|
|
E me pergunto: será que só temos notícias tristes, ou ridículas, para mostrar ao mundo?
Que realidade, que cenário, que retrato do país e do continente queremos exibir para o mundo?
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
|
|
Yehuda E. Safran organized the show on Adolf Loos at Columbia.
Adolf Loos, the enigmatic Moravian-born architect, is better known for his writings than his buildings. A century after the publication of his polemical essay “Ornament and Crime,” a Columbia University exhibition called “Adolf Loos: Our Contemporary” examines his enduring relevance. Loos provoked a furor in 1910 with the severe facade of a men’s tailoring shop and apartment block facing the imperial palace in Vienna. It became known as “the house without eyebrows” for its lack of decoration, and Emperor Franz Josef was said to have drawn his carriage curtains when he rode past. By contrast, Le Corbusier acknowledged the Modern movement’s debt to Loos, saying he “scrubbed under our feet; it was a Homeric cleansing — precise, philosophical and logical.” Yehuda E. Safran, who organized the show, had more to say about him. (This interview has been condensed and edited.)
Connect with us at@NYTimesHomefor articles and slide shows on interior design and life at home.
From left, a model of “Building H,” by Álvaro Siza, who was inspired by Loos; Loos’s Tristan Tzara House, 15 Avenue Junot in Paris, 1925-6; and Eileen Grey, Three-Story House after Adolf Loos’s Villa Alexander Moissi, Lido de Venezia, Italy, 1923.
Q. You interviewed influential architects around the world about Loos. What did you find?
A. They were united in one thing: that Loos inspired them to keep a critical point of view, to take nothing for granted and to realize that architecture has its value insofar as it is a thought, not merely a thing.
Is this a difficult message now, when buildings are expected to make a huge visual splash?
In this respect Loos’s argument is not popular, but among the best architects it prevails.
Why has “ornament and crime” so often been misunderstood?
The essay developed out of a long series of lectures where he had to defend himself to authorities who refused a permit for the building opposite the palace. The authorities finally agreed to certify the building, provided flowerpots were attached to the windows. The Viennese public perceived the building as a kind of threat to their standing, to their way of life, to their basic beliefs.
Then it was used by modernists to promote minimalist design?
Yes and no, because after all, Loos never argued for the lack of ornament. He argued for the appropriate ornament. He believed it’s better to find the ornament in what exists already, to find ornament in material, for example in the surface of marble, the surface of different woods. If you see the photo of his own apartment, you see the carpets, the curtains, et cetera. One could by no stretch of the imagination see this as a lack of ornament.
Was Loos inconsistent?
There’s no contradiction. When the lack of ornament was more radically taken up by the Bauhaus, Loos was famous for having said that they made the lack of ornament into a new kind of ornament. Loos never contemplated a world bare of ornament.
In a book of essays accompanying the show, the Princeton historian Beatriz Colomina termed Loos’s obsession with design purity a “displacement” related to his sexual proclivities — he was briefly imprisoned for sex with minors — and said his critique of ornamentation stemmed from homophobia. Do you agree?
I love Colomina’s proclivities for gossip and stimulating argument, but it’s totally unfounded. In Loos’s library the most important section was Oscar Wilde, so to say that Loos is homophobic is absurd. He had many liabilities. Nobody could be referred to as without blemish. Who cares that he married three women that were so much younger than him?
What should people take away from this exhibition?
The inspiration for it came from a great Polish man of the theater called Jan Kott, who published in the 1960s an incredible book called “Shakespeare, Our Contemporary.” I have no illusion that Loos is the Shakespeare of architecture, but when you stage a Shakespeare play nowadays, nobody questions the wisdom of it, only what kind of interpretation. And in the most profound sense, the same is true for Loos. It’s very important for a new generation to appreciate how Loos has percolated throughout architecture culture ever since his death in 1933.
“Adolf Loos: Our Contemporary” is on view through Dec. 10 at the Arthur Ross Architectural Gallery, Columbia University, Buell Hall. Information: events.gsapp.org.
O Senado aprovou nesta quarta-feira, 4, um projeto que regulamenta o direito à meia-entrada, alterando as regras para a concessão do benefício para espetáculos artísticos, culturais, esportivos e de entretenimento.
O projeto, que agora segue para sanção presidencial, prevê direito à meia-entrada para estudantes, deficientes e jovens de baixa renda com idades entre 15 e 29 anos.
Ainda de acordo com o texto, 40% dos ingressos disponíveis devem ser reservados para meia-entrada. A regra, no entanto, não vale para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Os idosos não foram incluídos na limitação de 40% dos ingressos. O Estatuto do Idoso determina que esse segmento tem direito a pagar 50% da entrada inteira em eventos e espetáculos. Desta forma, o total de ingressos de um espetáculo vendidos pela metade do preço poderá ultrapassar os 40%.
A proposta determina ainda uma mudança nas regras de emissão de carteirinhas de estudo. Agora, além da UNE, esses documentos também poderão ser emitidos pela Associação Nacional de Pós-Graduandos, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e as entidades estaduais e municipais filiadas a uma das três instituições.
Atentemos para o país que está à volta da Papuda, ou acabaremos reféns daquele Nosferatu, o morto-vivo que insiste em roubar nosso vigor, nosso tempo e o espaço do colunista. Por mim, ele trabalharia é no "Hotel Califórnia", o da lendária música dos Eagles, onde se pode entrar, mas não sair. Mas nada de certos aromas densos... Quem não conhece a canção tem agora a chance. Essa é do baú. Coisa de velho, meninos! Adiante.
O autor destas mal traçadas ficará feliz se estiver errado. Avalia que a presidente Dilma Rousseff vai se reeleger no ano que vem. Como não vê vantagem em confundir seu gosto pessoal (não votará nela de jeito nenhum!) com os fatos, escreve o que acha. A razão de seu realismo, nunca de seu desencanto, é que não acredita em candidatura de oposição sem valores de oposição.
Segundo pesquisa Datafolha, publicada por esta Folha no domingo, no cenário mais provável, se a disputa fosse hoje, Dilma seria reeleita no primeiro turno, com 47% dos votos. Aécio Neves ficaria em segundo, com 19%. Em terceiro, viria Eduardo Campos, com 11%. Há, como sempre, tempo o bastante para o inesperado, mas ele é insuficiente para plasmar uma nova esperança.
Que nova esperança? Em todo o mundo democrático, pobre ou rico, partidos da direita democrática, mais conservadores ou menos, disputam o poder e são bem-sucedidos. Depois de algum tempo, perdem para os "progressistas", que serão apeados mais adiante. A democracia não é finalista. Seu fim é uma economia dos meios. É modorrenta e fria. Política quente resulta em guilhotina, linchamento, suicídio, paredão ou condenação ao atraso eterno. A democracia é o regime dos homens aborrecidos. Também é coisa de velho. Por que nós a queremos? Para mantê-la.
O Brasil insiste em ser a exceção. A elite intelectual e a imprensa não sabem ou fingem não saber --pouco importa se é burrice ou má-fé-- a diferença entre direita democrática e extrema direita. Sufocam o debate com sua ignorância bem-intencionada, com sua má-fé ignorante e, às vezes, até com seu humor iletrado.
Extrema-esquerda e esquerda divergem nos métodos, não na ambição de subordinar a sociedade a um ente de razão que, num primeiro momento, a domine e, depois, a substitua, pouco importando se pensam num partido ou num conselho de sábios. Já a extrema direita é o avesso da direita democrática; a diferença é de essência, não de grau, como já demonstrou Olavo de Carvalho. Isso é história, não opinião. Procurem os respectivos manifestos dos vários fascismos do século passado. Seu verdadeiro inimigo é o liberalismo, não o comunismo, no qual os fascistas sempre reconheceram o queixo de papai... "Direita", no entanto, virou palavrão no Brasil. Na academia, o liberalismo é tratado como sinônimo de exclusão social.
Ocorre que a maioria da população, já evidenciou o Datafolha, se identifica mais com valores ditos de "direita" do que de "esquerda". Mas inexistem por aqui os republicanos, os conservadores ou os democratas-cristãos. As referências de progresso social e político de alguns dos nossos intelectuais não são os EUA, a Grã-Bretanha ou a Alemanha, mas a Venezuela, o Equador e Cuba.
Há muito tempo a oposição é prisioneira dessa falácia e não só evita o confronto de valores como aceita que o PT seja o seu juiz ideológico. Ao disputar o poder, perde-se num administrativismo etéreo. Alguns cronistas, achando que a rendição é insuficiente, recomendam-lhe que vá ainda mais para a esquerda e tente tomar do PT a bandeira do distributivismo da pobreza. Seria seu último suspiro.
"Você reclama do quê? O modelo funciona!" Quem dera! Teríamos ao menos uma escola melhor do que a do Cazaquistão. Mas ela é pior.
Direita já! Em nome do futuro.
Reinaldo Azevedo, jornalista, é colunista da Folha e autor de um blog na revista "Veja". Escreveu, entre outros livros, "Contra o Consenso" (ed. Barracuda), "O País dos Petralhas" (ed. Record) e "Máximas de um País Mínimo" (ed. Record). Escreve às sextas-feiras.
Ciência é a pior área entre alunos brasileiros
|
|
País não avançou em três anos no Pisa
Ciências é a matéria em que os alunos brasileiros estão mais defasados em relação aos outros países, aponta o Pisa, exame internacional de estudantes.
Essa é a disciplina em que o país tem seu pior desempenho (59º entre 65 países). E ainda não obteve avanço nos últimos três anos (2009-2012). Em matemática, o Brasil foi o 58º; em leitura, 55º.
Os alunos avaliados, das redes pública e privada, têm entre 15 e 16 anos (ensino médio). Os dados foram divulgados anteontem pela OCDE, organização de países desenvolvidos que aplica a prova. Entre os seis níveis em que os alunos são distribuídos, o Brasil teve apenas 0,3% nos dois mais elevados em ciências. A média dos países desenvolvidos foi de 8,4%.
A maioria dos estudantes brasileiros ficou nos dois patamares mais baixos. Não souberam, por exemplo, explicar por que crianças e idosos são públicos prioritários na vacinação contra a gripe (a resposta é porque eles têm menos resistência ao vírus).
Para a diretora-executiva da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz, um dos motivos que podem explicar o baixo desempenho em ciências é a falta de ênfase no problema dessa disciplina. Em matemática, diz ela, as dificuldades foram notadas há mais tempo e, por isso, as médias têm aumentado.
A carência de laboratórios, o ensino muito teórico e a baixa atratividade da carreira docente são os fatores apontados pelo físico Luiz Davidovich, da diretoria da Academia Brasileira de Ciências.
"Há exceções, mas, de forma geral, não há estímulo à curiosidade, à criatividade."
(Folha de S.Paulo)
|
|
Dois em três alunos no Brasil não sabem frações e porcentagens
|
|
Resultado do Pisa 2012 mostrou que estudantes brasileiros de 15 anos também demonstram dificuldade em entender gráficos simples
Dois em cada três estudantes de 15 anos no Brasil não sabem trabalhar operações matemáticas simples como frações, porcentagem e relações proporcionais. Esse é um dos resultados do Pisa 2012, divulgado nesta terça-feira (04) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE). Apesar de ser um dos países que mais apresentou avanços na matéria na última década, o Brasil ainda ocupa a 57ª posição dentre 65 nações avaliadas, com 391 pontos. No topo da tabela, a província chinesa de Xangai, aos 613 pontos.
Para comparar o desempenho de diversos sistemas de ensino pelo mundo, a OCDE determinou critérios comuns a serem avaliados, porém balanceados segundo a formação sócio-econômica dos participantes. A parte de Matemática, que foi o foco da prova do Pisa 2012, quis medir a capacidade dos estudantes para formular, empregar e interpretar a matemática em uma variedade de contextos do dia a dia, na resolução de problemas. Por isso, para os avaliadores, não basta que um aluno saiba somar e dividir, por exemplo, mas sim colocá-los em prática.
A partir da pontuação na prova, a OCDE estabeleceu seis níveis de rendimento, onde o seis é o nível máximo de conhecimento. No Brasil, mais de dois terços dos quase 20 mil estudantes que fizeram a prova ficaram na faixa que vai até o nível dois, ou seja, bem abaixo na tabela. Nesse nível, eles conseguem interpretar e reconhecer situações em contextos que exigem apenas a inferência direta, além de fazerem interpretação literal dos resultados. Mas para por aí. Mais de 65% dos estudantes brasileiros não conseguem analisar um gráfico ou uma situação do cotidiano e traduzir o problema para modelos matemáticos.
Como exemplo para explicar sua metodologia, a OCDE mostrou uma questão da prova de Matemática onde o aluno se depara um gráfico em plano cartesiano contendo quatro grupos de rock, segundo a quantidade de CDs vendidos por mês. A partir daí, foi pedido para que o aluno identificasse em qual mês uma determinada banda vendeu mais discos do que outra, tarefa considerada complexa para muitos dos brasileiros.
Para o diretor-adjunto do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Cláudio Landim, o Brasil tem o que comemorar, sobretudo na parte mais baixa da tabela, os 10% piores, que melhoraram 100 pontos de 2003 a 2012. No entanto, Landim reconheceu que o país vive ainda uma situação "precária":
- Não saber usar frações ou porcentagens é cada vez mais grave, pois vivemos num mundo tecnológico, onde dominar essa operações é cada vez mais imperativo - argumenta o diretor do Impa.
Cláudio Landim também ressaltou que grande parte da dificuldade dos alunos em entender gráficos simples ou tabelas vem da deficiência em Leitura, outra área analisada pelo Pisa:
- Quando participamos da Olimpíada Brasileira de Matemática, percebemos que a dificuldade do aluno é compreender o que está sendo perguntado. É compreensão do texto, puramente isso. Uma grande parcela não consegue responder porque não entende o que está lendo. A compreensão textual tem impacto significativo na Matemática.
Com 391 pontos em Matemática, o Brasil ficou abaixo de vizinhos como o Chile, e de outros emergentes como a Turquia, 44ª no ranking, aos 448 pontos. Como para a OCDE, 41 pontos na tabela equivaleria a um ano de estudo formal, os alunos brasileiros teriam que estudar um ano a mais para alcançar o nível de seus colegas turcos, ou quase três anos para se aproximarem do nível do Vietnã, que ficou em 17º lugar, com 511 pontos. Já se a comparação for com os estudantes de Xangai, líderes na prova, o Brasil deveria recuperar cinco anos de atraso.
Preocupação na indústria
O desempenho do Brasil foi considerado preocupante pelo gerente-executivo de Estudo e Prospectiva da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Luiz Caruso. Segundo ele, as baixas na educação desses jovens podem impactar sobre o desenvolvimento da indústria no país.
- Quando estiverem no mercado de trabalho, eles terão mais dificuldade para absorver e trabalhar com novas tecnologias, o que impacta diretamente a produtividade e a competitividade do país. Sem uma educação básica de boa qualidade, a gente não tem cidadão e nem um bom trabalhador - avalia Caruso.
De acordo com Caruso, a realidade também merece atenção, se levado em consideração as oportunidades em educação profissionalizante, que vêm recebendo investimentos do governo:
- É difícil trabalhar com esses jovens, pois a educação profissional requer maior grau de complexidade. E como os jovens apresentam defasagem em disciplinas básicas como matemática e português, acaba sendo necessário sanar essas dificuldades durante o ensino médio, ocupando uma parte da carga horária que poderia ser destinada a fins mais específicos - afirma.
(Leonardo Vieira/O Globo)
|
|
As reações ao Pisa
|
|
Editorial do Estado de S.Paulo sobre o resultado do programa
Tão importante quanto os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), que mostraram como Xangai, Hong Kong, Cingapura e Coreia do Sul estão colhendo dividendos de seus investimentos na área da educação, por considerá-la decisiva para o desenvolvimento econômico da região, foram as reações dos demais países avaliados. Em alguns, como o Chile, que ficou em 51.º lugar em matemática e em 46.º em ciências, as autoridades educacionais pediram desculpas aos estudantes.
Em países como a Finlândia e a Alemanha, que ocuparam as primeiras posições nas edições anteriores do Pisa, a perda da liderança para os países asiáticos deflagrou acirradas polêmicas. Como o desempenho da economia finlandesa e da alemã é condicionado por sua capacidade de inovação tecnológica, as autoridades econômicas não esconderam o temor de que os resultados negativos do Pisa de 2012 afetem o desenvolvimento futuro dos dois países. O mesmo ocorreu nos Estados Unidos, cujos estudantes ficaram abaixo da média alcançada pelos países da OCDE. A maior economia do planeta não conseguiu ficar nem mesmo entre os 20 primeiros lugares no ranking de matemática e ciência. Pedagogos americanos lembraram que os estudantes dos países orientais se destacaram não só em matemática e ciências, mas, igualmente, em leitura. E também conseguiram exceder as informações aprendidas em sala de aula, usando o conhecimento com criatividade para lidar com problemas cotidianos.
Jornais americanos lembraram que essa habilidade era, até agora, associada ao modelo de ensino do Ocidente. Mostraram que os países asiáticos estabeleceram metas altas para sua rede escolar e indicaram os melhores professores para as salas de aula mais desafiadoras e os diretores mais competentes para as escolas mais problemáticas. Em editorial, o Wall Street Journal advertiu que os Estados Unidos estão correndo o risco de perder a liderança mundial no campo científico.
No Brasil, as reações foram diferentes. Preocupada com as dificuldades que os adolescentes terão para absorver tecnologia quando entrarem no mercado de trabalho, a Confederação Nacional da Indústria advertiu para o risco de perda de produtividade e competitividade do País por causa da má qualidade do ensino básico. Já o ministro da Educação, relevando o 58.º lugar ocupado pelo Brasil entre os 65 países, converteu o aumento da média dos estudantes brasileiros em matemática - de 356 pontos, no Pisa de 2003, para 391 pontos, em 2012 - em motivo de ufanismo. "Fomos o país em que os estudantes mais evoluíram, na década. Quando olhamos o filme, somos o primeiro da sala", disse Aloizio Mercadante.
Mas não há motivo para euforia. O avanço brasileiro partiu de um patamar muito baixo. "Como comemorar os pontos ganhos no Pisa de 2012, se o aumento na pontuação se deu com maior força entre os piores alunos, cuja nota média em 2003 equivalia a zero e hoje, dez anos depois, esse mesmo grupo ainda não é capaz de ler uma única informação em um gráfico de barras?", indaga Paula Louzano, da Faculdade de Educação da USP. É que apenas 0,8% dos estudantes brasileiros teve notas compatíveis com os níveis 5 e 6 da escala do Pisa, que identificam as competências para resolver questões mais complexas.
Por conveniência política, o ministro deixou de lado o fato de que 70% dos participantes brasileiros do Pisa de 2012 não ultrapassaram o nível 1 da escala de habilidade em matemática, que identifica a capacidade de resolver questões simples. Esses alunos não sabem, por exemplo, usar informações de uma tabela ou gráfico para calcular uma média ou tendência.
A prosperidade dos indivíduos, o sucesso das empresas e a riqueza das nações dependem dos investimentos em educação. A reação de muitos países desenvolvidos à sua queda no ranking do Pisa de 2012 mostra que eles sabem disso e que tomarão providências urgentes para voltar a disputar a liderança com os países orientais nas próximas edições do Pisa. Já no Brasil, onde a educação tem sido entregue a políticos profissionais, reações ufanistas dificilmente conseguirão levar essa área estratégica a dar um salto de qualidade.
(O Estado de S. Paulo)
|
|
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...