quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Lingua Sem Fronteiras, ou turistas acidentais, tropecando na lingua...

Se é para fazer um Berlitz federal, acho que teria jeito (ou geito, como diriam os çábios da UFRJ) de fazer mais barato...
Paulo Roberto de Almeida

Artigo de Matias Spektor, Folha de S. Paulo, 19/02/2014
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/matiasspektor/2014/02/1414331-sem-fronteiras.shtml 

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Crise no Ciência sem Fronteiras

19 de fevereiro de 2014 | 2h 10

Editorial O Estado de S.Paulo, 19/02/2014
Lançado em 2011 pela presidente Dilma Rousseff como uma das mais importantes iniciativas de sua gestão no campo da educação, o programa Ciência sem Fronteiras - que prevê a concessão de 101 mil bolsas a estudantes interessados em fazer iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado no exterior - está enfrentando duas grandes dificuldades.
A primeira dificuldade diz respeito ao perfil dos estudantes beneficiados pelo programa. Muitos não atendiam ao requisito de fluência em inglês quando foram escolhidos para estudar na Europa, Estados Unidos, Canadá e Austrália. Por esse motivo, não conseguiram acompanhar os cursos nos quais se matricularam. Como as bolsas estão chegando ao fim, correm o risco de voltar sem ter aprendido inglês e sem ter se qualificado academicamente. Também há alunos que, por terem perdido muito tempo apreendendo inglês, não se prepararam suficientemente e não foram aprovados no processo seletivo das universidades que escolheram.
Para tentar contornar o problema, os órgãos que lideram o programa Ciência sem Fronteiras - o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) - estariam estudando algumas alternativas. Uma delas é determinar o retorno imediato desses bolsistas para o País, o que pode acarretar um desgaste político para o governo num ano eleitoral. Outra saída é conceder financiamento adicional de seis meses para esses bolsistas, a fim de evitar que retornem sem curso acadêmico. Mas, por causa das variações cambiais, do aumento do IOF e das taxas bancárias, essa saída exigiria um gasto de mais de R$ 800 milhões com o Ciência sem Fronteiras, cujas contas já estão desequilibradas.
A segunda dificuldade do programa está no modo como foi concebido. A meta era mandar 101 mil estudantes brasileiros para o exterior no período de quatro anos, mas o governo dispunha de recursos para bancar apenas 75 mil bolsas. Pediu, portanto, a instituições financeiras, conglomerados industriais e entidades empresariais que financiassem as outras 26 mil bolsas. Desse total, até o momento a iniciativa privada teria financiado apenas 3,4 mil bolsas de estudo - cerca de 13% do prometido, segundo a Capes. Esse número é questionado pelas empresas privadas, que alegam já ter concedido 5,3 mil bolsas - ou seja, 20% do previsto.
Apesar de continuar prometendo que cumprirá a meta firmada com o Ciência sem Fronteiras, a iniciativa privada afirma que está enfrentando dificuldades para captar recursos. A entidade que assumiu o maior compromisso com o governo, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), prometeu financiar 6,5 mil bolsas de estudo, mas até agora só pagou 650 bolsas. Em nota, a Associação Brasileira de Indústria de Base, que reúne as maiores empreiteiras do País, afirma que ainda não conseguiu reunir o montante necessário para cumprir o que prometeu.
Evidentemente, essas entidades têm plena condição de bancar as 26 mil bolsas pedidas pelo governo. Na realidade, o problema não é financeiro. O que o setor privado discute é o perfil dos bolsistas do Ciência sem Fronteiras. Informalmente, o setor privado alegou que o governo os selecionou sem critérios precisos, distribuindo bolsas de forma indiscriminada. A iniciativa privada quer definir ela própria os critérios das bolsas que financiará. Entre outras reivindicações, ela deseja financiar pesquisadores que estejam vinculados não a uma universidade, como quer o governo, mas a cursos tecnológicos que atendam às necessidades do setor produtivo. A Confederação Nacional da Indústria pleiteia o direito de financiar mestrados profissionalizantes, mas enfrenta resistências veladas.
Quando lançou o Ciência sem Fronteiras, o governo foi altamente elogiado, dada a contribuição que o programa poderia trazer para ampliar o nível de formação acadêmica e profissional das novas gerações. Quase quatro anos depois, a inépcia do governo compromete o que poderia ter sido a grande realização da presidente Dilma Rousseff.

UFRJ: dando trotes no Portugueis de araque...

O GLOBO (EMAIL·TWITTER)
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O comunicado oficial da UFRJ enviado por e-mail aos alunos tem erros como ‘sugeitos’ e ‘indígnos’
Foto: Reprodução
O comunicado oficial da UFRJ enviado por e-mail aos alunos tem erros como ‘sugeitos’ e ‘indígnos’ Reprodução
RIO — Um comunicado oficial emitido pela UFRJ na tarde desta terça-feira (18) virou motivo de chacota entre estudantes nas redes sociais. Isso porque, no texto enviado por e-mail aos alunos, há erros graves de grafia e acentuação, como “sugeitos” e “indígno”, além de desvios de concordância verbal e nominal nos trechos “aquele que a promovem” e “às penalidade”, como antecipou o blog da coluna Gente Boa.
O texto é assinado pela “SUPERAR - Sperintendência (sic) de Acesso e Registro - PR-1/UFRJ” e informa sobre a proibição de trotes vexatórios e humilhantes. O comunicado virou alvo de comentários irônicos no grupo de Facebook formado por alunos do Centro de Tecnologia da UFRJ. Um estudante chegou a duvidar da autenticidade do aviso: “Isso não pode ser sério. Tem muito erro”, postou ele. Outra aluna escreveu a palavra “sugeitos” acompanhada da foto de um menino com a mão no coração e a frase “Ai meu corassaum”.
Em outra foto postada, o professor de língua portuguesa Paquale Cipro Neto aparece com uma cara de reprovação. Um universitário fez um trocadilho com a sigla da Superintendência de Acesso e Registro, escrevendo que “dessa vez eles se SUPERARAM”. Horas depois de o e-mail original ter sido recebido, já na madrugada desta quarta a UFRJ enviou um novo comunicado, com o texto corrigido.
Procurada pelo GLOBO para comentar o caso, a UFRJ informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o e-mail foi disparado por engano, antes de o servidor responsável conferir a redação do texto. Segundo a nota enviada, "logo depois do disparo, o informe foi disparado com as devidas correções".
Ainda de acordo com a nota, a UFRJ aproveita para reforçar o compromisso da reitoria em alertar para a prática dos trotes vexatórios na universidade. Os estudantes que se sentirem intimidados a participar de alguma prática podem entrar em contato com a ouvidoria, no site www.ouvidoria.ufrj.br.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/comunicado-da-ufrj-com-erros-como-sugeitos-vira-piada-na-web-11651585#ixzz2tqUwZ5AK 
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Imaginemos que a Venezuela fosse a Ucrania, ou que ela estivesse na Europa...

O que fariam os líderes regionais, internacionais, multilaterais, bilaterais, unilaterais, laterais?
Nada, ou talvez alguma coisa...
Bem, vejamos o que estão fazendo outros, em relação à Ucrânia...
Paulo Roberto de Almeida

Germany and France have condemned the violence in Ukraine, French President Francois Hollande said after talks with German Chancellor Angela Merkel on Wednesday. "There are unspeakable, unacceptable, intolerable acts being carried out in Ukraine," Mr Hollande told reporters at a news conference.
Poland's Foreign Minister, Radoslaw Sikorski, has announced on Twitter that he is "on his way to Kiev", after earlier saying he was heading to Ukraine on a mission on behalf of the EU.  
More international reaction coming in...the White House says it is monitoring the situation in Ukraine closely, and will consult with the EU on the next steps, including possible sanctions, according to Deputy National Security Adviser Ben Rhodes.
The US is urging the Ukrainian government to pull back riot police from Independence Square in Kiev and call a truce to allow discussions with the opposition, he adds.
BBC News has compiled some before and after pictures of Independence Square, with close-up views of the main protest camp from the north and the south. You can take a look at our Big picture: Close-up of Kiev's Independence Square here.
The foreign ministers of France, Germany and Poland are to meet in Kiev on Thursday to assess the situation before an EU meeting in Brussels to decide whether to impose sanctions on Ukraine, French Foreign Minister Laurent Fabius says.
The US secretary of state, John Kerry, earlier said the US was discussing the possibility of sanctions with its European allies.
More from the White House. US Deputy National Security Advisor Ben Rhodes said the deaths in clashes were "completely outrageous" and have "no place in the 21st Century".
"The fact of the matter is we have made very clear to the Ukrainian government that it is their responsibility to allow for people [to] protest," said Mr Rhodes.
      
Gavin Hewitt Europe editor
tweets: Polish, German and French foreign ministers all in Ukraine tomorrow. Will meet the President and opposition leaders. A key moment in crisis.
Reacting to the latest developments, UK Prime Minister David Cameron has condemned the use of violence "by all sides" and urged President Yanukovych "to pull back government forces" and engage with the opposition.             
Mr Cameron warned the Ukrainian president that "the world is watching" and "those responsible for violence will be held accountable".
Amid the violence, Canada has shut its Kiev embassy as a "security precaution", and the UK Foreign Office has updated its Ukraine travel advice to say its embassy is "temporarily closed to visitors".
US President Barack Obama warns that "there will be consequences" for anyone who steps over the line in Ukraine.
Mr Obama, who is in Mexico for a conference, told reporters that the military should not step in to a situation that civilians should resolve.
tweets: As NATO's military commander I ask that responsible leaders avoid the use of military force against the people of Ukraine.
19:40: Paul Adams BBC News 
Two weeks ago, in a telephone call leaked to the media, a senior American diplomat dismissed European efforts with a single Anglo-Saxon expletive. Today in Paris, US Secretary of State John Kerry stood shoulder to shoulder with French counterpart Laurent Fabius and said the allies were offering President Yanukovych a choice. He said: "We believe the choice is clear and we are talking about the possibility of sanctions or other steps with our friends in Europe and elsewhere in order to try to create the environment for compromise." 
Why has violence erupted across Ukraine? What do Western countries think? And where does Russia stand? To find out, take a look at our pieceexplaining the crisis.    

UN Secretary General Ban Ki-moon says the use of violence in Ukraine "by any side is totally unacceptable". He urges in a statement that the authorities to "desist from the use of excessive force" and adhere to international human rights norms.
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Enfim, infelizmente para o povo venezuelano, em especial os democratas, os estudantes, os homens e mulheres que defendem as liberdades democráticas e os direitos humanos, a Venezuela não é a Ucrânia, nem os líderes regionais são outra coisa senão eles mesmos...
Paulo Roberto de Almeida 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Nota lamentando mortes por crise politica: mutatis, mutandis

Transcrevendo, apenas. Mas se poderia fazer um pequeno ajuste no texto, trocando de país e de capital, não é mesmo?

Nota
19 de fevereiro de 2014
 
Situação na Ucrânia
 
O Governo brasileiro acompanha com preocupação a deterioração do quadro político e institucional na Ucrânia e lamenta profundamente as mortes ocorridas em Kiev. O Governo brasileiro conclama todas as partes envolvidas a dialogar. A crise política na Ucrânia deve ser equacionada pelos próprios ucranianos, de forma pacífica e com base no respeito às instituições e aos direitos humanos.

Ucrania, Venezuela: dois regimes de autoritarios, duas resistencias, os mortos de sempre...


Affrontements entre la police anti-émeutes et les manifestants sur le Maïdan, à Kiev, le 18 février. REUTERS/DAVID MDZINARISHVILI

A Kiev, le sang, les cendres et la crainte d'un assaut final

Le Monde.fr avec AFP et Reuters
L'assaut tant redouté par les opposants ukrainiens se poursuivait, mercredi 19 février, au lendemain de la journée la plus violente depuis le début de la contestation.
A l'aube, les forces spéciales prennaient position autour du centre de Maïdan, la place centrale et berceau de la contestation, où étaient encore regroupés des manifestants. Tout autour, des flammes et des barricades témoignaient du chaos qui s'est déchaîné depuis près de 24 heures. Les autorités, qui affirment contrôler la moitié de la place, ont limité la circulation et fermé le métro afin d'empêcher l'arrivée de renforts.
Les bilans varient encore en fonction des sources. Officiellement, le pouvoir ukrainien parle de 25 morts – policiers et civils confondus, la plupart par balles – et plus de 240 blessés. Viatcheslav Vérémiï, un journaliste du quotidien ukrainien Vesti a également été tué par des inconnus masqués à proximité de la place.
>> Suivez la situation sur Maïdan en direct avec ce flux vidéo :

Durée : 00:00 | Images : YouTube
Maïdan en direct vidéo.
  • Des blindés contre un mur de feu
L'offensive contre le camp des manifestants a commencé en fin de journée, mardi. Trois blindés munis de canons à eau, accueillis par des cocktails Molotov, des pierres et des feux d'artifice, ont repoussé les protestataires. Des milliers de policiers antiémeutes – les redoutés Berkout – ont ensuite dépassé les barricades, usant de grenades lacrymogènes et assourdissantes. Ils étaient suivis par des policiers armés de fusils.
Pour se protéger, les manifestants ont dressé un mur de feu. Derrière ce rideau de flammes, des opposants, casqués, équipés de gourdins et de boucliers en métal semblables à ceux des policiers, formaient une première ligne de défense. Un activiste ukrainien a diffusé la vidéo ci-dessous, assurant que les tirs venaient de civils – les « titouchkis » payés par le pouvoir. Selon lui, deux personnes ont été touchées, dont l'une mortellement.
Plus tôt dans la journée, le pouvoir avait lancé un ultimatum pour mettre fin à l'occupation d'un des bâtiments mis à disposition de l'armée, la Maison des officiers, situé à proximité du Parlement, et où gisent, d'après la députée d'opposition Lesya Orobets, élue du parti Batkivchtchina (« Mère patrie »), les corps de trois manifestants.
  • Viktor Ianoukovitch menace les « criminels »
Le président Viktor Ianoukovitch, qui a reçu plusieurs responsables de l'opposition après le début de l'assaut, a menacé de « changer de ton » s'ils ne prennent pas leurs distances avec les manifestants les plus radicaux, notamment ceux d'extrême-droite du parti Praviy Sektor (Secteur de droite).
Il a accusé certains manifestants d'avoir « franchi les limites » en apportant des armes à feu sur Maïdan. Qualifiant ces manifestants de « criminels », il a assuré qu'ils seraient traduits en justice. « Il n'est pas trop tard pour mettre fin au conflit », a-t-il assuré Viktor Ianoukovitch.
D'après l'opposant Vitali Klitschko, cité par le Kyiv Post, les opposants ont dû essuyer pendant plus d'une heure les accusations de M. Ianoukovitch, selon lequel les manifestants sont les seuls à  blâmer pour les morts dans les affrontements. Les opposants plaident pour un retrait des forces de l'ordre afin de permettre une désescalade de la situation.

Durée : 01:32 | Images : Reuters
Des heurts entre manifestants et policiers ont éclaté aux abord du Parlement ukrainien, mardi 18 février à Kiev. Plus de 20 000 opposants avaient prévu de marcher vers le bâtiment, mais ils en ont été empêchés par les forces de l'ordre alors que doit être examinée une réforme constitutionnelle destinée à réduire les pouvoirs présidentiels au profit du gouvernement et du Parlement.
Les tensions demeurent dans l'attente des prochaines décisions du président Viktor Ianoukovitch, dont la rupture avec l'Union européenne, en novembre, a déclenché un mouvement de protestation qui s'est étendu depuis à l'ensemble du pays.
  • Dans l'Ouest, des bâtiments officiels pris d'assaut par les manifestants
Dans la soirée, des manifestants ont pris d'assaut le siège de l'administration et de la police dans la ville occidentale de Lviv. Environ 500 opposants ont investi l'administration régionale, puis le siège de la police régionale, sans rencontrer de résistance, après y avoir lancé des pierres. Dans cette ville, à l'issue d'affrontements au cocktail Molotov, qui ont mis le feu à des bâtiments militaires, quelque 5 000 manifestants ont pris le contrôle des dépôts d'armes.
Devant l'ampleur des violences, les Etats-Unis et l'Union européenne ont appelé les autorités à faire preuve de retenue. Pour la Russie, ces violences sont avant tout la « conséquence directe de la connivence de responsables politiques occidentaux et des structures européennes qui ont fermé les yeux (...) sur les actions agressives de forces radicales ».
>> Lire la synthèse des réactions internationales : L'Ukraine doit « immédiatement reprendre le chemin du dialogue »

Do Mercosul a Unasul (algum progresso?) - livro coletivo, lancamento em SP

Convite para o lançamento do livro "Mercosul a Unasul. Avanços do processo de integração", organizado pela profa. Regina Maria A. F. Gadelha.

A Coordenação do NACI-Programas de Estudos Pós-Graduados em Economia Politica e em Ciências Sociais-PUC/SP tem a satisfação de convidá-lo para a APRESENTAÇÃO DO LIVRO

MERCOSUL A UNASUL. AVANÇOS DO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO
Org. Regina Maria A. F. Gadelha
Editora EDUC/Fapesp

Dia 24 de Fevereiro de 2014 - Horário: 19h30 - 22h30.
Rua Ministro Godoy, 956 - Perdizes
1º andar - Auditório 117-A.

MESA REDONDA: MERCOSUL À UNASUL - PERSPECTIVAS ATUAIS
Mediador: Prof. Dr. Miguel Chaia - Diretor da EDUC
Apresentação: Prof. Dr. Edison Nunes - NACI-Pós Graduação de Ciências Sociais-PUC/SP
Autores Interventores:
Dr. Alberto de Sosa - Revista AmerSur - Buenos Aires-AR.
Dr. Darc Costa - FEDERACAMARAS (Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul).
Dr. Antônio Corrêa de Lacerda - Pós Graduação de Economia Política-PUC/SP
Dra. Regina Gadelha - NACI-Pós Graduação de Economia Política-PUC/SP

Regina Gadelha e Edison Nunes (Coordenadores do NACI).

Informações:
P.E.P.G. em Economia Política
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Telefone: (11) 3670-8516
Site do Programa: www.pucsp.br/pos/ecopol

EDUC
Rua Monte Alegre, 984 - sala S16 - Perdizes
05014-901 - São Paulo-SP - Brasil
Tel./Fax: (55 11) 3670-8085 e 3670-8558
E-mail: educ@pucsp.br.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Ditaduras sao sempre ordinarias, algumas mais que as outras; podem ser escravocratas, por exemplo...

A capataz dos médicos cubanos
Leonardo Coutinho, de Jaraguá do Sul, e Duda Teixeira
Revista Veja, 15/02/2014

Vivian Isabel Chávez Pérez se apresenta ora como doutora do Mais Médicos, ora como agente da Opas. Sua verdadeira função é controlar os passos dos compatriotas

Vivian Isabel Chávez Pérez é uma mulher de múltiplas facetas. Em agosto do ano passado, quando os primeiros médicos cubanos desembarcaram no Brasil como parte do programa de "intercâmbio" de saúde do governo federal, ela aparecia de jaleco branco exaltando a nobreza da missão em um portunhol azeitado. Vivian é apresentada em vídeos de divulgação do Ministério da Saúde como uma médica cubana comum. Puro jogo de cena. Em poucos dias ela já dava entrevistas à Prensa Latina, a agência de notícias da ditadura cubana, como porta-voz da missão no Brasil. Vivian não presta atendimento ambulatorial no Brasil nem consta na lista dos profissionais enviados aos rincões do país pelo programa Mais Médicos. No dia 1º de novembro, ela surgiu em um café da manhã de boas-vindas a 100 cubanos no Galpão Crioulo do Palácio Piratini, no Rio Grande do Sul, sentada à mesa das autoridades, ao lado do governador Tarso Genro e da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Ali, foi apresentada como coordenadora da Organização Panamericana de Saúde (Opas), entidade da ONU que intermediou a importação de médicos de Cuba pelo Brasil. Nessa função, Vivian vigia os compatriotas e exerce sobre eles um extraordinário poder de convencimento.

Entre os cubanos tutelados por Vivian estão as médicas Yamila Valdes Gonzales e Yamile Mari Nin, que trabalham em postos de saúde da zona rural de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina. Em dezembro, o Ministério da Saúde foi avisado pela prefeitura de que Yamila e Yamile queriam desistir do programa e voltar para Cuba. Elas não se conformavam em receber menos de 1000 reais de salário, enquanto os outros dois profissionais do Mais Médicos na cidade, uma cazaque e um mexicano, ganham 10000 reais. Sem dinheiro para cobrir as despesas básicas em uma das cidades com maior custo de vida do estado, elas foram acolhidas por funcionários da prefeitura, que se revezavam para convidá-las para comer em suas casas e recebiam donativos para que pudessem mobiliar e equipar o seu apartamento, cujo aluguel é pago pelo município. Ao contrário dos médicos de outras nacionalidades, as cubanas não receberam o auxílio para as despesas de instalação previsto no programa, que varia de 10 000 a 30 000 reais. "Elas sofreram um impacto psicológico muito grande por causa dessa diferença de tratamento. Não havia uma semana que não reclamassem das dificuldades de viver aqui", diz Nádia Silva, coordenadora dos serviços de atenção básica da Secretaria de Saúde do município, onde um auxiliar de enfermagem recebe salário inicial de 1 800 reais.

Compreendendo o estado de penúria em que Yamila e Yamile se encontravam, o secretário de Saúde, Ademar Possamai, imaginava que o pedido de demissão seria aceito. Em vez disso, a prefeitura recebeu uma ligação de Vivian, que pediu para falar com as médicas por telefone. A conversa foi privada e as duas cubanas jamais revelaram aos seus amigos na cidade o que lhes foi dito. O fato é que elas mudaram radicalmente de postura, voltaram ao trabalho no dia seguinte e nunca mais reclamaram. Vivian agora se comunica com elas todos os dias, por telefone ou por e-mail. Yamila e Yamile, que não quiseram ser entrevistadas, continuam enfrentando os mesmos problemas financeiros de antes. "Elas estavam determinadas a voltar para Cuba, e agora parecem apavoradas. Não consigo imaginar o que essa mulher disse a elas", diz Possamai. O cubano Júlio Alfonso consegue. Ele é diretor de uma ONG com sede em Miami, nos Estados Unidos, que dá assistência a mais de 4000 médicos que fugiram da ditadura dos irmãos Castro. "Tal como capatazes, os chefes das missões cubanas contam com uma rede de informantes e com o poder de sugerir punições aos médicos quando eles voltarem ao seu país", diz Alfonso. É assim na Venezuela, de onde só em 2013 fugiram 3000 médicos cubanos, e, como está cada vez mais claro, também no Brasil. Vivian tem a experiência e a influência necessária para controlar colegas. Ela foi chefe de uma missão de saúde na Nicarágua, em 2009, e ocupou um cargo importante no governo da província de Cienfuegos, em Cuba, em 2011, algo só permitido a cidadãos de extrema confiança do Partido Comunista. Em rápida entrevista a VEJA, por telefone, Vivian — que dá expediente num escritório do Ministério da Saúde em Porto Alegre e acumula três cargos no governo do estado — se identificou como representante da Opas para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina e confirmou ter conversado com Yamila e Yamile. "Foi um mal-entendido, não teve problema nenhum. Elas não entenderam alguma coisa, mas já está tudo resolvido", diz Vivian, negando-se a dar mais detalhes.

Dos 6 600 profissionais que participam do Mais Médicos, atualmente 5400 são cubanos. Destes, 22 voltaram ou foram devolvidos a Cuba. Quatro fugiram, entre eles Ortelio Guerra, que na semana passada anunciou por Facebook que já se encontra nos Estados Unidos. Apenas uma, Ramona Matos, pediu asilo no Brasil. O relato dela confirma a existência de capatazes regionais. Ramona prestava contas a um "coordenador" em Belém do Pará, para quem devia pedir autorização até para viajar a outras cidades e para participar de churrascos. Para dificultar ainda mais a fuga dos seus médicos, o governo cubano entregou-lhes um passaporte que só vale para o Brasil. Esse documento, de capa vermelha, não é aceito por outros países, porque Cuba já emite uma versão convencional, em azul. Na semana passada, o governo brasileiro juntou-se aos esforços da ditadura caribenha para anular a liberdade dos cubanos. Foram publicadas novas penalidades para os estrangeiros que abandonarem o programa, entre as quais o pagamento de multas e o ressarcimento das ajudas de custo e das passagens aéreas. "Isso é ilegal, pois o investimento na contratação de um funcionário corre por conta e risco do patrão", diz o advogado trabalhista Fábio Chong, em São Paulo. Ele completa: "Essas punições são mais um artifício para obrigar os médicos a trabalhar em condições análogas à escravidão".


Com reportagem de Isabel Marchezan, de Porto Alegre

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Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...