exemplo. Imaginem: seria um incômodo muito grande, para Sua Majestade, parar em meio do caminho para reabastecer o avião, em algum trajeto maior.
Mas, não seria o caso de vôos diretos para a Europa, quando o alcance estaria perfeitamente ajustado.
Helas, não para sua Nova Majestade, que resolveu parar no Porto, para comer um bacalhau.
Tudo isso às nossas custas, claro.
Quando é que as autoridades vão parar de nos tratar como idiotas pagadores?
Quando é que o fascismo econômico vai ter fim?
Com permissão do jornalista Augusto Nunes, tomo carona em sua crônica, para informar meus leitores.
Paulo Roberto de Almeida
Blog de Augusto Nunes, 08/03/2012  às 23:02 \
História em Imagens

Celso Arnaldo e o Bacalhau à Dilma

A caminho da Alemanha, o Aerodilma fez uma “parada técnica” no Porto, para que a presidente comesse um supostamente famoso bacalhau gratinado  no restaurante Terra. Deu azar: foi capturada por Celso Arnaldo. “Faço jornalismo gastronômico e não conhecia essa fama que justificaria a escala de um gigantesco Airbus”, intrigou-se o implacável caçador de cretinices na abertura do recado que continua abaixo. (AN)
Após o repasto de toda a comitiva presidencial, o chef chileno da casa tratou de rebatizar o prato para Bacalhau à Dilma. A receita, como se ouve no vídeo anexo, leva grelos. O grelo tenro dá um gostinho todo especial no Bacalhau da Dilma. Ensinam os portugueses: “O grelo é comestível enquanto está tenro. Quando a flor desabrocha o grelo endurece e já não é possível o seu consumo, pois não amolece por muito que se coza”.
Piadas prontas à parte, o Bacalhau à Dilma, pelo menos a porção que ela comeu, é desde já um dos pratos mais caros da história da gastronomia. Pago por nós, é claro.
No vídeo, nossos irmãos lusos também descrevem a complexa operação exigida para a degustação do Bacalhau da Dilma. Segundo aFolha, Dilma custa R$ 42. Não estão incluídas despesas com escalas aéreas.

O fascismo economico em construcao no Brasil (alias, construido e em plena operacao)

Os brasileiros talvez não se tenham dado conta, mas já vivemos, há muito tempo, sob um Estado fascista. Não daqueles ridiculamente carnavalescos, com camisas negras e desfiles pelas ruas e saudações ao Duce.
Nosso fascismo é mais insidioso, e por isso mesmo pouco percebido pelos brasileiros.
A Receita é notoriamente um órgão fascista, mas todo o Estado brasileiro é declaradamente fascista, intrinsecamente fascista, intensamente fascista.
Já vivemos em um Estado fascista há muito tempo.
Ele está apenas aperfeiçoando seus métodos...
Aqui mais um exemplo disso, mas todos os dias temos mais demonstrações do Estado fascista.
Por enquanto no plano econômico, mas quem sabe, dependendo dos companheiros, ele também não se transmuta para o lado político.
Fascismo cultural ele já é, inclusive com laivos de racismo, mas antibranco, claro, como convém aos novos militantes do Apartheid afrobrasileiro.
Quando vamos saudar o Estado fascista?
Paulo Roberto de Almeida 

Flavia Portugal, associada Sênior da Branco Consultores Tributários
Jornal do Brasil, 04/03/2012

No final do ano passado, foi publicada a Lei 12.546/2011 que, entre outros assuntos, instituiu em seu artigo 25 a obrigatoriedade da prestação de informações relativas às transações entre residentes ou domiciliados no país e residentes ou domiciliados no exterior que compreendam serviços intangíveis e outras operações que produzam variações no patrimônio das pessoas físicas, das pessoas jurídicas ou dos entes despersonalizados.
Ainda que passível de regulamentação, acredita-se que a obrigatoriedade do fornecimento destas informações, principalmente no que tange às importações e exportações de serviços e direitos, poderá ser mais uma base de cruzamento de dados para a Receita Federal.
Atualmente, o modelo de fiscalização e controle adotado pela Receita vem sofrendo profundas mudanças, através da instituição de novas obrigações acessórias, tais como Sped (Sistema Público de Escrituração Digital) Fiscal, Sped Contábil, Nota Fiscal Eletrônica. Este novo modelo permitirá que algumas obrigações, antigas, sejam deixadas de lado, tal como a DIPJ, conforme já anunciado pela Receita Federal do Brasil, também no final do ano passado.
Isto porque os sistemas eletrônicos modernos, como o Sped, já fornecem as informações fiscais exigidas às empresas de forma mais completa e segura. O novo modelo, além de mais simples, facilita o cruzamento de dados dos contribuintes e, consequentemente, torna os processos de fiscalização mais precisos e eficazes. E, ao simplificar o processo de declarações, o governo passará a ter mais tempo hábil para investigar possíveis fraudes.
A obrigatoriedade imposta pela Lei 12.546/2011 somada a este novo cenário comportará uma fiscalização mais eficaz. A Receita Federal poderá explorar mais a fundo as operações realizadas por determinada empresa e até mesmo empresas do mesmo grupo e aquelas sujeitas às Regras Brasileiras de Preços de Transferência.
Criadas em 1996, com o objetivo de evitar a remessa disfarçada de lucros, entre empresas do mesmo grupo, nas operações de importação e exportação, as regras brasileiras vêm ganhando mais exposição e importância na esfera fiscal e tributária. Prova disto, também, é que recentemente a Receita Federal criou um grupo especializado em preços de transferência, tamanha é a importância que o tema vem ganhando.
A preocupação básica da legislação é evitar a perda de receita tributária através de operações efetuadas entre empresas vinculadas, onde os lucros seriam direcionados para países com tributação mais favorecida.Considerando a amplitude e complexidade dos temas e áreas relacionadas à geração de lucro nas corporações internacionalizadas, surge a necessidade de uma visão abrangente na condução desse assunto pelas empresas aqui situadas.

Argentina: fazer amor ficou mais caro... Protecionismo sempre, mesmo no erotismo...


Ariel Palacios, correspondente 
Jornal O Estado de S. Paulo, 05/03/2012

Indústria local já enfrenta problemas com restrições à importação impostas pelo governo

BUENOS AIRES - O erotismo argentino não escapou às barreiras protecionistas do governo da presidente Cristina Kirchner. Tal como outros setores, entre os quais autopeças, alimentos, têxteis, calçados e brinquedos, agora as medidas atingem preservativos e vibradores, além da lingerie erótica estrangeiros.
Esses produtos tornaram-se o mais recente alvo da cruzada anti-importações implementada pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, homem de confiança da presidente Cristina.
A miríade de barreiras argentinas abarcam licenças não automáticas, acordos voluntários de autorrestrição de venda para o mercado argentino, entre outros. Além disso, desde o dia 1.º de fevereiro incluem uma autorização especial da Receita Federal como passo prévio para iniciar um trâmite de importação.
A "blindagem" da Argentina contra a entrada de produtos provenientes do exterior é coordenada por Moreno.
Durante reunião com duas fabricantes nacionais de preservativos, a Kopelco e a Buhl, Moreno pediu aos executivos de cada uma delas que produzam 3 milhões a 3,5 milhões de unidades mensais a mais de preservativos. A política do governo Kirchner é de que os preservativos passem a ser contabilizados como compras públicas para o setor de saúde do país.
Atualmente, o governo precisa recorrer a fornecedores asiáticos. A ideia é incrementar a produção nacional para evitar a saída de dólares, política que se tornou uma das principais metas da Casa Rosada.
Os executivos da Kopelco e da Buhl, que respectivamente possuem 52% e 35% do mercado local, prometeram a Moreno que aumentarão a produção para evitar a falta do produto, já que a escassez - por causa das restrições às importações -já é notada nas farmácias e supermercados.
Os empresários informaram o secretário que o consumo de preservativos no país oscila entre 150 milhões e 180 milhões de unidades por ano. Quando foi informado sobre o número, Gillermo Moreno ficou visivelmente surpreso. Na sequência, fez observações sobre o que ele definiu - com palavras de baixo calão - como "uma intensa atividade sexual" de seus compatriotas.
Na reunião com os empresários, Moreno disse ainda que o governo estava impondo restrição total à compra de vibradores importados (todo o consumo nacional é abastecido pelo exterior).
Fabricantes de outros "brinquedos eróticos" também estão com problemas para abastecer o mercado, já que a importação de silicone médico está restrita. Representantes do setor ainda ressaltam que a a produção nacional de lingerie erótica está entrando em colapso, uma vez que grande parte dos tecidos especiais vem do exterior.

O fascismo economico em construcao no Brasil - Impostos de Importacao

A obsessão das autoridades da área econômica é tão grande, sobretudo em matéria de comércio exterior, que elas não diante de nada, mesmo adotando procedimentos anticonstitucionais, para proteger não se sabe quais interesses, ou posições difusas de balança de comércio.
Apenas de que o aumento tenha sido superior a 30%, como a lei autoriza, isso é 100% fascismo, do mais puro, e do mais descarado.
Paulo Roberto de Almeida 



Bárbara Pombo, de São Paulo
Jornal Valor Econômico, 06/03/2012

A fabricante Komeco obteve sentença da Justiça Federal em Santa Catarina que reduz o Imposto de Importação sobre peças para a fabricação de aparelhos de ar-condicionado do tipo "split". Para proteger a indústria nacional, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) elevou a alíquota de 14% para 25%. A medida, temporária, passou a valer em 1º de outubro. "O custo final para a empresa teria aumento de 10%", afirma o advogado da empresa, José Antônio Valduga, do Blasi & Valduga Advogados. "A diferença corresponde a até três vezes a margem de lucro do negócio."
Na sentença, o juiz Marcelo Krás Borges, da 1ª Vara Federal de Florianópolis, suspendeu o aumento por considerar que o governo não observou as condições estabelecidas na lei que dispõe sobre a tarifa das alfândegas (Lei nº 3.244, de 1957). Uma delas é de que a alíquota seja alterada em, no máximo, 30%. Segundo o advogado da Komeco, a elevação, no caso, foi de 78,5%. "O valor das peças seria reajustado em 18,2% se essa regra fosse seguida", afirma Valduga.
A lei prevê ainda que a elevação do imposto deve ter justificativa fundamentada, além de ser precedida da realização de audiência pública com as empresas do setor afetado. Para o juiz, o poder do governo de alterar a alíquota do Imposto de Importação não é ilimitado. "A União não pode utilizar conceitos genéricos e destituídos de significado, como motivação econômica de ordem global, para arbitrariamente aumentar um tributo e inviabilizar várias empresas", diz o magistrado na decisão.
No processo, a União alega que a medida tem o objetivo de proteger a indústria nacional "diante da perda de competitividade" em relação aos importados e da "consequente redução de encomendas". Na decisão, o juiz afirma que o governo "confessou explicitamente" que elevou as alíquotas a pedido de fabricantes instalados da Zona Franca de Manaus. "A União não pode servir de instrumento de um grupo empresarial em detrimento de outro, devendo preservar a livre concorrência e a busca do pleno emprego", diz o magistrado. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional pode recorrer da decisão. Procurada pelo Valor, não retornou até o fechamento da edição.
Advogados consideram a decisão relevante por resgatar argumentos da lei de 1957 esquecidos ao longo do tempo. "Os contribuintes desconhecem que esses requisitos existem. Por isso, questionam pouco", afirma Alessandra Krawczuk Craveiro, sócia do Guerra, Doin e Craveiro Advogados. Segundo ela, há duas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) das décadas de 1960 e 1970 que ressaltam a necessidade de a União justificar aumentos de impostos.
Para as advogadas do Tozzini Freire Advogados, Ana Cláudia Utumi e Vera Kanas, a decisão garante os direitos do importador. "É muito importante porque vai no contrafluxo da política atual de proteção da indústria local", afirma Vera. Segundo Fernando Ayres, do Mattos Filho Advogados, a falta de audiências pode trazer resultados opostos do que espera o governo. "Não estamos falando de um produto importado pronto. A empresa gera empregos e foi afetada por uma medida que deveria protegê-la", diz.

A frase de todos os tempos - Montaigne, sobre os livros

Sobre os livros:
C'est la meilleure des munitions que j'aie trouvée en cet humain voyage.
Montaigne