IV Encontro Nacional da ABED (ENABED IV)
A Associação Brasileira de Estudos da Defesa, ABED, realizará seu IV Encontro Nacional (ENABED IV) na Universidade de Brasília, no período de 19 a 21 de julho de 2010. Tema geral do evento: "A Defesa e a Segurança na América do Sul".
(site do Encontro)
Os Encontros anteriores, de 2007 a 2009, poderão ser visitados no site da ABED.
Sessões Temáticas e Ementas
Sessões Temáticas – Temas e Coordenadores (ver Ementas abaixo do quadro)
STs-ENABED4A
Ementas das Sessões Temáticas:
1. Migrações, fronteiras e meio ambiente: novas questões de Segurança?
Coordenador: Alcides Costa Vaz (UNB)
Ementa: Esta sessão visa discutir questões regionais que redefinem a dinâmica da segurança regional, possivelmente impondo a ampliação do próprio conceito de segurança regional. Entre os temas a serem examinados, figuram as implicações dos padrões recentes de migração para as interações entre os países sul-americanos, as pressões de movimentos ambientalistas sobre as políticas públicas regionais e a busca de entendimentos visando a melhora dos controles sobre os fluxos fronteiriços.
2. A Defesa Nacional e a Academia.
Coordenador: Delano Menezes (ESG)
Ementa: A Escola Superior de Guerra pretende ser a instituição capaz de assumir esse papel utilizando à larga experiência na atividade reflexiva dos grandes problemas nacionais e ampliando a sua relação com o mundo acadêmico. Com adequado revigoramento de seus quadros pretende ser depositária dos conhecimentos sobre defesa dispersos na Academia, além de exercer um papel de coordenação na circulação desse conhecimento.
Com este objetivo está sendo criado na ESG o Centro de Coordenação de Projetos Avançados de Defesa (COPAD) para incrementar as relações com o mundo acadêmico e com os institutos de pesquisas tecnológicas, conforme estabelece a novel Estratégia Nacional de Defesa, além de prover o Ministério da Defesa de recursos capazes de responder-lhe as grandes indagações necessárias ao planejamento e à execução da Defesa Nacional. O COPAD poderá vir a ser responsável pela gestão e pelo provimento de fundos destinados à pesquisas acadêmicas, à iniciativa privada e laboratórios nacionais, a fim de responder adequadamente às “GRANDES INDAGAÇÕES” do MD, vindo a tornar-se, no futuro, uma agencia financiadora de projetos de pesquisas para a Defesa.
O COPAD coordenará as ações e observações de dois Institutos, o Instituto de Análise de Política e Estratégia de Defesa (IAPED) e o Instituto de Análise de Ciência e Tecnologia de Defesa (ICTED). Estes dois órgãos estarão encarregados de observar os projetos de pesquisa, os textos e as publicações que circulam no meio acadêmico e que possam ser do interesse da Defesa Nacional, ou que contribuam para as respostas às indagações do MD sem, no entanto, ter a pretensão de avaliá-los.
O COPAD fará também a interface da visão política observada pelo (IAPED) e a os objetivos dos projetos de pesquisas tecnológicas observados pelo (ICTED). As conclusões resultantes desse trabalho serão encaminhadas ao Ministério da Defesa para sua deliberação.
Serão bem-vindos estudos e pesquisas sobre o impacto dessa iniciativa do MD no meio acadêmico e as formas de como a Academia poderá se inserir no projeto.
3. História militar.
Coordenadores: Eduardo Svartman (UPF) e José Miguel A. Neto (UEL).
Ementa: A sessão temática proporciona espaço de divulgação de pesquisas e debate sobre as dimensões empíricas, teóricas e historiográficas da História Militar em sentido amplo. Contempla tanto investigações a respeito dos temas clássicos, como análises de batalhas e estratégias militares, quanto questões pertinentes à formação, estruturação e transformações das Forças Armadas ao longo do tempo. Contempla, ainda, as relações entre Forças Armadas e o sistema político e a sociedade em que se inserem.
4. Gênero, Paz e Forças Armadas.
Coordenador: Érica Simone Almeida Resende (UERJ)
Ementa: Destaque às temáticas de gênero na reflexão sobre as realidades de defesa e de segurança na América do Sul. Apesar de sua entrada relativamente tardia nos estudos de segurança e defesa, as perspectivas de gênero têm contribuído para a compreensão de fenômenos importantes como conflito, segurança, militarização e pacificação. Com efeito, a incorporação do conceito de gênero por diversos pesquisadores nas áreas de Segurança, Defesa, Estratégia e Relações Internacionais tem contribuído para a problematização das relações entre homens e mulheres, e das representações do masculino e do feminino em conflitos, para as análises relativas à reprodução de hierarquias patriarcais e masculinas, para resgatar a participação das mulheres nos processos de construção de paz etc. Como incentivo ao diálogo entre os estudos feministas e/ou de gênero e os estudos de defesa e segurança, assim como Estudos Estratégicos em geral, a presente sessão busca propostas que deem visibilidade às questões de gênero em suas investigações a respeito da segurança regional e/ou internacional, política de defesa brasileira, Forças Armadas, operações de paz, situações de conflito e de violência nas relações internacionais, entre outros assuntos.
5. A Comunidade Sul-Americana na Área dos Estudos Estratégicos.
Coordenador: Eurico de Lima Figueiredo (UFF)
Ementa: A sessão volta-se para a formação, ainda bastante incipiente, da comunidade sul-americana de estudiosos dedicados às questões de defesa e segurança. O Brasil conhece pouco o pensamento estratégico de seus vizinhos; reciprocamente, nossos vizinhos também pouco nos conhecem. Serão bem vindos estudos e pesquisas sobre as singularidades dos diversos países no continente no âmbito da temática em questão, assim como trabalhos que pensem e proponham a necessidade de criar e fortalecer os elos de intercâmbio de ideias e experiências entre os pesquisadores da região.
6. Guerras de Quarta Geração.
Coordenadores: Francisco Carlos Teixeira (UFRJ) e Sabrina Medeiros (EGN).
Ementa: Desde a Paz de Westfalia, o monopólio do uso da força é exercido pelos Estados de forma organizada, o que tem sido objeto de contestação em tempos mais recentes, quando algumas tendências teóricas têm proposto a discussão de uma nova face da guerra – as chamadas Guerras de Quarta Geração (4th Generation Wars). Autores como Thomas Hammes e William Lind reivindicaram a presença de gerações distintas de guerra, de combates diferenciados pela evolução de algumas de suas características, que teriam modificado substancialmente os procedimentos e táticas de cada um destes tempos geracionais. Embora outros autores qualifiquem as guerras contemporâneas como sendo tradicionais e voltadas a novos tipos de insurgência, pode-se dizer que, haja vista as novas perspectivas de segurança nacional e internacional, terrorismo e assimetria são conceitos que permeiam estas novas definições para um objeto muito antigo, a própria guerra. Propostas de trabalho sobre as novas configurações das guerras de quarta geração, os desafios para o estabelecimento dos acordos internacionais, questões relativas à segurança internacional e à defesa nacional, serão bem vindas à sessão temática.
7. Forças Armadas e Sociedade na América do Sul.
Coordenadores: João Roberto (UFSCar) e Renato Lemos (UFRJ).
Ementa: A Sessão Temática aceitará trabalhos voltados para a análise das relações militares-política. Tomam-se por militares os membros das Forças Armadas e polícias militares. Cabem na sessão trabalhos sobre países específicos da América do Sul ou estudos comparados sobre temas como questões internas às corporações militares - recrutamento, violência disciplinar, restrições à liberdade de opinião, inclusão e discriminação de gênero, expansão de instalações em direção a áreas indígenas etc. - e relativas a momentos históricos em que os militares, enquanto corporação, estiveram no centro do poder, como as ditaduras do Estado Novo e pós-1964: concepções de Estado e sociedade, processos de transição, heranças das ditaduras, posição em face da responsabilização penal por práticas de violência física e simbólica, como a revisão da lei de anistia de 1979, etc.
8. Cerceamento Tecnológico – Indústria de Defesa, C& T e Política Internacional.
Coordenador: Luis Pedone (UFF)
Ementa: Essa sessão temática procura abordar os principais problemas e desafios relacionados com o cerceamento tecnológico à indústria de defesa no Brasil. As indústrias aeroespacial, nuclear, química e biológica têm sido sistematicamente impedidas de desenvolver tecnologias e produtos importantes para o desenvolvimento brasileiro em sua dimensão de defesa nacional, em vista das restrições contidas nos mecanismos unilaterais de cerceamento tecnológico e de bloqueio de comercialização de bens e tecnologias sensíveis, impostos pelos países desenvolvidos ao Brasil. Essa sessão procurará expor as principais respostas dadas pela Estratégia Nacional de Defesa e pelas políticas de ciência e tecnologia subsequentes à EDN nos últimos anos. A tudo isso soma-se a dimensão de política externa brasileira e de política internacional na qual o país está inserido: adesão e incorporação de normas internacionais à legislação nacional, regimes e acordos internacionais que normatizam as indústrias referidas acima. Essa sessão busca, ao final, abordar como poderão as agências e setores afetados programar ações que procurem mitigar ou sanar as consequências do cerceamento imposto por estes mecanismos unilaterais e como poderá o Governo Brasileiro desenvolver ações em foros internacionais buscando superar os desafios.
9. O Poder Legislativo e a Defesa Nacional.
Coordenador: Márcio Rocha (UNIFA)
Ementa: A sessão temática tem como foco a participação do Poder Legislativo na elaboração de políticas públicas voltadas para a Defesa Nacional. A Sessão privilegiará estudos e pesquisas abordando o Legislativo e o emprego das Forças Armadas; o Legislativo e a Ciência e Tecnologia de Defesa; o Legislativo e o desenvolvimento da Indústria de Defesa; o Legislativo o Orçamento de Defesa; e o Legislativo e o fortalecimento das atividades de Inteligência Estratégica, entre outras questões igualmente significativas.
10. Iniciativas de Cooperação Sul-Americana no Campo da Defesa e Segurança Internacional: Experiências com Operações de Paz.
Coordenador: Sérgio Luiz Cruz Aguilar (UNESP/GAPCon - UCAM)
Ementa: Aspectos históricos e políticos das iniciativas de cooperação sul-americana no campo da defesa e da segurança internacional, com especial ênfase nas experiências com Operações de Paz, não só no espaço sul-americano (relativamente escassas), como as que contaram com a participação de contingentes da região em outras partes do mundo. Incentiva-se a ênfase na atual experiência no Haiti, com a MINUSTAH.
11. Educação e Formação militar.
Coordenador: Tânia Godoy (AFA).
Ementa: Esta sessão temática aceitará trabalhos que apresentem reflexões acerca dos fundamentos pedagógicos, das questões doutrinárias e do ambiente educacional na formação dos quadros, habilitações ou serviços que compõem as Forças Armadas brasileiras e as Forças dos países da América do Sul. A preocupação desta sessão é a de elucidar aspectos alinhados aos desafios presentes e futuros na composição dos recursos humanos das Forças Armadas sul-americanas, tanto no aspecto do preparo e das condições objetivas para o exercício da defesa de seus países isoladamente ou de possibilidades conjuntas, convivendo com a tradição castrense de considerar a formação educativa militar um elemento pautadamente voltado a imprimir seu ideário, sua história oficial, a repetição de seus ritos e o enaltecimento de seus vultos heroicos constituídos. Dessa maneira, a preocupação da Educação e Formação militar não se resume apenas à formação da oficialidade das Forças Armadas, mas também a de seus graduados e praças, além dos profissionais militares dos quadros complementares.
12. Estudos Estratégicos no mundo contemporâneo: novas ameaças e novas abordagens.
Coordenador: William de Sousa Moreira (UFF/EGN)
Ementa: Ao final da primeira década do séc. XXI, os Estudos Estratégicos se defrontam com desafios de magnitude. Questiona-se suas bases realistas, sua adequação frente aos novos conceitos de segurança e às ameaças do presente, distintas das que caracterizaram o período da Guerra Fria. Particularmente, os debates sobre as tão citadas "novas ameaças" ganham atualidade e são carregados de complexidade. Quais são elas e o que as distingue em relação às "velhas ameaças"? E, antes ainda, em termos objetivos, qual, afinal, o conceito de "ameaça"? A "abordagem realista", que fundamenta em geral a análise estratégica, é ainda determinante no campo conceitual relativo às "ameaças"? Em que medida devem os Estudos Estratégicos incorporar contribuições de novos paradigmas, como "segurança humana" e "meio ambiente", na reflexão e pesquisa sobre a problemática? Mais: como fazer a ponte entre a teoria e a prática, notadamente quando se tem em mente as "ameaças" que incidem sobre a região sul-americana? Serão bem-vindas propostas de trabalhos que possam trazer contribuições ao assunto, enriquecendo paradigmas, abordagens, metodologias e inter-relações com outras áreas do conhecimento.
Mesas Redondas - Tema - Presidentes
1. Forças Armadas, sociedade e política na América do Sul.
Eliézer Rizzo de Oliveira (UNICAMP).
2. A Defesa na América do Sul: percepções e perspectivas.
Héctor Saint-Pierre (UNESP).
3. Cooperação Estrangeira e Estratégia Nacional de Defesa.
Manuel Domingos Neto (UFF).
4. A UNASUL e o Conselho de Defesa Sul-Americano.
Maria Celina D´Araújo (PUC-RJ).
5. O Atlântico Sul no contexto sul-americano de segurança e defesa.
Mauro César Rodrigues Pereira (NEST-UFF).
6. Economia política da segurança internacional - Novos paradigmas.
Theotonio dos Santos (REGGEN/UNU).
7. Segurança Cibernética no Século XXI
Gen Villas Bôas (EME-EB).
8. "Geopolítica e Integração Regional na América do Sul".
Wanderley Messias da Costa (USP).
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
domingo, 25 de abril de 2010
2082) Iran defectors tell about nuclear activities - Washington Post
Iranian technocrats, disillusioned with government, offer wealth of intelligence to U.S.
By Joby Warrick and Greg Miller
Washington Post Staff Writers
Sunday, April 25, 2010; A01
Iran's political turmoil has prompted a growing number of the country's officials to defect or leak information to the West, creating a new flow of intelligence about its secretive nuclear program, U.S. officials said.
The gains have complicated work on a long-awaited assessment of Iran's nuclear activities, a report that will represent the combined judgment of more than a dozen U.S. spy agencies. The National Intelligence Estimate was due last fall but has been delayed at least twice amid efforts to incorporate information from sources who are still being vetted.
Director of National Intelligence Dennis C. Blair said in a brief interview last week that the delay in the completion of the NIE "has to do with the information coming in and the pace of developments."
Some of the most significant new material has come from informants, including scientists and others with access to Iran's military programs, who are motivated by antipathy toward the government and its suppression of the opposition movement after a disputed presidential election in June, according to current and former officials in the United States and Europe who spoke on the condition of anonymity to discuss the intelligence gains.
"There is a wealth of information-sharing going on, and it reflects enormous discontent among Iranian technocrats," said a former U.S. government official who until recently was privy to classified reports about intelligence-gathering inside Iran. He said that among senior technocrats in the nuclear program and other fields, "the morale is very low."
In recent weeks, U.S. officials have acknowledged that an Iranian nuclear scientist defected to the West in June. Shahram Amiri, 32, vanished while on a religious pilgrimage in Saudi Arabia and has provided spy agencies with details about sensitive programs, including a long-hidden uranium-enrichment plant near the city of Qom, intelligence officials and Europe-based diplomats said.
Amiri is described by some as the most significant Iranian defector since Brig. Gen. Ali Reza Asgari, a former deputy defense minister and Revolutionary Guard Corps commander who switched sides during a 2007 trip to Turkey.
But sources said there has been a spate of other recent defections by diplomatic and military officials, some of which have not been made public. Among the defectors was a top diplomat at the Iranian mission in Oslo, who said he was pressured to falsify election returns for Iranian nationals who had cast votes at the embassy.
The revisions to the NIE underscore the pressure on the U.S. intelligence community to produce an accurate assessment of Iran's nuclear ambitions as President Obama pursues a policy aimed at preventing the country from acquiring an atomic bomb. The community's 2007 assessment presented the startling conclusion that Iran had halted its work on developing a nuclear warhead, provoking enduring criticism that the report had underestimated the Iranian threat.
Officials briefed on the new version, which is technically being called a "memo to holders" of the first, say it will take a harder tone. One official who has seen a draft said that the study asserts that Iran is making steady progress toward nuclear weapons capability but that it stops short of concluding that the Islamic republic's top leaders have decided to build and test a nuclear device. Iran says its nuclear program is entirely peaceful.
CIA 'brain drain' program
The Iranian diplomat who defected, Mohammed Reza Heydari, said in a telephone interview from Norway that he represents thousands of young, educated Iranians who are increasingly discouraged by developments in their country.
"I personally had a good situation, both in Iran and as a diplomat, but my conscience would no longer allow me to work for the regime," Heydari said. "I was upset that the regime was repressing and killing people, simply for asking the question 'Where is my vote?' "
The departures of Amiri and others have given new momentum to a "brain drain" program set up by the CIA in recent years as part of a broader effort to slow Iran's nuclear progress by sabotaging equipment being shipped into the country and enticing key scientists to defect.
Art Keller, a retired CIA officer, said the agency's goal in recruiting agents is almost always to "run them in place." But in Iran -- where the government uncovered a network of CIA informants and executed its members more than a decade ago -- recruiting spies is regarded as extremely dangerous. "Particularly when it comes to clandestine weapons programs," Keller said, "where the scientists are watched like a hawk."
The CIA declined to discuss the brain-drain program or characterize the information provided by defectors such as Amiri. It also declined to comment on an ABC News report that Amiri has been resettled in the United States.
But Iranian news reports have identified Amiri as a researcher for the Atomic Energy Organization of Iran. The National Council of Resistance in Iran (NCRI), an opposition group that publicly revealed the existence of a secret uranium-enrichment program in 2003, said Amiri had been associated with sensitive nuclear programs for at least a decade. Iran contends that Amiri was kidnapped.
Some observers say the Tehran government has been unnerved by the defections and point to the death of an Iranian physics professor more than three months ago as a sign that it has begun a crackdown designed to frighten would-be spies.
The professor, Masoud Ali Mohammadi, was killed Jan. 12 when a bomb planted on a motorcycle exploded as he passed nearby. Iranian officials accused Israeli and Western intelligence operatives in the killing, but news accounts indicated that Mohammadi had been sympathetic to the opposition movement and had attended anti-government demonstrations. The day before his death, Iranian intelligence agents had searched his home and confiscated documents and notes, according to a report by the NCRI.
Learning from mistakes
In public testimony over the past three years, senior U.S. intelligence officials have avoided contradicting the language used in the 2007 NIE, despite privately asserting that Iran is seeking a nuclear weapon. An unclassified U.S. military report submitted to Congress this month concluded: "Iran is developing technological capabilities applicable to nuclear weapons and, at a minimum, is keeping open the option to develop nuclear weapons."
The 2007 report stressed that Iran was still taking other steps that could help it acquire nuclear arms, but any nuance was lost in the fierce debate that followed. Like the new version, the 2007 estimate was revised repeatedly as its release date neared.
Indeed, it was essentially scrapped and rewritten after the United States obtained secret computer records that described a decision by Iranian leaders to cancel work on a warhead around the time U.S.-led forces invaded Iraq in 2003.
Critics blamed the document -- a version of which was released to the public -- for creating the impression that the Iranian threat had subsided and for derailing the George W. Bush administration's hard-line approach.
The report's authors subsequently acknowledged that it was poorly written for a public audience and, as a result, was widely misunderstood.
A U.S. official briefed on the progress of the new NIE said analysts are under pressure to avoid their predecessors' mistakes. The document is now scheduled to be delivered by August, the official said, adding that "there is an expectation that the previous one will be corrected."
U.S. officials said there will be a major difference in how the new estimate is presented. The previous document triggered headlines that Iran had backed away from its pursuit of the bomb largely because officials decided to release a version to the public. The officials said they now see that decision as a mistake and have no plans this time to make portions of the estimate public.
Staff researcher Julie Tate contributed to this report.
By Joby Warrick and Greg Miller
Washington Post Staff Writers
Sunday, April 25, 2010; A01
Iran's political turmoil has prompted a growing number of the country's officials to defect or leak information to the West, creating a new flow of intelligence about its secretive nuclear program, U.S. officials said.
The gains have complicated work on a long-awaited assessment of Iran's nuclear activities, a report that will represent the combined judgment of more than a dozen U.S. spy agencies. The National Intelligence Estimate was due last fall but has been delayed at least twice amid efforts to incorporate information from sources who are still being vetted.
Director of National Intelligence Dennis C. Blair said in a brief interview last week that the delay in the completion of the NIE "has to do with the information coming in and the pace of developments."
Some of the most significant new material has come from informants, including scientists and others with access to Iran's military programs, who are motivated by antipathy toward the government and its suppression of the opposition movement after a disputed presidential election in June, according to current and former officials in the United States and Europe who spoke on the condition of anonymity to discuss the intelligence gains.
"There is a wealth of information-sharing going on, and it reflects enormous discontent among Iranian technocrats," said a former U.S. government official who until recently was privy to classified reports about intelligence-gathering inside Iran. He said that among senior technocrats in the nuclear program and other fields, "the morale is very low."
In recent weeks, U.S. officials have acknowledged that an Iranian nuclear scientist defected to the West in June. Shahram Amiri, 32, vanished while on a religious pilgrimage in Saudi Arabia and has provided spy agencies with details about sensitive programs, including a long-hidden uranium-enrichment plant near the city of Qom, intelligence officials and Europe-based diplomats said.
Amiri is described by some as the most significant Iranian defector since Brig. Gen. Ali Reza Asgari, a former deputy defense minister and Revolutionary Guard Corps commander who switched sides during a 2007 trip to Turkey.
But sources said there has been a spate of other recent defections by diplomatic and military officials, some of which have not been made public. Among the defectors was a top diplomat at the Iranian mission in Oslo, who said he was pressured to falsify election returns for Iranian nationals who had cast votes at the embassy.
The revisions to the NIE underscore the pressure on the U.S. intelligence community to produce an accurate assessment of Iran's nuclear ambitions as President Obama pursues a policy aimed at preventing the country from acquiring an atomic bomb. The community's 2007 assessment presented the startling conclusion that Iran had halted its work on developing a nuclear warhead, provoking enduring criticism that the report had underestimated the Iranian threat.
Officials briefed on the new version, which is technically being called a "memo to holders" of the first, say it will take a harder tone. One official who has seen a draft said that the study asserts that Iran is making steady progress toward nuclear weapons capability but that it stops short of concluding that the Islamic republic's top leaders have decided to build and test a nuclear device. Iran says its nuclear program is entirely peaceful.
CIA 'brain drain' program
The Iranian diplomat who defected, Mohammed Reza Heydari, said in a telephone interview from Norway that he represents thousands of young, educated Iranians who are increasingly discouraged by developments in their country.
"I personally had a good situation, both in Iran and as a diplomat, but my conscience would no longer allow me to work for the regime," Heydari said. "I was upset that the regime was repressing and killing people, simply for asking the question 'Where is my vote?' "
The departures of Amiri and others have given new momentum to a "brain drain" program set up by the CIA in recent years as part of a broader effort to slow Iran's nuclear progress by sabotaging equipment being shipped into the country and enticing key scientists to defect.
Art Keller, a retired CIA officer, said the agency's goal in recruiting agents is almost always to "run them in place." But in Iran -- where the government uncovered a network of CIA informants and executed its members more than a decade ago -- recruiting spies is regarded as extremely dangerous. "Particularly when it comes to clandestine weapons programs," Keller said, "where the scientists are watched like a hawk."
The CIA declined to discuss the brain-drain program or characterize the information provided by defectors such as Amiri. It also declined to comment on an ABC News report that Amiri has been resettled in the United States.
But Iranian news reports have identified Amiri as a researcher for the Atomic Energy Organization of Iran. The National Council of Resistance in Iran (NCRI), an opposition group that publicly revealed the existence of a secret uranium-enrichment program in 2003, said Amiri had been associated with sensitive nuclear programs for at least a decade. Iran contends that Amiri was kidnapped.
Some observers say the Tehran government has been unnerved by the defections and point to the death of an Iranian physics professor more than three months ago as a sign that it has begun a crackdown designed to frighten would-be spies.
The professor, Masoud Ali Mohammadi, was killed Jan. 12 when a bomb planted on a motorcycle exploded as he passed nearby. Iranian officials accused Israeli and Western intelligence operatives in the killing, but news accounts indicated that Mohammadi had been sympathetic to the opposition movement and had attended anti-government demonstrations. The day before his death, Iranian intelligence agents had searched his home and confiscated documents and notes, according to a report by the NCRI.
Learning from mistakes
In public testimony over the past three years, senior U.S. intelligence officials have avoided contradicting the language used in the 2007 NIE, despite privately asserting that Iran is seeking a nuclear weapon. An unclassified U.S. military report submitted to Congress this month concluded: "Iran is developing technological capabilities applicable to nuclear weapons and, at a minimum, is keeping open the option to develop nuclear weapons."
The 2007 report stressed that Iran was still taking other steps that could help it acquire nuclear arms, but any nuance was lost in the fierce debate that followed. Like the new version, the 2007 estimate was revised repeatedly as its release date neared.
Indeed, it was essentially scrapped and rewritten after the United States obtained secret computer records that described a decision by Iranian leaders to cancel work on a warhead around the time U.S.-led forces invaded Iraq in 2003.
Critics blamed the document -- a version of which was released to the public -- for creating the impression that the Iranian threat had subsided and for derailing the George W. Bush administration's hard-line approach.
The report's authors subsequently acknowledged that it was poorly written for a public audience and, as a result, was widely misunderstood.
A U.S. official briefed on the progress of the new NIE said analysts are under pressure to avoid their predecessors' mistakes. The document is now scheduled to be delivered by August, the official said, adding that "there is an expectation that the previous one will be corrected."
U.S. officials said there will be a major difference in how the new estimate is presented. The previous document triggered headlines that Iran had backed away from its pursuit of the bomb largely because officials decided to release a version to the public. The officials said they now see that decision as a mistake and have no plans this time to make portions of the estimate public.
Staff researcher Julie Tate contributed to this report.
2081) Bolivarian courts - can lead to prison
Venezuelan judge is jailed after ruling angers President Hugo Chávez
By Juan Forero
The Washington Post, Sunday, April 25, 2010; A16
LOS TEQUES, VENEZUELA -- Sitting in the tiny jail cell that has been her home for months, Judge Maria Lourdes Afiuni said she knew a ruling she handed down in December might incense Venezuelan President Hugo Chávez.
But she was astonished when intelligence agents arrested her and the entire courtroom staff 15 minutes after she freed a prisoner the government wanted in jail.
"I never thought -- never -- that the violations would get to this point," said Afiuni, 46, who is being held here in a cellblock filled with women charged with drug trafficking and murder, some of whom she sentenced.
The jailing of a tenured judge who angered the president has brought into sharp focus the increasingly tight control Chávez exerts over the judiciary, a situation condemned by legal watchdog groups and constitutional experts across the Americas.
Advocates for an independent judiciary in Venezuela also say the judge's plight, along with the arrests of dozens of government opponents in recent months, demonstrates how far the Chávez administration will go to quell dissent.
"The message from the Afiuni case is very clear: If a judge doesn't do what we want, you go to jail," said Carlos Ayala, a constitutional lawyer and former president of the Andean Commission of Jurists. "Judges are scared out of their wits. Before, they got fired for these decisions. Now they go to jail."
Afiuni was charged with corruption and abuse of authority after she conditionally freed Eligio Cedeño, a banker who had run afoul of the government and was accused of evading currency controls. Cedeño waited in jail nearly three years for his first court hearing, which exceeded legal limits, Afiuni said in a recent interview. He fled the country and is seeking political asylum in Miami.
The Venezuelan attorney general's office said it could not comment on Afiuni's case. But in an interview, Carlos Escarra, a pro-Chávez congressman and legal expert, said "there's a series of actions that show a bribe was paid" to Afiuni, a charge she denies. In a speech the day after Afiuni was arrested, Chávez accused her of crimes "more serious than an assassination."
"I call for 30 years in prison in the name of the dignity of the country," he said.
More than any other case, Afiuni's arrest has alarmed independent justices and those who track Venezuela's judiciary. Bar associations from New York to Madrid have demanded her release, and thousands follow her through Twitter feeds. Her first court hearing has been postponed repeatedly by "suspicious delays," said one of her attorneys, Juan Ernesto Garanton.
"What has been really hard is knowing my fate is in Chávez's hands," Afiuni said. "Just as my detention was a result of the whim of the president, my release will also be a whim of his."
Chávez and ministers in his government frequently declared the judicial system in place before his election in 1998 a vestige of a corrupt system that needed to be jettisoned. In its place, the government in 2004 created a Supreme Court overwhelmingly sympathetic to the president, according to a recent report by the human rights arm of the Organization of American States, of which Venezuela is a member.
The Inter-American Commission on Human Rights also found that Venezuelan judges have been dismissed after issuing rulings that antagonize the government, and that hundreds more are named to posts through an opaque system. Legal experts in Venezuela estimate that about half of the judges are provisional, which they say leaves them more susceptible to pressure.
Many of the remaining judges have demonstrated their allegiance to Chávez and expressed support for the government's efforts to create a system that blurs the separation of powers.
Escarra, the pro-government lawmaker, said judges who were replaced had issued rulings that favored people who wanted to destabilize Chávez. He said accusations that the president interferes in the judiciary were exaggerated.
Some judges have wound up like Juan Carlos Apitz.
In 2003, Apitz was on a five-judge court that ruled that doctors from Cuba, Venezuela's closest ally, could not work in Venezuela unless they revalidated their qualifications. At the time, Cuba was deploying thousands of doctors to Venezuela in exchange for cut-rate oil.
Chávez called the decision "unconstitutional." Then 46 intelligence agents raided the court and searched through paperwork for more than 10 hours. Apitz and two other judges who had ruled with him were banished from the judiciary; the two dissenters were promoted to the Supreme Court.
Apitz said the dismissal of independent judges means that opponents have no real legal recourse if they want to challenge a government investigation or an arrest. That is particularly troubling these days, he said, because the intelligence service has arrested dozens of anti-government student protesters and opposition leaders in recent months.
"In Venezuela, there is a grotesque inequality in applying the law," he said. "Those who do not share the national government's politics are at a disadvantage."
By Juan Forero
The Washington Post, Sunday, April 25, 2010; A16
LOS TEQUES, VENEZUELA -- Sitting in the tiny jail cell that has been her home for months, Judge Maria Lourdes Afiuni said she knew a ruling she handed down in December might incense Venezuelan President Hugo Chávez.
But she was astonished when intelligence agents arrested her and the entire courtroom staff 15 minutes after she freed a prisoner the government wanted in jail.
"I never thought -- never -- that the violations would get to this point," said Afiuni, 46, who is being held here in a cellblock filled with women charged with drug trafficking and murder, some of whom she sentenced.
The jailing of a tenured judge who angered the president has brought into sharp focus the increasingly tight control Chávez exerts over the judiciary, a situation condemned by legal watchdog groups and constitutional experts across the Americas.
Advocates for an independent judiciary in Venezuela also say the judge's plight, along with the arrests of dozens of government opponents in recent months, demonstrates how far the Chávez administration will go to quell dissent.
"The message from the Afiuni case is very clear: If a judge doesn't do what we want, you go to jail," said Carlos Ayala, a constitutional lawyer and former president of the Andean Commission of Jurists. "Judges are scared out of their wits. Before, they got fired for these decisions. Now they go to jail."
Afiuni was charged with corruption and abuse of authority after she conditionally freed Eligio Cedeño, a banker who had run afoul of the government and was accused of evading currency controls. Cedeño waited in jail nearly three years for his first court hearing, which exceeded legal limits, Afiuni said in a recent interview. He fled the country and is seeking political asylum in Miami.
The Venezuelan attorney general's office said it could not comment on Afiuni's case. But in an interview, Carlos Escarra, a pro-Chávez congressman and legal expert, said "there's a series of actions that show a bribe was paid" to Afiuni, a charge she denies. In a speech the day after Afiuni was arrested, Chávez accused her of crimes "more serious than an assassination."
"I call for 30 years in prison in the name of the dignity of the country," he said.
More than any other case, Afiuni's arrest has alarmed independent justices and those who track Venezuela's judiciary. Bar associations from New York to Madrid have demanded her release, and thousands follow her through Twitter feeds. Her first court hearing has been postponed repeatedly by "suspicious delays," said one of her attorneys, Juan Ernesto Garanton.
"What has been really hard is knowing my fate is in Chávez's hands," Afiuni said. "Just as my detention was a result of the whim of the president, my release will also be a whim of his."
Chávez and ministers in his government frequently declared the judicial system in place before his election in 1998 a vestige of a corrupt system that needed to be jettisoned. In its place, the government in 2004 created a Supreme Court overwhelmingly sympathetic to the president, according to a recent report by the human rights arm of the Organization of American States, of which Venezuela is a member.
The Inter-American Commission on Human Rights also found that Venezuelan judges have been dismissed after issuing rulings that antagonize the government, and that hundreds more are named to posts through an opaque system. Legal experts in Venezuela estimate that about half of the judges are provisional, which they say leaves them more susceptible to pressure.
Many of the remaining judges have demonstrated their allegiance to Chávez and expressed support for the government's efforts to create a system that blurs the separation of powers.
Escarra, the pro-government lawmaker, said judges who were replaced had issued rulings that favored people who wanted to destabilize Chávez. He said accusations that the president interferes in the judiciary were exaggerated.
Some judges have wound up like Juan Carlos Apitz.
In 2003, Apitz was on a five-judge court that ruled that doctors from Cuba, Venezuela's closest ally, could not work in Venezuela unless they revalidated their qualifications. At the time, Cuba was deploying thousands of doctors to Venezuela in exchange for cut-rate oil.
Chávez called the decision "unconstitutional." Then 46 intelligence agents raided the court and searched through paperwork for more than 10 hours. Apitz and two other judges who had ruled with him were banished from the judiciary; the two dissenters were promoted to the Supreme Court.
Apitz said the dismissal of independent judges means that opponents have no real legal recourse if they want to challenge a government investigation or an arrest. That is particularly troubling these days, he said, because the intelligence service has arrested dozens of anti-government student protesters and opposition leaders in recent months.
"In Venezuela, there is a grotesque inequality in applying the law," he said. "Those who do not share the national government's politics are at a disadvantage."
2080) Celso Amorim - entrevista ao Estadao
''É um absurdo achar que o Brasil é pró-Irã ou que está isolado''
Roberto Simon
O Estado de S.Paulo, 25 de abril de 2010
Chanceler brasileiro defende posição do País na crise hondurenha, fala sobre sua filiação ao PT e rebate as críticas de que o governo Lula partidarizou a diplomacia brasileira
Ele está a 132 dias de bater o recorde de José Maria da Silva Paranhos Júnior, o barão do Rio Branco, maior mito da diplomacia brasileira. Quando terminar o governo Lula, Celso Amorim será o chanceler que mais tempo esteve à frente do Itamaraty. Em entrevista ao Estado, ele defendeu a posição do Brasil durante a crise hondurenha, falou sobre sua filiação ao PT e disse que estão "equivocados" os que acham que o País está isolado na questão nuclear iraniana. A seguir, os principais trechos da conversa com o chanceler brasileiro.
Por que o sr, diplomata de carreira e chanceler, decidiu se filiar ao PT?
Estou terminando minha gestão no Itamaraty. Sou diplomata aposentado, além do mais. Mas aposentadoria não é a morte. Interesso-me por política - isso não significa que serei candidato. Se quisesse, teria sido agora. Quero ter um envolvimento na política e me identifico mais com o PT. A maioria dos meus antecessores, com exceção do governo militar, pertenciam a partidos.
Mas não diplomatas de carreira.
Não penso assim. Veja meu antecessor, Celso Lafer. Foi tesoureiro de campanha do PSDB. Roberto Campos, diplomata de carreira, não foi chanceler, mas foi ministro. Sinceramente, isso é um não-assunto.
O sr. seria chanceler em um eventual governo Dilma Rousseff?
Não sei, não tenho mais ambições. Pretendo levar da melhor maneira esse período final do governo, ao qual me orgulho de ter servido.
Seus críticos reclamam da ''partidarização'' da diplomacia, dizem que a agenda do PT está ofuscando tradicionais objetivos do Itamaraty.
Primeiro, o governo não é só o PT, mas o PT dentro de uma coligação. Eu, aliás, fico muito satisfeito quando vou ao Senado e à Câmara e - tirando esse período eleitoral - recebo muitos elogios.
Mas, da última vez, dois da membros oposição bateram boca com o sr.
É porque estamos em ano eleitoral. Respeito a opinião dos outros, não estou dizendo que estão certos ou errados. Há alguma diferença de concepção quanto à diplomacia, mas a maior distinção é que nós não nos limitamos a falar. Nós fizemos.
Há reclamações de uma afinidade excessiva da atual política externa com países como Venezuela e Cuba. O sr. discorda?
Não vejo isso de maneira tão dramática. Fui ministro do presidente Itamar (Franco) e levei a Cuba uma carta dele sobre certos temas. O próprio governo Fernando Henrique Cardoso teve uma cooperação razoável com Cuba.
Agora parece ser diferente. Na última visita a Havana, Lula comparou prisioneiros de consciência cubanos como criminosos comuns brasileiros.
Já comentei o que tinha de comentar a esse respeito. O presidente fez uma autocrítica em relação à greve de fome que fez em São Bernardo. Agora, cá entre nós, quando houve greve de fome na Irlanda do Norte ninguém nos pediu para romper com a Grã-Bretanha. Há maneiras de agir. É muito fácil fazer condenações e colocar um diploma na parede. O difícil é contribuir efetivamente para uma melhora.
Mas, ao comparar presos de consciência com criminosos comuns, o presidente não dá um voto de legitimidade ao sistema cubano?
Não vejo que ele tenha feito a comparação entre uns e outros. O presidente comparou situações. Cada um tem seu estilo, suas metáforas.
Outra frase do presidente Lula que marcou muito foi a de que os protestos, no Irã, contra a eleição de junho, eram "choro de perdedor, como uma coisa entre vascaínos e flamenguistas".
Vocês querem que eu comente o estilo do presidente. Esse estilo é apoiado por 85% dos brasileiros. O que interessa é que o Brasil não vai intervir em um tema interno iraniano e irá se relacionar de Estado para Estado com o Irã.
Mas, novamente, não foi uma intervenção? Não estaria Lula legitimando uma eleição amplamente contestada?
Não acho, de forma nenhuma, que seja uma intervenção. Reflete a experiência dele diante de coisas que assistiu no Brasil. Seria muito pretensioso, nesse caso específico, achar que teríamos alguma influência. O que temos procurado trabalhar com o Irã é o caso do dossiê nuclear.
Antes de falar sobre o programa nuclear, o sr. considera a questão de direitos humanos no Irã um empecilho para a aproximação do Brasil com Teerã?
O ideal é que o mundo todo fosse feito de democracias. De preferência com um componente social, como a nossa. Mas não é assim. Não vou responder a sua pergunta como você quer e a recoloco: a ausência de democracia é empecilho para os EUA - país que seu jornal mais admira, e eu também - estabelecer relações com alguém? Pergunte a um ministro americano se ele pensa em romper laços por causa de violações de direitos humanos.
O caso iraniano é bem particular. O Irã caminha desde junho para uma ditadura brutal, com repressão na rua e a Guarda Revolucionária tomando de assalto o país. Nesse contexto se dá a aproximação brasileira.
Não vejo da forma que você coloca. O Irã é formado por circunstâncias diversas, que vêm desde a traumática ruptura com os EUA.
Sobre o dossiê nuclear do Irã, há em paralelo um programa balístico e todos sabem que Teerã fez uma usina secreta em Qom...
Não defendemos nada disso. Queremos o que (o presidente Barack) Obama defendia até pouco tempo, mas parece estar desiludido. Tudo isso que você estava enumerando já existia. O que há de novo é uma proposta da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) para a troca de urânio levemente enriquecido por elementos combustíveis para o reator de pesquisa de Teerã. Achamos que ainda é possível trabalhar sobre a proposta - assim como os turcos, membros da Otan e vizinhos do Irã, provavelmente os últimos a querer uma bomba iraniana. Chamam-nos de ingênuos, mas acho muito mais ingênuos os que acreditam em tudo o que o serviço de inteligência americano fala. Veja o caso do Iraque. O último relatório da AIEA sobre o Irã não traz fato novo. O que tem é um novo tom, pois mudou o diretor-geral. Converso com muita gente e não vejo o Irã perto de fazer uma bomba. A maioria dos analistas tampouco acredita que isso está próximo.
O artigo de capa da última "Foreign Affairs", prestigiada revista de especialistas, diz exatamente o oposto.
Mas isso virou uma polêmica ideológica. Um artigo publicado nos EUA colocava a estimativa mínima entre três e cinco anos para se obter uma bomba. Supondo ainda que eles queiram fazer. Não estou dizendo que eles querem ou não. Mas é possível fazer um acordo que dê conforto relativo - pois absoluto não há - de que o Irã não terá um arsenal nuclear mínimo a médio prazo, ao mesmo tempo respeitando o direito iraniano de ter energia nuclear para fins pacíficos. É absurdo achar que o Brasil é pró-Irã. Veja o que diz (Thomas) Pickering, que trabalhou com a (ex-secretária de Estado dos EUA) Madeleine Albright, ou o (ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Zbigniew) Brzezinski. Outro dia até o Estadão publicou um artigo - fiquei feliz - defendendo a mesma coisa que nós. Dizer que Pickering é pró-Irã é estar no mundo da Lua, sinceramente.
Ahmadinejad fechou um acordo com AIEA e depois recuou. Como o sr. vê esse vaivém?
Os EUA também chegaram a condenar Honduras na OEA e depois recuaram, porque senadores não confirmavam um embaixador.
São situações comparáveis?
Claro que não. Estou dizendo que em todos os lugares há posições variadas. O Irã, independentemente do julgamento de valor, certamente tem um sistema político plural.
Não é o que pensam os dissidentes iranianos, sobretudo desde junho.
Um dos primeiros a condenar o acordo com a AIEA foi o (líder da oposição Mir Hossein) Mousavi. O Irã tem um sistema plural, apesar de todas as suas limitações. Não estou falando que é a democracia pluralista que queremos. Acho, honestamente, que o Irã devia ter aceito a oferta da AIEA que permitia o enriquecimento. Mas não é porque recusaram que diremos "então está bem, vamos para guerra". Ou "vamos para sanções", que podem não ter efeito ou punir a população.
Então, se uma resolução nos atuais termos vier, o Brasil votará contra.
Não darei essa informação. Ainda temos de analisar.
O vice-presidente José Alencar afirmou que uma bomba iraniana só teria fins defensivos. O sr. concorda?
Você só me pergunta sobre o que os outros dizem (risos). Respeito muito o vice-presidente e não comentarei. Surpreende-me a falta de informação. Achar que o Brasil é pró-Irã ou que está isolado é totalmente falso. Nem deveria invocar esses exemplos, mas como é tão importante para um certo grupo da elite brasileira saber o que os outros pensam... Outro dia na TV disseram que Honduras foi um "tropeço" nosso. Não vejo absolutamente nenhum tropeço nesse caso. Aliás, nossas posições públicas foram iguais às dos EUA. Eles nunca abriram a boca para nos criticar por dar abrigo ao (presidente Manuel) Zelaya. Só a mídia nacional e alguns políticos fizeram isso.
Hoje, olhando para trás, o sr. avalia que a decisão de abrigar Zelaya beneficiou a crise hondurenha?
Foi corretíssima, positiva para a coerência do Brasil. É espantoso que jornais que foram obrigados a publicar receita de bolo em suas páginas por causa da censura de um governo militar achem justificável um golpe de Estado. Isso me espanta. Houve um erro e não devemos permitir que ele sirva de exemplo. Aliás, mutatis mutandis, o golpe hondurenho se assemelha muito ao de 1964. Todo mundo diz que o Brasil cometeu um fiasco, como se não fosse correto dar abrigo a um presidente legitimamente eleito, tirado de sua casa na ponta de um fuzil.
Nenhum grande jornal do Brasil defendeu o golpe. Para o "Estado", o novo regime era "governo de facto". O que se questionou foi, por exemplo, o fato de Zelaya convocar uma "insurreição" - foi essa a palavra usada - de dentro da embaixada brasileira.
O que você queria que eu fizesse? Pegasse o Zelaya e botasse na rua? Aí sim teríamos uma chance de guerra civil. Chegamos para ele e dissemos "você fica, mas não fale mais isso". Eu, pessoalmente, disse a ele: "Presidente, por favor não use a palavra morte". E ele respeitou. Enviados americanos iam à embaixada brasileira falar com Zelaya. Só se chegou a uma conclusão - que, certamente, não foi a ideal - porque abrigamos Zelaya.
Recentemente, a revista "Foreign Policy" afirmou que o sr. é o "Henry Kissinger brasileiro". Como o sr. vê a comparação?
Não tenho o brilhantismo do professor Kissinger (risos). E ainda acho que sou um pouco mais idealista do que ele.
COMENTÁRIOS PARA ESTE POST
2 mineiro dorense
25 DE ABRIL DE 2010
Acho que não tenho nada a acrescentar ao excelente comentário de Alberto Martinet, apenas salientar que Celso amorim, como outras figurinhas do atual governo, serve para levar de vez junto consigo, no "caminhão do lixo da História", o famigerado partido da ética. Obrigado, ministro, por sua singela contribuição.
1 Alberto Martinet
25 DE ABRIL DE 2010
Quanta má fé na fala desse asqueroso personagem! Ele é «escorregoso feito bagre ensaboado», foge das questões, elude os assuntos que não lhe interessam.
Bajudador (é dele a expressão «Nosso Guia», aplicada ao Lula), costuma se esgueirar em terreno minado e, como seu mentor, tem conseguido tirar vantagem de situações conflitantes. Mudou várias vezes sua visão política do mundo, conforme os diferentes Senhores a quem serviu.
Acaba de fazer vistas grossas ao fato de sua esposa ser agraciada com a maior distinção outorgada pela Diplomacia brasileira: a Ordem do Rio Branco, no grau Grã-Cruz.
Homem sem consistência. Coração pequeno e espinha flexível. Mesquinho e desprezível. Está entre aqueles que serão tragados e triturados pelo caminhão de lixo da História.
Roberto Simon
O Estado de S.Paulo, 25 de abril de 2010
Chanceler brasileiro defende posição do País na crise hondurenha, fala sobre sua filiação ao PT e rebate as críticas de que o governo Lula partidarizou a diplomacia brasileira
Ele está a 132 dias de bater o recorde de José Maria da Silva Paranhos Júnior, o barão do Rio Branco, maior mito da diplomacia brasileira. Quando terminar o governo Lula, Celso Amorim será o chanceler que mais tempo esteve à frente do Itamaraty. Em entrevista ao Estado, ele defendeu a posição do Brasil durante a crise hondurenha, falou sobre sua filiação ao PT e disse que estão "equivocados" os que acham que o País está isolado na questão nuclear iraniana. A seguir, os principais trechos da conversa com o chanceler brasileiro.
Por que o sr, diplomata de carreira e chanceler, decidiu se filiar ao PT?
Estou terminando minha gestão no Itamaraty. Sou diplomata aposentado, além do mais. Mas aposentadoria não é a morte. Interesso-me por política - isso não significa que serei candidato. Se quisesse, teria sido agora. Quero ter um envolvimento na política e me identifico mais com o PT. A maioria dos meus antecessores, com exceção do governo militar, pertenciam a partidos.
Mas não diplomatas de carreira.
Não penso assim. Veja meu antecessor, Celso Lafer. Foi tesoureiro de campanha do PSDB. Roberto Campos, diplomata de carreira, não foi chanceler, mas foi ministro. Sinceramente, isso é um não-assunto.
O sr. seria chanceler em um eventual governo Dilma Rousseff?
Não sei, não tenho mais ambições. Pretendo levar da melhor maneira esse período final do governo, ao qual me orgulho de ter servido.
Seus críticos reclamam da ''partidarização'' da diplomacia, dizem que a agenda do PT está ofuscando tradicionais objetivos do Itamaraty.
Primeiro, o governo não é só o PT, mas o PT dentro de uma coligação. Eu, aliás, fico muito satisfeito quando vou ao Senado e à Câmara e - tirando esse período eleitoral - recebo muitos elogios.
Mas, da última vez, dois da membros oposição bateram boca com o sr.
É porque estamos em ano eleitoral. Respeito a opinião dos outros, não estou dizendo que estão certos ou errados. Há alguma diferença de concepção quanto à diplomacia, mas a maior distinção é que nós não nos limitamos a falar. Nós fizemos.
Há reclamações de uma afinidade excessiva da atual política externa com países como Venezuela e Cuba. O sr. discorda?
Não vejo isso de maneira tão dramática. Fui ministro do presidente Itamar (Franco) e levei a Cuba uma carta dele sobre certos temas. O próprio governo Fernando Henrique Cardoso teve uma cooperação razoável com Cuba.
Agora parece ser diferente. Na última visita a Havana, Lula comparou prisioneiros de consciência cubanos como criminosos comuns brasileiros.
Já comentei o que tinha de comentar a esse respeito. O presidente fez uma autocrítica em relação à greve de fome que fez em São Bernardo. Agora, cá entre nós, quando houve greve de fome na Irlanda do Norte ninguém nos pediu para romper com a Grã-Bretanha. Há maneiras de agir. É muito fácil fazer condenações e colocar um diploma na parede. O difícil é contribuir efetivamente para uma melhora.
Mas, ao comparar presos de consciência com criminosos comuns, o presidente não dá um voto de legitimidade ao sistema cubano?
Não vejo que ele tenha feito a comparação entre uns e outros. O presidente comparou situações. Cada um tem seu estilo, suas metáforas.
Outra frase do presidente Lula que marcou muito foi a de que os protestos, no Irã, contra a eleição de junho, eram "choro de perdedor, como uma coisa entre vascaínos e flamenguistas".
Vocês querem que eu comente o estilo do presidente. Esse estilo é apoiado por 85% dos brasileiros. O que interessa é que o Brasil não vai intervir em um tema interno iraniano e irá se relacionar de Estado para Estado com o Irã.
Mas, novamente, não foi uma intervenção? Não estaria Lula legitimando uma eleição amplamente contestada?
Não acho, de forma nenhuma, que seja uma intervenção. Reflete a experiência dele diante de coisas que assistiu no Brasil. Seria muito pretensioso, nesse caso específico, achar que teríamos alguma influência. O que temos procurado trabalhar com o Irã é o caso do dossiê nuclear.
Antes de falar sobre o programa nuclear, o sr. considera a questão de direitos humanos no Irã um empecilho para a aproximação do Brasil com Teerã?
O ideal é que o mundo todo fosse feito de democracias. De preferência com um componente social, como a nossa. Mas não é assim. Não vou responder a sua pergunta como você quer e a recoloco: a ausência de democracia é empecilho para os EUA - país que seu jornal mais admira, e eu também - estabelecer relações com alguém? Pergunte a um ministro americano se ele pensa em romper laços por causa de violações de direitos humanos.
O caso iraniano é bem particular. O Irã caminha desde junho para uma ditadura brutal, com repressão na rua e a Guarda Revolucionária tomando de assalto o país. Nesse contexto se dá a aproximação brasileira.
Não vejo da forma que você coloca. O Irã é formado por circunstâncias diversas, que vêm desde a traumática ruptura com os EUA.
Sobre o dossiê nuclear do Irã, há em paralelo um programa balístico e todos sabem que Teerã fez uma usina secreta em Qom...
Não defendemos nada disso. Queremos o que (o presidente Barack) Obama defendia até pouco tempo, mas parece estar desiludido. Tudo isso que você estava enumerando já existia. O que há de novo é uma proposta da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) para a troca de urânio levemente enriquecido por elementos combustíveis para o reator de pesquisa de Teerã. Achamos que ainda é possível trabalhar sobre a proposta - assim como os turcos, membros da Otan e vizinhos do Irã, provavelmente os últimos a querer uma bomba iraniana. Chamam-nos de ingênuos, mas acho muito mais ingênuos os que acreditam em tudo o que o serviço de inteligência americano fala. Veja o caso do Iraque. O último relatório da AIEA sobre o Irã não traz fato novo. O que tem é um novo tom, pois mudou o diretor-geral. Converso com muita gente e não vejo o Irã perto de fazer uma bomba. A maioria dos analistas tampouco acredita que isso está próximo.
O artigo de capa da última "Foreign Affairs", prestigiada revista de especialistas, diz exatamente o oposto.
Mas isso virou uma polêmica ideológica. Um artigo publicado nos EUA colocava a estimativa mínima entre três e cinco anos para se obter uma bomba. Supondo ainda que eles queiram fazer. Não estou dizendo que eles querem ou não. Mas é possível fazer um acordo que dê conforto relativo - pois absoluto não há - de que o Irã não terá um arsenal nuclear mínimo a médio prazo, ao mesmo tempo respeitando o direito iraniano de ter energia nuclear para fins pacíficos. É absurdo achar que o Brasil é pró-Irã. Veja o que diz (Thomas) Pickering, que trabalhou com a (ex-secretária de Estado dos EUA) Madeleine Albright, ou o (ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Zbigniew) Brzezinski. Outro dia até o Estadão publicou um artigo - fiquei feliz - defendendo a mesma coisa que nós. Dizer que Pickering é pró-Irã é estar no mundo da Lua, sinceramente.
Ahmadinejad fechou um acordo com AIEA e depois recuou. Como o sr. vê esse vaivém?
Os EUA também chegaram a condenar Honduras na OEA e depois recuaram, porque senadores não confirmavam um embaixador.
São situações comparáveis?
Claro que não. Estou dizendo que em todos os lugares há posições variadas. O Irã, independentemente do julgamento de valor, certamente tem um sistema político plural.
Não é o que pensam os dissidentes iranianos, sobretudo desde junho.
Um dos primeiros a condenar o acordo com a AIEA foi o (líder da oposição Mir Hossein) Mousavi. O Irã tem um sistema plural, apesar de todas as suas limitações. Não estou falando que é a democracia pluralista que queremos. Acho, honestamente, que o Irã devia ter aceito a oferta da AIEA que permitia o enriquecimento. Mas não é porque recusaram que diremos "então está bem, vamos para guerra". Ou "vamos para sanções", que podem não ter efeito ou punir a população.
Então, se uma resolução nos atuais termos vier, o Brasil votará contra.
Não darei essa informação. Ainda temos de analisar.
O vice-presidente José Alencar afirmou que uma bomba iraniana só teria fins defensivos. O sr. concorda?
Você só me pergunta sobre o que os outros dizem (risos). Respeito muito o vice-presidente e não comentarei. Surpreende-me a falta de informação. Achar que o Brasil é pró-Irã ou que está isolado é totalmente falso. Nem deveria invocar esses exemplos, mas como é tão importante para um certo grupo da elite brasileira saber o que os outros pensam... Outro dia na TV disseram que Honduras foi um "tropeço" nosso. Não vejo absolutamente nenhum tropeço nesse caso. Aliás, nossas posições públicas foram iguais às dos EUA. Eles nunca abriram a boca para nos criticar por dar abrigo ao (presidente Manuel) Zelaya. Só a mídia nacional e alguns políticos fizeram isso.
Hoje, olhando para trás, o sr. avalia que a decisão de abrigar Zelaya beneficiou a crise hondurenha?
Foi corretíssima, positiva para a coerência do Brasil. É espantoso que jornais que foram obrigados a publicar receita de bolo em suas páginas por causa da censura de um governo militar achem justificável um golpe de Estado. Isso me espanta. Houve um erro e não devemos permitir que ele sirva de exemplo. Aliás, mutatis mutandis, o golpe hondurenho se assemelha muito ao de 1964. Todo mundo diz que o Brasil cometeu um fiasco, como se não fosse correto dar abrigo a um presidente legitimamente eleito, tirado de sua casa na ponta de um fuzil.
Nenhum grande jornal do Brasil defendeu o golpe. Para o "Estado", o novo regime era "governo de facto". O que se questionou foi, por exemplo, o fato de Zelaya convocar uma "insurreição" - foi essa a palavra usada - de dentro da embaixada brasileira.
O que você queria que eu fizesse? Pegasse o Zelaya e botasse na rua? Aí sim teríamos uma chance de guerra civil. Chegamos para ele e dissemos "você fica, mas não fale mais isso". Eu, pessoalmente, disse a ele: "Presidente, por favor não use a palavra morte". E ele respeitou. Enviados americanos iam à embaixada brasileira falar com Zelaya. Só se chegou a uma conclusão - que, certamente, não foi a ideal - porque abrigamos Zelaya.
Recentemente, a revista "Foreign Policy" afirmou que o sr. é o "Henry Kissinger brasileiro". Como o sr. vê a comparação?
Não tenho o brilhantismo do professor Kissinger (risos). E ainda acho que sou um pouco mais idealista do que ele.
COMENTÁRIOS PARA ESTE POST
2 mineiro dorense
25 DE ABRIL DE 2010
Acho que não tenho nada a acrescentar ao excelente comentário de Alberto Martinet, apenas salientar que Celso amorim, como outras figurinhas do atual governo, serve para levar de vez junto consigo, no "caminhão do lixo da História", o famigerado partido da ética. Obrigado, ministro, por sua singela contribuição.
1 Alberto Martinet
25 DE ABRIL DE 2010
Quanta má fé na fala desse asqueroso personagem! Ele é «escorregoso feito bagre ensaboado», foge das questões, elude os assuntos que não lhe interessam.
Bajudador (é dele a expressão «Nosso Guia», aplicada ao Lula), costuma se esgueirar em terreno minado e, como seu mentor, tem conseguido tirar vantagem de situações conflitantes. Mudou várias vezes sua visão política do mundo, conforme os diferentes Senhores a quem serviu.
Acaba de fazer vistas grossas ao fato de sua esposa ser agraciada com a maior distinção outorgada pela Diplomacia brasileira: a Ordem do Rio Branco, no grau Grã-Cruz.
Homem sem consistência. Coração pequeno e espinha flexível. Mesquinho e desprezível. Está entre aqueles que serão tragados e triturados pelo caminhão de lixo da História.
2079) Realidades insustentaveis - os garotos dancarinos do Afeganistao
Certas realidades são difíceis de serem aceitas, e no entanto elas existem.
Assim como os atentados terroristas, não tenho notícias de que líderes religiosos islâmicos tenham alguma vez condenado a prática descrita nesta matéria abaixo transcrita.
Paulo Roberto de Almeida
Islamic Homosexual Pederasty and Afghanistan’s “Dancing Boys.”
Phyllis Chesler - Chesler Chronicles
Pajamas Media, April 21st, 2010 10:43 am
Last week, in Quetta, Pakistan, a homicide bomber attacked a prominent Shiite bank manager—and when his friends and relatives followed him to the hospital emergency room, another bomber attacked them, killing eight. The police assume that this was a “sectarian” (Muslim Sunni vs Muslim Shia) attack. This is nothing new; this is the template, the pattern. For example, also in 2009, in Dera Ismail Khan, Pakistan, a Shiite Muslim leader was shot down; the next day, at his funeral, a homicide bomber killed himself and 28 mourners. Again, the police described this as “sectarian” violence. In 2008, in the same town, after the shooting death of a Shiite Muslim cleric, both the hospital and the funeral were subsequently attacked either by a homicide bomber or by a “planted” device. These Muslims take no prisoners. Yesterday, the deputy mayor of Kandahar, in Afghanistan (123 miles away from Quetta), was shot to death while he was praying in a mosque.
What mercy might such people show to infidels, women, or children, including their own?
None. None at all. Westerners are so confused about this—not only because they are brainwashed and do not want to be called “racists,” but also because these people tend to have such charming and “sincere” faces.
Last night, I watched the saddest little movie, a brave Frontline documentary about the “Bacha Bazi,” the underage “dancing boys” of Afghanistan. These children are sex slaves to older, powerful Afghan men–in this instance, former Northern Alliance warlords, who have purchased them from their impoverished families or, as orphans, simply taken them off the street. When they try to escape, they are found and punished—or they are murdered.
An Afghan dancing boy

“Dagastir,” a former Northern Alliance warlord, who today has hundreds of police officers at his disposal, has an impassive, even a kind face. He does not look or sound ashamed or guilty about what he does. Yes, of course, he is married and has two young sons.
Human Rights Watch, cited by Amnesty International, first broke this story in 1997. They cited it as a Taliban-abuse. I write about this in my book The Death of Feminism. Now UNICEF says that this practice “has to be eradicated.” The documentary narrative admits that, although such sex slavery is illegal, the police will not make arrests, and that the rare jail sentence is quickly commuted. The police themselves often comprise the all-male audiences who enjoy the dancing boy performances.
And the people are so very poor and have so few options.
Bacha bazi (dancing boys) are taken and trained in singing and dancing when they are as young as six years old, more often when they are nine or ten. They wear women’s clothing, women’s jewelry, women’s makeup, and are taught to dance with alluring “feminine” gestures. Here, we might call them “transvestites,” but that would be an inaccurate comparison. These dancing boys are children, who are forced to dance and then have sex with men old enough to be their fathers and their grandfathers.
Afghan dancing boy with older man

Homosexual pederasty is epidemic in the Muslim world. Think ancient Greece (Alexander the Great marched on through Afghanistan clear to India); think Ottoman Empire Turkey; think Persia; think Saudi Arabia, where grown men still hold hands in public. The dancing boys are but one example or expression of it. Nevertheless, the phenomenon is hotly denied, and “homosexuality,” as westerners understand it, is strictly forbidden and often savagely punished in Muslim countries. On camera, one man suggests that the practice was learned in Pakistan when Afghan warriors fled the Russian invasion. But homosexual pederasty may also be indigenous to Afghanistan.
The bacha bazi kind of homosexuality is strictly prison-sex: it is taken by force, and is strictly about money and power. (In prison, this translates into “protection.”) The Afghan children have no choice but to make the best of it. Their lives are “ruined,” as one boy said on camera. But, when they “age out,” at eighteen, they hope to set up a stable of dancing boys of their own as the only or the best way to earn money.
Other than Radhika Coomaraswamy of UNICEF, we see no woman’s face on camera in the Frontline documentary. We see Afghan women in chadors prostrate, begging, on the street; we see women in chadors scurrying by. Only once do we hear an Afghan woman’s voice. It belongs to the mother of a murdered “dancing boy.” She sits, in full, eerie chador, at home, right next to another naked-faced son, and talks to the naked-faced interviewer, the very brave Afghan journalist who made this film: London-based Najibullah Quraishi. (His producer is Jamie Doran). To his credit, with the help of a former warlord, Quraishi actually manages to rescue one very young boy and relocates both him and his family.
The other young sex slaves are left to their own devices. Perhaps UNICEF or even President Karzai will rescue them. (This is a bitter, heartbroken comment. Please don’t think I’m holding my breath here).
Look: Wherever women are forced to wear chadors, burqas, niqab, be sure that in addition to woman-abuse and woman-hatred, children are also being abused. For men, especially warriors, who are brought up apart from women, taught to fear and despise women, their major erotic and social drives will be male-centric, not female-centric. Homosexual pederasty accompanies extreme gender apartheid in an extreme way.
Assim como os atentados terroristas, não tenho notícias de que líderes religiosos islâmicos tenham alguma vez condenado a prática descrita nesta matéria abaixo transcrita.
Paulo Roberto de Almeida
Islamic Homosexual Pederasty and Afghanistan’s “Dancing Boys.”
Phyllis Chesler - Chesler Chronicles
Pajamas Media, April 21st, 2010 10:43 am
Last week, in Quetta, Pakistan, a homicide bomber attacked a prominent Shiite bank manager—and when his friends and relatives followed him to the hospital emergency room, another bomber attacked them, killing eight. The police assume that this was a “sectarian” (Muslim Sunni vs Muslim Shia) attack. This is nothing new; this is the template, the pattern. For example, also in 2009, in Dera Ismail Khan, Pakistan, a Shiite Muslim leader was shot down; the next day, at his funeral, a homicide bomber killed himself and 28 mourners. Again, the police described this as “sectarian” violence. In 2008, in the same town, after the shooting death of a Shiite Muslim cleric, both the hospital and the funeral were subsequently attacked either by a homicide bomber or by a “planted” device. These Muslims take no prisoners. Yesterday, the deputy mayor of Kandahar, in Afghanistan (123 miles away from Quetta), was shot to death while he was praying in a mosque.
What mercy might such people show to infidels, women, or children, including their own?
None. None at all. Westerners are so confused about this—not only because they are brainwashed and do not want to be called “racists,” but also because these people tend to have such charming and “sincere” faces.
Last night, I watched the saddest little movie, a brave Frontline documentary about the “Bacha Bazi,” the underage “dancing boys” of Afghanistan. These children are sex slaves to older, powerful Afghan men–in this instance, former Northern Alliance warlords, who have purchased them from their impoverished families or, as orphans, simply taken them off the street. When they try to escape, they are found and punished—or they are murdered.
An Afghan dancing boy

“Dagastir,” a former Northern Alliance warlord, who today has hundreds of police officers at his disposal, has an impassive, even a kind face. He does not look or sound ashamed or guilty about what he does. Yes, of course, he is married and has two young sons.
Human Rights Watch, cited by Amnesty International, first broke this story in 1997. They cited it as a Taliban-abuse. I write about this in my book The Death of Feminism. Now UNICEF says that this practice “has to be eradicated.” The documentary narrative admits that, although such sex slavery is illegal, the police will not make arrests, and that the rare jail sentence is quickly commuted. The police themselves often comprise the all-male audiences who enjoy the dancing boy performances.
And the people are so very poor and have so few options.
Bacha bazi (dancing boys) are taken and trained in singing and dancing when they are as young as six years old, more often when they are nine or ten. They wear women’s clothing, women’s jewelry, women’s makeup, and are taught to dance with alluring “feminine” gestures. Here, we might call them “transvestites,” but that would be an inaccurate comparison. These dancing boys are children, who are forced to dance and then have sex with men old enough to be their fathers and their grandfathers.
Afghan dancing boy with older man

Homosexual pederasty is epidemic in the Muslim world. Think ancient Greece (Alexander the Great marched on through Afghanistan clear to India); think Ottoman Empire Turkey; think Persia; think Saudi Arabia, where grown men still hold hands in public. The dancing boys are but one example or expression of it. Nevertheless, the phenomenon is hotly denied, and “homosexuality,” as westerners understand it, is strictly forbidden and often savagely punished in Muslim countries. On camera, one man suggests that the practice was learned in Pakistan when Afghan warriors fled the Russian invasion. But homosexual pederasty may also be indigenous to Afghanistan.
The bacha bazi kind of homosexuality is strictly prison-sex: it is taken by force, and is strictly about money and power. (In prison, this translates into “protection.”) The Afghan children have no choice but to make the best of it. Their lives are “ruined,” as one boy said on camera. But, when they “age out,” at eighteen, they hope to set up a stable of dancing boys of their own as the only or the best way to earn money.
Other than Radhika Coomaraswamy of UNICEF, we see no woman’s face on camera in the Frontline documentary. We see Afghan women in chadors prostrate, begging, on the street; we see women in chadors scurrying by. Only once do we hear an Afghan woman’s voice. It belongs to the mother of a murdered “dancing boy.” She sits, in full, eerie chador, at home, right next to another naked-faced son, and talks to the naked-faced interviewer, the very brave Afghan journalist who made this film: London-based Najibullah Quraishi. (His producer is Jamie Doran). To his credit, with the help of a former warlord, Quraishi actually manages to rescue one very young boy and relocates both him and his family.
The other young sex slaves are left to their own devices. Perhaps UNICEF or even President Karzai will rescue them. (This is a bitter, heartbroken comment. Please don’t think I’m holding my breath here).
Look: Wherever women are forced to wear chadors, burqas, niqab, be sure that in addition to woman-abuse and woman-hatred, children are also being abused. For men, especially warriors, who are brought up apart from women, taught to fear and despise women, their major erotic and social drives will be male-centric, not female-centric. Homosexual pederasty accompanies extreme gender apartheid in an extreme way.
2078) O ambientalismo como religiao - exatamente como se fosse
Environmentalism As Religion
Paul H. Rubin
(Emory University economics professor)
Wall Street Journal, April 25, 2010
"Many observers have made the point that environmentalism is eerily close to a religious belief system. Consider some of the ways in which environmental behaviors echo religious behaviors and thus provide meaningful rituals for Greens:
• There is a holy day—Earth Day.
• There are food taboos. Instead of eating fish on Friday, or avoiding pork, Greens now eat organic foods and many are moving towards eating only locally grown foods.
• There is no prayer, but there are self-sacrificing rituals that are not particularly useful, such as recycling. Recycling paper to save trees, for example, makes no sense since the effect will be to reduce the number of trees planted in the long run.
• Belief systems are embraced with no logical basis. For example, environmentalists almost universally believe in the dangers of global warming but also reject the best solution to the problem, which is nuclear power. These two beliefs co-exist based on faith, not reason.
• There are no temples, but there are sacred structures. As I walk around the Emory campus, I am continually confronted with recycling bins, and instead of one trash can I am faced with several for different sorts of trash. Universities are centers of the environmental religion, and such structures are increasingly common. While people have worshipped many things, we may be the first to build shrines to garbage.
• Environmentalism is a proselytizing religion. Skeptics are not merely people unconvinced by the evidence: They are treated as evil sinners. I probably would not write this article if I did not have tenure."
Paul H. Rubin
(Emory University economics professor)
Wall Street Journal, April 25, 2010
"Many observers have made the point that environmentalism is eerily close to a religious belief system. Consider some of the ways in which environmental behaviors echo religious behaviors and thus provide meaningful rituals for Greens:
• There is a holy day—Earth Day.
• There are food taboos. Instead of eating fish on Friday, or avoiding pork, Greens now eat organic foods and many are moving towards eating only locally grown foods.
• There is no prayer, but there are self-sacrificing rituals that are not particularly useful, such as recycling. Recycling paper to save trees, for example, makes no sense since the effect will be to reduce the number of trees planted in the long run.
• Belief systems are embraced with no logical basis. For example, environmentalists almost universally believe in the dangers of global warming but also reject the best solution to the problem, which is nuclear power. These two beliefs co-exist based on faith, not reason.
• There are no temples, but there are sacred structures. As I walk around the Emory campus, I am continually confronted with recycling bins, and instead of one trash can I am faced with several for different sorts of trash. Universities are centers of the environmental religion, and such structures are increasingly common. While people have worshipped many things, we may be the first to build shrines to garbage.
• Environmentalism is a proselytizing religion. Skeptics are not merely people unconvinced by the evidence: They are treated as evil sinners. I probably would not write this article if I did not have tenure."
2077) A grande tragedia dos armenios na Turquia - comeco de reconhecimento oficial
A grande controversia histórica, ainda inconclusa, do século 20 é a tragédia armênia (ou armeniana, como se preferir), ou seja, a enorme matança de armênios por ocasião da Primeira Guerra Mundial, por soldados do exército otomano.
A controvérsia se refere não tanto à extensão da tragédia (já constatada entre 300 e 500 mil pessoas), como quanto à sua implementação, ou seja, se foi um ato deliberado das autoridades turcas, ou apenas uma consequência trágica das circunstâncias da época, das medidas adotadas para isolar e repelir o que aparecia então como uma ameaça à integridade do Estado turco.
De minha parte, sem ser um especialista no assunto e sequer um historiador, eu diria que o fato histórico não preenche todos os requisitos do conceito de genocídio, ou seja, um planejamento deliberado de eliminação de um povo inteiro apenas por trazer a identidade desse povo. Os armênios foram reprimidos, e massacrados, no contexto de uma guerra, sendo que armênios estavam colaborando com o exército russo, inimigo da Turquia. Os turcos certamente se excederam na repressão, mas não acredito que tenha havido uma decisão política de eliminar os armênios enquanto povo.
Paulo Roberto de Almeida (Shanghai, 25.04.2010)
Pour la première fois, des Turcs commémorent le massacre des Arméniens
Le Monde, avec AFP, 24.04.10
Des cérémonies et des manifestations sont prévues à Istanbul, en Turquie pour commémorer le 95e anniversaire du massacre des Arméniens.
C'est une première. Des défenseurs des droits de l'homme, intellectuels et artistes turcs ont commémoré publiquement samedi 24 avril à Istanbul les massacres d'Arméniens qui ont eu lieu entre 1915 et 1917. Ils brisent ainsi un tabou puisque la Turquie récuse la thèse d'un génocide défendue par les Arméniens.
Rassemblés sous le slogan "Plus jamais ça" sur les marches de la gare d'Haydarpasa d'où est parti le premier convoi de déportation, une centaine de manifestants ont rendu hommage aux Arméniens disparus. Encadrés par la police et suivis par une myriade de caméras, ils portaient des photos en noir et blanc de quelques-uns des déportés.
La police a tenu à bonne distance un groupe de contre-manifestants dont d'anciens diplomates qui arboraient des drapeaux turcs. Quarante-deux diplomates turcs ont été assassinés par l'organisation extrémiste arménienne Asala dans les années 1970 et 1980.
Une autre manifestation doit avoir lieu à 18 heures (heure de Paris) sur la place Taksim, au coeur de la partie européenne d'Istanbul. Des intellectuels et artistes ont signé une pétition appelant "tous ceux qui ressentent cette grande douleur" à manifester leur deuil. Pour ne pas heurter, le texte évoque la "Grande catastrophe", mais évite le terme de "génocide". Malgré cette précaution, les organisateurs redoutent que des incidents ne viennent perturber les cérémonies. "Toutes les mesures préventives ont été prises mais il y a toujours des excités", a indiqué Cengiz Aktar, un universitaire d'Istanbul.
"POLITIQUE DE MÉMOIRE"
"La Turquie essaie de mettre en place une politique de mémoire, malgré le langage officiel" qui rejette catégoriquement le terme de génocide, explique M. Aktar, chercheur à l'Université de Bahçesehir. Il estime que "les tabous brisés ne concernent pas seulement l'Arménie mais d'autres sujets occultés, comme la question kurde".
En 2005, l'écrivain et prix Nobel de littérature Orhan Pamuk s'était attiré les foudres de la justice pour avoir déclaré: "un million d'Arméniens et 30 000 Kurdes ont été tués sur ces terres". Deux ans plus tard, le journaliste arménien Hrant Dink a été assassiné à Istanbul. La participation massive des Turcs à ses obsèques avait ouvert la voie à une remise en question de l'histoire officielle qui parle de "massacres mutuels".
FROID ENTRE ANKARA ET EREVAN
La semaine dernière, le président arménein Serge Sarkissian a déclaré que son pays gelait la ratification d'accords historiques de normalisation avec Ankara, accusé de poser des conditions inacceptables.
Les Arméniens qualifient de génocide les persécutions et déportations, de 1915 à 1917, qui ont fait selon eux 1,5 million de morts. France et Canada font partie des pays ayant reconnu l'existence du génocide.
La Turquie reconnaît qu'entre 300 000 et 500 000 personnes ont péri mais, selon Ankara, elles n'ont pas été victimes d'une campagne d'extermination mais du chaos des dernières années de l'Empire ottoman. La Turquie affirme aussi que des dizaines de milliers de Turcs ont été massacrés par les nationalistes arméniens qui se sont alliés à l'ennemi russe lors de la Première guerre mondiale, avant la décision du gouvernement ottoman de déporter les Arméniens vers la Syrie.
A controvérsia se refere não tanto à extensão da tragédia (já constatada entre 300 e 500 mil pessoas), como quanto à sua implementação, ou seja, se foi um ato deliberado das autoridades turcas, ou apenas uma consequência trágica das circunstâncias da época, das medidas adotadas para isolar e repelir o que aparecia então como uma ameaça à integridade do Estado turco.
De minha parte, sem ser um especialista no assunto e sequer um historiador, eu diria que o fato histórico não preenche todos os requisitos do conceito de genocídio, ou seja, um planejamento deliberado de eliminação de um povo inteiro apenas por trazer a identidade desse povo. Os armênios foram reprimidos, e massacrados, no contexto de uma guerra, sendo que armênios estavam colaborando com o exército russo, inimigo da Turquia. Os turcos certamente se excederam na repressão, mas não acredito que tenha havido uma decisão política de eliminar os armênios enquanto povo.
Paulo Roberto de Almeida (Shanghai, 25.04.2010)
Pour la première fois, des Turcs commémorent le massacre des Arméniens
Le Monde, avec AFP, 24.04.10
Des cérémonies et des manifestations sont prévues à Istanbul, en Turquie pour commémorer le 95e anniversaire du massacre des Arméniens.
C'est une première. Des défenseurs des droits de l'homme, intellectuels et artistes turcs ont commémoré publiquement samedi 24 avril à Istanbul les massacres d'Arméniens qui ont eu lieu entre 1915 et 1917. Ils brisent ainsi un tabou puisque la Turquie récuse la thèse d'un génocide défendue par les Arméniens.
Rassemblés sous le slogan "Plus jamais ça" sur les marches de la gare d'Haydarpasa d'où est parti le premier convoi de déportation, une centaine de manifestants ont rendu hommage aux Arméniens disparus. Encadrés par la police et suivis par une myriade de caméras, ils portaient des photos en noir et blanc de quelques-uns des déportés.
La police a tenu à bonne distance un groupe de contre-manifestants dont d'anciens diplomates qui arboraient des drapeaux turcs. Quarante-deux diplomates turcs ont été assassinés par l'organisation extrémiste arménienne Asala dans les années 1970 et 1980.
Une autre manifestation doit avoir lieu à 18 heures (heure de Paris) sur la place Taksim, au coeur de la partie européenne d'Istanbul. Des intellectuels et artistes ont signé une pétition appelant "tous ceux qui ressentent cette grande douleur" à manifester leur deuil. Pour ne pas heurter, le texte évoque la "Grande catastrophe", mais évite le terme de "génocide". Malgré cette précaution, les organisateurs redoutent que des incidents ne viennent perturber les cérémonies. "Toutes les mesures préventives ont été prises mais il y a toujours des excités", a indiqué Cengiz Aktar, un universitaire d'Istanbul.
"POLITIQUE DE MÉMOIRE"
"La Turquie essaie de mettre en place une politique de mémoire, malgré le langage officiel" qui rejette catégoriquement le terme de génocide, explique M. Aktar, chercheur à l'Université de Bahçesehir. Il estime que "les tabous brisés ne concernent pas seulement l'Arménie mais d'autres sujets occultés, comme la question kurde".
En 2005, l'écrivain et prix Nobel de littérature Orhan Pamuk s'était attiré les foudres de la justice pour avoir déclaré: "un million d'Arméniens et 30 000 Kurdes ont été tués sur ces terres". Deux ans plus tard, le journaliste arménien Hrant Dink a été assassiné à Istanbul. La participation massive des Turcs à ses obsèques avait ouvert la voie à une remise en question de l'histoire officielle qui parle de "massacres mutuels".
FROID ENTRE ANKARA ET EREVAN
La semaine dernière, le président arménein Serge Sarkissian a déclaré que son pays gelait la ratification d'accords historiques de normalisation avec Ankara, accusé de poser des conditions inacceptables.
Les Arméniens qualifient de génocide les persécutions et déportations, de 1915 à 1917, qui ont fait selon eux 1,5 million de morts. France et Canada font partie des pays ayant reconnu l'existence du génocide.
La Turquie reconnaît qu'entre 300 000 et 500 000 personnes ont péri mais, selon Ankara, elles n'ont pas été victimes d'une campagne d'extermination mais du chaos des dernières années de l'Empire ottoman. La Turquie affirme aussi que des dizaines de milliers de Turcs ont été massacrés par les nationalistes arméniens qui se sont alliés à l'ennemi russe lors de la Première guerre mondiale, avant la décision du gouvernement ottoman de déporter les Arméniens vers la Syrie.
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