Enquanto estamos com a mão na massa, e para que não se pense que eu levo os antiglobalizadores na brincadeira, permito-me reproduzir aqui abaixo uma lista não-exaustiva de meus trabalhos puramente opinativos (embora alguns contenham trabalho de pesquisa também) sobre os alternativos surrealistas.
Eu me permito atacá-los assim pois não tenho encontrado, infelizmente, argumentos sustentáveis que possam apoiar suas teses. Ou seja, não encontro coerência interna, comprovação empírica, adequação analítica e exequibilidade nessas afirmações dos antiglobalizadores.
Eles são livres -- o que aliás não é o caso de alguns países que eles apoiam -- de atacar minhas teses e argumentos, mas que pelo menos o façam com o mínimo de racionalidade.
Nem todos os trabalhos estão linkados, mas todos eles podem ser lidos. Quem tiver interesse em algum, pode procurar pelo nome em meu site (www.pralmeida.org) e deve achar. Não existindo, podem me pedir pelo nome.
Globalização e Anti globalização
Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida
(lista feita em janeiro de 2010)
Fórum Surreal Mundial: Pequena visita aos desvarios dos antiglobalizadores
Espaço da Sophia (Tomazina – PR, ISSN: 1981-318X, Ano 2, n. 22, p. 1-20, janeiro de 2009; edição eletrônica).
Fórum Social Mundial 2008: menos transpiração, mais inspiração, por favor... (Atlântida (RS), 17 de janeiro de 2008. Via Politica (n. 82, 21 janeiro 2008).
Um outro Fórum Social Mundial é possível… (aliás, é até mesmo necessário)
(Brasília, 25 janeiro 2008. Via Politica (n. 83, 28 janeiro 2008).
Fórum Social Mundial: nove objetivos gerais e alguns grandes equívocos
(Brasília, 3 janeiro 2007. Meridiano 47 (nr. 78, janeiro 2007, p. 7-14).
Uma previsão marxista: sobre o “fim da história” e os equívocos atuais dos antiglobalizadores
(Brasília, 23 de setembro de 2006. Espaço Acadêmico, ano VI, nº 65, outubro 2006).
Três vivas ao processo de globalização: crescimento, pobreza e desigualdade
(Washington, 23 fevereiro 2003. Espaço Acadêmico (ano 3, 2003); 1ª parte: nº 29, outubro de 2003; 2ª parte: nº 30, novembro de 2003; 3ª parte: nº 31, dezembro de 2003)
Distribuição mundial da renda: evidências desmentem concentração e divergência
(Brasília, 30 de janeiro de 2007. Revista Brasileira de Comércio Exterior, Rio de Janeiro: Funcex, ano XXI, nr. 91, abril-junho 2007, p. 64-75).
O Brasil e os impactos econômicos e sociais da globalização
(Washington, 11 de maio de 2000. In: Universidade Católica de Brasília (org.), Relações Internacionais e Desenvolvimento Regional, Brasília: Editora Universa, 2000, 305 p.; p. 115-149).
Globalização perversa e políticas econômicas nacionais: um contraponto
(Brasília, 30 junho 2007. Espaço Acadêmico (ano VII, nr. 74, julho 2007)
Contra a anti-globalização: Contradições, insuficiências e impasses do movimento
(Brasília, 5 de julho de 2004; Meridiano 47, ns. 49 a 58; 2004 e 2005)
A globalização e seus descontentes: um roteiro sintético dos equívocos
(Brasília, 7 de abril de 2006. Espaço Acadêmico (ano 6 nº 61, junho 2006).
A globalização e seus benefícios: um contraponto ao pessimismo
(Brasília, 12 maio 2004. Espaço Acadêmico (ano 4, nº 37, junho 2004).
A globalização e as desigualdades: quais as evidências?
(Washington, 3 de fevereiro de 2002. In: Paulo Roberto de Almeida A Grande Mudança: conseqüências econômicas da transição política no Brasil. São Paulo: Editora Códex, 2003; cap. 8: p. 117-122)
Contra a corrente em relações internacionais: treze idéias fora do lugar
(Washington, 13 de abril de 2003. In: Thiago de Oliveira Domingues, Marcel Alexandre Negherbon e Mauri Luiz Heerdt (orgs.), Relações internacionais: temas contemporaneous, Florianópolis: Feneri, 2003; ISBN: 85-89649-01-6; p. 9-45).
O Brasil e os primeiros 500 anos de globalização capitalista
(Washington 4 de junho de 2000; Revista Estudos Iberoamericanos, Porto Alegre: PUC-RS, Edição Especial, nº 1, 2000, pp. 149-180).
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
1724) Como levar um país à falência sem ter consciência disso...
Sim, vocês já sabem, estou falando mesmo do nosso vizinho, a Venezuela, ou melhor, deste outro nosso vizinho, todos os dias presentes no noticiário (aliás, de forma irritantemente irracional, posto que todas as notícias são ruins).
Escrevo agora a partir desta matéria:
Chávez diz que Exito será 'mercado socialista'
O Globo, 20.01.2010, p. 24.
Bem, eu não tenho nenhum dado concreto sobre essa cadeia de supermercados -- controlada pela francesa Casino e pela colombiana Exito -- que acaba de ser expropriada e nacionalizada pelo governo Chávez (melhor, por ele próprio, pois falar de governo é falar dele mesmo), por supostamente ter aumentado preços e escondido mercadorias, num momento de confusão econômica criada pela desvalorização da moeda nacional e a imposição de duas taxas de câmbio no país.
O ministro do Interior visitiu uma unidade expropriada e anunciou a recontratação de funcionários demitidos. Transcrevo:
"Chávez disse que militares, cidadãos e autoridades devem evitar que os comerciantes reajustem produtos adquiridos pelo câmbio antigo, de 2,15 bolívares por dólar, colocando os preços no novo patamar, de 2,6 bolívares por dólar para alimentos e remédios e de 4,3 bolívares para itens supérfluos.
No início da noite, o Congresso venezuelano -- de maioria chavista -- declarou a rede Exito 'bens de utilidade píublica e interesse social', para a expropriação dos imóveis.
A reforma da Lei de Acesso a Bens e Serviços, que deve ser sancionada amanhã, prevê que a remarcação de preços, o monopólio e o boicote de produtos e serviços sejam um delito. Com isso o Estado fica autorizado a expropriar lojas, grandes ou pequenas, que incorram nessas irregularidades."
Bem, esquecendo por um momento que o Congresso brasileiro admitiu a Venezuela no Mercosul, devemos ser gratos ao Professor Chávez por essas brilhantes aulas de economia. É tudo o que não se deve fazer, sob risco de afundar a economia do país.
Acredito que nossos jovens (quem sabe até políticos) se tornem menos sensíveis a partir de agora para esse tipo de medida irracional.
Terminando, permito-me parafrasear o título da matéria:
A expropriação de Exito será um fracasso...
Escrevo agora a partir desta matéria:
Chávez diz que Exito será 'mercado socialista'
O Globo, 20.01.2010, p. 24.
Bem, eu não tenho nenhum dado concreto sobre essa cadeia de supermercados -- controlada pela francesa Casino e pela colombiana Exito -- que acaba de ser expropriada e nacionalizada pelo governo Chávez (melhor, por ele próprio, pois falar de governo é falar dele mesmo), por supostamente ter aumentado preços e escondido mercadorias, num momento de confusão econômica criada pela desvalorização da moeda nacional e a imposição de duas taxas de câmbio no país.
O ministro do Interior visitiu uma unidade expropriada e anunciou a recontratação de funcionários demitidos. Transcrevo:
"Chávez disse que militares, cidadãos e autoridades devem evitar que os comerciantes reajustem produtos adquiridos pelo câmbio antigo, de 2,15 bolívares por dólar, colocando os preços no novo patamar, de 2,6 bolívares por dólar para alimentos e remédios e de 4,3 bolívares para itens supérfluos.
No início da noite, o Congresso venezuelano -- de maioria chavista -- declarou a rede Exito 'bens de utilidade píublica e interesse social', para a expropriação dos imóveis.
A reforma da Lei de Acesso a Bens e Serviços, que deve ser sancionada amanhã, prevê que a remarcação de preços, o monopólio e o boicote de produtos e serviços sejam um delito. Com isso o Estado fica autorizado a expropriar lojas, grandes ou pequenas, que incorram nessas irregularidades."
Bem, esquecendo por um momento que o Congresso brasileiro admitiu a Venezuela no Mercosul, devemos ser gratos ao Professor Chávez por essas brilhantes aulas de economia. É tudo o que não se deve fazer, sob risco de afundar a economia do país.
Acredito que nossos jovens (quem sabe até políticos) se tornem menos sensíveis a partir de agora para esse tipo de medida irracional.
Terminando, permito-me parafrasear o título da matéria:
A expropriação de Exito será um fracasso...
1723) Forum Social Mundial: mais do mesmo
Fórum Social Mundial 2010, uma década de embromação:
antecipando as conclusões e desvendando os equívocos
Paulo Roberto de Almeida
1. A novela está de volta (com o mesmo enredo...)
Como acontece todo ano, os alternativos da antiglobalização estarão reunidos neste final do mês de janeiro de 2010 para protestar contra a globalização assimétrica e proclamar que um “outro mundo é possível”. Eu também acho, mas a verdade é que eles nunca apresentam o roteiro detalhado desse outro mundo esperado, se contentando com slogans redutores contra a globalização, essa mesma força indomável que torna mais eficiente a interação entre essas tribos e permite que suas mensagens – equivocadas, como sempre – alcancem, em questão de minutos, todos os cantos do planeta. Em todo caso, eles já se consideram tão importantes que já nem mais se dão ao trabalho de protestar contra o outro Fórum Mundial, o capitalista de Davos, como ocorria todo ano naquela estação suíça de esqui: os capitalistas agradecem serem deixados em paz e prometem refletir sobre as propostas do fórum alternativo, se é que alguma será feita.
Como também acontece todo ano, eu fico esperando para ver se alguma ideia nova e interessante – Ok, ok, também podem ser ideias velhas e desinteressantes, mas que sejam pelo menos racionais e exequíveis – vai emergir desse jamboree anual de antiglobalizadores e iluminar as nossas políticas públicas tão carentes de racionalidade e sentido de justiça. Como não confio, porém, que algo de novo vá surgir de onde nunca veio nada de inteligente, resolvi não esperar pela conclusão do encontro de 2010, e me proponho, sem cobrar copyright dos antiglobalizadores, antecipar suas conclusões conclusivas...
Leia o texto completo neste link de Mundorama:
http://mundorama.net/2010/01/20/forum-social-mundial-2010-uma-decada-de-embromacao-antecipando-as-conclusoes-e-desvendando-os-equivocos-por-paulo-roberto-de-almeida/
antecipando as conclusões e desvendando os equívocos
Paulo Roberto de Almeida
1. A novela está de volta (com o mesmo enredo...)
Como acontece todo ano, os alternativos da antiglobalização estarão reunidos neste final do mês de janeiro de 2010 para protestar contra a globalização assimétrica e proclamar que um “outro mundo é possível”. Eu também acho, mas a verdade é que eles nunca apresentam o roteiro detalhado desse outro mundo esperado, se contentando com slogans redutores contra a globalização, essa mesma força indomável que torna mais eficiente a interação entre essas tribos e permite que suas mensagens – equivocadas, como sempre – alcancem, em questão de minutos, todos os cantos do planeta. Em todo caso, eles já se consideram tão importantes que já nem mais se dão ao trabalho de protestar contra o outro Fórum Mundial, o capitalista de Davos, como ocorria todo ano naquela estação suíça de esqui: os capitalistas agradecem serem deixados em paz e prometem refletir sobre as propostas do fórum alternativo, se é que alguma será feita.
Como também acontece todo ano, eu fico esperando para ver se alguma ideia nova e interessante – Ok, ok, também podem ser ideias velhas e desinteressantes, mas que sejam pelo menos racionais e exequíveis – vai emergir desse jamboree anual de antiglobalizadores e iluminar as nossas políticas públicas tão carentes de racionalidade e sentido de justiça. Como não confio, porém, que algo de novo vá surgir de onde nunca veio nada de inteligente, resolvi não esperar pela conclusão do encontro de 2010, e me proponho, sem cobrar copyright dos antiglobalizadores, antecipar suas conclusões conclusivas...
Leia o texto completo neste link de Mundorama:
http://mundorama.net/2010/01/20/forum-social-mundial-2010-uma-decada-de-embromacao-antecipando-as-conclusoes-e-desvendando-os-equivocos-por-paulo-roberto-de-almeida/
1722) Ipea: retrato da juventude brasileira
Bem, eu sabia que a situação educacional no Brasil era ruim, só não sabia que era tão grave. Os dados abaixo, de um estudo do Ipea, revelam a falência completa da sociedade brasileira (disse sociedade, e não apenas o governo) em resolver o mais elementar serviço básico de qualquer país que se pretenda civilizado.
Infelizmente, tenho de concluir que o Brasil ainda não é um país civilizado...
Juventude e políticas sociais no Brasil
Ipea, 2009
Fracasso escolar
Jovens entre 15 e 17 anos que frequentam o ensino médio: 48%
Não concluíram o ensino fundamental: 44%
Estão fora da escola: 18%
Poucos chegam à universidade
Jovens entre 18 e 24 anos que frequentam a escola: 31%
Estão no ensino superior: 13%
Jovens analfabetos
De 15 a 17 anos: 1,7%
De 18 a 24 anos: 2,4%
De 25 a 29 anos: 4,3%
Qualidade da ocupação
Percentual de trabalhadores sem carteira assinada:
De 18 a 24 anos: 50%
De 25 a 29 anos: 30%
Transcritas essas estatísticas, eu me permitiria acrescentar o seguinte: o percentual de jovens universitários (13% apenas, da faixa etária de 18 a 24 anos, os anos "corretos", digamos) é ridículo, mas ele seria ainda mais deplorável se dependêssemos apenas das universidades públicas, posto que não se deve esquecer que mais de 80% das vagas universitárias no Brasil são oferecidas por universidades privadas, muitas das quais são desprezadas por pedagogos do MEC que as acusam de serem fábricas de diplomas.
Sem elas, o percentual de universitários no Brasil seria provavelmente inferior a 5% da correspondente faixa etária.
Acho que em algum momento o Brasil falhou, e falhou terrivelmente.
Eu coloco essa falha entre os anos 1970 e agora. O pior é que ainda não conseguimos corrigir esse problema.
No máximo colocamos 98% das crianças de sete anos no PRIMEIRO ano primário, depois essa proporção vai diminuindo até chegar a menos da metada no fundamental completo.
Isso 150 anos depois que os países mais avançados já tinha resolvido no essencial o problema quantitativo da escolarização.
Nada preciso acrescentar da qualidade da educação.
Sinto muito repetir, mas o Brasil é um país fracassado, uma nação falida no plano educacional, uma terra ingrata para os seus cidadãos...
Paulo Roberto de Almeida (20.01.2010)
Infelizmente, tenho de concluir que o Brasil ainda não é um país civilizado...
Juventude e políticas sociais no Brasil
Ipea, 2009
Fracasso escolar
Jovens entre 15 e 17 anos que frequentam o ensino médio: 48%
Não concluíram o ensino fundamental: 44%
Estão fora da escola: 18%
Poucos chegam à universidade
Jovens entre 18 e 24 anos que frequentam a escola: 31%
Estão no ensino superior: 13%
Jovens analfabetos
De 15 a 17 anos: 1,7%
De 18 a 24 anos: 2,4%
De 25 a 29 anos: 4,3%
Qualidade da ocupação
Percentual de trabalhadores sem carteira assinada:
De 18 a 24 anos: 50%
De 25 a 29 anos: 30%
Transcritas essas estatísticas, eu me permitiria acrescentar o seguinte: o percentual de jovens universitários (13% apenas, da faixa etária de 18 a 24 anos, os anos "corretos", digamos) é ridículo, mas ele seria ainda mais deplorável se dependêssemos apenas das universidades públicas, posto que não se deve esquecer que mais de 80% das vagas universitárias no Brasil são oferecidas por universidades privadas, muitas das quais são desprezadas por pedagogos do MEC que as acusam de serem fábricas de diplomas.
Sem elas, o percentual de universitários no Brasil seria provavelmente inferior a 5% da correspondente faixa etária.
Acho que em algum momento o Brasil falhou, e falhou terrivelmente.
Eu coloco essa falha entre os anos 1970 e agora. O pior é que ainda não conseguimos corrigir esse problema.
No máximo colocamos 98% das crianças de sete anos no PRIMEIRO ano primário, depois essa proporção vai diminuindo até chegar a menos da metada no fundamental completo.
Isso 150 anos depois que os países mais avançados já tinha resolvido no essencial o problema quantitativo da escolarização.
Nada preciso acrescentar da qualidade da educação.
Sinto muito repetir, mas o Brasil é um país fracassado, uma nação falida no plano educacional, uma terra ingrata para os seus cidadãos...
Paulo Roberto de Almeida (20.01.2010)
1721) Forum Social Mundial: traindo seus proprios principios
Ou o FSM se debate com uma crise severa, falta de recursos, insolvência temporária ou coisas do gênero, ou então seus responsáveis não exibem o mínimo respeito pelos seus princípios fundadores.
Sim, segundo se lê em sua Carta de Princípios (de 2001):
"5. O Fórum Social Mundial reúne e articula SOMENTE entidades e movimentos da sociedade civil de todos os países do mundo, mas não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil mundial."
Sublinho somente, porque em Português (aliás, em qualquer língua) somente quer dizer somente, ponto. Ou seja, exclusivamente, apenas, ou equivalentes do gênero, o que a rigor excluiria não apenas a participação de representantes de governos, como também o recebimento de apoio financeiro de governos, o que comprometeria a sua independência, e a própria condição de entidade representativa da sociedade civil.
Excluir representantes de governos não quer dizer impedir figuras políticas de participar, mas apenas e tão somente em sua condição de indivíduos, não enquanto responsáveis governamentais. Alguém acredita que isso ocorrerá?
Quando Hugo Chávez organizou, recebeu, participou de eventos anteriores do FSM ele o fez em sua condição de cidadão, ou de líder de um país? Acho que não preciso responder.
Acredito que esses encontros do FSM receberão farto aporte de recursos públicos.
O mínimo que o pessoal organizador do FSM poderia fazer seria detalhar os apoios, em total transparência, sob risco de perder credibilidade.
Fórum Social Mundial terá edição temática na Bahia
Agência Estado, quarta-feira, 20 de janeiro de 2010, 13:00
Evento terá uma programação distinta da edição de Porto Alegre; organização espera 30 mil participantes
SÃO PAULO - O Fórum Social Mundial (FSM) terá uma edição temática na Bahia este ano, entre os dias 29 e 31, que ocorrerá após o evento tradicional em Porto Alegre, que será entre os dias 25 e 29. Um total de 20 chefes de governo da América Latina e África é esperado durante os três dias de debates. Além das agendas próprias, os eventos baiano e gaúcho discutirão temas comuns, que serão levados para o FSM unificado em Dacar, no Senegal, em 2011.
Com o tema "Da Bahia a Dacar: enfrentar a crise com integração, desenvolvimento e soberania", a organização do evento em Salvador prevê a participação de vários ministros, como Tarso Genro (Justiça), Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência da República), Carlos Luppi (Trabalho), Carlos Minc (Meio Ambiente), Paulo Vannucchi (Secretaria Especial de Direitos Humanos), Fernando Haddad (Educação), além de personalidades como o escritor Paul Singer, o ex-prefeito de Londres Ken Livingston, o sociólogo norte-americano Immanuel Wallerstein, entre outros.
É esperada também a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 30. Cerca de 30 mil pessoas devem participar do 1º Fórum Social Mundial Temático da Bahia (FSMT-BA), segundo a organização do evento. O FSM faz dez anos em 2010 e ocorrerá de forma descentralizada em pelo menos 27 eventos regionais, nacionais e locais espalhadas pelo mundo ao longo do ano.
O evento de Porto Alegre abre a agenda com o tema "Fórum Social 10 Anos: Grande Porto Alegre", um congresso regional que terá mais de 500 atividades descentralizadas na capital gaúcha e em Gravataí, Canoas, São Leopoldo e Sapiranga, na região metropolitana de Porto Alegre, e Novo Hamburgo, no Vale do Rio dos Sinos.
Sim, segundo se lê em sua Carta de Princípios (de 2001):
"5. O Fórum Social Mundial reúne e articula SOMENTE entidades e movimentos da sociedade civil de todos os países do mundo, mas não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil mundial."
Sublinho somente, porque em Português (aliás, em qualquer língua) somente quer dizer somente, ponto. Ou seja, exclusivamente, apenas, ou equivalentes do gênero, o que a rigor excluiria não apenas a participação de representantes de governos, como também o recebimento de apoio financeiro de governos, o que comprometeria a sua independência, e a própria condição de entidade representativa da sociedade civil.
Excluir representantes de governos não quer dizer impedir figuras políticas de participar, mas apenas e tão somente em sua condição de indivíduos, não enquanto responsáveis governamentais. Alguém acredita que isso ocorrerá?
Quando Hugo Chávez organizou, recebeu, participou de eventos anteriores do FSM ele o fez em sua condição de cidadão, ou de líder de um país? Acho que não preciso responder.
Acredito que esses encontros do FSM receberão farto aporte de recursos públicos.
O mínimo que o pessoal organizador do FSM poderia fazer seria detalhar os apoios, em total transparência, sob risco de perder credibilidade.
Fórum Social Mundial terá edição temática na Bahia
Agência Estado, quarta-feira, 20 de janeiro de 2010, 13:00
Evento terá uma programação distinta da edição de Porto Alegre; organização espera 30 mil participantes
SÃO PAULO - O Fórum Social Mundial (FSM) terá uma edição temática na Bahia este ano, entre os dias 29 e 31, que ocorrerá após o evento tradicional em Porto Alegre, que será entre os dias 25 e 29. Um total de 20 chefes de governo da América Latina e África é esperado durante os três dias de debates. Além das agendas próprias, os eventos baiano e gaúcho discutirão temas comuns, que serão levados para o FSM unificado em Dacar, no Senegal, em 2011.
Com o tema "Da Bahia a Dacar: enfrentar a crise com integração, desenvolvimento e soberania", a organização do evento em Salvador prevê a participação de vários ministros, como Tarso Genro (Justiça), Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência da República), Carlos Luppi (Trabalho), Carlos Minc (Meio Ambiente), Paulo Vannucchi (Secretaria Especial de Direitos Humanos), Fernando Haddad (Educação), além de personalidades como o escritor Paul Singer, o ex-prefeito de Londres Ken Livingston, o sociólogo norte-americano Immanuel Wallerstein, entre outros.
É esperada também a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 30. Cerca de 30 mil pessoas devem participar do 1º Fórum Social Mundial Temático da Bahia (FSMT-BA), segundo a organização do evento. O FSM faz dez anos em 2010 e ocorrerá de forma descentralizada em pelo menos 27 eventos regionais, nacionais e locais espalhadas pelo mundo ao longo do ano.
O evento de Porto Alegre abre a agenda com o tema "Fórum Social 10 Anos: Grande Porto Alegre", um congresso regional que terá mais de 500 atividades descentralizadas na capital gaúcha e em Gravataí, Canoas, São Leopoldo e Sapiranga, na região metropolitana de Porto Alegre, e Novo Hamburgo, no Vale do Rio dos Sinos.
1720) Exportacoes: governo preocupado com deficit
Se o governo está de fato preocupado, em lugar de manipulações cambiais e novos prêmios fiscais aos exportadores (acompanhados, geralmente, de mais protecionismo setorial, com aumento de barreiras tarifárias e não-tarifárias à importação de bens), deveria mirar os reais fatores de competividade do fabricante brasileiro.
O empresário brasileiro não consegue exportar, não por ser incompetente, preguiçoso, ou despreparado.
Não, ele não consegue competir por estar literalmente soterrado por uma montanha de impostos, taxas, contribuições, enfim, uma enorme carga fiscal à qual se acrescentam custos logísticos e ineficiência administrativa, de modo amplo. Ora, isto é de responsabilidade exclusiva do próprio governo.
O governo brasileiro deveria começar eliminando suas próprias ineficiências e o custo absurdo que ele impõe a empresários e a particulares. Essa seria a maneira correta de resolver o problema.
Aposto, porém, que o governo vai fazer um pouco de tudo o que apontei acima, ou seja, manipulações e "prêmios", menos corrigir suas próprias debilidades. Querem apostar?
Paulo Roberto de Almeida (20.01.2010)
Comércio exterior: Lula pede plano para recuperar exportações
Sergio Leo, de Brasília
Valor Econômico, 20/01/2010
Presidente está preocupado com resultado da balança neste começo do ano e cobra ministros
Preocupado com a queda nos resultados do comércio exterior, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou aos ministros do Desenvolvimento, Miguel Jorge, e da Fazenda, Guido Mantega, uma estratégia para recuperar as exportações brasileiras. Nesta semana, Miguel Jorge começou a discutir as medidas com a equipe do próprio ministério, e, por sugestão de Lula, deve convidar empresários para participar da definição da nova estratégia. O ministério já defende uma proposta do setor têxtil, de mudar o regime Simples para empresas exportadoras, e teme que, sem medidas de impacto, o país consolide em 2011 saldos negativos na conta de comércio.
Na avaliação dos técnicos do Ministério do Desenvolvimento, o déficit registrado nas duas primeiras semanas de janeiro, de US$ 967 milhões, fortemente influenciado pela conta de petróleo, com nenhum embarque e volumosas importações, não indica ainda qual será a tendência da balança comercial de 2010. No ano passado, o movimento do comércio exterior também foi negativo no início do ano, período de entressafra e de redução de atividade econômica, agravado pelos efeitos da crise, mas se recuperou gradualmente.
O que preocupa o ministério, porém, é a forte perda de mercados externos, devido à maior competição externa e à retração dos exportadores brasileiros. Se o país não recuperar rapidamente os mercados perdidos no ano passado, quando as exportações para a América Latina caíram 32% e os embarques para os Estados Unidos mais de 42%, terá dificuldade em voltar a vender no exterior em volume semelhante ao que vendia antes da crise financeira. Essa é avaliação de uma das autoridades do governo envolvidas na discussão interna sobre a balança comercial.
Mais que criar novos instrumentos, o que o Ministério do Desenvolvimento defende é a aplicação e ampliação dos já existentes, de maneira mais eficiente. Nos próximos dias, o Ministério da Fazenda deve editar medida para eliminar dificuldades encontradas pelos empresários no uso do mecanismo de drawback, pelo qual os exportadores compram sem impostos os insumos usados na produção de mercadorias para exportação.
Na opinião de Miguel Jorge, a prioridade do governo deve ir para a redução da carga tributária que pesa indevidamente sobre exportações, e na melhoria das condições de logística, de portos, estradas e energia. Técnicos do ministério avaliam, porém, que o efeito do real sobrevalorizado é o obstáculo às exportações que, retirado, tem condições de produzir resultados mais rápidos sobre a competitividade dos produtos brasileiros no exterior. Mas sobre esse ponto não há nenhuma proposta ainda em debate no governo.
As notícias de reversão na tendência de valorização do real, divulgadas ontem pelo Valor, não animam o Ministério do Desenvolvimento, porque, sem alterações significativas no cenário econômico, o dólar deve chegar a 2011 ainda bem abaixo de R$ 2,00 ou R$ 2,10, o nível considerado aceitável pelos técnicos.
Uma das principais linhas de ação do Ministério do Desenvolvimento é a redução dos créditos devidos aos exportadores, por causa da cobrança indevida de impostos. Estimativas não oficiais indicam a retenção de pelo menos R$ 20 bilhões em impostos cobrados de forma imprópia dos exportadores.
Hoje, na primeira reunião do ano do Confaz, que agrega os secretários estaduais de Fazenda, o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, assina convênio para facilitar o uso das informações de comércio exterior na tributação das empresas. Além de criar mecanismos para ajustar as regras federais ao controle tributário feito pelas secretarias estaduais, o governo quer abrir caminho para isentar automaticamente de ICMS os insumos de mercadorias destinadas à importação. Hoje, os regimes especiais de exportação isentam os exportadores de impostos federais, o IPI e a Cofins.
A intenção do governo federal é aumentar, nos Estados, o uso dos mecanismos de drawback que permitem a compra, sem impostos, no mercado interno, de matéria-prima, partes e peças para mercadorias destinadas à exportação. Segundo avaliação do Ministério do Desenvolvimento, o meio mais eficaz de evitar o acúmulo de créditos tributários é criar mecanismos automáticos de isenção, como o drawback, que evita a cobrança indevida dos impostos.
A Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) enviou ao ministério a sugestão de que micro e pequenas empresas possam abater as receitas com exportação da base de cálculo para enquadramento no sistema de tributação simplificada, o Simples. Hoje, para evitar cair no regime mais complexo de tributação, empresas pequenas evitam aumento de receita limitando o volume de exportações. O tema ainda terá de ser discutido com o Ministério da Fazenda, porém.
O presidente Lula deve se encontrar ainda em fevereiro com Miguel Jorge e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para decidir que medidas urgentes tomará contra a queda nos resultados do comércio exterior. Os técnicos do governo ainda acreditam em superávit no comércio exterior neste ano, mas temem um aumento maior que o esperado nas importações. Um dos grande inimigos do desempenho exportador é, também, o forte crescimento do mercado interno, que desestimula ainda mais as empresas menores a dirigir a produção para os mercados externos.
O empresário brasileiro não consegue exportar, não por ser incompetente, preguiçoso, ou despreparado.
Não, ele não consegue competir por estar literalmente soterrado por uma montanha de impostos, taxas, contribuições, enfim, uma enorme carga fiscal à qual se acrescentam custos logísticos e ineficiência administrativa, de modo amplo. Ora, isto é de responsabilidade exclusiva do próprio governo.
O governo brasileiro deveria começar eliminando suas próprias ineficiências e o custo absurdo que ele impõe a empresários e a particulares. Essa seria a maneira correta de resolver o problema.
Aposto, porém, que o governo vai fazer um pouco de tudo o que apontei acima, ou seja, manipulações e "prêmios", menos corrigir suas próprias debilidades. Querem apostar?
Paulo Roberto de Almeida (20.01.2010)
Comércio exterior: Lula pede plano para recuperar exportações
Sergio Leo, de Brasília
Valor Econômico, 20/01/2010
Presidente está preocupado com resultado da balança neste começo do ano e cobra ministros
Preocupado com a queda nos resultados do comércio exterior, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou aos ministros do Desenvolvimento, Miguel Jorge, e da Fazenda, Guido Mantega, uma estratégia para recuperar as exportações brasileiras. Nesta semana, Miguel Jorge começou a discutir as medidas com a equipe do próprio ministério, e, por sugestão de Lula, deve convidar empresários para participar da definição da nova estratégia. O ministério já defende uma proposta do setor têxtil, de mudar o regime Simples para empresas exportadoras, e teme que, sem medidas de impacto, o país consolide em 2011 saldos negativos na conta de comércio.
Na avaliação dos técnicos do Ministério do Desenvolvimento, o déficit registrado nas duas primeiras semanas de janeiro, de US$ 967 milhões, fortemente influenciado pela conta de petróleo, com nenhum embarque e volumosas importações, não indica ainda qual será a tendência da balança comercial de 2010. No ano passado, o movimento do comércio exterior também foi negativo no início do ano, período de entressafra e de redução de atividade econômica, agravado pelos efeitos da crise, mas se recuperou gradualmente.
O que preocupa o ministério, porém, é a forte perda de mercados externos, devido à maior competição externa e à retração dos exportadores brasileiros. Se o país não recuperar rapidamente os mercados perdidos no ano passado, quando as exportações para a América Latina caíram 32% e os embarques para os Estados Unidos mais de 42%, terá dificuldade em voltar a vender no exterior em volume semelhante ao que vendia antes da crise financeira. Essa é avaliação de uma das autoridades do governo envolvidas na discussão interna sobre a balança comercial.
Mais que criar novos instrumentos, o que o Ministério do Desenvolvimento defende é a aplicação e ampliação dos já existentes, de maneira mais eficiente. Nos próximos dias, o Ministério da Fazenda deve editar medida para eliminar dificuldades encontradas pelos empresários no uso do mecanismo de drawback, pelo qual os exportadores compram sem impostos os insumos usados na produção de mercadorias para exportação.
Na opinião de Miguel Jorge, a prioridade do governo deve ir para a redução da carga tributária que pesa indevidamente sobre exportações, e na melhoria das condições de logística, de portos, estradas e energia. Técnicos do ministério avaliam, porém, que o efeito do real sobrevalorizado é o obstáculo às exportações que, retirado, tem condições de produzir resultados mais rápidos sobre a competitividade dos produtos brasileiros no exterior. Mas sobre esse ponto não há nenhuma proposta ainda em debate no governo.
As notícias de reversão na tendência de valorização do real, divulgadas ontem pelo Valor, não animam o Ministério do Desenvolvimento, porque, sem alterações significativas no cenário econômico, o dólar deve chegar a 2011 ainda bem abaixo de R$ 2,00 ou R$ 2,10, o nível considerado aceitável pelos técnicos.
Uma das principais linhas de ação do Ministério do Desenvolvimento é a redução dos créditos devidos aos exportadores, por causa da cobrança indevida de impostos. Estimativas não oficiais indicam a retenção de pelo menos R$ 20 bilhões em impostos cobrados de forma imprópia dos exportadores.
Hoje, na primeira reunião do ano do Confaz, que agrega os secretários estaduais de Fazenda, o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, assina convênio para facilitar o uso das informações de comércio exterior na tributação das empresas. Além de criar mecanismos para ajustar as regras federais ao controle tributário feito pelas secretarias estaduais, o governo quer abrir caminho para isentar automaticamente de ICMS os insumos de mercadorias destinadas à importação. Hoje, os regimes especiais de exportação isentam os exportadores de impostos federais, o IPI e a Cofins.
A intenção do governo federal é aumentar, nos Estados, o uso dos mecanismos de drawback que permitem a compra, sem impostos, no mercado interno, de matéria-prima, partes e peças para mercadorias destinadas à exportação. Segundo avaliação do Ministério do Desenvolvimento, o meio mais eficaz de evitar o acúmulo de créditos tributários é criar mecanismos automáticos de isenção, como o drawback, que evita a cobrança indevida dos impostos.
A Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) enviou ao ministério a sugestão de que micro e pequenas empresas possam abater as receitas com exportação da base de cálculo para enquadramento no sistema de tributação simplificada, o Simples. Hoje, para evitar cair no regime mais complexo de tributação, empresas pequenas evitam aumento de receita limitando o volume de exportações. O tema ainda terá de ser discutido com o Ministério da Fazenda, porém.
O presidente Lula deve se encontrar ainda em fevereiro com Miguel Jorge e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para decidir que medidas urgentes tomará contra a queda nos resultados do comércio exterior. Os técnicos do governo ainda acreditam em superávit no comércio exterior neste ano, mas temem um aumento maior que o esperado nas importações. Um dos grande inimigos do desempenho exportador é, também, o forte crescimento do mercado interno, que desestimula ainda mais as empresas menores a dirigir a produção para os mercados externos.
1719) Equador, avante, para tras, na confusao
Uma cronica do conhecido jornalista cubano (vivendo em Madrid) sobre um livro do presidente do Equador, que revela o estado de confusão mental que tomou conta daquele país, aliás, de vários paises da América Latina...
Rafael Correa, recetario para un desastre
Carlos Alberto Montaner
Firmaspress, Enero 2, 2010
Rafael Correa, el presidente de Ecuador, acaba de publicar un libro. Lo llamó Ecuador: de Banana Republic a la No República. Supone que el país, bajo su mando, dejó de ser una república bananera, gobernada arbitrariamente en beneficio de una oligarquía deshonesta y del capital extranjero, para convertirse en otra cosa que no es, tampoco, una república tradicional con su separación y equilibrio de poderes, su constitución neutral y sus instituciones abiertas que propician los cambios suavemente al amparo tranquilo del Estado de Derecho.
En la solapa del libro Correa aporta sus notables credenciales académicas y declara su filiación ideológica. Dice ser un seguidor de la doctrina social de la Iglesia y de la hoy muy desacreditada teología de la liberación. Pero es en el texto, compuesto por artículos previamente publicados, donde encontramos las claves de su visión de los problemas de Ecuador. Es ahí donde comparece una abultada lista de malos a los que fustiga junto a los buenos a los que cita elogiosamente.
La lista de los villanos es muy extensa: prácticamente todos los presidentes que lo precedieron en el poder, los organismos internacionales de crédito, “la nefasta burocracia internacional y sus corifeos'', el mercado y “la mano invisible'' que lo guía, el Consenso de Washington, la independencia del Banco Central, la dolarización del país, el comercio libre internacional (el ALCA), la privatización, lo que llama “la larga y triste noche neoliberal'', las concesiones de los servicios a la empresa privada y la “tercerización'' o contratación a terceros para evitar cargas fiscales o presiones sindicales. En la página 64 manifiesta una intención que me parece encomiable: “Liberar al Estado de los grupos de poder que lo controlan''.
Sus héroes son el Estado, la teoría de la dependencia, la planificación, el gasto público, el dirigismo desarrollista, una moneda nacional que sirva para encajar las crisis y compensar la improductividad del país, Raúl Prebisch, J. M. Keynes, James Petras --un disparatado economista marxista radical--, las protecciones arancelarias para desarrollar la industria nacional, cierta conveniente inflación y hasta Facundo Cabral y Eduardo Galeano, como para poner cierta nota folclórica a un texto que es semiacadémico.
El libro tiene algunos errores impropios de un economista formado en Estados Unidos como, por ejemplo, afirmar que el gobierno de F. D. Roosevelt revocó el patrón oro en 1933, algo que sucedió, realmente, durante la administración de Richard Nixon varias décadas más tarde. Roosevelt lo que hizo fue devaluar el dólar con relación al oro: de 20 dólares la onza a 35, medida que, en su momento, fue considerada por muchas personas como una violación de los derechos de propiedad.
Estamos, pues, ante un gobernante que posee cierta visión ideológica perfectamente calificable como estatista (“tercermundista'', le llamaba Carlos Rangel), acompañada por una acendrada desconfianza en la economía de mercado y en las intenciones de las grandes democracias desarrolladas. Lamentablemente, a esta equivocada forma de entender cómo debe gobernarse, cuarenta veces fracasada en América Latina a lo largo del siglo XX, se une un temperamento claramente autoritario, según su propio hermano, y la perniciosa arrogancia intelectual de quien no conoce la duda y se mantiene indiferente ante una realidad que desmiente constantemente las premisas de las que parte.
Si, de acuerdo con el análisis de Correa, la clase política ecuatoriana es totalmente venal e ignorante, y está rodeada por un ejército de funcionarios indolentes, ¿por qué cree que el Estado va a solucionar los problemas de la sociedad mejor que la sociedad civil? Si el sector público ecuatoriano es un minucioso desastre y su propio gobierno naufraga en medio de la corrupción y la ineficacia (según también opina su hermano) y ni siquiera pudo prever el anunciado colapso de la distribución de energía eléctrica, ¿qué le hace pensar que dándole más poder y entregándole más recursos ese Estado va a hacer mejor su trabajo?
En lugar de mirar hacia Venezuela, que es el modelo perfecto de cómo no debe gobernarse a una sociedad, el señor Correa debería observar cuidadosamente el tipo de Estado que los chilenos han construido a partir de los años ochenta, y luego, inteligentemente, han conservado y profundizado los posteriores cuatro gobiernos de la democracia, como hará el que salga electo en las próximas elecciones. Es verdad que los chilenos hacen lo contrario de lo que Correa prescribe, pero parece aconsejable imitar los ejemplos exitosos, no los fallidos.
Al final de su libro, Correa cita a dos economistas que, probablemente, no ha leído o, peor aún, no ha entendido, Ronald Coase y Douglas North, y asume con ellos que la prosperidad, el desarrollo y la estabilidad dependen de la calidad de las instituciones y del carácter predecible de las reglas. Exactamente lo opuesto a lo que hace su gobierno. Eso se llama cultivar la esquizofrenia intelectual.
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Carlos Alberto Montaner nació en La Habana, Cuba, en 1943. Reside en Madrid desde 1970. Ha sido profesor universitario en diversas instituciones de América Latina y Estados Unidos. Es escritor y periodista. Varias decenas de diarios de América Latina, España y Estados Unidos recogen desde hace más de treinta años su columna semanal. La revista Poder lo ha calificado como uno de los columnistas más influyentes en lengua española. Se calcula en seis millones de lectores semanales quienes tienen acceso a sus artículos en español, inglés y portugués.
Montaner ha publicado una veintena de libros. Varios han sido traducidos al inglés, al portugués, el ruso y el italiano. Entre los mas conocidos y reeditados están Viaje al corazón de Cuba, Cómo y por qué desapareció el comunismo, Libertad: la clave de la prosperidad, y las novelas Perromundo y 1898: La Trama.
En 1978 la Editorial Planeta y la Universidad de Arkansas editaron un libro de crítica sobre su obra (La narrativa de Carlos Alberto Montaner). Dos de sus más polémicos y divulgados ensayos son los “best-sellers” Manual del perfecto idiota latinoamericano y Fabricantes de miseria, ambos escritos con la colaboración de Plinio Apuleyo Mendoza y Álvaro Vargas Llosa.
En 2001 publicó Las raíces torcidas de América Latina. En este libro Montaner aborda desde una perspectiva histórica uno de los asuntos más acuciantes de nuestra cultura: ¿por qué la América surgida de la colonización ibérica es el segmento más pobre e inestable de Occidente? Antes de esta obra, el autor, desde otros ángulos, había reflexionado sobre el tema en dos libros también publicados por Plaza & Janés: La agonía de América y No perdamos también el siglo XXI. En 2002, durante el primer centenario de la república, apareció Cuba: un siglo de doloroso aprendizaje, era el resultado de un ciclo de conferencias dictadas en la Universidad de Miami. En el 2003 publicó Los latinoamericanos y la cultura occidental.
En 1990 creó la Unión Liberal Cubana junto a exiliados y cubanos radicados en Cuba. El propósito era llevar el cambio democrático a la Isla por vías pacíficas. La ULC pronto se afilió a la Internacional Liberal. En 1992 Montaner fue elegido vicepresidente de la Internacional Liberal, cargo que ocupa desde entonces.
Rafael Correa, recetario para un desastre
Carlos Alberto Montaner
Firmaspress, Enero 2, 2010
Rafael Correa, el presidente de Ecuador, acaba de publicar un libro. Lo llamó Ecuador: de Banana Republic a la No República. Supone que el país, bajo su mando, dejó de ser una república bananera, gobernada arbitrariamente en beneficio de una oligarquía deshonesta y del capital extranjero, para convertirse en otra cosa que no es, tampoco, una república tradicional con su separación y equilibrio de poderes, su constitución neutral y sus instituciones abiertas que propician los cambios suavemente al amparo tranquilo del Estado de Derecho.
En la solapa del libro Correa aporta sus notables credenciales académicas y declara su filiación ideológica. Dice ser un seguidor de la doctrina social de la Iglesia y de la hoy muy desacreditada teología de la liberación. Pero es en el texto, compuesto por artículos previamente publicados, donde encontramos las claves de su visión de los problemas de Ecuador. Es ahí donde comparece una abultada lista de malos a los que fustiga junto a los buenos a los que cita elogiosamente.
La lista de los villanos es muy extensa: prácticamente todos los presidentes que lo precedieron en el poder, los organismos internacionales de crédito, “la nefasta burocracia internacional y sus corifeos'', el mercado y “la mano invisible'' que lo guía, el Consenso de Washington, la independencia del Banco Central, la dolarización del país, el comercio libre internacional (el ALCA), la privatización, lo que llama “la larga y triste noche neoliberal'', las concesiones de los servicios a la empresa privada y la “tercerización'' o contratación a terceros para evitar cargas fiscales o presiones sindicales. En la página 64 manifiesta una intención que me parece encomiable: “Liberar al Estado de los grupos de poder que lo controlan''.
Sus héroes son el Estado, la teoría de la dependencia, la planificación, el gasto público, el dirigismo desarrollista, una moneda nacional que sirva para encajar las crisis y compensar la improductividad del país, Raúl Prebisch, J. M. Keynes, James Petras --un disparatado economista marxista radical--, las protecciones arancelarias para desarrollar la industria nacional, cierta conveniente inflación y hasta Facundo Cabral y Eduardo Galeano, como para poner cierta nota folclórica a un texto que es semiacadémico.
El libro tiene algunos errores impropios de un economista formado en Estados Unidos como, por ejemplo, afirmar que el gobierno de F. D. Roosevelt revocó el patrón oro en 1933, algo que sucedió, realmente, durante la administración de Richard Nixon varias décadas más tarde. Roosevelt lo que hizo fue devaluar el dólar con relación al oro: de 20 dólares la onza a 35, medida que, en su momento, fue considerada por muchas personas como una violación de los derechos de propiedad.
Estamos, pues, ante un gobernante que posee cierta visión ideológica perfectamente calificable como estatista (“tercermundista'', le llamaba Carlos Rangel), acompañada por una acendrada desconfianza en la economía de mercado y en las intenciones de las grandes democracias desarrolladas. Lamentablemente, a esta equivocada forma de entender cómo debe gobernarse, cuarenta veces fracasada en América Latina a lo largo del siglo XX, se une un temperamento claramente autoritario, según su propio hermano, y la perniciosa arrogancia intelectual de quien no conoce la duda y se mantiene indiferente ante una realidad que desmiente constantemente las premisas de las que parte.
Si, de acuerdo con el análisis de Correa, la clase política ecuatoriana es totalmente venal e ignorante, y está rodeada por un ejército de funcionarios indolentes, ¿por qué cree que el Estado va a solucionar los problemas de la sociedad mejor que la sociedad civil? Si el sector público ecuatoriano es un minucioso desastre y su propio gobierno naufraga en medio de la corrupción y la ineficacia (según también opina su hermano) y ni siquiera pudo prever el anunciado colapso de la distribución de energía eléctrica, ¿qué le hace pensar que dándole más poder y entregándole más recursos ese Estado va a hacer mejor su trabajo?
En lugar de mirar hacia Venezuela, que es el modelo perfecto de cómo no debe gobernarse a una sociedad, el señor Correa debería observar cuidadosamente el tipo de Estado que los chilenos han construido a partir de los años ochenta, y luego, inteligentemente, han conservado y profundizado los posteriores cuatro gobiernos de la democracia, como hará el que salga electo en las próximas elecciones. Es verdad que los chilenos hacen lo contrario de lo que Correa prescribe, pero parece aconsejable imitar los ejemplos exitosos, no los fallidos.
Al final de su libro, Correa cita a dos economistas que, probablemente, no ha leído o, peor aún, no ha entendido, Ronald Coase y Douglas North, y asume con ellos que la prosperidad, el desarrollo y la estabilidad dependen de la calidad de las instituciones y del carácter predecible de las reglas. Exactamente lo opuesto a lo que hace su gobierno. Eso se llama cultivar la esquizofrenia intelectual.
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Carlos Alberto Montaner nació en La Habana, Cuba, en 1943. Reside en Madrid desde 1970. Ha sido profesor universitario en diversas instituciones de América Latina y Estados Unidos. Es escritor y periodista. Varias decenas de diarios de América Latina, España y Estados Unidos recogen desde hace más de treinta años su columna semanal. La revista Poder lo ha calificado como uno de los columnistas más influyentes en lengua española. Se calcula en seis millones de lectores semanales quienes tienen acceso a sus artículos en español, inglés y portugués.
Montaner ha publicado una veintena de libros. Varios han sido traducidos al inglés, al portugués, el ruso y el italiano. Entre los mas conocidos y reeditados están Viaje al corazón de Cuba, Cómo y por qué desapareció el comunismo, Libertad: la clave de la prosperidad, y las novelas Perromundo y 1898: La Trama.
En 1978 la Editorial Planeta y la Universidad de Arkansas editaron un libro de crítica sobre su obra (La narrativa de Carlos Alberto Montaner). Dos de sus más polémicos y divulgados ensayos son los “best-sellers” Manual del perfecto idiota latinoamericano y Fabricantes de miseria, ambos escritos con la colaboración de Plinio Apuleyo Mendoza y Álvaro Vargas Llosa.
En 2001 publicó Las raíces torcidas de América Latina. En este libro Montaner aborda desde una perspectiva histórica uno de los asuntos más acuciantes de nuestra cultura: ¿por qué la América surgida de la colonización ibérica es el segmento más pobre e inestable de Occidente? Antes de esta obra, el autor, desde otros ángulos, había reflexionado sobre el tema en dos libros también publicados por Plaza & Janés: La agonía de América y No perdamos también el siglo XXI. En 2002, durante el primer centenario de la república, apareció Cuba: un siglo de doloroso aprendizaje, era el resultado de un ciclo de conferencias dictadas en la Universidad de Miami. En el 2003 publicó Los latinoamericanos y la cultura occidental.
En 1990 creó la Unión Liberal Cubana junto a exiliados y cubanos radicados en Cuba. El propósito era llevar el cambio democrático a la Isla por vías pacíficas. La ULC pronto se afilió a la Internacional Liberal. En 1992 Montaner fue elegido vicepresidente de la Internacional Liberal, cargo que ocupa desde entonces.
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