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terça-feira, 27 de março de 2012

Milton Keynes??? Friedman and Bob Fields...

Tão íntimo -- pelo conhecimento de suas obras -- eu me tornei de certos economistas que por vezes eu acabo misturando o nome de dois ou três, ao escrever muito rápido e com várias questões em mente.
Pois outro dia eu queria escrever Milton Friedman -- nos comentários que fiz à entrevista da presidente, em sua parte econômica -- e acabei escrevendo Milton Keynes, o que é tão estranho quanto escrever Vladimir Von Mises, ou Karl Hayek...
Enfim, me corrigiram a tempo, não sem que isso trouxesse à tona um antigo trabalho que fiz, quanto faleceu o Milton Friedman, justamente, e eu o coloco conversando em algum lugar desse espaço etéreo com nosso velho conhecido Roberto Campos, Bob Fields, para os íntimos inimigos...
Aqui vai esse texto, de 2006, mas que ainda pode divertir alguns...
Paulo Roberto de Almeida 




Milton Friedman meets Bob Fields
O reencontro de dois grandes economistas

Paulo Roberto de Almeida

Não se sabe, exatamente, para onde vão os economistas quando morrem. Existem muitas controvérsias a respeito, tantas quantas são as doutrinas e escolas de pensamento que os dividem. Muitos devem seguir direto para o limbo, antes de serem eventualmente recuperados por algum doutorando em busca de novas idéias. Vários outros padecem anos no purgatório das posições controversas, antes de ascender ou descer na escala de preferências dos contemporâneos, passando então a desfrutar da justa recompensa pelos bons serviços prestados à sociedade ou da inevitável punição pelos desastres incorridos em função da aplicação de recomendações incorretas. Se Marx e Keynes estavam certos, nossa sina incontornável é a de continuar, durante longos anos, prisioneiros das idéias de economistas defuntos. Alguns deles, aliás, são bons carcereiros, como veremos a seguir.
Com uma diferença de cinco anos e alguns dias, Milton Friedman foi ao encontro de Roberto Campos em algum lugar desse espaço indefinido. Trata-se de um amplo salão com paredes forradas de livros, vários sofás de couro, nos quais descansam, sem harpas nem camisolas, alguns desses economistas dignos do registro histórico; num canto, uma mesa com whiskey e gelo, sobre a qual repousa uma foto de Keynes, numa outra, um computador ligado nas principais bolsas mundiais, sobre um fundo de tela com a efígie de Adam Smith. Tudo muito sóbrio, comme il faut...

Welcome to a new world, Doctor Friedman”, acolheu-o Roberto Campos, “nós temos todo o tempo do mundo para repousar, discutir teorias econômicas, ou não fazer nada simplesmente, just sitting by with a glass of good scotch. Please, serve yourself”.
Thank you Bob, but I don’t drink. Just call me Milton. Estou gostando do lugar: uma biblioteca aconchegante, um pouco de informação e companhia agradável. Vou me dar bem por aqui, mas a Rose vai fazer falta.”
Certainly, Milton”, retrucou Campos. “Mas você também estava muito bem de onde veio, com as suas idéias sendo finalmente acatadas por todos, programas de TV defendendo a liberdade dos mercados e a redução do papel do Estado, algo impensável em minha própria terra”.
Oh, it’s a long battle, you know”, lamentou o americano. “A gente passa a maior parte da nossa vida pregando no deserto, tentando convencer os homens a defender a sua prosperidade através da liberdade de mercados e da competição. Seduzidos pelos falsos profetas, que são os políticos, eles têm essa tendência inexplicável a preferir mais e mais leis, regulação e despesas públicas, como se esperassem que o Estado lhes fosse trazer a felicidade eterna. Como você bem sabe, Bob, essas boas intenções sempre produzem resultados deploráveis. Só depois que a gente se vai é que eles começam a se convencer do acertado de algumas idéias simples”.
Do not blame yourself, Milton. Você foi tremendamente bem sucedido, muito mais do que eu, em todo caso. Veja o exemplo do Brasil: nós seguimos um dos seus conselhos, o da correção monetária das dívidas e da poupança, para preservar o valor dos ativos, e conseguimos criar um processo infernal que se arrastou durante décadas no limite da hiperinflação e que muito fez para agravar a já péssima distribuição de renda.”
“Eu sei disso, Bob, mas a minha recomendação era apenas voltada para preservar o sistema financeiro, protegendo poupadores contra os ganhos indevidos dos tomadores de crédito. Eu não esperava que no Brasil vocês fossem generalizar esse mecanismo em todas as vertentes do sistema. Vocês simplesmente criaram uma máquina realimentadora da inflação, o que nunca foi a minha intenção.”
“Bem, isso agora acabou, felizmente. Alguns poucos malucos ainda insistem em pedir um pouco mais de inflação, para garantir mais crescimento e emprego, mas eles não são tão ouvidos como antes. Em contrapartida, eles continuam se posicionando contra o liberalismo, sob o pretexto de que você o colocou a serviço de ditadores, como no Chile, onde as conquistas populares foram esmagadas em benefício do capital estrangeiro”.
That’s untrue, Bob”, irritou-se Friedman. “Pinochet era um perfeito bárbaro, não apenas na repressão política. Ele pretendia dar ordens aos preços, da mesma forma como comandava seus soldados e nunca entendeu a economia. Eu apenas atendi a um chamado de ex-alunos que trabalhavam no ministério das Finanças, para dar conselhos sobre como domar a inflação, que teimava em persistir mesmo depois da abolição das medidas socialistas de Allende. Eu simplesmente fiz a recomendação óbvia para que deixassem os preços e os mercados livres e parassem de imprimir dinheiro, controlando na outra ponta as despesas públicas, inclusive as militares. Bastou isso para trazer a superinflação chilena a patamares razoáveis. Também insisti para que dessem autonomia às autoridades monetárias e liberdade aos empresários. Surpreende-me que in Latin America todos gritam contra o neoliberalismo, quando o Chile é o único país da região que cresce continuamente há quase duas décadas.”
“Isto é porque gostamos de encontrar bodes expiatórios para os nossos próprios problemas. Um dos maiores sucessos dos últimos tempos é o Fórum Social Mundial, criado no Brasil: milhares de jovens idealistas e alguns velhos esquerdistas que graças à globalização se mobilizam rapidamente para protestar contra a globalização. It’s insane Milton. Recentemente, ainda, eles voltaram a protestar contra as privatizações, usando o tempo todo moderníssimos celulares que eles nunca teriam se as velhas estatais do setor continuassem limitando a oferta de linhas e aparelhos. Just crazy...”
Yes, that’s amazing. But tell me Bob, como vai o seu leftist president?”
Oh, don’t worry Milton, ele é tão socialista quanto eu sou keynesiano, ou seja, quase nada, apenas uma tênue superfície para impressionar os últimos true believers, que infelizmente no Brasil ainda são em grande número.”
“Também pudera, Bob, você mesmo, com todo o seu credo liberal e privatista, fez mais para impulsionar o poder do Estado do que todos esses universitários marxistas que se reúnem regularmente para pedir mais controle de capitais e do câmbio, mais gastos públicos, menos abertura econômica, não aos acordos comerciais. Tell me frankly, Bob, você não se arrepende hoje desse stalinismo para os ricos que vocês criaram no Brasil?”
Yes, that sad, Milton, I confess my error. Eu estava apenas tentando impulsionar a economia, na ausência de capitalistas schumpeterianos e de um verdadeiro mercado financeiro, funcionando à base de poupança privada. Reconheço que fomos longe demais, mas isso também porque os nossos militares alimentavam sonhos grandiosos de dominar ciclos industriais inteiros, construir processos produtivos totalmente nacionalizados e enveredar pelo caminho da grande potência econômica cuidando mais da superestrutura de ciência e tecnologia do que do ensino básico. Na crise do petróleo, insistiram ainda nos grandes projetos, fazendo dívida em lugar de reajustar a economia. Quando eu quis protestar, me mandaram como embaixador para Saint James’ Court, junto da rainha.”
“Ultimamente, o seu leftist president andou prometendo crescimento econômico a 5% ao ano. Is that possible, Bob?”
Certainly not, Milton, as long as the State continuar como despoupador líquido dos recursos criados pelo setor privado. O Estado brasileiro arrecada mais de 38% do PIB em impostos e gasta 41%, considerando o pagamento da enorme dívida pública. Não há a menor hipótese de obtermos esse crescimento, pois investimos apenas 20% do PIB, sendo que o próprio Estado é responsável por menos de 2% do volume total. Sinto contradizer o meu presidente, mas ele divaga ou foi mal informado por assessores que não sabem do que estão falando.”
“E esse programa de ajuda aos pobres, Bob, o que você acha? Eles pretendem que eu recomendaria o mesmo, com o meu negative-income-tax. Is that correct?”
“Não é nada disso, Milton, o seu esquema se dirige aos working poors, ao passo que o nosso programa praticamente não tem contrapartidas e não constitui a remuneração por qualquer tipo de atividade. É muito diferente. Mas ele é obviamente muito apreciado pelos políticos, que constituem com isso um imenso curral eleitoral.”
It’s a pity, Bob. Mas eu também tenho um motivo de remorso, no meu próprio país, ao ter sugerido, durante a Segunda-Guerra, a retenção do imposto de renda na fonte, como forma de alimentar as caixas do Estado, então necessitado de recursos. Nunca mais foi possível reter a sanha arrecadadora desse monstro burocrático e meus conselhos para a diminuição do tamanho do Estado sempre caíram no vazio”.
“Não lamente muito, pois suas recomendações eram justificadas em função do momento. A despeito disso, a carga fiscal no seu país tem se mantido rigorosamente em torno de 30% do PIB, com pequenas variações ao longo das últimas três décadas. No Brasil, saímos de menos de 20% nos anos 1970 para quase 40% hoje em dia, com tendência ao crescimento. Estamos no mato sem cachorro agora: o gênio saiu da garrafa e não conseguimos engarrafá-lo outra vez”.
I recognize that you do have a great challenge on this: é praticamente impossível fazer o Estado retroceder uma vez que você alimentou o monstro. Mas, não percam as esperanças. Vejam o caso da Irlanda, certamente o melhor exemplo atual de mudanças estruturais, elevação dos padrões de vida e inserção internacional com base num modelo tributário de baixa imposição sobre os lucros e o trabalho e grande apoio à educação”.
“Sim, eu conheço o sucesso irlandês: quando eu era embaixador em Londres, eles tinham justo entrado na então Comunidade Européia, com uma renda per capita que era menos da metade da renda comunitária e muitos analfabetos na população ativa. Hoje eles ultrapassaram a renda da UE e estão começando a sentir o ‘desconforto da riqueza’. É um exemplo ainda melhor do que a China, que só é mais conhecido porque ela é grande e incomoda muita gente. Mas a Irlanda é certamente o exemplo a ser seguido”.
That’s it, Bob, nem tudo está perdido. Vocês só precisam convencer as pessoas, o common people, de que este é o caminho a ser seguido. Aliás, basta olhar ali ao lado, e ver o exemplo do Chile. Como é que você não percebem isso no Brasil?”
“Well, Milton, os melhores economistas dizem que o Chile não é exemplo para o Brasil: uma economia muito pequena e pouco diversificada, com uma inserção limitada às suas vantagens ricardianas, que estão nos produtos primários e recursos naturais.”
My God, Bob, quando é que os seus economistas vão se dar conta de que não é o tamanho da economia que conta e sim a qualidade das políticas macroeconômicas? Não posso acreditar que continuem repetindo bobagens como essa, inaceitáveis em qualquer primeiranista de economia! Não importa o tamanho do país ou suas vantagens relativas e sim a forma como ele organiza o seu sistema produtivo para tirar o melhor proveito possível das capacidades dadas e das adquiridas, com base em políticas corretas, que estimulem a competição e a inovação.”
“Eu sei disso, Milton, mas essas verdades simples não entram na cabeça dos meus conterrâneos, mesmo na de alguns economistas respeitados...” 
“Repita comigo, Bob, algumas verdades simples, que funcionam em qualquer tipo de economia. O segredo para o crescimento sustentado e o desenvolvimento social é uma boa combinação de quatro elementos essenciais: macroeconomia estável, microeconomia competitiva, alta qualidade dos recursos humanos e inserção nos fluxos dinâmicos de comércio e investimentos. Isso não tem nada a ver com economia keynesiana, austríaca, liberal ou neoliberal. É uma diferença entre boa e má economia. As simple as that!”
You are right, Milton. Só podemos esperar que nossos cidadãos se convençam dessas constatações tão óbvias. Let’s keep trying, now from above...”

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20 de novembro de 2006

Fantasmagorias governamentais, ineficiencia notoria...

Este editorial do Estadão toca em alguns pontos que foram por mim comentados em relação à entrevista concedida pela presidente à revista Veja, neste post: 



DOMINGO, 25 DE MARÇO DE 2012


O editorial poderia rebater outros pontos, também, e talvez o faça. Em todo caso, fica o registro.



Protecionismo e desperdício

27 de março de 2012 | 6h 40
O governo concedeu R$ 97,8 bilhões em benefícios fiscais a empresas, nos últimos cinco anos, e adotou dezenas de medidas para conter a valorização cambial e proteger a indústria da concorrência estrangeira - mas tudo isso teve resultados pífios, como demonstra o fraco desempenho brasileiro no mercado internacional de manufaturados.
Incapaz de acompanhar o crescimento do mercado interno, a indústria de transformação perdeu espaço no Brasil para os concorrentes de fora e cresceu em 2011 apenas 0,1%, ou quase nada. Sem competitividade, essa indústria é superada pelos produtores instalados nas economias mais dinâmicas e mal consegue manter, mesmo na América do Sul, posições conquistadas em tempos melhores. A experiência é clara em seus ensinamentos, mas, apesar disso, o governo insiste nas políticas fracassadas dos últimos anos, enveredando cada vez mais pelo protecionismo como forma de compensar a falta de uma estratégia minimamente eficaz. O resultado só poderá ser o desperdício de mais dinheiro, esforços e oportunidades. Mas a presidente Dilma Rousseff e o ministro Guido Mantega mostram-se perigosamente confortáveis em sua política de fantasia, como confirma a entrevista da chefe de governo à revista Veja.
Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff reuniu 28 pesos pesados do mundo empresarial, prometeu-lhes novos incentivos e medidas de proteção e convocou-os, numa exibição de retórica inútil, a investir. Ela recordou, na entrevista, a exortação aos empresários e sua promessa de aumentar os investimentos do setor público.
Dilma está certa quanto a um ponto: é preciso aplicar muito mais dinheiro em máquinas, equipamentos e obras de infraestrutura. Mas quem tem falhado nessa missão é o governo, por incapacidade administrativa, pela vocação para o desperdício e por ideologia - uma barreira, por exemplo, às Parcerias Público-Privadas. A longa hesitação no caso das concessões de aeroportos é mais uma prova dessa limitação.
A presidente procurou isentar o governo do erro de atribuir os problemas nacionais a fatores externos. Mas insistiu em responsabilizar os bancos centrais do mundo rico por uma parcela importante dos males econômicos do País. Mesmo sem intenção de prejudicar o Brasil, diz Dilma, o "companheiro Mário Draghi", presidente do Banco Central Europeu, inunda os mercados quando emite moeda para estimular a economia da zona do euro.
Então, explicou a presidente, os investidores tomam dinheiro barato na Europa e aplicam no Brasil, em troca de juros altos. "Então, o Brasil não pode ficar paralisado diante disso. (...) Temos de agir nos defendendo - o que é algo bastante diferente de protecionismo", disse a presidente. A ação defensiva, nesse caso, é justificável, embora pouco eficaz, mas a presidente parece dar pouca importância a um detalhe: o investidor ou especulador, estrangeiro ou nacional, faz esse jogo porque os juros brasileiros são muito altos. E são altos porque o governo brasileiro gasta demais. Não se pode culpar o especulador por essa distorção da economia nacional.
A presidente rejeitou enfaticamente a pecha de protecionista, porque "o protecionismo é uma maneira permanente de ver o mundo exterior como hostil". Essa é uma atitude contraproducente, reconheceu. Mas o governo brasileiro, apesar de todas as suas negativas, está reproduzindo cada vez mais claramente a política argentina, como observou o embaixador Rubens Ricupero, ex-secretário-geral da Unctad. Para ele, as medidas defensivas seriam aceitáveis, se fossem temporárias e acompanhadas de reformas estruturais. 
Mas não há reformas e o governo continua agindo de forma improvisada, criando ou ampliando barreiras e, ao mesmo tempo, tomando medidas de alívio fiscal para setores selecionados. Nada se tem feito para tornar mais eficiente o conjunto da economia. Estratégia de longo prazo requer medidas politicamente complicadas, empenho, disposição para trabalhar e muita paciência para negociar com parlamentares e governadores. Nenhuma dessas virtudes tem sido exibida pelo governo federal nos últimos nove anos.

O racismo avanca no Brasil: pouco a pouco se instala em todos os lugares

Qualquer que seja a área, atividade, iniciativa, programa, público ou privado, os novos racistas estão sempre querendo proclamar, não a igualdade, como proclamam, mas a desigualdade, o privilégio, a indicação, não o mérito.
Triste país que passa a ser dividido entre negros, ou afrodescendentes, e todos os demais, normais, ou quem sabe até culpados por essa situação?
Paulo Roberto De Almeida 



Senado promove audiência pública por um Ciência sem Fronteiras plural

Sessão debateu a necessidade do governo de promover o acesso igualitário de negros e brancos no ensino superior, a começar adotando um plano de cotas específico para o CsF.
Nesta segunda-feira (26), foi realizada audiência pública no Senado Federal para discutir a inclusão de cotas para negro no Programa Ciência sem Fronteiras (CsF). A sessão conduzida pelo senador Paulo Paim (PT-RS) e promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), debateu a necessidade do governo de promover o acesso igualitário de negros e brancos no ensino superior, a começar adotando um plano de cotas específico para o CsF.

Participaram da audiência o diretor de Engenharias, Ciências Exatas e Humanas e Sociais (DEHS) do CNPq, Guilherme Sales Melo, o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Guimarães, o frei David Santos, diretor da Educação Para Afrodescendentes e Carentes (Educafro), o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente, o secretário executivo da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Mário Lisbôa Theodoro, e o coordenador do Centro de Convivência Negra da Universidade de Brasília (UnB), Ivair Augusto dos Santos.

Durante a plenária Frei David Santos, destacou a importância do Ciência sem Fronteiras para o desenvolvimento do Brasil, mas ressaltou que o País não pode mais aceitar repetir vícios velhos baseados em uma meritocracia injusta e desigual. "A presidente Dilma Rousseff acertou em cheio quando criou o programa, porém devido uma compreensão equivocada de meritocracia continuamos a perpetuar a exclusão racial. Não podemos mais compactuar com vícios velhos e excludentes, não considerando a violenta exclusão que o povo negro sofreu. É preciso conscientizarmos que o País só avançará verdadeiramente quando nossa sociedade for justa e igualitária, e para isso temos um longo caminho a percorrer", declarou.

A inclusão de cotas no CsF foi defendida também pelo secretário executivo da Seppir, órgão vinculado à Presidência da República. Theodoro argumentou que as cotas não prejudicam o caráter meritocrático da seleção de bolsistas, desde que se exijam requisitos mínimos dos candidatos beneficiados. O secretário apresentou ainda um breve e triste panorama da desigualdade que permeia nosso País.

"A população brasileira é 51% constituída por afrodescendentes, porém apenas 20% da população negra tem acesso ao ensino superior. A educação é o aspecto mais importante para acabarmos com a diferença entre negros e brancos no Brasil e se não combatemos e mitigarmos essa diferença iremos reproduzir apenas miséria e injustiça. E isso é inaceitável. Por isso, sem sombra de dúvida, é preciso que o programa Ciência sem Fronteiras esteja em sintonia com as políticas e ações afirmativas adotadas nas instituições de ensino superior e na Lei 12.288/2010 que institui o Estatuto da Igualdade Racial", ressaltou.

Representando o CNPq, Sales Melo disse que a inclusão de cotas no programa é uma questão que pode e deve ser discutida pelo governo. Para ele, há intenção dos setores envolvidos com o programa de bolsas "de trabalhar juntos" com as representações dessa população a fim de minimizar as diferenças que dificultam sua participação no programa.

O diretor pontuou ainda que o CNPq, por meio de diversas ações como - Pibic nas Ações afirmativas; apoio ao Prêmio Igualdade de Gênero em parceria com a Seppir; 30% dos recursos dos editais voltados para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, entres outras iniciativas - já vem buscando ampliar a participação de grupos sociais em espaços tradicionalmente por eles não ocupados, quer seja em razão de discriminação direta, quer seja por resultado de um processo histórico a ser corrigido.

Já o coordenador do Centro de Convivência Negra da UnB, Ivair dos Santos, apesar de defender as cotas no CsF, alertou para a necessidade de investimentos que vão além das bolsas. Disse que "também é preciso acompanhar e monitorar e, por isso, é preciso investimentos, inclusive porque os estudantes negros são muito pobres e os que chegam à faculdade sofrem com a falta de recursos". Santos sugeriu um encontro com os ministros da Educação, Aloizio Mercadante, e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, para discutir a questão.

O reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente, disse que o programa talvez seja a única possibilidade, de num futuro próximo, capacitar os jovens negros. Na opinião dele, os jovens negros que estão nos programas de cotas das universidades e os que são beneficiados pelo Programa Universidade para todos (Prouni) não podem ficar fora do CsF.

O presidente da Capes, Jorge Guimarães, também se mostrou muito favorável à inclusão de cotas no programa. Ele declarou que, apesar das dificuldades, "há um alento, porque o Ciência Sem Fronteiras não vai parar pelos próximos quatro anos, seja porque o programa tem uma ótima receptividade nacional e mundial, seja porque o orçamento de 2015 será feito pelo atual governo".

Guimarães frisou ainda que todas as ponderações destacadas na audiência serão levadas ao ministro Raupp, para que este, juntamente com a Capes, o CNPq, e o MEC tracem um novo panorama que oportunize aos negros maior inserção na ciência e no desenvolvimento do País.

O programa - O CsF visa a oferecer, até 2015, um total de 100 mil bolsas de estudo no exterior, financiadas pelo governo, para que os melhores talentos entre os estudantes de graduação, pós-graduação e pesquisadores possam realizar estágios nas melhores universidades do mundo, em um ambiente educacional e profissional onde inovação, empreendedorismo e competitividade já são o padrão.

Com este Programa busca-se investir na formação de pessoal altamente qualificado nas competências e habilidades necessárias para o avanço da economia do conhecimento, com foco nos grandes desafios nacionais, em particular nas engenharias e demais áreas tecnológicas. Além disso, o Programa busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil, bem como criar oportunidade para que pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior.

Desde janeiro deste ano, 1,5 mil estudantes foram contemplados com bolsas de estudo em universidades dos Estados Unidos e do Canadá pelo CsF. Até o final do ano, a expectativa é que esse número chegue a 20 mil.
(Ascom do CNPq)

Argentina perde SGP dos EUA: as consequencias sempre veem depois...

Parece que aprendizes de feiticeiro, ou de shaman, estão no comando da Argentina.
Ou talvez a turma dos trapalhões...
Quem sabe até a patota do Chapolin Colorado?
Paulo Roberto de Almeida

US drops trade preferences for Argentina
BUENOS AIRES, Argentina (AP) — The United States dropped Argentina on Monday from its system of trade preferences, citing the South American country's failure to pay court-ordered damages of $300 million plus interest to two U.S. companies.
Until Argentina pays up, the country no longer qualifies under a U.S. trade preferences law that enabled $477 million in Argentine goods to enter the United States duty-free last year, U.S. Trade Representative Ron Kirk said.
Nearly all the world's countries get the U.S. preferences, which as of Monday apply as well to the Republic of South Sudan, Kirk announced. That leaves Argentina in the company of Syria, Belarus and the rest of Sudan as the only countries not eligible, the U.S. Trade Office said.
President Barack Obama notified Congress of the move in a note that accused Argentina of "not acting in good faith."
The trade preference system was created in 1974 to promote developing countries, and now enables nearly 5,000 kinds of products to enter the U.S. market free of import taxes, saving their producers a total of $18.5 billion worldwide.
Obama announced the move only two days after the Argentine Embassy in Washington had sponsored a Cabinet-level mission to promote U.S. trade and investment. It's the second critical announcement from Washington this month; the U.S. government also included Argentina among countries most affected by money laundering.
Argentina hasn't paid the debt because it's desperate to stop capital flight after eating up $10 billion of its reserves last year. Having to say goodbye to more than $300 million in one blow would be psychologically damaging. But refusing to comply could have a boomerang effect, said economist Milagros Gismondi of Orlando J. Ferreres y Asociados in Buenos Aires.
"Capital flight remains very strong in Argentina," she said. "But in economics you have to really understand the consequences. The economy is a dynamic thing, not static. This could slow exports and by the end of the year have many more negative consequences than positives."
Opposition congressman Julian Obligio of the PRO party was withering in his criticism.
"The bureaucrats of this government don't understand how global commerce works, and apply measures whose failures have been proven by history," he said. "If the government continues down this road, by year's end the Argentines will be poorer and farther than ever from the quality of life our neighbors enjoy."
But Argentina's Foreign Ministry sought to blame the companies involved, Azurix and Blue Ridge, for failing to accept Argentina's terms for paying the bills. The government has not publicly explained exactly what those terms are.
"Argentina laments this attempt to obligate our country to take a decision that violates our laws," the ministry said.
According to a report in Argentina's daily La Nacion, Argentina sought to force the U.S. companies to collect their payments within Argentina, where they would be forced to comply with strict currency control rules, and under terms similar to those accepted by hedge funds who knuckled under in 2005 and 2010 and accepted 70 percent cuts in what they had hoped to get from Argentine bonds.
Associated Press Writer Luis Alonso Lugo in Washington contributed to this report.


Brics: promessas prometedoras: a ver no que vai dar...


Segundo comunicado sob responsabilidade do Brasil, a próxima cúpula dos Brics deverá tratar de questões altamente relevantes para a governança mundial: 
"...crescimento econômico, a paz e a segurança internacionais, o desenvolvimento sustentável, os desafios à urbanização e à biodiversidade, bem como o aperfeiçoamento dos mecanismos de governança global..."
Parece ambicioso, quase como uma cúpula do G7, dos velhos tempos, ou do G8 dos novos tempos, sendo que o único país com os pés nos dois fóruns é a Rússia. Meus parabéns, ele deve estar mais preparada que os outros para oferecer soluções criativas a todas essas questões, altamente complexas.
Vamos esperar para ver o que resulta dessa cúpula em termos de realizações concretas.
Enfim, a maior parte das questões pode ser objeto de declarações de boa vontade, como sempre ocorre nessas ocasiões, e depois ficaremos esperando para ver os resultados.
Mas, uma coisa parece preocupante, num plano puramente monetário e financeiro: 
"...deverá ser assinado novo acordo-quadro entre os bancos de desenvolvimento do BRICS para facilitar a implementação das trocas comerciais em moedas locais."
Bancos de desenvolvimento não são exatamente agentes monetários, e sim instituições de fomento, ou seja, podem financiar determinadas operações, com as garantias adequadas, e uma aferição realista de seu custo, e da moeda de conversão, ou seja, o equivalente bilateral da liquidação dos pagamentos pelas operações financiadas.
Como NENHUMA das moedas dos Brics é atualmente conversível, o que se supõe é que ou esses bancos de desenvolvimento, ou os respectivos bancos centrais vão passar a deter reservas nas moedas de cada um. Como será feito o câmbio, qual o valor de referência, quem assume os riscos da paridade cambial, como será feita essa contabilidade? Enfim, será que vale a pena para a pequena parte de comércio que será assim veiculada?
São questões que devem ser respondidas antes de concordar seja com o Banco do Sul, seja com o comércio em moedas locais.
Os cinco países possuem o mesmo preconceito contra o dólar que parece existir em certos horizontes mentais próximos de nós?
Pronto saberemos a resposta...
Paulo Roberto de Almeida 

IV Cúpula do BRICS - Nova Delhi, 28 e 29 de março de 2012

A Presidenta Dilma Rousseff participará, em Nova Delhi, da IV Cúpula do BRICS, dias 28 e 29 de março, juntamente com o Primeiro-Ministro da Índia, Manmohan Singh; o Presidente da África do Sul, Jacob Zuma; o Presidente da China, Hu Jintao, e o Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev.
A Cúpula, intitulada “Parceria do BRICS para Estabilidade Global, Segurança e Prosperidade”, debaterá o crescimento econômico, a paz e a segurança internacionais, o desenvolvimento sustentável, os desafios à urbanização e à biodiversidade, bem como o aperfeiçoamento dos mecanismos de governança global, com o objetivo de adequá-los à nova realidade política e econômica e de ampliar a representatividade e a legitimidade das atuais instituições.
O encontro favorecerá o debate sobre mecanismo de financiamento a projetos de infra-estrutura, não apenas em países do grupo, mas também em outros países emergentes e em desenvolvimento, com a possibilidade de designação de mecanismo para estudar a criação de um Banco Sul-Sul, liderado pelo BRICS.
No dia 28 de março, os Ministros do Comércio e de Relações Exteriores examinarão o estado global da economia e as oportunidades de comércio e investimento intra-BRICS, além das negociações da Rodada Doha da OMC. Em seguimento ao acordo firmado em 2011, deverá ser assinado novo acordo-quadro entre os bancos de desenvolvimento do BRICS para facilitar a implementação das trocas comerciais em moedas locais. Será lançado o “Relatório BRICS: um Estudo do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul com foco nas Sinergias e Complementariedades”.
O comércio intra-BRICS alcançou US$ 212 bilhões, em 2010, e a estimativa é de que tenha superado US$ 250 bilhões em 2011. A título de comparação, em 2002, o volume de comércio entre os membros do agrupamento montava apenas a cerca de US$ 27 bilhões. Há estimativas de que possa chegar a mais de US$ 500 bilhões até 2015. Já o comércio Brasil-BRICS passou de US$ 10 bilhões em 2003 para US$ 96 bilhões em 2011.
Em 2012, o FMI estima que o BRICS contribuirá com 56% do crescimento do PIB mundial. O BRICS ocupa cerca de 26% da área terrestre do planeta, abriga 41% da população mundial e detém 46% de força de trabalho global.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Dinheiro vivo parece ser mais seguro...

Havia um tempo, muito tempo atras, em que dinheiro no Banco era mais seguro. Sobretudo com bandidos correndo soltos por aí.
Estranho que um dirigente de um Fundo de Pensão, e outro do Banco do Brasil, não acreditem na segurança que podem dar um banco...
Vai ver eles o conhecem por dentro, e temem uma quebradeira, sei lá.
O que a Receita, esse órgão fascista por excelência, teria a dizer a respeito?
Nós, que somos trouxas, deixamos o dinheiro no banco.
Não sabemos o perigo que corremos...
Paulo Roberto de Almeida

Presidente da Previ compra casa com dinheiro vivo 

Por Andreza Matais, na Folha (15/03/2012)
O presidente da Previ, Ricardo Flores, usou R$ 190 mil em dinheiro vivo para comprar uma casa em Brasília em 2010. Flores afirma que tomou o dinheiro emprestado de um empresário conhecido, que negou a informação.  (…)
[Flores] comprou a casa de uma dentista por R$ 1,65 milhão. Na semana passada, Flores disse à Folha que pagou R$ 900 mil com um empréstimo da Previ e R$ 750 mil com recursos “disponíveis”. Flores ganha R$ 50 mil brutos por mês. A dentista Angela Françolin disse que parte do pagamento foi feito em espécie. “Fui um dia, à tarde, buscar na imobiliária. O dinheiro estava num envelope pardo.”
(…)
Segundo documentos que Flores exibiu à Folha, o empresário [que emprestou o dinheiro] é Jorge Ferreira, dono de restaurantes em Brasília e amigo de políticos do PT. 
Ferreira disse conhecer Flores, mas afirmou que nunca emprestou dinheiro a ele. “Nunca. Para o presidente da Previ? Me tira disso.”
(…)
O presidente do BB, Aldemir Bendine, também usou dinheiro vivo num negócio em 2010, quando pagou R$ 150 mil em espécie por um apartamento em São Paulo. Flores e Bendine são protagonistas de uma disputa política que tem alimentado trocas de acusações.

Concurso para a carreira diplomatica: TPS comentado por Mauricio Costa

Meu colega Mauricio Costa, que é professor de curso preparatório e anima o blog e a lista Diálogo Diplomático, postou nesse blog seus...
In fine, o comentário de um candidato que fez o concurso e achou tudo uma M...; creio que eu também ficaria horrorizado com certas questões, como já fiquei com várias outras em concursos anteriores: questões ambíguas, politizadas, vagas, enviesadas e muitas outras deformações.
Paulo Roberto de Almeida 


COMENTÁRIOS SOBRE O TPS

Diálogo Diplomático


Ontem foi o primeiro grande dia do CACD 2012. Apenas cerca de 4% do mais de 6000 inscritos ultrapassarão esta etapa. Espero que todos os leitores deste blog, meus alunos e todos os demais candidatos tenham tido boa sorte na execução da prova.

Comentarei a prova por disciplina, depois apresentarei minha impressão geral. Gostaria de salientar que são apenas as minhas impressões de professor e orientador de candidatos, e não devem ser tomadas como afirmações absolutas. Após o gabarito e após o desenvolvimento do ranking, poderei mudar de opinião, ou não, como diria o glorioso Caetano.

A prova de português seguiu o padrão do CACD 2011, com muitas questões de interpretação e com peso relativo menor de sintaxe. Confirmou-se a tendência de mudança para aqueles que preferiam acreditar que a prova de 2011 havia sido um ponto fora da curva. Muito embora tenha sido uma prova trabalhosa, os candidatos que compreenderam a tendência e se prepararam adequadamente devem ter bom desempenho.

A prova de política internacional foi bastante coerente. As 11 questões foram abrangentes e trataram de atualidades, sempre concentradas naquilo de mais relevante para a política externa brasileira. MERCOSUL, UNASUL, BRICS, IBAS, BASIC, oriente médio e primavera árabe, comércio exterior, África, questão nuclear, teoria das relações internacionais. O que faltou? Nada, porque meio ambiente caiu em geografia! Por outro lado, havia itens de alto grau de dificuldade, cuja solução dependia do conhecimento de detalhes e de especificidades com relação aos temas. Esses detalhes serão a armadilha de muitos candidatos desprevenidos.

Geografia foi uma prova limitada pela pequena extensão, apenas quatro questões. Esse fator limita demais a abrangência da prova. Ainda assim, foi possível surpreender com questões que os candidatos esperavam em outras provas, como a de meio ambiente, esperada em PI, e a de limites e fronteiras, sempre esperada na prova de história do Brasil.

Inglês foi uma prova bem elaborada, acredito que bastante equilibrada. Sempre se deve considerar que o grau de dificuldade da prova está diretamente relacionado ao nível de cada candidato na língua, portanto não se podem fazer afirmações absolutas sobre esta prova.

A prova de direito teve grande ênfase em direito interno, o que alguns candidatos consideram surpreendente. Eu diria que não foi tão surpreendente assim, porque o mesmo ocorreu em concurso recente, mais especificamente em 2009. O grande mérito e, ao mesmo tempo, o grande problema de uma prova assim é que uma prova com esse estilo testa a ênfase dada pelos candidatos em relação a cada ponto do programa. Por isso afirmo repetidamente que se deve estar preparado pra tudo.

Economia confirmou a tendência recente de "desmatematização da prova". Mais teoria, menos matemática, mais raciocínio econômico, menos cálculo.  Para uma prova de "noções", como ainda é definida, estava bastante bem elaborada.

História do Brasil teve pouca ênfase em HPEB, o que não foi surpreendente. Há pelo menos uma questão controversa, mas deixemos esse debate para os candidatos e para os recursos. De forma geral, foi uma prova bem elaborada.

História mundial pareceu a mim, e a todos os candidatos com quem conversei uma prova mais equilibrada do que a de 2011. Acredito que se deva ter atenção com a sensação de "falsa facilidade" desta prova, uma que é extensa, e muitas armadilhas esperam os candidatos em detalhes que são ignorados ou desconhecidos. Muito embora a prova estivesse mais equilibrada, acredito que deverá ser uma das responsáveis pela diminuição da média geral, juntamente com a prova de português.

Minha avaliação geral da prova pode ser sintetizada nos seguintes pontos:

1- acredito que deve ser mantido o padrão de desempenho do CACD 2011.  Não esqueçamos que a prova, pela primeira vez, repetiu o número de questões por disciplina;
2- O grande número de questões de múltipla escolha deve ser o principal fator de contenção a nota de corte. Mais do que pontos perdidos, são os pontos não alcançados nessas questões que diminuem a média geral;
3- A nota de corte não deve ser muito mais elevada do que a nota do 200o colocado em 2011 (42,2), a não ser que haja grande número de anulações de questões. Se houver muitas anulações, sobe a média geral e sobe a nota de corte.

Espero ter contribuído para o debate. Nos próximos dias, voltarei a discutir esse tema com base no gabarito provisório e no desenvolvimento do ranking. Desejo boa sorte a todos e espero encontrá-los no curso de segunda fase!


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Comentário de um leitor, candidato, indignado, se ouso dizer, provavelmente com inteira razão: 



Um processo seletivo discricionário e vergonhoso. Erros crassos que só evidenciam a incompetência do Cespe, totalmente incompatível com o grau de exigência da prova. A mera disposição da numeração dos itens em sua sequência lógica parece um desafio homérico para essa instituição que se quer exemplo de primazia na seleção dos "candidatos". Muitos dos quais serão aprovados sem a menor vocação para o cargo.
Dor de cotovelo? Talvez. Mas com páginas que trazem o nome do candidato impresso em frente e verso, questões mal formuladas, e funcionários sem competência para, sequer, transmitir informações coerentes quanto ao procedimento frente à palhaçada da "dança dos números" da última prova, só resta o ceticismo. Tanto melhor que o processo não se pretendesse "democrático".
No mais, desculpas pela indignação, se parece infundada, mas não pela sinceridade.
Saudações ao Professor. 




Mercosul: o que pensa o Uruguai a respeito?

Não se pode dizer que os uruguaios estejam particularmente entusiasmados com o Mercosul.
Este artigo diz por que...
Paulo Roberto de Almeida 



Qué hacemos con el Mercosur 
HERNÁN BONILLA | COLUMNISTA INVITADO
Uruguai – El País, 26/03/2012

La creación del Mercosur fue apoyada por todos los partidos políticos uruguayos, aprobada casi por unanimidad en el Parlamento y generó mucha expectativa en la población. Sin embargo, 21 años después la historia muestra que no solamente no hemos logrado avanzar en el camino adecuado, sino que hemos tomado otra ruta ya no solo inconducente, sino directamente contraproducente para los intereses de Uruguay.

No se ha avanzado en lo institucional, no se cumple el artículo primero del Tratado de Asunción que habla de la libre circulación de bienes, servicios y factores productivos, los organismos internos no funcionan, se quiere meter a Venezuela a prepo pisoteando al Parlamento de Paraguay y, por si fuera poco, desde diciembre del año pasado ni siquiera existe un arancel externo común, elemento que define a una unión aduanera que se supone es lo que era el Mercosur. Y en lo que se avanzó, aunque afortunadamente poco, es en el plano político, a través de un Parlamento eminentemente contrario al interés nacional. Es hora entonces de replantearse nuestra estrategia de inserción internacional.

LA TRAMPA. Sin dudas, las intenciones de los "padres fundadores" del Mercosur distan mucho de su realidad actual. Del acuerdo pensado para crear una unión aduanera, con una zona de libre comercio entre los cuatro fundadores a la que después se asociaron Chile y Bolivia, pasamos a un bloque en el que las exportaciones de un país a otro son inciertas, las barreras paraarancelarias pululan, cuando no directamente decisiones administrativas violatorias del Tratado de Asunción. Del "regionalismo abierto" en el que el acuerdo sirviera como plataforma de inserción internacional conjunta para los países miembros, pasamos a un bloque que se cierra en sí mismo, aplica medidas proteccionistas y no logró un solo acuerdo de importancia con otros bloques en el mundo.

Una de las lecciones -por cierto no la única- que dejó la crisis de 2002 es que es un error concentrar nuestro comercio exterior en el Mercosur. Desde 2005, hemos retomado una tendencia similar alcanzando nuestras exportaciones al bloque ya más de un 30%, como muestra el gráfico.

Una de las vulnerabilidades de nuestro país era y es que hay varios rubros, en general aquellos con mayor valor agregado, que solo encuentran colocación en los países vecinos. Antes de 2002 debido a que las políticas comercial y cambiaria llevaban inexorablemente a que los únicos países con los que no perdíamos competitividad eran Brasil (hasta 1999) y Argentina (hasta 2001). Hoy, nuevamente, nuestro país pierde competitividad por la política cambiaria pero también porque no hemos avanzado en los fundamentos de la competitividad.

Muchas veces se centra la mentada discusión de la falta de competitividad en el tipo de cambio. Naturalmente, es cierto que influye, pero hay muchos otros elementos que no suelen tomarse en cuenta. Influye mucho más en la incapacidad de salir de la región para muchas empresas la elevada carga impositiva, las sobretarifas de las empresas públicas, nuestro esclerosado e hiperregulado mercado laboral, la falta de recursos humanos calificados en áreas claves, la pésima infraestructura en transporte y comunicaciones (verbigracia, carreteras en malas condiciones e internet lenta y cara) o la pesada burocracia con que deben lidiar. Se puede argumentar que la mejora de las empresas públicas o la disminución del costo del Estado son metas complejas de alcanzar en Uruguay (lo que de todas formas no debería llevarnos a bajar los brazos y aceptar mansamente el triunfo de las corporaciones sindicales) pero hay otras áreas en que podríamos avanzar más rápido. Por ejemplo, según el informe Doing Business 2012 del Banco Mundial los documentos necesarios para exportar en Uruguay son 9 mientras que el promedio de América Latina y el Caribe (que no es la región más amigable al inversor) es 6. No creo que nadie esté en contra de mejorar en estos temas.

NUEVO PROTECCIONISMO. Es probable que la desilusión con el Mercosur arranque por 1999, cuando el clima interno comenzó a deteriorarse. Las negociaciones con otros bloques, como la Unión Europea no avanzaron un ápice, mientras Chile logró un acuerdo de libre comercio. La evidencia demuestra que uno de los fundamentos para integrar el Mercosur, que era la necesidad de integrar un bloque comercial para negociar con otros, no tiene fundamento. El Mercosur duerme la siesta de los justos en un mundo donde nadie regala nada mientras Chile ha logrado decenas de tratados que le permiten una diversificación envidiable de su comercio exterior. Y más que eso, atraer inversiones nacionales y extranjeras gracias a su capacidad para vender en el mundo. Evitando las falacias populistas del proteccionismo, Chile ha logrado una senda de crecimiento sostenido que le permite combatir la pobreza y acercarse al primer mundo. Tenemos mucho que aprender, especialmente de ProChile, sobre cómo poner a funcionar a la Cancillería al servicio de nuestra inserción internacional.

Argentina y Brasil, en cambio, han decidido reincidir en las políticas proteccionistas de mediados del siglo XX que los llevaron al declive económico. La estrategia de Brasil es más sofisticada que la Argentina, y hay áreas, como la política monetaria en que mantiene una conducta ortodoxa. Pero es claro que decidió sortear la incertidumbre de la economía mundial recurriendo al mercado interno, lo que inexorablemente hará caer su tasa de crecimiento de largo plazo.

Argentina, por su parte, repite en forma más tosca y precipitada el camino del control de cambios y del comercio exterior que caracterizó la época de la sustitución de importaciones que lo llevó de ser una las primeras economías del mundo a un país subdesarrollado. Los aumentos específicos al arancel externo común, los permisos para importar ante la Administración Federal de Ingresos Públicos (AFIP), el llamado "corralito del dólar" y, en definitiva, la creciente discrecionalidad política sobre la vida o muerte de las empresas que socava el Estado de Derecho no auguran nada bueno.

QUÉ HACER. El panorama, como vemos, es complejo. El Mercosur no funciona ni va a funcionar en el futuro cercano. Prestigiosos economistas han propuesto que Uruguay cambie de categoría y pase de miembro pleno a asociado del Mercosur. En teoría es lo mejor pero en la práctica es muy difícil de concretar. Mal o bien hay muchas empresas que, pese a las dificultades, dependen de los mercados vecinos y un cambio de esa naturaleza traería aparejado pérdidas comerciales directas e, inevitablemente, represalias de otro tipo.
En consecuencia, el camino razonable para nuestro país entre el ideal paradigma chileno y la exasperante espera de "más y mejor Mercosur" es ser esencialmente pragmáticos. Debemos seguir dentro del bloque, pero también comenzar una búsqueda activa por nuestra cuenta de tratados comerciales con otras zonas y países. Uruguay ha tenido una paciencia extraordinaria reclamando el cumplimiento del Tratado de Asunción cientos de veces sin éxito, mientras nuestros vecinos lo violaban permanentemente. Si avanzamos por nuestra cuenta, Argentina y Brasil van a protestar pero sin ningún derecho, como han argumentado expertos como Roberto Porzecanski o Carlos Pérez del Castillo.

Seguramente, el principal problema que tiene nuestra política de inserción internacional hoy es que no tenemos ninguna. Ya hemos perdido demasiado tiempo, es hora de actuar en forma profesional y pragmática, poniendo a trabajar a nuestra Cancillería en este tema de una vez y dejando de lado prejuicios ideológicos anacrónicos. Los acuerdos de libre comercio llevan tiempo y requieren de mucho trabajo, por lo que los resultados pueden demorar años. Sería trágico esperar a que pase la bonanza para empezar a hacer lo que hace tiempo sabemos que tenemos que hacer.