Ou talvez seja outra coisa. Em todo caso, em qualquer outro país, normal quero dizer, essa presença maciça de agentes estrangeiros militares e de segurança, seria considerada uma traição à pátria, e o chefe de Estado processado, destituído, talvez até condenado.
Parece que a Venezuela não é um país normal...
Venezuela: Chávez refuerza la presencia de cubanos en su Ejército en plena caída de popularidad
ABC (España), 15 de Junio de 2010
«Somos la misma cosa», dijo el presidente cubano Raúl Castro cuando pasaba revista a los oficiales venezolanos en su última visita a Caracas tras la reunión de la Alianza Bolivariana (ALBA), hace un mes. Sin embargo, su anfitrión, Hugo Chávez, le corrigió: «Somos la misma patria», haciendo valer su afinidad con el lema inmortalizado por Fidel Castro: «Patria o muerte, venceremos».
La frase de identidad y similitud compartida por los dos aliados viene a confirmar la fuerte y sistemática presencia militar cubana y su influencia en el alto mando de la Fuerza Armada de Venezuela, denunciada recientemente por el general Antonio Rivero González, ex director de Protección Nacional de Defensa Civil. Una alianza que se ha acelerado en los últimos meses: hasta 20 altos oficiales -coroneles y generales- son ya cubanos en el Ejército venezolano, ocupando puestos clave.
El matrimonio de conveniencia entre los regímenes es denominado como «el milagro de la Viagra» por la analista venezolana Elizabeth Burgos -ex esposa del escritor y filósofo francés Regis Debrais, amigo íntimo de Fidel Castro-. Burgos señala que los hermanos Castro han encontrado en Chávez «el sostén financiero después del derrumbe de la URSS», no es solo un aliado más.
Ésta no es la primera vez que el régimen castrista intenta acaparar los recursos económicos y energéticos de Venezuela y convertir la patria de Simón Bolívar en su punta de lanza para su proyecto continental. «En los años 60, Fidel Castro intentó tres veces invadir las costas venezolanas», recuerda el vicealmirante Iván Carratú, ex director del Instituto de Altos Estudios de Defensa Nacional.
Lo que Cuba no logró en los años sesenta en Venezuela, ahora lo está consiguiendo sin pegar un solo tiro. Esta vez «el Ejército cubano no nos ha invadido, en el sentido literal de la palabra. La sumisión del chavismo no es consecuencia de una derrota militar, tampoco existen condiciones en el mundo que justifiquen una alianza de esta naturaleza», explica el analista Manuel Felipe Sierra.
La penetración cubana se intensificó en 2007 con la reforma de la Ley Orgánica de las Fuerzas Armadas Nacionales, que politiza el sector militar venezolano e incorpora el concepto de «las milicias populares» con el fin de defender la revolución y a su máximo líder.
Chávez sostiene que la presencia cubana no pasa de 30.000 agentes.
Oficialmente Chávez sostiene que la presencia cubana no pasa de 30.000 agentes. Sin embargo, otras cifras oficiales hablan de 60.000 cubanos distribuidos en áreas claves como seguridad, inteligencia, asesoramiento policial y militar, control de los sistemas de registro de identidad, pasaportes y notarías.
También la importación de alimentos está en manos de los cubanos, incluidas las 70.000 toneladas de comida que ha llegado a los puertos venezolanos. Y el aeropuerto caraqueño de Maiquetía recibe dos vuelos diarios de cubanos como si fueran «fantasmas» por la falta de registro oficial.
Como la KGB o Stasi
Más que ideológica, la relación entre Chávez y los Castro es simbiótica. Nace de las necesidades de ambos regímenes. «El plan de perpetuarse en el poder de Chávez necesita de una estructura de seguridad y espionaje cultivada durante 50 años por la KGB soviética y la Stasi alemana y con sobrada experiencia en actividades contra la CIA. Eso lo tiene Cuba», señala Sierra.
Con el suministro gratuito de 95.000 barriles diarios de petróleo, Chávez le garantiza la prolongación al agónico fidelismo. Además, a medida que baja en los sondeos la popularidad de Chávez -como sucede ahora por la crisis económica: el 66% de los venezolanos afirma estar totalmente insatisfecho con su gestión-, el mandatario venezolano «necesitará cada vez más ayuda de los cubanos para consolidar su proyecto totalitario». Una simbiosis en torno al «Patria o muerte». Y es que Castro y Chávez quieren que Cuba y Venezuela sean la misma «cosa».
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sexta-feira, 18 de junho de 2010
A frase do dia: como podemos progredir com professores estáveis?
Bem, não foi bem uma pergunta, mas uma afirmação, e ela está no Wall Street Journal de hoje, num artigo do professor Timothy Knowles, que escreveu o artigo:
The Trouble With Teacher Tenure
(ou seja, o problema com a estabilidade dos professores) e sua frase é exatamente esta:
We can't make progress if bad teachers have jobs for life.
Ele se refere a uma lei estadual (escolas e universidades são um assunto puramente local, provincial ou no máximo estadual nos EUA, e o governo federal só intervem em programas de formação e de pesquisa específicos) do Colorado, onde o governador assinou uma lei revisando completamente o sistema de avaliação de professores do estado, prevendo inclusive demissão por performance insuficiente. De fato, não existe progresso com maus professores se mantendo nos mesmos cargos durante anos e anos.
No que se refere ao Brasil, e no que concerne minha posição, se eu tivesse esse poder, terminaria com toda e qualquer estabilidade em qualquer nível, em qualquer função, para qualquer tipo de funcionário público a qualquer momento (OK, manteria para juízes no exercício exclusivo de funções de magistrado durante períodos de 4 anos, renováveis apenas mediante avaliação de desempenho).
Professor universitário do sistema público, voltado para a pesquisa, poderia adquirir a chamada tenure, depois de 12 anos de exercício contínuo da profissão (aulas combinadas com pesquisas) e avaliação por banca externa.
Não existe outra maneira de buscar a excelência senão por meio da avaliação contínua, e sem que se constituam esses quistos de funcionários interessados apenas em suas próprias carreiras e não no serviço público.
O sistema de mandarinato, outrora um excelente mecanismo de recrutamento dos melhores para servir ao Estado, converteu-se, pouco a pouco, num sistema corrupto e sobredimensionado, contribuindo para a decadência da China.
Acredito que com a sanha irresponsável dos nossos mandarins, com as gangues sindicais de professores do sistema público, o Brasil caminha rapidamente para a decadência.
Na educação isso é uma tragédia...
Paulo Roberto de Almeida
The Trouble With Teacher Tenure
(ou seja, o problema com a estabilidade dos professores) e sua frase é exatamente esta:
We can't make progress if bad teachers have jobs for life.
Ele se refere a uma lei estadual (escolas e universidades são um assunto puramente local, provincial ou no máximo estadual nos EUA, e o governo federal só intervem em programas de formação e de pesquisa específicos) do Colorado, onde o governador assinou uma lei revisando completamente o sistema de avaliação de professores do estado, prevendo inclusive demissão por performance insuficiente. De fato, não existe progresso com maus professores se mantendo nos mesmos cargos durante anos e anos.
No que se refere ao Brasil, e no que concerne minha posição, se eu tivesse esse poder, terminaria com toda e qualquer estabilidade em qualquer nível, em qualquer função, para qualquer tipo de funcionário público a qualquer momento (OK, manteria para juízes no exercício exclusivo de funções de magistrado durante períodos de 4 anos, renováveis apenas mediante avaliação de desempenho).
Professor universitário do sistema público, voltado para a pesquisa, poderia adquirir a chamada tenure, depois de 12 anos de exercício contínuo da profissão (aulas combinadas com pesquisas) e avaliação por banca externa.
Não existe outra maneira de buscar a excelência senão por meio da avaliação contínua, e sem que se constituam esses quistos de funcionários interessados apenas em suas próprias carreiras e não no serviço público.
O sistema de mandarinato, outrora um excelente mecanismo de recrutamento dos melhores para servir ao Estado, converteu-se, pouco a pouco, num sistema corrupto e sobredimensionado, contribuindo para a decadência da China.
Acredito que com a sanha irresponsável dos nossos mandarins, com as gangues sindicais de professores do sistema público, o Brasil caminha rapidamente para a decadência.
Na educação isso é uma tragédia...
Paulo Roberto de Almeida
Saudades do Brasil. Eu disse saudades? Devo estar maluco...
Quando se está fora do Brasil, ainda que aproveitando ao máximo o que a cultura universal -- ou as culturas regionais e nacionais -- tem a nos ensinar e a oferecer, em matéria de história, de gastronomia, de costumes, de novidades, enfim, sempre bate aquela pequena saudade, seja de uma comida, seja de algum aspecto qualquer que não encontramos no exterior, por qualquer aspecto banal que seja.
Aí a gente procura se informar, e vai ver o que anda acontecendo por aquelas paragens.
E se corre o risco de cair sobre este tipo de coisa:
PF encontra R$ 280 mil enterrados no quintal de promotora envolvida no mensalão do DEM
17/06/2010-11h26
A Polícia Federal encontrou cerca de R$ 280 mil enterrados no quintal da promotora Deborah Guerner, acusada de ter recebido propina do mensalão do DEM. O dinheiro foi encontrado durante operação da PF que cumpriu 10 mandados de busca e apreensão na segunda-feira. (...) Também foi apreendido R$ 1 milhão na casa de um empresário.
A operação da PF foi feita a pedido do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região para levantar documentos sobre os contratos de limpeza urbana do Governo do Distrito Federal, mais uma frente de apuração do escândalo do mensalão do DEM.
Os alvos da PF foram Deborah Guerner e empresas com contratos do lixo com o governo, e que envolveriam o chefe do Ministério Público do DF, Leonardo Bandarra. Eles negam participação no esquema.
Segundo o delator do mensalão, Durval Barbosa, Bandarra recebeu mais de R$ 1,6 milhão de propina, além de mesada, para interferir no Ministério Público e impedir investigações sobre os contratos do lixo.
De acordo com Barbosa, a promotora seria a intermediária da negociação. Um das conversas, segundo depoimento de Barbosa, foi feita na sauna da casa da promotora.
Bandarra e Deborah Guerner também são investigados pelo Conselho Nacional do Ministério Público, órgão responsável pela fiscalização do Ministério Público.
Lendo coisas como essa, acabo por me convencer que o Brasil não mudou, e que estando aí, estaria muito mais exposto a notícias devastadoras como essa. Então um chefe de Ministério Público e uma procuradora são vulgares gatunos?
Onde é que vamos parar?
Ou melhor, onde é que já fomos parar...
Acho que vai ser difícil corrigir.
Quando membros da elite agem como vulgares gatunos, larápios de alto coturno como se dizia antigamente, estamos muito perto do que os anglossaxões chamariam de dereliction, a completa erosão dos valores morais e dos princípios de boa conduta de membros de instituições justamente empenhados, supostamente, em defender a legalidade e perseguir os maus-feitos.
Nessas horas eu me lembro de um texto meu, que não toca no nome do Brasil, e que se pretendia um ensaio apenas teórico e generalista.
Acho que vou precisar reescrevê-lo dando nomes aos bois, e às vacas...:
Pequeno manual prático da decadência (recomendável em caráter preventivo...)
número especial sobre “O Brasil que saiu das urnas”, da revista Digesto Econômico, revista da Associação Comercial de São Paulo (ano 62, nr. 441, jan-fev 2007, p. 38-47; ISSN: 0101-4218; disponível em duas partes no site da revista; links: (a) http://www.dcomercio.com.br/especiais/digesto/digesto_03/05.htm; (b) http://www.dcomercio.com.br/especiais/digesto/digesto_03/05a.htm). Relação de Trabalhos n. 1717.
Se não estiver disponível, podem me pedir pelo número.
Acho que não estou com tanta saudade assim...
Aí a gente procura se informar, e vai ver o que anda acontecendo por aquelas paragens.
E se corre o risco de cair sobre este tipo de coisa:
PF encontra R$ 280 mil enterrados no quintal de promotora envolvida no mensalão do DEM
17/06/2010-11h26
A Polícia Federal encontrou cerca de R$ 280 mil enterrados no quintal da promotora Deborah Guerner, acusada de ter recebido propina do mensalão do DEM. O dinheiro foi encontrado durante operação da PF que cumpriu 10 mandados de busca e apreensão na segunda-feira. (...) Também foi apreendido R$ 1 milhão na casa de um empresário.
A operação da PF foi feita a pedido do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região para levantar documentos sobre os contratos de limpeza urbana do Governo do Distrito Federal, mais uma frente de apuração do escândalo do mensalão do DEM.
Os alvos da PF foram Deborah Guerner e empresas com contratos do lixo com o governo, e que envolveriam o chefe do Ministério Público do DF, Leonardo Bandarra. Eles negam participação no esquema.
Segundo o delator do mensalão, Durval Barbosa, Bandarra recebeu mais de R$ 1,6 milhão de propina, além de mesada, para interferir no Ministério Público e impedir investigações sobre os contratos do lixo.
De acordo com Barbosa, a promotora seria a intermediária da negociação. Um das conversas, segundo depoimento de Barbosa, foi feita na sauna da casa da promotora.
Bandarra e Deborah Guerner também são investigados pelo Conselho Nacional do Ministério Público, órgão responsável pela fiscalização do Ministério Público.
Lendo coisas como essa, acabo por me convencer que o Brasil não mudou, e que estando aí, estaria muito mais exposto a notícias devastadoras como essa. Então um chefe de Ministério Público e uma procuradora são vulgares gatunos?
Onde é que vamos parar?
Ou melhor, onde é que já fomos parar...
Acho que vai ser difícil corrigir.
Quando membros da elite agem como vulgares gatunos, larápios de alto coturno como se dizia antigamente, estamos muito perto do que os anglossaxões chamariam de dereliction, a completa erosão dos valores morais e dos princípios de boa conduta de membros de instituições justamente empenhados, supostamente, em defender a legalidade e perseguir os maus-feitos.
Nessas horas eu me lembro de um texto meu, que não toca no nome do Brasil, e que se pretendia um ensaio apenas teórico e generalista.
Acho que vou precisar reescrevê-lo dando nomes aos bois, e às vacas...:
Pequeno manual prático da decadência (recomendável em caráter preventivo...)
número especial sobre “O Brasil que saiu das urnas”, da revista Digesto Econômico, revista da Associação Comercial de São Paulo (ano 62, nr. 441, jan-fev 2007, p. 38-47; ISSN: 0101-4218; disponível em duas partes no site da revista; links: (a) http://www.dcomercio.com.br/especiais/digesto/digesto_03/05.htm; (b) http://www.dcomercio.com.br/especiais/digesto/digesto_03/05a.htm). Relação de Trabalhos n. 1717.
Se não estiver disponível, podem me pedir pelo número.
Acho que não estou com tanta saudade assim...
Brasil segue a liderança de Chavez...
Não fui eu quem o disse, mas o próprio, segundo o jornalista desta nota. Vou buscar a matéria original do Financial Times.
Acredito que a chancelaria brasileira vai responder a essa inacreditável usurpação de liderança, ou pelo menos de concorrência na área. OK, basta dizer que o Brasil não é liderado por ninguém...
Radar on-line - Lauro Jardim
Internacional
Chávez diz que Brasil segue sua “liderança”
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Em entrevista publicada pelo Financial Times, o falastrão Hugo Chávez diz que “a influência americana deteriorou-se na América do Sul nos último dez anos, período em que vários países seguiram a liderança venezuelana e penderam para a esquerda”. Citou cinco países que seguem sua “liderança”: Equador, Bolívia, Paraguai, Argentina e… Brasil.
Acredito que a chancelaria brasileira vai responder a essa inacreditável usurpação de liderança, ou pelo menos de concorrência na área. OK, basta dizer que o Brasil não é liderado por ninguém...
Radar on-line - Lauro Jardim
Internacional
Chávez diz que Brasil segue sua “liderança”
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Em entrevista publicada pelo Financial Times, o falastrão Hugo Chávez diz que “a influência americana deteriorou-se na América do Sul nos último dez anos, período em que vários países seguiram a liderança venezuelana e penderam para a esquerda”. Citou cinco países que seguem sua “liderança”: Equador, Bolívia, Paraguai, Argentina e… Brasil.
O Brasil a caminho da estupidez - agora sim tenho certeza disso
Bem, não gosto de ofender ninguém, pelo menos não gratuitamente, mas neste caso tenho de dar a mão à palamatória. As pessoas estão se tornando mais estúpidas no Brasil, e isso acontece mesmo com professores, que supostamente estão, como diz o velho ditado, "às portas do conhecimento".
Leiam primeiro o post abaixo, do blog do sempre iconoclasta Janer Cristaldo, que por sua vez se fundamenta em matéria (que não li por inteiro) do Estadão, para ver se não concordam comigo.
Como é que uma professora supostamente bem formada consegue afirmar que, reproduzindo certos gestos cotidianos de índios, numa escola de classe média - "suíço-brasileira" - cuja mensalidade deve ser mais alta do que toda a "renda" anual de uma tribo indígena, os alunos "aprendem até as formas de comer e de sentar dos indígenas" ???
Discordo da professora: eu não preciso sentar como os indígenas para aprender a sentar, aliás não preciso aprender NADA com os indígenas que me sirva para a vida real, inclusive porque não preciso me defender de cobras, piranhas (salvo as do governo), de plantas venenosas, enfim do que quer que seja da vida selvagem. Quando eu preciso sentar, no meu meio habitual, eu uso cadeira, sofá, bancos, e se eu tiver de sentar no chão, sem problemas, não preciso de tecnologia indígena para fazê-lo.
Como é que alguém, supostamente alfabetizado, consegue dizer uma estupidez dessas?
E quanto ao ensino de matérias "afro-brasileiras", sinto muito dizer, mas a estupidez é maior ainda. Uma outra professora, que se supõe também seja minimamente alfabetizada, pretende que as "raízes indígenas e afro-americanas têm [muita importância] em [nossas] vidas (...) Os alunos percebem que nos nossos hábitos há muitas referências culturais, como dormir em rede, comer farinha de mandioca e assar peixe na brasa...".
Sinto muito professora, eu posso fazer isso em restaurantes, num camping e no quintal da minha casa, e têm know-how americano para peixe na brasa tão bom, ou talvez melhor, do que as supostas excelências aborígenes ou africanas. Minhas referências culturais estão mais perto de um gourmet europeu -- OK, sou mais um gourmand, do que um gourmet, mas isso é outra coisa -- do que da caça e pesca de indígenas e africanos. Aliás, eu NÃO preciso disso e não sei porque alunos da classe média paulistana também precisariam, a menos que algum maluco resolva virar eremita no fundo da Amazônia (mas nesse caso ele pode fazer um crash course com índios perfeitamente aculturados em alguma reserva oficial, onde eles vivem de mensalão governamental, não de caça e pesca).
Aliás, a escola mostra as culturas indígenas por meio de vídeos que foram feitos pelos próprios indígenas. Será que esses estúpidos não percebem a imensa contradição que existe entre pretender macacaquear índios na natureza ancestral quando esses índios estão usando equipamento eletrônico japonês (made in China), e contrabandeado ou comprado no free shop da aldeia, e a vida moderna que permite tudo isso sem precisar sentar no chão e comer uma horrível comida que eles tentaram torrar no foguinho improvisado da classe?
Eu não sei porque alguém tem de regredir na escala da civilização e da tecnologia para provar não se sabe bem qual tese estúpida sobre nossas supostas raízes. Suponho que esses professores vão para a escola em barco, a pé, a cavalo, whatever...
Quando deveríamos estar aprendendo ciência e tecnologia de última geração, estamos regredindo para os albores da civilização, culturas do neolítico superior???!!!
Tem sentido tudo isso?
Manifestamente não, isso apenas faz parte de um grande processo de imbecilização do país, uma tendência que nos faz regredir e acrescentar à idiotice já ambiente.
Agora, então, com a tal lei racista, o Estatudo da (Des)Igualdade Racial, essas bobagens afro-brasileiras vão fazer parte do currículo das escolas. Os alemãezinhos de Santa Catarina vão aprender como os seus ancestrais africanos deram enormes contribuições ao progresso do Brasil.
Sinto muito: eu gostaria muito de aprender como vivia na Basilicata a minha avó, que veio ao Brasil no começo do século 20 colher café, na imensa leva migratória que substituía os escravos de vinte ou trinta anos antes. Ela provavelmente se sentiu, mais de uma vez, tratada quase como uma escrava na fazenda de café, mas nunca fez disso um sinal de integração cultural, apenas como uma etapa na construção de sua nova vida no Brasil.
O Brasil caminha rapidamente para a estupidez. E isso vai custar muito para desfazer.
Leiam o texto do Cristaldo e entenderão a minha indignação.
Paulo Roberto de Almeida
(18.06.2010)
QUANDO ENSINO VIRA MENTIRA
Janer Cristaldo
Quinta-feira, Junho 17, 2010
Leio no Estadão que crianças da Escola Suíço-Brasileira fazem lanche comunitário com alimentos ligados à cultura indígena. Cocares, chocalhos, sementes e cantos indígenas estão se misturando aos livros e cadernos dos alunos nas aulas. Tudo isso para cumprir a lei que exige o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena, que passou a vigorar em 2008.
Com a proposta de atrair a atenção dos alunos para a importância histórica dos índios e dos negros, as aulas exploram múltiplos recursos. Na Escola Suíço-Brasileira, na zona sul de São Paulo, os alunos do 1.º ano do fundamental vivenciam o dia a dia dos índios em cabanas de pano e um banquete com alimentos típicos. "Eles aprendem até as formas de comer e de sentar dos indígenas", afirma a professora Vera Povoa.
É de perguntar-se se neste magistério, além de cocares, chocalhos, sementes e cantos indígenas, os professores falam nas práticas de canibalismo dos índios brasileiros, relatadas por Hans Staden. Se, ao abordar as formas de comer dos indígenas, os professores citam o bispo Sardinha, que foi degustado pelos caetés.
Para ambientar os alunos – diz a reportagem - algumas escolas utilizam desde vídeos - o que inclui até mesmo uma espécie de reality show do cotidiano de uma aldeia, filmado pelos próprios índios - até excursões para museus e comunidades indígenas, onde as crianças aprendem a usar arco e flecha.
Falta saber se os professores contam que, no cotidiano de uma aldeia, existe o direito de matar filhos de mães solteiras e os recém-nascidos portadores de deficiências físicas ou mentais. Gêmeos também podem ser sacrificados. Algumas etnias acreditam que um representa o bem e o outro o mal e, assim, por não saber quem é quem, eliminam os dois.
Outras crêem que só os bichos podem ter mais de um filho de uma só vez. Há motivos mais fúteis, como casos de índios que mataram os que nasceram com simples manchas na pele – essas crianças, segundo eles, podem trazer maldição à tribo. Os rituais de execução consistem em enterrar vivos, afogar ou enforcar os bebês. Geralmente é a própria mãe quem deve executar a criança, embora haja casos em que pode ser auxiliada pelo pajé.
A prática do infanticídio já foi detectada em pelo menos 13 etnias, como os ianomâmis, os tapirapés e os madihas. Só os ianomâmis, em 2004, mataram 98 crianças. Os kamaiurás matam entre 20 e 30 por ano. Sob o olhar complacente dos antrópologos e indigenistas. A tradição deve ser respeitada. Informarão as escolas aos alunos estas práticas tradicionais dos silvícolas?
“O interesse despertado nas crianças é notável, principalmente quando elas percebem a influência que as raízes indígenas e afro-americanas têm em suas vidas – diz a reportagem -. Os alunos percebem que nos nossos hábitos há muitas referências culturais, como dormir em rede, comer farinha de mandioca e assar peixe na brasa, por exemplo", afirma a coordenadora pedagógica da Escola Cidade Jardim Play Pen, Gabriela Argolo.
Seria interessante saber se os professores contam aos alunos que Zumbi, o novel herói da libertação dos negros, se lutava contra a escravidão, também tinha escravos. Se ensinam que, se os brancos europeus compravam escravos, quem os vendia eram os chefes tribais negros africanos aliados aos portugueses, que enriqueceram com a venda de seus irmãos.
Se os professores não ensinam estas verdades históricas, os estudos afros ficam incompletos. Outra pergunta a se fazer é quando as escolas terão disciplinas que ensinem nossas origens greco-hebraico-romanas e européias. Comentei há alguns anos a história de uma sobrinha, a quem apresentei a estátua do Quixote e Sancho Pança na Plaza España, em Madri. Ela tinha formação universitária e jamais ouvira falar destes dois. As novas gerações, ao que tudo indica, continuarão sem saber quem é Cervantes. Mas saberão como comiam ou dormiam os bugres. Saber que, cá entre nós, não passa de mera curiosidade histórica que nada nos acrescenta.
A organização social do Brasil, nossas instituições, nosso ensino e nossa cultura são européias, antes de serem africanas ou indígenas. Derivamos muito mais de Platão e Aristóteles, Kant ou Descartes, Montesquieu ou Montagne, do que de culturas ágrafas africanas ou nativas. O índio ou o africano em pouco ou nada contribuíram para formatar o Brasil como hoje é. Não fossem os portugueses, os habitantes de Pindorama ainda hoje viveriam da caça e coleta.
Índio não construiu nada. E negros, muito pouco. A pedagogia oficial, fundamentada em leis de cunho racista, está pretendendo inverter a história do país, atribuindo méritos a quem não os tem. Crianças adoram brincar em cabanas de pano, mas a cultura indígena jamais produziu pano. Pano é coisa de branco, que foi imposto pela Igreja aos índios para cobrirem suas vergonhas. Culinária indígena soa simpático, mas sempre é bom lembrar que esta culinária, entre seus acepipes, incluía carne de brancos.
O ensino está virando uma imensa mentira no Brasil. A serviço das viúvas do Kremlin, que querem negar o legado europeu que formou o país. Não será fácil reverter este embuste.
Leiam primeiro o post abaixo, do blog do sempre iconoclasta Janer Cristaldo, que por sua vez se fundamenta em matéria (que não li por inteiro) do Estadão, para ver se não concordam comigo.
Como é que uma professora supostamente bem formada consegue afirmar que, reproduzindo certos gestos cotidianos de índios, numa escola de classe média - "suíço-brasileira" - cuja mensalidade deve ser mais alta do que toda a "renda" anual de uma tribo indígena, os alunos "aprendem até as formas de comer e de sentar dos indígenas" ???
Discordo da professora: eu não preciso sentar como os indígenas para aprender a sentar, aliás não preciso aprender NADA com os indígenas que me sirva para a vida real, inclusive porque não preciso me defender de cobras, piranhas (salvo as do governo), de plantas venenosas, enfim do que quer que seja da vida selvagem. Quando eu preciso sentar, no meu meio habitual, eu uso cadeira, sofá, bancos, e se eu tiver de sentar no chão, sem problemas, não preciso de tecnologia indígena para fazê-lo.
Como é que alguém, supostamente alfabetizado, consegue dizer uma estupidez dessas?
E quanto ao ensino de matérias "afro-brasileiras", sinto muito dizer, mas a estupidez é maior ainda. Uma outra professora, que se supõe também seja minimamente alfabetizada, pretende que as "raízes indígenas e afro-americanas têm [muita importância] em [nossas] vidas (...) Os alunos percebem que nos nossos hábitos há muitas referências culturais, como dormir em rede, comer farinha de mandioca e assar peixe na brasa...".
Sinto muito professora, eu posso fazer isso em restaurantes, num camping e no quintal da minha casa, e têm know-how americano para peixe na brasa tão bom, ou talvez melhor, do que as supostas excelências aborígenes ou africanas. Minhas referências culturais estão mais perto de um gourmet europeu -- OK, sou mais um gourmand, do que um gourmet, mas isso é outra coisa -- do que da caça e pesca de indígenas e africanos. Aliás, eu NÃO preciso disso e não sei porque alunos da classe média paulistana também precisariam, a menos que algum maluco resolva virar eremita no fundo da Amazônia (mas nesse caso ele pode fazer um crash course com índios perfeitamente aculturados em alguma reserva oficial, onde eles vivem de mensalão governamental, não de caça e pesca).
Aliás, a escola mostra as culturas indígenas por meio de vídeos que foram feitos pelos próprios indígenas. Será que esses estúpidos não percebem a imensa contradição que existe entre pretender macacaquear índios na natureza ancestral quando esses índios estão usando equipamento eletrônico japonês (made in China), e contrabandeado ou comprado no free shop da aldeia, e a vida moderna que permite tudo isso sem precisar sentar no chão e comer uma horrível comida que eles tentaram torrar no foguinho improvisado da classe?
Eu não sei porque alguém tem de regredir na escala da civilização e da tecnologia para provar não se sabe bem qual tese estúpida sobre nossas supostas raízes. Suponho que esses professores vão para a escola em barco, a pé, a cavalo, whatever...
Quando deveríamos estar aprendendo ciência e tecnologia de última geração, estamos regredindo para os albores da civilização, culturas do neolítico superior???!!!
Tem sentido tudo isso?
Manifestamente não, isso apenas faz parte de um grande processo de imbecilização do país, uma tendência que nos faz regredir e acrescentar à idiotice já ambiente.
Agora, então, com a tal lei racista, o Estatudo da (Des)Igualdade Racial, essas bobagens afro-brasileiras vão fazer parte do currículo das escolas. Os alemãezinhos de Santa Catarina vão aprender como os seus ancestrais africanos deram enormes contribuições ao progresso do Brasil.
Sinto muito: eu gostaria muito de aprender como vivia na Basilicata a minha avó, que veio ao Brasil no começo do século 20 colher café, na imensa leva migratória que substituía os escravos de vinte ou trinta anos antes. Ela provavelmente se sentiu, mais de uma vez, tratada quase como uma escrava na fazenda de café, mas nunca fez disso um sinal de integração cultural, apenas como uma etapa na construção de sua nova vida no Brasil.
O Brasil caminha rapidamente para a estupidez. E isso vai custar muito para desfazer.
Leiam o texto do Cristaldo e entenderão a minha indignação.
Paulo Roberto de Almeida
(18.06.2010)
QUANDO ENSINO VIRA MENTIRA
Janer Cristaldo
Quinta-feira, Junho 17, 2010
Leio no Estadão que crianças da Escola Suíço-Brasileira fazem lanche comunitário com alimentos ligados à cultura indígena. Cocares, chocalhos, sementes e cantos indígenas estão se misturando aos livros e cadernos dos alunos nas aulas. Tudo isso para cumprir a lei que exige o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena, que passou a vigorar em 2008.
Com a proposta de atrair a atenção dos alunos para a importância histórica dos índios e dos negros, as aulas exploram múltiplos recursos. Na Escola Suíço-Brasileira, na zona sul de São Paulo, os alunos do 1.º ano do fundamental vivenciam o dia a dia dos índios em cabanas de pano e um banquete com alimentos típicos. "Eles aprendem até as formas de comer e de sentar dos indígenas", afirma a professora Vera Povoa.
É de perguntar-se se neste magistério, além de cocares, chocalhos, sementes e cantos indígenas, os professores falam nas práticas de canibalismo dos índios brasileiros, relatadas por Hans Staden. Se, ao abordar as formas de comer dos indígenas, os professores citam o bispo Sardinha, que foi degustado pelos caetés.
Para ambientar os alunos – diz a reportagem - algumas escolas utilizam desde vídeos - o que inclui até mesmo uma espécie de reality show do cotidiano de uma aldeia, filmado pelos próprios índios - até excursões para museus e comunidades indígenas, onde as crianças aprendem a usar arco e flecha.
Falta saber se os professores contam que, no cotidiano de uma aldeia, existe o direito de matar filhos de mães solteiras e os recém-nascidos portadores de deficiências físicas ou mentais. Gêmeos também podem ser sacrificados. Algumas etnias acreditam que um representa o bem e o outro o mal e, assim, por não saber quem é quem, eliminam os dois.
Outras crêem que só os bichos podem ter mais de um filho de uma só vez. Há motivos mais fúteis, como casos de índios que mataram os que nasceram com simples manchas na pele – essas crianças, segundo eles, podem trazer maldição à tribo. Os rituais de execução consistem em enterrar vivos, afogar ou enforcar os bebês. Geralmente é a própria mãe quem deve executar a criança, embora haja casos em que pode ser auxiliada pelo pajé.
A prática do infanticídio já foi detectada em pelo menos 13 etnias, como os ianomâmis, os tapirapés e os madihas. Só os ianomâmis, em 2004, mataram 98 crianças. Os kamaiurás matam entre 20 e 30 por ano. Sob o olhar complacente dos antrópologos e indigenistas. A tradição deve ser respeitada. Informarão as escolas aos alunos estas práticas tradicionais dos silvícolas?
“O interesse despertado nas crianças é notável, principalmente quando elas percebem a influência que as raízes indígenas e afro-americanas têm em suas vidas – diz a reportagem -. Os alunos percebem que nos nossos hábitos há muitas referências culturais, como dormir em rede, comer farinha de mandioca e assar peixe na brasa, por exemplo", afirma a coordenadora pedagógica da Escola Cidade Jardim Play Pen, Gabriela Argolo.
Seria interessante saber se os professores contam aos alunos que Zumbi, o novel herói da libertação dos negros, se lutava contra a escravidão, também tinha escravos. Se ensinam que, se os brancos europeus compravam escravos, quem os vendia eram os chefes tribais negros africanos aliados aos portugueses, que enriqueceram com a venda de seus irmãos.
Se os professores não ensinam estas verdades históricas, os estudos afros ficam incompletos. Outra pergunta a se fazer é quando as escolas terão disciplinas que ensinem nossas origens greco-hebraico-romanas e européias. Comentei há alguns anos a história de uma sobrinha, a quem apresentei a estátua do Quixote e Sancho Pança na Plaza España, em Madri. Ela tinha formação universitária e jamais ouvira falar destes dois. As novas gerações, ao que tudo indica, continuarão sem saber quem é Cervantes. Mas saberão como comiam ou dormiam os bugres. Saber que, cá entre nós, não passa de mera curiosidade histórica que nada nos acrescenta.
A organização social do Brasil, nossas instituições, nosso ensino e nossa cultura são européias, antes de serem africanas ou indígenas. Derivamos muito mais de Platão e Aristóteles, Kant ou Descartes, Montesquieu ou Montagne, do que de culturas ágrafas africanas ou nativas. O índio ou o africano em pouco ou nada contribuíram para formatar o Brasil como hoje é. Não fossem os portugueses, os habitantes de Pindorama ainda hoje viveriam da caça e coleta.
Índio não construiu nada. E negros, muito pouco. A pedagogia oficial, fundamentada em leis de cunho racista, está pretendendo inverter a história do país, atribuindo méritos a quem não os tem. Crianças adoram brincar em cabanas de pano, mas a cultura indígena jamais produziu pano. Pano é coisa de branco, que foi imposto pela Igreja aos índios para cobrirem suas vergonhas. Culinária indígena soa simpático, mas sempre é bom lembrar que esta culinária, entre seus acepipes, incluía carne de brancos.
O ensino está virando uma imensa mentira no Brasil. A serviço das viúvas do Kremlin, que querem negar o legado europeu que formou o país. Não será fácil reverter este embuste.
Teoria da evolucao, evolucao na pratica e colecao de especies - Fernando Dias Avila Pires
Um artigo primoroso de um dos maiores conhecedores da teoria e da ação prática da evolução no Brasil...
Cobras, aranhas e outros bichos
Fernando Dias de Avila Pires
Jornal da Ciência Hoje, 17.06.2010
"Espécies diferem não apenas no seu aspecto e características físicas, mas em sua fisiologia, comportamento, ecologia e patrimônio genético. No caso dos animais venenosos e peçonhentos, diferem na natureza de seu veneno"
Fernando Dias de Avila Pires é pesquisador do Departamento de Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz. Artigo enviado pelo autor ao "JC e-mail":
Um leitor leigo que desconheça as entranhas dos museus deve estar confuso ante o noticiário sobre o desastre que atingiu as coleções do Instituto Butantã. Desastre este que não se circunscreveu ao Brasil, mas a toda comunidade científica mundial e às pessoas que, em qualquer parte do mundo, arriscam-se a ser picadas por cobras, aranhas escorpiões e outros animais perigosos.
A polêmica gerada pelas opiniões discrepantes de cientistas e administradores não contribui para a correta avaliação do desastre.
Quem visita um museu percorre as galerias de exposições que resumem, em uma mostra reduzida e organizada segundo critérios específicos para cada tipo de museu, temas de interesse geral. Um museu de zoologia pode optar por demonstrar a evolução da vida - como se vê, por exemplo, na Grande Galeria do Museu de História Natural de Paris - e por apresentar exposições temáticas comemorativas e temporárias, como as que este ano foram inauguradas em comemoração a Darwin.
Quem pensa que um museu se resume às exposições pode também acreditar que as atividades de um banco se restringem à dos caixas e gerentes com os quais os correntistas têm contato.
Mas por que guardar 85.000 cobras e outros milhares de aranhas e escorpiões?
O homem sempre foi colecionador: de pedras, objetos curiosos, incluindo escalpos, cabeças ou orelhas de inimigos mortos em combate. Durante séculos, as coleções zoológicas eram guardadas e expostas em gabinetes de curiosidades mantidos por nobres ou por ricos comerciantes. Um casal de cada espécie era o bastante, e as duplicatas podiam ser permutadas, como se faz com selos ou moedas.
No século 18, zoólogos começaram a observar que os indivíduos de cada espécie apresentavam pequenas ou grandes diferenças. A variação entre sexos e idades são notórias, mesmo para leigos que observam aves em seus jardins e os catálogos das coleções dos museus de zoologia traziam os nomes das espécies nele representadas, uma breve descrição de seu aspecto e a relação de indivíduos que apresentavam variações importantes em certos caracteres, como tamanho, cor e estruturas do corpo.
Em 1758 um zoólogo sueco propôs um sistema de classificação e um sistema de nomenclatura, que foram adotados internacionalmente, de maneira a conferir estabilidade e certeza de que zoólogos de qualquer lugar pudessem referir-se a cada espécie por um mesmo nome, em latim, o que não acontece com a nomenclatura popular, que varia de um lugar para outro e em diferentes línguas.
A teoria da evolução proporcionou uma nova visão da variabilidade dos seres vivos e mostrou que, para conhecer uma espécie, temos que conhecer toda a gama de variantes existentes em populações naturais. Daí a mudança na concepção dos museus, que passaram a recolher e guardar amostras de populações naturais, que representem as variações existentes.
Mesmo assim, o nome da espécie precisa ser ligado a um indivíduo - o tipo ou holótipo, escolhido para personificar ou representar a espécie, escolhido pelo zoólogo que primeiro a reconhece como nova para a ciência e ainda não descrita oficialmente e de acordo com regras internacionais. Esses tipos devem ser preservados em locais protegidos da luz, umidade, poeira - e fogo.
Se uma nave tiver que ser despachada para Marte com um único exemplar da espécie humana que represente a nossa espécie, quem seria escolhido? Sophia Loren, Obama, Bin Laden?
É fácil entender, assim, que 85.000 cobras ainda não representam todas as espécies existentes nem toda a variabilidade encontrada dentro de cada espécie. Algumas são conhecidas apenas por meia dúzia de exemplares, ou menos. Várias se extinguiram nos locais onde foram coletadas e de onde provem o tipo.
Espécies diferem não apenas no seu aspecto e características físicas, mas em sua fisiologia, comportamento, ecologia e patrimônio genético. No caso dos animais venenosos e peçonhentos, diferem na natureza de seu veneno.
Foi a coleta realizada por expedições científicas e por fazendeiros, caçadores e particulares que permitiu a Vital Brazil iniciar um trabalho pioneiro dirigido ao estudo, ao inventário e ao conhecimento da fauna, e que levou à preparação de soros específicos que salvaram a vida - e continuam salvando - de gente em todo o mundo, vitimas de picadas venenosas.
Sabe-se que cobras de uma mesma espécie, oriundas de regiões diferentes do país, apresentam variações na composição de seu veneno. Somente a pesquisa básica sobre a distribuição geográfica, a sistemática - que estuda a estrutura e evolução das espécies, a fisiologia, a variabilidade genética dos indivíduos das populações que constituem uma espécie - podem elucidar a variação da ação dos venenos.
Não é promovendo a dicotomia entre áreas igualmente importantes do conhecimento e estimulando a adoção de posições extremadas que oponham ciência básica e sua aplicação que se contribui para o progresso do conhecimento científico e sua aplicação à saúde, economia e bem estar de nossa população.
Em todas as épocas houve um campo do conhecimento que exerceu maior atrativo e recebeu maior apoio, como ciência da moda. Seguindo-se aos séculos em que o conhecimento dos clássicos da filosofia e literatura predominou, seguiu-se a era da física, que prometia unificar as leis naturais, da química, que promoveu o desenvolvimento da indústria de corantes e dos medicamentos, a genética e a biologia celular e molecular.
Pasteur vislumbrou a conquista da saúde e o fim das doenças infecciosas através da identificação dos microorganismos e o preparo de soros e vacinas. Seu sucesso, por sinal deveu-se principalmente ao avanço no conhecimento da sistemática e classificação das espécies de bactérias e outros microorganismos. Sem suas coleções, a era dos soros, vacinas e da imunologia não teria surgido e prosperado.
Infelizmente a humanidade não aprende com os exemplos da história. A atual polêmica entre cobras x vacinas lembrou-me de um episódio acontecido em um instituto de pesquisas antes da era da penicilina, onde a administração determinou o encerramento das atividades de um dos laboratórios à noite, tendo em vista as despesas consideradas excessivas com a energia necessária para manter as estufas ligadas. O laboratório pesquisava um fungo desconhecido na época, do gênero Penicillium do qual se extrairia, anos mais tarde, a penicilina.
Cobras, aranhas e outros bichos
Fernando Dias de Avila Pires
Jornal da Ciência Hoje, 17.06.2010
"Espécies diferem não apenas no seu aspecto e características físicas, mas em sua fisiologia, comportamento, ecologia e patrimônio genético. No caso dos animais venenosos e peçonhentos, diferem na natureza de seu veneno"
Fernando Dias de Avila Pires é pesquisador do Departamento de Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz. Artigo enviado pelo autor ao "JC e-mail":
Um leitor leigo que desconheça as entranhas dos museus deve estar confuso ante o noticiário sobre o desastre que atingiu as coleções do Instituto Butantã. Desastre este que não se circunscreveu ao Brasil, mas a toda comunidade científica mundial e às pessoas que, em qualquer parte do mundo, arriscam-se a ser picadas por cobras, aranhas escorpiões e outros animais perigosos.
A polêmica gerada pelas opiniões discrepantes de cientistas e administradores não contribui para a correta avaliação do desastre.
Quem visita um museu percorre as galerias de exposições que resumem, em uma mostra reduzida e organizada segundo critérios específicos para cada tipo de museu, temas de interesse geral. Um museu de zoologia pode optar por demonstrar a evolução da vida - como se vê, por exemplo, na Grande Galeria do Museu de História Natural de Paris - e por apresentar exposições temáticas comemorativas e temporárias, como as que este ano foram inauguradas em comemoração a Darwin.
Quem pensa que um museu se resume às exposições pode também acreditar que as atividades de um banco se restringem à dos caixas e gerentes com os quais os correntistas têm contato.
Mas por que guardar 85.000 cobras e outros milhares de aranhas e escorpiões?
O homem sempre foi colecionador: de pedras, objetos curiosos, incluindo escalpos, cabeças ou orelhas de inimigos mortos em combate. Durante séculos, as coleções zoológicas eram guardadas e expostas em gabinetes de curiosidades mantidos por nobres ou por ricos comerciantes. Um casal de cada espécie era o bastante, e as duplicatas podiam ser permutadas, como se faz com selos ou moedas.
No século 18, zoólogos começaram a observar que os indivíduos de cada espécie apresentavam pequenas ou grandes diferenças. A variação entre sexos e idades são notórias, mesmo para leigos que observam aves em seus jardins e os catálogos das coleções dos museus de zoologia traziam os nomes das espécies nele representadas, uma breve descrição de seu aspecto e a relação de indivíduos que apresentavam variações importantes em certos caracteres, como tamanho, cor e estruturas do corpo.
Em 1758 um zoólogo sueco propôs um sistema de classificação e um sistema de nomenclatura, que foram adotados internacionalmente, de maneira a conferir estabilidade e certeza de que zoólogos de qualquer lugar pudessem referir-se a cada espécie por um mesmo nome, em latim, o que não acontece com a nomenclatura popular, que varia de um lugar para outro e em diferentes línguas.
A teoria da evolução proporcionou uma nova visão da variabilidade dos seres vivos e mostrou que, para conhecer uma espécie, temos que conhecer toda a gama de variantes existentes em populações naturais. Daí a mudança na concepção dos museus, que passaram a recolher e guardar amostras de populações naturais, que representem as variações existentes.
Mesmo assim, o nome da espécie precisa ser ligado a um indivíduo - o tipo ou holótipo, escolhido para personificar ou representar a espécie, escolhido pelo zoólogo que primeiro a reconhece como nova para a ciência e ainda não descrita oficialmente e de acordo com regras internacionais. Esses tipos devem ser preservados em locais protegidos da luz, umidade, poeira - e fogo.
Se uma nave tiver que ser despachada para Marte com um único exemplar da espécie humana que represente a nossa espécie, quem seria escolhido? Sophia Loren, Obama, Bin Laden?
É fácil entender, assim, que 85.000 cobras ainda não representam todas as espécies existentes nem toda a variabilidade encontrada dentro de cada espécie. Algumas são conhecidas apenas por meia dúzia de exemplares, ou menos. Várias se extinguiram nos locais onde foram coletadas e de onde provem o tipo.
Espécies diferem não apenas no seu aspecto e características físicas, mas em sua fisiologia, comportamento, ecologia e patrimônio genético. No caso dos animais venenosos e peçonhentos, diferem na natureza de seu veneno.
Foi a coleta realizada por expedições científicas e por fazendeiros, caçadores e particulares que permitiu a Vital Brazil iniciar um trabalho pioneiro dirigido ao estudo, ao inventário e ao conhecimento da fauna, e que levou à preparação de soros específicos que salvaram a vida - e continuam salvando - de gente em todo o mundo, vitimas de picadas venenosas.
Sabe-se que cobras de uma mesma espécie, oriundas de regiões diferentes do país, apresentam variações na composição de seu veneno. Somente a pesquisa básica sobre a distribuição geográfica, a sistemática - que estuda a estrutura e evolução das espécies, a fisiologia, a variabilidade genética dos indivíduos das populações que constituem uma espécie - podem elucidar a variação da ação dos venenos.
Não é promovendo a dicotomia entre áreas igualmente importantes do conhecimento e estimulando a adoção de posições extremadas que oponham ciência básica e sua aplicação que se contribui para o progresso do conhecimento científico e sua aplicação à saúde, economia e bem estar de nossa população.
Em todas as épocas houve um campo do conhecimento que exerceu maior atrativo e recebeu maior apoio, como ciência da moda. Seguindo-se aos séculos em que o conhecimento dos clássicos da filosofia e literatura predominou, seguiu-se a era da física, que prometia unificar as leis naturais, da química, que promoveu o desenvolvimento da indústria de corantes e dos medicamentos, a genética e a biologia celular e molecular.
Pasteur vislumbrou a conquista da saúde e o fim das doenças infecciosas através da identificação dos microorganismos e o preparo de soros e vacinas. Seu sucesso, por sinal deveu-se principalmente ao avanço no conhecimento da sistemática e classificação das espécies de bactérias e outros microorganismos. Sem suas coleções, a era dos soros, vacinas e da imunologia não teria surgido e prosperado.
Infelizmente a humanidade não aprende com os exemplos da história. A atual polêmica entre cobras x vacinas lembrou-me de um episódio acontecido em um instituto de pesquisas antes da era da penicilina, onde a administração determinou o encerramento das atividades de um dos laboratórios à noite, tendo em vista as despesas consideradas excessivas com a energia necessária para manter as estufas ligadas. O laboratório pesquisava um fungo desconhecido na época, do gênero Penicillium do qual se extrairia, anos mais tarde, a penicilina.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Eike Batista: o mais rico do Brasil - Forbes
Billionaires List
Big Man In Brazil
Keren Blankfeld
Forbes Magazine, March 29, 2010
Eike Batista has ridden up the commodities boom to become the richest guy in his country. He aims to keep going.
In Brazil, perhaps the only thing that's bigger than Eike Fuhrken Batista is Pão de Açúcar, the peak that dominates Guanabara Bay in Rio de Janeiro. "Sugarloaf" mountain stares across to his tenth-floor office in the Praia do Flamengo building. Six years ago Batista swore he'd become Brazil's richest man. Now he is: With a net worth of $27 billion, two-thirds of that gained over the last 12 months, he's on his way to arriving at his latest boastful goal, becoming the world's wealthiest guy. His Facebook page mentions how rich he is three times.
Batista, 53, has made a pile in resources and other services: mining (MMX), energy (MPX), logistics (LLX), real estate (REX), shipbuilding (OSX), tourism and entertainment. But two-thirds of his fortune comes from a relatively new source--OGX Petróleo e Gas Participações, the oil-and-gas exploration company he founded in July 2007 and took public a year later. "If you compare the 17,000-to-1 ratio of success for gold discoveries to the 2-to-1 ratio for [offshore] oil," says Batista, "you can see why I became so enthusiastic about creating OGX." What's with all the "X"s in his companies' names? They're meant to suggest the multiplication of wealth. He almost always lives up to the promise. Shrewdness, drive and well-placed risks figure in his extraordinary success. So do good timing and sheer luck.
After roughly 25 years in precious metals Batista decided to bet on oil. In November 2007, four months after he formed OGX, state-owned Petrobras announced the discovery of an oil bed in the Santos Basin Tupi area, off Brazil's southeastern coast. With a potential 8 billion barrels of oil equivalent, it was the largest discovery ever made in Brazil (at the time the country had 14 billion barrels of oil and gas reserves). Batista, who has long had connections within Brazil's government, had been in touch with Paulo Mendonça, a 34-year veteran of Petrobras who had just retired as its chief of exploration. A little inducement--big salary, an equity stake in OGX and stock options based on performance (what Batista gamely calls "a bonus with an onus")--persuaded Mendonça to set aside retirement and work for the new company, along with six experienced colleagues. "In the end, if you spend on know-how, the risk you're taking on is smaller," says Batista. Especially on know-how that's so well connected.
OGX was created just in time to become one of the first--and last--big players in an auction of exploration licenses by the Brazilian National Petroleum Agency. Only two weeks before the leases went up for bid, the Brazilian government decided to remove the most promising 41 blocks closest to the Tupi field that Petrobras had just discovered. The multinationals jockeying for those reserves were sidelined.
Meanwhile OGX offered $800 million for the exploration rights on 21 concession blocks in four different shallow-water basins, in some cases outbidding Petrobras. Batista pulled out $375 million from his own pocket; the rest came from 12 investors (including the Ontario Teachers' Pension Plan and New York City's Ziff brothers), some of whom had bet with him on earlier deals. After the bidding OGX held concessions covering roughly 1.7 million acres, making it the biggest private player in oil and gas. (Last year OGX acquired an additional 70% participating interest in 4.9 million acres from the nearby Pamaíba Basin.) The company then contracted for five semisubmersible rigs, with leases of two to three years plus renewal options, and hired a survey ship to collect seismic data. OGX also built a 3-d oilfield visualization center five floors below Batista's office. Since most blocks are in shallow water and relatively easy to access, production costs could be as low as $8 a barrel, compared with perhaps $35 for offshore Brazilian crude trapped under thick layers of salt.
In June 2008 OGX raised $4.1 billion in an initial offering, the largest in Brazil's history at the time. Batista himself invested another $450 million. He's a little touchy when asked about how much of this good fortune is strictly his own brilliant planning. "You cannot exist as a $20 billion company with speculation," he says. "Luck is Brazil being in this stable economic position today; luck is Brazil having these blocks available for bidding. But it's also a lot about discipline and hard work. There's also timing: When I did the IPO the price of oil was $140. That wasn't my doing. That was luck."
Some Brazilians who have followed Batista for years claim that he is locked in a classic Oedipal battle, perpetually trying to outshine his powerful father, Eliezer Batista da Silva. Dad protests. "Eike always gave signs of being a man who liked to get things accomplished," he says, "but I never imagined his success would be in this scale." Eliezer, now 85, presided over Brazil's behemoth mining company, Vale do Rio Doce, before it was privatized in 1997. During his presidency Vale, which had been primarily an iron ore exporter, expanded its operations globally and diversified into other metal markets and into pulp, forestry, shipping and railways. His reach in politics extended beyond leading the state-owned company: Minister of Mines & Energy off and on since 1962, Eliezer was named Secretary of Strategic Affairs in 1992 by President Fernando Collor. "I want to make it clear that I follow Eike's path more than he follows my path," says the elder Batista, who once advised Enron executive Rebecca Mark and today serves as a general business advisor to his son. "I've never been involved in oil."
Eike Batista bristles at the idea of any help from Dad. "All my businesses started from zero," he says. "My father was a problem for me because he never let me near Vale," he adds. "I wasn't allowed because he was afraid of a conflict of interest. I'm the one who made my own connections." Not to mention, laughs Batista, "my dad doesn't believe in taking risks."
Raised with his six siblings in Germany from age 12 to 23, mostly by his German mother, Batista studied metallurgy at the University of Aachen and claims he sold insurance door-to-door to help pay for school. In 1979 he returned to Brazil to try his hand at gold trading in the Amazon. His father thought he was crazy, but within 18 months Batista managed to bring in $6 million in commissions for himself. He used the loot to invest in a rudimentary operation of garimpeiros, men who lift gold ore from the jungle with pans and nets. But he underestimated the difficult logistics and the prevalence of diseases in the area. With only $300,000 left, he joked with friends that he should have taken the $6 million and hung out at the beach. But the workers eventually produced up to $1 million in gold per month. "Thank God, the mine was idiot-proof," quips Batista. "Only an extremely rich mine could have withstood all the mistakes I made. I was lucky."
Big Man In Brazil
Keren Blankfeld
Forbes Magazine, March 29, 2010
Eike Batista has ridden up the commodities boom to become the richest guy in his country. He aims to keep going.
In Brazil, perhaps the only thing that's bigger than Eike Fuhrken Batista is Pão de Açúcar, the peak that dominates Guanabara Bay in Rio de Janeiro. "Sugarloaf" mountain stares across to his tenth-floor office in the Praia do Flamengo building. Six years ago Batista swore he'd become Brazil's richest man. Now he is: With a net worth of $27 billion, two-thirds of that gained over the last 12 months, he's on his way to arriving at his latest boastful goal, becoming the world's wealthiest guy. His Facebook page mentions how rich he is three times.
Batista, 53, has made a pile in resources and other services: mining (MMX), energy (MPX), logistics (LLX), real estate (REX), shipbuilding (OSX), tourism and entertainment. But two-thirds of his fortune comes from a relatively new source--OGX Petróleo e Gas Participações, the oil-and-gas exploration company he founded in July 2007 and took public a year later. "If you compare the 17,000-to-1 ratio of success for gold discoveries to the 2-to-1 ratio for [offshore] oil," says Batista, "you can see why I became so enthusiastic about creating OGX." What's with all the "X"s in his companies' names? They're meant to suggest the multiplication of wealth. He almost always lives up to the promise. Shrewdness, drive and well-placed risks figure in his extraordinary success. So do good timing and sheer luck.
After roughly 25 years in precious metals Batista decided to bet on oil. In November 2007, four months after he formed OGX, state-owned Petrobras announced the discovery of an oil bed in the Santos Basin Tupi area, off Brazil's southeastern coast. With a potential 8 billion barrels of oil equivalent, it was the largest discovery ever made in Brazil (at the time the country had 14 billion barrels of oil and gas reserves). Batista, who has long had connections within Brazil's government, had been in touch with Paulo Mendonça, a 34-year veteran of Petrobras who had just retired as its chief of exploration. A little inducement--big salary, an equity stake in OGX and stock options based on performance (what Batista gamely calls "a bonus with an onus")--persuaded Mendonça to set aside retirement and work for the new company, along with six experienced colleagues. "In the end, if you spend on know-how, the risk you're taking on is smaller," says Batista. Especially on know-how that's so well connected.
OGX was created just in time to become one of the first--and last--big players in an auction of exploration licenses by the Brazilian National Petroleum Agency. Only two weeks before the leases went up for bid, the Brazilian government decided to remove the most promising 41 blocks closest to the Tupi field that Petrobras had just discovered. The multinationals jockeying for those reserves were sidelined.
Meanwhile OGX offered $800 million for the exploration rights on 21 concession blocks in four different shallow-water basins, in some cases outbidding Petrobras. Batista pulled out $375 million from his own pocket; the rest came from 12 investors (including the Ontario Teachers' Pension Plan and New York City's Ziff brothers), some of whom had bet with him on earlier deals. After the bidding OGX held concessions covering roughly 1.7 million acres, making it the biggest private player in oil and gas. (Last year OGX acquired an additional 70% participating interest in 4.9 million acres from the nearby Pamaíba Basin.) The company then contracted for five semisubmersible rigs, with leases of two to three years plus renewal options, and hired a survey ship to collect seismic data. OGX also built a 3-d oilfield visualization center five floors below Batista's office. Since most blocks are in shallow water and relatively easy to access, production costs could be as low as $8 a barrel, compared with perhaps $35 for offshore Brazilian crude trapped under thick layers of salt.
In June 2008 OGX raised $4.1 billion in an initial offering, the largest in Brazil's history at the time. Batista himself invested another $450 million. He's a little touchy when asked about how much of this good fortune is strictly his own brilliant planning. "You cannot exist as a $20 billion company with speculation," he says. "Luck is Brazil being in this stable economic position today; luck is Brazil having these blocks available for bidding. But it's also a lot about discipline and hard work. There's also timing: When I did the IPO the price of oil was $140. That wasn't my doing. That was luck."
Some Brazilians who have followed Batista for years claim that he is locked in a classic Oedipal battle, perpetually trying to outshine his powerful father, Eliezer Batista da Silva. Dad protests. "Eike always gave signs of being a man who liked to get things accomplished," he says, "but I never imagined his success would be in this scale." Eliezer, now 85, presided over Brazil's behemoth mining company, Vale do Rio Doce, before it was privatized in 1997. During his presidency Vale, which had been primarily an iron ore exporter, expanded its operations globally and diversified into other metal markets and into pulp, forestry, shipping and railways. His reach in politics extended beyond leading the state-owned company: Minister of Mines & Energy off and on since 1962, Eliezer was named Secretary of Strategic Affairs in 1992 by President Fernando Collor. "I want to make it clear that I follow Eike's path more than he follows my path," says the elder Batista, who once advised Enron executive Rebecca Mark and today serves as a general business advisor to his son. "I've never been involved in oil."
Eike Batista bristles at the idea of any help from Dad. "All my businesses started from zero," he says. "My father was a problem for me because he never let me near Vale," he adds. "I wasn't allowed because he was afraid of a conflict of interest. I'm the one who made my own connections." Not to mention, laughs Batista, "my dad doesn't believe in taking risks."
Raised with his six siblings in Germany from age 12 to 23, mostly by his German mother, Batista studied metallurgy at the University of Aachen and claims he sold insurance door-to-door to help pay for school. In 1979 he returned to Brazil to try his hand at gold trading in the Amazon. His father thought he was crazy, but within 18 months Batista managed to bring in $6 million in commissions for himself. He used the loot to invest in a rudimentary operation of garimpeiros, men who lift gold ore from the jungle with pans and nets. But he underestimated the difficult logistics and the prevalence of diseases in the area. With only $300,000 left, he joked with friends that he should have taken the $6 million and hung out at the beach. But the workers eventually produced up to $1 million in gold per month. "Thank God, the mine was idiot-proof," quips Batista. "Only an extremely rich mine could have withstood all the mistakes I made. I was lucky."
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