Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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quinta-feira, 29 de março de 2012
Tentando entender, e nao entendendo: quem entender, me ajude, por favor...
Vejamos:
Na cúpula dos Brics em Nova Délhi, criticou o que a Europa, os EUA, o Japão e a Inglaterra, sem citá-los, têm feito contra a crise global: as “medidas de austeridade fiscal” e as “políticas expansionistas que ensejam uma guerra cambial e introduzem, no mundo, novas e perversas formas de protecionismo”.
São medidas de austeridade, ou políticas expansionistas?
Uma coisa não vai com a outra...
E se eles jogam dinheiro no mercado para desvalorizar suas moedas, e se tornarem assim mais pobres, como vão sustentar uma guerra cambial e o protecionismo ao mesmo tempo?
Ainda estou tentando entender...
Itamaraty: luta de classes ou regime de castas?; ou apenas elitismo besta...
Pois é, parece que até a indignação, no Brasil, virou seletiva...
Paulo Roberto de Almeida
Millor Fernandes - uma homenagem de Paulo Timm
Estudos medievais no Brasil - Carmen Licia Palazzo
http://www.revistasignum.com/signum/index.php/revistasignumn11/article/view/54/67
Revista Signum, 2011, vol. 12, n. 2.
RELATOS OCIDENTAIS SOBRE OS KHANATOS MONGÓIS: PIAN DI CARPINE E RUBRUCK (SÉCULO XIII)
REPORTS ON THE WESTERN MONGOL KHANATES: PIAN DI CARPINI AND RUBRUCK (13TH CENTURY)
Carmen Lícia Palazzo
Centro Universitário de Brasília – Universidade de Brasília
Resumo: No século XIII, muitos viajantes europeus estiveram na Ásia percorrendo caminhos que, bem mais adiante, a partir do século XIX, ficariam conhecidos como Rota da Seda. Nenhum deles, porém, deixou relatos tão significativos quanto os de Giovanni di Pian di Carpine e Guilherme de Rubruck. Ambos partiram em épocas diferentes (1245 e 1253, respectivamente) com o objetivo de contatar os mongóis para melhor conhecer a ameaça que poderiam representar para a Europa e também para avaliar uma eventual possibilidade de encontrar, entre os khans, cristãos convertidos que pudessem tornar-se aliados dos europeus contra os muçulmanos. Pian di Carpine foi enviado pelo Papa Gregório IV, enquanto Rubruck tinha como patrono Luís IX. Os dois deixaram obras diferenciadas, mas fundamentais para que os povos das estepes se tornassem mais conhecidos de uma Europa que naquele momento já estendia seus olhares para fora de si mesma.
Palavras-chave: Relatos de viagem. Khanatos mongóis. Cristãos do Oriente.
Abstract: In the 13th century many European travelers went to Asia, over routes that were much later, in the 19th century, to be called the Silk Road. None of them, however, left as significant records as Giovanni di Pian di Carpine’s and William of Rubruck’s. They set out eight years apart from each other (1245 and 1253, respectively), with the intent of contacting the Mongols and better knowing the threat they might represent to Europe. They also sought to find among the Mongol Khans converted Christians likely to become allies of Europe against the Muslims. Pian di Carpine was sent by Pope Gregory IV, whereas Rubruck was sponsored by Louis IX. Both left unique and crucial works in the task of making the Steppe peoples better known to a Europe which, at that time, was already
looking beyond its confines.
Key words: Travel journals. Mongol khanates. Eastern Christians.
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Artigo recebido em: 05/11/2011
Artigo aprovado em: 22/02/2012
E-mail: carmenlicia@yahoo.com
Argentina gostaria de isolar completamente Malvinas-Falklands...
Paulo Roberto de Almeida
Uruguay no apoya un bloqueo comercial de Malvinas
Amigos, amigos, negocios bem a parte, totalmente a parte...
OK, se eles encontram mais barato e melhor em outras partes, mas suponho que tenha sido feito mesmo com a intenção de punir os brasileiros pelo fato de terem deixado de sustentar, como ocorria com os companheiros de antes, as posições do governo iraniano, complicadas como elas podem ser...
Paulo Roberto de Almeida
Exportações do Brasil para o Irã desabam
Valor Econômico, Quinta-feira, 22 de Março de 2012
As exportações brasileiras para o Irã caíram 63% no trimestre compreendido entre dezembro, janeiro e fevereiro, na comparação com o mesmo período da virada de 2010 para 2011, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). No último mês do ano passado, o governo de Teerã começou a dificultar a entrada dos produtos, fazendo com que em fevereiro as vendas totais caíssem para US$ 22,6 milhões, cifra 88% menor do que o registrado no mesmo mês de 2011. Para analistas, o quadro é explicado por dois fatores: a instabilidade política e econômica no país e, principalmente, a mudança de rumo nas relações Brasil-Irã iniciada com a eleição de Dilma Rousseff.Com a menor demanda iraniana, o produto mais afetado foi a carne bovina congelada. Entre dezembro de 2010 e janeiro e fevereiro do ano passado, o Irã era o principal destino desse produto, com as vendas chegando a US$ 203 milhões. Doze meses depois, no acumulado dos três meses, as exportações não passaram de US$ 28 milhões, fazendo dos iranianos o sexto mercado do Brasil.
Segundo Fernando Sampaio, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), o governo iraniano está segurando as autorizações de desembarque. A situação já foi discutida com os importadores. "Mas depende de um acerto diplomático. Pedimos para o embaixador brasileiro no Irã conversar com o governo local para facilitar a entrada dos produtos. Espero que a situação mude agora em março, já que é quando começa o ano novo deles", afirma.
A mudança de posição do Brasil na Comissão de Direitos Humanos da ONU, votando a favor de uma investigação independente sobre eventuais violações aos direitos humanos, em março do ano passado, marcou o esfriamento das relações entre os dois países. Essa postura de Teerã é uma resposta, de acordo com o cientista político e pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da USP Samuel Feldberg, à nova posição brasileira. "É um instrumento perfeitamente utilizável, para tentar gerar pressão dos exportadores brasileiros sobre o governo. Na verdade houve uma troca de prioridade na diplomacia. Enquanto Lula focou na parte econômica, Dilma mudou a diretriz para questões no sentido moral, como direitos humanos e a proliferação do programa nuclear iraniano", diz.
Outro fator que explica a queda nas exportações é a pressão dentro do governo iraniano para que se busque maior equilíbrio no comércio bilateral. Em 2008, o Brasil vendia US$ 1,2 bilhão ao país. Três anos depois, o montante praticamente dobrou, chegando a US$ 2,3 bilhões. Na mão contrária, as vendas iranianas cresceram em porcentagem, mas permaneceram em um nível baixo no período, ao passar de US$ 14,7 milhões para US$ 35,2 milhões.
A ascensão do Irã como grande comprador do milho brasileiro nos últimos anos foi notada pelos exportadores, que agora lamentam a queda no comércio. O Mdic também registrou diminuição nas vendas do produto, que saiu de US$ 170 milhões para US$ 90 milhões. A exemplo da carne, que manteve as exportações para o mundo em um mesmo nível no último ano, o milho brasileiro diversificou os mercados para compensar a perda. Alysson Paolinelli, presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), afirma que a instabilidade política e econômica do Irã contribuiu para a queda nas vendas. "Nossos exportadores estão com receio de fazer negócios por lá. Felizmente há países que estão comprando mais, como Chile, Colômbia e até o Egito."
A visão de que a instabilidade política iraniana pode afugentar exportadores brasileiros, como dito por Paolinelli, é compartilhada pior Mauricio Santoro, cientista político e professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV). "Muitas empresas estão com medo de fazer comércio por lá por temerem a possibilidade do aumento de sanções da comunidade internacional ao país, e até de um eventual conflito armado com os israelenses", afirma.
A União Europeia espera dar um duro golpe na economia do Irã em julho, quando entra em vigor o cancelamento da compra do petróleo iraniano. De acordo com Santoro, a medida deve afetar até 30% das exportações da commodity, que é a principal fonte de receitas do país. "A sanção vai ter um efeito forte na balança comercial deles. E como o Irã não refina gasolina, vai ter que seguir comprando, o que vai comprometer ainda mais suas divisas internacionais", diz.
Outra ação internacional recente também mostra que os negócios com o Irã estão sendo dificultados. O Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi), que tenta coibir a lavagem de dinheiro, lançou comunicado em fevereiro para alertar sobre operações financeiras no país, que já era classificado pelo grupo como de alto risco. Para o presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Antonio Gustavo Rodrigues, os exportadores de carne tiveram problemas para fechar contratos em câmbio. "Os bancos não querem fazer negócio e correr o risco de sofrer sanções", afirma.
Segundo Fernando Sampaio, a dificuldade em receber o pagamento do importador começou em 2011 - a primeira vez em que a avaliação do Gafi sobre o Irã mudou foi em fevereiro de 2011. "Mas o dinheiro estava chegando. Nosso principal problema é o desembaraço na fronteira."Fonte: Valor Econômico
Jumentos bipedes defendem jumentos quadrupedes: faz sentido...
Baleias, golfinhos, borboletas, gays, quilombolas, reservas naturais, cotas raciais, santuários de qualquer coisa, até verdadeiros santuários, alguma semente imperialista, algum OGM idem, algum fast-food americano, enfim, todas as causas mais idiotas acabam nas mãos (e nos pés) dos redatores mais idiotas de manifestos idem...
Enfim, como vêem, tenho horror a manifestos e petições de qalquer coisa, mesmo para causas aparentemente nobres como lutar contra a corrupção, tirar bandidos do sistema político, fazer escolas decentes para nossas pobres criancinhas, etc...
Mas, e se trata de um grande MAS, nunca me recuso a ler manifestos, pois sempre se fica sabendo mais um pouco sobre os insondáveis meandros da alma humana.
Não que os manifestos sejam redigidos por êmulos de Tolstoi, ou seguidores de Dostoievski, mas é que a redação sempre me ensina algo dignificante, ou então degradante, o que é mais ou menos a mesma coisa, para quem observa o mundo e aprende com ele (ou não).
Bem, mas deixemos o mundo de lado, pois se trata de um vasto mundo e, como diria o poeta, eu não me chamo Raimundo.
Fiquemos com o nosso Brasil mesmo, que já é um osso duro de roer nessa matéria de inteligência... (ops, escorreguei...).
Algum tempo atrás fiquei curioso ao saber que o Brasil estava exportando jegues para a China; sim, o nosso simpático jumento, que povoa certas estradas provinciais do Nordeste, e até existe em cidades mais importantes de qualquer parte do Brasil.
Não soube mais, pois a nota era pequena e até pensei que fosse uma broma, uma brincadeira; ora, vejam só, o Brasil exporta um pouco de tudo, mas jegues para a China, francamente...
Bem, não é que agora deparei-me com um manifesto que protesta contra essa hipótese?
Transcrevo abaixo, não sem antes acrescentar alguns comentários.
Os jumentos que protestam contra essa exportação gostariam, por exemplo, de criar a Jumentobras, para desenvolver todo um programa nacional de proteção e promoção do simpático bichinho, ou eles apenas estão exercendo seu direito de ser idiotas, ao tentarem impedir esse comércio legítimo?
Eles querem protecionismo ao contrário, mas apenas em relação aos jumentos?
E as simpáticas vaquinhas, os afáveis bois de curral, todos os carneiros e porquinhos que exportamos, vivos, mortos, aos pedaços, em filé e cortes selecionados, eles também não mereceriam igual proteção?
E as galinhas, coitadas, os franguinhos tão frágeis, por que é que eles não poderiam se beneficiar também de uma proteção dos mesmos jumentos que pretendem defender o legítimo jumento nacional?
Acho esse tipo de discriminação contra os outros animais odiosa, no mínimo inconstitucional, pois a nossa Carta Magna recomenda que no Brasil não se faça nenhum tipo de discriminação ou preconceito com base em raça, cor, religião, time de futebol, sexo -- ou melhor, gênero, e temos vários deles -- enfim, não se pode dar ao jumento aquilo que não se pode estender aos outros filhos de Deus. E no Brasil todos são filhos de Deus.
Sou pela ampliação desta petição, e quero ver circular uma que proteja todos os nascidos no território pátrio. Prometo que essa eu assino (dependendo da linguagem, claro).
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Quem desejar assinar o manifesto dos jumentos, achegue-se neste link: http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2012N21806
ABAIXO ASSINADO CONTRA A CRUEL EXPORTAÇÃO DE JEGUES PARA A CHINA
Para: MINISTÉRIOS DA AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE
Nós, amantes e protetores dos animais, vimos por meio desse abaixo-assinado protestar veementemente contra a exportação de 300 mil jegues do Brasil para a China! Sabemos que esse país, assim como o nosso, não prima pelo bem estar de seus animais, sejam os domésticos ou os selvagens. Esperamos que o Ministério da Agricultura e o Ministério do Meio Ambiente VETEM essa verdadeira carnificina, pois temos comprovações de como animais são tratados na China: ursos tem sua bile extraída SEM ANESTESIA para que seja usada para fins medicinais. Vamos por um fim à vivissecção! Os jegues sempre foram os verdadeiros companheiros do Nordestino, pois não há justiça humanidade decência alguma na fala do execrável secretário de agricultura do Rio Grande do Norte, JOSÉ SIMPLÍCIO DE HOLANDA, quando diz que os asnos agora só servem para causar acidentes na estrada. Pois eu digo mais: os verdadeiros asnos que causam acidentes muito mais graves, são aqueles que usam ternos caros e exercem cargos públicos! POR UM TRATAMENTO DIGNO AOS JEGUES, QUE AJUDARAM A ERGUER MUITAS DAS GRANDES CIDADES NORDESTINAS!
Os signatários
A pergunta do dia: companhias estrangeiras, ideias estrangeiras...
Daí fiz o seguinte comentário:
Economia verde no Brasil: onde, como, quando, de verdade? - Rubens Ricupero
Abaixo uma crítica de alguém engajado no processo, mas decepcionado com a pobreza, a penúria, a escassez completa de resultados tangíveis.
Paulo Roberto de Almeida
rio+20
ENTREVISTA / RUBENS RICUPERO
Governo brasileiro e ONU diluíram agenda da Rio+20
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
Folha de S.Paulo, Ciência, segunda-feira, 13 de março de 2012, pág. C11
PARA O EX-MINISTRO, AUSÊNCIA DE METAS VEM DO RECEIO DE EXPOR AS CONTRADIÇÕES ACERCA DAS QUESTÕES AMBIENTAIS
O governo brasileiro é atrasado em matéria de economia verde e, por isso, tem sido cúmplice das Nações Unidas na diluição da agenda da conferência Rio+20. Quem acusa é o embaixador e ex-ministro do Meio Ambiente (1993-1994) Rubens Ricupero.
Um dos principais negociadores brasileiros na Rio-92, Ricupero, 74, coordena um grupo de políticos, intelectuais e cientistas que deve encaminhar ao governo um documento que critica as baixas ambições do país nessa área, especialmente em comparação com China e Coreia, e pede a criação de um ministério da economia verde.
Em entrevista à Folha, ele manifesta o temor de esvaziamento da Rio+20. "Se você faz uma agenda modesta, está dando argumentos para que o pessoal não venha."
Folha - O governo tem dito que a Rio+20 não pode ser comparada à Eco-92. Isso é medo de criar expectativa demais?
Rubens Ricupero - É receio de desapontamento e expressão das contradições que existem no governo em matéria de definições ambientais. Como o governo é pouco claro nisso, procura acentuar mais temas econômicos e sociais. Você nota isso no desejo de inserir a Bolsa Família como um dos êxitos brasileiros na luta contra a desigualdade, que estaria em um dos três pilares da conferência. Não deixa de ser verdade, mas é preciso levar em conta que, no desenvolvimento sustentável, dois pilares, o econômico e o social, são definidos em função do ambiental. A Bolsa Família é meritória, mas não tem muito a ver com ambiente. De outro lado, há o receio de não conseguir repetir aquele êxito extraordinário. Em 1992, a conferência começou com a assinatura de duas convenções-quadro da ONU, a de mudanças climáticas e a de biodiversidade, coisas que você não pode repetir toda hora. Não me surpreenderia saber que muitos chefes de Estado talvez não venham.
Mas o próprio desenho modesto da agenda da conferência não torna a Rio+20 à prova de fracasso, e portanto atrativa para os chefes de Estado?
Se você tem medo de que não dê certo e por isso começa a diminuir a expectativa e faz uma agenda modesta, está dando argumentos para que o pessoal não venha. É difícil que essas figuras que estão batalhando com a crise do euro venham se a conferência for só uma declaração. Talvez esse formato de reunião já condene a um anticlímax. Uma comemoração nunca é a mesma coisa, é uma evocação, não uma repetição do fato.
Então não havia como a agenda da conferência ser mais ambiciosa do que ela é?
Você poderia fazer uma coisa honesta. Admitir que a conferência talvez não conseguisse resolver todos os problemas, mas dizer: nós não vamos varrer para debaixo do tapete os problemas que nos ameaçam, que são a questão climática e a do ritmo acelerado de extinção da biodiversidade. Uma maneira de fazer isso foi aventada pelo ex-senador americano Tim Wirth [que era subsecretário de Estado dos EUA na Eco-92]. A ideia era adiar a Rio +20 para o fim do ano, e que ela fosse antecedida pela Convenção do Clima e a da Biodiversidade. O pessoal ficou apavorado (risos). Com medo de que elas dessem em nada. Nos documentos que o Pnuma [Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente] preparou para uma reunião há duas semanas, havia um sobre como medir avanço ou retrocesso em tudo: camada de ozônio, tóxicos, aquecimento, extinção. Isso permitiria saber para onde as coisas estão indo.
Indicadores de desenvolvimento sustentável.
É. Se tivesse havido coragem, poderiam ter preparado uma reunião que não escamoteasse a gravidade dos problemas. O que se está procurando fazer, e não somos só nós -a conferência é da ONU- é disfarçar isso.
Como isso se manifesta?
Uma das formas é a diluição da agenda. O governo brasileiro diz uma coisa que é difícil de criticar em si: que o desenvolvimento sustentável tem três pilares, o ambiental, o econômico e o social. Mas a forma como isso está se traduzindo é que tudo entra na agenda, até a reforma do sistema financeiro. O problema ambiental, que na verdade é a razão principal, acaba sendo um entre 678.
Houve sequestro da agenda da conferência pela agenda do governo brasileiro?
Não. A ONU baixou o nível de expectativa. O Brasil só se aproveitou disso. O governo é atrasado no tema de economia verde, a maioria das pessoas nem compreende esse conceito, há contradições. O maior exemplo é o Código Florestal. Estamos na véspera da conferência com esse pessoal ruralista querendo votar uma coisa que é a negação da conferência. Como o governo tem essas contradições, a saída é diluir.
A ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) disse que ninguém tem mais credenciais verdes do que o Brasil.
Isso é em parte verdade, por causa do etanol, das hidrelétricas. Mas tem outro lado. Estão fazendo mais termelétricas. O governo nunca conseguiu fazer um plano de transição para uma economia de baixo carbono. A única medida de política econômica que eu conheço que o Brasil tomou nos últimos anos com um conteúdo ambiental foi o favorecimento a produtos de linha branca [eletrodomésticos] que economizavam energia. O que você não tem é um projeto de país, de governo, em direção à economia verde, como a China está fazendo, com investimentos pesados em inovação. No dia em que eles tornarem a energia solar competitiva, vamos ter de comprar deles, porque eles estão investindo, nós não.
Por que não?
Falta um lugar onde se possa pensar essa política, porque isso não é uma política do Ministério do Meio Ambiente. Você precisa integrar o conceito de baixo carbono no planejamento econômico. Mas você tem planejamento econômico no Brasil onde?
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O MEC confirma a pior das expectativas: sao as sauvas freireanas...
Progressos linguisticos no Brasil: incorporando novidades
Enfim, isso apenas comprova o dito que diz que nada está tão ruim que não possa ainda melhorar...
Paulo Roberto de Almeida
Renuncia de soberania: o Estado brasileiro decide nao acatar suas proprias leis
Neste caso é ainda pior, pois o Estado brasileiro renunciou ao exercício da soberania sobre seu próprio território, decidindo que uma entidade internacional é quem vai aplicar suas regras nos estádios em que terão lugar jogos da Copa do Mundo.
Como renúncia de soberania, certamente não é a primeira que vejo -- já ocorreu em diversos casos anteriores, como no da decisão sobre a construção de uma refinaria, em que foi um caudilho estrangeiro a decidir -- mas é sem dúvida a mais explícita renúncia de soberania a que assisti.
Que centenas de parlamentares consintam com esse ato explícito de subordinação a uma entidade estrangeira é propriamente extraordinário, mas a origem de tudo está no acatamento pelo presidente anterior de obrigações que se contrapunham frontalmente à legislação interna do país.
Se trata de ignorância, pura e simples, desprezo pela lei, irresponsabilidade no mandato presidencial, pura demência megalomaníaca, ou apenas a tradicional atitude despótica do "eu sou Rei, eu decido o que é bom para o país"?
Em todo caso, o Brasil se rebaixa a condição de simples república bananeira...
Paulo Roberto de Almeida
Lei Geral da Copa aprovada
Dilma na India: um discurso na linha tradicional
Publicada quarta-feira, 28 de março de 2012, às 12:18