sábado, 26 de abril de 2025

Livro: Alexandre de Freitas Barbosa & Alexandre Macchione Saes: Celso Furtado, Trajetória, pensamento e método (Introdução)

Alexandre de Freitas Barbosa & Alexandre Macchione Saes:

Celso Furtado – Trajetória, pensamento e método 

Belo Horizonte, Autêntica, 2025, 318 págs

[https://amzn.to/3EF1tJs]

O lançamento em São Paulo será nesta segunda-feira, 28 de abril, a partir das 18h30, na Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915, Vila Madalena)

 

Celso Furtado – Trajetória, pensamento e método


 


Por ALEXANDRE DE FREITAS BARBOSA & ALEXANDRE MACCHIONE SAES*

Introdução dos autores ao livro recém-lançado

 

Os vários Furtados

“Por que um país com tanta riqueza, tanta terra […] tem esse mundo de gente abandonada, pedindo esmola na rua. Como se explica isso? Isso não é economia. Isso daí tem a ver com a história… O debate não alcança os pontos essenciais, porque a sociedade não está preparada para levar adiante esse debate”.
Celso Furtado, 10 de julho de 2004.[i]

1.

Celso Furtado é um dos intelectuais mais conhecidos e estudados no Brasil e na América Latina. Sua trajetória se mistura à do Brasil República, especialmente a partir dos anos 1950, a tal ponto que não se pode contar a história do país na segunda metade do século XX sem fazer a menção a esse homem público que refletiu e atuou sobre a cena nordestina, brasileira, latino-americana e mundial.

Nascido em 1920, na cidade de Pombal, Paraíba, sua trajetória compreende vários Furtados que se sucedem e se superpõem: o funcionário público do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), o estudante de doutorado na Sorbonne, o economista da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), o gestor da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e do Ministério do Planejamento.

Há ainda os anos de exílio como professor em universidades do exterior e o regresso ao Brasil, quando participa da transição democrática e da estruturação do Ministério da Cultura e desafia as promessas do “capitalismo global”. As diversas atividades exercidas por Furtado nutrem-se de suas utopias e projetos de transformação do Brasil, sempre presentes em suas obras, mesmo naquelas em que sobressai a verve analítica.

O presente livro fornece uma abordagem panorâmica de Celso Furtado, costurando sua trajetória e seu pensamento em constante transformação, repleto de nuances, ajustes e até rupturas, assim como a sociedade brasileira que ele procurou destrinchar por meio de uma perspectiva que parte da economia para transcendê-la.

Nesse sentido, é importante acompanhar como se dá o movimento de fusão de Celso Furtado com a história brasileira. Se a história avança por desvios, atalhos e cortes bruscos, também são vários os Furtados que a partir dela se expressam.

Isso pode ser percebido na leitura de seus Diários intermitentes. Há o jovem existencialista em busca de seu ser no mundo; o economista responsável por uma das mais originais contribuições brasileiras para a história do pensamento econômico; o intelectual público no front de batalha na Cepal, na Sudene e no Ministério do Planejamento; o professor exilado repensando o país com distanciamento histórico; e, finalmente, o intelectual renomado atuando nos bastidores da transição democrática inconclusa e procurando lapidar seu legado para as novas gerações.

Ao longo de aproximadamente cinquenta anos de produção intelectual e atividades públicas, Celso Furtado publicou quase quarenta livros. Ao percorrermos a vasta bibliografia produzida por Celso Furtado, nos deparamos com uma diversificada produção, com textos ora mais voltados para uma análise sobre os processos históricos, ora mais preocupados com o debate no campo da teoria econômica; mas sempre movido pelo anseio de estilhaçar as fronteiras estabelecidas entre as ciências sociais. Encontramos também a elaboração de manifestos de intervenção política em momentos decisivos de nossa história, assim como reflexões de cunho biográfico.

Em Celso Furtado, não há intervenção política sem teoria e história e tampouco interpretação sem propostas de ação. Teoria e práxis interagem mutuamente na trajetória de Celso Furtado, compondo um olhar muito próprio sobre a realidade brasileira e as possibilidades de transformação da sociedade.

2.

O livro procura apresentar, em linhas gerais, o pensamento de Celso Furtado a partir do contexto histórico em que produziu suas principais obras, sempre sob uma chave interdisciplinar, tornando-o palatável não apenas a economistas e cientistas sociais, mas também a leitores e leitoras provenientes do direito, história, geografia, relações internacionais, arquitetura, literatura e das artes e ciências em geral.

Se o contexto histórico permite acompanhar suas reflexões em constante mutação, é importante ressaltar que cada obra de sua autoria procura atuar de volta sobre a história, numa espécie de bumerangue incessante. Por isso, Francisco de Oliveira qualificou Celso Furtado como o mais “ideológico” de nossos intérpretes,[ii] no sentido de que suas sínteses sempre são projetadas no horizonte de possibilidades de cada momento.

Nesse sentido, nosso intuito é abarcar as múltiplas dimensões de sua obra em constante elaboração, numa chave panorâmica e pedagógica, apresentando nosso olhar sobre o intelectual – sua trajetória, seu pensamento e seu método – em diálogo com a ampla literatura existente.

Se a porta de entrada para conhecer a obra de Celso Furtado costuma ser Formação econômica do Brasil, sua obra-prima, este livro busca descortinar os “vários Furtados”.

Para além de uma das mais influentes interpretações da história econômica do Brasil, publicada em 1959, a obra de Celso Furtado navega pela teoria econômica, pela dinâmica história latino-americana, pela questão regional, pela economia da cultura e pela análise do capitalismo internacional. O que salta aos olhos é sua capacidade de fornecer uma perspectiva totalizante ao integrar essas temáticas. Isso se torna possível ao ampliar a concepção do sistema centro-periferia a partir da interpretação do subdesenvolvimento e da dependência.

3.

O variado espectro de temas é atualizado pelo confronto de três planos de análise: “o fenômeno da expansão da economia capitalista, o da especialidade do subdesenvolvimento e o da formação histórica do Brasil vista do ângulo econômico”.[iii] Portanto, uma interpretação que produz releituras sobre as conjunturas – do desenvolvimento nacional dos anos 1950 e da reestruturação do capitalismo global dos anos 1970 –, avaliando as oportunidades de transformação da sociedade e redesenhando os projetos de intervenção.

O método constantemente lapidado é o eixo a partir do qual procuramos encontrar a coerência de sua trajetória e seu pensamento, compreendidos a partir das rupturas da história brasileira e de como ele se posiciona frente a elas. Não se trata de uma coerência definida a priori, pois resultante do processo que altera a sua forma de vinculação à vida nacional em diferentes momentos: luta pela superação do subdesenvolvimento nos anos 1950 e 1960, exílio e crítica ao “modelo brasileiro” de desenvolvimento do pós-1964 e volta ao centro da cena durante a redemocratização dos anos 1980.

Celso Furtado se debruça ao longo de sua obra sobre o Nordeste, o Brasil, a América Latina e o sistema capitalista mundial estruturado por meio das relações entre centro e periferia. Essas dimensões de seu pensamento serão abordadas em seu devido lugar, mas não podemos esquecer que elas se referem a diversos níveis de análise sobre o mesmo problema – a tensa, complexa e por vezes dialética interação entre desenvolvimento e subdesenvolvimento – que muda conforme as escalas e temporalidades, e sempre de maneira encadeada.

Não podemos deixar de mencionar nessa introdução que o livro foi escrito com uma mirada para as próximas gerações, para os jovens que ingressam na universidade e na vida política, tal como fazia Celso Furtado em seus primeiros livros, dirigindo-se aos estudantes e à juventude.

Para os leitores que travaram algum conhecimento com a obra do intelectual na universidade ou nas batalhas políticas, procuramos recuperar os vários Furtados, como se fossem heterônimos de uma mesma persona. Poderão, assim, redescobrir esse pensador multifacetado a partir de novos olhares e perspectivas. Se os mais velhos possuem cada um “o Furtado para chamar de seu”, o convite que fazemos é para que ampliem seu repertório furtadiano.

Nós, os autores, nos damos por satisfeitos se o leitor e a leitora, ao chegarem ao final do livro, forem correndo ler este ou aquele livro do mestre. Nosso objetivo não é cultuar Furtado, mas praticar Furtado, aplicando seu método para entender as novas configurações assumidas pela economia nordestina, brasileira, latino-americana e mundial, sempre interagindo – por vezes de maneira contraditória – com as dimensões sociais, políticas e culturais.

4.

Com 22 anos incompletos, o estudante de Direito no Rio de Janeiro, e aficionado por música, publica na Revista da Semana, um artigo intitulado “Os inimigos de Chopin”.[iv] O jovem Furtado realiza então uma bela síntese em que o artista e seu país de origem aparecem fundidos.

Eis o trecho: “Chopin e Polônia estiveram por tanto tempo juntos e tanto se assemelham em suas trajetórias que se nos afiguram dois lados de uma mesma coisa. E teria sido possível um Chopin se não existisse uma Polônia? Certamente não. Como a Polônia não seria o que é sem este capítulo de sua existência: Frederico Francisco Chopin”.[v]

Parodiando o jovem, podemos dizer que o Brasil, país do sertanejo paraibano, tampouco seria o que foi, ainda é e pode ser, se não existisse o capítulo Celso Monteiro Furtado.

O intelectual Celso Furtado perscrutou analiticamente o potencial de desenvolvimento da nação, apesar da sordidez de suas elites e classes dominantes. Como se isso não bastasse, construiu possibilidades utópicas, entranhadas em sua metodologia inovadora, transformando-se numa “matriz de referência que não desiste nunca”, conforme a expressão de Maria da Conceição Tavares.[vi]

O capítulo Celso Furtado da história do Brasil não se encerrou com a partida do economista em 2004. Seu reconhecimento foi materializado, em 2004, com a criação do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, proposta encabeçada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E justificado pela crescente quantidade de trabalhos dedicados a refletir sobre a trajetória e a vasta obra de Celso Furtado. Uma obra que vem sendo debatida e valorizada, cada vez mais, para além das fronteiras da ciência econômica. Uma obra interdisciplinar necessária para enfrentar os novos desafios do Brasil.

Tal como Chopin revive toda vez que é tocado ao piano, alçando consigo sua Polônia natal, a sinfonia furtadiana encontra-se presente em sua obra. Toda vez que ela é lida, reinterpretada ou aplicada por alguém, o Brasil se reveste de possibilidades inauditas.

Foi assim durante as caravanas virtuais de 2020, quando o centenário de Celso Furtado despertou intelectuais, professores, estudantes e militantes dos quatro cantos do país, reivindicando seu legado durante a pandemia real e metafórica. Foram inúmeras lives, webinários, cursos, eventos, além dos dossiês publicados em revistas acadêmicas e livros lançados para rememorar esse capítulo da história do Brasil.

Se Chopin parece distante, vamos de Emicida: “eu não sinto que vim, eu sinto que voltei”.[vii] Furtado está sempre voltando, para levar adiante o necessário debate com ousadia crítica e imaginação transformadora. Não desanimemos.

5.

Celso Furtado: trajetória, pensamento e método foi escrito para dar conta do seguinte desafio: fornecer os instrumentos para acessar o seu método de análise e a sua produção intelectual por meio de uma abordagem panorâmica que tornasse possível acompanhar o pensamento e a trajetória de Celso Furtado ao longo da segunda metade do século XX.

O livro percorre a vida e obra de Celso Furtado descortinando os “vários Furtados” – teórico do subdesenvolvimento, intérprete do Brasil e do capitalismo, formulador de políticas de desenvolvimento, pensador da cultura e intelectual atuante –, situando a publicação de suas obras com os contextos históricos e os desafios vividos.

Para além de sua interpretação presente em Formação econômica do Brasil ou de seu papel como o representante brasileiro do estruturalismo latino-americano, procuramos situar a trajetória de Celso Furtado de uma maneira pedagógica, compondo um amplo quadro em que autor, obra e contexto histórico se conectam por meio de nossa leitura do projeto furtadiano de construção de um país soberano, justo e democrático.

A estrutura do livro é cronológica, pois sua biografia serve de ponto de partida para a compreensão de sua produção bibliográfica, mas sem projetar uma trajetória linear, cujo sentido esteja dado de antemão. Se o tratamos como “mestre”, é porque, com ele, aprendemos a pensar o Brasil. Não se trata, pois, de heroicizar o personagem. Ele viveu seu tempo e deixou seu legado. Cabe a nós recuperá-lo. Simples assim.

O capítulo inicial, “O jovem Furtado e os eixos de sua formação (1920-1948)”, apresenta suas primeiras reflexões, saindo da realidade nordestina para o Rio de Janeiro e, depois, da capital brasileira para a Europa. Uma formação jurídica na Universidade do Brasil, mas, acima de tudo, navegando pelas leituras das ciências sociais e pelos desafios de constituição do moderno Estado brasileiro nas décadas de 1930 e 1940. No doutoramento em Paris, por sua vez, sedimenta-se em sua formação a história como instrumento de análise, uma história problema, como presente na tradição da escola dos Annales.

O encontro com a ciência econômica, por outro lado, somente ocorreria a partir de 1949, quando se transfere para Santiago do Chile para trabalhar na Cepal. Este é o objeto do Capítulo 2, “A aventura da Cepal (1949-1958)”, fase da fantasia organizada, quando o economista se equipa com as ferramentas de planejamento para atuar no sentido da superação do subdesenvolvimento nos países latino-americanos. Essa fase se encerra com sua ida para a Universidade de Cambridge, contexto de redação de sua obra-prima, que figura como síntese de sua trajetória – por conjugar método analítico e interpretação histórica da economia brasileira –, objeto do Capítulo 3, “Formação econômica: o método histórico-estrutural e uma ideia de Brasil”.

“O intelectual estadista (1958-1964)”, Capítulo 4, situa Celso Furtado no auge de sua atuação política, pois num curto espaço de tempo o economista da Cepal transforma-se no formulador de um dos mais ousados planos de desenvolvimento regional do país, com a criação da Sudene no governo de Juscelino Kubitschek. Mais tarde, em meio à crise econômica e política do governo de João Goulart, Celso Furtado é o responsável pela formulação do Plano Trienal, como ministro extraordinário do Planejamento. A fantasia (é) desfeita com o golpe militar e seu longo exílio de quase vinte anos.

Os dois capítulos seguintes tratam do período em que Celso Furtado, tendo seus direitos políticos cassados pelo Ato Institucional n.º 1, precisa produzir distante do palco político. O Capítulo 5, “O intelectual no exílio 1: repensando o Brasil (1964-1974)”, percorre a primeira década do exílio, quando sua prioridade é compreender os dilemas da economia brasileira, as razões do golpe e os significados do novo modelo de subdesenvolvimento.

“O intelectual no exílio 2: repensando o capitalismo (1974-1980)”, por sua vez, destaca sua produção no contexto em que o economista se distancia dos problemas da conjuntura econômica brasileira e produz textos voltados para compreender os impasses da civilização industrial e do capitalismo contemporâneo, oferecendo uma reflexão inovadora no campo da ciência social.

6.

Os capítulos finais do livro se voltam para as duas últimas décadas de vida de Celso Furtado. Com seu retorno definitivo para o Brasil, durante o processo de redemocratização, o economista reaparece em plena forma, atualizando sua leitura do “modelo brasileiro” e esclarecendo aos cidadãos a origem e a dinâmica da dívida externa e da inflação. Assume, no governo Sarney, o Ministério da Cultura, área em que fornece contribuições valiosas desde os anos 1970, agora transformadas em política pública.

O Capítulo 7, “De volta à cena nacional: economia, redemocratização e cultura (1980-1988)”, procura explicar como e porque Celso Furtado foi escanteado pelos economistas do poder, ao passo que se sobressai como um intelectual para além da economia. Sua atuação na cena política lhe permite compreender os impasses da democracia brasileira por meio de uma perspectiva histórica.

O Capítulo 8, “Na linha do horizonte: dialogando com as novas gerações (1988-2004)”, apresenta uma fase de balanços e sínteses de Celso Furtado. Uma década em que o reconhecimento do economista se concretiza por meio de prêmios e indicações, como o recebimento de diversos títulos honoris causa, a nomeação para a Academia Brasileira de Letras e a indicação para o prêmio Nobel de Economia.

Por meio de seus livros, Celso Furtado estabelece um diálogo com as novas gerações, com ênfase nos novos desafios para o enfrentamento do subdesenvolvimento, a partir de um resgate de sua contribuição teórica e de sua trajetória pública, e de suas reflexões sobre a transformação da economia mundial.

A título de conclusão, apresentamos um ensaio-síntese que percorre meio século de produção intelectual de Celso Furtado com o objetivo de reter os instrumentos metodológicos de sua análise econômica e social. Uma perspectiva analítica burilada por décadas, que a despeito de completarmos vinte anos de seu falecimento em 2024, ainda nos auxilia a captar a essência da realidade – condição para o enfrentamento da pobreza e da desigualdade nas suas variadas formas, sempre levando em conta as transformações do cenário internacional, as quais constrangem e abrem possibilidades para novas propostas de desenvolvimento nacional.

*Alexandre de Freitas Barbosa é professor de economia no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP). Autor, entre outros livros, de O Brasil desenvolvimentista e a trajetória de Rômulo Almeida (Alameda).

*Alexandre Macchione Saes é professor no Departamento de Economia da USP. Autor, entre outros livros, de Conflitos do capital (EDUSC). [https://amzn.to/3LoAQIA]

Referência



Alexandre de Freitas Barbosa & Alexandre Macchione Saes. Celso Furtado – Trajetória, pensamento e método. Belo Horizonte, Autêntica, 2025, 318 págs. [https://amzn.to/3EF1tJs]

O lançamento em São Paulo será nesta segunda-feira, 28 de abril, a partir das 18h30, na Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915, Vila Madalena)

Notas


[i] Trecho do documentário O longo amanhecer: cinebiografia de Celso Furtado. Direção: Jose Mariani. Rio de Janeiro: Andaluz Produções, 2004. (73 min.)

[ii] Oliveira, F. A navegação venturosa: ensaios sobre Celso Furtado. São Paulo: Boitempo, 2003, p. 18-19.

[iii] Furtado, Celso. Aventuras de um economista brasileiro. In: Celso Furtado: Obra autobiográfica. Organização de Rosa Freire d’Aguiar.

Tomo II. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997, p. 21.

[iv] Furtado, Celso. Os inimigos de Chopin [Revista da Semana, 14 abr. 1942]. In: Anos de Formação: 1938-1948. Organização de Rosa Freire d’Aguiar. Rio de Janeiro: Editora Contraponto/Centro Celso Furtado, 2014b. (Arquivos Celso Furtado, v. 6).

[v] Furtado ([1942] 2014a, p. 67).

[vi] O longo amanhecer: cinebiografia de Celso Furtado. Direção: Jose Mariani. Rio de Janeiro: Andaluz Produções, 2004. (73 min.)

[vii] AmarElo: é tudo para ontem. Direção: Fred Ouro Preto. São Paulo: Netflix, 2020. (89 min.)

 

Bicentenário de Dom Pedro II em exposição - Paulo Rezzutti, Claudia Thomé Witte (Tarso Marketing)

 Bicentenário de Dom Pedro II em exposição

Tarso Marketing, 12/04/2025


Fundação Maria Luísa e Oscar Americano, em São Paulo, abriu neste sábado a exposição Dom Pedro II - 200 anos. Com curadoria dos escritores Paulo Rezzutti, biógrafo de Dom Pedro I, Dona Leopoldina e Dom Pedro II, e Claudia Thomé Witte, biógrafa de Dona Maria II e de Dona Amélia, a exposição apresenta algumas peças inéditas que pertenceram ao próprio Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil ou à Família Imperial. Grande parte é de propriedade da própria Fundação Maria Luísa e Oscar Americano, que possui um rico acervo imperial adquirido em leilões na Europa na década de 1980. Há também peças pertencentes à coleções particulares. A exposição poderá ser visitada até 15 de dezembro. Convém, enfatizar que no dia 2 de dezembro deste 2025 completam-se 200 anos do nascimento de Dom Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança.

Durante o evento realizou-se, em simultâneo, o início da temporada 2025 do Ciclo de Palestras sobre História do Brasil. O palestrante, Paulo Rezzutti, trouxe à tona novos dados sobre o filho de português e de austríaca que governou o Brasil por 49 anos.

 


 


 
 
 







 
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Todos os caminhos levam a Roma? Nem sempre… - Paulo Roberto de Almeida

Todos os caminhos levam a Roma?

Nem sempre…

Paulo Roberto de Almeida

        De todos os chefes de Estado de países relevantes — G20 e vários outros — estiveram ausentes dois supostamente “grandes”: Putin e Xi. 

        O primeiro não poderia ir, mesmo se desejasse, para conversar com outros, por exemplo, não necessariamente para homenagear um papa, qualquer que este fosse. Nem vai poder ir a outros eventos do gênero, pelo menos em países membros do TPI.

        O segundo é um imperador, que só se deslocaria em função dos interesses do seu império, em franca ascensão, o que requer certa pompa própria de conferências de grande impacto.

        Os que foram, aproveitaram a oportunidade para trocar palavras amenas, ou graves.

        Foi o caso de Trump e Zelensky, por exemplo, numa conjuntura dramática para a Ucrânia, massacrada de forma pouco cristã, por um aproveitador da Igreja Ortodoxa Russa, que o apoia integralmente, mesmo nos crimes de guerra e humanitários que deveriam evitar, até por ser cristã.

        Trump ameaçou colocar mais sanções contra seu amigo Putin, o que não diz muito para Zelensky, que apreciaria, ao contrário, receber mais meios de defesa contra os massacres aéreos.

        Alguns, ou muitos, desses ataques são facilitados por equipamentos fornecidos pela China, ligada a Putin por uma “aliança sem limites”, como proclamou o próprio Xi, em Beijing.

        Não, os dois não se sentiriam bem em Roma, mesmo se quisessem ou se pudessem ir. 

        Roma locuta, e falou pela presença de centenas de milhares de pessoas, às quais foram relembradas várias frases de Francisco em favor da paz e pela construção de pontes entre os povos.

    Todos os caminhos deveriam levar todos a Roma. Mas esses dois estão em outra geografia: a dos impérios expansionistas, que não era o mundo de Francisco. Um outro, por acaso ainda o Hegemon mundial, já tinha recebido um puxão de orelha, por sua conduta anti-cristã, com respeito aos imigrantes.

        Aliás, a primeira viagem de Francisco fora de Roma foi a Lampedusa, a porta de entrada de imigrantes na UE (os que sobrevivem à travessia).

        Francisco vai continuar falando, qualquer que seja o seu sucessor: a presença de tantos chefes de Estado em Roma confirma o seu “lasting power”. Que continue, em Roma ou fora da cidade eterna.

Paulo Roberto Almeida

Brasília, 26/04/2025


Vitelio Brustolin: "A Nova Geopolítica da China e seus Reflexos no Brasil e no Mundo (Canal YouTube do CEBC); EUA desembarcaram de estratégia geopolítica praticada há 80 anos - Andrea Penna (Monitor Mercantil)

 Vitelio Brustolin:

Canal YouTube do CEBC

https://www.youtube.com/watch?v=hNUi0LZfWKQ

Transmitido ao vivo em 16 de abr. de 2025 #economia #brasil #china

A palestra também está disponível na página do CEBC no YouTube: https://www.youtube.com/live/hNUi0LZfWKQ?si=wO3KoShLn66yc0NZ

#Geopolítica #Mahan #Mackinder #Spykman #TeoriaDosJogos #Tarifas #China #EstadosUnidos #Trump #Ucrania #Russia #Europa #Israel #Guerra #Clausewitz #EstudosEstrategicos #StrategicStudies #Realismo #Realism #Realpolitik #DireitoInternacional #InternationalLaw #Geopolitica #RelacoesInternacionais #Geopolitics #InternationalRelations #VitelioBrustolin #estudosestratégicos #OMC #WTO

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Palestra postada no Instagram: 

https://www.instagram.com/p/DItFkIVtoLn/?igsh=MTAweGg0NWE4c2tyYQ==


Comentário Paulo Roberto de Almeida (26/04/2025):

A palestra, amplamente ilustrada e iluminada por um conjunto de mapas representativos das mudanças tectônicas e geoestratégica da evolução geopolítica do mundo desde o século XIX ao XXI, com base nas três grandes propostas teóricas sobre a dominação hegemônica sobre oceanos e territórios por parte dos impérios que se sucederam no período, evidenciou realidades concretas de como o poder espacial (econômico e militar) foi sendo alterado ao longo do período, até chegarmos à preeminência dos EUA sobre aliados e inimigos nos últimos 80 anos. Foram fatores estruturais e decisões políticas que construiram a ordem mundial que agora está sendo alterada, tanto pela ascensão econômica, tecnológica e militar da China, quanto por decisões infantis e contraditórias de um presidente despreparado (e desequilibrado) que se crê um imperador, aliás submisso a um outro império, mas apenas militar — czarista, soviético e putinesco — que aspirou, no período anterior, a desafiar o Hegemon ocidental (agora desprovido de uma liderança coerente com seus próprios interesses geopolíticos. Estamos numa etapa de reacomodação de forças, na qual a China é o único império que atua de forma convergente a seu interesses de longo prazo. 

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EUA desembarcaram de estratégia geopolítica praticada há 80 anos

Pesquisador de Harvard faz histórico da estratégica geopolítica dos EUA e fala da crise de credibilidade, que afeta também o dólar. 

Por Andrea Penna

Monitor Mercantil, 19-20 abril 2025

https://monitormercantil.com.br/eua-desembarcaram-de-estrategia-geopolitica-praticada-ha-80-anos/

Pesquisador de Harvard e professor da UFF, Vitelio Brustolin destaca que, durante toda a Guerra Fria, a estratégia geopolítica dos Estados Unidos foi a implantação de bases militares, armas nucleares, submarinos nucleares etc.

Brustolin mostrou que, com esta estratégia, os EUA convenceram vários países, como Japão e Coreia, e toda a Europa a não investir em segurança, durante 80 anos, tornando-se a “polícia do mundo”, dominando GPSs, armas atômicas. Assim, “impôs o seu poder militar e também impôs alianças por meio deste poder militar. “É dessa geopolítica que os EUA estão desembarcando”, resumiu o professor.

Brustolin fez um histórico sobre o conceito. Ele contou que Nicholas Spykman, em 1942, reuniu definições de outros autores para mostrar que o mais importante é o domínio da região costeira da Heartland (Eurásia), e que se for possível controlar desde o norte da Europa ocidental, passando para o norte da África, o Oriente Médio, Índia, China e Japão, incluindo Kopenhagen e o Bósforo da Turquia, a Eurásia fica contida e não pode se expandir.

Ele sustenta que estes conceitos da geopolítica usados até então pelos EUA ainda são referências hoje e como se posicionam da Rússia e China. Ele exemplificou as iniciativas chinesas, como a Rota da Seda, a expansão no Mar do Sul da China, uma ilha aterrada, a competição tecnológica dentre outras.

Brustolin analisou as novas políticas de Trump e conclui que os Estados Unidos perderam a confiança mundial, “existe uma crise de credibilidade geopolítica que afeta o dólar também, aspecto que o Trump não queria”.

Sobre os impactos sobre o Brasil, Brustolin mostra que desde a primeira gestão de Trump, o Brasil aumentou em mais de 70% a exportação de soja, mas também aumentou exportação de minérios, aço, carne e outros. Para ele, isso “aumenta a vulnerabilidade do Brasil diante de flutuações chinesas e preços das commodities diante das demandas, mas tem também aspectos cono os investimentos chineses no Brasil em portos, setor elétrico, óleo e gás, manufaturas e infraestruturas em geral”.

Brustolin abordou o tema “A Nova Geopolítica da China e seus Reflexos no Brasil e no Mundo”, em webinário promovido pelo Centro Empresarial Brasil-China, analisando como as mudanças no cenário internacional – como a rivalidade sino-americana, os rearranjos produtivos e as disputas tecnológicas – afetam diretamente a política externa e a economia brasileira.

Ascensão da China muda estratégia geopolítica

Para o CEBC, “a ascensão internacional da China e suas novas estratégias de inserção global têm redesenhado as estruturas da ordem mundial – e seus impactos já são sentidos no Brasil e em toda a América Latina, e as mudanças no cenário internacional – como a rivalidade sino-americana, os rearranjos produtivos e as disputas tecnológicas – afetam diretamente a política externa e a economia brasileira”.

Este foi o quarto e último episódio da série de webinários “China: a Economia que Redefiniu o Mundo”, promovida pelo CEBC. O evento contou com abertura do embaixador Luiz Augusto de Castro Neves, presidente do CEBC, e moderação de Tulio Cariello, diretor de Conteúdo e Pesquisa do Conselho.

Para o embaixador, “vivemos tempos de transformações profundas e aceleradas no mundo. A ordem global que emergiu pós Segunda Guerra Mundial está sendo desafiada por novas dinâmicas de poder. A China se tornou uma grande potência, e isso é o aspecto mais importante que indica que estamos em transição acelerada de ordem das relações internacionais. As novas transformações estão sendo desafiadas por novas dinâmicas de poder, em particular, a rivalidade entre a China e os Estados Unidos, sobretudo após a posse do presidente Donald Trump”.

“É impossível falar nos fóruns multilaterais, como G20 e Brics, sem a presença chinesa. Para o Brasil é fundamental entender toda esta nova dinâmica geopolítica, pois a China é nosso interlocutor imprescindível e, hoje, nosso principal parceiro comercial, além de ser um dos principais investidores no país. É por isso, os desdobramentos da competição sino-americana exigem também que sejamos atentos às oportunidades e desafios que esta nova ordem internacional apresenta, que ainda não estão totalmente definidos”, disse Castro Neves.

Para Cariello, “é exatamente a disputa estratégica entre EUA e China o que vai definir as relações internacionais neste século. E como os EUA e a China são os principais parceiros do Brasil, é impossível se esquivar da necessidade de entender qual a melhor maneira de termos a inserção no cenário”.

O evento pode ser acessado no canal do CEBC no YouTube, assim como os debates anteriores.

Por Andrea Penna, especial para o Monitor


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O que eu antecipava em 2024, ou antes da posse deTrump sobre a catastrofe iminente - Paulo Roberto de Almeida

 Esta foi no último dia do ano: 

"O ano de 2025 corre o grande risco de não ser melhor que este que se acaba de 2024, justamente pela presença ativa no cenário internacional de dois personagens absolutamente nefastos para o bem da humanidade, assim como para o de seus próprios paises em especial, ... Ambos possuem uma visão autoritária de como deve ser o mundo, a serviço de suas obsessões pessoais, no caso de Putin uma visão propriamente despótica, o que não chega a esse extremo no caso de Trump, uma vez que os EUA ainda pertencem ao universo das democracias, no caso uma tristemente falha, ainda que não falida.

Neste derradeiro dia de 2024, torna-se, portanto, arriscado, talvez mesmo cruel, se não perversamente irônico, desejar um “Feliz 2025”, sabendo que os dois nefastos personagens estarão no máximo de suas potencialidades e capacidades para converter este ano de 2025 num dos mais “eletrizantes” — se me perdoam a expressão — das relações internacionais contemporâneas. 

Como diplomata brasileiro, eu espero, e desejo, que pelo menos a política externa e a diplomacia do Brasil continuem equilibradas o suficiente, sob um governo personalista como é o de Lula 3, para preservar nossa tradicional autonomia decisória e neutralidade ponderada, em face de conflitos interimperiais dessas duas grandes potências, de molde a confirmar os valores e principios tradicionais de nossa postura equilibrada no plano externo, como garantem as cláusulas de relações internacionais de nossa Constituição e a própria história da “diplomacia na construção do Brasil” (se ouso retomar o titulo da mais importante obra do embaixador Rubens Ricupero).

2025 pode não ser tão catastrófico como prometem as idiossincrasias desses dois personagens, mas será certamente apreensivo para os espíritos mais temerosos.

Paulo Roberto de Almeida

São Paulo, 31 de dezembro de 2024"

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Uma reportagem de Jamil Chade, na véspera da tomada de posse do novo e inepto dirigente americano, ilustrava o conjunto de desafios que estavam sendo colocados à ordem mundial dos últimos 80 anos: 

"domingo, 19 de janeiro de 2025

Trump articula criação de nova ordem global e coloca mundo em tensão máxima - Jamil Chade (UOL)

Trump articula criação de nova ordem global e coloca mundo em tensão máxima

Por Jamil Chade, de Nova York


Nos corredores do prédio da ONU, em Nova York, o semblante de funcionários e diplomatas não esconde a tensão. Todos sabem que, a partir de segunda-feira (20), tudo será diferente. Donald Trump assume a Presidência americana mais forte do que nunca, preparado para implementar a transformação proposta por movimentos ultraconservadores e grupos de extrema direita.

Sua equipe avalia que a atual ordem mundial, estabelecida em 1945 com base nos interesses americanos, tornou-se uma ameaça à segurança nacional. O objetivo é desmantelá-la e construir uma nova estrutura que restabeleça a hegemonia dos EUA. Para diplomatas, isso marca o fim dos pilares da política externa americana dos últimos 80 anos, com valores sendo abandonados em nome do poder.

Nos organismos internacionais, já abalados por uma crise de legitimidade, prevalece a incerteza sobre quem sobreviverá e quais projetos serão enterrados. Trump defende a paz, mas sob seus próprios termos, recorrendo, se necessário, ao poderio militar e econômico dos EUA. Seu lema: "paz pela força".

Um plano estratégico de 900 páginas delineia as prioridades internas e externas do novo governo. No centro, está a redução de qualquer dependência em relação à China, vista como o maior desafio existencial dos EUA. Para isso, é crucial encerrar outras guerras, como no Oriente Médio e na Ucrânia, e concentrar esforços na competição com Pequim.

Para Marco Rubio, novo chanceler de Trump, Vladimir Putin não será o centro quando a história do século 21 for contada. Por isso, a guerra na Ucrânia precisa acabar, ainda que concessões.

A paz no Oriente Médio também cumpre essa função de liberar recursos e energia americana para enfrentar seu maior concorrente. A pressa será por uma normalização das relações entre Israel e a Arábia Saudita, minando inclusive a posição russa na região e marginalizando a ameaça iraniana.

Rubio reforçou a prioridade na contenção da China em sua sabatina no Senado. Ele alertou que, em menos de uma década, os EUA poderão depender da autorização chinesa para suprir suas necessidades, dado o controle de Pequim sobre cadeias de fornecimento globais. O plano de Trump, portanto, tem como meta reduzir essa dependência.

"A China é o maior desafio que os EUA já tiveram em sua história, superando mesmo a União Soviética. Isso vai definir o século 21", alertou Rubio.

Para ele, não apenas a ordem mundial está obsoleta. "Mas é um instrumento contra os EUA", disse. "Somos chamados a criar um mundo livre a partir do caos. Não será fácil", disse. Ele prometeu colocar o interesse americano no centro de sua administração, e não a preservação da ordem mundial.

Implementar isso inclui a retomada da atividade industrial americana, mesmo que exija a construção de muros tarifários contra produtos estrangeiros e em violação às regras mundiais do comércio. Trump, por exemplo, já prometeu elevar barreiras de importação, inclusive para bens vendidos por aliados.

Também está prevista a transformação de organismos internacionais, como a ONU e a OMS, considerados alinhados a interesses chineses. A Otan será mantida, desde que os europeus aumentem seus investimentos na aliança. Ambientalmente, as regras climáticas e ambientais serão descartadas, vistas como obstáculos à produção industrial.

No âmbito territorial, o plano inclui áreas estratégicas como o Canal do Panamá, onde empresas chinesas dominam os lados Pacífico e Atlântico, e a Groenlândia, com rotas estratégicas que poderão surgir com o degelo. Além disso, há a ambição de liderar avanços digitais, incluindo inteligência artificial e propaganda social em massa.

China no horizonte

Se o plano americano está traçado, diplomatas e negociadores apontam que Trump terá sérios desafios para implementar esse reposicionamento. E o motivo, segundo eles, é simples: a China já está ocupando os locais cobiçados pelos americanos e não está disposta a sair.

A realidade é que Pequim está ainda mais poderosa que em 2017, no primeiro governo Trump, e se estabeleceu como a maior parceira comercial de mais de cem países. Os investimentos também são críticos, com contratos de 30 anos em direitos de mineração e exploração de portos pelo mundo.

Se não bastasse, a China criou um colchão inédito na história do comércio mundial. Em 2024, ela acumulou um superávit de US$ 1 trilhão. O valor é três vezes maior que o que existia em 2018.

A China consolidou sua posição como maior parceira comercial de mais de cem países, acumulou um superávit comercial recorde e responde por 27% da produção industrial mundial. Até o fim da década, esse número pode chegar a 40%, posição que os EUA ocuparam em 1945.

A implementação dessas políticas, portanto, pode desencadear tensões globais, com riscos de disputas territoriais. Negociadores alertam que ações americanas, como a retomada do Canal do Panamá, podem provocar reações chinesas em Taiwan ou russas na Geórgia.

Outro risco é de que, ao tentar reconstruir sua base industrial, Trump abra guerras comerciais pelo mundo, com consequências imprevisíveis. Em seu primeiro mandato, um dos resultados de sua política foi o esvaziamento dos tribunais do comércio na OMC. Sem as leis, portanto, chancelarias europeias e de países emergentes apontam que a "lei da selva" pode vigorar.

"Viveremos dias parecidos ao do auge da Guerra Fria. Tensão máxima", prevê um experiente de embaixador em Nova York.

A angústia é quebrada apenas pela ironia. Para diplomatas latino-americanos, a região poderá ver o desembarque da Doutrina Donroe --um jogo de palavras com a Doutrina Monroe, atualizada para o mandato de Trump.

Naquele momento da Presidência de Monroe, em 1823, o inimigo era o imperialismo europeu e os americanos despontavam como a ambição de hegemonia. Duzentos anos depois, é a China que surge como o desafio existencial.

https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2025/01/19/trump-articula-construcao-de-nova-ordem-e-coloca-mundo-em-tensao-maxima.htm "



sexta-feira, 25 de abril de 2025

LULA: NÃO VÁ A MOSCOU DIA 9 DE MAIO! - CDS, Paulo Roberto de Almeida

LULA: NÃO VÁ A MOSCOU DIA 9 DE MAIO!

Os crimes de guerra e contra a humanidade de Putin na Ucrânia, especialmente contra as crianças, mortas, feridas, sequestradas, segundo as informações do CDS, neste boletim diário.

Lula tem certeza de que pretende VISITAR UM CRIMINOSO DE GUERRA?

Paulo Roberto de Almeida

“Humanitarian + general:

More than 2,546 children have been affected in Ukraine as a result of the full-scale armed aggression by the Russian Federation. As of the morning of April 25, 2025, according to official information from juvenile prosecutors, 622 children have been killed and over 1,924 have sustained injuries of varying degrees of severity.

From April 1 to 24, the Office of the United Nations High Commissioner for Human Rights and the UN Human Rights Monitoring Mission in Ukraine recorded at least 848 civilian casualties from Russian attacks in Ukraine, of which 151 people were killed and 697 were injured.

Since the evening of April 24, the Russians had attacked Ukraine with 103 strike UAVs and other types of decoy drones. As of 8:30, the downing of 41 strike UAVs had been confirmed. 40 enemy decoy drones had been lost from radar (without negative consequences). As a result of the enemy attack, Kharkiv, Sumy, Cherkasy, Donetsk, and Dnipropetrovsk Oblasts were affected.

During the night of April 25, Russian occupiers attacked Dnipropetrovsk Oblast with drones, causing fires in several settlements. In Pavlohrad, 3 people were killed and 14 were injured. Later, as a result of a repeated Russian strike, a rescuer was injured.

In Kharkiv, as a result of Russian strikes using "Shaheds" during the night of April 25, at least 18 buildings were damaged.

During the night and morning of Friday, April 25, the Russian army launched 26 strikes on border areas and settlements in Sumy Oblast, with 57 explosions recorded. One person was injured.

At 05:10, enemy forces carried out two airstrikes on the village of Yarova in the Lyman community of Donetsk Oblast. As a result of a direct hit on a residential building, a 61-year-old man and his 88-year-old father sustained injuries incompatible with life.

This morning, an enemy drone struck a car in the village of Prymorske in the Vasylivka district of Zaporizhzhia Oblast. The driver was killed.

Russian forces attacked the territory of the Kherson City Parks municipal enterprise in the afternoon, injuring four municipal workers and damaging vehicles.

At noon, the Russian army attacked a woman with a UAV in the Dnipro district of Kherson. A 50-year-old woman from Kherson, who suffered an explosive injury, as well as neck and abdominal wounds, was hospitalized. Two other people nearby were also injured.

The North Korean ballistic missile that the Russians used to strike the civilian population of Ukraine’s capital on April 24 contains at least 116 components imported from other countries, most of which were manufactured in the United States, President Zelensky reported.

Russia has launched the first container train to Crimea through occupied territories. It departed from the Sverdlovsk railway and arrived in Sevastopol in less than five days.

The National Council (parliament) of Austria adopted a resolution that includes a call for the Ministry of Foreign Affairs to work toward the return of children abducted to the Russian Federation and to ensure criminal accountability for these crimes.”

Source: CDS (Ukraine), April 25, 2025

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