sábado, 13 de agosto de 2011

Muro de Berlim: 13 de agosto de 1961

Cinquenta anos atrás, o mundo comunista piscou em face do capitalismo...
Elaborei um artigo sobre a questão:
Um outro mundo possível: alternativas históricas da Alemanha, antes e depois do muro de Berlim, neste link.
Paulo Roberto de Almeida

MURO COMUNISTA
Há 50 anos Berlim foi dividida em duas
Opinião e Notícia, 13/08/2011

Prefeito de Berlim declarou que a cidade está relembrando neste sábado 'seu dia mais triste na história recente'

A Alemanha marca neste sábado, 13, os 50 anos da construção do Muro de Berlim, que durante 28 anos dividiu a cidade e virou o símbolo máximo da Guerra Fria e do mundo bipolar.

As autoridades comunistas da Alemanha Oriental ergueram o muro (inicialmente uma rede de alambrados de arame farpado) na noite de 13 de agosto de 1961, rodeando totalmente o lado ocidental da cidade.

‘Dia mais triste na história recente’
Na manhã deste sábado houve uma cerimônia com a leitura dos nomes de 136 berlinenses que morreram tentando cruzar o muro para o lado ocidental.

O prefeito de Berlim, Klaus Wowereit, declarou que a cidade está relembrando neste sábado “seu dia mais triste na história recente”.

Hooligans não gostam de ler... (claro, do contrario não seriam vandalos)

Ufa! Livros foram salvos. Ou melhor, não foram destruídos ou roubados, durante o mais recente festival de vandalismo em Londres (outros virão).
Parece que os baderneiros não gostam de ler.
Ainda bem: sobra mais para nós...
Paulo Roberto de Almeida

DISTÚRBIOS EM LONDRES
Quando os livros eram queimados
Opinião e Notícia, 13/08/2011

Apesar dos motins, livros tenderam a ficar seguros em suas estantes, com seu sutil poder alegremente negligenciado. Da ‘The Economist’*

Livros e motins compartilham uma história atribulada. Pense na Fogueira das Vaidades em 1497, quando Girolamo Savonarola e sua turma de seguidores religiosos rigorosamente coletaram e atearam fogo em pilhas de literatura “pagã”. Séculos depois, tochas de estudantes alemães de direita queimaram livros em protesto contra o que eles consideravam como a mácula rastejante do intelectualismo judeu sobre a cultura nacional.

Em 2011, em Londres, contudo, os bibliófilos podem respirar aliviados: apesar dos motins, os livros tenderam a ficar seguros em suas estantes, com seu sutil poder alegremente negligenciado. Em termos de alvos de saques, os livros estão perdendo espaço para calças jeans caras e engenhocas da Apple. Um funcionário bem-humorado da livraria Waterstones, em Manchester, falou que sua loja permaneceria aberta apesar do tumulto.

“Se eles roubarem alguns livros talvez aprendam alguma coisa”, disse. Mas ele parece estar fadado a se decepcionar: até agora apenas uma WH Smith foi saqueada, e nenhuma Waterstones. Como Patrick French tuitou, “A única loja que não foi saqueada na minha rua foi a Waterstones”.

A única infeliz exceção à anistia dos livros prevalecente é a Gay’s The Word, em Bloosbury, a primeira livraria exclusivamente gay e lésbica de Londres. Na manhã do dia 8 de agosto, os funcionários encontraram a vitrine da livraria estraçalhada por uma pedra e os livros à mostra cobertos por ovos. Nenhuma outra loja daquela rua fora depredada e nenhum livro subtraído. O subgerente, Uli Lenart, disse aos repórteres: “Estamos aliviados que um fósforo não tenha vindo depois da pedra”.

Simon Key, sócio da Big Green Bookshop em Wood Green London, foi rápido em se manifestar a respeito da violência e saques locais no blog da livraria, considerando-os “míopes, ignorantes e mesquinhos”. A sua livraria não sofreu danos, mas carros queimados e cacos de vidro espalhavam-se pela rua. A atmosfera de ameaça e incerteza claramente irritava-o: “é muito difícil continuar normalmente e, por precaução, nós cancelamos o nosso grupo de discussão de livros”. Ele estava decidido, porém, a “não deixar essa noite terrível de violência arruinar as coisas”. Arruaceiros, guardem essas palavras.

Autores de livros sobre motins em Londres como “Violent London: 2000 years of Riots, Rebels & Revolts” de Clive Bloom, devem estar ansiosos para o aumento de vendas (com pesar no coração, é claro). E muito tinta inevitavelmente será gasta sobre as raízes e causas destas últimas erupções. Eu já posso ver as capas, com jovens encapuzados e títulos com letras grandes e vermelhas. Mas a mensagem subjacente para livrarias dificilmente seria material de manchete: saqueadores, como consumidores mais convencionais, ignorarão os seus artigos sem pesar.

* Texto traduzido e adaptado pelo Opinião e Notícia

Militares a beira de um ataque de nervos (e nao é um filme...)

Um general que já foi presidente do Clube Militar e que não parece ter papas na língua, provavelmente sabendo que interpreta o pensamento de muitos militares da ativa que não podem falar...
Paulo Roberto de Almeida

CARTA AO SENHOR JOBIM
Luiz Gonzaga Schroeder Lessa
12 de agosto de 2011

Como era natural, o senhor se foi, sem traumas, sem solavancos, substituído quase que por telefone, não durando mais do que cinco minutos o seu despacho de despedida com a presidente, que, de forma providencial, já tinha até o seu substituto definido. Surpreso? Nem tanto.
Substituição aceita com a maior naturalidade, pois ela é parte da rotina militar.
O senhor talvez esperasse adesões e simpatias que não ocorreram, primeiro, pela disciplina castrense e, depois, pelo desgaste acumulado ao longo dos seus trágicos 4 anos de investidura no cargo de ministro da defesa. E como um dia é da caça e outro do caçador, o senhor foi expelido do cargo de forma vergonhosa, ácida, quase sem consideração a sua pessoa, repetindo os atos que tantas vezes praticou com exemplares militares que tiveram, por dever de ofício, a desventura de servir no seu ministério (veja que omiti a palavra comando, porque o senhor nunca os comandou).
O desabafo à revista Piauí, gota d’água para a sua saída, retrata com fidelidade e até mesmo estupefação o seu ego avassalador, que julgava estar acima de tudo e de todos, a prepotência, a arrogância e a afetada intimidade com os seus colaboradores no trato dos assuntos funcionais, o desconhecimento dos preceitos da ética e do comportamento militar, a psicótica necessidade de se fantasiar de militar, envergando uniformes que não lhe cabiam não apenas por seu tamanho desproporcional, mas, também, pela carência de virtudes básicas, como se um oficial-general se fizesse unicamente pelos uniformes, galões e insígnias que usa, esquecendo que a sua verdadeira autoridade emana dos longos anos de serviços prestados à Nação e da consideração e do respeito que nutre pelos seus camaradas. O senhor, de fato, nunca a entendeu e nunca foi compreendido e aceito pela tropa, por faltar-lhe um agregador essencial – a alma de Soldado.
Sua trajetória no Ministério da Defesa foi a mais retumbante desmistificação daquilo que prometeu realizar.
Infelizmente, as Forças Armadas ficaram piores, ainda mais enfraquecidas. Suas promessas de reaparelhamento e modernização não se realizaram. Continuam despreparadas para cumprir as suas missões e, na realidade, são forças desarmadas, só empregadas no cumprimento de missões policiais, muito aquém das suas responsabilidades constitucionais.
A Marinha poderá até apresentar um saldo positivo no seu programa de submarinos, mas a força de superfície está acabada, necessitando de urgente renovação, que não veio. A Aeronáutica prossegue sonhando com os modernos caças com que lhe acenaram, programa que desafia a paciência e aguarda por mais de 10 anos. O Exército parece ser o que se encontra em pior situação no tocante ao seu equipamento e armamento, na quase totalidade com mais de 50 anos de uso. Nem mesmo o seu armamento básico, o fuzil, teve substituto à altura. Evolução tecnológica, praticamente, nenhuma. O crônico problema salarial que, por anos, atormenta e inferioriza os militares que são tratados quase como párias, não teve uma programação que pretendesse amenizá-lo. A Comissão da Verdade, em face da sua dúbia atitude, é obra inconclusa, que tende a se agravar como perigoso fator desagregador da unidade nacional
O que fez o senhor ao longo desses quatro últimos anos para reverter essa situação, Sr Jobim. Nada! Só palavrório, discursos vazios, promessas que não se cumpriram, enganações e mais enganações. Mas sempre teve a paciência, a lealdade e a fidelidade dos Comandantes de Força.
A Estratégia Nacional de Defesa é o maior embuste que tenta vender. Megalômana, sem prazos e recursos financeiros delimitados por específicos programas governamentais, é um documento político para ser usado ou descartado ao sabor das circunstâncias, como atualmente ocorre, quando é vítima dos severos cortes orçamentários impostos às Forças Armadas, que inviabilizam os seus sonhos de modernização. Mal sobram recursos necessários para a sua vida vegetativa.
O caos aéreo que prometeu reverter com a modernização da infraestrutura aeroportuária só fez crescer e ameaça ficar fora de controle.
Você (como gosta de chamar os seus oficiais-generais) foi um embuste, Jobim.
Por tudo de mal que fez à Nação, enganando-a sobre o real estado das Forças Armadas, já vai tarde. Vamos ficar livres das suas baboseiras, das suas palavras ao vento, das suas falácias, das suas pretensões de efetivamente comandar as Forças Armadas, mesmo que para isso tivesse que usurpar os limites constitucionais.
Você parte amargando a compreensão de que nada mais foi do que um funcionário ad nutum, como todos os demais, demitido por extrapolar os limites das suas atribuições. A contragosto, é forçado a admitir que o verdadeiro comandante das Forças Armadas é a Presidente Dilma que, sem cerimônia, não tem delegado essa honrosa missão exercendo-a, por direito e de fato, na plenitude da sua competência.
Você acusou o golpe. Não teve, nem sequer, a disposição de transmitir o cargo que exerceu. Faceta da sua personalidade que a história saberá julgar.
Como no Brasil tudo o que está ruim pode ficar ainda pior, vamos ter que aturar o embaixador Amorim, que por longos 8 anos deslustrou o Itamaraty e comprometeu a nossa tradicional e competente diplomacia. Sem afinidade com as Forças, alheio aos seus problemas e necessidades mais prementes, com notória orientação esquerdista, só o tempo dirá se a sua indicação valeu a pena.
No fundo, creio mesmo que só ao Senhor dos Exércitos caberá cuidar das nossas Forças Armadas.

1) O autor é General-de-Exército, Ex-Presidente do Clube Militar e Membro Fundador da Academia Brasileira de Defesa.
2) As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, o pensamento da ABD.

Um plano simples para acabar com as crises, todas as crises (bem, nao pergunte o que vai acontecer depois...)

Um programa de seis pontos para terminar com a crise da dívida

Leiam, se desejarem o artigo abaixo primeiro, depois voltem para meus comentários iniciais. Eu não sei porque certas pessoas perdem tanto tempo pedindo para se elaborarem planos complexos de salvamento. Basta fazer o que eu recomendo, a partir do artigo desse alemão, certamente bem intencionado. Mas acho que ele não perguntou às gerações futuras o que elas pensam deste plano.

Acho que não precisa de seis pontos para acabar com a crise da dívida pública na Europa, e em grande medida nos EUA também. Basta uma única medida, umazinha...
Seguindo a linha de pensamento desse professor de economia é tudo muito simples: basta que os governos financiem sem limite os inadimplentes, os gastadores contumazes, os insolventes, os relapsos, os irresponsáveis, os fraudadores de contas públicas e de dados estatísticos, enfim, que eles façam TODO O POSSÍVEL, como ele mesmo enfatiza, diversas vezes, para assegurar que a máquina continue rodando sem "problemas sociais ou econômicos".
Em suma, não precisa seis medidas, basta uma recomendação: gaste dinheiro a rodo, se não tiver, não tem problema, imprima dinheiro e distribua para governos, bancos, empresas, indivíduos.
É tudo tão simples. Não sei por que escrever um artigo inteiro para dizer isso.
Prêmio Nobel de economia, certamente...
Paulo R. de Almeida

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Fixing the Euro Zone
A Six-Point Plan for Ending the Debt Crisis
A Commentary by Thomas Straubhaar
Der Spiegel, 12/08/2011

There seems to be no end in sight for the long-running crisis in the euro zone, and politicians seem to be powerless to prevent the further erosion of the monetary union. But there are a number of practical steps that would mitigate the crisis -- and help prevent the next one.
As the saying goes, extraordinary times call for extraordinary measures. The financial markets are highly nervous, and people are losing their faith that politicians can do anything to combat the growing debt crisis.
Under these conditions, the most important aim of any measures has to be to halt the snowball effect of recent events and to keep the economic wildfire from crossing over from the financial markets to the real economy. And the only way to do that is by having politicians wrestle back the helm.
What's more, Europe and the United States need to start coordinating their actions as quickly as possible. In the near term, heavily indebted countries must be given the liquidity they need in the form of new loans. In the long term, politicians need to hammer out a credible way to reduce state debt.
To meet these challenges, Europe needs to follow a six-point plan:
• First, under German and French leadership, the governments of the 17 countries making up the euro zone need to make it clear that they are prepared to use all the means at their disposal to prevent fellow euro-zone countries from going broke. At the height of the financial crisis in 2008, German Chancellor Angela Merkel and then-Finance Minister Peer Steinbrück demonstrated how to communicate such a message in a convincing way when they pledged that the German state would guarantee the savings of private German citizens.
• Second, this promise of support means that the euro rescue fund, the European Financial Stability Facility (EFSF), should be expanded without limits. Loans at cheap interest rates and with long maturities will be offered to any euro-zone country that needs it. But countries that want to refinance their debt using money from euro-zone coffers will have to give up something in return: part of their autonomy over their state finances. In real terms, this means having borrowers present their medium-term budgeting plans to lenders, raise certain taxes and abide by the stipulations of a debt brake similar to the one that Germany has introduced, which requires the government to virtually eliminate the structural deficit by 2016. The bigger the loan, the more autonomy lost. For example, euro-zone officials could even replace those of individual nations to perform duties such as collecting taxes and implementing plans to cut costs and privatize state assets.
• Third, the European Central Bank (ECB) needs to give up its role as the institution that comes to the rescue of countries in risk of default by buying up their sovereign bonds. The ECB is not a so-called "bad bank" for the bonds of broke countries that nobody wants to buy. Instead, it should focus on its most important mandate: managing the money supply so that prices stay stable. So far, it has performed this task well. Bringing debt under control is a matter of financial policy. It's a problem that states should solve -- and not the central bank.
• Fourth, the right thing to do is to transform the euro-zone into a fiscal union in which all members are jointly liable for each other's obligations. If everything else has failed, but politicians -- rightly -- want to prevent the collapse of the monetary union, there needs to be a jointly financed stability mechanism that can supply emergency financial assistance in times of crisis. The EFSF should assume this responsibility. In order to prevent the crisis from spilling over into other countries, it should have the ability to buy sovereign bonds directly on the secondary market -- in other words, from banks and insurance companies. Doing so would turn the euro zone into a so-called transfer union.
• Fifth, in order to free countries from the yoke of the ratings agencies, the agencies' verdicts should be downgraded to the status of simple statements of opinion. They would then be viewed as something along the lines of a seal of approval handed out by consumer-protection agencies, but nobody would be forced to pay attention to them. In other words, whoever wants to listen to the pronouncements of those who analyze the creditworthiness of countries and companies can do so -- or not.
• Sixth, the governments of the euro-zone countries should make it clear that they will not allow developments on global stock markets to dictate their actions. They cannot be allowed to make it their goal to influence the behavior of private-sector stockbrokers. However, they need to send out a clear signal that they are willing to keep public budgets in order over the long term and to make every effort to guarantee conditions that encourage growth, stability and the ensuing predictability. They also need to create more transparency and introduce tighter financial-market regulations. They should, for example, implement a complete ban on short-selling.
It would be foolish to expect that even a perfect implementation of these six measures could solve all aspects of the debt crisis for ever. There will always be governments that don't keep to what they've agreed to do, as well as others that continue piling up debt. These proposed solutions are practical, but not perfect.
Neither will they be able to prevent the next crisis. But they would help to make it less likely -- and, if worse comes to worst, they'll make it easier to deal with the consequences.

Thomas Straubhaaris a professor of economics at the University of Hamburg and director of theHamburg Institute of International Economics (HWWI). His special area of research is international economic relations. He has also studied regulatory policy and questions of educational and population economics. In early 2010, he became the Helmut Schmidt Fellow at the Transatlantic Academy in Washington, DC.

Ficar rico, no Brasil? So com dinheiro publico...

Quando alguém quer saber qual sua renda, no Brasil, ou na Europa, essa pessoa geralmente pergunta:
"Quanto você GANHA?" (Enfatizo o verbo por ele ter uma conotação importante, como se verá.)
Quando a mesma pergunta é feita nos Estados Unidos, o indivíduo geralmente pergunta:
"How much you MAKE?" (Ou seja, não quanto você ganha, mas quanto você FAZ de dinheiro.)

Essa pequena diferença de verbos, entre o "how much you earn?" e o "how much you make?" faz TODA A DIFERENÇA de mentalidades, e não só de universos mentais, mas de ambiente de negócios, entre um país dinâmico, onde as pessoas fazem dinheiro por sua própria conta e esforço, e outros países, onde as pessoas "ganham" dinheiro de uma fonte qualquer, pode ser assalariado privado, funcionário público, honorários, rendas, whatever...

Nos EUA, se alguém quer ficar rico -- e suponho que muita gente queira -- essa pessoa começa a pensar em maneiras de ganhar dinheiro, mais exatamente, MAKE MONEY, em algum negócio qualquer, que ela vai construir, a partir do fundo da garagem, com dinheiro catado aqui e acolá, e transformar aquilo num empreendimento lucrativo. Daí o sujeito compra sua mansão, o seu iate, casa de campo, etc, com o dinheiro que ELE FEZ, não com favores governamentais ou trapaças empresariais.
Esta é uma história tipicamente americana, e deveria ser a normalidade um pouco em todas as partes do mundo, mas infelizmente não é.

Pois bem, no Brasil, para alguém ficar rico rapidamente, ele tem algumas escolhas, talvez três basicamente: o mercado, os negócios protegidos e o dinheiro público, diretamente.
Pode inventar algo absolutamente genial e ficar riquíssimo em pouco tempo, mas não me lembro de exemplos do gênero nos últimos anos (ou séculos). Com exceção de Santos Dumont -- que dizem que inventou o avião, mas nunca o patenteou, como os irmãos Whright, e não tinha, digamos assim, "tino empresarial", sendo mais um dandy modernoso, com suas manias aéreas -- não me lembro de algum gênio da inventividade nacional; e todos sabem que o Brasil não se distingue particularmente pela inventividade nacional, sendo pífio, medíocre, absolutamente nulo no registro de patentes nacionais de mais alto significado para a indústria e o mercado. Excluímos essa portanto.
Existem, contudo, grandes empresários nacionais. Se formos analisar bem as origens dessas riquezas, veremos que elas não estão exatamente no sucesso empresarial enquanto tal, mas na exploração de um setor qualquer que se beneficiou de prebendas e proteções estatais. Existem, claro, alguns "reis da soja", "reis do gado", que fizeram fortuna graças a seu trabalho, mas em algum momento eles vão buscar dinheiro público para aumentar seus negócios e monopolizarem um setor qualquer, esses setores.
Quanto aos "reis do cimento", "reis do aço", dos supermercados, disso ou daquilo, podem constatar, eles se fizeram graças à proteção, aos monopólios e cartéis, à colusão com os poderes públicos e ao dinheiro estatal (ou seja, nosso). Gostaria de conhecer empresários brasileiros ao estilo americano, mas vejo poucos, muito poucos. As grandes construtoras, os grandes bancos o são devido ao fechamento do mercado brasileiro aos concorrentes estrangeiros, e certa promiscuidade com os governantes de plantão.
A terceira forma é essa descrita abaixo, muito comum, absolutamente corriqueira no Brasil: você rouba dinheiro público, diretamente, simplesmente, facilmente. Nem vou me estender sobre as modalidades, pois elas estão sendo descritas diariamente nos jornais.
Passem bem (ou mal, em vista desse tipo de notícia) o resto do fim de semana.
Paulo Roberto de Almeida

“Ah, é pro governo, joga o valor pra três, tudo vezes três”
Folha de S.Paulo, 13/08/2011

Conversas telefônicas interceptadas na Operação Voucher da Polícia Federal mostram investigados falando sobre como superfaturar e até falsificar documentos em licitações com o governo. Nas conversas, os suspeitos de integrar o esquema chegam a afirmar que “quando o dinheiro é público não pesa no bolso” e apontam Brasília como um paraíso para obtenção de facilidades: “Mandou para Brasília, ficou fácil”, diz uma investigada. Na terça, a PF prendeu 36 suspeitos de desviar recursos do Ministério do Turismo em convênios com ONGs -entre servidores e empresários que faziam negócios com a pasta. Em conversa gravada com autorização judicial, em 21 de junho de 2011, o empresário Humberto Silva Gomes diz que no Brasil “o governo paga e quer que você apenas gaste direitinho, ele não quer um retorno”. Ele é sócio da Barbalho Reis, uma das empresas suspeitas de integrar o esquema, e está foragido.

Quando é dinheiro público, não pesa no seu bolso. Aí você joga pro alto mesmo, até porque se você não jogar você vai perder logo de cara, porque todo mundo vai jogar. Criou essa ideia aqui: “Ah, é pro governo, joga o valor pra três, tudo vezes três’”, diz Humberto: “Superfaturamento sempre existe”. Em outro diálogo, de 26 de maio, Sandro Saad, diretor financeiro da ONG Ibrasi, conversa com um empresário sobre um edital da Prefeitura de São Vicente (SP) que nem sequer tinha sido lançado. No áudio, Sandro pergunta se eles vão “falsificar os outros [concorrentes] ou tentar compor o jogo” e diz que “o pessoal lá de dentro” quer que ele pegue a licitação. Em outra escuta, os diretores do Ibrasi, Maria Helena Necchi e Luiz Gustavo Machado, falam sobre como vão adulterar papéis do convênio no Amapá para simular comprovação de despesas que não teriam sido realizadas.

Entrevista Marcos Azambuja - Brasilia Em Dia

Marcos Azambuja - Barbas do vizinho...
Marcone Formiga
Brasília Em Dia, 12 de agosto de 2011

Um dos mais brilhantes dos embaixadores brasileiros, Marcos Azambuja, é sempre requisitado quando o mundo parece entrar em transe. Sempre muito bem informado em geopolítica, economia, além de diplomacia, ele está sempre acompanhando os acontecimentos globais, buscando fontes em quase todo o mundo para se inteirar. Antes de se aposentar na carreira, ele ocupou embaixadas estratégicas, como a da França e a da Argentina. Sobre a geopolítica, ele não tem dúvida nenhuma de que o Brasil ocupa uma posição favorável em relação ao desarmamento geral, o que ele considera um gesto cristalino, embora não faltem aqueles que considerem essa posição meramente de visionário. O embaixador não tem dúvida, por exemplo, que a humanidade é justa porque existem os visionários, e que não existe mal nenhum em perseguir uma causa, como a brasileira, em se posicionar a favor do desarmamento nos países.

Antes do colapso econômico dos Estados Unidos, o embaixador Marcos Azambuja contestou quando a Casa Branca considerou os governos da América do Sul populistas, correspondendo ao Eixo do Mal - um exagero -, afirmando que são governos que, ele crê, não respondem aos interesses dos respectivos países, mesmo sendo direito dessas populações escolherem democraticamente quem quiser. Para o diplomata, rótulo como Eixo do Mal demonstra uma tendência desses governos que, ao invés de aproximarem-se de políticas de racionalidade isolam-se e, por isso mesmo, têm um comportamento mais errático.

Nesta edição, diante do cenário de crise nos Estados Unidos, que não se trata de um caso isolado, muito pelo contrário, argumenta que esse problema existe em todo o planeta e afirmou que o cenário é mantido pelo Atlântico Norte, Europa e Estados Unidos.

Depois de acompanhar os fatos em torno de Washington, assim como a reação mundial, ele afirma que não é momento para pessimismo e tampouco para complacências, argumentando que o Brasil não escapa das regras gerais, e até lembrou uma velha frase: “O Brasil tinha que colocar as suas barbas de molho, porque têm muitas barbas de vizinho pegando fogo”.

- Como o senhor vê a crise nos Estados Unidos e no mundo?

- Vamos usar a palavra crises; não creio que haja uma unicidade, que aconteça uma só causa, uma só construção. Acho que nós estamos vivendo hoje,em um mundo,com um empilhamento de crises, que se sucedem, se acumulam. Elas têm gênese diferente, casualidades diferentes e, possivelmente, trajetórias diferentes. Deste modo, vamos falar de um mundo em crises: as do Oriente Médio, com toda a sua problemática que tem uma origem muito local; a crise da credibilidade dos Estados Unidos com a fragilização do dólar e da hegemonia americana. Portanto, há uma série de crises que se multiplicam, como a crise gerada pela emergência das grandes potências asiáticas e do Brasil. Nem todo mundo está em crise. A Ásia está vivendo um boom e a América do Sul não está vivendo um mau momento. A crise é mais do centro antigo europeu, do Atlântico Norte, Europa e Estados Unidos. Vamos dar notas muito boas à Ásia e à América do Sul e notas muito baixas à Europa e aos Estados Unidos.

- Qual será o desdobramento disso, qual o cenário futuro?

- De novo, vou pluralizar, são os desdobramentos. Primeiro, vamos fazer um pouco de exercício prospectivo, com os riscos que isso causa. Não vejo o fim da hegemonia americana, acho até que é porque os Estados Unidos perdurarão por um tempo ainda longo. Trata-se de uma potência hegemônica, sobretudo, além de todos os fatores econômicos, comerciais e financeiros; é de fato a única superpotência militar. Não podemos esquecer que o músculo militar ainda é um fator muito importante e eles continuarão a ter essa dominância.

- Como fica a geopolítica?

- Acho que a parte do mundo que também perderá estatura é a Europa Ocidental. Não é que entrará em decadência, não será mais o que já foi; ela deixará de ser aquela espécie de extensão do poder do Atlântico Norte, dos Estados Unidos, em troca de um crescimento, de uma emergência, da Ásia, do Brasil e da América do Sul. Também vejo alguns países isolados da África, nessa emergência vem a África do Sul, e virá também, de certa maneira, o México, os novos asiáticos, Indonésia e Coreia. O que está havendo hoje no mundo é um grande deslocamento do foco e do eixo do poder.

- Pode emergir o autoritarismo?

- O mundo se desloca do Atlântico para o Pacífico, da Europa para a Ásia, e nós entramos bem nisso, nós estamos colocados nesse pequeno bloco do Brics, dos grandes emergentes. Não vejo uma crise, no sentido de um colapso; não é 1929 portanto, uma espécie de depressão mundial duradoura. Não vejo também a emergência de novos autoritarismos ideológicos, não vejo o risco dos anos 30, de um fascismo e um nazismo e de um comunismo militante. O mundo vai jogar com regras parecidas portanto, não sou catastrófico, sou uma pessoa preocupada.

- O ministro Guido Mantega afirmou que o Brasil está preparado, mas não imune à crise. O senhor concorda?

- É um jogo um pouco semântico. Nenhum país estaria, a rigor, preparado. O que faz a crise é que ela é surpreendente, ela se estende por lugares antes não contaminados; a ideia de prever o futuro é o mais arriscado dos exercícios. O Brasil será atingido, sobretudo, porque o que me preocupa mais, absolutamente, é que nesse grande embate o que tem sido o motor da nossa prosperidade, que é a valorização crescente das nossas commodities sofra o processo de deteriorização.

- Mas como vai ficar o Brasil?

- O Brasil tem vivido muito bem de quase tudo que nós exportamos. Está cada vez mais consistente ao longo dos últimos 10, 15 anos. Proteínas animais, todos os produtos agrícolas, minérios, ou seja, o país está vivendo um boom, em parte por ter arrumado a sua casa, mas em grande parte porque os mercados do mundo compram cada vez mais e melhor, aquilo que nós produzimos de maneira competitivamente muito bem. A minha preocupação é que , com o que está acontecendo, haja uma desaceleração no mercado de commodities...

- E na hipótese de perda do valor desses produtos, o que aconteceria?

- Sem dúvida, uma perda do valor desses produtos faria com que as receitas brasileiras de exportação ficassem muito atingidas. Isso não é uma desgraça, mas tira do nosso crescimento um elemento essencial de dinamismo.

- Os investimentos podem ser afugentados, claro...

- Os investimentos - há um grande paradoxo... Quando há uma grande crise, os investimentos fluem para onde há mais segurança - que continuam a ser os Estados Unidos. Ou seja, é quase que uma coisa paradoxal, quando a situação vai mal no mundo, os donos do tesouro norte-americano, os papéis americanos são de uma atração imensa, apesar de tudo. Você pode falar do ouro, mas ele tem uma dificuldade física, é de uma inelasticidade que é parte da sua natureza.

- Mas, acontece que os americanos não são mais os donos do mundo, como pareciam.

- Os Estados Unidos estão cada vez mais vulneráveis as pressões da China e do Brasil, com quase US$ 250 bilhões de reservas lá. Existe hoje, também, uma certa alavancagem, estamos fazendo um jogo. O Brasil e, sobretudo, a China estão alimentando o vício norte-americano em dívida, porque não têm outro lugar para colocar o dinheiro. O problema nosso e da China é que estamos fazendo grandes reservas, e não sabemos o que fazer com essas reservas, a não ser colocá-las em papéis americanos.

- O que muda na geopolítica da América Latina?

- Não uso muito a palavra América Latina. Uso em um sentido cultural, afetivo; prefiro falar da América do Sul, que é o que eu entendo mais. A América Latina inclui América Central e México - é mais complicado. O México tem uma latinidade de língua e de cultura, mas é parte de um bloco que se chama NAFTA. Quer dizer, ele é um país da América do Norte - não confundir isso. A América do Sul está vivendo um momento bom. Mais ainda que o Brasil, a Argentina e um pouco o Chile são produtores de commodities, sobretudo a Argentina. Estão vivendo um bom momento, os próprios populismos mais veementes da América do Sul estão um pouquinho desacreditados.

- O coronel Hugo Chávez é, ou não, um complicador?

- Chávez perdeu um pouco a sua retórica, assim como o Correa, o Evo Morales. Acho que há uma retração daquele populismo mais retórico, em troca de um pragmatismo mais construtivo. O Brasil não se compara a eles, ele não trata mais da América do Sul como o seu destino; ele está aqui, mas as comparações brasileiras sempre são com os Estados Unidos, Rússia, China. Nós mudamos de patamar e as nossas identidades e expectativas estão com eles. O Brasil hoje, sobretudo, é um grande emergente que está na América do Sul, mas não necessariamente é um país da América do Sul.

- Mas, o ex-presidente Lula apostou muito na Venezuela e nesses países todos. Qual a posição, que o senhor vê, da presidente Dilma Rousseff?

- Há uma palavra que eu gosto muito de usar quando falo da Dilma. É a sobriedade. Há nela um estilo que me agrada, muito mais sóbrio, palavras medidas, menos ativismo... O Lula tinha qualidades, evidentemente, tinha um ativismo, uma espécie de personalismo, que para mim, depois de alguns anos, cansava um pouco. A ideia de que todo o tempo ele tinha que produzir manchetes, fatos... Eu gosto de sobriedade. Hoje, eu tenho a impressão que a Dilma inovou no sentido de ela não me parecer seduzida por ditadores africanos ou autoritarismo no Oriente Médio, ela me parece mais cuidadosa na sua afetividade.

- Qual é a diferença entre ela e Lula?

- O problema do Lula é que ele era de tal maneira afetivo, que não conseguia deixar de dar abraços e tratar de uma maneira fraternal pessoas que não mereciam ser tratadas com essa fraternidade. A Dilma está trazendo um pouco de sobriedade, e acredito que o Antonio Patriota seja responsável, também, por esse novo e bom estilo. Estou satisfeito com isso, mas, com certeza, perdeu um pouco aquela teatralidade na política externa brasileira, que era, em parte, um pouco da diversão de todos nós. Agora o Brasil passou a ser um ator mais discreto, mais controlado, possivelmente um pouco menos divertido.

- Um cenário de aperto fiscal vai resolver os efeitos da crise mundial?

- Acho que não, as crises mundiais têm ciclos. Cada uma é um ciclo que se inaugura, que tem um desdobramento. O aperto fiscal pode ser uma alternativa, sobretudo nos países europeus. A Europa construiu para si mesma a ilusão da prosperidade permanente entre seus países, e tinha criado uma ideia de prosperidade, de que os déficits poderiam ser acumulados, de que a política fiscal poderia ser desrespeitada, mas, como sempre, a economia educa, ela mostra que não há exceções. Uma política fiscal mais rigorosa tem a vantagem clara de ajudar a arrumar as contas, diminuir déficits, começar a entrar na realidade. O problema é que ela tem um efeito depressivo, ela tira a energia, acha que em tempos de crise é preciso um gasto público acentuado para movimentar a economia, e aqueles que acham, de uma maneira, que é preciso gastar menos e viver dentro do seu orçamento.

- Como resolver essa equação política?

- O problema é as duas teses têm validação. Se a Europa fizer um ajuste fiscal muito forte, acaba em uma crise política. O que está acontecendo em Londres começa a mostrar que, mesmo lá, que não faz parte do euro, há uma insatisfação com a situação social, que não é mais o que já foi. São grandes correntes imigratórias que foram para lá esperando um outro mundo e que agora não têm nem acolhida, nem emprego...

- O que mudou nos últimos anos?

- Falei na palavra crises, que é o que o mundo está vivendo, depois de 10 anos. O Lula coincidiu com anos de extraordinária tranquilidade. Agora o mundo, de novo, entrou em um daqueles ciclos. Lembro-me, que no tempo de Fernando Henrique Cardoso, ele entrou em umas cinco, seis crises, a asiática, da Europa, mas tínhamos esquecido que o mundo é turbulento. Nós estamos com os cintos afivelados, já está acesa a luz, e que não se levante ninguém do assento!...

- O que afeta mais o Brasil, a crise americana ou a corrupção no governo brasileiro?

- É difícil dizer!... Mas eu creio que a crise americana nos afeta macroeconomicamente, macropoliticamente, inclusive a totalidade da nossa inserção mundial. A corrupção é um veneno doméstico, uma coisa que nos tira energia, vitalidade, credibilidade, enfraquece o tecido social, que leva à insatisfação. Mas ela não é um fator de destruição do projeto nacional, ela é apenas um custo que a sociedade se impõe incompetência, pela falta de seriedade. A corrupção é um tributo que um país paga por não ter sabido ordenar ele mesmo a sua política, a sua justiça, a seleção dos seus líderes, mas não é uma coisa que no nível brasileiro cause uma desagregação. São dois níveis: a crise americana que nos afeta na dimensão macro e a corrupção que nos envenena na dimensão micro.

- O momento é de perder o otimismo no Brasil?

- Não, não!... Pelo contrário, acho que, mais uma vez, o Brasil não é, como na primeira crise de 2008, o causador da crise, porque não contribuiu para ela, sim e não deve ser afetada. Não quero usar a metáfora do presidente Lula, de “marola”, mas dessa vez a crise é mais ampla, ela nos atinge mais, porque ameaça o valor das nossas exportações, e o país tem sido puxado pelas exportações de commodities, esse, sim, tem sido o grande motor.

- Ou seja, nada de pessimismo?

- Nós não temos que estar pessimistas, mas não temos que estar complacentes. Era perigoso para o Brasil ficar achando que vivemos como em uma ilha de prosperidade. Não somos uma ilha de tranquilidade, não estamos fora do mundo, o Brasil não escapa das regras gerais. Para usar uma velha frase, ‘o Brasil tinha de por as suas barbas de molho, porque tem muitas barbas de vizinho pegando fogo.’

- Diante de todo esse cenário, o que o senhor recomenda?

- Eu recomendaria ao Brasil muito, muito molho, e as barbas colocadas dentro dele!...

Pronto, acabou a alegria dos Brics: basta crescer um pouquinho mais que a circunferencia tambem aumenta...

Sempre dá nisso: cria riqueza, distribui renda, aumenta o consumo, e o pessoal abusa, vai logo avançando sobre doces, salgadinhos, bebidas carbonatadas, ficando longas horas na frente da TV...
Não deu outra:

Obesidade preocupa países do BRICS
Diário da Rússia
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmam: além do crescimento do Produto Interno Bruto, o sobrepeso ea obesidade dispararam em China, Índia, África do Sul e Brasil, do grupo BRICS, e também no México. No BRICS, apenas a Rússia não causa ...

Que tal um programa Comida Zero?
É só uma sugestão...
Paulo Roberto de Almeida

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Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...