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CERVO, Amado L. (2003) Política exterior e relações internacionais do Brasil: enfoque paradigmático. Revista Brasileira de Política Internacional, Vol. 46, Nº 1, 2003, p. 5-25.
Para Livros:
SARAIVA, José Flávio S. , Ed. (2003) Foreign Policy and Political Regime. Brasília: IBRI, 364 p.
Para documentos eletrônicos:
PROCÓPIO, Argemiro (2007). A hidropolítica e a internacionalização amazônica, publicado em Mundorama.net [http://mundorama.net/2007/09/13/a-hidropolitica-e-a-internacionalizacao-amazonica/]. Disponibilidade: 18/09/2007.
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de 1997 até o presente (inclusive dois números especiais, fora de série)
Abaixo o sumário do número especial de 40 anos que eu editei em 1998:
Table of contents
Rev. bras. polít. int. vol.41 no.spe Brasília 1998
Nota liminar do organizador - Revista Brasileira de Política Internacional: a continuidade de um empreendimento exemplar
Almeida, Paulo Roberto de
· text in Portuguese
Artigos
· 40 anos de política externa brasileira, 1958-1998: três inflexões
Sato, Eiiti
· A diplomacia universalista do Brasil: a construção do sistema contemporâneo de relações bilaterais
Lessa, Antônio Carlos
· Revista Brasileira de Política Internacional: quatro décadas ao serviço da inserção internacional do Brasil
Almeida, Paulo Roberto de
· text in Portuguese
Artigos de Resenha
· Eixos conceituais da política exterior do Brasil
Cervo, Amado Luiz
· Economia internacional e desenvolvimento econômico: a RBPI na vanguarda do pensamento brasileiro
Almeida, Paulo Roberto de
· text in Portuguese
· Questões estratégicas e de segurança internacional: a marca do tempo e a força histórica da mudança
Garcia, Eugênio Vargas
· O tratamento de temas multilaterais na RBPI: 1958-1998
Rocha, Antonio Jorge Ramalho da
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Limites da economia politica bolivariana: crise e retrocessos...
A Venezuela, ou melhor, o Chávez decretou a desvalorização do peso, mas ainda assim a moeda permanece em menos da metade da taxa praticada no câmbio negro. É evidente, para quem quer ver, que políticas econômicas irresponsáveis só podem levar a isso: desabastecimento, inflação, fuga de capitais, desinvestimento, decréscimo da oferta, desequilíbrios nas contas públicas, e depois crise e caos.
A Bolívia não tem exatamente uma política bolivariana ao estilo de Chávez, mas seu presidente também praticou demagogia distributivista.
Em todos esses experimentos malucos, o governo tenta "domar" os mercados, impondo tarifas fixas e "estáveis", nacionalizações e estatizações para lutar contra a "especulação" e a ganância dos produtores privados, subsídios aos itens de maior consumo ou de maior impacto na inflação, e o resultado é sempre o mesmo: desalinhamento dos preços, inflação reprimida, mercado negro de produtos ou moedas, enfim, sinais errados que os mercados se encarregam de punir.
Chega um momento em que as finanças públicas não aguentam mais o impacto de tantas sandices, e o inevitável ocorre: o governo é obrigado a corrigir os preços de certos itens, mas procura compensar com aumentos salariais, o que inevitavelmente acelera a inflação, inclusive pelo caráter errático e imprevisível das medidas.
Gasolina subsidiado num lado da fronteira leva a contrabando do outro, e a pior coisa que um governo pode fazer é tentar fazer do país uma redoma, isolado do mundo. Os mercados externos também punem essas bobagens.
EM resumo, tudo isso é muito conhecido, e se repete na América Latina com uma frequencia assustadora. O que mais assusta, finalmente, não é tanto os desequilíbrios de mercado, pois eles são previsíveis e esperados, mas a burrice, eu diria mesmo a estupidez dos governantes. Tudo isso é filme velho, e eles insistem em repassá-lo novamente.
A Unasul deveria erigir um prêmio à burrice governamental: teríamos muitos candidatos...
Paulo Roberto de Almeida
Crise da gasolina: 15 feridos e 21 detidos na Bolívia
Notícias Yahoo, 31/12/2010
LA PAZ (AFP) – Quinze agentes ficaram feridos e 21 pessoas foram detidas nos choques entre policiais e manifestantes ocorridos nesta quinta-feira nas cidades bolivianas de El Alto e Cochabamba, em meio à crise provocada pelo aumento de até 83% nos preços dos combustíveis.
“Há 15 policiais feridos em El Alto, dois gravemente. Em Cochabamba, 16 (manifestantes) foram detidos, e outros cinco em El Alto”, informou à AFP o ministro do Interior, Sacha Llorenti.
Segundo o ministro, “atos de vandalismo” foram cometidos por ativistas “identificados” do Movimento Sem Medo (MSM), do ex-prefeito de La Paz Juan del Granado.
O ministro informou que manifestantes atacaram a polícia com pedras, e os agentes reagiram com bombas de gás lacrimogêneo.
Durante os protestos, a multidão quebrou o portão da sede da Vice-Presidência boliviana, incendiou postos de pedágio, destruiu agências da empresa aérea estatal BoA e atacou as sedes da Central Operária e do sindicato dos plantadores de coca.
Os manifestantes também tentaram queimar uma bandeira da Venezuela e incendiar o monumento ao guerrilheiro Ernesto Che Guevara.
El Alto, cidade-dormitório vizinha a La Paz, foi tomada por milhares de manifestantes, que levantaram barricadas e incendiaram pneus para interromper o trânsito.
Em Cochabamba, os grevistas do transporte de carga estacionaram caminhões nos cruzamentos para bloquear o tráfego.
Santa Cruz de la Sierra, motor do desenvolvimento boliviano, também era muito afetada pela paralisação dos transportes.
Durante a tarde, um grupo liderado pelo MSM tentou chegar ao Palácio Presidencial de La Paz, mas foi reprimido pela polícia de choque, que dispersou o protesto com bombas de gás lacrimogêneo.
Diante da repressão policial, o grupo desistiu de chegar à Praça das Armas, onde estão as sedes dos poderes Executivo e Legislativo.
Em meio aos protestos, a população correu em busca de alimentos e formou enormes filas em torno dos mercados de La Paz.
Os manifestantes exigem a renúncia de Morales, que deflagrou a crise ao decidir pelo fim dos subsídios aos combustíveis, provocando um aumento de 83% na gasolina e de 73% no díesel.
Para suavizar a alta dos combustíveis, Morales aumentou em 20% o salário mínimo e a remuneração das Forças Armadas, da polícia e dos funcionários da saúde e da educação.
O presidente também anunciou outras medidas, como incentivos a agricultores e a pequenos empresários.
Morales convocou ainda os militares para tentar reduzir os efeitos das greves que paralisam o país.
O ministro da Defesa, Rubén Saavedra, anunciou que homens das Forças Armadas farão e venderão pães ao “preço antigo”, diante da decisão do sindicato dos padeiros de parar a categoria por 24 horas e elevar o preço do pão em até 100%.
Os militares bolivianos também foram chamados para dirigir ônibus e caminhões visando atenuar o aumento unilateral de 100% nos preços das passagens de taxis e micro-ônibus que ignoram a greve nos transportes.
A Força Aérea Boliviana está realizando voos comerciais na rota La Paz-Cochabamba-Santa Cruz ao preço simbólico de 150 bolivianos (20 dólares).
Morales afirma que elevou os preços da gasolina e do díesel para enfrentar o contrabando de combustíveis para os países vizinhos, ao custo anual de 150 milhões de dólares.
A Bolívia tem um consumo de 35 mil de barris diários de petróleo, e em 2010 produziu apenas 4.500 barris diários. O restante é importado, principalmente de Venezuela e Argentina.
A Bolívia não tem exatamente uma política bolivariana ao estilo de Chávez, mas seu presidente também praticou demagogia distributivista.
Em todos esses experimentos malucos, o governo tenta "domar" os mercados, impondo tarifas fixas e "estáveis", nacionalizações e estatizações para lutar contra a "especulação" e a ganância dos produtores privados, subsídios aos itens de maior consumo ou de maior impacto na inflação, e o resultado é sempre o mesmo: desalinhamento dos preços, inflação reprimida, mercado negro de produtos ou moedas, enfim, sinais errados que os mercados se encarregam de punir.
Chega um momento em que as finanças públicas não aguentam mais o impacto de tantas sandices, e o inevitável ocorre: o governo é obrigado a corrigir os preços de certos itens, mas procura compensar com aumentos salariais, o que inevitavelmente acelera a inflação, inclusive pelo caráter errático e imprevisível das medidas.
Gasolina subsidiado num lado da fronteira leva a contrabando do outro, e a pior coisa que um governo pode fazer é tentar fazer do país uma redoma, isolado do mundo. Os mercados externos também punem essas bobagens.
EM resumo, tudo isso é muito conhecido, e se repete na América Latina com uma frequencia assustadora. O que mais assusta, finalmente, não é tanto os desequilíbrios de mercado, pois eles são previsíveis e esperados, mas a burrice, eu diria mesmo a estupidez dos governantes. Tudo isso é filme velho, e eles insistem em repassá-lo novamente.
A Unasul deveria erigir um prêmio à burrice governamental: teríamos muitos candidatos...
Paulo Roberto de Almeida
Crise da gasolina: 15 feridos e 21 detidos na Bolívia
Notícias Yahoo, 31/12/2010
LA PAZ (AFP) – Quinze agentes ficaram feridos e 21 pessoas foram detidas nos choques entre policiais e manifestantes ocorridos nesta quinta-feira nas cidades bolivianas de El Alto e Cochabamba, em meio à crise provocada pelo aumento de até 83% nos preços dos combustíveis.
“Há 15 policiais feridos em El Alto, dois gravemente. Em Cochabamba, 16 (manifestantes) foram detidos, e outros cinco em El Alto”, informou à AFP o ministro do Interior, Sacha Llorenti.
Segundo o ministro, “atos de vandalismo” foram cometidos por ativistas “identificados” do Movimento Sem Medo (MSM), do ex-prefeito de La Paz Juan del Granado.
O ministro informou que manifestantes atacaram a polícia com pedras, e os agentes reagiram com bombas de gás lacrimogêneo.
Durante os protestos, a multidão quebrou o portão da sede da Vice-Presidência boliviana, incendiou postos de pedágio, destruiu agências da empresa aérea estatal BoA e atacou as sedes da Central Operária e do sindicato dos plantadores de coca.
Os manifestantes também tentaram queimar uma bandeira da Venezuela e incendiar o monumento ao guerrilheiro Ernesto Che Guevara.
El Alto, cidade-dormitório vizinha a La Paz, foi tomada por milhares de manifestantes, que levantaram barricadas e incendiaram pneus para interromper o trânsito.
Em Cochabamba, os grevistas do transporte de carga estacionaram caminhões nos cruzamentos para bloquear o tráfego.
Santa Cruz de la Sierra, motor do desenvolvimento boliviano, também era muito afetada pela paralisação dos transportes.
Durante a tarde, um grupo liderado pelo MSM tentou chegar ao Palácio Presidencial de La Paz, mas foi reprimido pela polícia de choque, que dispersou o protesto com bombas de gás lacrimogêneo.
Diante da repressão policial, o grupo desistiu de chegar à Praça das Armas, onde estão as sedes dos poderes Executivo e Legislativo.
Em meio aos protestos, a população correu em busca de alimentos e formou enormes filas em torno dos mercados de La Paz.
Os manifestantes exigem a renúncia de Morales, que deflagrou a crise ao decidir pelo fim dos subsídios aos combustíveis, provocando um aumento de 83% na gasolina e de 73% no díesel.
Para suavizar a alta dos combustíveis, Morales aumentou em 20% o salário mínimo e a remuneração das Forças Armadas, da polícia e dos funcionários da saúde e da educação.
O presidente também anunciou outras medidas, como incentivos a agricultores e a pequenos empresários.
Morales convocou ainda os militares para tentar reduzir os efeitos das greves que paralisam o país.
O ministro da Defesa, Rubén Saavedra, anunciou que homens das Forças Armadas farão e venderão pães ao “preço antigo”, diante da decisão do sindicato dos padeiros de parar a categoria por 24 horas e elevar o preço do pão em até 100%.
Os militares bolivianos também foram chamados para dirigir ônibus e caminhões visando atenuar o aumento unilateral de 100% nos preços das passagens de taxis e micro-ônibus que ignoram a greve nos transportes.
A Força Aérea Boliviana está realizando voos comerciais na rota La Paz-Cochabamba-Santa Cruz ao preço simbólico de 150 bolivianos (20 dólares).
Morales afirma que elevou os preços da gasolina e do díesel para enfrentar o contrabando de combustíveis para os países vizinhos, ao custo anual de 150 milhões de dólares.
A Bolívia tem um consumo de 35 mil de barris diários de petróleo, e em 2010 produziu apenas 4.500 barris diários. O restante é importado, principalmente de Venezuela e Argentina.
A verdadeira natureza da crise americana - Philipp Bagus (Mises)
Uma explicação sensível, e "sencilla", como diriam os hermanos, sobre a natureza da crise nos EUA, e uma interpretação mais correta e fiável sobre como e por que as autoridades monetárias americanas estão prolongando a crise...
Paulo Roberto de Almeida
Will There Be QE3, QE4, QE5...?
by Philipp Bagus
Mises Daily, December 31, 2010
Recently, Ben Bernanke indicated that Quantitative Easing II (QE2) might be followed by QE3, etc. In an interview at the beginning of December, Bernanke was asked, "Do you anticipate a scenario in which you would commit to more than $600 billion?"
Bernanke's answer was startling. "Oh, it's certainly possible," he said. "And again, it depends on the efficacy of the program. It depends on inflation. And finally it depends on how the economy looks."
The answer is interesting because it not only indicates the possibility that the Federal Reserve (Fed) will purchase more government bonds but also implies that Bernanke thinks that inflation and QE are different concepts, because otherwise his claim would be a meaningless tautology: more inflation depends on inflation.
To make sense of Bernanke's technical talk, let us go back to the beginning of the infamous QE, to the darkest months of the financial crisis. During the boom fired by artificially low interest rates, financial institutions had financed malinvestments, especially in the housing sector. When the bubble burst and housing prices started to fall, these investments lost value rapidly. Bank losses mounted, bank equity fell, and solvency problems arose. Liquidity dried up as financial institutions started to doubt each other's solvency given the problematic loans on their books.
When credit markets dried up in September 2008, after the collapse of Lehman Brothers, loans that financed malinvestments did not serve as collateral for interbank lending anymore. The Fed stepped into the breach and accepted these bad assets as collateral for loans. In March 2009, the Fed started to buy these assets outright in what was dubbed QE1. As a consequence of this qualitative and quantitative easing, the Fed's balance sheet almost tripled within a few months.[1]
How long would these extraordinary emergency measures be maintained? In March 2009, Ben Bernanke stated that the Fed had an exit strategy from its emergency credit policies. It could simply undo its credit policies and asset purchases, thereby reducing the size of its balance sheet to its precrisis level.
I have argued that such an easy exit option does not exist. The Fed's purchase of problematic assets did not solve the underlying real problems in the economy: injecting new money does not cause malinvestments to go away. By propping up financial institutions, necessary liquidations and readjustments of the structure of production are only delayed. QE1 could even cause more malinvestments and thereby aggravate the problem. The consequence could be a Japanization of the banking system, with insolvent banks held afloat by the central bank.
If the Fed would exit the emergency situation, reduce its balance sheet, and stop accepting problematic assets as collateral for loans, financial institutions would be back to the initial situation of September 2008. If housing prices do not return to their bubble level, many of the problematic assets will continue to be bad and not serve as good collateral. If valued at the market price, these assets might eat up banks' equity. If the Fed ended its emergency measures, we would effectively be back to the initial situation of frozen interbank markets and general illiquidity.
In October 2009, I concluded that the Fed could not go back to its initial balance sheet without causing the collapse of the financial system. One possible way out would be to reinflate the bubble. Rising asset prices — and especially housing prices — would make many problematic bank assets valuable again. The Fed could increase the quality of its assets by inflating the housing bubble.
In the winter of 2010, no one is talking about reducing the Fed's balance sheet or about exit strategies anymore. On the contrary, the Fed has chosen the path of more inflation and dubbed this strategy "QE2."
QE2 has a slightly different purpose than QE1. QE1 directly supported struggling banks by buying their problematic assets. QE2 supports the government.
The inflationary policies of the Fed have been coupled with the Keynesian fiscal policies of the US government. The US government engaged in deficit spending to bail out financial institutions and automakers, disrupting a fast liquidation of malinvestments and a smooth adaption of the structure of production to consumer wants.
QE2 is a direct response to this deficit spending, which obliges the government to issue more bonds. With QE2, the Fed supports the government by buying these bonds. The Fed thereby actively helps the government in its Keynesian policies, which disrupt recovery. While QE1 supported the financial system, QE2 supports the government. Granted, this difference is not substantial given that the fates of the financial system and the government are interwoven. The banking system finances the government that in turn grants the privilege of fractional-reserve banking and implicitly gives guarantees for banks' losses.
Of course, Ben Bernanke does not say that he wants to help finance the government's deficit via money creation. The official excuse for QE2 is, yet again, the scapegoat "deflation."[2] Price inflation is too low. James Bullard, president of the St. Louis Federal Reserve Bank, states that "it's important to defend inflation from the low side as we would on the high side."
In other words, if prices rise too slowly, we must print money so that things get more expensive faster. Bernanke even denies that QE2 would be inflationary: "One myth that's out there is that what we're doing is printing money. … The money supply is not changing in any significant way."
Bernanke plays a semantic trick in this statement. Of course, the Fed does not create the bulk of its new money by literally "printing." Rather, the Fed creates money by manipulating digits in its computer. When the Fed buys a $1,000 government bond from a bank, it transfers 1,000 new dollars as a payment to the bank. It is true that the Fed does not print the money and ship it over to the bank physically. Rather, it increases the account that the bank holds at the Fed by $1,000. It is more convenient to just create the new money in a computer.
However, the fact that the new money is created electronically does not mean that QE2 is not inflationary. QE2 is inflationary in several ways:
First, base money (bank reserves) increases. When the Fed buys a government bond, it creates money that it transfers to the bank selling the bond. At the end of the operation, the bank has more bank reserves and the Fed owns the government bond.
Second, the quality of money tends to decrease.[3] The average quality of assets that the Fed holds decreases when it buys government bonds. The percentage of gold of total assets that could be used in a monetary reform decreases, while the percentage of government bonds increases. Moreover, these bonds are for a government that is ever increasing its debts.
Third, prices will be higher than they would have been otherwise. Prices would probably have fallen substantially without QE1 and QE2. The injection of new bank reserves inhibited a credit contraction and falling prices. In fact, one aim of QE2 is to bid up asset prices.
Money flows into the stock market, bidding up stock prices. In March 2009, when QE1 started, the Dow Jones was below 7,000 and rose to 10,800 until QE1 expired. When the Dow fell below 10,000 again, markets began to speculate about the possibility of QE2, and a new rally started.
While the newly created money flows to asset-price markets, consumer prices might not surge strongly. But sooner or later, these investments will flow out of asset-price markets and start to bid up consumer goods' prices.
Fourth, the exchange rate will be lower than it would have been otherwise. Market participants will value the dollar lower, given that the base-money supply increases and the dollar's quality decreases. This devaluation is another aim of QE2. It is a way to give exporters an advantage. The devaluation is not as crude an instrument as a tariff but has similar effects. It makes consumers poorer. They have to pay higher prices for imported goods.
Consequently, QE2 is, despite Bernanke's words, inflationary. In fact, it is a euphemism to call the policy QE2. The term quantitative easing conceals the true inflationary nature of the instrument. Furthermore, it sounds technical. The added number "2" makes it even more so. People who know little about economics might ignore news on QE2. Why bother to understand something so technical — let the experts deal with it. The term also has a positive connotation. Who does not want "ease"?
As Walter Block has repeatedly pointed out, we should carefully watch our language. Language is crucial to clear communication. The use of the term quantitative easing generates a smog to hide the production of new money. Words, as Block states, can be mightier than pens or swords. They guide our thoughts and writings. The invention of the term quantitative easing prevents people from thinking about the consequences of inflation. The term distorts thinking.
Why not name QE for what it is? Why not name it after the effects it has?
"The term quantitative easing conceals the true inflationary nature of the instrument."
Money printing cannot make society richer; it does not produce more real goods. It has a redistributive effect in favor of those who receive the new money first and to the detriment of those who receive it last. The money injection in a specific part of the economy distorts production. Thus, QE does not bring ease to the economy. To the contrary, QE makes the recession longer and harsher.
The injection of new money into the economy reinflates old bubbles and generates new ones. Most importantly, QE facilitates government deficit spending — additional distortions and rigidities in the economy. Malinvestments can endure. Factors of production are not shifted to places where the consumer wants them to be most urgently.
Thus, QE2 would be better called, "Quantitative Straining," "Quantitative Destruction II," or "Crisis Prolongation III."
Or we might name it after the intentions behind it: "Currency Debasement I," "Bank Bailout I," "Government Bailout II," or simply "Consumer Impoverishment." Finally, we might also name it after its essence: "Money Printing I and II." Or, if we follow Bernanke, who pointed out that most of the new money is created in a computer, we can call it "Money Creation I and II." This might be the most neutral term.
The rhetorical tricks should not distract us from the fact that QE is simple money creation. The aim of Money Creation II is to finance government spending, debasing the dollar. We should dismiss the term QE and instead call money creation what it is: inflation.
Philipp Bagus is an associate professor at Universidad Rey Juan Carlos. He is the author of The Tragedy of the Euro.
See his website. Send him mail. See Philipp Bagus's article archives.
You can subscribe to future articles by Philipp Bagus via this RSS feed.
Notes:
[1] See Philipp Bagus and David Howden, "The Federal Reserve and the Eurosystem's Balance Sheet Policies During the Financial Crisis: A Comparative Analysis" in Romanian Economic and Business Review 4, no. 3: pp. 165–85.
Qualitative easing may be defined as a deterioration of the average quality of assets the Fed holds, while quantitative easing can be defined as an increase in the quantity of its assets.
[2] See Philipp Bagus, "Deflation: When Austrians Become Interventionists" in Quarterly Journal of Austrian Economics 6, no.4: pp. 19–35.
[3] See Philipp Bagus, "The Quality of Money," in Quarterly Journal of Austrian Economics 12, no. 4: pp. 22–45.
Paulo Roberto de Almeida
Will There Be QE3, QE4, QE5...?
by Philipp Bagus
Mises Daily, December 31, 2010
Recently, Ben Bernanke indicated that Quantitative Easing II (QE2) might be followed by QE3, etc. In an interview at the beginning of December, Bernanke was asked, "Do you anticipate a scenario in which you would commit to more than $600 billion?"
Bernanke's answer was startling. "Oh, it's certainly possible," he said. "And again, it depends on the efficacy of the program. It depends on inflation. And finally it depends on how the economy looks."
The answer is interesting because it not only indicates the possibility that the Federal Reserve (Fed) will purchase more government bonds but also implies that Bernanke thinks that inflation and QE are different concepts, because otherwise his claim would be a meaningless tautology: more inflation depends on inflation.
To make sense of Bernanke's technical talk, let us go back to the beginning of the infamous QE, to the darkest months of the financial crisis. During the boom fired by artificially low interest rates, financial institutions had financed malinvestments, especially in the housing sector. When the bubble burst and housing prices started to fall, these investments lost value rapidly. Bank losses mounted, bank equity fell, and solvency problems arose. Liquidity dried up as financial institutions started to doubt each other's solvency given the problematic loans on their books.
When credit markets dried up in September 2008, after the collapse of Lehman Brothers, loans that financed malinvestments did not serve as collateral for interbank lending anymore. The Fed stepped into the breach and accepted these bad assets as collateral for loans. In March 2009, the Fed started to buy these assets outright in what was dubbed QE1. As a consequence of this qualitative and quantitative easing, the Fed's balance sheet almost tripled within a few months.[1]
How long would these extraordinary emergency measures be maintained? In March 2009, Ben Bernanke stated that the Fed had an exit strategy from its emergency credit policies. It could simply undo its credit policies and asset purchases, thereby reducing the size of its balance sheet to its precrisis level.
I have argued that such an easy exit option does not exist. The Fed's purchase of problematic assets did not solve the underlying real problems in the economy: injecting new money does not cause malinvestments to go away. By propping up financial institutions, necessary liquidations and readjustments of the structure of production are only delayed. QE1 could even cause more malinvestments and thereby aggravate the problem. The consequence could be a Japanization of the banking system, with insolvent banks held afloat by the central bank.
If the Fed would exit the emergency situation, reduce its balance sheet, and stop accepting problematic assets as collateral for loans, financial institutions would be back to the initial situation of September 2008. If housing prices do not return to their bubble level, many of the problematic assets will continue to be bad and not serve as good collateral. If valued at the market price, these assets might eat up banks' equity. If the Fed ended its emergency measures, we would effectively be back to the initial situation of frozen interbank markets and general illiquidity.
In October 2009, I concluded that the Fed could not go back to its initial balance sheet without causing the collapse of the financial system. One possible way out would be to reinflate the bubble. Rising asset prices — and especially housing prices — would make many problematic bank assets valuable again. The Fed could increase the quality of its assets by inflating the housing bubble.
In the winter of 2010, no one is talking about reducing the Fed's balance sheet or about exit strategies anymore. On the contrary, the Fed has chosen the path of more inflation and dubbed this strategy "QE2."
QE2 has a slightly different purpose than QE1. QE1 directly supported struggling banks by buying their problematic assets. QE2 supports the government.
The inflationary policies of the Fed have been coupled with the Keynesian fiscal policies of the US government. The US government engaged in deficit spending to bail out financial institutions and automakers, disrupting a fast liquidation of malinvestments and a smooth adaption of the structure of production to consumer wants.
QE2 is a direct response to this deficit spending, which obliges the government to issue more bonds. With QE2, the Fed supports the government by buying these bonds. The Fed thereby actively helps the government in its Keynesian policies, which disrupt recovery. While QE1 supported the financial system, QE2 supports the government. Granted, this difference is not substantial given that the fates of the financial system and the government are interwoven. The banking system finances the government that in turn grants the privilege of fractional-reserve banking and implicitly gives guarantees for banks' losses.
Of course, Ben Bernanke does not say that he wants to help finance the government's deficit via money creation. The official excuse for QE2 is, yet again, the scapegoat "deflation."[2] Price inflation is too low. James Bullard, president of the St. Louis Federal Reserve Bank, states that "it's important to defend inflation from the low side as we would on the high side."
In other words, if prices rise too slowly, we must print money so that things get more expensive faster. Bernanke even denies that QE2 would be inflationary: "One myth that's out there is that what we're doing is printing money. … The money supply is not changing in any significant way."
Bernanke plays a semantic trick in this statement. Of course, the Fed does not create the bulk of its new money by literally "printing." Rather, the Fed creates money by manipulating digits in its computer. When the Fed buys a $1,000 government bond from a bank, it transfers 1,000 new dollars as a payment to the bank. It is true that the Fed does not print the money and ship it over to the bank physically. Rather, it increases the account that the bank holds at the Fed by $1,000. It is more convenient to just create the new money in a computer.
However, the fact that the new money is created electronically does not mean that QE2 is not inflationary. QE2 is inflationary in several ways:
First, base money (bank reserves) increases. When the Fed buys a government bond, it creates money that it transfers to the bank selling the bond. At the end of the operation, the bank has more bank reserves and the Fed owns the government bond.
Second, the quality of money tends to decrease.[3] The average quality of assets that the Fed holds decreases when it buys government bonds. The percentage of gold of total assets that could be used in a monetary reform decreases, while the percentage of government bonds increases. Moreover, these bonds are for a government that is ever increasing its debts.
Third, prices will be higher than they would have been otherwise. Prices would probably have fallen substantially without QE1 and QE2. The injection of new bank reserves inhibited a credit contraction and falling prices. In fact, one aim of QE2 is to bid up asset prices.
Money flows into the stock market, bidding up stock prices. In March 2009, when QE1 started, the Dow Jones was below 7,000 and rose to 10,800 until QE1 expired. When the Dow fell below 10,000 again, markets began to speculate about the possibility of QE2, and a new rally started.
While the newly created money flows to asset-price markets, consumer prices might not surge strongly. But sooner or later, these investments will flow out of asset-price markets and start to bid up consumer goods' prices.
Fourth, the exchange rate will be lower than it would have been otherwise. Market participants will value the dollar lower, given that the base-money supply increases and the dollar's quality decreases. This devaluation is another aim of QE2. It is a way to give exporters an advantage. The devaluation is not as crude an instrument as a tariff but has similar effects. It makes consumers poorer. They have to pay higher prices for imported goods.
Consequently, QE2 is, despite Bernanke's words, inflationary. In fact, it is a euphemism to call the policy QE2. The term quantitative easing conceals the true inflationary nature of the instrument. Furthermore, it sounds technical. The added number "2" makes it even more so. People who know little about economics might ignore news on QE2. Why bother to understand something so technical — let the experts deal with it. The term also has a positive connotation. Who does not want "ease"?
As Walter Block has repeatedly pointed out, we should carefully watch our language. Language is crucial to clear communication. The use of the term quantitative easing generates a smog to hide the production of new money. Words, as Block states, can be mightier than pens or swords. They guide our thoughts and writings. The invention of the term quantitative easing prevents people from thinking about the consequences of inflation. The term distorts thinking.
Why not name QE for what it is? Why not name it after the effects it has?
"The term quantitative easing conceals the true inflationary nature of the instrument."
Money printing cannot make society richer; it does not produce more real goods. It has a redistributive effect in favor of those who receive the new money first and to the detriment of those who receive it last. The money injection in a specific part of the economy distorts production. Thus, QE does not bring ease to the economy. To the contrary, QE makes the recession longer and harsher.
The injection of new money into the economy reinflates old bubbles and generates new ones. Most importantly, QE facilitates government deficit spending — additional distortions and rigidities in the economy. Malinvestments can endure. Factors of production are not shifted to places where the consumer wants them to be most urgently.
Thus, QE2 would be better called, "Quantitative Straining," "Quantitative Destruction II," or "Crisis Prolongation III."
Or we might name it after the intentions behind it: "Currency Debasement I," "Bank Bailout I," "Government Bailout II," or simply "Consumer Impoverishment." Finally, we might also name it after its essence: "Money Printing I and II." Or, if we follow Bernanke, who pointed out that most of the new money is created in a computer, we can call it "Money Creation I and II." This might be the most neutral term.
The rhetorical tricks should not distract us from the fact that QE is simple money creation. The aim of Money Creation II is to finance government spending, debasing the dollar. We should dismiss the term QE and instead call money creation what it is: inflation.
Philipp Bagus is an associate professor at Universidad Rey Juan Carlos. He is the author of The Tragedy of the Euro.
See his website. Send him mail. See Philipp Bagus's article archives.
You can subscribe to future articles by Philipp Bagus via this RSS feed.
Notes:
[1] See Philipp Bagus and David Howden, "The Federal Reserve and the Eurosystem's Balance Sheet Policies During the Financial Crisis: A Comparative Analysis" in Romanian Economic and Business Review 4, no. 3: pp. 165–85.
Qualitative easing may be defined as a deterioration of the average quality of assets the Fed holds, while quantitative easing can be defined as an increase in the quantity of its assets.
[2] See Philipp Bagus, "Deflation: When Austrians Become Interventionists" in Quarterly Journal of Austrian Economics 6, no.4: pp. 19–35.
[3] See Philipp Bagus, "The Quality of Money," in Quarterly Journal of Austrian Economics 12, no. 4: pp. 22–45.
Ufa!: so faltam DOIS dias...
Não estou fazendo as contas erradas: faltam DOIS dias para terminar o "nunca antes".
Isso porque estou contando o próprio dia 1, o dia da transmissão, quando não faltarão discursos antes, durante e depois, entrevistas, declarações, frases soltas, rememoracões e compilações das "melhores" frases, etc...
Eu disse "melhores"???
Bem, é um tique de linguagem, apenas isso.
Enfim, faltam só dois dias para um pouco de silêncio. Só um pouco.
Posso apostar metade da minha biblioteca como em menos de 15 dias teremos direito a mais "nunca antes"...
Um pouco de paciência pessoal.
Como já disse alguém: ficamos roucos de tanto ouvir...
Algum dia teremos silêncio...
Paulo R. Almeida
Isso porque estou contando o próprio dia 1, o dia da transmissão, quando não faltarão discursos antes, durante e depois, entrevistas, declarações, frases soltas, rememoracões e compilações das "melhores" frases, etc...
Eu disse "melhores"???
Bem, é um tique de linguagem, apenas isso.
Enfim, faltam só dois dias para um pouco de silêncio. Só um pouco.
Posso apostar metade da minha biblioteca como em menos de 15 dias teremos direito a mais "nunca antes"...
Um pouco de paciência pessoal.
Como já disse alguém: ficamos roucos de tanto ouvir...
Algum dia teremos silêncio...
Paulo R. Almeida
Governo brasileiro nao extradita um terrorista italiano, na verdade criminoso...
A razão invocada foi a "condição pessoal do extraditando", sem explicitar do que exatamente se tratava. Fica parecendo uma escusa para não cumprir o tratado de extradição.
Pode-se especular, portanto, que as razões são outras, e têm a ver com a suposta condição "política" do criminoso italiano.
Ficou faltando o texto da Presidência do Conselho dos Ministros da Itália, de 30 de dezembro de 2010 e sua "impertinância" ao presidente sainte...
Paulo Roberto de Almeida
Nota do governo brasileiro sobre o cidadão italiano Cesare Battisti
O Presidente da República tomou hoje a decisão de não conceder extradição ao cidadão italiano Cesare Battisti, com base em parecer da Advocacia-Geral da União.
O parecer considerou atentamente todas as cláusulas do Tratado de Extradição entre o Brasil e a Itália, em particular a disposição expressa na letra “f”, do item 1, do artigo 3 do Tratado, que cita, entre as motivações para a não extradição, a condição pessoal do extraditando. Conforme se depreende do próprio Tratado, esse tipo de juízo não constitui afronta de um Estado ao outro, uma vez que situações particulares ao indivíduo podem gerar riscos, a despeito do caráter democrático de ambos os Estados.
Ao mesmo tempo, o Governo brasileiro manifesta sua profunda estranheza com os termos da nota da Presidência do Conselho dos Ministros da Itália, de 30 de dezembro de 2010, em particular com a impertinente referência pessoal ao Presidente da República.
Pode-se especular, portanto, que as razões são outras, e têm a ver com a suposta condição "política" do criminoso italiano.
Ficou faltando o texto da Presidência do Conselho dos Ministros da Itália, de 30 de dezembro de 2010 e sua "impertinância" ao presidente sainte...
Paulo Roberto de Almeida
Nota do governo brasileiro sobre o cidadão italiano Cesare Battisti
O Presidente da República tomou hoje a decisão de não conceder extradição ao cidadão italiano Cesare Battisti, com base em parecer da Advocacia-Geral da União.
O parecer considerou atentamente todas as cláusulas do Tratado de Extradição entre o Brasil e a Itália, em particular a disposição expressa na letra “f”, do item 1, do artigo 3 do Tratado, que cita, entre as motivações para a não extradição, a condição pessoal do extraditando. Conforme se depreende do próprio Tratado, esse tipo de juízo não constitui afronta de um Estado ao outro, uma vez que situações particulares ao indivíduo podem gerar riscos, a despeito do caráter democrático de ambos os Estados.
Ao mesmo tempo, o Governo brasileiro manifesta sua profunda estranheza com os termos da nota da Presidência do Conselho dos Ministros da Itália, de 30 de dezembro de 2010, em particular com a impertinente referência pessoal ao Presidente da República.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Cotas raciais: decisão do Itamaraty gera polêmica - O Globo
Sem comentários...
Cotas raciais: decisão do Itamaraty gera polêmica
Roberto Maltchik
O Globo, 30/12/2010
Reserva de vagas para negros no Instituto Rio Branco é criticada por diplomatas e especialistas em política internacional
A decisão do Itamaraty de adotar um sistema de cotas raciais para o concurso de diplomatas reacendeu a polêmica sobre o assunto. Entre diplomatas, sociólogos e especialistas em política internacional, o tema é tratado como um "barril de pólvora". O Itamaraty adotou como regra para a inclusão do estudante no regime de cotas a autodeclaração. Ou seja, basta que o concorrente se declare afrodescendente para ser beneficiado. Até mesmo defensores do sistema de cotas admitem que o critério abre brechas para distorções e injustiças.
A titular do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Yvonne Maggie, criticou duramente a decisão do Itamaraty, que, segundo ela, incentiva a disputa entre brancos e negros em um país "sem raças definidas", mas com efetiva desigualdade social.
- É escandaloso. Quem tem raça é cachorro! Todos somos da raça humana e temos condições iguais. Quem vai dizer quem é afrodescendente, num país como o Brasil? Vamos dividir o Brasil em raças, sendo que a nossa divisão é social. Trinta por cento da população abaixo da linha da pobreza se declaram brancas. Isso é muito - afirma a antropóloga.
O embaixador aposentado Rubens Barbosa acredita que o Itamaraty cometeu um equívoco ao adotar o sistema para impulsionar o acesso de negros à diplomacia. Ele afirma que o Instituto Rio Branco já havia dado um passo importante e suficiente quando decidiu conceder bolsas para estudantes interessados na carreira, sem condições financeiras para se preparar para a difícil prova do Instituto Rio Branco. Desde 2002, 198 concorrentes já receberam a Bolsa Prêmio de Vocação para a Diplomacia, que oferece R$25 mil para a compra de livros, material didático e inscrição em cursos preparatórios. Dezesseis deles já foram aprovados.
- O sistema de cotas é uma cópia dos Estados Unidos, onde há uma clara divisão racial. Essa não é a realidade do Brasil - afirmou.
Especialista em política de cotas, o sociólogo Joaze Bernardino, da Universidade de Brasília (UnB), comemorou a decisão do Itamaraty, mas advertiu que a autodeclaração como preto e pardo, método tradicional de aferição, provoca confusão.
- Não é o recomendado. O ideal seria que o concorrente tivesse que se autodeclarar negro e não preto ou pardo para ser absorvido pelo sistema de cotas. Seria um elemento até mesmo para diminuir a possibilidade de fraude - disse.
Na UnB, o estudante que se declara preto ou pardo é submetido a uma entrevista, antes de ser aceito no sistema de cotas. Nas demais instituições de ensino que aderiram ao sistema, prevalece a autodeclaração.
Nos bastidores, técnicos da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), órgão ligado à Presidência da República, afirmam que o sistema de autodeclaração rende um debate que precisa avançar "tremendamente" junto à comunidade acadêmica e no próprio governo. Ainda assim, o secretário-executivo da Seppir, João Carlos Nogueira, afirma que o sistema de autodeclaração é hoje o mais adequado para designar a população credenciada a se beneficiar das políticas afirmativas.
No Itamaraty, as cotas raciais vão credenciar 30 concorrentes a participar da segunda fase da prova do Instituto Rio Branco. Eles vão disputar com os outros 300 inscritos que avançarem para a segunda etapa do concurso. Em 2011, o Instituto Rio Branco vai oferecer 26 vagas. A partir da segunda etapa - em um exame de quatro níveis -, todos disputam em condições idênticas. Entre oito e nove mil pessoas devem participar da disputa no ano que vem.
Cotas raciais: decisão do Itamaraty gera polêmica
Roberto Maltchik
O Globo, 30/12/2010
Reserva de vagas para negros no Instituto Rio Branco é criticada por diplomatas e especialistas em política internacional
A decisão do Itamaraty de adotar um sistema de cotas raciais para o concurso de diplomatas reacendeu a polêmica sobre o assunto. Entre diplomatas, sociólogos e especialistas em política internacional, o tema é tratado como um "barril de pólvora". O Itamaraty adotou como regra para a inclusão do estudante no regime de cotas a autodeclaração. Ou seja, basta que o concorrente se declare afrodescendente para ser beneficiado. Até mesmo defensores do sistema de cotas admitem que o critério abre brechas para distorções e injustiças.
A titular do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Yvonne Maggie, criticou duramente a decisão do Itamaraty, que, segundo ela, incentiva a disputa entre brancos e negros em um país "sem raças definidas", mas com efetiva desigualdade social.
- É escandaloso. Quem tem raça é cachorro! Todos somos da raça humana e temos condições iguais. Quem vai dizer quem é afrodescendente, num país como o Brasil? Vamos dividir o Brasil em raças, sendo que a nossa divisão é social. Trinta por cento da população abaixo da linha da pobreza se declaram brancas. Isso é muito - afirma a antropóloga.
O embaixador aposentado Rubens Barbosa acredita que o Itamaraty cometeu um equívoco ao adotar o sistema para impulsionar o acesso de negros à diplomacia. Ele afirma que o Instituto Rio Branco já havia dado um passo importante e suficiente quando decidiu conceder bolsas para estudantes interessados na carreira, sem condições financeiras para se preparar para a difícil prova do Instituto Rio Branco. Desde 2002, 198 concorrentes já receberam a Bolsa Prêmio de Vocação para a Diplomacia, que oferece R$25 mil para a compra de livros, material didático e inscrição em cursos preparatórios. Dezesseis deles já foram aprovados.
- O sistema de cotas é uma cópia dos Estados Unidos, onde há uma clara divisão racial. Essa não é a realidade do Brasil - afirmou.
Especialista em política de cotas, o sociólogo Joaze Bernardino, da Universidade de Brasília (UnB), comemorou a decisão do Itamaraty, mas advertiu que a autodeclaração como preto e pardo, método tradicional de aferição, provoca confusão.
- Não é o recomendado. O ideal seria que o concorrente tivesse que se autodeclarar negro e não preto ou pardo para ser absorvido pelo sistema de cotas. Seria um elemento até mesmo para diminuir a possibilidade de fraude - disse.
Na UnB, o estudante que se declara preto ou pardo é submetido a uma entrevista, antes de ser aceito no sistema de cotas. Nas demais instituições de ensino que aderiram ao sistema, prevalece a autodeclaração.
Nos bastidores, técnicos da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), órgão ligado à Presidência da República, afirmam que o sistema de autodeclaração rende um debate que precisa avançar "tremendamente" junto à comunidade acadêmica e no próprio governo. Ainda assim, o secretário-executivo da Seppir, João Carlos Nogueira, afirma que o sistema de autodeclaração é hoje o mais adequado para designar a população credenciada a se beneficiar das políticas afirmativas.
No Itamaraty, as cotas raciais vão credenciar 30 concorrentes a participar da segunda fase da prova do Instituto Rio Branco. Eles vão disputar com os outros 300 inscritos que avançarem para a segunda etapa do concurso. Em 2011, o Instituto Rio Branco vai oferecer 26 vagas. A partir da segunda etapa - em um exame de quatro níveis -, todos disputam em condições idênticas. Entre oito e nove mil pessoas devem participar da disputa no ano que vem.
Politica Externa de Dilma Rousseff - G1-GloboNews
Desafios do governo Dilma: política externa
Thiago Guimarães
Do G1, em São Paulo, 30/12/2010
Sem Lula, diplomacia brasileira oscila entre inflexão e continuidade.
Série do G1 analisa os principais desafios do próximo governo federal.
As primeiras entrevistas da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), chamaram a atenção por sugerir mudanças de rumo na política externa brasileira no próximo governo.
Dilma classificou como “bárbara” a possibilidade de execução por apedrejamento da iraniana Sakineh Ashtiani, condenada por adultério naquele país. Também disse discordar da abstenção do governo brasileiro em votação na ONU sobre violações de direitos humanos no Irã.
"Não sou presidente do Brasil, mas me sentiria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não dizer nada contra o apedrejamento. Minha posição não vai mudar quando eu assumir. Não concordo com a maneira como o Brasil votou. Não é a minha posição”, afirmou Dilma ao jornal "The Washington Post".
Presidente Lula observa a então ministra Dilma Rousseff ser cumprimentada pelo presidente Barack Obama, em Washington, em março de 2009 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Embora a declaração tenha marcado uma divergência pública com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em sua gestão aproximou-se do mandatário iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, as grandes linhas da política externa brasileira devem manter-se sob Dilma, avaliam analistas.
Os sinais estão dados por decisões recentes da presidente eleita, como a indicação, para o Ministério das Relações Exteriores, de Antônio Patriota, secretário-geral do Itamaraty e segundo na hierarquia da pasta.
Auxiliar próximo e amigo do ministro Celso Amorim, Patriota é “afinadíssimo” com o atual titular da pasta, avaliou Igor Fuser, professor de Política e Relações Internacionais da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em debate recente sobre o tema.
Patriota deve manter, por exemplo, a política de expansão das representações diplomáticas no mundo. Foram 64 novas unidades abertas desde o início do governo Lula, em 2003, quase a metade do que havia até então: 150 postos.
Em discurso de posse na Secretaria-Geral do Itamaraty, em outubro de 2009, o futuro ministro também endossou o trabalho de ampliação do quadro diplomático. Falou em “deixar claro desde já” seu “empenho em continuar a trabalhar por uma ampliação do quadro de diplomatas que nos aparelhe para os desafios do século 21”. Sob Lula, uma lei de 2006 permitiu a abertura de 400 vagas de diplomata.
Perfil mais discreto de Dilma deve minimizar “diplomacia presidencial”
A política externa brasileira no governo Lula foi marcada pela busca de maior protagonismo político em foros internacionais.
Exemplos dessa estratégia foram a criação do G20, coalizão liderada pelo Brasil para defender interesses de países emergentes em negociações comerciais, e as tentativas de mediação no conflito entre Israel e Palestina e na crise nuclear do Irã.
Lula tem um ‘bônus de confiança’ que permite lances ousados. É difícil isso ser reproduzido por outra pessoa"
Paulo Roberto Almeida
professor e diplomata
Como Dilma não conta com o prestígio internacional de Lula, pode haver um recuo em iniciativas mais ousadas de política externa, avalia o professor e diplomata Paulo Roberto Almeida.
“O presidente tem crédito internacional e um ‘bônus de confiança’ que permite lançar lances ousados. É difícil isso ser reproduzido por outra pessoa, já que para ser aceito como mediar é preciso ter empatia com os envolvidos, e isso se constrói ao longo do tempo”, diz Almeida.
Agenda internacional de Dilma será agitada em 2011
A performance de Dilma em foros internacionais será posta à prova já nos primeiros meses de seu governo. A agenda diplomática de 2011 prevê a realização no Peru, em fevereiro, da 3ª reunião de dirigentes da Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), mecanismo de cooperação inter-regional e fórum de coordenação política.
Há ainda a previsão de reunião de cúpula do Bric, grupo dos principais países emergentes do mundo (Brasil, Rússia, Índia e China). O encontro está marcado para abril, na China, e deve preceder a primeira visita oficial da presidente eleita ao país asiático.
Um dos encontros mais importantes do ano será a reunião de cúpula do G20, prevista para novembro em Cannes, na França. O G20 reúne os países mais ricos do mundo e 11 nações emergentes. Na pauta da reunião estarão temas que ficaram sem solução no último encontro, na Coreia do Sul, como as tensões cambiais que ameaçam a recuperação econômica mundial.
O segundo semestre de 2011 prevê ainda reuniões periódicas da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e do Mercosul. O prestígio externo do Brasil também será testado na eleição, em junho, para a diretoria-geral da FAO, braço da ONU para alimentação e agricultura. Em 2010, o Brasil lançou a candidatura de José Graziano da Silva, ex-ministro de Segurança Alimentar e Combate a Fome do governo Lula e atual representante regional da FAO para a América Latina e o Caribe.
O secretário-geral do Itamaraty, Antônio
Patriota, futuro ministro das Relações Exteriores no
governo Dilma (Foto: Renato Araújo/ABr)
Desafios econômicos marcam front externo
Uma particularidade da política externa brasileira no governo Dilma será um cenário econômico internacional menos favorável, avalia Sandra Rios, diretora do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes).
Para a especialista em política de comércio exterior, a perspectiva de demora no reaquecimento da economia mundial e de manutenção do real valorizado dificultarão a obtenção dos saldos expressivos na balança comercial que marcaram a era Lula.
“Para lidar com esse cenário externo e com a concorrência chinesa no mercado doméstico a única solução é adotar uma política de aumento de competitividade”, afirma Rios, em referência a ações para reduzir o chamado “custo Brasil”: impostos altos, entraves burocráticos, infraestrutura insuficiente.
saiba mais
Dilma critica abstenção do Brasil em condenar Irã sobre direitos humanos
A diretora do Cindes avalia que no plano político o Brasil deverá manter a postura de maior presença e ativismo, pois corresponde ao papel que o país passou a ter no mundo. Prevê, contudo, que as mudanças no contexto externo levarão a uma estratégia econômica internacional mais “pragmática”.
“O governo vai ter que olhar para o cenário externo menos como busca de ocupação de espaço, que foi a tônica do governo Lula, e mais para reavaliar onde vale a pena investir, se concentrando no que é mais relevante para o país”, afirma Rios, citando a tentativa “frustrada” do governo Lula de solucionar a crise nuclear entre o Irã e potências ocidentais.
Desafios do governo Dilma
27/12 Segurança
28/12 Educação
29/12 Inclusão digital
30/12 Política externa
31/12 Saúde
01/01 Trabalho
02/01 Infraestrutura
Thiago Guimarães
Do G1, em São Paulo, 30/12/2010
Sem Lula, diplomacia brasileira oscila entre inflexão e continuidade.
Série do G1 analisa os principais desafios do próximo governo federal.
As primeiras entrevistas da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), chamaram a atenção por sugerir mudanças de rumo na política externa brasileira no próximo governo.
Dilma classificou como “bárbara” a possibilidade de execução por apedrejamento da iraniana Sakineh Ashtiani, condenada por adultério naquele país. Também disse discordar da abstenção do governo brasileiro em votação na ONU sobre violações de direitos humanos no Irã.
"Não sou presidente do Brasil, mas me sentiria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não dizer nada contra o apedrejamento. Minha posição não vai mudar quando eu assumir. Não concordo com a maneira como o Brasil votou. Não é a minha posição”, afirmou Dilma ao jornal "The Washington Post".
Presidente Lula observa a então ministra Dilma Rousseff ser cumprimentada pelo presidente Barack Obama, em Washington, em março de 2009 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Embora a declaração tenha marcado uma divergência pública com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em sua gestão aproximou-se do mandatário iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, as grandes linhas da política externa brasileira devem manter-se sob Dilma, avaliam analistas.
Os sinais estão dados por decisões recentes da presidente eleita, como a indicação, para o Ministério das Relações Exteriores, de Antônio Patriota, secretário-geral do Itamaraty e segundo na hierarquia da pasta.
Auxiliar próximo e amigo do ministro Celso Amorim, Patriota é “afinadíssimo” com o atual titular da pasta, avaliou Igor Fuser, professor de Política e Relações Internacionais da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em debate recente sobre o tema.
Patriota deve manter, por exemplo, a política de expansão das representações diplomáticas no mundo. Foram 64 novas unidades abertas desde o início do governo Lula, em 2003, quase a metade do que havia até então: 150 postos.
Em discurso de posse na Secretaria-Geral do Itamaraty, em outubro de 2009, o futuro ministro também endossou o trabalho de ampliação do quadro diplomático. Falou em “deixar claro desde já” seu “empenho em continuar a trabalhar por uma ampliação do quadro de diplomatas que nos aparelhe para os desafios do século 21”. Sob Lula, uma lei de 2006 permitiu a abertura de 400 vagas de diplomata.
Perfil mais discreto de Dilma deve minimizar “diplomacia presidencial”
A política externa brasileira no governo Lula foi marcada pela busca de maior protagonismo político em foros internacionais.
Exemplos dessa estratégia foram a criação do G20, coalizão liderada pelo Brasil para defender interesses de países emergentes em negociações comerciais, e as tentativas de mediação no conflito entre Israel e Palestina e na crise nuclear do Irã.
Lula tem um ‘bônus de confiança’ que permite lances ousados. É difícil isso ser reproduzido por outra pessoa"
Paulo Roberto Almeida
professor e diplomata
Como Dilma não conta com o prestígio internacional de Lula, pode haver um recuo em iniciativas mais ousadas de política externa, avalia o professor e diplomata Paulo Roberto Almeida.
“O presidente tem crédito internacional e um ‘bônus de confiança’ que permite lançar lances ousados. É difícil isso ser reproduzido por outra pessoa, já que para ser aceito como mediar é preciso ter empatia com os envolvidos, e isso se constrói ao longo do tempo”, diz Almeida.
Agenda internacional de Dilma será agitada em 2011
A performance de Dilma em foros internacionais será posta à prova já nos primeiros meses de seu governo. A agenda diplomática de 2011 prevê a realização no Peru, em fevereiro, da 3ª reunião de dirigentes da Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), mecanismo de cooperação inter-regional e fórum de coordenação política.
Há ainda a previsão de reunião de cúpula do Bric, grupo dos principais países emergentes do mundo (Brasil, Rússia, Índia e China). O encontro está marcado para abril, na China, e deve preceder a primeira visita oficial da presidente eleita ao país asiático.
Um dos encontros mais importantes do ano será a reunião de cúpula do G20, prevista para novembro em Cannes, na França. O G20 reúne os países mais ricos do mundo e 11 nações emergentes. Na pauta da reunião estarão temas que ficaram sem solução no último encontro, na Coreia do Sul, como as tensões cambiais que ameaçam a recuperação econômica mundial.
O segundo semestre de 2011 prevê ainda reuniões periódicas da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e do Mercosul. O prestígio externo do Brasil também será testado na eleição, em junho, para a diretoria-geral da FAO, braço da ONU para alimentação e agricultura. Em 2010, o Brasil lançou a candidatura de José Graziano da Silva, ex-ministro de Segurança Alimentar e Combate a Fome do governo Lula e atual representante regional da FAO para a América Latina e o Caribe.
O secretário-geral do Itamaraty, Antônio
Patriota, futuro ministro das Relações Exteriores no
governo Dilma (Foto: Renato Araújo/ABr)
Desafios econômicos marcam front externo
Uma particularidade da política externa brasileira no governo Dilma será um cenário econômico internacional menos favorável, avalia Sandra Rios, diretora do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes).
Para a especialista em política de comércio exterior, a perspectiva de demora no reaquecimento da economia mundial e de manutenção do real valorizado dificultarão a obtenção dos saldos expressivos na balança comercial que marcaram a era Lula.
“Para lidar com esse cenário externo e com a concorrência chinesa no mercado doméstico a única solução é adotar uma política de aumento de competitividade”, afirma Rios, em referência a ações para reduzir o chamado “custo Brasil”: impostos altos, entraves burocráticos, infraestrutura insuficiente.
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Dilma critica abstenção do Brasil em condenar Irã sobre direitos humanos
A diretora do Cindes avalia que no plano político o Brasil deverá manter a postura de maior presença e ativismo, pois corresponde ao papel que o país passou a ter no mundo. Prevê, contudo, que as mudanças no contexto externo levarão a uma estratégia econômica internacional mais “pragmática”.
“O governo vai ter que olhar para o cenário externo menos como busca de ocupação de espaço, que foi a tônica do governo Lula, e mais para reavaliar onde vale a pena investir, se concentrando no que é mais relevante para o país”, afirma Rios, citando a tentativa “frustrada” do governo Lula de solucionar a crise nuclear entre o Irã e potências ocidentais.
Desafios do governo Dilma
27/12 Segurança
28/12 Educação
29/12 Inclusão digital
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