
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quinta-feira, 3 de agosto de 2017
BNDES ingressou no rol dos fracassos nacionais, infelizmente - Elio Gaspari (2013)

quarta-feira, 2 de agosto de 2017
Corrupção no Brasil: as provas da JBS - revista Época
Alcina Reis
Revista Época, 29 de julho de 2017
ÉPOCA teve acesso aos documentos que expõem a compra sistemática de centenas de políticos brasileiros.
Demilton de Castro e Florisvaldo de Oliveira estavam suando. No estacionamento da JBS em São Paulo, eles tentavam, sem sucesso, enfiar uma volumosa caixa de papelão num limitado porta-malas de Corolla. Plena segunda-feira e aquele sufoco logo cedo. Manobra para cá, manobra para lá, e nada de a caixa encaixar. Até que, num movimento feliz, ela deslizou. Eles conseguiram. Estavam prontos para desempenhar a tarefa a que Florisvaldo fora designado. E que ele tanto temia. Dez dias antes, Florisvaldo despencava até uma rua na Vila Madalena, também em São Paulo, para fazer uma espécie de “reconhecimento do local” onde teria de entregar R$ 1 milhão em espécie. Seu chefe, o lobista Ricardo Saud, havia encarregado Florisvaldo do delivery de propina para o então vice-presidente da República, Michel Temer. O funcionário, leal prestador de serviço e carregador de mala, não queria dar bola fora. Foi dar uma olhada em quem receberia a bufunfa. Ao subir as escadas do prediozinho de fachada espelhada, deu de frente com a figura inclemente de João Batista Lima Filho, o coronel faz-tudo de Temer. “Como é que você me aparece aqui sem o dinheiro?”, intimou o coronel. “Veio fazer reconhecimento de que, rapaz?” Florisvaldo tremeu. “Ele me tocou de lá”, comentou com os colegas, ainda assustado. Receoso da bronca que viria também do chefe, Florisvaldo ficou quietinho, não contou a Saud que a entrega não fora feita.
Naquele 1º de setembro de 2014, Saud, o lobista, batia as contas dos milhões em propina que distribuía de lá para cá, para tudo que é político de tudo que é partido – a JBS não discriminava ninguém. “Cadê o dinheiro do Temer?” Florisvaldo admitiu sua falha. “Tá doido, Florisvaldo? Vai entregar esse dinheiro agora!” Lembrando da pinta do coronel, o funcionário replicou: “Só se o Demilton for comigo”. Toca Florisvaldo e Demilton a tentar enfiar a caixa com notas de R$ 50 no porta-malas. Demilton, quatro décadas de empresa, é o planilheiro da JBS. A Odebrecht tinha o drousys, o software de distribuição de propinas. A JBS tem Demilton, exímio preenchedor de tabelas do Excel. Demilton topou ajudar o amigo. Os dois deixaram o estacionamento da JBS ao meio-dia. Florisvaldo, meio nervoso, tocou a campainha. Depois de instantes angustiantes, o coronel Lima apareceu. “Trouxeram os documentos?”, perguntou Lima. Florisvaldo já tomava fôlego para carregar a caixa de papelão escada acima, mas o coronel ordenou que o dinheiro fosse depositado no porta-malas do carro ao lado. “Não tem perigo com essa parede espelhada aí?” Florisvaldo era todo paúra. “Não, fica tranquilo.” A transação estava completa.
Aquele 1º de setembro de 2014 era mais um dia intenso na maior compra já promovida no Brasil, segundo as evidências disponíveis, de uma eleição – de centenas de eleições. A JBS dos irmãos Joesley e Wesley Batista, maior empresa do país, viria a gastar, ou investir, quase R$ 600 milhões naquela campanha. R$ 433 milhões em doações oficiais, R$ 145 milhões entre pagamentos a empresas indicadas por políticos e dinheiro vivo – tudo isso já com a Lava Jato na rua. No raciocínio dos irmãos e de alguns de seus executivos, hoje delatores, os pagamentos, seja pelo caixa oficial, seja por empresas indicadas pelos políticos, seja diretamente por meio de dinheiro vivo, eram um investimento por favores futuros ou uma quitação por favores pretéritos. Favores não republicanos, evidentemente. Ou seja, havia uma relação de troca entre o dinheiro que saía da empresa e o que o político fazia por ela – mesmo que essa troca, em alguns momentos, não fosse verbalizada, por tão corriqueira e natural num quadro de corrupção sistêmica. Havia, em muitos casos, uma relação de troca criminosa, que se tipifica como corrupção.
Assim que a delação da JBS veio a público, em maio, a força irrefreável das provas contra o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves, provas de crimes em andamento, assim como a crise política que se instalou imediatamente, escamoteou o poder igualmente destrutivo dos crimes pretéritos cometidos por executivos da JBS – e por centenas, talvez milhares, de políticos. As provas apresentadas foram largamente ignoradas. Como os delatores haviam fechado o acordo poucas semanas antes, a empresa ainda não tinha levantado tudo o que poderia e deveria, em termos de evidências para corroborar os crimes descritos nos anexos da colaboração. Agora, a um mês do prazo estipulado para entregar à Procuradoria-Geral da República todas as evidências necessárias, os delatores e a JBS já dispõem de um novo e formidável conjunto de documentos.
Nas últimas semanas, ÉPOCA teve acesso, com exclusividade, a esses papéis inéditos – milhares deles. Investigou os principais casos ali presentes e obteve informações, reservadamente, junto a alguns dos envolvidos nos episódios mais relevantes dos crimes apontados nas delações. Há planilhões de propina que perfazem quase dez anos de campanhas – da eleição municipal de 2006 à eleição presidencial de 2014. Há comprovantes bancários. Há notas fiscais frias. Há contratos fraudulentos. Há, ainda, depósitos em contas secretas no exterior. Em comum, as evidências corroboram ou comprovam pagamentos ilícitos a políticos, numa escala que, ao menos no Brasil, nem mesmo a Odebrecht atingiu. De 2006 a 2017, a contabilidade da propina da JBS – e outras empresas dos irmãos Batista – a políticos é espantosa: R$ 1,1 bilhão. Mais precisamente, R$ 1.124.515.234,67. Desse volume extraordinário de pagamentos, R$ 301 milhões ocorreram em dinheiro vivo e R$ 395 milhões por meio de empresas indicadas por políticos. Houve, por fim, R$ 427,4 milhões em doações oficiais.
Da primeira parte dessa investigação, que ÉPOCA publica agora, emergem provas consistentes sobre casos conhecidos por poucos, como pagamentos fraudulentos a empresas indicadas por Temer à JBS, na distante campanha presidencial de 2010. Ou, ainda, dos pagamentos igualmente fraudulentos a empresas indicadas por José Serra em sua campanha presidencial, também em 2010. Há as provas dos famosos extratos das duas contas mantidas por Joesley nos Estados Unidos – e não na Suíça – com saldo de propina no BNDES, por combinação com o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. São aquelas contas cujo saldo, cerca de US$ 150 milhões, serviu para financiar a campanha de Dilma em 2014 – e também dos partidos que toparam, por valores altíssimos, aliar-se a ela.
Surgem com especial força, no entanto, casos inéditos, como a propina de US$ 1 milhão paga a Antonio Palocci, em 2010, por meio de uma conta nos Estados Unidos. Ou os pagamentos em dinheiro vivo ao presidente do Senado, Eunício Oliveira, entre outros parlamentares; e a ministros do governo Temer, como Bruno Araújo, Gilberto Kassab, Helder Barbalho e Marcos Pereira. Kassab, por exemplo, também aparece como beneficiário de um valor extraordinário em propinas, recebidas, segundo os documentos, até o ano passado: R$ 18 milhões.
O acervo, sobre o qual os investigadores da Procuradoria-Geral da República vão se debruçar por meses, demonstra que a JBS comprava sistematicamente políticos de todos os partidos. Não havia critério ideológico; o valor do político era proporcional a sua capacidade de proporcionar benefícios à empresa. Em estados como Ceará, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, onde a JBS tinha mais interesses comerciais, a quantidade de propina distribuída era proporcionalmente maior. Como a JBS tinha interesses e vendas em todo o território nacional, os investimentos em políticos alcançavam o país inteiro, com uma capilaridade superior ao esquema da Odebrecht. Enquanto a Odebrecht, uma empreiteira, atuou no atacado, na compra de políticos maiores, a JBS, no comércio de carne, atuava no varejo, em busca não só dos grandes líderes nacionais, como também dos políticos regionais que poderiam remover obstáculos.
O crescimento da JBS é rápido, explosivo. Entre 2006 e 2014, a receita líquida do grupo cresceu cerca de 2.800%, dos R$ 4,3 bilhões de uma grande empresa brasileira para os R$ 120,5 bilhões características de uma gigante mundial, graças em boa parte ao bom relacionamento com o PT, que lhe proporcionou acesso a fartos financiamentos amigos do BNDES, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Quanto mais crescia, mais a JBS tinha negócios pelo país, mais seus interesses se diversificavam, mais ela precisava do governo e dos políticos. Por isso, no mesmo período, a propina distribuída subiu junto. Os registros internos mostram um salto de 4.900% nos gastos com corrupção, de R$ 12,5 milhões em 2006, ano da reeleição do então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, para R$ 617 milhões em 2014, na reeleição de Dilma Rousseff. Em 2006, a JBS pagou propina para políticos de 11 partidos em seis estados; em 2014 foram beneficiados integrantes de 27 partidos em todos os estados brasileiros.
Tais volumes necessitavam de um acompanhamento cuidadoso e de uma logística afiada. A operação rotineira da propina era artesanal. Em vez de um Setor de Operações Estruturadas e do drousys, como tinha a Odebrecht, a JBS tinha Demilton e Florisvaldo, os dois funcionários dedicados. Os acertos com os políticos eram feitos por Joesley Batista (na maioria dos casos), por seu irmão Wesley (em poucos casos) e pelo lobista Ricardo Saud, todos colaboradores da Procuradoria-Geral da República. Uma vez que o crédito fosse aprovado por Joesley, Demilton era avisado por telefone ou pessoalmente e se encarregava de combinar com quem de direito. Nos casos em que bastava pagar uma empresa indicada pelo político, Demilton só tinha de cobrar as notas fiscais frias; em alguns casos, nem isso: os interessados entregavam os papéis e Demilton entregava dinheiro vivo. Para depósitos no exterior, Demilton acionava um doleiro chamado Chico, baseado no Uruguai. Demilton organizava a conta-corrente do grupo com Chico: os pedidos de pagamento eram feitos por e-mail e nunca falhavam. Para fazer pagamentos próprios de propina no exterior, a JBS tinha duas contas no banco Julius Bär em Genebra, na Suíça, a Lunsville International e a Valdarco Investments – aliás, foi de lá que saíram os pagamentos para Palocci e para manter o silêncio do doleiro Lúcio Funaro, entre outros que quiseram receber no exterior.
No Brasil havia facilidades das quais só a JBS dispunha. Com clientes no varejo espalhados por todo o país, como supermercados, atacados e frigoríficos, havia um fornecimento garantido de dinheiro vivo para atender à demanda dos políticos. Assim, boa parte dos pagamentos nessa modalidade era resolvida com uma ligação. Seja no Rio de Janeiro, seja em Minas Gerais, Demilton entrava em contato com o cliente e pedia que separasse um valor. Era comum que empresários e até políticos buscassem valores diretamente, tamanha a despreocupação com a operação ilegal. Foi assim com o senador Ciro Nogueira, do Piauí, o principal líder do PP, partido que apoia o governo Temer; foi assim com Raimundo Colombo, governador de Santa Catarina pelo PSD, com o suplente de senador Antonio Carlos Rodrigues, do PR de São Paulo, e com o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, do PMDB.
No Nordeste, onde a chaga do voto de cabresto ainda persiste e a facilidade para lavar dinheiro em postos de gasolina ou compra de gado é maior, Joesley Batista encarregou o publicitário André Gustavo, uma espécie de Marcos Valério de Pernambuco, para cuidar de entregas de dinheiro. Quando necessário, Joesley autorizava a contratação de um carro-forte e André recolhia o dinheiro nos clientes da JBS e transportava até o político que deveria ser beneficiado. Foi André quem, segundo a JBS, organizou a entrega de propina em dinheiro vivo ao presidente do Senado, Eunício Oliveira, ao senador Jader Barbalho e a seu filho, o ministro Helder Barbalho, todos do PMDB. André Gustavo foi preso nesta semana na 42ª fase da Operação Lava Jato, acusado de ajudar o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine a chantagear a Odebrecht, obter uma propina de R$ 3 milhões e lavar dinheiro. Como Marcos Valério, André Gustavo está na cadeia.
FONTE REVISTA ÉPOCA
terça-feira, 1 de agosto de 2017
Integracao latino-americana: uma avaliacao em 2008 - Paulo Roberto de Almeida
Recentemente, um leitor de meus trabalhos chamou-me a atenção para esse trabalho analítico e prospectivo. Esta é a única razão pela qual eu fui verificar o que tinha escrito na década passada.
Eis, em todo caso, o meu balanço e as minhas previsões elaborados entre 2007 e 2008, para o que possa servir como acerto da avaliação então feita e das expectativas esperadas, talvez inutilmente.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 1 de agosto de 2017
O link para o trabalho completo é este aqui: https://www.academia.edu/5794555/084_Evolu%C3%A7%C3%A3o_do_regionalismo_econ%C3%B4mico_e_pol%C3%ADtico_da_Am%C3%A9rica_do_Sul_dilemas_atuais_e_perspectivas_futuras_2009_
Jose Osvaldo de Meira Penna (1917-2017): um intelectual liberal - livros principais
Ao longo de sua longa carreira, que se estendeu por praticamente meio século, ele não apenas foi testemunha ocular de grandes acontecimentos históricos -- como a invasão japonesa na China e a tomada do poder pelas forças comunistas de Mao Tsé-tung -- como também colaborou intensamente para a literatura liberal no Brasil.
Meus sentimentos mais profundos e a solidariedade para com todos os seus familiares.
Destaco apenas alguns de seus livros mais importantes:
Shanghai: aspectos históricos da China moderna (1944)
O Sonho de Sarumoto - O romance da história japonesa )1948)
Quando Mudam as Capitais (1958)
Política Externa, Segurança e Desenvolvimento (1967)
Psicologia do Subdesenvolvimento (1972)
Em Berço Esplêndido (1974; 2a. ed. revista e aumentada: 1999)
Elogio do Burro (1980)
O Brasil na Idade da Razão (1980)
O Evangelho Segundo Marx (1982)
A Utopia Brasileira (1988)
O Dinossauro (1988)
Opção Preferencial pela Riqueza (1991)
Decência Já (1992)
A Ideologia do Século XX (1985, 2a. ed.: 1994)
O Espírito das Revoluções (1997)
Ai que dor de cabeça (2001)
Urânia (2001)
Cândido, Pafúncio (2001)
Da Moral em Economia (2002; este dedicado a Roberto Campos)
O velório do embaixador Meira Penna será na Igreja Luterana de Brasília, EQS 405/406, nesta terça-feira, dia 01/08/2017, das 8h às 12hs. Haverá uma miss-culto às 11hs.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 1/08/2017
segunda-feira, 31 de julho de 2017
Quer reduzir os juros? Baixe os gastos publicos - Rodrigo Constantino


O Visconde do Rio Branco fala sobre educação e empreguismo: atual!
Algo soa familiar?
A frase do momento, ou de sempre:
"É uma verdade geralmente confessada que a população brasileira sofre de uma moléstia crônica e perniciosíssima, a empregocracia; mas poucos têm atinado com uma das causas que mais contribuem para esse mal - o sistema de instrução seguido em nossas escolas, colégios e liceus, quase exclusivamente literário. Nossos jovens... pela maior parte não aspiram senão a um título de bacharel ou doutor que lhes dê presunção de saber, e não descobrem outro meio de vida que o ofício de empregado público...
José Maria da Silva Paranhos
31a. Carta ao Amigo Ausente
Rio de Janeiro, 12 de julho de 1851
In: José Maria da Silva Paranhos, Cartas ao Amigo Ausente (Rio de Janeiro: Ministério das Relações Exteriores, Instituto Rio Branco, 1953), p. 188.
Deficit fiscal: agravamento - Ricardo Bergamini
Em um ano do governo atual gerou um deficit fiscal primário real em relação ao PIB de 4,38% maior do que o último ano do governo Dilma e a estupidez coletiva brasileira repete como “papagaio de pirata” ser o atual governo da salvação nacional.
No acumulado em doze meses até junho de 2016, registrou-se deficit primário de R$ 151,2 bilhões (2,51% do PIB). No acumulado em doze meses até junho de 2017, registrou-se deficit primário de R$ 167,2 bilhões (2,62% do PIB). Aumento de déficit primário de 4,38% em relação ao PIB.
Em doze meses até junho de 2016, os juros nominais totalizaram R$ 449,2 bilhões (7,45% do PIB). Em doze meses até junho 2017, os juros nominais alcançaram R$ 440,3 bilhões (6,89% do PIB). Redução dos gastos com juros de 7,52% em relação ao PIB.
Em doze meses até junho de 2016, o deficit nominal alcançou R$ 600,4 bilhões (9,96% do PIB). Em doze meses até junho de 2017, o déficit nominal alcançou R$ 607,5 bilhões (9,50% do PIB). Redução de 4,62% em relação ao PIB. Nesse ritmo esse governo precisaria de 21,64 anos para controlar o déficit atual. Aguardem.
Política Fiscal – Fonte BCB
Base: Junho de 2017
I - Resultados fiscais
O setor público consolidado registrou deficit primário de R$ 19,6 bilhões em junho. O resultado primário do Governo Central foi deficitário em R$ 19,9 bilhões, e o dos governos regionais e das empresas estatais, superavitário em R$ 240,0 milhões e R$ 145,0 milhões, respectivamente.
No ano, o setor público consolidado registrou deficit primário de R$ 35,2 bilhões, ante deficit de R$ 23,8 bilhões no mesmo período de 2016. No acumulado em doze meses até junho, registrou-se deficit primário de R$ 167,2 bilhões (2,62% do PIB), 0,15 p.p. do PIB superior ao deficit registrado em maio.
Os juros nominais do setor público consolidado, apropriados por competência, alcançaram R$ 31,5 bilhões em junho, comparativamente a R$ 36,3 bilhões em maio. Contribuíram para essa redução o menor número de dias úteis no mês e o efeito da redução da taxa Selic. No acumulado no ano, os juros nominais somaram R$ 206,6 bilhões, comparativamente a R$ 173,3 bilhões no primeiro semestre do ano anterior. Em doze meses, os juros nominais alcançaram R$ 440,3 bilhões (6,89% do PIB), elevando-se 0,14 p.p. do PIB em relação ao valor registrado em maio.
O resultado nominal do setor público consolidado, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$ 51,1 bilhões em junho. No ano, o deficit nominal totalizou R$ 241,8 bilhões, comparativamente ao deficit de R$ 197,1 bilhões no mesmo período do ano anterior. No acumulado em doze meses, o déficit nominal alcançou R$ 607,5 bilhões (9,50% do PIB), aumentando 0,29 p.p. do PIB em relação ao resultado deficitário registrado no mês anterior.
O deficit nominal de junho foi financiado mediante expansões de R$ 28,3 bilhões na dívida mobiliária, R$ 22,5 bilhões nas demais fontes de financiamento interno, que incluem a base monetária, e R$ 4,0 bilhões na dívida bancária líquida, contrabalançadas, parcialmente, pela redução de R$ 3,8 bilhões no financiamento externo líquido.
II - Dívida mobiliária federal
A dívida mobiliária federal interna fora do Banco Central, avaliada pela posição de carteira, totalizou R$ 3.233,7 bilhões (50,6% do PIB) em junho, registrando acréscimo de R$ 103,5 bilhões em relação ao mês anterior. O resultado refletiu emissões líquidas de R$72,2 bilhões, acréscimo de R$ 0,3 bilhão em razão da depreciação cambial, incorporação de juros de R$ 22,8 bilhões e ajuste patrimonial de R$ 8,2 bilhões.
Destacaram-se as emissões líquidas de R$37 bilhões em LFT; de R$ 25,1 bilhões em LTN; de R$ 5,7 bilhões em NTN-B e de R$ 4,5 bilhões em NTN-F.
A participação por indexador registrou a seguinte evolução, em relação ao mês de maio: a porcentagem dos títulos indexados ao câmbio permaneceu em 0,3%; a dos títulos vinculados à taxa Selic elevou-se de 22,9% para 23,8%, pelas emissões líquidas de LFT; a dos títulos prefixados evoluiu de 26,4% para 27,1%, pelas emissões líquidas de LTN e NTN-F; e a dos títulos indexados aos índices de preços passou de 23,3% para 23,5%, pelas emissões líquidas de NTN-B. A participação das operações compromissadas reduziu-se de 26,8% para 25%, apresentando compras líquidas de R$76 bilhões.
Em junho, a estrutura de vencimento da dívida mobiliária em mercado foi a seguinte: R$ 190,4 bilhões, 5,9% do total, com vencimento em 2017; R$ 465,4 bilhões, 14,4% do total, com vencimento em 2018; e R$ 2.577,8 bilhões, 79,7% do total, vencendo a partir de janeiro de 2019.
No final de junho, a exposição total líquida nas operações de swap cambial alcançou R$ 91,7 bilhões. O resultado, no regime caixa, dessas operações no mês (posição passiva em taxa Selic e posição ativa em taxa de câmbio mais cupom cambial), foi desfavorável ao Banco Central em R$ 0,5 bilhão.
III - Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) e Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG)
A DLSP alcançou R$ 3.112,9 bilhões (48,7% do PIB) em junho, aumentando 0,6 p.p. do PIB em relação ao mês anterior. No ano, a elevação de 2,5 p.p. na relação DLSP/PIB decorreu da incorporação de juros nominais (aumento de 3,2 p.p.), do deficit primário (aumento de 0,6 p.p.), do reconhecimento de dívidas (aumento de 0,1%), do efeito do crescimento do PIB nominal (redução de 0,9 p.p.), da desvalorização cambial acumulada de 1,5% (redução de 0,2 p.p.) e do ajuste de paridade da cesta de moedas da dívida externa líquida (redução de 0,2 p.p.).
A DBGG (Governo Federal, INSS, governos estaduais e municipais) alcançou R$ 4.674,6 bilhões em junho (73,1% do PIB), elevando-se 0,6 p.p. do PIB em relação ao mês anterior.
O estoque dívida líquida da União (interna mais líquida externa) em junho de 2017 era de R$ 4.959,3 bilhões (78,21% do PIB).
Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.
Ricardo Bergamini
www.ricardobergamini.com.br
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