Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
Venezuela: uma tragedia previsivel, mas nao menos tragica... - The Economist
A grande fragmentacao da América Latina: globalizados, reticentes, bolivarianos - Paulo Roberto de Almeida
“A grande fragmentação na América Latina: globalizados, reticentes e bolivarianos”,
Carta Internacional (Associação Brasileira de Relações Internacionais-ABRI, email: cartainternacional@abri.org.br; site: http://www.cartainternacional.abri.org.br/index.php/Carta;
vol. 9, n. 1, 2014, p. 79-93; link para o número completo da revista: http://www.cartainternacional.abri.org.br/index.php/Carta/issue/view/10; link para o artigo em pdf: http://www.cartainternacional.abri.org.br/index.php/Carta/article/view/86/79).
Relação de originais n. 2574; relação de publicados n. 1159.
A grande fragmentação na América Latina: globalizados, reticentes e bolivarianos
Resumo
Recebido em: 13 mar. 2014
Aprovado em: 27 out. 2014
Palavras-chave
Referências
Itamaraty: fim de festa para a diplomacia ativa e universal? (de festa?) - FSP
Mas cabe insistir no refrão: Nunca Antes na história do serviço exterior brasileiro tantos passaram tantas necessidades em tantos (provavelmente excessivos) postos no exterior, com tão poucos recursos para a manutenção normal do serviço.
Seria o caso de mandar aquelas rações de combate, e kits sobrevivência na selva?
Paulo Roberto de Almeida
Faltam luz e água em embaixadas brasileiras, dizem diplomatas
PATRÍCIA CAMPOS MELLO - DE SÃO PAULO
Folha Online - 21/01/2015 18h17
Diplomatas brasileiros em Tóquio, Lisboa, na Guiana, Estados Unidos e no Benin, na África, enviaram telegramas ao Itamaraty nos últimos dias advertindo para o estado de penúria em que se encontram as representações do Brasil no exterior, que estão prestes a sofrer corte de energia por atrasos no pagamento, além de estarem sem dinheiro para comprar papel para impressora, pagar a conta do aquecimento, internet e outros.
Sem receber nenhum recurso do governo brasileiro há 50 dias, a embaixada do Brasil no Benin (oeste da África) está com apenas US$ 83 (R$ 215) em caixa e chegou a ter o fornecimento de energia cortado e o gerador desligado.
Na residência, o diplomata responsável está apelando para velas e lanternas, porque falta dinheiro para comprar combustível do gerador. Às vezes toma banho de caneca, pois a bomba de água quebrou e não há recursos no momento para o conserto. Ele teve de pagar a conta de telefone e de energia, que estavam atrasadas, do próprio bolso.
Essas reclamações constam de um telegrama enviado na terça (20) pelo encarregado de negócios da embaixada em Cotonou (a maior cidade do Benin), João Carlos Falzeta Zanini, ao Itamaraty, que vazou na internet. Parte do teor foi divulgado pelo sindicato do servidores do Itamaraty.
"Vivemos uma situação financeira muito difícil, é impossível para o Itamaraty manter os postos atuais com os cortes sucessivos que o governo vem fazendo no orçamento do ministério", disse à Folha.
"Ficamos de mãos atadas, sem poder exercer a política externa e a assistência aos brasileiros como seria ideal." A participação do ministério no Orçamento da União foi reduzida à metade entre 2003 e 2013.
Zanini, que é o único diplomata da embaixada, tem capitaneado à distância a assistência aos 33 brasileiros que vivem no vizinho Níger e estão sob ameaça. Nos últimos dias, duas igrejas e uma escola de brasileiros foram destruídas por manifestantes muçulmanos, em reação à capa do jornal francês "Charlie Hebdo" que traz o profeta do islamismo, Maomé. Ele está em contato constante com os brasileiros e tem ajudado a desenhar os planos de contingência caso a situação piore.
"Após interrupção no fornecimento de energia da embaixada, paguei, com recursos pessoais, a fatura do mês de novembro; já tinha me valido dessa alternativa para pagar a fatura de telefone que também estava atrasada; ante a perspectiva de corte do serviço de internet no próximo dia 24 de janeiro, entendo que deverei também adiantar o pagamento", escreveu ele no telegrama enviado a Brasília.
No texto, ele informa que o gasto semanal para o abastecimento dos geradores da Chancelaria e da Residência está estimado em aproximadamente US$ 180. A conta do posto reúne, no momento, o equivalente a U$$ 83.
No telegrama, ele aponta também para o risco de malária. "Em cidade onde a malária é endêmica, o ar-condicionado serve de poderoso inibidor da proliferação do mosquito. Quando o fornecimento de energia é interrompido e os aparelhos de ar-condicionado desligados, utilizo inseticidas para amenizar o problema." Nos últimos anos, pelo menos dois diplomatas brasileiros morreram de malária na África.
OUTRAS EMBAIXADAS
A penúria no Itamaraty não se restringe à embaixada no Benin.
Nesta quarta (21), telegrama enviado por Marco Farani, cônsul-geral do Brasil em Tóquio, e obtido pela Folha informa: "Todas as contas de serviços e manutenção deste posto do mês de dezembro/2014 encontram-se pendentes de pagamento, o que tem gerado insistentes cobranças dos credores. Em casos mais extremos, há o risco de suspensão de serviços essenciais à Chancelaria, como internet, telefonia celular e fixa, eletricidade, serviço de franquia de correspondências e fotocópias, caso não seja possível quitar os débitos até o final de janeiro".
A embaixada em Tóquio informa que acaba de receber notificação para corte de energia, porque a conta, de US$ 3.924, não é paga desde dezembro, conforme diz o embaixador André Corrêa do Lago em telegrama de terça (20), obtido pela Folha.
Na residência do embaixador em Lisboa, Mario Vilalva, o fornecimento de energia só não foi suspenso "porque a embaixada entrou em contato direto com o gabinete do presidente da EDP [empresa de eletricidade local], conseguindo postergação do pagamento da fatura impreterivelmente até o dia 28 de janeiro", conforme informa telegrama de 14 de janeiro. A dívida é de € 1.734.
Na Guiana, o embaixador Lineu de Paula afirmava que a empresa de internet já havia prorrogado do valor devido até 18 de janeiro, mas que agora iria cortar o serviço por atraso. "Tendo em vista a possibilidade de que até o próximo fim de semana esta embaixada fique (...) eventualmente sem eletricidade e outros serviços básicos nas próximas duas semanas, muito agradeceria receber autorização para efetuar o pagamento das contas vencidas e a vencer com meus recursos para posterior reembolso."
No consulado brasileiro em Hartford, Connecticut, o cônsul-geral Cézar Amaral avisa em telegrama que "os serviços de internet, telefone, TV a cabo e alarme da residência já foram interrompidos há cerca de 40 dias, em sacrifício de minha família, que passou o Natal sem serviços e agora aguarda o fim do aquecimento".
No telegrama do dia 14 de janeiro, ele também reclamava que "o toner está no final e o papel para impressão está acabando. Por outro lado, os materiais de limpeza da copa da Chancelaria já se esgotaram."
A Folha entrou em contato com o Itamaraty, mas aguarda resposta.
Inflacao:: a grande mistificacao companheira - Alexande Schwartsman
Agora à vera |
Politica economica: aumentos gerais de impostos pelos Chicago-boys do poder...
Os outros Chicago-boys, esses já estavam no poder há doze anos, e se parecem muito com aqueles Chicago-boys dos anos 1920 e 30, se vocês me entendem...
Por uma dessas ironias involuntárias, a matéria é publicada pelo jornal do chefe da quadrilha, o Stalin Sem Gulag...
Paulo Roberto de Almeida
Aumento do IOF nas operações de crédito vale a partir desta quinta-feira
Por Redação, com ABr - de Brasília
O decreto eleva de 1,5% para 3% o IOF. O aumento faz parte do conjunto de quatro medidas anunciadas na última segunda-feira pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em estratégia do governo para elevar a arrecadação e melhorar o superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública).
De acordo com o ministro, o objetivo é obter este ano R$ 20,6 bilhões em receitas extras. A maior arrecadação virá da elevação do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre os combustíveis e do retorno da Contribuição para Intervenção no Domínio Econômico (Cide).
Outra medida é o aumento do PIS e da Cofins sobre os produtos importados. A alíquota subirá de 9,25% para 11,75%. O governo decidiu aumentar também o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para o atacadista e equipará-lo ao industrial.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
Petrolao: mafia brasileira internacionalizada
Documentos bancários colhidos nos últimos seis meses pelo Ministério Publico da Suíça com instituições financeiras como o UBS apontam que o esquema de corrupção da Petrobras não envolveu apenas brasileiros, mas também contou com estrangeiros que atuaram como intermediários e operadores nos pagamentos e transferências de recursos. A suspeita é de que esses estrangeiros também estejam envolvidos nos pagamentos que podem ter saído da empreiteira Odebrecht e que o esquema utilizado para as transferências foi ainda mais amplo.
A Odebrecht nega ter pago propina. "Todos (os contratos com a Petrobras foram) conquistados de acordo com a lei de licitações públicas. A empresa reitera que está, como sempre esteve, à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento", afirmou em nota oficial.
Nesta semana, uma equipe de oito pessoas da força-tarefa da Operação Lava Jato iniciou um exame detalhado dos extratos bancários relacionados com cinco contas em instituições suíças em nome do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Jamais na história da cooperação entre Brasil e Suíça uma delegação dessas dimensões desembarcou no país alpino.
Nesta terça-feira, o grupo ficou oito horas reunido com procuradores suíços para começar a montar o quebra-cabeça do que teria sido a operação de pagamento de propinas. Os documentos estão apontando para novos nomes, até agora não conhecidos no esquema, além de uma série de pagamentos que, camuflados por intermediários, poderiam vir da Odebrecht.
Nenhum detalhe desse esquema, porém, tem sido revelado por enquanto. Mas os indícios mostram que o esquema não apenas depositou dinheiro em bancos, como o UBS, mas contou com cúmplices no exterior. Pelo menos um desses estrangeiros está sendo indiciado pelos suíços por lavagem de dinheiro. Os investigadores suspeitam de que essa foi uma forma usada para tentar camuflar a origem e o destino dos recursos.
Sigilo – O MP suíço confirma que está investigando contas relacionadas com a Petrobras. Mas, por envolver ainda pessoas no exterior, o processo está sendo mantido em total sigilo. Na terça, a assessoria de imprensa do Ministério Público em Lausanne se recusava até mesmo a confirmar a existência de uma delegação brasileira no país. Os procuradores brasileiros tiveram de assinar termos de compromisso indicando que, por enquanto, não revelariam nomes de envolvidos para não prejudicar o processo que ocorre na Suíça. (Veja.com).
Papa continua peronista em materia de economia: recomendo estudo...
Acho até que vão criar um novo departamento no Vaticano especializado em desmentidos papais.
Poderiam começar revogando um antigo édito (papal) sobre a infalibilidade papal: acho que definitivamente não é o caso deste aqui, não sei se por ser argentino, por ser jesuita ou por qualquer outra coisa.
Em todo caso, eu não tenho nada a comentar sobre se as pessoas se reproduzem como coelhos ou não. Acho que é um direito de cada um, mas para isso existem, exatamente, os métodos contraceptivos, que ajudam nessa matemática de coelhos, que economicamente aumenta o divisor, e portanto reduz a renda per capita.
Enfim, acho que o papa precisa mesmo estudar economia, pois continua falando bobagens nessa matéria, como por exemplo culpar o sistema econômico pela pobreza.
Vou fazer comentários mais extensos sobre a "economia papal", que definitivamente não é o forte desse papa, ao contrário, é um dos aspectos mais condenáveis e mais deletérios nas mensagens papais. Ele só nos prova, com isso, que o peronismo foi mais forte do que a leitura dos livros sagrados na sua formação.
Quem sabe eu recomendo alguns livros ao Papa Francisco?
Paulo Roberto de Almeida
Papa explica declaração sobre se reproduzir 'como coelhos'
O pontífice classificou como 'simplista' a relação entre a existência de famílias grandes e a pobreza, culpando o sistema econômico
CIDADE DO VATICANO - O papa Francisco procurou esclarecer nesta quarta-feira seu comentário de que os católicos não devem se reproduzir “como coelhos”, dizendo que a injustiça econômica, e não as famílias grandes, é a verdadeira causa da pobreza. A fala do pontífice ocorreu na segunda-feira, durante uma coletiva de imprensa dentro do avião papal, quando voltava de viagem de uma semana pela Ásia, quando ele falava sobre o controle de natalidade.Sua linguagem atipicamente franca chamou atenção, especialmente nas mídias sociais, nas quais alguns comentaristas disseram que ela foi ofensiva para pessoas criadas em famílias grandes. “Ouvi dizerem que famílias com muitos filhos e que o nascimento de muitos filhos estão entre as causas da pobreza. Acho que esta é uma opinião simplista”, disse ele em sua audiência semanal no Vaticano.
O sistema econômico, que colocou o dinheiro em seu centro e criou uma “cultura descartável”, é a principal causa da pobreza, não as famílias grandes, afirmou o papa. Durante a coletiva de imprensa, o líder dos 1,2 bilhão de católicos reafirmou sua proibição ao controle de natalidade, acrescentando haver “muitas maneiras que são permitidas” para se praticar o planejamento familiar natural. A Igreja só aprova métodos contraceptivos naturais, sobretudo a abstinência sexual durante o período fértil da mulher.
Petrobras: roubalheira companheira (rimou) continua a atrair a atencao
Mas é o que mais procuram saber os cidadãos, em geral, mas suponho também que os próprios funcionários da Petrobras, que devem estar horrorizados com o festival de falcatruas que foi, está sendo e continuará sendo promovido contra a companhia, enquanto mafiosos estiverem em seu comando.
Não surpreende que a denúncia de um funcionário anônimo tenha sido o documento campeão de acessos em minha página na plataforma Academia.edu:
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Pois é...
Paulo Roberto de Almeida
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
Global Economic Prospects, 2015 : World Bank
Global Economic Prospects, January 2015 : Having Fiscal Space and Using It
Global growth again disappointed in 2014 but a lackluster recovery is underway, with increasingly divergent prospects in major economies. Looking ahead, growth is expected to rise slowly, supported by continued recovery in high-income countries and receding domestic headwinds in developing economies. Weak global trade growth and lower commodity prices are projected to persist while financial conditions will likely tighten gradually. Risks to the outlook are still tilted to the downside. The stability of remittances may help some of the lowest-income countries weather shocks. In some developing economies, monetary policy challenges may be attenuated if falling commodity prices reduce inflationary pressures. Fiscal stimulus could effectively support growth if there is sufficient fiscal space. Some developing countries, however, have to rebuild fiscal space to preserve their ability to implement countercyclical fiscal policy, which has served them well over the decade. Both high-income and developing countries need to undertake structural reforms that promote growth and job creation and help achieve poverty reduction goals. The Global Economic Prospects is a World Bank Group Flagship Report. On a twice yearly basis (January and June), it examines global economic developments and prospects, with a special focus on developing countries. The report includes analysis of topical policy challenges faced by developing countries through extensive research in the January edition and shorter pieces in the June edition.
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Economia brasileira: Pior do que se previa - Editorial O Estado de S.Paulo
Pior do que se previa
Tanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) como o Banco Mundial (Bird) estimam que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve ter crescido apenas 0,1% em 2014, variação muito próxima de zero. Esta é também a expectativa predominante entre os economistas de empresas de consultoria, bancos e financeiras. Ou seja, a presidente Dilma Rousseff encerrou seu primeiro mandato com a economia estagnada.
Depois de um desempenho tão fraco, era natural que se previsse alguma melhora em 2015 e sua intensificação em 2016 e nos anos seguintes. Em seu relatório Panorama Econômico Mundial para 2015, lançado em outubro, o FMI previu que a economia brasileira cresceria 1,4% neste ano e 2,2% em 2016. A expansão da economia mundial seria de 3,8% em 2015 e de 4,0% no próximo ano.
Na atualização dos dados que acaba de divulgar, o Fundo reviu em 0,3 ponto porcentual para menos o desempenho da economia global (crescimento de 3,5% em 2015 e de 3,7% em 2016), mas a revisão das projeções para o Brasil foi bem mais acentuada. Em 2015, o crescimento do PIB será decepcionante, de apenas 0,3% (1,1 ponto porcentual menos do que a previsão de outubro), e, em 2016, de 1,5% (0,7 ponto menos).
O Bird tinha projeções mais otimistas para a economia brasileira. O PIB deveria crescer 2,7% em 2015 e 3,1% em 2016, números que parecem mais condizentes com a história recente da economia brasileira - excluídos, é claro, os quatro anos do primeiro mandato de Dilma Rousseff. Na revisão de suas projeções divulgada na semana passada, reduziu em 1,7 ponto porcentual sua projeção para 2015 (aumento de 1,0%) e em 0,6 ponto a previsão para 2015 (crescimento de 2,5%).
Diversos fatores forçaram a revisão das previsões para o desempenho da economia global e das principais regiões do planeta. Um é a queda da cotação do petróleo (de 55% desde setembro), que alivia pressões sobre os preços nos países importadores, mas cria problemas para os exportadores. A tendência das principais economias (os Estados Unidos fortalecem sua recuperação, mas pioram as projeções para o Japão, a economia europeia continua pouco vigorosa e a chinesa mantém sua desaceleração) também afetou as projeções.
O cenário piorou particularmente para os países exportadores de commodities, como o Brasil, por causa da queda do preço dos produtos mais comercializados e da redução da demanda de alguns dos principais importadores, como a China - maior compradora de minério de ferro, principal item de nossa pauta de exportações.
Mas há fatores internos que afetam o crescimento do País. Nesse ponto, o estudo do Banco Mundial é mais específico do que o do FMI. Entre outros itens que retardam o crescimento, o Bird cita o aumento dos juros pelo Banco Central e o cenário mundial "mais desafiador", com a queda dos preços das commodities e desaceleração da economia chinesa.
A atuação da nova equipe do governo Dilma pode ajudar a elevar o nível de confiança dos brasileiros e até impulsionar o consumo e o investimento, prevê o Bird. Mas, mesmo que faça os ajustes necessários para corrigir os muitos erros cometidos na área econômica durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff, o Brasil continuará carente de outras mudanças essenciais e que há muito vêm sendo prometidas. "Apesar da remoção da incerteza eleitoral, a incerteza sobre as políticas fiscal e monetária e a agenda de reformas estruturais permanece elevada no Brasil", diz o Bird. Até agora, o novo governo Dilma não deu sinais de que pretende fazer essas reformas.
Diplomacia por impulso - Editorial O Estado de S.Paulo
Diplomacia por impulso
Diante da negação do seu pedido de clemência, a presidente Dilma Rousseff disse que a execução do brasileiro "afeta gravemente" as relações entre os países e chamou o embaixador brasileiro em Jacarta para consultas. Mais uma vez, é o voluntarismo dilmista gerando problemas internacionais.
Em primeiro lugar, a Indonésia é um país soberano, e toda atuação diplomática do Brasil deve partir desse pressuposto. Chamar o embaixador para consultas como reação ao cumprimento de leis internas daquele país - que em nada afetou os interesses do Brasil - é fazer pouco-caso da soberania da Indonésia. Com esse ato, a presidente Dilma tangenciou, perigosa e desgovernadamente, os limites da diplomacia.
A reação de Dilma Rousseff no caso se assemelha à de uma pessoa que reage precipitadamente, sem medir consequências. É verdade que no Brasil não há pena de morte, e assim o garante a Constituição brasileira. Outra coisa é que a Indonésia, um país soberano, decida punir com a pena de morte o traficante internacional de drogas. Dilma não pode se opor a isso a não ser no plano filosófico e humanitário. Não poderia ter criado um incidente diplomático que não atende aos interesses do Brasil.
Concorde-se ou não, é legítimo que a Indonésia tenha como política penal punir com a morte o tráfico de drogas, que é naquele país um gravíssimo problema. Simplesmente, não cabe ao Brasil discordar dessa política interna indonésia. Simplesmente, não cabe ao Brasil afirmar que as relações bilaterais ficaram estremecidas em razão de a Indonésia ter cumprido as suas leis internas.
Com os seus irrefletidos atos, a presidente Dilma também ignora os fatos envolvidos no caso. Marco Archer Cardoso Moreira foi preso por tráfico internacional de drogas, transportando 13 quilos de cocaína em 2003. Ou seja, era um traficante de drogas. A reação desproporcionada de Dilma minimiza a gravidade desse crime, transmitindo ao País e ao mundo inteiro uma mensagem absolutamente equivocada, incompatível com o cargo que exerce. O tráfico de drogas - com todas as mazelas que ele comporta - é um dos graves problemas que o Brasil enfrenta, e minimizar as consequências desse crime é uma irresponsabilidade.
Dilma tem todo o direito de desejar que um brasileiro não seja executado. E para manifestar esse desejo há um instrumento adequado - o pedido de clemência. Mas Dilma deveria saber que não tem o direito de impor o seu desejo à Indonésia, exigindo que esse pedido de clemência se cumpra. Como o nome indica, é um pedido, não uma ordem. Dessa forma, a negativa a esse pedido não pode provocar uma questão de Estado. No entanto, foi isso o que Dilma provocou, ao chamar o embaixador brasileiro e dizer que o cumprimento das leis da Indonésia estava afetando gravemente as relações com o Brasil.
É urgente que a presidente se aconselhe antes de agir, para que possa ter - ao menos em grandes linhas - noção das consequências de seus atos. Um chefe de Estado não pode atuar por impulso. Voluntarismo sempre causa estragos, especialmente nas relações diplomáticas, que exigem serenidade e conhecimento do protocolo. Não estão em jogo apenas os bons modos diplomáticos. Trata-se de respeitar a soberania de um país. E de não flertar com o tráfico de drogas.