terça-feira, 27 de abril de 2010

2087) Mea culpa sobre uma lenda da internet (mas não sobre o Bolsa-Familia)

Alertado por um leitor e comentarista deste blog, sou levado a expressar minhas desculpas aos distintos frequentadores deste blog que deveriam aqui encontrar apenas informações fiáveis e análises sérias e responsáveis.
Assim como ocorreu com um outro post meu -- sobre os honorários dos "conselheiros" (valem aspas duplas) da Petrobras, o post abaixo recebeu muitos comentários, nem sempre bem intencionados ou analíticos, apenas furiosos e passionais, mas este é o mundo em que vivemos.
De fato recebi o material constante deste post:

terça-feira, 13 de abril de 2010
2096) Efeitos nefastos do Bolsa Familia sobre o mercado de trabalho

pela internet, e o postei aqui, sem controle de origem ou fiabilidade do conteúdo. O fato é que eu já tinha lido matérias sérias de imprensa sobre o mesmo assunto, geralmente vinculadas a mão-de-obra volante no setor rural, onde certas atividades de colheita manual de produtos agrícolas -- café, algodão, cana -- vinham sofrendo de carência de trabalhadores voluntários, dispostos a se empregar pelos salários "de mercado" (em vista da renda extra produzida pelo BF). Lembro-me de que a matéria se referia ao ES, mas havia relatos similares para certas áreas do NE, na BA sobretudo.
Estou absolutamente convencido dos efeitos nefastos do BF não apenas de um ponto de vista exclusivamente econômico, em seus impactos negativos para o mercado de trabalho e para os custos laborais de uma economia que se pretende competitiva mundialmente, mas sobretudo do ponto de vista da "psicologia popular", ou seja, a cultura da assistência pública, da "mão generosa" do Estado e outros efeitos secundários. Os pobres assim contemplados não sabem, obviamente, que isso determina um aumento proporcional e correspondente da carga fiscal, e que esta incide desproporcionalmente sobre os seus rendimentos, já que é um fato que os pobres entregam mais de 50% de sua renda ao Estado, sob a forma de impostos indiretos, o que é um evidente contrasenso.
Melhor seria se houvesse diminuição dos custos laborais -- o inverso do que o BF produz -- para que os empresários contratassem mais mão-de-obra e com isso os preços dos produtos também fossem mais reduzidos, ao não ter o governo de taxá-los pesadamente para sustentar sua política de populismo assistencialista.
Em todo caso, fica o mea culpa pela matéria divulgada sem controle e aqui abaixo segue o que me foi remetido por um leitor atento:

Desinformação e contra-informação.
Curso para 500 costureiras inscritas no Bolsa Família do Ceará

Mais uma notícia bombástica, que circula desde agosto de 2009, não tem origem definida, nem autoria assumida, não possui a indicação da data nem do local da publicação.

Ela circula na Internet, em jornais, em blogs e páginas que a repetem sem a preocupação de indicar a origem, ou seja, onde ela foi publicada inicialmente, quem é o autor e qual a data da publicação. Enfim, coisa suspeita.

Antes mesmo de confirmar se o curso existiu de fato e se houve a recusa das quinhentas costureiras de aceitar o emprego é bom lembrar que a Internet é o veículo ideal para divulgar boatos dessa ordem.

Uma pessoa publica um boato, vem outra pessoa que aprecia o conteúdo dele, copia e o passa adiante. Ninguém questiona se é falso ou se é verdadeiro, mas apenas confere se o fato narrado se enquadra em suas preferências e predileções de ordem política, religiosa ou de qualquer outra natureza.

Daí em diante o boato toma o seu caminho, se espalha e a sua repetição como que realimenta a si próprio e vai sofrendo a transmutação de mentira para coisa plausível e daí para transformar-se em "verdade irrefutável" é um passo. Tal mudança não ocorre em virtude de a mentira haver se transformado em verdade, mas porque a repetição, o número de páginas onde ela é publicada começa a lhe atribuir uma aura de veridicidade.

Voltando à mensagem, é interessante levantar algumas questões:

O curso foi concluído recentemente: recentemente? quando? qual a data de início e do término do curso? em que cidade ele se realizou? Fortaleza?

- Repito: de forma uníssona: quem repete? Ora, se o autor desconhecido diz [eu] Repito, primeira pessoa do singular, isto significa que tal fenômeno somente pode ocorrer de forma uníssona. De outra forma, seria altamente improvável e talvez apenas um competente ventríloquo fosse capaz da façanha :D

o diretor do Sinditêxtil: qual o nome dele? qual a diretoria que ele ocupa?

Enquanto ouvia o relato: quem falava? quem ouvia o relato?

curso de 120 horas/aula: cento e vinte horas/aula, supondo oito horas de aulas por dia teriam sido quinze dias de aula. Ou seja, pelo menos três semanas. Em local que comportava quinhentas alunas. É o que se deduz do texto.

a condição imposta pelas 500 formandas: fato curioso é que o curso teria começado com quinhentas pessoas e foi exatamente esse o número de formandas: quinhentas. Nenhuma desistência, nenhuma situação familiar que impedisse pelo menos uma das costureiras de concluir o tal curso. Nenhum problema de saúde. Coisa difícil de acontecer considerando a quantidade de alunas e a duração do curso. Coisa rara um curso para quinhentas pessoas terminar exatamente com a quantidade inicial de inscritos. Três semanas depois.

O Portal da FIEC não contém nenhuma informação sobre o tal Curso para 500 mulheres.

A página do SENAI - CE não contém nenhuma informação sobre o tal Curso para 500 mulheres.

Ao pesquisar a expressão curso para costureiras ceará o Google retorna apenas três resultados e nenhum deles faz referência ao tal Curso para 500 mulheres.

Veja o que diz o Ministério do Desenvolvimento Social - MDS sobre a mensagem anônima e sobre o curso para 500 mulheres:

"Assim que terminou o curso de costura industrial promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em Fortaleza (CE), Lúcia Inês Batista da Silva começou a trabalhar numa das maiores indústrias de confecções do país.
...

"A história de Lúcia Batista desmente texto anônimo que circula na internet, segundo o qual 500 mulheres atendidas pelo programa de transferência de renda foram capacitadas na área têxtil, em Fortaleza, e nenhuma delas aceitou emprego para não perder o benefício do Bolsa Família.
...

"Lúcia Batista integra o grupo de 240 beneficiárias (e não 500, como diz o texto) que iniciaram a qualificação. Destas, 154 finalizaram o curso ... e foram encaminhadas ao Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem em Geral no Estado do Ceará (Sinditêxtil), que deveria viabilizar o ingresso das beneficiárias no mercado de trabalho, conforme prevê o acordo de cooperação técnica assinado, em 5 de junho de 2008, entre a Secretaria Municipal de Assistência Social de Fortaleza (Semas), o Sinditêxtil e o Senai regional do Ceará.

"Levantamento feito pela Semas, sobre 145 mulheres que foram qualificadas e encaminhadas ao sindicato, mostra que apenas 16 beneficiárias ou 11% foram indicadas pelo Sinditêxtil para entrevistas de empregos em empresas de seus associados.
...
"Um exemplo é a beneficiária do Bolsa Família Francisca da Silva Santos. Ela, que também fez o curso profissionalizante, foi entrevistada por uma outra indústria de confecções, há mais de um ano, e até agora não foi chamada para trabalhar. Viúva e mãe de três filhos, Francisca se vira como pode. Comprou uma máquina de costura e faz consertos básicos. “Ganho uns trocados que dá para comprar o pão. “Quero ter o meu emprego e a minha carteira de trabalho assinada”, afirma a beneficiária, contradizendo o texto que tenta disseminar a falsa idéia de que a população atendida pelo Bolsa Família fica acomodada ao receber o benefício.

"O balanço da Semas aponta que 57 mulheres foram inseridas no mercado de trabalho da capital cearense, mesmo sem a participação efetiva do Sindtêxtil.
...

"Preconceito - A parceria tornou visível o preconceito do segmento empresarial com o Bolsa Família e com as mulheres”, afirma a secretária municipal de Assistência Social, Elaene Rodrigues. Ela revela que, inicialmente, alguns representantes do setor têxtil queriam que as mulheres qualificadas trabalhassem três meses sem remuneração para depois serem avaliadas. Essa proposta foi recusada pela Secretaria de Assistência Social."

Além de divulgada por mensagens e através de blogs, a "notícia" também foi publicada em um ou outro jornal.

O Jornal do Comércio de Porto Alegre - RS, na edição do dia 14 de agosto de 2009, publica em uma de suas colunas a história como verdadeira. Diz o responsável pela coluna:

"Bolsa Família
Ontem, em reunião na Federação das Indústrias do Estado do Ceará, vi a história, contada e documentada, e bem pior do que eu imaginava. O Sinditêxtil-CE realizou um curso de preparação de mão de obra de 500 costureiras para o setor, onde está faltando gente...."

Pelo teor da notícia, o que se infere é que o jornalista esteve em Fortaleza no dia anterior - 13 de junho de 2009 -, participou de reunião na Federação das Indústrias do Estado do Ceará e foi lá que ele tomou conhecimento do tal curso.

Do curso que jamais aconteceu e das quinhentas costureiras, inexistentes, que se recusaram a assumir emprego formal com carteira assinada.

Conclusão: o conteúdo da mensagem é coisa do gênero "guerra psicológica", contra-informação, mentiras para produzir exatamente os efeitos que produz nos crédulos e incautos: indignação e revolta. Indignação e revolta desperdiçadas, pois se trata de invencionice.

O povo do Ceará não tem nada a ver com essa mentira. Em vez de espalhar boatos, o cearense trabalha e o Pólo da Moda do Ceará é um dos mais importantes do Brasil.

[Fim de transcrição; outras lendas urbanas, aqui]

2086) Brasil critica politica cambial dos EUA e da UE

Curiosa inversao de comportamentos...
Houve um tempo em que o mesmo ministro Mantega, quando ainda era um dos "economistas-chefes" do PT, em que ele condenava acerbamente o "populismo cambial" do governo anterior, pela politica de flutuacao e de valorizacao do real. Ele supostamente gostava da politica anterior, de mini-desvalorizacoes, que ajudava os exportadores e prejudicava todo o resto da populacao com nosso empobrecimento constante nas relacoes economicas internacionais.
Agora ele se permite criticar o que ele chama de "politica de desvalorizacao do dolar", que nada mais é, para EUA e UE, do que flutuacao livre de suas moedas respectivas, ou seja uma politica puramente de mercado.
O tempora...
Paulo Roberto Almeida

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Mantega critica política de desvalorização do dólar
Luciana Xavier
Agência Estado, 26.04.2010

Para ministro da Fazenda, os Estados Unidos e a União Europeia buscam competitividade no comércio internacional ao desvalorizar o câmbio

NOVA YORK - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou nesta segunda-feira, 21, o que chamou de política de desvalorização das moedas avançadas, especialmente o dólar. Segundo o ministro, os Estados Unidos e a União Europeia estão buscando desvalorizar o câmbio de modo a ficar mais competitivos no comércio internacional.

De acordo com ele, a saída escolhida pelos EUA e UE no processo de retomada do crescimento tem sido a exportação diante da redução do consumo interno nessas regiões. "Não podemos aceitar a política de desvalorização do dólar", disse Mantega, após palestra para cerca de 300 investidores em evento organizado pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, em Nova York.

Para Mantega, o Brasil assim como os emergentes têm sido alvo de interesse do capital estrangeiro, além de estar havendo capital estrangeiro e mais abertura de capital de empresas, entre outros fatores que têm provocado uma tendência de valorização da moeda local, no caso do Brasil o real. "Como estamos crescendo mais e temos um consumo mais elevado, eles (EUA e UE) estão visando o nosso consumo e também o da China, eventualmente", afirmou.

O ministro disse que essa estratégia poderia ser válida apenas numa situação de saída emergencial da crise. "Mas se eles querem nos próximos anos se reequilibrar a nossas custas isso não é possível, não vamos aceitar esse jogo", afirmou.

2085) Iran elogia Brasil em politica nuclear

Mediação do Brasil na questão nuclear iraniana
Agência Efe, 27.04.2010

O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, deu as boas-vindas a uma eventual mediação do Brasil na polêmica questão do programa nuclear de Teerã, acusado por grande parte da comunidade internacional de ter fins militares.

Larijani recebeu nesta segunda-feira, 26, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que chegou de madrugada a Teerã para preparar a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Irã. O parlamentar, citado pela agência de notícias local Mehr, não ofereceu, no entanto, detalhes sobre o papel que o Brasil poderia desempenhar para solucionar a polêmica.

Amorim, por sua vez, manteve a postura do governo brasileiro e insistiu que Brasília apoia o programa nuclear iraniano, desde que seja voltado para fins pacíficos. O chanceler, porém, não comentou se o País apoiaria possíveis sanções internacionais contra o regime persa.

O ministro já havia anunciado há dois meses a vontade do Brasil de atuar como mediador do conflito, mas não oferecera detalhes. “O que queremos para o povo brasileiro é o que queremos para o povo iraniano, ou seja, a expansão das atividades nucleares pacíficas”, disse Amorim, depois de se reunir também com o negociador nuclear iraniano na questão, Saeed Jalili.

Grande parte da comunidade internacional, sob a liderança dos EUA, acusa o regime dos aiatolás de ocultar, sob seu programa civil, outro de natureza clandestina e com ambições bélicas, cujo objetivo seria adquirir um arsenal atômico, alegação negada por Teerã.

A polêmica se radicalizou no final do ano passado, depois de o Irã rejeitar uma oferta dos EUA, Reino Unido e Rússia para enviar seu urânio enriquecido a 3,5% ao exterior e recuperá-lo depois enriquecido a 20%, nas condições que diz precisar para manter em operação seu reator em Teerã.

Perante a falta de acordo, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ordenou o início do enriquecimento a 20%, apesar das advertências internacionais. Desde então, o governo americano busca aprovar uma nova rodada de sanções internacionais para tentar frear o polêmico programa nuclear iraniano.

Neste ano, o Brasil assumiu uma das 15 cadeiras do Conselho de Segurança da ONU, órgão responsável pelas possíveis sanções ao regime iraniano. A este respeito, o presidente do Parlamento iraniano voltou a culpar as grandes potências pela falta de acordo e insistiu que chegar a uma solução é “simples”. “Polemizar com dados irreais não terá efeito algum sobre a vontade do povo iraniano. As grandes potências tentam complicar este assunto para favorecer assim seus próprios interesses políticos”, criticou.

Durante a reunião, Larijani e Amorim expressaram a necessidade de ampliar as relações bilaterais em diversos campos, disseram fontes diplomáticas brasileiras.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

2084) Lula e os paises do Caribe

Reuniao do Caricom em Brasilia
Folha Online, 26.04.2010

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar nesta segunda-feira a política externa do governo Fernando Henrique Cardoso. Ao discursar no encerramento da 1ª Cúpula Brasil-Comunidade do Caribe (Caricom), Lula afirmou que o Brasil não era levado a sério por outros países. Oposição chama de “ridícula” a política internacional do governo Lula

“O Brasil não era um país respeitado no mundo. Muitas vezes se falava do Brasil e as pessoas lembravam de Carnaval e futebol. O Brasil não era levado a sério na questão política. O que mudou nesses últimos períodos é que nós nos descobrimos”, disse a chefes de Estado e de governo de dez dos 14 países do Caribe que participaram da reunião em Brasília. Lula disse que governos anteriores, de forma genérica e sem citar o antecessor, preferiam se relacionar comercialmente com países europeus e com os Estados Unidos.

“O Brasil olhava para os países da Caricom como se fossem países pequenos, economicamente sem importância, e que era importante ter uma relação com as grandes nações”. Em um momento de imodéstia, o presidente brasileiro afirmou que está tão importante que o que não falta é “g” para participar, citando reuniões do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), G-8, G-13, Ibas (grupo formado por Índia, Brasil e África do Sul) e Bric (Brasil, Rússia, Índia e China).

“Eu agora estou importante porque faço parte do G8, do G13, do G20, do G77, do Ibas, do Bric, da Unasul. O que não falta é G para eu participar dele”, afirmou. O presidente disse também que todos os países, independentemente de tamanho de território e da população, têm que ser tratados de forma equânime. “O menor país da Caricom, o que tem 50 mil, 90 mil habitantes, tem o mesmo direito que tem o maior país do mundo em população, que é a China, ou o maior país economicamente falando que são os Estados Unidos.”

Antes de encerrar o discurso, Lula afirmou aos chefes de Estado que quando deixar o governo não irá deixar de fazer política. “Mesmo eu não estando mais na presidência, fique tranquilo que eu vou continuar fazendo política. Pode ficar tranquilo porque eu nasci político e vou morrer político.” O primeiro-ministro da Dominica, Roosevelt Skerrit, país que tem a presidência pro-tempore da Caricom, fez elogios a Lula dizendo que é um presidente que governa para os pobres e para os trabalhadores.

2084) Brasil-Iran-CSNU: Brasil vai ter de escolher, diz especialista

Irã é escolha estranha do Brasil, diz consultor de Obama
Por Samy Adghirni
Folha de S.Paulo, 25.04.2010.

Se o Brasil quiser se tornar um líder global, deverá aprender a contrariar aliados -como o Irã- e aceitar que interesses multilaterais se sobreponham a relações bilaterais. O aviso é do analista americano James Rubin, professor de políticas públicas da Universidade Columbia (Nova York), ex-secretário-assistente de Estado do governo de Bill Clinton (1993-2001) e hoje consultor informal da equipe diplomática de Barack Obama.
Em entrevista à Folha, por telefone, Rubin disse que a relutância do Brasil em apoiar sanções ao Irã beneficia um regime que viola a legislação internacional, o que pode prejudicar a aspiração brasileira ao assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

FOLHA - Como o sr. vê a posição do Brasil em relação ao Irã?
JAMES RUBIN - O Brasil, como qualquer outro país grande e importante, tem direito de ter relações com quem bem entender e tantas parcerias econômicas quantas julgar necessário. Mas, no plano bilateral, nenhum americano gosta de ver um líder admirado como Lula na mesma foto que alguém tão pouco admirado como [Mahmoud] Ahmadinejad. Lamento que o governo brasileiro não perceba o perigo de não assumir o papel que lhe cabe no sistema internacional. Na conferência nuclear [de Washington], o Brasil mostrou ter entendido claramente a importância de fazer com que armas nucleares não sejam usadas durante um acesso de raiva ou por terroristas. Então não dá para entender por que o Brasil não acredita que é importante punir aqueles que violam a lei internacional estabelecida pelo TNP [Tratado de Não Proliferação Nuclear] e a AIEA [agência atômica da ONU].

FOLHA - O Brasil alega que o Irã tem direito de enriquecer urânio para fins pacíficos e que até hoje não há provas de que o Irã esteja fabricando a bomba atômica.
RUBIN - O Brasil está certo em dizer que o Irã tem direito a um programa nuclear civil. Mas Teerã violou a legislação duas vezes. Na primeira, o CS impôs a exigência de que o Irã congelasse seu enriquecimento de urânio. Na segunda, a AIEA disse claramente que Teerã descumpriu regras de inspeções e transparência de informações, além de não ter respondido várias perguntas. Saber se o programa nuclear iraniano está fabricando armas não é a questão. A questão é que o Brasil, um país grande e responsável que defende o multilateralismo e talvez se torne um futuro membro permanente do CS, precisa endossar a legislação e o sistema internacionais. O Brasil hoje é membro não permanente do órgão da ONU cujas determinações o Irã viola.

FOLHA - O Brasil pode ter que arcar com o custo político dessa posição?
RUBIN - O Brasil pode ter vários questionamentos legítimos sobre o sistema de não proliferação e tem direito de levantá-los na conferência de revisão do TNP [em maio]. Mas até a China e a Rússia admitem sanções contra Teerã. É estranho o Brasil estar fora desse grupo. Defender as regras do sistema internacional às vezes tem um custo no plano bilateral. Os EUA estão pagando caro por tentar encontrar soluções internacionais para os problemas. O governo americano vive irritando amigos. Talvez o Brasil não queria irritar um país amigo como o Irã. Ou talvez o Brasil não queira estar na posição dos membros permanentes do CS, que são obrigados a contrariar aliados o tempo todo. Para ser responsável, você tem de sacrificar alguns aspectos de suas relações bilaterais. Se o Brasil quer ser um líder, então tem que aceitar que alguns amigos serão contrariados.

domingo, 25 de abril de 2010

2083) Encontro Nacional da Associacao de Estudos de Defesa, Brasilia, julho

IV Encontro Nacional da ABED (ENABED IV)

A Associação Brasileira de Estudos da Defesa, ABED, realizará seu IV Encontro Nacional (ENABED IV) na Universidade de Brasília, no período de 19 a 21 de julho de 2010. Tema geral do evento: "A Defesa e a Segurança na América do Sul".
(site do Encontro)

Os Encontros anteriores, de 2007 a 2009, poderão ser visitados no site da ABED.

Sessões Temáticas e Ementas
Sessões Temáticas – Temas e Coordenadores (ver Ementas abaixo do quadro)

STs-ENABED4A

Ementas das Sessões Temáticas:

1. Migrações, fronteiras e meio ambiente: novas questões de Segurança?
Coordenador: Alcides Costa Vaz (UNB)
Ementa: Esta sessão visa discutir questões regionais que redefinem a dinâmica da segurança regional, possivelmente impondo a ampliação do próprio conceito de segurança regional. Entre os temas a serem examinados, figuram as implicações dos padrões recentes de migração para as interações entre os países sul-americanos, as pressões de movimentos ambientalistas sobre as políticas públicas regionais e a busca de entendimentos visando a melhora dos controles sobre os fluxos fronteiriços.

2. A Defesa Nacional e a Academia.
Coordenador: Delano Menezes (ESG)
Ementa: A Escola Superior de Guerra pretende ser a instituição capaz de assumir esse papel utilizando à larga experiência na atividade reflexiva dos grandes problemas nacionais e ampliando a sua relação com o mundo acadêmico. Com adequado revigoramento de seus quadros pretende ser depositária dos conhecimentos sobre defesa dispersos na Academia, além de exercer um papel de coordenação na circulação desse conhecimento.
Com este objetivo está sendo criado na ESG o Centro de Coordenação de Projetos Avançados de Defesa (COPAD) para incrementar as relações com o mundo acadêmico e com os institutos de pesquisas tecnológicas, conforme estabelece a novel Estratégia Nacional de Defesa, além de prover o Ministério da Defesa de recursos capazes de responder-lhe as grandes indagações necessárias ao planejamento e à execução da Defesa Nacional. O COPAD poderá vir a ser responsável pela gestão e pelo provimento de fundos destinados à pesquisas acadêmicas, à iniciativa privada e laboratórios nacionais, a fim de responder adequadamente às “GRANDES INDAGAÇÕES” do MD, vindo a tornar-se, no futuro, uma agencia financiadora de projetos de pesquisas para a Defesa.
O COPAD coordenará as ações e observações de dois Institutos, o Instituto de Análise de Política e Estratégia de Defesa (IAPED) e o Instituto de Análise de Ciência e Tecnologia de Defesa (ICTED). Estes dois órgãos estarão encarregados de observar os projetos de pesquisa, os textos e as publicações que circulam no meio acadêmico e que possam ser do interesse da Defesa Nacional, ou que contribuam para as respostas às indagações do MD sem, no entanto, ter a pretensão de avaliá-los.
O COPAD fará também a interface da visão política observada pelo (IAPED) e a os objetivos dos projetos de pesquisas tecnológicas observados pelo (ICTED). As conclusões resultantes desse trabalho serão encaminhadas ao Ministério da Defesa para sua deliberação.
Serão bem-vindos estudos e pesquisas sobre o impacto dessa iniciativa do MD no meio acadêmico e as formas de como a Academia poderá se inserir no projeto.

3. História militar.
Coordenadores: Eduardo Svartman (UPF) e José Miguel A. Neto (UEL).
Ementa: A sessão temática proporciona espaço de divulgação de pesquisas e debate sobre as dimensões empíricas, teóricas e historiográficas da História Militar em sentido amplo. Contempla tanto investigações a respeito dos temas clássicos, como análises de batalhas e estratégias militares, quanto questões pertinentes à formação, estruturação e transformações das Forças Armadas ao longo do tempo. Contempla, ainda, as relações entre Forças Armadas e o sistema político e a sociedade em que se inserem.

4. Gênero, Paz e Forças Armadas.
Coordenador: Érica Simone Almeida Resende (UERJ)
Ementa: Destaque às temáticas de gênero na reflexão sobre as realidades de defesa e de segurança na América do Sul. Apesar de sua entrada relativamente tardia nos estudos de segurança e defesa, as perspectivas de gênero têm contribuído para a compreensão de fenômenos importantes como conflito, segurança, militarização e pacificação. Com efeito, a incorporação do conceito de gênero por diversos pesquisadores nas áreas de Segurança, Defesa, Estratégia e Relações Internacionais tem contribuído para a problematização das relações entre homens e mulheres, e das representações do masculino e do feminino em conflitos, para as análises relativas à reprodução de hierarquias patriarcais e masculinas, para resgatar a participação das mulheres nos processos de construção de paz etc. Como incentivo ao diálogo entre os estudos feministas e/ou de gênero e os estudos de defesa e segurança, assim como Estudos Estratégicos em geral, a presente sessão busca propostas que deem visibilidade às questões de gênero em suas investigações a respeito da segurança regional e/ou internacional, política de defesa brasileira, Forças Armadas, operações de paz, situações de conflito e de violência nas relações internacionais, entre outros assuntos.

5. A Comunidade Sul-Americana na Área dos Estudos Estratégicos.
Coordenador: Eurico de Lima Figueiredo (UFF)
Ementa: A sessão volta-se para a formação, ainda bastante incipiente, da comunidade sul-americana de estudiosos dedicados às questões de defesa e segurança. O Brasil conhece pouco o pensamento estratégico de seus vizinhos; reciprocamente, nossos vizinhos também pouco nos conhecem. Serão bem vindos estudos e pesquisas sobre as singularidades dos diversos países no continente no âmbito da temática em questão, assim como trabalhos que pensem e proponham a necessidade de criar e fortalecer os elos de intercâmbio de ideias e experiências entre os pesquisadores da região.

6. Guerras de Quarta Geração.
Coordenadores: Francisco Carlos Teixeira (UFRJ) e Sabrina Medeiros (EGN).
Ementa: Desde a Paz de Westfalia, o monopólio do uso da força é exercido pelos Estados de forma organizada, o que tem sido objeto de contestação em tempos mais recentes, quando algumas tendências teóricas têm proposto a discussão de uma nova face da guerra – as chamadas Guerras de Quarta Geração (4th Generation Wars). Autores como Thomas Hammes e William Lind reivindicaram a presença de gerações distintas de guerra, de combates diferenciados pela evolução de algumas de suas características, que teriam modificado substancialmente os procedimentos e táticas de cada um destes tempos geracionais. Embora outros autores qualifiquem as guerras contemporâneas como sendo tradicionais e voltadas a novos tipos de insurgência, pode-se dizer que, haja vista as novas perspectivas de segurança nacional e internacional, terrorismo e assimetria são conceitos que permeiam estas novas definições para um objeto muito antigo, a própria guerra. Propostas de trabalho sobre as novas configurações das guerras de quarta geração, os desafios para o estabelecimento dos acordos internacionais, questões relativas à segurança internacional e à defesa nacional, serão bem vindas à sessão temática.

7. Forças Armadas e Sociedade na América do Sul.
Coordenadores: João Roberto (UFSCar) e Renato Lemos (UFRJ).
Ementa: A Sessão Temática aceitará trabalhos voltados para a análise das relações militares-política. Tomam-se por militares os membros das Forças Armadas e polícias militares. Cabem na sessão trabalhos sobre países específicos da América do Sul ou estudos comparados sobre temas como questões internas às corporações militares - recrutamento, violência disciplinar, restrições à liberdade de opinião, inclusão e discriminação de gênero, expansão de instalações em direção a áreas indígenas etc. - e relativas a momentos históricos em que os militares, enquanto corporação, estiveram no centro do poder, como as ditaduras do Estado Novo e pós-1964: concepções de Estado e sociedade, processos de transição, heranças das ditaduras, posição em face da responsabilização penal por práticas de violência física e simbólica, como a revisão da lei de anistia de 1979, etc.

8. Cerceamento Tecnológico – Indústria de Defesa, C& T e Política Internacional.
Coordenador: Luis Pedone (UFF)
Ementa: Essa sessão temática procura abordar os principais problemas e desafios relacionados com o cerceamento tecnológico à indústria de defesa no Brasil. As indústrias aeroespacial, nuclear, química e biológica têm sido sistematicamente impedidas de desenvolver tecnologias e produtos importantes para o desenvolvimento brasileiro em sua dimensão de defesa nacional, em vista das restrições contidas nos mecanismos unilaterais de cerceamento tecnológico e de bloqueio de comercialização de bens e tecnologias sensíveis, impostos pelos países desenvolvidos ao Brasil. Essa sessão procurará expor as principais respostas dadas pela Estratégia Nacional de Defesa e pelas políticas de ciência e tecnologia subsequentes à EDN nos últimos anos. A tudo isso soma-se a dimensão de política externa brasileira e de política internacional na qual o país está inserido: adesão e incorporação de normas internacionais à legislação nacional, regimes e acordos internacionais que normatizam as indústrias referidas acima. Essa sessão busca, ao final, abordar como poderão as agências e setores afetados programar ações que procurem mitigar ou sanar as consequências do cerceamento imposto por estes mecanismos unilaterais e como poderá o Governo Brasileiro desenvolver ações em foros internacionais buscando superar os desafios.

9. O Poder Legislativo e a Defesa Nacional.
Coordenador: Márcio Rocha (UNIFA)
Ementa: A sessão temática tem como foco a participação do Poder Legislativo na elaboração de políticas públicas voltadas para a Defesa Nacional. A Sessão privilegiará estudos e pesquisas abordando o Legislativo e o emprego das Forças Armadas; o Legislativo e a Ciência e Tecnologia de Defesa; o Legislativo e o desenvolvimento da Indústria de Defesa; o Legislativo o Orçamento de Defesa; e o Legislativo e o fortalecimento das atividades de Inteligência Estratégica, entre outras questões igualmente significativas.

10. Iniciativas de Cooperação Sul-Americana no Campo da Defesa e Segurança Internacional: Experiências com Operações de Paz.
Coordenador: Sérgio Luiz Cruz Aguilar (UNESP/GAPCon - UCAM)
Ementa: Aspectos históricos e políticos das iniciativas de cooperação sul-americana no campo da defesa e da segurança internacional, com especial ênfase nas experiências com Operações de Paz, não só no espaço sul-americano (relativamente escassas), como as que contaram com a participação de contingentes da região em outras partes do mundo. Incentiva-se a ênfase na atual experiência no Haiti, com a MINUSTAH.

11. Educação e Formação militar.
Coordenador: Tânia Godoy (AFA).
Ementa: Esta sessão temática aceitará trabalhos que apresentem reflexões acerca dos fundamentos pedagógicos, das questões doutrinárias e do ambiente educacional na formação dos quadros, habilitações ou serviços que compõem as Forças Armadas brasileiras e as Forças dos países da América do Sul. A preocupação desta sessão é a de elucidar aspectos alinhados aos desafios presentes e futuros na composição dos recursos humanos das Forças Armadas sul-americanas, tanto no aspecto do preparo e das condições objetivas para o exercício da defesa de seus países isoladamente ou de possibilidades conjuntas, convivendo com a tradição castrense de considerar a formação educativa militar um elemento pautadamente voltado a imprimir seu ideário, sua história oficial, a repetição de seus ritos e o enaltecimento de seus vultos heroicos constituídos. Dessa maneira, a preocupação da Educação e Formação militar não se resume apenas à formação da oficialidade das Forças Armadas, mas também a de seus graduados e praças, além dos profissionais militares dos quadros complementares.

12. Estudos Estratégicos no mundo contemporâneo: novas ameaças e novas abordagens.
Coordenador: William de Sousa Moreira (UFF/EGN)
Ementa: Ao final da primeira década do séc. XXI, os Estudos Estratégicos se defrontam com desafios de magnitude. Questiona-se suas bases realistas, sua adequação frente aos novos conceitos de segurança e às ameaças do presente, distintas das que caracterizaram o período da Guerra Fria. Particularmente, os debates sobre as tão citadas "novas ameaças" ganham atualidade e são carregados de complexidade. Quais são elas e o que as distingue em relação às "velhas ameaças"? E, antes ainda, em termos objetivos, qual, afinal, o conceito de "ameaça"? A "abordagem realista", que fundamenta em geral a análise estratégica, é ainda determinante no campo conceitual relativo às "ameaças"? Em que medida devem os Estudos Estratégicos incorporar contribuições de novos paradigmas, como "segurança humana" e "meio ambiente", na reflexão e pesquisa sobre a problemática? Mais: como fazer a ponte entre a teoria e a prática, notadamente quando se tem em mente as "ameaças" que incidem sobre a região sul-americana? Serão bem-vindas propostas de trabalhos que possam trazer contribuições ao assunto, enriquecendo paradigmas, abordagens, metodologias e inter-relações com outras áreas do conhecimento.

Mesas Redondas - Tema - Presidentes
1. Forças Armadas, sociedade e política na América do Sul.
Eliézer Rizzo de Oliveira (UNICAMP).

2. A Defesa na América do Sul: percepções e perspectivas.
Héctor Saint-Pierre (UNESP).

3. Cooperação Estrangeira e Estratégia Nacional de Defesa.
Manuel Domingos Neto (UFF).

4. A UNASUL e o Conselho de Defesa Sul-Americano.
Maria Celina D´Araújo (PUC-RJ).

5. O Atlântico Sul no contexto sul-americano de segurança e defesa.
Mauro César Rodrigues Pereira (NEST-UFF).

6. Economia política da segurança internacional - Novos paradigmas.
Theotonio dos Santos (REGGEN/UNU).

7. Segurança Cibernética no Século XXI
Gen Villas Bôas (EME-EB).

8. "Geopolítica e Integração Regional na América do Sul".
Wanderley Messias da Costa (USP).

2082) Iran defectors tell about nuclear activities - Washington Post

Iranian technocrats, disillusioned with government, offer wealth of intelligence to U.S.
By Joby Warrick and Greg Miller
Washington Post Staff Writers
Sunday, April 25, 2010; A01

Iran's political turmoil has prompted a growing number of the country's officials to defect or leak information to the West, creating a new flow of intelligence about its secretive nuclear program, U.S. officials said.

The gains have complicated work on a long-awaited assessment of Iran's nuclear activities, a report that will represent the combined judgment of more than a dozen U.S. spy agencies. The National Intelligence Estimate was due last fall but has been delayed at least twice amid efforts to incorporate information from sources who are still being vetted.

Director of National Intelligence Dennis C. Blair said in a brief interview last week that the delay in the completion of the NIE "has to do with the information coming in and the pace of developments."

Some of the most significant new material has come from informants, including scientists and others with access to Iran's military programs, who are motivated by antipathy toward the government and its suppression of the opposition movement after a disputed presidential election in June, according to current and former officials in the United States and Europe who spoke on the condition of anonymity to discuss the intelligence gains.

"There is a wealth of information-sharing going on, and it reflects enormous discontent among Iranian technocrats," said a former U.S. government official who until recently was privy to classified reports about intelligence-gathering inside Iran. He said that among senior technocrats in the nuclear program and other fields, "the morale is very low."

In recent weeks, U.S. officials have acknowledged that an Iranian nuclear scientist defected to the West in June. Shahram Amiri, 32, vanished while on a religious pilgrimage in Saudi Arabia and has provided spy agencies with details about sensitive programs, including a long-hidden uranium-enrichment plant near the city of Qom, intelligence officials and Europe-based diplomats said.

Amiri is described by some as the most significant Iranian defector since Brig. Gen. Ali Reza Asgari, a former deputy defense minister and Revolutionary Guard Corps commander who switched sides during a 2007 trip to Turkey.

But sources said there has been a spate of other recent defections by diplomatic and military officials, some of which have not been made public. Among the defectors was a top diplomat at the Iranian mission in Oslo, who said he was pressured to falsify election returns for Iranian nationals who had cast votes at the embassy.

The revisions to the NIE underscore the pressure on the U.S. intelligence community to produce an accurate assessment of Iran's nuclear ambitions as President Obama pursues a policy aimed at preventing the country from acquiring an atomic bomb. The community's 2007 assessment presented the startling conclusion that Iran had halted its work on developing a nuclear warhead, provoking enduring criticism that the report had underestimated the Iranian threat.

Officials briefed on the new version, which is technically being called a "memo to holders" of the first, say it will take a harder tone. One official who has seen a draft said that the study asserts that Iran is making steady progress toward nuclear weapons capability but that it stops short of concluding that the Islamic republic's top leaders have decided to build and test a nuclear device. Iran says its nuclear program is entirely peaceful.
CIA 'brain drain' program

The Iranian diplomat who defected, Mohammed Reza Heydari, said in a telephone interview from Norway that he represents thousands of young, educated Iranians who are increasingly discouraged by developments in their country.

"I personally had a good situation, both in Iran and as a diplomat, but my conscience would no longer allow me to work for the regime," Heydari said. "I was upset that the regime was repressing and killing people, simply for asking the question 'Where is my vote?' "

The departures of Amiri and others have given new momentum to a "brain drain" program set up by the CIA in recent years as part of a broader effort to slow Iran's nuclear progress by sabotaging equipment being shipped into the country and enticing key scientists to defect.

Art Keller, a retired CIA officer, said the agency's goal in recruiting agents is almost always to "run them in place." But in Iran -- where the government uncovered a network of CIA informants and executed its members more than a decade ago -- recruiting spies is regarded as extremely dangerous. "Particularly when it comes to clandestine weapons programs," Keller said, "where the scientists are watched like a hawk."

The CIA declined to discuss the brain-drain program or characterize the information provided by defectors such as Amiri. It also declined to comment on an ABC News report that Amiri has been resettled in the United States.

But Iranian news reports have identified Amiri as a researcher for the Atomic Energy Organization of Iran. The National Council of Resistance in Iran (NCRI), an opposition group that publicly revealed the existence of a secret uranium-enrichment program in 2003, said Amiri had been associated with sensitive nuclear programs for at least a decade. Iran contends that Amiri was kidnapped.

Some observers say the Tehran government has been unnerved by the defections and point to the death of an Iranian physics professor more than three months ago as a sign that it has begun a crackdown designed to frighten would-be spies.

The professor, Masoud Ali Mohammadi, was killed Jan. 12 when a bomb planted on a motorcycle exploded as he passed nearby. Iranian officials accused Israeli and Western intelligence operatives in the killing, but news accounts indicated that Mohammadi had been sympathetic to the opposition movement and had attended anti-government demonstrations. The day before his death, Iranian intelligence agents had searched his home and confiscated documents and notes, according to a report by the NCRI.
Learning from mistakes

In public testimony over the past three years, senior U.S. intelligence officials have avoided contradicting the language used in the 2007 NIE, despite privately asserting that Iran is seeking a nuclear weapon. An unclassified U.S. military report submitted to Congress this month concluded: "Iran is developing technological capabilities applicable to nuclear weapons and, at a minimum, is keeping open the option to develop nuclear weapons."

The 2007 report stressed that Iran was still taking other steps that could help it acquire nuclear arms, but any nuance was lost in the fierce debate that followed. Like the new version, the 2007 estimate was revised repeatedly as its release date neared.

Indeed, it was essentially scrapped and rewritten after the United States obtained secret computer records that described a decision by Iranian leaders to cancel work on a warhead around the time U.S.-led forces invaded Iraq in 2003.

Critics blamed the document -- a version of which was released to the public -- for creating the impression that the Iranian threat had subsided and for derailing the George W. Bush administration's hard-line approach.

The report's authors subsequently acknowledged that it was poorly written for a public audience and, as a result, was widely misunderstood.

A U.S. official briefed on the progress of the new NIE said analysts are under pressure to avoid their predecessors' mistakes. The document is now scheduled to be delivered by August, the official said, adding that "there is an expectation that the previous one will be corrected."

U.S. officials said there will be a major difference in how the new estimate is presented. The previous document triggered headlines that Iran had backed away from its pursuit of the bomb largely because officials decided to release a version to the public. The officials said they now see that decision as a mistake and have no plans this time to make portions of the estimate public.

Staff researcher Julie Tate contributed to this report.

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