Primeiro a transcrição de matéria sobre as referências ao Brasil feitas em documento do maluco norueguês que matou dezenas de pessoas na última semana:
Atirador de Oslo tem visão racista do Brasil
Opinião e Notícia, 26/07/2011
Brasil é citado 12 vezes no manifesto de 1.500 páginas atribuído a Anders Behring Breivik
O Brasil é citado no longo manifesto de 1.500 páginas atribuído a Anders Behring Breivik, autor do duplo atentado da última sexta-feira, 22, em Oslo, na Noruega, como exemplo do que ele considera o efeito negativo da mistura de raças.
“Os resultados são evidentes e se manifestam num alto nível de corrupção, falta de produtividade e um eterno conflito entre várias ‘culturas’ competindo, enquanto as ‘subtribos’ criadas (preto, mulato, mestiço, branco) paralisam qualquer esperança de sequer alcançar o mesmo nível de produtividade e igualdade de, por exemplo, Escandinávia, Alemanha, Coreia do Sul e Japão”, escreveu o autor dos ataques.
‘País permanentemente disfuncional’
E ainda: “um país com culturas que competem entre si se destruirá internamente a longo prazo ou terminará como um país permanentemente disfuncional como o Brasil”.
O Brasil é citado 12 vezes no manifesto de Breivik. O arquivo de 1.500 páginas foi distribuído para os cerca de 7 mil “amigos” do atirador no Facebook horas antes dos atentados.
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Agora meus comentários:
O psicopata tem razão quanto ao altíssimo nível de corrupção no Brasil, aliás até nas mais altas esferas do Estado -- como o provam as duas mais recentes demissões ministeriais no Brasil, e só não foram mais por estranha leniência dos que comandam -- mas se engana totalmente quanto À origem. Não tem nada a ver com raças ou sua mistura: brancos, loiros de olhos azuis, como diria um corruptor ativo, são os mais frequentes na roubalheira de alto coturno, mas negros também poderia ser corruptores ativos se tivessem mais acesso aos postos da alta cúpula. Não existe nenhuma restrição religiosa, étnica, cultura, social, na corrução brasileira: ela é ampla, disseminada, multicultural e multirracial; todos roubam e se pudessem roubar mais, assim o fariam, numa ampla democracia multirracial da roubalheira organizada e desorganizada. Faz parte, digamos assim, da nossa formação, essa apropriação do alheio, sem distinção de raças...
Tampouco existe conflito ou competição entre raças, e sim racismo ordinário, os energúmenos de sempre, praticando seus preconceitos vulgares, os racistas mais idiotas que existem em toda e qualquer cultura ainda não suficientemente mesclada.
Como o Brasil é um pouco mais misturado do que outros povos, o racismo aqui tende a assumir menor acuidade social, e só se manifesta entre brancos de classe média baixa, que convivem com delinquência e atribuem isso a características "genéticas", o que é de uma ignorãncia atroz.
Aliás, se fôssemos falar de racismo, ele só pode vir dos negros militantes, dos ativistas das causas racialistas, desses promotores das políticas separatistas de cunho racial, desses disseminadores da falsa ideologia da "afrodescendência", enfim, desses construtores do Apartheid que o Brasil não teve até hoje, mas que pode vir a ter por causa desse câncer que ameaça nossa sociedade.
Paulo Roberto de Almeida
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Enviado pelo comentarista, abaixo, a quem agradeço a dica:
Cotas para negros e índios em concursos públicos
Blog da Yvonne Maggie, qua, 20/07/11
O governador Sérgio Cabral assinou o decreto 43.007 reservando 20% das vagas de todos os concursos públicos do Estado do Rio de Janeiro para negros e índios. O decreto entrou em vigor no dia 7 de julho de 2011. O § 4 do artigo 1º, diz: “Para os efeitos deste decreto será considerado negro ou índio o candidato que assim se declare no momento da inscrição”. Logo abaixo, o § 5 afirma “A autodeclaração é facultativa, ficando o candidato submetido às regras gerais estabelecidas no edital do concurso, caso não opte pela reserva de vagas.” No artigo 2º salta aos olhos o paradoxo recorrente em quase todos os casos em que se reservam vagas com base na “raça”: “Decretada falsidade na declaração a que se refere o artigo 1º § 5 será o candidato eliminado do concurso e, se houver sido nomeado, ficará sujeito à anulação de sua admissão ao serviço público, após procedimento administrativo em que lhe seja assegurado o contraditório e a ampla defesa, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.”
Se o candidato negro ou índio é assim considerado por autodeclaração – seguindo o preceito internacional – como pode ao mesmo tempo dizer-se “detectada a falsidade?”. Está faltando uma peça neste quebra-cabeça. Como será avaliada a falsidade da autodeclaração?
O governador eximiu-se deixando para os burocratas a invenção das regras que deverão definir se há verdade ou não nas declarações ou autodeclarações. Há exemplos que me levam a imaginar a solução que se dará aqui. No Paraná reserva-se, desde 2003, 10% das vagas para negros em concursos públicos. No Mato Grosso do Sul, 10% para negros e 3% para índios e, nos dois casos, um tribunal, ou uma comissão, julga por meio de fotos, ou de documento onde esteja inscrita a cor do cidadão, se a autodeclaração está correta. Como farão isso aqui no Rio? Quem definirá o procedimento para julgar o mentiroso?
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Uma economia irracional (qual seria?) - Luis Esteban Manrique
Venezuela: Un modelo económico irracional (I)
Por LUIS ESTEBAN G. MANRIQUE
InfoLatam, 26/07/2011
Venezuela es ya el país con las mayores reservas de crudo del planeta, con 296.501 millones de barriles
Si el modelo económico del “socialismo del siglo XXI” apenas funcionaba racionalmente con Hugo Chávez al mando, sin sus manos sobre el timón simplemente podría entrar en una deriva incontrolada. Caracas ha pasado del puesto 91 al 15 entre las ciudades más caras del mundo debido a una inflación cercana al 30% anual. En el primer semestre de este año los precios subieron un 13%, la mayor tasa de la región.
Una taza en un café en Caracas cuesta unos 6,29 dólares, según la encuesta Costo de Vida 2011 realizada por la consultora Mercer en 214 ciudades de los cinco continentes. En Londres por esa misma tasa se paga 4,35 dólares y en Nueva York 4,40. Solo en Tokio (7,63), Beijing (7,45), Hong Kong (6,80) y Shangai (6,39) es más cara.
Otros precios en la capital venezolana resaltados por Mercer son una entrada al cine (21,42 dólares), una hamburguesa en McDonalds (8,38), o un litro de leche pasteurizada (1,69). Hoy el 25% más pobre de la población gasta un promedio del 45% de sus ingresos en comida. Hasta el pasado marzo, los precios de los alimentos aumentaron un 33,7% año en año, muy por encima de la media del 7,7% de la región, según cifras de la FAO.
Según un sondeo del diario El Universal en seis supermercados y cadenas estatales de alimentación, de 16 productos subsidiados, al menos 10 son escasos o inexistentes, entre ellos el aceite de cocina, quesos y carnes. Venezuela importa el 75% de los alimentos que consume, el doble que hace una década.
Aunque el gobierno ha subido el salario mínimo en un 25% en el último año, el poder adquisitivo de los venezolanos ha caído un 14,5% en los últimos cuatro años debido a la inflación. En los últimos 12 meses, los sueldos subieron un 22%, ocho puntos menos que el IPC. Desde 1998, cuando Hugo Chávez llegó al poder, el volumen de la masa monetaria ha aumentado un 160% en términos reales. Si no se toma en cuenta la inflación, la oferta monetaria en diciembre de 2010 era 29 veces mayor que en diciembre de 1998.
El endeudamiento desbocado del gobierno está alcanzando niveles que hacen temer a muchos analistas que Venezuela no pueda cumplir con sus obligaciones a pesar de la renta petrolera y los altos precios del crudo. Según un reciente informe de UBS Investment Research (Por cuanto tiempo puede Venezuela pagar sus deudas) “en ausencia de ajustes de política, o incluso precios del petróleos más altos, creemos que la trayectoria fiscal de Venezuela apunta a un incidente crediticio”, un eufemismo financiero para referirse a un default.
El riesgo no es, sin embargo, inmediato. Venezuela cuenta con reservas de divisas de alrededor de 30.000 millones de dólares y obtiene alrededor de 65.000 millones anuales por sus exportaciones petroleras, el 90% del total.
Según el boletín estadístico anual de la OPEP, Venezuela es ya el país con las mayores reservas de crudo del planeta, con 296.501 millones de barriles, un 40% más que en 2009, frente a los 264.215 millones de Arabia Saudí. Pero el acelerado ritmo de endeudamiento del gobierno -con pasivos que economistas venezolanos actualmente sitúan en el orden de los 130.000 millones de dólares-; los costes del sistema cambiario y de las importaciones y el elevado déficit fiscal, están generando desequilibrios que UBS cree podrían terminar estallando en mediados de esta década.
(Continuará mañana II Parte)
Por LUIS ESTEBAN G. MANRIQUE
InfoLatam, 26/07/2011
Venezuela es ya el país con las mayores reservas de crudo del planeta, con 296.501 millones de barriles
Si el modelo económico del “socialismo del siglo XXI” apenas funcionaba racionalmente con Hugo Chávez al mando, sin sus manos sobre el timón simplemente podría entrar en una deriva incontrolada. Caracas ha pasado del puesto 91 al 15 entre las ciudades más caras del mundo debido a una inflación cercana al 30% anual. En el primer semestre de este año los precios subieron un 13%, la mayor tasa de la región.
Una taza en un café en Caracas cuesta unos 6,29 dólares, según la encuesta Costo de Vida 2011 realizada por la consultora Mercer en 214 ciudades de los cinco continentes. En Londres por esa misma tasa se paga 4,35 dólares y en Nueva York 4,40. Solo en Tokio (7,63), Beijing (7,45), Hong Kong (6,80) y Shangai (6,39) es más cara.
Otros precios en la capital venezolana resaltados por Mercer son una entrada al cine (21,42 dólares), una hamburguesa en McDonalds (8,38), o un litro de leche pasteurizada (1,69). Hoy el 25% más pobre de la población gasta un promedio del 45% de sus ingresos en comida. Hasta el pasado marzo, los precios de los alimentos aumentaron un 33,7% año en año, muy por encima de la media del 7,7% de la región, según cifras de la FAO.
Según un sondeo del diario El Universal en seis supermercados y cadenas estatales de alimentación, de 16 productos subsidiados, al menos 10 son escasos o inexistentes, entre ellos el aceite de cocina, quesos y carnes. Venezuela importa el 75% de los alimentos que consume, el doble que hace una década.
Aunque el gobierno ha subido el salario mínimo en un 25% en el último año, el poder adquisitivo de los venezolanos ha caído un 14,5% en los últimos cuatro años debido a la inflación. En los últimos 12 meses, los sueldos subieron un 22%, ocho puntos menos que el IPC. Desde 1998, cuando Hugo Chávez llegó al poder, el volumen de la masa monetaria ha aumentado un 160% en términos reales. Si no se toma en cuenta la inflación, la oferta monetaria en diciembre de 2010 era 29 veces mayor que en diciembre de 1998.
El endeudamiento desbocado del gobierno está alcanzando niveles que hacen temer a muchos analistas que Venezuela no pueda cumplir con sus obligaciones a pesar de la renta petrolera y los altos precios del crudo. Según un reciente informe de UBS Investment Research (Por cuanto tiempo puede Venezuela pagar sus deudas) “en ausencia de ajustes de política, o incluso precios del petróleos más altos, creemos que la trayectoria fiscal de Venezuela apunta a un incidente crediticio”, un eufemismo financiero para referirse a un default.
El riesgo no es, sin embargo, inmediato. Venezuela cuenta con reservas de divisas de alrededor de 30.000 millones de dólares y obtiene alrededor de 65.000 millones anuales por sus exportaciones petroleras, el 90% del total.
Según el boletín estadístico anual de la OPEP, Venezuela es ya el país con las mayores reservas de crudo del planeta, con 296.501 millones de barriles, un 40% más que en 2009, frente a los 264.215 millones de Arabia Saudí. Pero el acelerado ritmo de endeudamiento del gobierno -con pasivos que economistas venezolanos actualmente sitúan en el orden de los 130.000 millones de dólares-; los costes del sistema cambiario y de las importaciones y el elevado déficit fiscal, están generando desequilibrios que UBS cree podrían terminar estallando en mediados de esta década.
(Continuará mañana II Parte)
Sindrome de transtorno (agricola) bipolar; ou teoria da jabuticaba...
Já escrevi alguma coisa sobre a teoria da jabuticaba. Deve estar em algum lugar do meu site. O Brasil agrava a condição (aliás, desde vários anos), desenvolvendo, no mesmo governo, políticas absolutamente contraditórias, senão opostas e inimigas uma da outra...
Paulo Roberto de Almeida
AGRONEGÓCIO FAMILIAR
Xico Graziano - AgroBrasil
O Estado de S. Paulo, 26/07/2011
Funcionam no Brasil, estranhamente, dois Ministérios da Agricultura. Um se dedica ao agronegócio e o outro, ao produtor familiar. Uma invencionice política difícil de entender. Parece jabuticaba, só existe aqui.
Uma safra, dois planos. Em Ribeirão Preto (SP), o governo anunciou as regras do financiamento da safra para a agricultura chamada empresarial. Semanas depois, foi a vez do plano da agricultura dita familiar, lançado em Francisco Beltrão (PR).
Uma agricultura, dois discursos. No palanque paulista, as lideranças ruralistas aplaudiam Wagner Rossi, ministro da Agricultura e Abastecimento. No Paraná, os camponeses reverenciavam Afonso Florense, ministro do Desenvolvimento Agrário. Presente em ambos os eventos, a presidente Dilma Rousseff seguiu o roteiro lulista, naquele estilo ambíguo que agrada a gregos e troianos.
Essa dubiedade na gestão governamental se manifesta em vários outros momentos. Nos fóruns internacionais, como na Organização Mundial do Comércio (OMC), frequentemente se percebem cadeiras expressando posições distintas, quando não contraditórias. Uma dá prioridade a abrir exportações, outra discute segurança alimentar. Enlouquece o Itamaraty.
Tudo começou em 1996, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso criou o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Sua ideia básica, inédita, foi carimbar uma fatia dos recursos do crédito rural, obrigando sua aplicação nos pequenos produtores, incluindo os assentados da reforma agrária. Faz sentido.
Tradicionalmente, os grandes proprietários abocanham todo o dinheiro para financiamento rural. O Pronaf mudou essa história. Seu sucesso o tornou robusto dentro da política agrícola do País, executada pelo Ministério da Agricultura com apoio do Banco do Brasil.
Quando Lula assumiu, porém, achou por bem transferir a gestão do Pronaf, entregando-a ao Ministério que cuida da reforma agrária. Atendeu à gula da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e do Movimento dos Sem-Terra (MST). Entregou o ouro.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário passou a operar o Pronaf segundo critérios exageradamente ideológicos e partidários. Assim funciona o jogo do poder. Afinal, a oligarquia rural também sempre mandou no Ministério da Agricultura.
Um grave problema, porém, surgiu dessa tramoia. Ao apartar o atendimento aos pequenos agricultores em outra pasta, criou-se uma falsa dicotomia. A polarização acirrou a distinção, inexistente, entre agronegócio e agricultura familiar.
Gente que se imagina dadivosa combate o agronegócio, como símbolo do mal. Tal pensamento expõe um dos maiores equívocos produzidos pela esquerda brasileira. Por definição, nada opõe o pequeno produtor à modernização tecnológica nem ao mercado. Ao contrário. Investir em qualidade configura caminho único para o progresso no campo.
Conceitualmente, o termo agronegócio refere-se ao conjunto das atividades produtivas geradas no meio rural. Na pecuária, por exemplo, as empresas de insumos e máquinas fornecem bens e serviços à criação animal. Na outra ponta, colocam-se os frigoríficos, as agroindústrias, os açougues. Eles processam e vendem. Somados aos pecuaristas, esse conjunto caracteriza o agronegócio da carne.
No Brasil moderno, dentro do segmento rural propriamente dito são gerados só 27% do PIB dos agronegócios. Outros 7% do valor econômico se localizam antes da porteira do agricultor, enquanto 66% do valor dos agronegócios - a maior fatia - rola depois da porteira das fazendas.
Na concepção do termo, portanto, somente não participa do agronegócio quem produz para si. E são muitos. Especialmente no semiárido nordestino, cerca de 1,5 milhão de pequenos agricultores pobres e rudimentares mal conhecem a economia comercial. Outro enorme contingente, cerca de 1 milhão de famílias assentadas pela reforma agrária se encontram isoladas.
Nada condena os agronegócios. O cultivo de subsistência, esse, sim, está ultrapassado pelos tempos, sofrendo na miséria. Aqui reside o grande desafio da política pública: conseguir modernizar a agricultura atrasada, integrando-a aos mercados, tornando-a empreendedora. Ao contrário do que vociferam os obscurantistas agrários, a saída da pobreza rural rema a favor dos agronegócios, não contra.
Esse caminho vitorioso tem sido trilhado por incontáveis pequenos agricultores que buscaram conhecimento, integraram-se às agroindústrias, vincularam-se às cooperativas agropecuárias. A produtividade deles cresceu, a renda melhorou. Pequenos, organizados, tornam-se grandes.
Essa emergente classe de produtores surge exatamente da inserção positiva no agronegócio, fundindo tecnologia e mercado com boa gestão familiar. Ela fornece hoje o dinamismo da agricultura nacional, puxado pelo sojicultor paranaense ou gaúcho, pelo cafeicultor mineiro ou capixaba, pelo suinocultor catarinense, pelo fruticultor paulista, pelo pecuarista goiano, entre tantos.
Fazendeiro graúdo chega a ter inveja desses progressistas agricultores. Sua área média gira em torno dos 50 hectares e, no conjunto, respondem por aproximadamente 70% da produção agropecuária do Brasil. Embora familiares, não prestam a mínima atenção ao discurso boboca que, ao intrigá-los com os agronegócios, os condena ao atraso.
O Brasil não precisa de dois Ministérios da Agricultura. Carece, isso sim, de uma política emancipadora no campo, livrando os agricultores pobres, resignados, da manipulação política de líderes que, disfarçados de salvadores, vivem de explorar a miséria alheia. Taí uma boa tarefa: desenvolver uma vacina contra esse terrível mal.
AGRÔNOMO, FOI SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO.
Paulo Roberto de Almeida
AGRONEGÓCIO FAMILIAR
Xico Graziano - AgroBrasil
O Estado de S. Paulo, 26/07/2011
Funcionam no Brasil, estranhamente, dois Ministérios da Agricultura. Um se dedica ao agronegócio e o outro, ao produtor familiar. Uma invencionice política difícil de entender. Parece jabuticaba, só existe aqui.
Uma safra, dois planos. Em Ribeirão Preto (SP), o governo anunciou as regras do financiamento da safra para a agricultura chamada empresarial. Semanas depois, foi a vez do plano da agricultura dita familiar, lançado em Francisco Beltrão (PR).
Uma agricultura, dois discursos. No palanque paulista, as lideranças ruralistas aplaudiam Wagner Rossi, ministro da Agricultura e Abastecimento. No Paraná, os camponeses reverenciavam Afonso Florense, ministro do Desenvolvimento Agrário. Presente em ambos os eventos, a presidente Dilma Rousseff seguiu o roteiro lulista, naquele estilo ambíguo que agrada a gregos e troianos.
Essa dubiedade na gestão governamental se manifesta em vários outros momentos. Nos fóruns internacionais, como na Organização Mundial do Comércio (OMC), frequentemente se percebem cadeiras expressando posições distintas, quando não contraditórias. Uma dá prioridade a abrir exportações, outra discute segurança alimentar. Enlouquece o Itamaraty.
Tudo começou em 1996, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso criou o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Sua ideia básica, inédita, foi carimbar uma fatia dos recursos do crédito rural, obrigando sua aplicação nos pequenos produtores, incluindo os assentados da reforma agrária. Faz sentido.
Tradicionalmente, os grandes proprietários abocanham todo o dinheiro para financiamento rural. O Pronaf mudou essa história. Seu sucesso o tornou robusto dentro da política agrícola do País, executada pelo Ministério da Agricultura com apoio do Banco do Brasil.
Quando Lula assumiu, porém, achou por bem transferir a gestão do Pronaf, entregando-a ao Ministério que cuida da reforma agrária. Atendeu à gula da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e do Movimento dos Sem-Terra (MST). Entregou o ouro.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário passou a operar o Pronaf segundo critérios exageradamente ideológicos e partidários. Assim funciona o jogo do poder. Afinal, a oligarquia rural também sempre mandou no Ministério da Agricultura.
Um grave problema, porém, surgiu dessa tramoia. Ao apartar o atendimento aos pequenos agricultores em outra pasta, criou-se uma falsa dicotomia. A polarização acirrou a distinção, inexistente, entre agronegócio e agricultura familiar.
Gente que se imagina dadivosa combate o agronegócio, como símbolo do mal. Tal pensamento expõe um dos maiores equívocos produzidos pela esquerda brasileira. Por definição, nada opõe o pequeno produtor à modernização tecnológica nem ao mercado. Ao contrário. Investir em qualidade configura caminho único para o progresso no campo.
Conceitualmente, o termo agronegócio refere-se ao conjunto das atividades produtivas geradas no meio rural. Na pecuária, por exemplo, as empresas de insumos e máquinas fornecem bens e serviços à criação animal. Na outra ponta, colocam-se os frigoríficos, as agroindústrias, os açougues. Eles processam e vendem. Somados aos pecuaristas, esse conjunto caracteriza o agronegócio da carne.
No Brasil moderno, dentro do segmento rural propriamente dito são gerados só 27% do PIB dos agronegócios. Outros 7% do valor econômico se localizam antes da porteira do agricultor, enquanto 66% do valor dos agronegócios - a maior fatia - rola depois da porteira das fazendas.
Na concepção do termo, portanto, somente não participa do agronegócio quem produz para si. E são muitos. Especialmente no semiárido nordestino, cerca de 1,5 milhão de pequenos agricultores pobres e rudimentares mal conhecem a economia comercial. Outro enorme contingente, cerca de 1 milhão de famílias assentadas pela reforma agrária se encontram isoladas.
Nada condena os agronegócios. O cultivo de subsistência, esse, sim, está ultrapassado pelos tempos, sofrendo na miséria. Aqui reside o grande desafio da política pública: conseguir modernizar a agricultura atrasada, integrando-a aos mercados, tornando-a empreendedora. Ao contrário do que vociferam os obscurantistas agrários, a saída da pobreza rural rema a favor dos agronegócios, não contra.
Esse caminho vitorioso tem sido trilhado por incontáveis pequenos agricultores que buscaram conhecimento, integraram-se às agroindústrias, vincularam-se às cooperativas agropecuárias. A produtividade deles cresceu, a renda melhorou. Pequenos, organizados, tornam-se grandes.
Essa emergente classe de produtores surge exatamente da inserção positiva no agronegócio, fundindo tecnologia e mercado com boa gestão familiar. Ela fornece hoje o dinamismo da agricultura nacional, puxado pelo sojicultor paranaense ou gaúcho, pelo cafeicultor mineiro ou capixaba, pelo suinocultor catarinense, pelo fruticultor paulista, pelo pecuarista goiano, entre tantos.
Fazendeiro graúdo chega a ter inveja desses progressistas agricultores. Sua área média gira em torno dos 50 hectares e, no conjunto, respondem por aproximadamente 70% da produção agropecuária do Brasil. Embora familiares, não prestam a mínima atenção ao discurso boboca que, ao intrigá-los com os agronegócios, os condena ao atraso.
O Brasil não precisa de dois Ministérios da Agricultura. Carece, isso sim, de uma política emancipadora no campo, livrando os agricultores pobres, resignados, da manipulação política de líderes que, disfarçados de salvadores, vivem de explorar a miséria alheia. Taí uma boa tarefa: desenvolver uma vacina contra esse terrível mal.
AGRÔNOMO, FOI SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO.
Noticias da Republica Bolivariana Surrealista (well, not all good news...)
Chávez ordena lanzar bono a 2031 por US$ 4.200 millones
El gobierno de Hugo Chávez lanzó el martes un bono soberano al 2031 por 4.200 millones de dólares, con el que busca aliviar la sed de divisas de las empresas en el país petrolero y recaudar recursos para gasto público antes de las elecciones del próximo año.
Venezuela: PDVSA bajó su ganancia 28% y aumentó 55% deuda con proveedores en 2010
Infolatam/Efe, Caracas, 26 de julio de 2011
La estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) disminuyó en un 28 % sus ganancias netas en 2010, que pasaron de 4.394 millones de dólares en 2009 a 3.164 millones el año pasado, y aumentó 55,38 % la deuda a sus proveedores, ubicándose en 10.902 millones de dólares frente a los 7.016 millones del periodo precedente.
Luis Esteban G. ManriqueVenezuela: Un modelo económico irracional (I)
(Especial para Infolatam).- “El endeudamiento desbocado del gobierno está alcanzando niveles que hacen temer a muchos analistas que Venezuela no pueda cumplir con sus obligaciones a pesar de la renta petrolera y los altos precios del crudo.
El gobierno de Hugo Chávez lanzó el martes un bono soberano al 2031 por 4.200 millones de dólares, con el que busca aliviar la sed de divisas de las empresas en el país petrolero y recaudar recursos para gasto público antes de las elecciones del próximo año.
Venezuela: PDVSA bajó su ganancia 28% y aumentó 55% deuda con proveedores en 2010
Infolatam/Efe, Caracas, 26 de julio de 2011
La estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) disminuyó en un 28 % sus ganancias netas en 2010, que pasaron de 4.394 millones de dólares en 2009 a 3.164 millones el año pasado, y aumentó 55,38 % la deuda a sus proveedores, ubicándose en 10.902 millones de dólares frente a los 7.016 millones del periodo precedente.
Luis Esteban G. ManriqueVenezuela: Un modelo económico irracional (I)
(Especial para Infolatam).- “El endeudamiento desbocado del gobierno está alcanzando niveles que hacen temer a muchos analistas que Venezuela no pueda cumplir con sus obligaciones a pesar de la renta petrolera y los altos precios del crudo.
terça-feira, 26 de julho de 2011
Idiotices brasileiras (maiores ainda na educacao)... - E UM DEBATE SUBSEQUENTE
[Complemento ulterior ao final]
Leio num jornal de Brasília que alunos com menos de 18 anos aprovados em vestibulares de universidades públicas (e suponho que em privadas também) não estão conseguindo inscrição em algum curso universitário pois não conseguem apresentar o certificado de conclusão do curso médio.
O Conselho de Educação do Distrito Federal, que deve ser formado por cavalgaduras (e ultrapassando poderes que não lhe são conferidos pela Constituição nem por legislação federal), determinou que o aluno pode entrar na Faculdade desde que conclua o ensino médio.
Mas o certificado -- sob forma de exame supletivo, por exemplo -- só pode ser obtido se o estudante tiver mais de 18 anos ou completado 75% do ano letivo.
Ou seja, o DF não permite a existência de geniozinhos, ou superdotados. Eles têm de esperar até os 18 anos, ou quase, para obter o certificado do médio.
Nos EUA, qualquer estudante que provar que tem habilidades, pode ir para uma universidade, com 12, 14 ou 15 anos, basta ter condições intelectuais para seguir o curso.
Aqui no DF, as cavalgaduras do Conselho de Educação querem que todos sejam idiotas como eles...
Paulo Roberto de Almeida
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Elevo um comentário ao nível da postagem, depois respondo: [em 28/07/2011]
RAFA disse...
Querido Professor,
Me permito discordar do Sr., acho que pela primeira vez na vida. E isso não há de ser pouco...
A capacidade intelectual é, e deve ser, o principal parâmetro para ingresso numa Universidade e acesso a conhecimento. Mas a construção do conhecimento não é um mero processamento de informações, é o desenvolvimento de faculdades de análise e de crítica, de teste de hipóteses, de debate franco. Em um curso de graduação se faz, antes de tudo, formação. E para isso, é necessário um mínimo de MATURIDADE - algo que não se pode testar em um vestibular.
Acho um erro permitir a menores de dezoito anos o acesso à Universidade, e dou meu próprio exemplo como amostra de um problema bem maior. Fui aprovado em 4o. lugar no vestibular de Direito da UFRJ com 16 anos, com segundo grau completo, e isso foi péssimo para minha formação. Em que pese toda a orientação vocacional, eu não tinha a menor maturidade para julgar o que era melhor para mim e meu futuro, acabei entrando em um curso muito por influência da família e do que era considerado "bom-senso". Eles diziam "você é inteligente, vai tirar de letra, e como sairá novo da faculdade, terá uma vantagem importante sobre os outros". Que ilusão...
Larguei o curso no terceiro ano, para me dedicar ao que eu realmente gostava, Relações Internacionais. Hoje, sou diplomata, em primeira remoção, e por acaso, adoro Direito. Mas não era a minha.
Se ainda não é viável julgar maturidade sob parâmetros objetivos, temos a Lei, que diz que uma pessoa atinge a maioridade para a maior parte da vida civil aos 18 anos - 16 para voto, o que também acho um erro, mas é a lei. Esse deve ser nosso parâmetro. E devo isso à minha dúvida de que uma pessoa de 13 anos de idade, por mais capacidade intelectual que tenha demonstrado para ingressar em um curso universitário, esteja em um estágio de vida que ela possa realmente compreender o contexto, e o que ele fará com esse conhecimento. Considero que seria muito mais importante para a formação de um jovem que conclui cedo o Ensino Médio - ou que é aprovado mesmo sem completá-lo - uma boa viagem pelo seu país ou pelo mundo, um bom trabalho voluntário, ou mesmo um ano sabático.
Pra que ter um geniozinho de 13 anos em uma universidade? Melhor que ele saiba o que fazer com tanta capacidade antes. E, principalmente, que ele possa ser feliz com isso, em uma área que ele realmente goste, e não que sua família ou seus orientadores o digam que é a melhor.
Aproveito pra reiterar minha admiração pelo Sr. e pelo blog. Que o Sr. siga sendo um farol para todos nós, por muitos e muitos anos!
Um fraterno abraço,
Rafael Paulino
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Rafael,
Compreendo e até admito seus argumentos, mas ainda assim discordo de você.
Não estou dizendo que todo geniozinho deva ir para a Universidade aos 13 anos, e sobretudo discordo frontalmente da pressão familiar -- estilo James Stuart Mill -- para fazer uma criança aprender latim e grego aos cinco anos, ou seja, enfiar o coitadinho na Universidade aos 13 anos, apenas para satisfazer o ego paterno ou materno.
O que estou dizendo é que NINGUÉM deveria ser impedido de ingressar numa universidade apenas porque não tem 18 anos. Geralmente se trata de jovens de 16 ou 17, que por um outro motivo, tiveram os estudos acelerados no primário e secundário.
Não estou dizendo que se deve "empurrar" adolescentes para a universidade.
Estou dizendo que não se deve IMPEDIR alguns de fazerem isso.
Acho toda proibição que não é motivada por um desejo real de segurança física, BURRA, ESTÚPIDA.
Todos devem ser totalmente livres para realizarem seu potencial.
Não acredito que a tal de "falta de maturidade" para seguir um curso universitário seja a justificativa para a frustração de alguém que poderia fazê-lo e é apenas impedido por uma regulamentação estúpida, cerceadora, burocrática, castradora.
TUDO é experiência, inclusive algumas más experiências (não diferentes de outras, menos más).
Como você vê, continuo sendo um anarquista no plano das liberdades individuais.
Jovens, avançai...
Paulo Roberto de Almeida
Leio num jornal de Brasília que alunos com menos de 18 anos aprovados em vestibulares de universidades públicas (e suponho que em privadas também) não estão conseguindo inscrição em algum curso universitário pois não conseguem apresentar o certificado de conclusão do curso médio.
O Conselho de Educação do Distrito Federal, que deve ser formado por cavalgaduras (e ultrapassando poderes que não lhe são conferidos pela Constituição nem por legislação federal), determinou que o aluno pode entrar na Faculdade desde que conclua o ensino médio.
Mas o certificado -- sob forma de exame supletivo, por exemplo -- só pode ser obtido se o estudante tiver mais de 18 anos ou completado 75% do ano letivo.
Ou seja, o DF não permite a existência de geniozinhos, ou superdotados. Eles têm de esperar até os 18 anos, ou quase, para obter o certificado do médio.
Nos EUA, qualquer estudante que provar que tem habilidades, pode ir para uma universidade, com 12, 14 ou 15 anos, basta ter condições intelectuais para seguir o curso.
Aqui no DF, as cavalgaduras do Conselho de Educação querem que todos sejam idiotas como eles...
Paulo Roberto de Almeida
======
Elevo um comentário ao nível da postagem, depois respondo: [em 28/07/2011]
RAFA disse...
Querido Professor,
Me permito discordar do Sr., acho que pela primeira vez na vida. E isso não há de ser pouco...
A capacidade intelectual é, e deve ser, o principal parâmetro para ingresso numa Universidade e acesso a conhecimento. Mas a construção do conhecimento não é um mero processamento de informações, é o desenvolvimento de faculdades de análise e de crítica, de teste de hipóteses, de debate franco. Em um curso de graduação se faz, antes de tudo, formação. E para isso, é necessário um mínimo de MATURIDADE - algo que não se pode testar em um vestibular.
Acho um erro permitir a menores de dezoito anos o acesso à Universidade, e dou meu próprio exemplo como amostra de um problema bem maior. Fui aprovado em 4o. lugar no vestibular de Direito da UFRJ com 16 anos, com segundo grau completo, e isso foi péssimo para minha formação. Em que pese toda a orientação vocacional, eu não tinha a menor maturidade para julgar o que era melhor para mim e meu futuro, acabei entrando em um curso muito por influência da família e do que era considerado "bom-senso". Eles diziam "você é inteligente, vai tirar de letra, e como sairá novo da faculdade, terá uma vantagem importante sobre os outros". Que ilusão...
Larguei o curso no terceiro ano, para me dedicar ao que eu realmente gostava, Relações Internacionais. Hoje, sou diplomata, em primeira remoção, e por acaso, adoro Direito. Mas não era a minha.
Se ainda não é viável julgar maturidade sob parâmetros objetivos, temos a Lei, que diz que uma pessoa atinge a maioridade para a maior parte da vida civil aos 18 anos - 16 para voto, o que também acho um erro, mas é a lei. Esse deve ser nosso parâmetro. E devo isso à minha dúvida de que uma pessoa de 13 anos de idade, por mais capacidade intelectual que tenha demonstrado para ingressar em um curso universitário, esteja em um estágio de vida que ela possa realmente compreender o contexto, e o que ele fará com esse conhecimento. Considero que seria muito mais importante para a formação de um jovem que conclui cedo o Ensino Médio - ou que é aprovado mesmo sem completá-lo - uma boa viagem pelo seu país ou pelo mundo, um bom trabalho voluntário, ou mesmo um ano sabático.
Pra que ter um geniozinho de 13 anos em uma universidade? Melhor que ele saiba o que fazer com tanta capacidade antes. E, principalmente, que ele possa ser feliz com isso, em uma área que ele realmente goste, e não que sua família ou seus orientadores o digam que é a melhor.
Aproveito pra reiterar minha admiração pelo Sr. e pelo blog. Que o Sr. siga sendo um farol para todos nós, por muitos e muitos anos!
Um fraterno abraço,
Rafael Paulino
======
Rafael,
Compreendo e até admito seus argumentos, mas ainda assim discordo de você.
Não estou dizendo que todo geniozinho deva ir para a Universidade aos 13 anos, e sobretudo discordo frontalmente da pressão familiar -- estilo James Stuart Mill -- para fazer uma criança aprender latim e grego aos cinco anos, ou seja, enfiar o coitadinho na Universidade aos 13 anos, apenas para satisfazer o ego paterno ou materno.
O que estou dizendo é que NINGUÉM deveria ser impedido de ingressar numa universidade apenas porque não tem 18 anos. Geralmente se trata de jovens de 16 ou 17, que por um outro motivo, tiveram os estudos acelerados no primário e secundário.
Não estou dizendo que se deve "empurrar" adolescentes para a universidade.
Estou dizendo que não se deve IMPEDIR alguns de fazerem isso.
Acho toda proibição que não é motivada por um desejo real de segurança física, BURRA, ESTÚPIDA.
Todos devem ser totalmente livres para realizarem seu potencial.
Não acredito que a tal de "falta de maturidade" para seguir um curso universitário seja a justificativa para a frustração de alguém que poderia fazê-lo e é apenas impedido por uma regulamentação estúpida, cerceadora, burocrática, castradora.
TUDO é experiência, inclusive algumas más experiências (não diferentes de outras, menos más).
Como você vê, continuo sendo um anarquista no plano das liberdades individuais.
Jovens, avançai...
Paulo Roberto de Almeida
Pobres e miseraveis: Chile, Brasil, Argentina...
A presidente diz que pretende tirar 16 milhões de pessoas da miséria, no Brasil, e compara isso à população do Chile:
"Apesar de ter sido uma grande vitória nossa, ainda resta um Chile".
Pois é, pretendem retirar esses 16 milhões da miséria e colocá-los na situação de dependentes do Bolsa-Família.
Ela poderia ter acrescentado o seguinte:
"Estamos construindo um exército de assistidos equivalente a um terço dos habitantes deste país, o que vale uma Argentina inteira no cartão magnético do governo."
Paulo Roberto de Almeida
=========
Elevando notas de rodapé à condição de debate:
ALlan disse...
Bela postagem. Objetiva e que nos alerta das consequências de certas políticas.
Terça-feira, Julho 26, 2011 6:35:00 PM
Daniel disse...
Paulo,
Qual é o problema do Bolsa Família que tantos criticam, muitas vezes sem saber, ou criticam apenas por criticar? Sei que há pessoas que recebem sem ter a mínima necessidade de receber. Mas sei que há várias pessoas que recebem e que necessitam muito do dinheiro, pouco, que recebem. Conheço uma senhora, que três filhos tem, que recebe pouco menos de R$120,00 do programa e isso permite a família dela ter uma qualidade de vida uma pouco melhor. Já que outrora o salário dela não dava pra pagar coisas básicas. Não digo que permita mudar a vida totalmente, mas ajuda e somente as pessoas que necessitam desta ajuda pode realmente falar se é um programa que funciona. Muitos países possuem programas de subsídios. Compreendo que parece que o governo está dando o peixe sem ensinar a pescar, mas penso que isso é uma grande mentira, já que o valor recebido não é muito, quem recebe certamente trabalha também. Não vi ninguém que simplesmente parou de trabalhar devido ao Bolsa Família. Quem parou de trabalhar foram crianças que deixavam de ir à escola para ajudar no sustento da família. Sei que não é assim tão bonitinho, pois ainda há trabalho infantil. Mas tenho certeza que não é este quadro medonho que muitos tentam pintar.
Terça-feira, Julho 26, 2011 11:01:00 PM
Paulo R. de Almeida deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Pobres e miseraveis: Chile, Brasil, Argentina...":
Daniel,
Existe uma visão do mundo que considera normal que o Estado proceda à redistribuição de benefícios para pessoas identificadas como pobres.
Não estou equivocado ao classificar essa visão como sendo socialista, e você deve concordar comigo.
Como disse uma líder política, o socialismo dura enquanto durar o dinheiro dos outros. E é isso que o Estado faz no bolsa-familia: tira dinheiro de alguns para dar aos outros.
Você pode achar isso normal, mas isso significa apenas subsidiar o consumo.
Você talvez tenha estatísticas -- que eu não tenho -- segundo as quais, antes deste governo, quarenta e quatro milhões de pessoas, ou quase um terço do país, passavam fome e só foram salvas pelo programa BF.
Eu tendo mais a acreditar que se trata de um curral eleitoral.
O problema do BF, se voce quer minha opinião é justamente esse: criar uma nacao de assistidos.
Não creio que um país possa prosperar assim.
Pode ser que outros países tenham programas de subsidios. Nao importa, não é por isso que eu acho correto.
Muitos países possuem agriculturas subsidiadas, industrias protegidas pelo Estado e não é por isso que eu vou concordar com o que considero estruturalmente equivocado.
Pode até ser pouco dinheiro, mas prefiro outras políticas: de subsídio à educação de jovens e adolescentes: primário, secundário e escolas técnicas, ponto final.
Desculpe se o decepciono, mas eu sou assim.
Expresso minha opinião e estou pronto a defendê-la com base em argumentos econômicos, posturas racionais, raciocínios lógicos.
Considero o BF nefasto para o Brasil, como considero os programas de ação afirmativa em bases raciais deletérios, divisionistas, sementes do Apartheid.
Sou assim...
Paulo Roberto de Almeida
"Apesar de ter sido uma grande vitória nossa, ainda resta um Chile".
Pois é, pretendem retirar esses 16 milhões da miséria e colocá-los na situação de dependentes do Bolsa-Família.
Ela poderia ter acrescentado o seguinte:
"Estamos construindo um exército de assistidos equivalente a um terço dos habitantes deste país, o que vale uma Argentina inteira no cartão magnético do governo."
Paulo Roberto de Almeida
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Elevando notas de rodapé à condição de debate:
ALlan disse...
Bela postagem. Objetiva e que nos alerta das consequências de certas políticas.
Terça-feira, Julho 26, 2011 6:35:00 PM
Daniel disse...
Paulo,
Qual é o problema do Bolsa Família que tantos criticam, muitas vezes sem saber, ou criticam apenas por criticar? Sei que há pessoas que recebem sem ter a mínima necessidade de receber. Mas sei que há várias pessoas que recebem e que necessitam muito do dinheiro, pouco, que recebem. Conheço uma senhora, que três filhos tem, que recebe pouco menos de R$120,00 do programa e isso permite a família dela ter uma qualidade de vida uma pouco melhor. Já que outrora o salário dela não dava pra pagar coisas básicas. Não digo que permita mudar a vida totalmente, mas ajuda e somente as pessoas que necessitam desta ajuda pode realmente falar se é um programa que funciona. Muitos países possuem programas de subsídios. Compreendo que parece que o governo está dando o peixe sem ensinar a pescar, mas penso que isso é uma grande mentira, já que o valor recebido não é muito, quem recebe certamente trabalha também. Não vi ninguém que simplesmente parou de trabalhar devido ao Bolsa Família. Quem parou de trabalhar foram crianças que deixavam de ir à escola para ajudar no sustento da família. Sei que não é assim tão bonitinho, pois ainda há trabalho infantil. Mas tenho certeza que não é este quadro medonho que muitos tentam pintar.
Terça-feira, Julho 26, 2011 11:01:00 PM
Paulo R. de Almeida deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Pobres e miseraveis: Chile, Brasil, Argentina...":
Daniel,
Existe uma visão do mundo que considera normal que o Estado proceda à redistribuição de benefícios para pessoas identificadas como pobres.
Não estou equivocado ao classificar essa visão como sendo socialista, e você deve concordar comigo.
Como disse uma líder política, o socialismo dura enquanto durar o dinheiro dos outros. E é isso que o Estado faz no bolsa-familia: tira dinheiro de alguns para dar aos outros.
Você pode achar isso normal, mas isso significa apenas subsidiar o consumo.
Você talvez tenha estatísticas -- que eu não tenho -- segundo as quais, antes deste governo, quarenta e quatro milhões de pessoas, ou quase um terço do país, passavam fome e só foram salvas pelo programa BF.
Eu tendo mais a acreditar que se trata de um curral eleitoral.
O problema do BF, se voce quer minha opinião é justamente esse: criar uma nacao de assistidos.
Não creio que um país possa prosperar assim.
Pode ser que outros países tenham programas de subsidios. Nao importa, não é por isso que eu acho correto.
Muitos países possuem agriculturas subsidiadas, industrias protegidas pelo Estado e não é por isso que eu vou concordar com o que considero estruturalmente equivocado.
Pode até ser pouco dinheiro, mas prefiro outras políticas: de subsídio à educação de jovens e adolescentes: primário, secundário e escolas técnicas, ponto final.
Desculpe se o decepciono, mas eu sou assim.
Expresso minha opinião e estou pronto a defendê-la com base em argumentos econômicos, posturas racionais, raciocínios lógicos.
Considero o BF nefasto para o Brasil, como considero os programas de ação afirmativa em bases raciais deletérios, divisionistas, sementes do Apartheid.
Sou assim...
Paulo Roberto de Almeida
E por falar em educacao de presidiarios...
...querem transformar os alunos em "presidiários" (por culpa dos professores ausentes).
Nem tanto assim, mas o quadro do ausentismo dos mestres é catastrófico, ao que parece.
Congresso deve providenciar outra lei prevendo a compra de correntes para deixar os alunos bem atados às escolas...
Paulo Roberto de Almeida
Aprovado projeto que obriga a permanência dos alunos dentro da escola
Karla Alessandra.
Notícias da Câmara, quarta-feira, 31 de março de 2010, 19:25
Brasília - Câmara aprova projeto de lei (PL 2357/07) que obriga a permanência dos alunos dentro da escola, mesmo na ausência dos professores.
Segundo o projeto, na falta do professor os alunos deverão permanecer dentro da escola em atividades recreativas.
O relator da proposta na Comissão de Constituição e Justiça, deputado Efraim Filho, do Democratas da Paraíba, é favorável ao projeto que vai dar mais segurança para os alunos.
"Quando há ausência do professor o aluno é dispensado com a ideia de que ele retorne à casa. Agora nem sempre é isso que acontece e é exatamente esse o mérito do projeto que aprovamos reconhecer que a escola tem que ter um papel de responsabilidade."
Efraim Filho lembrou que nas escolas já existem professores de artes e de educação física que podem ser acionados no caso da falta de um outro professor.
Ana Siqueira, que é mãe de dois alunos da rede pública de ensino, é favorável à permanência dos alunos na escola durante todo o período de aula, para que as crianças não fiquem expostas à ação de marginais.
"Principalmente, eu acho que na adolescência eu acho que não é bom ele ficar em casa porque tem muitos pais que trabalham, como é que ele vai saber se o filho vai para casa ou não vai? Eu sou de acordo que seja dada uma outra atividade, ou de violão ou de dança, ou de desenho ou de digitação. É assim que eu penso."
A proposta segue agora para o Senado.
Nem tanto assim, mas o quadro do ausentismo dos mestres é catastrófico, ao que parece.
Congresso deve providenciar outra lei prevendo a compra de correntes para deixar os alunos bem atados às escolas...
Paulo Roberto de Almeida
Aprovado projeto que obriga a permanência dos alunos dentro da escola
Karla Alessandra.
Notícias da Câmara, quarta-feira, 31 de março de 2010, 19:25
Brasília - Câmara aprova projeto de lei (PL 2357/07) que obriga a permanência dos alunos dentro da escola, mesmo na ausência dos professores.
Segundo o projeto, na falta do professor os alunos deverão permanecer dentro da escola em atividades recreativas.
O relator da proposta na Comissão de Constituição e Justiça, deputado Efraim Filho, do Democratas da Paraíba, é favorável ao projeto que vai dar mais segurança para os alunos.
"Quando há ausência do professor o aluno é dispensado com a ideia de que ele retorne à casa. Agora nem sempre é isso que acontece e é exatamente esse o mérito do projeto que aprovamos reconhecer que a escola tem que ter um papel de responsabilidade."
Efraim Filho lembrou que nas escolas já existem professores de artes e de educação física que podem ser acionados no caso da falta de um outro professor.
Ana Siqueira, que é mãe de dois alunos da rede pública de ensino, é favorável à permanência dos alunos na escola durante todo o período de aula, para que as crianças não fiquem expostas à ação de marginais.
"Principalmente, eu acho que na adolescência eu acho que não é bom ele ficar em casa porque tem muitos pais que trabalham, como é que ele vai saber se o filho vai para casa ou não vai? Eu sou de acordo que seja dada uma outra atividade, ou de violão ou de dança, ou de desenho ou de digitação. É assim que eu penso."
A proposta segue agora para o Senado.
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