Acredito ter dois tipos de seguidores:
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sábado, 20 de junho de 2015
Mensagem a meus seguidores - Paulo Roberto de Almeida
Acredito ter dois tipos de seguidores:
A estagnacao secular e a recuperacao pela guerra - Felipe Miranda (Empiricus)
Paulo Roberto de Almeida
Meu maior pesadelo
Felipe Miranda, 20/06/2015
Caro leitor,
Na semana passada, pude ouvir diretamente de Alan Greenspan, na tradução livre: “nós estamos numa posição de estagnação secular.”
Confesso a vocês: isso me preocupa fortemente. Mais do que Grécia, ajuste fiscal ou mesmo recrudescimento das condições de liquidez internacional a partir do processo de normalização das políticas monetárias. Muito além, inclusive, de questões econômicas e financeiras estritas.
Explico o porquê...
O termo “secular stagnation” foi cunhado no auge da Grande Depressão, em 1938, por Alvin Hansen, então presidente da American Economic Association. A interpretação de Hansen era de que a Grande Depressão iniciaria uma nova era, representada por desemprego alto e duradouro e estagnação da economia. Não seria algo transitório ou solúvel facilmente a partir, por exemplo, da ação de política monetária.
Falaríamos de algo estrutural, mudanças nas bases da economia dos países industrializados, ligadas à redução da taxa de natalidade e ao excesso de oferta de poupança sobre investimentos, que levariam a uma taxa de juro de equilíbrio para níveis muito baixos, possivelmente inferiores a zero.
Posto que, a princípio, as taxas de juro efetivamente praticadas não poderiam ser negativas - e, por hipótese, estariam, portanto, superiores àquelas de equilíbrio -, o cenário engendraria enfraquecimento importante da demanda agregada.
Fazia muito sentido à época. Vínhamos de quase uma década de desemprego dramático, forte queda da massa salarial e baixo crescimento econômico.
O Banco Central dos EUA, depois de anos de política monetária expansionista, apertara o torniquete monetário em 1937, causando uma queda de 49% das bolsas norte-americanas; logo, voltou a afrouxar a política monetária entre 1938 e 1939, à espera de reação da economia - os resultados práticos, contudo, não vieram e a expansão do PIB continuou em ritmo muito baixo.
Como a economia dos países industrializados e dos EUA em particular sai da recessão da década de 30? Ou, em outras palavras, como pudemos interromper a traumática estagnação secular?
A resposta: com a Segunda Guerra Mundial. Somente com ela.
Foi necessário um conflito bélico de proporções globais - e desnecessário dizer: consequências brutais e altamente indesejáveis - para quebrar essa dinâmica nefasta.
Precisamos do enorme expansionismo fiscal, a partir de gastos militares bastante pesados, para preencher o buraco faltante de demanda agregada. Somente com isso, a economia voltou a crescer, com a geração pós-guerra vivenciando mudança pronunciada na tendência populacional, naquilo que ficou conhecido nos EUA como “baby boom”.
Avançando 75 anos na história, o tema da estagnação secular volta ao centro das discussões. O ex-secretário do Tesouro dos EUA Larry Summers tem sistematicamente abordado a questão e sua gravidade, tendo como adeptos Paul Krugman, Alan Greenspan e outros de gabarito semelhante.
Fundamental notar: houve apenas dois momentos da história em que se debateu o secular stagnation, em 2015 (para ser preciso, o tema começa a ser comentado com certa frequência já em 2014, a partir de discurso de Summers na NABE) e 1938.
Àquela altura, 1938 reconciliava-se com 1929. Analogamente, 2015 (ou talvez 2016; é impossível cravar com precisão o timing) pode representar o acerto de contas com 2008.
Não se trata de coincidência. A crise de sete anos atrás, cujo ápice é marcado pela quebra do banco Lehman Brothers em 15 de setembro, encontra um único precedente na história, justamente aquela iniciada em 1929, quando precisamos de uma Segunda Guerra Mundial para retirar a economia global da recessão.
Esse é o tamanho do problema, não podendo ser menosprezado.
Entre aqueles com capacidade de enxergar a história com o devido afastamento da volatilidade de curtíssimo prazo, já há inclusive quem alerte para o pior. Em conferência de Bretton Woods no Banco Mundial ao final de maio, George Soros declarou de forma categórica estar preocupado com a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial.
Segundo ele, se os esforços da China em migrar sua matriz exportadora para uma economia voltada ao mercado doméstico fracassarem, há possibilidade real de que os governantes chineses estimulem uma guerra para manter o país unido e continuar no poder.
Para referendar o argumento, Soros citou o exemplo do aumento dos gastos militares na China e Rússia.
A preocupação não é exclusiva do megainvestidor. No dia 15 de junho, a Bloomberg fez reportagem de título Five Million Reasons Why China Could Go to War (Cinco milhões de razões que justificariam uma guerra para China), citando maior atenção de bases militares no mar do Sul e relações armamentícias crescentes com Sudão, Iemen e Paquistão.
Em paralelo, há notícias apontando aproximação da China com a Rússia, que, por sua vez, acaba de prometer retaliar os EUA em caso de transferência de bases militares norte-americanas para os balcãs, conforme matéria da Reuters também do dia 15, de título Russia says will retaliate if US weapons stationed on its borders (Rússia diz que haverá retaliações caso EUA transfiram armas para suas fronteiras).
Não estou dizendo que, necessariamente, a reconciliação de 2015 com 2008 ensejará uma Terceira Guerra Mundial. Chamo a atenção, porém, para a gravidade e a complexidade do contexto político e econômico atual.
Temos sempre a tentação de achar que “desta vez é diferente”. Na maior parte das vezes, entretanto, não é. Se a história serve de guia, momentos muito longos de baixo crescimento econômico mundial, associados a recrudescimento das tensões políticas, abrem espaços para movimentos extremados, cujas consequências podem escapar ao controle.
Estamos certamente em tempos muito difíceis e os desdobramentos materiais podem ultrapassar nossa capacidade de antevisão a priori.
Voltando a Alan Greenspan e sua precisão nas palavras, “nós não sabemos muito bem o que fazer, por uma razão muito simples: nós nunca estivemos nessa situação antes.”
sexta-feira, 19 de junho de 2015
Mercosul: vai sobreviver até 2021? Uma pesquisa feita em 2007 - Paulo Roberto de Almeida
Uma pesquisa sobre o Mercosul:
sua possível evolução até 2011 e 2021
Paulo Roberto de Almeida
Espaço Acadêmico, junho de 2007
“Convidamos o senhor a participar de uma pesquisa acadêmica que busca prospectar cenários futuros do Mercado Comum do Sul (Mercosul) para os anos de 2011 e 2021, respectivamente 20 e 30 anos da assinatura do Tratado de Assunção.
“Para a realização desta pesquisa será utilizado o método Delphi, que consulta um grupo de especialistas a respeito de eventos futuros através de um questionário, que é repassado continuadas vezes, até que seja obtida uma convergência das respostas, um consenso, que representa uma consolidação do julgamento intuitivo do grupo.
‘”De todas as maneiras, fica bem claro que em toda e qualquer decisão, não será dado a conhecer o nome de nenhum respondente. Todos terão conhecimento da lista de participantes, mas os dados serão tratados de maneira coletiva.
“Essa pesquisa subsidiará a elaboração de um artigo acadêmico da disciplina de Negócios Internacionais do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade (XXX). Após o término da pesquisa, compartilharemos primordialmente os resultados com todos participantes.”
Essa pesquisa, tanto em sua versão online, como no documento de apoio encaminhado aos participantes, tinha a seguinte introdução:
“O Mercosul, resultado de décadas de negociações e de disputas entre seus países integrantes, foi considerado, no seu início, como uma possibilidade muito efetiva de desenvolvimento econômico e social da região via integração. Surge, além disso, em uma década em que cada vez mais países em desenvolvimento adotam políticas neoliberais, a globalização ganha impulso e diversas crises cambiais ocorrem pelo mundo. Ao final da década de 90, mesmo com aumento do comércio intra-bloco e dos níveis de investimento produtivo, ainda restam diversas barreiras comerciais entre os integrantes assim como questões não resolvidas quanto à Zona de Livre Comércio e à União Aduaneira. No início do século XXI, ocorrem crises econômicas nos integrantes mais poderosos, Brasil e principalmente Argentina e o comércio intra-bloco perde força: aumenta-se o descrédito em relação ao Mercosul. Em seguida, a mudança nos perfis políticos dos principais governos da região para centro-esquerda, a definição da Venezuela como membro pleno, a melhoria da economia argentina, o crescimento econômico mundial, a recuperação do comércio intra-bloco, mas a insatisfação de membros menores como Uruguai e Paraguai emitem novas incertezas ao Mercosul, incluindo a sua continuidade. O Mercosul ainda não é, efetivamente, Zona de Livre Comércio ou União Aduaneira. Está longe de seu propósito principal, ser um mercado comum. Sendo assim, para onde vai o Mercosul?”
Ainda que eu tivesse algumas objeções de forma e de fundo aos argumentos acima reproduzidos e mesmo quanto ao enunciado das questões – que apresentam diversas defasagens temporais e mesmo de ordem factual – preferi responder ao questionário segundo os padrões estabelecidos. Ademais das perguntas, que, como em todo sistema Delphi, se baseavam na sua probabilidade de realização efetiva num determinado prazo – neste caso, os anos de 2011 e 2021 –, havia sempre uma explicação ou justificativa para cada um delas, do tipo: “Por quê; Quais entraves? Quais os riscos?”, etc. Consolidei minhas respostas num arquivo à parte, reproduzido abaixo. Prefiro suprimir minhas escolhas preferenciais, do tipo de média, baixa ou alta, em cada uma das linhas (ou seja, para 2011 e 2021), por não considerá-las muito relevantes (em vista dos imponderáveis que sempre surgem no futuro), e apresentar apenas os comentários explicativos, que seguem abaixo, tal como coletados em sistema online e através de documento próprio.
Minha decisão em compartilhar estas respostas com um número maior de leitores se deve fato de que, possuindo algum conhecimento e experiência nessas questões de integração e de Mercosul, estimo ser interessante iniciar um debate mais amplo sobre a evolução futura do bloco, justamente, como aliás pretendido pelos organizadores da pesquisa.
Pesquisa sobre a evolução futura do Mercosul
1. Qual a probabilidade de ocorrência de acordos comerciais do Mercosul com a Comunidade Andina? Por quê? Quais entraves? Quais as oportunidades? Quais os benefícios? Quais os riscos?
PRA: A probabilidade é alta, porque de fato já existem diversos acordos entre os países do Mercosul e os da CAN, e ambos blocos estabeleceram um acordo quadro em 2004 e vem, supostamente, aprofundando esses acordos paulatinamente.
2. Qual a probabilidade de ocorrência de acordos comerciais do Mercosul com o NAFTA? Por quê? Quais entraves? Quais as oportunidades? Quais os benefícios? Quais os riscos?
PRA: Probabilidade de média a alta, pois a despeito de existirem amplos laços comerciais e de investimentos entre ambos os blocos, os países do Mercosul hesitam em se abrir a mais acordos de natureza substantiva com o NAFTA, que aliás, não negocia conjuntamente. O NAFTA é um acordo exclusivo da América do Norte e para fins de estratégias comerciais, cada um dos seus membros atua de modo independente e exclusivo. O que se cogitaria, portanto, seria, na verdade, acordos entre os países do Mercosul – que sim negociam conjuntamente – e países do Nafta, tomadas isoladamente, isto é, EUA, México e Canadá, cada um a seu modo.
3. Qual a probabilidade de efetivação de acordos comerciais do Mercosul com União Européia? Por quê? Quais entraves? Quais as oportunidades? Quais os benefícios? Quais os riscos?
PRA: Os principais entraves se deve à baixa disposição, de ambas as partes, a liberalizar amplamente as trocas, sobretudo em setores considerados sensíveis ou incapazes de sustentar a competição externa. A despeito de todos os economistas recomendarem maior liberalização, abertura ao comércio e aos investimentos, consolidação do jogo econômico pela via dos mercados, em lugar do regulacionismo estatal exagerado, como ocorre atualmente, os líderes políticos hesitam, continuamente, em engajar seus países na vida da abertura e da liberalização, com o temor de que perdas setoriais – fechamento de uma ou outra indústria não competitiva, com perda localizada e temporária de empregos – possam provocar protestos sociais (mais bem sindicais) e redundar e perda de apoio eleitoral.
4. Qual a probabilidade de ocorrência de acordos comerciais do Mercosul com o SADC? Por quê? Quais entraves? Quais as oportunidades? Quais os benefícios? Quais os riscos?
PRA: Existem muitas possibilidades de intensificação do comércio recíproco, mas o desconhecimento dos mercados e a propensão à cautela impedem uma verdadeira liberalização comercial. Ou seja, os acordos negociados sempre se caracterizam por baixos patamares de abertura recíproca.
5. Qual é a probabilidade de efetivação da ALCA? Por quê? Quais entraves? Quais as oportunidades? Quais os benefícios? Quais os riscos?
PRA: Os responsáveis políticos continuam a insistir na tese das assimetrias, neste caso entre os EUA, de um lado, como a economia mais poderosa do hemisfério, e todas as demais economias de outro, muito embora México, Canadá e alguns outros países já tenham aderido, com todos os benefícios e problemas, ao projeto americano de liberalização comercial. Na prática, a Alca – concebida com um único acordo, abrangente e uniforme, dotada de regras comuns aplicáveis a todos os participantes – pode revelar-se desnecessária, na medida em que a oposição de alguns países da América do Sul ao projeto original – notadamente Argentina, Brasil e Venezuela – já determinou uma mudança na estratégia negocial dos EUA, fazendo-os enveredar pela via mais fácil dos acordos bilaterais, em lugar de um único acordo hemisférico. O que se tem, de fato, é uma rede de acordos unindo quase todas as economias do hemisfério à economia dos EUA, deixando de fora apenas os mais recalcitrantes, entre eles o próprio Brasil.
6. Qual a probabilidade de ocorrência de acordo comercial com algum outro bloco econômico? Por quê? Quais entraves? Quais as oportunidades? Quais os benefícios? Quais os riscos?
PRA: Países da Ásia (possivelmente Asean) e do Oriente Médio (Emirados, ou Conselho de Cooperação do Golfo), com a possibilidade adicional de negociações com países da comunidade econômica do Mar Negro e outros países da Ásia Central. Existem possibilidades ainda não exploradas no comércio com outros blocos de integração, em virtude do desconhecimento, ausência de ligações físicas diretas e outros elementos negociais. Na prática, os empresários, que são aqueles que sempre saem na frente dos governos, irão criar os vínculos comerciais que depois serão ratificados ou formalizados pelos governos, uma vez que as burocracias governamentais são sempre lentas a se moverem. Governos são geralmente assaltados por lobbies setoriais que defendem interesses protecionistas, opostos a qualquer abertura ou liberalização.
7. Qual a probabilidade da Venezuela participar ativamente do Mercosul? Por quê? Quais entraves? Quais as oportunidades? Quais os benefícios? Quais os riscos?
PRA: A Venezuela teria todas as condições de participar plenamente do Mercosul, mas apresenta dificuldades conjunturais derivadas de seu regime político, dominado por uma ditadura personalista, engajada supostamente na construção de um "monstro metafísico" chamado "socialismo do século XXI", que representa simplesmente uma deformação completa das regras do jogo econômico. As distorções acumuladas por um estilo caudilhesco de poder político diminuem o espaço da economia de mercado na Venezuela – em total contradição com o que ocorre no resto do mundo, e hipoteticamente no Mercosul –, dificultam o surgimento de indústrias competitivas e portanto reduzem o espaço para a liberalização e a integração completa da Venezuela no jogo do livre comércio, que é, simples assim, o princípio básico do Mercosul. As práticas "econômicas" do ditador venezuelano afastam a Venezuela das regras e normas do Mercosul, tornando difícil, portanto, sua incorporação plena ao Mercosul. A "alta probabilidade" da Venezuela participar do Mercosul depende assim de que essas orientações bizarras no plano econômico sejam afastadas. As opções indicadas são totalmente condicionadas a que essa mudança de orientação ocorra, caso contrário a Venezuela vai retardar a integração plena do Mercosul e sua evolução para um mercado comum, como seria o projeto original.
8. Qual a probabilidade de haver a incorporação de algum(ns) outro(s) país(es) como membro(s) do Mercosul? Quais? Por quê?
PRA: Tanto a Bolívia, como o Equador poderiam aderir mais plenamente ao Mercosul, pois não assumiram outros compromissos liberalizantes com outros esquemas – ambos são teoricamente membros da CAN, que deveria ser uma união aduaneira, mas que não funcional como tal – ou com os EUA. O que os impediria, talvez, é o mesmo tipo de orientação estatizante e protecionista que caracterizam os regimes politicamente fechados, de que são exemplos, na região, Venezuela e Cuba (e possivelmente Nicarágua, se predomina esse tipo de orientação). Os demais países, como Chile ou Colômbia, já perseguem estratégias liberalizantes mais afirmadas, tendo concluído acordos com os EUA e dispostos a avançar em novos acordos de livre comércio com outros países.
9. Qual a probabilidade de haver a efetiva circulação de mão-de-obra no Mercosul? Por quê? Quais entraves? Quais as oportunidades? Quais os benefícios? Quais os riscos?
PRA: As diferenças de tamanho, sobretudo em relação ao Brasil, e os desníveis sócio-econômicos, são um poderoso indutor à não liberalização dos fluxos de pessoas, o que não significa que não possa haver maior liberalização de trabalhadores. Ou seja, a mão-de-obra poderia circular de forma mais ampla no Mercosul, mas sempre de forma regulada, ou seja, mais de acordo com princípios mercantilistas do que livre-cambistas.
10. Qual a probabilidade de haver livre circulação de capitais no Mercosul? Por quê? Quais entraves? Quais as oportunidades? Quais os benefícios? Quais os riscos?
PRA: Já existe relativa mobilidade capitais no Mercosul, o que tende a aumentar com a abertura gradual das economias. Uma liberalização completa, porém, dependeria da plena estabilização econômica em cada um dos países, o que está condicionado a que os graves problemas fiscais em quase todos eles – com reflexos orçamentários e na dívida pública – sejam equacionados de forma satisfatória no médio prazo.
11. Qual a probabilidade que se possa efetivar um Parlamento para o Mercosul? Por quê? Quais entraves? Quais as oportunidades? Quais os benefícios? Quais os riscos?
PRA: Já existe Parlamento do Mercosul, mas atualmente ele se dedica mais a "turismo parlamentar" do que a discussão e resolução de questões reais da união aduaneira deficiente que é a situação atual do Mercosul. Por outro lado, não estão resolvidas as questões da proporcionalidade da representação assim como a do processo decisório, elementos cruciais não apenas do Parlamento, mas do próprio bloco.
12. Qual a probabilidade da Zona de Livre Comércio existir plenamente, sem exceções? Por quê? Quais entraves? Quais as oportunidades? Quais os benefícios? Quais os riscos?
PRA: A ZLC já um fato predominante, e as exceções remanescentes – setor automotivo e açúcar – deveriam, em princípio, ser equacionadas em médio prazo.
13. Qual a probabilidade do Mercosul alcançar plenamente o estágio de União Aduaneira? Por quê? Quais entraves? Quais as oportunidades? Quais os benefícios? Quais os riscos?
PRA: Os países relutam em ceder soberania, mas os fatores mais limitantes são as diferentes estruturas tributárias, os regimes diferenciados de fiscalização e os próprios regimes aduaneiros, que não estão verdadeiramente integrados como deveria ser. Quinze anos depois do seu início, e doze anos depois de sua suposta conversão em UA, o Mercosul simplesmente não possui um Código Aduaneiro e uma autoridade aduaneira unificada. Será um processo difícil de ser concretizado.
14. Qual a probabilidade do Mercosul alcançar plenamente o estágio de Mercado Comum? Por quê? Quais entraves? Quais as oportunidades? Quais os benefícios? Quais os riscos?
PRA: Os países membros, por deficiências de suas lideranças políticas e protecionismo exacerbado em vários setores produtivos, simplesmente não caminham para atingir a liberalização plena das trocas de bens e serviços na região. Os riscos, como sempre, derivam das ameaças de desemprego setorial por motivo de concorrência – sendo o Brasil, ao mesmo tempo o país mais forte economicamente e aquele politicamente mais protecionista – e das incertezas fiscais derivadas de uma reformulação nas normas tributárias que deveriam ser implementadas parda que o mercado comum fosse efetivo. Outras dificuldades se explicam pela baixa propensão das lideranças políticas – do executivo e do legislativo – em se engajar pela via das reformas legais que precisariam ser feitas para viabilizar o mercado comum.
15. Qual a probabilidade dos países membros do Mercosul utilizarem uma moeda única? Por quê? Quais entraves? Quais as oportunidades? Quais os benefícios? Quais os riscos?
PRA: Não há nenhum, repito, nenhum, espírito de convergência macroeconômica entre os países do Mercosul atualmente. A despeito de todos serem moderadamente capitalistas – a exceção sendo a Venezuela, caso seja admitida, provavelmente submetida à macroeconômica surrealista de um ditador personalista –, todos eles perseguem objetivos econômicos estreitamente nacionais, com escassa, ou nenhuma, coordenação conjunta com vistas a atingir, ainda que no médio ou longo prazo, condições macroeconômicas convergentes de maneira a dar início a um processo de uniformidade nas políticas monetárias e cambiais, o que poderia abrir caminho para uma "banda cambial" conjunta e, mais adiante, se falar em "moeda comum". De toda forma isso só se aplica se, e quando, os países caminharem efetivamente para um mercado comum, que sendo verdadeiramente unificado "chama" naturalmente uma moeda comum, ou única. Não havendo mercado comum, é absolutamente irrealista falar de moeda única, e os promotores idealistas dessa quimera podem ser colocados na "ala dos Napoleões de hospício".
16. Qual a probabilidade dos países membros do Mercosul adotarem uma União Monetária? Por quê? Quais entraves? Quais as oportunidades? Quais os benefícios? Quais os riscos?
PRA: Os mesmos motivos explicitados acima, ainda que neste âmbito possa se pensar em "sistema monetário" do Mercosul, ou seja, uma variação correlacionada das moedas nacionais segundo alguma banda de referência, com intervenção ativa dos bancos centrais. Mas, para que isso se faça, seria necessário que os países renunciassem à soberania em matéria de política monetária e cambial, o que parece longe de se realizar. Isso exigiria, antes de mais nada, que todos eles fossem animados dos mesmos princípios em termos de políticas fiscais, que se caminhasse para a harmonização tributária, que os intercâmbios de todos os tipos – inclusive de mão-de-obra – fossem totalmente livres e que a racionalidade implícita num processo de unificação de mercados fosse manifestamente superior à situação atual de independência monetária e comercial. No fundo, se trata de saber se a densidade de comércio, de intercâmbio de tecnologia, de trocas financeiras e de todos os tipos se justifica economicamente. Só vale renunciar à soberania em matéria econômica se os ganhos esperados superam os inconvenientes da nova situação. Nas condições do Mercosul e da América do Sul não existe certeza de que esses ganhos justifiquem os custos.
Clausula democratica do Mercosul: o que cabe fazer agora?
Mercosul e sua clausula (nao muito) democratica: Protocolo de Ushuaia II (apenas para constar)
Venezuela chavista-Brasil companheiro: grandes alegrias, grandes tristezas, com turismo politico...
Aliás, não deu tempo: o trânsito estava um pouco rebelde...
Brasil-Venezuela
Senadores brasileños regresan al aeropuerto al no poder llegar a Caracas
Caracas, 18 de junio de 2015
- Los senadores no pudieron trasladarse hasta Caracas y tuvieron que volver a la terminal cuando varios autobuses situados en medio de la carretera supuestamente puestos para impedir el paso por unos túneles que estaban siendo limpiados, les impidieron el paso.
- Los senadores esperaban, con este viaje, poder visitar a los políticos presos, así como a algunos de los de los opositores que se encuentran en huelga de hambre, dentro y fuera de internados judiciales, incluyendo a Leopoldo López que ya ha cumplido 25 días sin comer.
Sin embargo, los senadores no pudieron trasladarse hasta Caracas y tuvieron que volver a la terminal cuando varios autobuses situados en medio de la carretera supuestamente puestos para impedir el paso por unos túneles que estaban siendo limpiados, les impidieron el paso.
“#ALERTA Accesos a #Caracas desde Maiquetía totalmente trancados que impiden desplazamiento de senadores brasileños”, señaló el partido opositor Voluntad Popular en su cuenta de Twitter.
Por su parte, la dirigente opositora María Corina Machado, que también formó parte del grupo que recibió a los senadores en el aeropuerto escribió en la misma red social: “Totalmente trancada la autopista (…) porque “están limpiando los túneles” y por “protesta” carretera vieja”.
Machado también opinó: “Si (el) régimen creyó que trancando todas las vías (…) impedirían que los Senadores constataran la situación DDHH en Venezuela, lograron lo contrario” y agregó que “en menos de tres horas los Senadores brasileros ya saben lo que significa vivir en dictadura hoy en Venezuela”.
El senador y excandidato presidencial brasileño Aécio Neves, que encabezó el grupo de parlamentarios que viajó a Venezuela, dijo antes de partir al país petróleo que llevaría “solidaridad a los presos políticos” y difundió en Twitter una foto en la que le observa subiendo al avión de la Fuerza Aérea Brasileña que trasladó al grupo.
Los senadores esperaban, con este viaje, poder visitar a los políticos presos, así como a algunos de los de los opositores que se encuentran en huelga de hambre, dentro y fuera de internados judiciales, incluyendo a Leopoldo López que ya ha cumplido 25 días sin comer.
Tintori mantenía la expectativa, además, de que los senadores vieran “las colas para comprar alimentos” y “la inseguridad” que se vive en Venezuela.
La esposa de Ceballos también reaccionó ante el hecho de que los senadores se vieran impedidos de llegar a Caracas y escribió, también en Twitter: “Un hombre que tiene 25 días en huelga de hambre por la libertad ha hecho que el régimen tranque vías para impedir visita de senadores del Brasil”.
quinta-feira, 18 de junho de 2015
Trade negotiations and Fast Track: Obama will get one? - Americans For Limited Government
Ele não precisaria disso, mas o fato é que o Congresso pode se opor a determinados dispositivos e aí seria impossível voltar a reabrir o acordo multilateral, e os EUA acabariam ficando de fora, como parece que vão ficar de fora, se o Congresso não conceder um novo fast track, ou sem ele, se não aprovar o acordo resultante.
Seria um desastre, como já está sendo, um vácuo a ser ocupado inevitavelmente pela China, mas que trabalha com outros parâmetros negociadores e outros "conteúdos" de um acordo comercial, sem todos aqueles penduricalhos que os americanos exigem, tipo regras laborais, condicionalidades ambientais, propriedade intelectual, liberalização financeir e em serviços, etc.
Ou seja, um cenário preocupante para o império, que sente que já não consegue mais impor suas regras ao mundo, mas que o mundo está estabelecendo regras que o deixarão para trás.
Assim é também com o Brasil, um país que já ficou para trás, e que tem poucas chances de recuperar tudo o que foi perdido nos anos dos governos incompetentes do lulo-petismo.
Paulo Roberto de Almeida
Vote NO on fast track trade authority for Obama
Americans for Limited Government, June 18, 2015
Fairfax, Va.—Americans for Limited Government President Rick Manning today issued the following statement in opposition to granting fast track trade authority to President Barack Obama to negotiate the Trans-Pacific Partnership:
"President Barack Obama already has all the authority he needs in the Constitution to negotiate any treaty he pleases with or without fast track — all fast track does is turn the Congressional ratification part of treaty making into a rubber stamp. I ask those who argue that fast track asserts Congressional authority to name another time when President Obama supported legislation that reined in his power. Anyone who believes that Obama would sign a fast track bill that limited his authority to rewrite the rules of the world simply hasn't been paying attention."
To view online: http://getliberty.org/vote-no-on-fast-track-trade-authority-for-obama/
Attachment:
Stop pretending Pacific trade deal is not a treaty, By Robert Romano, June 18, 2015 at http://netrightdaily.com/2015/04/stop-pretending-pacific-trade-deal-is-not-a-treaty/
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