O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Republica Tresloucada do Brasil - Editorial Estadao

O editorial do Estadão pode até tocar numa questão real, e ela não se reduz ao Executivo: os maiores responsáveis pelos poderes do Estado no Brasil estão despreparados para exercer suas funções, seja porque não possuem atributos intrínsecos para isso, seja porque cedem à pressão das ruas ao menor sinal de descontentamento popular, seja porque ficam dando entrevistas à imprensa comentando como se fossem triviais, e dando opiniões pessoais, sobre questões institucionais da mais alta gravidade para o funcionamento do Estado e da própria sociedade.
Como o cidadão eleitor saberá quais são as regras em vigor para o próximo escrutínio se cada uma dessas cabeças tem uma opinião sobre o sistema político? Como o capitalista -- nacional ou estrangeiro -- vai tomar a decisão de fazer investimentos, se as autoridades, quaisquer autoridades, podem, de um simples traço, mudar as condições de remuneração, ou de tributação de suas respectivas atividades. Como vamos nos defender das minorias organizadas, algumas das quais pretendem coisas absolutamente antidemocráticas?
Não se trata apenas de despreparo, em certos casos: mas de uma agenda consciente de monopolização do poder. E sabemos de onde vem o perigo: das velhas forças totalitárias que sempre pretenderam outra coisa que não uma democracia de mercado para o Brasil. Elas ganham no quanto pior melhor e na disseminação da confusão. Inclusive porque sempre tem um messiânico salvacionista à espreita para voltar com toda a sua demagogia populista.
Paulo Roberto de Almeida

O despreparo confirmado

Editorial O Estado de S. Paulo, 26/06/2013

Custa crer que a presidente Dilma Rousseff tenha falado sério quando propôs um "plebiscito popular" - existe outro? - para a convocação de uma Assembleia Constituinte, sem a participação dos atuais legisladores, com a incumbência exclusiva de fazer a reforma política. Essa foi a principal enormidade que apresentou na reunião de emergência da segunda-feira com os 27 governadores e 26 prefeitos de capitais, convocada para a presidente mostrar serviço à rua. Ela também pediu pactos nacionais para, entre outras coisas, tipificar a "corrupção dolosa" - existe outra? - como crime hediondo e pela responsabilidade fiscal para conter a inflação. Eis um faz de conta: ninguém contribuiu tanto para desmoralizar esse princípio do que o atual governo com a "contabilidade criativa" a que recorre para tapar os seus desmandos fiscais.
A ideia da Constituinte exclusiva - que teria sido soprada para a presidente pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o governador do Ceará, Cid Gomes - foi defendida pelo então presidente Lula na campanha reeleitoral de 2006, para exorcizar o mensalão denunciado no ano anterior. É um delírio político e jurídico. Chegue como chegar a respectiva proposta ao Legislativo, são remotas as chances de ser aprovada. É mais fácil Dilma se transformar da noite para o dia numa chefe de governo afável, pronta a ouvir e a respeitar os seus subordinados do que os congressistas entregarem de mão beijada a terceiras pessoas a atribuição, esta sim de sua alçada exclusiva, de aprovar mudanças na legislação eleitoral e partidária. E, raciocinando por absurdo, se o fizerem, a lei que vier a ser sancionada pela presidente deverá ser abatida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Plebiscitos e referendos o Congresso tem a prerrogativa de convocar - desde que os seus propósitos não colidam com a Constituição. O conceito de Constituinte exclusiva simplesmente inexiste na Carta de 1988. Uma assembleia do gênero não poderia ter o seu âmbito circunscrito de antemão. Nomeado por Dilma, o novo ministro do STF, Luís Roberto Barroso, que toma posse hoje, escreveu em 2010 que "ninguém pode convocar um Poder Constituinte e estabelecer previamente a (sua) agenda". De resto, "não há absolutamente nada" na Constituição que impeça a reforma política. No mínimo, portanto, a Constituinte dilmista é uma falsa solução para um problema verdadeiro - a crônica relutância dos políticos em mexer nas regras sob as quais fizeram carreira.
O debate sobre o assunto data de 1993. Mas só na legislatura iniciada 10 anos depois a questão avançou. Uma comissão especial aprovou, com o endosso do PT, a proposta de seu relator, deputado Ronaldo Caiado, do então PFL, pelo financiamento público exclusivo das campanhas e o voto em listas fechadas para deputados e vereadores. A proposta, afinal, não vingou. Hoje, o que se tem é o projeto do deputado Henrique Fontana, do PT gaúcho. O texto conserva o financiamento público e o voto em lista, porém "flexível" em vez de fechada. O que tem de melhor é a extinção das coligações partidárias em eleições proporcionais, o que permite aos partidos nanicos vender aos maiores o seu tempo no horário de propaganda em troca de vagas na chapa comum. O ponto é que a reforma política não é um antídoto contra a corrupção.
Aplica-se, a respeito, o comentário do criminalista Antônio Cláudio Ma-riz de Oliveira sobre o segundo desatino da presidente - o de querer enquadrar a corrupção como crime hediondo. "A lei penal não inibe a prática de qualquer crime, especialmente de corrupção", observa Mariz. "Acabar com a corrupção ou reduzi-la depende de mudança ética. Depende da classe política e da própria sociedade." O pretendido enquadramento, para ele, é "medida demagógica, sem nenhum alcance prático". A verdade, ao fim e ao cabo, é que seria ingênuo esperar de Dilma que tivesse chamado governadores e prefeitos para uma conversa objetiva e conse-quente - em vez de brindá-los com "qualquer nota". Pouco antes, Dilma havia recebido os líderes do MPL, que pregam o transporte gratuito. À saída, uma deles, Mayara Vivian, foi ao nervo do problema. "A Presidência", resumiu, "é completamente despreparada."

Iran: o novo presidente, nas paginas da New York Review of Books

Iran’s Man in the Middle

Haleh Esfandiari

The New York Review of Books, June 22, 2013
Iran's president-elect Hassan Rouhani campaigning in Tehran, June 1, 2013
The decisive election of Hassan Rouhani as Iran’s new president has been greeted around the world as a sign that Iranians are tired of hardline policies at home and abroad and are ready to embrace change. But the outcome also raises the question of how the new president might go about it, given Iran’s powerful clerical leadership and long history of quashing reform efforts.
Rouhani will inherit from his predecessor a host of difficult, even insurmountable problems. In the past eight years, such limited freedoms as existed have been severely eroded. The economy is in shambles due to Western-imposed sanctions and outgoing president Mahmoud Ahmadinejad’s reckless spending and misguided policies. With few real friends, Iran is internationally isolated, and its relations with the US and the Europeans are under strain over Iran’s nuclear program, its support for Assad in Syria, and its inflammatory rhetoric on Israel. Negotiations between Iran and the so-called 5+1 (five members of the UN Security Council and Germany) about Tehran’s nuclear program have been deadlocked.
While he is considered a moderate, Rouhani comes to office as an insider. For sixteen years he was head of Iran’s National Security Council (NSC) and for two years Iran’s chief nuclear negotiator. Even today, he sits on the NSC as the personal representative of the supreme leader, Ayatollah Khamenei. He served five terms in the Majlis, or parliament. He sits on two major state councils, one of which, the Assembly of Experts, will elect Khamenei’s successor whenever he passes away. In holding high office, Rouhani was more a team player than a maverick and continues to support many existing Iranian policies. On Syria, since his election he has offered only the formulaic non-answer that the Syrian people should decide their own future through elections.
Critics have noted that Rouhani spoke in support of the harsh crackdown on student protesters at Tehran University in 1999—he later explained he was in the government at the time and could have not done otherwise. He also was silent when security forces brutally crushed protests following the contested 2009 presidential elections, and his explanation for that silence remains unconvincing: he was not then in the government, he said, the nature of the protests had changed, and the protesters were obligated to act within the laws.
Yet Rouhani did not run his campaign as an insider. On many issues, including political freedoms, the growing presence of government informants among student and civil society associations, Iran’s international relations and its nuclear negotiations with the West, and the state of the economy, he used language and adopted a posture at odds with those of the ruling conservatives and, indirectly, of the supreme leader. While regime conservatives paint a rosy picture of Iran’s international standing, Rouhani spoke during the campaign of the “clouded visage” of Iran in the world. Conservatives describe Iran as the freest country in the world, but Rouhani spoke of the “the bowed silhouette” of freedom in the country, and of the need to free political prisoners. Both the Abdorrahman Boroumand Foundation, an Iranian human rights group in Washington, DC, and the International Campaign for Human Rights in Iran estimate the number of political prisoners at any one time at around five hundred, although many hundreds more pass through the prison system for short periods of incarceration. Rouhani also promised to establish a ministry for women’s affairs, to pay attention to women’s rights, and to remove restrictions on women’s access to higher education imposed by the outgoing government. He also spoke vaguely of a “charter of rights” for all citizens.
Regime hardliners have continued to attack their reformist counterparts as “seditionists,” while Rouhani, both during his campaign and in his first press conference after his victory, stressed the need for national reconciliation. He will be the president of all the Iranian people, he said.
Rouhani also embraced and won the endorsement of two former presidents, Hashemi Rafsanjani and Mohammad Khatami. This was significant because both men are identified with the reformist endeavor and have been the target of vicious attacks by the hardliners. Rafsanjani, a pragmatist and ultimate insider (and president in 1989–1997), has been marginalized in recent years due to his centrist policies; and the Council of Guardians, which rules on the qualifications of candidates for the office of president, vetoed his candidacy on the lame excuse that, at age seventy-eight, he was too old to spend more than a few hours a day tending to the presidency. Khatami (president in 1997–2005) ushered in an unprecedented period of expanded freedoms, only to be frustrated by a right-wing backlash.
On the nuclear issue, Rouhani has not strayed far from the official Iranian position—that Iran has a right to enrich nuclear fuel and to the full nuclear cycle, even though it has no intention of weaponizing—but his tone has been far more conciliatory. He has spoken proudly of his success, as Iran’s chief nuclear negotiator, negotiating compromise agreements with the Europeans in 2003 and 2005. Former British Foreign Secretary Jack Straw recalled that in the 2003 negotiations, Rouhani broke a deadlock by working the phones with Iran’s president and supreme leader, securing the flexibility to reach an agreement. In brief, he has a track record for looking for compromise and the middle ground, and he is offering greater transparency on Iran’s nuclear program.
But the obstacles Rouhani faces are formidable. The internal security situation has grown worse in recent years. Journalists and intellectuals are routinely jailed for the mildest challenge to the ruling ideology. According to Amnesty International, Iran executed 314 individuals last year—one of the highest rates of execution in the world in relation to population size. Rouhani will win a lot of credit with the young and the urban middle class if he manages to remove the checkpoints, the security forces, and the morals police from the streets, close the secret detention centers, or if he secures freedom for political prisoners and the two opposition leaders, Mir Hossein Mousavi and Mehdi Karroubi, who have endured house arrest for the last four years. Yet any attempt by Rouhani to ease controls over the press, civic associations, and political activity will be opposed by Iran’s ubiquitous security agencies and by the powerful Revolutionary Guards.
The economy is in dire straits. Mahmoud Ahmadinejad squandered a huge influx of oil revenues on pet populist projects and liberal handouts, without generating much employment or investment in productive industry. Under the impact of sanctions, the Iranian currency has lost more than half its value against the US dollar. Iranian oil exports have been halved. Iran’s once substantial foreign exchange reserves have shrunk. Iranian banks have been virtually squeezed out of international transactions, and Iranian industries are having difficulty securing spare parts and raw materials.
Rouhani understands what needs to be done to reset the economy on a more sensible course, but he is caught on the horns of a dilemma. He cannot resolve Iran’s economic problems without a significant easing of banking and other Western-imposed sanctions. At the same time, the US insists on maintaining sanctions until Iran’s nuclear posture changes; and Rouhani may not be able to persuade Iran’s leader to be more flexible on the nuclear issue unless sanctions are eased.
However, Rouhani’s election has aroused hopes and a sense of movement and possibilities—and pressure from the left to move quickly on multiple issues. Several senior clerics, congratulating Rouhani on his election, have urged him to address the problems of unemployment, inflation, moral decline, political division, and restrictions on political freedoms. Ayatollah Dastghaib, a senior cleric from Shiraz, called on Rouhani to expedite the release of Karroubi, Mousavi, and Mousavi’s wife, Zahra Rahnavard. There are other senior clerics, concerned at the mismanagement and the direction of the country under Ahmadinejad, who would support Rouhani’s efforts; but it is also the case that most of the senior clergy have been intimidated by the hardliners and have been relatively silent in recent years.
Rouhani’s powers are limited: he cannot appoint judges or the chief of the judiciary; he cannot appoint the chiefs of the security forces. But one of his predecessors, Mohammad Khatami, succeeded in removing the intelligence minister—twice—reining in the ministry and purging it of its most notorious elements. Khatami also succeeded in lifting restrictions on the press, book publishing and political association. The security services are much stronger today, but Rouhani has a model he can emulate. And as president, he can at least provide a moral voice and speak out against the widespread violation of human rights.
Clearly Rouhani’s task will not be easy. He will need time; he will need to pick his battles carefully; he will need to show progress without alienating the real centers of power in Iran; he will need support and understanding abroad. And he will need a great deal of luck.
June 22, 2013, 7:55 a.m.

A integracao internacional do Brasil, segundo a FIESP - Rubens Barbosa

'Agenda de Integração Externa'

25 de junho de 2013 | 2h 07
RUBENS BARBOSA *
Na vanguarda de um pensamento moderno e atualizado, que vai na direção contrária à tendência protecionista e defensiva defendida por muitos dentro e fora do governo, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou recentemente o documento Agenda de Integração Externa com propostas para promover a competitividade da indústria nacional por meio de nova estratégia de negociação comercial.
O trabalho, concentrado nos aspectos econômico e comercial, não analisa as questões políticas da projeção externa do Brasil. Trata-se de uma contribuição para o debate sobre como o Brasil deveria enfrentar os grandes desafios que as transformações que ocorrem no mundo colocam para o intercâmbio comercial global. Para a Fiesp, a inserção internacional é parte de uma agenda de competitividade mais ampla, que, se implementada, poderá facilitar o aumento do fluxo de investimento e o maior acesso aos mercados de bens e serviços no exterior.
No cenário externo, a multiplicação dos acordos de livre comércio nos últimos anos e a crescente integração de países e empresas nas cadeias globais de valor agregado trouxeram desafios para a inserção do Brasil. Em especial, a nova dinâmica de regulação do comércio internacional, via acordos preferenciais de comércio, tem ampliado o escopo das regras consolidadas na Organização Mundial do Comércio (OMC), enquanto o Brasil, por causa de sua reduzida rede de acordos, tem ficado à margem dessa dinâmica. Em vista disso, o documento da Fiesp postula que o modelo de inserção produtiva do Brasil deve mudar.
Essa visão, compartilhada pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), contrasta com o imobilismo do governo brasileiro, que, sem uma análise mais profunda como a do setor privado, deixa prevalecer considerações ideológicas que ignoram o que ocorre no mundo. Brasília não está preocupada com a tendência de acordos bilaterais, anunciam porta-vozes oficiais, ignorando, por exemplo, o impacto que pode ter sobre o Brasil um acordo entre EUA e Europa.
As propostas feitas pela Fiesp cobrem a integração regional e extrarregional, as negociações multilaterais, as parcerias econômicas e a reforma da estrutura institucional na área de comércio exterior.
No tocante à integração regional e extrarregional, a Fiesp propõe a imediata reincorporação do Paraguai ao Mercosul e a efetiva incorporação da Venezuela às regras do bloco. Além disso, sugere que o Brasil lidere a definição de países com os quais o bloco deveria negociar acordos de livre comércio. As negociações com Peru e Colômbia, cujo processo de desgravação em relação ao Brasil só se completará daqui a seis anos, deveriam ser aprofundadas e o acesso ao mercado desses países, consolidado. Complementando as negociações comerciais regionais, a Fiesp recomenda ainda a aceleração do processo de integração física pela realização de projetos prioritários para acesso aos portos do Pacífico, de modo a facilitar o escoamento de nossas exportações para a Ásia.
A integração com países de maior desenvolvimento tecnológico e geradores de inovação é outra prioridade. Com a União Europeia, o acordo de livre comércio, em negociação há mais de dez anos, deveria ser concluído até o final de 2014. Caso a Argentina e a Venezuela se tornem um empecilho para a conclusão do acordo, o Brasil deveria flexibilizar as regras atuais e, sob a égide do Mercosul, examinar as listas de produtos individualmente com o parceiro europeu. A decisão de negociar com uma única voz é um falso dilema, pois nada impede acomodar as circunstâncias econômicas e comerciais de cada país por meio de uma diferenciação de listas e cronogramas. Com a América do Norte, os entendimentos com o México e o Canadá deveriam ser acelerados e, com os EUA, iniciados estudos visando à celebração de um acordo de livre comércio.
O documento preconiza também apoio às negociações multilaterais no âmbito da Rodada Doha e, além disso, o fortalecimento da OMC, crucial para a transparência e a aplicação das regras comerciais.
Parcerias com potencial de desenvolvimento com países africanos, os Brics e países de língua portuguesa (CPLP) deveriam merecer apoio especial com vistas à ampliação das exportações de manufaturas.
Pelo lado das políticas públicas, além do aprimoramento dos mecanismos de financiamento, a Fiesp apoia a negociação de acordos para evitar a bitributação e de proteção de investimentos estrangeiros no Brasil e de empresas brasileiras no exterior, em particular na América do Sul e na África.
A interveniência de mais de dez ministérios e órgãos do governo no processo decisório de comércio exterior, além do número excessivo de normas legais, dificulta e burocratiza as atividades ligadas ao intercâmbio externo. Tendo em vista a estrutura do atual processo decisório interno, a Fiesp considera que será necessário priorizar e reforçar a Câmara de Comércio Exterior (Camex). Nesse sentido, a Fiesp propõe que a Camex seja o ponto focal da formulação da política de comércio exterior e da negociação externa e que o órgão seja vinculado diretamente ao presidente da República, de modo a que ganhe peso político maior no contexto da política econômica e possa ampliar a coordenação interna.
A Fiesp reconhece que a integração econômica com o exterior traz desafios à indústria. A baixa competitividade da economia do País representa um obstáculo quando se trata de negociar acordos que liberalizam o intercâmbio comercial brasileiro. Esse fato, porém, não deveria afastar a possibilidade de entendimentos com terceiros países, enquanto faz-se imprescindível que o governo e o setor privado avancem numa agenda de eliminação ou, ao menos, de redução do custo Brasil.
Para a Fiesp, o isolamento do processo de mudança no comércio internacional e o protecionismo não são opções para o Brasil.
* RUBENS BARBOSA É PRESIDENTE DO CONSELHO DE COMÉRCIO EXTERIOR DA FIESP.

Governo enxugando gelo, tratando dos efeitos, nao das causas - Celso Ming

E as questões de fundo?

25 de junho de 2013 | 2h 10
CELSO MING - O Estado de S.Paulo
Tanto o governo federal como os estaduais apressam-se a atender a algumas das reivindicações apresentadas nas manifestações que acontecem há três semanas pelo Brasil. O risco é de que se limitem a resolver apenas os problemas imediatos e não os de fundo, que são as distorções da economia, como os gastos públicos desordenados e a inflação.
Na semana passada, em ação coordenada pelo governo federal, governadores e prefeitos trataram de cancelar os reajustes da condução. Em São Paulo, por exemplo, o aumento de R$ 0,20 nas tarifas de ônibus e metrô foi sumariamente cancelado e não apenas adiado, como já tinha sido. E, ontem, o governador Geraldo Alckmin antecipou-se às manifestações e tratou de cancelar novo reajuste do pedágio.
Além disso, a presidente Dilma, governadores e prefeitos se dispuseram a dialogar com as lideranças dos movimentos para terem melhores condições de atender às reivindicações. Paralelamente a essas iniciativas, aumenta a pressão para resolver as principais questões políticas mostradas pela rua, como a falta de representação dos jovens e das novas classes médias nos fóruns de decisão política e econômica. Daí as inúmeras declarações de que deva ser necessário apressar a reforma política, pleito com que ainda no período Lula o governo já se havia comprometido, mas ao qual não deu seguimento.
São providências necessárias e, até certo ponto, inadiáveis. Portanto, têm de ser levadas adiante. No entanto, infelizmente, não se vê a mesma disposição das autoridades em atender às mais importantes questões econômicas de fundo, que são as causas do descontentamento.
No discurso de sexta-feira em cadeia de rádio e TV, a presidente Dilma não se referiu a nenhuma das questões econômicas que permeiam a falta de confiança e a insatisfação da sociedade.
É óbvio que os reajustes das tarifas de condução não são o problema principal. Ele está na inflação que impôs os reajustes. A inflação, por sua vez, voltou a disparar em consequência de outros desajustes, sobre os quais até mesmo o Banco Central tem se manifestado reiteradamente e que permanecem sem resposta.
No pronunciamento de sexta-feira, a presidente Dilma não fez nenhuma referência, nem explícita nem implícita, às causas econômicas dos atuais distúrbios políticos e sociais. Isso não significa que as ignore. Mas, à falta desse foco, a sociedade corre o risco de que as doenças subjacentes permaneçam sem tratamento.
A simples eliminação dos reajustes da condução e do pedágio, por exemplo, tende a aprofundar os atuais desequilíbrios orçamentários. As receitas serão mais baixas e as subvenções tendem a aumentar. Como o impacto sobre a atividade econômica tende a ser ainda mais acentuado pelo crescimento mais baixo, as receitas públicas sofrerão ainda mais. E, se a tudo isso se juntar a crescente deterioração da confiança no governo, então estamos diante de um quadro que exige bem mais atenção das autoridades do que a que vem sendo dispensada. Ontem, a presidente Dilma anunciou a amarração de um Pacto de Estabilidade Fiscal. Pode ser um bom recomeço, embora não se saiba ainda o que isso significa.

Ate o Wall Street Journal se confunde com a confusao politica brasileira

A matéria pretenderia ser informativa, mas só consegue ser confusa, como aliás tudo o que ocorre no Brasil atualmente. O jornalão capitalista está perdoado: o Brasil não é para principiantes, só para acabantes...
Paulo Roberto de Almeida 

Brazil's President Offers Referendum

    By 
  • JOHN LYONS
  •  And 
  • MATTHEW COWLEY
The Wall Street Journal, 25/06/2013
SÃO PAULO—Brazilian President Dilma Rousseff called for a national referendum on overhauling a political system often criticized as unaccountable and corrupt, unveiling a far-reaching response to two weeks of mass demonstrations that have rocked this South American nation.
AFP/Getty Images
Brazilian President Dilma Rousseff Monday summoned state governors and city mayors to hear the grievances of protesters.
Under Ms. Rousseff's plan, Brazilians would vote on whether to convene an assembly to potentially alter the country's 1988 constitution. She announced other initiatives, including a bill to make political corruption a serious felony, rather than a minor offense, and additional funding for health and education.
The plan, announced at an emergency meeting with state governors and city mayors, underscored concern with the near-daily protests that have killed four people, brought cities to a standstill and threatened Ms. Rousseff's popularity. In it, Ms. Rousseff seeks to resolve what many see as the root of a matrix of national grievances expressed by protesters, from the poor quality of public services to corruption.
"This could release enormous political energy and, if done right, could be a way for her to come out on top," said Paulo Sotero, who directs the Brazil Institute at the Woodrow Wilson Center in Washington. "Every Brazilian knows the political structure is completely messed up, and though the initiative to change it is coming from the street, she is showing she is listening and understands it."
By responding to protesters' demands, Ms. Rousseff has adopted a different strategy from the heavy-handed responses of other developing-world leaders who have faced mass demonstrations, such as Turkey's Recep Tayyip Erdogan.
Much of the explanation lies in the fact protesters weren't targeting Ms. Rousseff explicitly. And Ms. Rousseff, a former Marxist guerrilla and the country's first female president, still sees herself as a revolutionary in office dedicated to improving governance in a country that shed a military dictatorship in 1985.
In her speech, Ms. Rousseff defended her record, and that of her Workers Party, in power for the past decade. She cited low employment, years of economic growth and promised to leverage the street protests into long-standing changes.
"Everyone knows what the problems are. And we also know about the innumerable difficulties to resolve them," Ms. Rousseff said. "I have encountered since taking office, numerous obstacles, but the energy that is coming from the streets is bigger than any obstacle."
Protests began two weeks ago over bus fares in São Paulo, and spread countrywide. At least a million people have taken to the streets in protests that were tinged with violence last week. Rio de Janeiro officials reported looting outbreaks, while in Brasília a mob trashed the entrance to the Foreign Ministry. Demonstrators set fires and blocked roads, while police responded with tear gas and rubber bullets.
At the center of the complaints is a perception of impunity for corrupt politicians. Mass protests helped bring down a president, Fernando Collor, in 1992, amid corruption charges. But he is back in the Senate. The supreme court convicted two dozen politicians in a vote-buying scheme this year, but none has gone to jail.
Brazilian leaders have long talked about overhauling the political system, but the proposals died in Congress. Chief among the proposals is making representatives more accountable to voters. Under the current system, lawmakers are appointed by their parties and don't have to campaign against challengers in home districts. Proposals to create district votes and primaries would likely be discussed by a constitutional assembly. Although there is broad support for changes to the system, debate over the changes will be heated, and some opposition officials said they are skeptical.
"We still don't know what she's proposing, it's just another empty speech so far," said Rubens Bueno, leader of the Socialist People's Party in Brazil's lower house of Congress.
It isn't clear whether all Ms. Rousseff's ideas will get through Congress. For example, she wants to dedicate oil royalties to education, a move state leaders have opposed. She also called for importing doctors from Cuba and elsewhere, a plan opposed by Brazilian doctors' groups.
The demonstrations have come at a tricky time for Brazil. The country currently is hosting a Confederations Cup soccer tournament, a dry run for next year's soccer World Cup. But the expensive World Cup stadiums have attracted the ire of protesters who say the money should have been spent on hospitals and schools. It wasn't clear how Ms. Rousseff's overtures would be received on the streets. Protests are planned for Wednesday in the city of Belo Horizonte and perhaps on Sunday in Rio de Janeiro, the site of the soccer tournament finals.
"It is one way, at least, that the government shows they understand that the people were not heard in elections and in the media," said Ernani Fernandes, co-founder of the Movement Against Corruption, one of the protest groups.
—Tom Murphy, Luciana Magalhaes and Loretta Chao contributed to this article.
Write to Tom Murphy at tom.murphy@dowjones.com
A version of this article appeared June 25, 2013, on page A11 in the U.S. edition of The Wall Street Journal, with the headline: Brazil's President Offers Referendum.

My God: agora sim o Brasil vai afundar na confusao mental e no caos institucional...

Os que me conhecem sabem que não sou religioso. Não tenho absolutamente nada contra as religiões em geral, embora possa ter contra uma ou outra em particular, aquelas obscurantistas e fundamentalistas, exclusivistas, intolerantes (mas isso é mais da prática do que dos fundamentos).
Sou irreligioso, portanto. Mas acredito, me desculpem os agnósticos, que, agora, só Deus salva o Brasil da loucura que tomou conta de todas as esferas, horizontais e verticais, das instituições federais, estaduais, municipais, executivas, legislativas, judiciárias, de esquerda, de direita, de centro, de cima para baixo (fui claro?).
Não acredito, realmente, que isso esteja acontecendo no Brasil.
As pessoas enlouqueceram, ou já eram assim e ainda não tínhamos percebido?
My God, repito, o Brasil vai muito mal, mentalmente falando, e isso vai repercutir em todas as áreas do país, sobretudo na economia, na política, nas instituições, no simples convívio social.
Achávamos que estávamos ao abrigo das loucuras bolivarianas, e talvez sim, pois já não temos caudilhos como os pobres irmãos regionais. Temos coisa pior: uma categoria inteira de dirigentes sem noção do que seja uma república. Nosso bolivarianismo por enquanto é apenas um bovarismo inconsequente, e acho que nada disso vai dar certo. Mas pode ser que algumas coisas passem, e aí o Brasil vai ficar pior, muito pior.
Paulo Roberto de Almeida

Planalto decide enviar proposta de plebiscito ao Congresso
Gabriel Castro
VEJA.com, 26/06/2013

A presidente Dilma Rousseff decidiu na noite desta terça-feira que vai enviar ao Congresso uma proposta de plebiscito para que a população decida sobre os pontos centrais da reforma política – inclusive a respeito de temas que exigem mudança constitucional. A ideia de uma Assembleia Constituinte foi descartada definitivamente. A resistência do Congresso e as críticas de juristas levaram o governo a tomar a decisão. A informação foi confirmada pelo Palácio do Planalto na noite desta terça-feira. Ainda nesta semana, a presidente deve receber líderes partidários da base e da oposição para definir os temas a ser colocados em votação.
O governo, que até agora assistira impassível à paralisia do debate sobre a reforma política no Congresso, passou a ter pressa: quer que as mudanças sejam aprovadas até o fim de setembro, a tempo de valer para já nas eleições de 2014. “O objetivo é a brevidade, porque qualquer mudança legal se faz sempre até um ano antes da vigência de qualquer eleição. Nós temos que fazer isso com bastante objetividade, e vamos encaminhar o mais rápido possível ao presidente da Câmara e do Senado a proposta do Executivo para a realização do plebiscito”, afirmou nesta terça-feira o ministro da Educação, Aloízio Mercadante, que tem atuado como articulador e conselheiro político da presidente.
O governo vai procurar a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, para avaliar os prazos necessários à realização da consulta popular. “Nós não temos tempo hábil para realizar uma Constituinte”, admitiu Mercadante. Nesta segunda-feira, o governo havia anunciado a convocação de um plebiscito para que a população decidisse sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva para realizar a reforma política. Depois, na manhã desta terça-feira, veio o recuo: a presidente passou a ver com simpatia a proposta da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que propunha um plebiscito para que a população decidisse diretamente sobre eventuais mudanças na legislação – mas, para simplificar o processo, tema que exigissem mudanças na Constituição, como a adoção do voto distrital, ficariam de fora.
No fim do dia, depois de se reunir com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa – que acha imprescindível a colocação de temas constitucionais em pauta – e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Dilma bateu o martelo e optou pelo modelo anunciado por Mercadante.

Reunião
A decisão de manter o plebiscito foi tomada em uma reunião entre Dilma e os presidentes do Senado e da Câmara. Agora, em vez de se convocar uma constituinte para a votação da reforma política, o que é altamente contestável juridicamente, os parlamentares utilizariam o resultado colhido no plebiscito para elaborar projetos de lei e emendas constitucionais que possam levar à reformulação do sistema político nacional.
“Tratamos a questão da reforma política como foco de todos nós, e a ideia proposta pelo vice Michel Temer, com nosso apoio e concordância da presidência da República, é que façamos um plebiscito em questões pontuais da reforma política. A presidente vai propor os pontos que ela considera, segundo sua ótica, importantes. Nós acrescentaríamos os nossos e se faz um plebiscito em torno da reforma política”, relatou o presidente da Câmara.
De acordo com Alves, o TSE seria responsável por realizar campanhas educativas para esclarecer o eleitorado sobre as principais possibilidades de mudança nas regras eleitorais. “Haveria uma campanha pelo TSE esclarecedora e, após a manifestação popular, nós traríamos a esta casa e elaboraríamos rapidamente um projeto de reforma política. Dilma não só concordou como apoiou”, disse ele.

Mais cedo, Michel Temer voltou a afirmar que a convocação de uma constituinte exclusiva para votar a reforma política seria “inviável”. “Para a solução atual não se faz necessário uma constituinte. O que se faz necessário é consultar o povo. O povo vai dizer qual a reforma política que quer, se voto distrital, se voto em lista, se financiamento público. E depois o Congresso tem que ser obediente à decisão”, opinou o vice-presidente.

O Brasil a caminho do caos: agora nao falta nenhum poder para a confusao mental e a perda de rumos

Pronto, em menos de dois dias, os três poderes da república (minúsculas, por favor) se esmeraram no besteirol. Todo mundo teve direito a seus momentos de mídia, na maior confusão mental a que já assistimos por centímetro quadrado naquela ampla praça dos três poderes (diminuídos mentalmente, certamente).
Executivo, Legislativo e Judiciário se uniram num coro comum da irracionalidade, da perda completa do bom senso, no esmero da loucura, diria um poeta.
Lamento, e profundamente, constatar, que estamos sendo governados por pessoas que fazem questão de demonstrar, publicamente, que não estão preparadas para os cargos que ocupam.
Não pretendo dar aulas de direito constitucional a ninguém.
Nem sou psicólogo de massas, sou apenas membro dessa tribo de masturbadores sociais que são os sociólogos (mas não exerço, a não ser clandestinamente).
Mas me permito dizer que o que mais caracteriza o Brasil, atualmente, em todos os níveis, em todas as direções, é a mais perfeita confusão mental a que temos assistido desde Cabral.
Nunca tantos, em tão pouco tempo, exerceram, em grau tão alto, o seu direito ao besteirol...
Paulo Roberto de Almeida

Barbosa diz que influência dos partidos no processo político deve ser “mitigada”
Gabriel Castro
VEJA.com, 25/06/2013

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, fez várias críticas nesta terça-feira aos partidos e ao sistema eleitoral brasileiro e defendeu uma reforma política rápida, baseada na vontade popular. Segundo ele, a influência dos partidos no processo político precisa ser “mitigada, embora não eliminada”. O Brasil, segundo ele, vive uma crise de representação política que requer “pitadas de consulta popular” para ser superada.
Barbosa disse ser a favor da possibilidade de candidaturas avulsas a cargos públicos. Disse também ser amplamente favorável ao sistema de voto distrital, que cria uma relação mais estreita entre o eleitor e seu representante e permite a adoção de ferramentas como o “recall” – a retirada do mandato de um político que se afasta da plataforma que o levou ao cargo.
Consulta popular
O presidente do STF evitou comentar a legitimidade de uma eventual assembleia constituinte para realizar a reforma política, mas deu a entender que é a favor da realização de uma consulta popular para tratar do tema. “No momento de crise grave como o atual, a propositura de reforma via emenda constitucional seria viável? Essas propostas já não tramitam no Congresso Nacional há anos? Houve em algum momento demonstração de vontade política de levar adiante essas reformas?”, indagou o ministro. Segundo o presidente do STF – cuja função principal é resguardar a constituição e o sistema legal brasileiro – o momento não deve ser de preocupação com questões técnicas legais, “porque o Direito não se discute de forma dissociada da realidade”.
Sobre a proposta apresentada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e recebida com simpatia pela presidente Dilma Rousseff, sugerindo a realização de uma reforma que não envolvesse mudanças na Constituição, Barbosa disse que a hipótese está descartada. “Não se faz reforma política no Brasil sem alteração na Constituição. Qualquer pessoa minimamente informada sabe que isso é essencial”, afirmou Barbosa. “Está descartada a ideia de uma reforma política eficaz, consistente, através e lei ordinária”. O ministro lembrou que temas essenciais à reforma, como a discussão sobre o voto distrital, dependem de emendas à Constituição para sair do papel.
Presidência
Barbosa disse que “não tem a menor vontade” de se candidatar à Presidência da República neste momento. Indagado sobre uma pesquisa do Datafolha que o apontou como candidato favorito entre os manifestantes que têm ocupado as ruas de São Paulo, ele disse que o fato de ter seu nome citado em pesquisas eleitorais é “excelente” do ponto de vista pessoal, e que se sente “lisonjeado”, mas que participar de eleição não está no seu horizonte.
Barbosa fez as declarações durante longa entrevista coletiva após se reunir com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, nesta terça-feira. O encontro foi feito a pedido da presidente, que tem ouvido representantes da sociedade e do poder público na tentativa de construir uma agenda que dê uma resposta às recentes manifestações populares.
Mensalão
Barbosa disse ainda que os protestos nas ruas podem ter um efeito sobre o julgamento nos embargos do processo do mensalão – não sobre o mérito da decisão dos ministros, mas sobre o prazo da conclusão dos trabalhos. “Se os movimentos persistirem, eu acredito que isso vai interferir no sentido de termos uma resposta rápida. E essa resposta eu já tenho há algum tempo: eu já deixei claro que esses embargos vão ser julgados em agosto”, afirmou Barbosa.

Judiciário
O ministro defendeu uma “reforma radical” no modelo de promoção de juízes, para que a influência de interesses políticos seja reduzida e o tempo de carreira seja mais valorizado. Ele também criticou a presença de advogados atuando como ministros nos tribunais eleitorais, e disse ser a favor da proibição dessa prática.

Agora sim: o Brasil a caminho do caos: o sistema politico enlouqueceu...

Socorro, parem o Brasil! Quero descer!
Sinceramente, não consigo viver numa casa de loucos...
Os políticos, com poucas exceções, enlouqueceram, endoidaram, ficaram malucos (ou já eram e a gente não sabia).
Inacreditável onda de insanidade que atinge os mais altos escalões da república.
Eu era moderadamente pessimista. Acho que vou ter de agravar o diagnóstico do paciente.
Loucura sanável, para loucura demencial.
Vai ser difícil curar.
Talvez tenhamos de internar o paciente numa UTI, o que vai resultar em grande perda para a sociedade.
Vejam o que disse o presidente do Senado, tal como capturado pela Veja.com (jornalistas confundem fiança com finança..., mas esses são os jornalistas da reserva de mercado).
Paulo Roberto de Almeida

Presidente do Senado, Renan Calheiros, adere às teses de Dilma (e acrescenta outras)
VEJA.com, 25/06/2013

Com o Congresso Nacional pressionado pelas manifestações pelo país, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB- AL), anunciou nesta terça-feira a votação de um ambicioso pacote de vinte projetos, para ser aprovado no prazo recorde de até quinze dias, e disse que apoia a proposta da presidente Dilma Rousseff de realizar um plebiscito para a reforma política no país.
“Quero ressaltar que apoio o plebiscito para a reforma política. A presidente deu a direção e é importante, muito importante, que ela persevere, concretize a sua proposta, mande a sua proposta para o Congresso Nacional”, disse.
A despeito da tentativa de reverter a histórica inércia do Legislativo, a agenda anunciada por Renan retrata a confusão que se estabeleceu no país. Acuados, senadores e deputados agora se propõem, por exemplo, a votar projetos que patinam há anos no Congresso, outros que tratam de temas sobre os quais seria necessário construir consenso, e ainda matérias que seria impossível aprovar em duas semanas sem atropelar a lógica de tramitação de propostas no Legislativo.
Além disso, Renan também fez questão de prometer aprovar um projeto instituindo o passe livre para estudantes, tema que desencadeou a onda de protestos pelo Brasil há vinte dias. Os recursos para bancar a iniciativa, segundo ele, sairão dos royalties da exploração do petróleo da camada pré-sal.
Segundo Renan, a agenda foi combinada com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que já prometeu votar a PEC 37. Após o pronunciamento, o presidente seguiu para o Palácio do Planalto para comunicar as decisões à presidente Dilma Rousseff. Em síntese, o pacote de projetos abarca medidas nas seguintes áreas:
1. Pacto federativo: mudança do indexador das dívidas estaduais, rediscussão do ICMS, dos royalties e da partilha dos impostos do comércio eletrônico;
2. Segurança: vincula receitas líquidas da União, estados e municípios para a segurança pública, por um período de cinco anos, e o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, que aumenta a pena de traficantes. Outro projeto agrava os crimes de homicídio, não permitindo que os criminosos não possam responder em liberdade;
3. Corrupção: votação d o projeto que fixa a corrupção como crime hediondo, sem direito ao regime semiaberto nem finanças; votar a emenda constitucional que estende a exigência da ficha limpa aos servidores púbicos; votar projeto que pune juízes e membros do Ministério Público condenados em crimes
4. Educação: votar o Plano Nacional de Educação, que destina 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação;
5. Transporte: criação do passe livre para os estudantes, com os recursos dos royalties do petróleo indo para a educação

6. Saúde: aprovar projeto que destina 10% do PIB para saúde pública.

O Brasil a caminho do caos? - Assim e', se lhe parece...


Os jornalistas do site www.uol.com.br informaram há pouco que em reunião na manhã desta terça-feira (25), as centrais sindicais definiram o dia 11 de julho como data para os protestos que farão em todo o país. Eis o que informou o site, que pertence a O Globo e Folha:

"Será um dia nacional de luta com greves e manifestações em todos os Estados", disse o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva. "Vamos parar contra a inflação e para pedir também mudanças na política econômica do governo." Conforme a Folha antecipou na edição desta terça-feira, as cinco centrais sindicais decidiram realizar os atos para pedir a retomada das negociações da pauta dos trabalhadores, aproveitando a onda de protestos que vêm pedindo qualidade no transporte público e contrários ao aumento das tarifas.

. Na pauta das centrais sindicais estão o fim do fator previdenciário, 
a redução da jornada de trabalho para 40 horas e o projeto de lei que permite ampliar a terceirização. 

Também estão na pauta o direito de greve dos servidores e o fim das demissões imotivadas para diminuir a rotatividade de empregos. Essas duas últimas reivindicações se referem às convenções da OIT 151 e 158.

. A reunião durou cerca de duas horas e participaram dirigentes das cinco centrais reconhecidas pelo governo: Força, CUT, UGT, CTB e Nova Central, além de CSP-Conlutas e CGTB.

. As centrais querem mais recursos em educação, saúde, transporte e segurança.


- As manifestações não são vinculadas à greve geral que está sendo marcada pelas redes sociais para o dia 1º de julho.

A frase da semana (que vai gerar reclamacoes internacionais) - Gilmar Mendes


“O Brasil dormiu como se fosse Alemanha, Itália, Espanha, Portugal em termos de estabilidade institucional e amanheceu parecido com a Bolívia ou a Venezuela. Isso não é razoável. Não é razoável ficar flertando com uma doutrina constitucional bolivariana. Nós temos outras inspirações.”

Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal
25/06/2013

Uma nota oficial para dizer... absolutamente nada... (ufa, pelo menos isso)

Bem, pelo menos não tem erros de Português, embora pudesse ser melhor escrita.
Mas não nos enganemos. Eles vão continuar tentando engabelar e construir o fascismo corporativo por todos os meios.
Insistir num plebiscito em torno do quê, exatamente? Dizer sim ou não para a reforma política?
Eu também quero, embora ache impossível, irrelevante, perda de tempo. Depende de qual reforma política, e isso não dá para resolver por sim ou não.
Por exemplo: estabelecer a verdadeira proporcionalidade: um eleitor, um voto. Vai ser no sim ou não?
Bem, já que o governo vai ouvir outras propostas de reforma política, este blog também vai fazer as suas...
Paulo Roberto de Almeida

Em relação às declarações de hoje do presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, a Presidência da República esclarece:

1. A presidenta Dilma Rousseff recebeu hoje o presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, e o diretor do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, Márlon Reis, que lhe apresentaram uma proposta de reforma política baseada em projeto de lei de iniciativa popular.
2. A presidenta da República reiterou a relevância de uma ampla consulta popular por meio de um plebiscito.
3. A presidenta ouviu a proposta da OAB, considerou-a uma importante contribuição, mas não houve qualquer decisão. O governo continuará ouvindo outras propostas de reforma política que lhe forem apresentadas.

Secretaria de Comunicação Social

Presidência da República

terça-feira, 25 de junho de 2013

Que eles comam futebol - Elio Gaspari no NYTimes

Uma frase significativa: o número de vândalos nas manifestações é inferior ao número de ladrões nos contratos governamentais.
PT oblige...



OP-ED CONTRIBUTOR

Let Them Eat Soccer

  • FACEBOOK
  • TWITTER
  • GOOGLE+
  • SAVE
  • E-MAIL
  • SHARE
  • PRINT
  • REPRINTS

SÃO PAULO, Brazil — SINCE early June, protests that began out of anger over public transit fare increases have spread across Brazil, filling the streets of São Paulo, Rio de Janeiro and dozens of other cities with hundreds of thousands of demonstrators. On June 13, the police cracked down violently and the protests mushroomed. Finally, after seven days, the government of President Dilma Rousseff pushed governors and mayors to cancel the fare increases they had presented as the inevitable price of a modern market economy.

Bratislav Milenkovic

Related in Opinion

Opinion Twitter Logo.

Connect With Us on Twitter

For Op-Ed, follow@nytopinion and to hear from the editorial page editor, Andrew Rosenthal, follow@andyrNYT.

The cost of public transportation for a family living in Rio or São Paulo is, proportionally, higher than in New York or Paris. Yet, the service delivered is humiliating. In 2009, security guards of a train company that services the Rio metropolitan area used whips on passengers during rush hour crowding. The mayor of Rio has proudly declared that during his tenure not a cent is being spent on subsidizing public transportation. Yet he was able to find $560 million of public money to spend on the renovation of the iconic Maracanã stadium to meet the requirements of next year’s FIFA World Cup.

At a time when federal, state and municipal taxes eat up 36 percent of Brazil’s gross domestic product without providing public services minimally compatible with what is expected from government, at least $13 billion is being poured into 12 soccer stadiums to host the World Cup. An additional $12 billion is being spent on projects to host the2016 Summer Olympics in Rio.

But delusionary modernism has its pitfalls. The same day the first protests started in São Paulo, the city’s mayor and the state’s governor happened to be in Paris trying to land yet another global mega event — the 2020 World’s Fair. A few days later, when the protesters were climbing atop the Congress building in Brasília, a landmark of Oscar Niemeyer’s architecture, the president of the House of Representatives was visiting Moscow.

The lavish lifestyle of high-ranking public servants (generous travel expenses, official cars with drivers, offensively large paychecks) has become a rallying point for the protests.

It is as if there are two Brazils. One is expected to shout — but only in stadiums. The other does as it pleases.

When Ms. Rousseff attended a Confederations Cup soccer match between Brazil and Japan last week, she was incensed when waiters started serving Champagne and caviar in the V.I.P. section. After she complained, popcorn soon materialized for the luminaries. Notwithstanding her protest, Ms. Rousseff was soundly booed by the rest of the crowd.

In today’s Brazil, there is too much caviar for the elite — and the people have noticed. That realization, along with outrage at widespread corruption, has helped the current outcry cross class, party and generational lines.

In 2005, the government of Luis Inácio Lula da Silva, then Brazil’s president, was caught in a vast cash-for-vote scandal. The plot, which became known as “mensalão,” because the bribe payments were made monthly, shattered expectations. Mr. da Silva’s government had been widely trusted to lead a fight against corruption. Suddenly, a former president of his Workers’ Party and his own chief of staff were caught up in a scandal.

Almost eight long years later, Brazil’s Supreme Court sentenced 25 of the accused. Their sentences ranged from 2 to 40 years in prison. But none are actually behind bars yet, and legal appeals could continue for another couple of years.

To grasp the significance of this, Americans need only contemplate their rage if the Watergate scandal had dragged on, enabling Richard M. Nixon to finish his second term, help elect a handpicked successor from his own party in 1976 and then watch all those indicted, tried and convicted walk free eight years later.

When the riot police in São Paulo fired rubber bullets and tear-gas bombs at protesters, they probably thought they were dealing with a couple of thousand worthless rioters. How could a national protest against bus-fare increases averaging less than 10 cents possibly be representative of modern Brazil, where people drive cars and, whenever possible, go shopping in Miami or New York?

But all who witnessed that very first act of police aggression know it was deliberate. It was gratuitous. And it was a colossal mistake.

In the face of growing protests, governors and mayors — who at first were intransigent — rushed to lower the transportation rates. Ms. Rousseff praised the shouting crowds, then conferred with Mr. da Silva and his spin doctors. Last week, in a much anticipated address to the nation, she declared that the voice of the streets was being heard and announced programs to promote better education and health care. On Monday, she took a more personal step, meeting with the leaders of the movement that triggered the protests. Her immediate aim is to survive the final week of the Confederations Cup without a major catastrophe in the streets.

As the protests have intensified, there have been cases of looting and vandalism. But the great majority of the protesters aren’t rioters, nor should the rioters be mistaken for protesters.

Indeed, it would be safe to assume that the percentage of violent troublemakers among the protesters is smaller than the number of thieves among the negotiators of government contracts.

Elio Gaspari, a columnist for the Brazilian newspapers O Globo and Folha de São Paulo, is the author of a multivolume history of Brazil’s military dictatorship.

O (Nao) Sistema Financeiro Internacional, Fritz Machlup e o fim de Bretton Woods - book review

 EH.NET BOOK REVIEW ------
Title: Reforming the World Monetary System: Fritz Machlup and the Bellagio Group

Published by EH.Net (June 2013)
Carol M. Connell, Reforming the World Monetary System: Fritz Machlup and the Bellagio Group.  London: Pickering & Chatto, 2013.  xi + 271 pp. $99 (hardcover), ISBN: 978-1-84893-360-6.

Reviewed for EH.Net by Herbert Grubel, Department of Economics, Simon Fraser University.

Carol Connell is Professor of Finance and Business Management at Brooklyn College.  Her book’s main focus is on the achievements of Fritz Machlup, a legendary personality who was a member of a group of economists who fled Austria during the 1930s and who for many years taught economics at Princeton University.  The material in the book is based on the study of Machlup’s letters and other documents archived at Stanford University.  The author writes with exemplary clarity in a superb analytical framework.
Machlup was keen on research methodology, which is one of Connell’s professional interests as it applies to decision making in business.  As a result she discusses in some detail how Machlup imposed his methodological ideas on the deliberations of groups of academics, officials and business leaders concerning the problems faced by the international monetary system starting in the late 1950s.  He insisted that conference participants present their views on current problems and spell out the assumptions they used reaching them.  He then encouraged participants to discuss and challenge each other’s views and assumptions, expecting the group to arrive at a clear understanding of the problems faced by the international monetary system at the time.  Out of this understanding was expected to emerge a solid set of recommendations for changes in policy and institutions.
These discussions started in 1964 at meetings held in Bellagio, at a Villa owned by the Rockefeller Foundation, overlooking beautiful Lake Como in Italy.  The leading personalities and intellectual driving forces behind the initial Bellagio group meetings besides Machlup were Robert Triffin and William Fellner, who both had great influence on my professional development and interests as my teachers at Yale (1958-62).  Connell meticulously lists all of the participants at the Bellagio group meetings and a number of other groupings of individuals that emerged later.  The list of participants reads like a Who’s Who of the international economics establishment of the period 1950-80.
The problems of the international monetary system in the 1950s had their roots in the decision made at Bretton Woods in 1944 to create a collective institution that centered on fixed exchange rates in an effort to avoid a repeat of the chaos caused by competitive devaluations during the Great Depression of the 1930s. 
In this system, dollars convertible into gold provided the world central banks with liquidity needed to deal with temporary payments imbalances.  Triffin in a 1960 book argued that this system resulted in a dilemma.  The supply of liquidity depended on continuous U.S. deficits, which were unsustainable as they decreased the ratio of the country’s gold holdings over the dollar obligations held by foreigners.  If the U.S. stopped running deficits, the supply of reserves would dry up.  If the price of gold were raised, countries would no longer be willing to hold dollars because of the risk that future price increases would result in financial losses.
The solutions needed to deal with this dilemma in principle were identified by Machlup’s groups as “adjustment, liquidity and confidence.”   The specific recommendations surrounding adjustment involved a wide range of ways in which exchange rates could be made flexible.  Milton Friedman was the dominant proponent of totally freely floating rates.  Adjustable pegs with and without bands, crawling pegs and other variants were advocated by different people. 
The solution to the liquidity problem similarly elicited many different suggestions involving such arrangements as multiple currency reserves, ex ante agreements among central banks to provide liquidity to each other and the expansion of IMF resources in the form of Special Drawing Rights.  No solutions were offered to speculative capital flows in the wake of confidence lost in countries’ ability to maintain an official exchange rate.  After she presents the gist of all of these ideas for reform, Connell concludes “These were exciting days to be an economist.”
The author considers what influence the work Machlup and his committees had on public policy.  She provides quotes from prominent economists and officials suggesting that the influence was substantial.  However, the professional consensus about the need for greater exchange rate flexibility was also driven by a paradigm shift away from reliance on all-knowing policy makers to the increased use of market signals and from Keynesian demand management and the Philips Curve concept to monetarism and its emphasis on price stability.
There is no doubt that the present international monetary system works better than it did in the period when Machlup did his work, not because of the adoption of any one of the grand reform schemes discussed in many of the meetings he had organized.  It works better for the practical reasons that the world has accepted the non-convertibility of dollars into gold and that if a country no longer wishes to accumulate dollar reserves, it can always use national policies to stop running payments surpluses.  The United States in essence is pursuing the policy of “benign neglect” proposed by Gottfried Haberler at the height of the international financial crisis in the late 1960s.  The IMF is a useful forum for discussion and source of intelligence, but the system works acceptably well without its exercise of power over national policies envisaged by utopian planners in the past.
The flexible exchange rate system has allowed countries the freedom to pursue domestic economic policies without external restraints, but it has given rise to the most pressing problems of our era – irresponsible politicians running unsustainable budget deficits. 

Herbert Grubel, Professor of Economics (Emeritus) at Simon Fraser University, is the editor of World Monetary Reform: Plans and Issues, Stanford: Stanford University Press (1963) and of The International Monetary System: Efficiency and Practical Alternatives, Penguin Books (first edition 1969, fourth and final edition 1987).
Copyright (c) 2013 by EH.Net. All rights reserved. This work may be copied for non-profit educational uses if proper credit is given to the author and the list. For other permission, please contact the EH.Net Administrator (administrator@eh.net). Published by EH.Net (June 2013). All EH.Net reviews are archived at http://www.eh.net/BookReview

Geographic Location: General, International, or Comparative
Subject: Financial Markets, Financial Institutions, and Monetary History
Time: 20th Century: WWII and post-WWII